SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Na aula de hoje, estudaremos sobre a superioridade
da adoração, mais propriamente a respeito do culto, na Nova Aliança, em
comparação com a Antiga. Destacaremos, a princípio, que a adoração na Antiga
Aliança era insuficiente, e que esse somente se completou em Cristo, que
apresentou um sacrifício superior. Ao final, destacaremos a importância do
culto cristão, e que esse seja vivo e agradável a Deus, e o mais importante,
que seja em Espírito e em verdade.
1. A ADORAÇÃO NA ANTIGA ALIANÇA
A Antiga Aliança, que foi estabelecida no Monte
Sinal, “tinha ordenança de culto divino e um santuário terrestre” (Hb. 9.1). O
sistema de adoração foi estabelecido por Moisés, e era conduzido no tabernáculo
terreno. E haviam alguns utensílios naquele tabernáculo: no santo lugar,
estavam o candelabro e a mesa dos pães da proposição, e o santos dos santos,
que era separado primeiro por uma cortina. Depois daquela cortina “estava o
tabernáculo que se chama o Santo dos santos” (Hb. 9.3) e naquele local se
encontrava também “a arca do concerto, coberta de ouro toda em redor, em que
estava um vaso de outro, que continha o maná, e a vara de Arão, que tinha
florescido, e as tábuas do concerto” (Hb. 9.4). É digno de destaque que esses
lugares não eram acessados pelas pessoas, por isso a necessidade dos
sacerdotes, e mais especificamente, do sumo sacerdote, como mediador da
Aliança. Essa é uma demonstração da limitação do culto na Antiga Aliança, que
estava firmada em mediadores humanos, e em uma adoração fundamentada em
sacrifícios de animais. O sangue desses animais era derramado não apenas pelo
povo em geral, mas também pelo próprio sacerdote, na verdade dois animais eram
sacrificados, um pelos pecados do sacerdote, e outro pelos pecados do povo.
2. A INSUFICIÊNCIA
DOS SACRIFÍCIOS ANTIGOS
No santo lugar, os sacerdotes entravam diariamente,
para prestar adoração ao Senhor, mas no Santo dos santos, entrava somente o
sumo sacerdote, uma vez por ano, no Dia da Expiação. O acesso restrito ao
Santo dos santos, na Antiga Aliança, é uma demonstração da fragilidade daquele
culto. Aquelas ordenanças eram imperfeitas e temporárias (Hb. 9.9), na verdade
tinha um caráter muito mais exterior que interior, mais temporário do que
eterno. A partir de Hb. 9.10, ficamos sabendo que todos aqueles rituais
religiosos estavam com os dias contados, e se tornariam obsoletos por causa da
Nova Aliança, em Cristo Jesus. E Este, na verdade, é o sacerdote de coisas
melhores, e aponta para uma dimensão escatológica, que já se realizou para
aqueles que creem, ainda que terá seu cumprimento no futuro (Hb 9.11). O
sacrifício de Jesus nos lança em direção ao futuro, e nos traz esperança no
porvir, pois seu sangue derramado na cruz, é eficaz para salvar os pecadores.
Na verdade, o autor da Epístola nos lembra que obtemos a redenção através do
Seu sangue (Hb. 9.12). Isso porque o sangue de animais oferecidos no santuário
era insuficiente para purificação de pecados, diferentemente de Jesus que se
ofereceu a si mesmo imaculado pelo Espírito eterno a Deus (Hb. 9.14). Ele é,
portanto, “Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para
remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os
chamados recebam a promessa da herança eterna” (Hb. 9.15).
3. A SUPERIORIDADE DO SACRIFÍCIO DE CRISTO
É importante explicar que a palavra grega diatheke,
tanto significa em grego aliança quanto testamento. Quando usada como aliança,
não implica que as partes envolvidas são iguais. Por isso, no Pacto do Sinai,
Deus era o Soberano e Sua lei era mediada através de Moisés. O sangue dos
animais, naquela aliança, eram “figuras das coisas que estão no céu assim se
purificassem; mas as próprias coisas celestiais, com sacrifícios melhores do
que estes” (Hb. 9.23). Por isso Cristo não entrou num santuário feito por mãos,
figura do verdadeiro, porém “no mesmo céu, para agora comparecer, por nós,
perante a face de Deus” (Hb. 9.24). O sacerdote da Antiga Aliança entrava no
santuário, para oferecer sacrifícios “muitas vezes” (Hb. 9.25), mas com Cristo
foi diferente, pois “oferecendo-se uma vez, para tirar os pecados de muitos,
aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para a salvação” (Hb.
9.28). A adoração na Nova Aliança, em linhas gerais, é superior porque o
santuário no qual o sacrifício definitivo de Cristo foi realizado é celeste, e
se trata do verdadeiro santuário em cujo modelo o terreno se inspirou. Além
disso, o sacrifício de Jesus foi oferecido com Seu próprio sangue, sendo Ele
mesmo o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. E por fim, há uma
promessa escatológica, pois Ele virá segunda vez, e essa é nossa bendita
esperança, aguardamos a trombeta soar, e os mortos em Cristo ressuscitarem, e
nós seremos transladados (I Ts. 4.13).
CONCLUSÃO
A adoração na Antiga Aliança se tornou obsoleta,
porque dispomos agora de uma Nova Aliança, fundamentada no sacrifício perfeito
de Cristo, o próprio Sumo Sacerdote desse Concerto. Por causa dEle, sabemos que
os verdadeiros adoradores são buscados pelo Senhor, e O adoram em Espírito e em
verdade (Jo. 4.24), e oferecem seus corpos como sacrifícios vivos a Deus, sendo
este um culto racional, por meio do qual experimentamos a boa, agradável e
perfeita vontade de Deus (Rm. 12.1,2).
Prof. Ev. José
Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog
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COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Ao falar do
tabernáculo como o local de culto na Antiga Aliança, o autor sagrado detalha
alguns dos seus principais utensílios. Ele mostra que tem em mente o culto
quando usa a palavra grega latreia. Essa palavra é usada em outros trechos (Hb
9.1,6,9,14) com o sentido de adoração ou serviço sagrado. É perceptível que a
doutrina do sacerdócio de Cristo domina boa parte da epístola e muita coisa que
foi dita sobre o assunto é enfatizado novamente aqui. A intenção é contrastar a
antiga adoração prestada pelo sistema sacerdotal da Antiga Aliança e o serviço
prestado por Cristo no tabernáculo eterno da Nova Aliança.
Com Cristo, o culto a Deus passou a ter uma glória
maior do que no antigo pacto, pois Ele substituiu os símbolos rituais pela
realidade da verdadeira adoração. STRONGS (NT 2999: λατρεία) define latreia como
o “serviço de Deus" ‘τοῦ Θεοῦ’. Na Bíblia grega, o serviço ou
adoração de Deus de acordo com os requisitos da lei levítica
“Utilizando o método de comparação, com a
finalidade de exaltar o Filho de Deus, o escritor destaca no presente texto a
superioridade do sacerdócio de Cristo. O trabalho sacerdotal no Antigo
Testamento não era puramente humano, mas um ministério de intercessão
instituído por Deus em favor dos homens. O Eterno determinara, de antemão, que
os sacerdotes viessem da família de Arão, prefigurando o surgimento de Cristo
como o verdadeiro Sumo Sacerdote; aquele que se ofereceria como oferta pelos
pecados de toda a humanidade. Dentre outros, sua superioridade é aqui destacada
no fato de Ele não se exaltar, mas glorificar aquele que disse: “Tu és meu
Filho, hoje te gerei”. O Filho de Deus viveu entre nós sem pecado, aprendeu
pela obediência e trouxe-nos eterna salvação.”. (LIÇÃO 7 - O SACERDÓCIO ETERNO DE CRISTO. 1º TRIMESTRE DE
2008; TEMA: JESUS CRISTO, Verdadeiro Homem, Verdadeiro DEUS. Lições Bíblicas
CPAD, Jovens e Adultos – 2008 Comentários: Pr. Esequias Soares.)
Antes de falar sobre as glórias do sacerdócio de Cristo,
o escritor apresenta em retrospecto o ministério levítico, descrevendo o
Tabernáculo com seus dois compartimentos, o Lugar Santo e o Santo dos Santos.
Havia algo de belo e majestoso nessa antiga administração do culto e serviço
sacerdotal, o qual, pelo contraste, enaltece a glória da nova ordem cristã.
Deus ordenou ao povo de Israel que construísse um santuário, e orientou-o em
cada detalhe desta construção. Em razão de ser a habitação de Deus no deserto,
o povo o venerava. Entretanto, o tabernáculo e seus elementos eram passageiros
e inferiores a Cristo. Nas lições referentes aos capítulos de 8 a 10 da
epístola em estudo, vemos a diferença marcante entre o ministério sacerdotal,
no antigo pacto, e o de Cristo, como Sumo Sacerdote no Novo Concerto. Nesta
lição, que dá sequencia ao tema da anterior, veremos, mais uma vez, que, em
todos os aspectos, o Novo Concerto é melhor e mais glorioso que o
primeiro.
I. O CULTO E
SEUS ELEMENTOS NA ANTIGA ALIANÇA
1. O culto e seus
utensílios. O autor demonstra profundo
conhecimento sobre o culto na Antiga Aliança quando fala do tabernáculo e dos
seus utensílios. Ele tem em mente as duas principais divisões do antigo
santuário: o santo lugar e o santo dos santos. Na descrição que ele faz do
primeiro compartimento, o santo lugar, estavam o candelabro e a mesa dos pães
da proposição. No segundo compartimento, o santo dos santos, que era separado
do primeiro por uma cortina, o autor cita a arca da aliança e o incensário de
ouro.
O tabernáculo, onde as atividades do culto eram
intensas, dividia-se em três partes: o Pátio, o Lugar Santo e o
Santo dos Santos. O v.2 refere-se à segunda parte – o lugar santo, chamando-o
“o primeiro”, pelo fato dele ser a primeira das duas partes cobertas: o Lugar
Santo e o Santo dos Santos. O Pátio era descoberto. Após o véu da entrada,
viam-se três elementos importantes na segunda parte do tabernáculo: “o
candeeiro, a mesa e os pães da proposição” (v.2). O tabernáculo revelava que
Deus queria manifestar-se no meio de seu povo (Êx 25.8). Hoje, devemos
valorizar o ambiente do templo, na igreja local, pois é consagrado ao culto a
Deus.
a) O candeeiro, castiçal ou candelabro. Era uma
peça maciça, de ouro puro, cujas lâmpadas eram acesas diariamente (Êx 25.31; Lv
24.1-4), representando Cristo, a luz do mundo (Jo 8.12);
b) Os pães da proposição. Ficavam sobre a mesa, que
era um móvel de madeira de cetim, revestida de ouro. Os pães da proposição eram
um tipo de Cristo, o pão da vida (Jo 6.35).
c) O altar do incenso. O escritor não fala do altar
do incenso, mas este também estava no Lugar Santo (ver Êx 30.1-3) representando
Cristo, nosso intercessor (Jo 17 1-26; Hb 7.25). Ele ocupava uma posição
central no santuário, indicando que a vida de oração é fundamental no culto a
Deus. A negligência à oração revela imaturidade espiritual.
No interior do Santo dos Santos, estava a arca do
concerto, com a sua cobertura ou propiciatório, com querubins entalhados nas
extremidades (Êx 25.10). A arca representava a presença de Deus ou Cristo,
nosso Emanuel, que é Deus conosco (Mt 1.23). Na arca, estavam o maná, em
memória da provisão de Deus, ou Cristo, o “pão que desceu do céu” (Jo 6.58); a
vara de Arão, lembrando a fidelidade de Deus; e as tábuas do concerto, para que
o povo não se esquecesse da importância da lei. Mas havia um véu, separando o
Lugar Santo do Lugar Santíssimo (vv.3,7,8). Aquele véu indicava “que ainda o
caminho do Santuário não estava descoberto, enquanto se conservava em pé o
primeiro tabernáculo” (v.8). Quando oramos, não devemos ficar “no Pátio”
(oração monótona). Precisamos passar ao “Lugar Santo” (oração objetiva) e
chegar ao “Santo dos Santos” (oração no Espírito).
2. O culto: seus
oficiantes e liturgia. Há toda uma
simbologia nesses utensílios do antigo culto como demonstra a tipologia
bíblica. O candelabro representaria o testemunho do povo de Deus; a mesa dos
pães da proposição, a comunhão com Deus; o altar do incenso, a oração e a Arca
do Concerto a presença de Deus. Todavia, o autor não se detém nos detalhes
dessa tipologia. A sua intenção é mostrar o culto como um todo, conforme ele
era prestado no antigo tabernáculo e, dessa forma, contrastar com o tabernáculo
celeste no qual Cristo oficiava como sumo sacerdote. No santo lugar, os
sacerdotes entravam diariamente para prestar culto, enquanto somente uma vez no
ano o sumo sacerdote adentrava no santo dos santos para oficiar. O serviço
sagrado prestado por eles era apenas uma sombra e não resolvia o problema da
culpa. Por intermédio do sacrifício de si mesmo, Cristo entrou no santo dos
santos celestial para resolver de uma vez por todas o problema do pecado.
A tipologia é um tipo especial de simbolismo. (Um
símbolo é algo que representa outra coisa.) Podemos definir um tipo como um
"símbolo profético" porque todos os tipos são representações de algo
ainda futuro. Mais especificamente, um tipo nas Escrituras é uma pessoa ou
coisa no Antigo Testamento que prenuncia uma pessoa ou coisa no Novo
Testamento. Por exemplo, o dilúvio dos dias de Noé (Gn 6-7) é usado como um
tipo de batismo em 1Pd 3.20-21. A palavra para tipo que Pedro
usa é figura. A Tipologia no contexto Bíblico visa entender e
mostrar como o VT apontava como uma sombra, uma figura, para o NT, que é a
realidade ou a imagem exata. Como dizia Agostinho, “O Novo Testamento acha-se
no Velho. O Velho pelo Novo é explicado”.
Os utensílios do antigo tabernáculo desapareceram,
porém Cristo, ao morrer, fez com que o véu do templo se rasgasse de alto a
baixo, demonstrando que o caminho para o verdadeiro santuário, que é a presença
de Deus, estava definitivamente aberto para o homem que nEle crê.
Tratando-se de sacerdócio, a relação doutrinária
entre a organização do AT e o cristianismo do NT está mais claramente retratada
na Epístola aos Hebreus, e foi dito que o sacerdócio de Arão nunca se mostrou
efetivo para a remoção dos pecados. Por causa da necessidade de repetição
desses sacerdócios e dos sacrifícios, o sacerdócio do AT mostra-se incapaz de
aperfeiçoar o adorador (Hb 7.23; 10.1-4). Mesmo o sacerdócio de Arão nunca
representou o perfeito exemplo de Cristo em seus elevados atos sacerdotais de
redenção e em sua atuação. Melquisedeque, por causa de sua real posição, e da
falta de registros sobre o início e final de sua vida, função e serviço,
tornou-se o melhor exemplo de Cristo como provedor de um ministério salvador,
permanentemente ativo e efetivo (Hb 4.14-5.10; 7.1-28). Entretanto, dentro de
um panorama geral, e de acordo com algumas formas específicas, o sacerdócio de
Arão é típico da obra salvadora de Cristo como o cumprimento do sacerdócio
arônico cumprido em Cristo, e de acordo com a Epístola aos Hebreus, podemos
destacar: (1) a idéia do próprio sumo sacerdote (Hb 4.14); (2) o sacerdote como
um homem escolhido por Deus (5.4)..." (PFEIFFER, C.F (et al.)
Dicionário bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, pp.1718-19.)
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“De alguma maneira o texto em Hebreus
9.1-10.18 é o âmago do argumento do autor. Por meio de um número considerável
de detalhes, ele contrasta o serviço sacerdotal terreno, a Antiga Aliança, com
o novo ministério sacerdotal de Cristo (o celestial) da Nova Aliança, a fim de
completar seu argumento de que a antiga foi simplesmente um presságio e uma
preparação para a nova, e que a nova cumpre, ultrapassa e substitui a antiga.
Consequentemente, seus leitores não podem retornar à Antiga Aliança sem que
sofram resultados desastrosos (cf. 10.19-31).
Em Hebreus 9.1, o autor apresenta dois importantes
assuntos relacionados ao ministério sacerdotal sob o ‘primeiro’ concerto: (1)
as ‘ordenanças de culto divino’, e (2) o ‘santuário terrestre’ (ou
‘tabernáculo’, Hb 9.2a), que ele discute em ordem inversa em 9.2-5 e 9.6-10. O
tabernáculo é chamado de ‘terrestre’ (kosmikon) porque foi feito por mãos
humanas (cf. 8.2; 9.11,24) e denota a esfera de sua atividade, em contraste com
a esfera celestial não feita por mãos humanas, onde Jesus Cristo agora ministra
(cf. 8.5,6; 9.11,12).
O autor destaca que o tabernáculo do Antigo
Testamento (quando construído por Moisés no deserto) era dividido em dois
compartimentos (ou salas); ‘Santuário’ (9.2) e ‘Santo dos Santos’ (9.3). Estas
duas salas do tabernáculo são distinguidas pelos termos ‘primeiro’ e ‘segundo’.
Cada uma delas continha uma mobília que tinha um significado simbólico,
conforme as instruções dadas por Deus, e o véu que separava as duas salas
tinham um profundo significado” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.)
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD,
2004, p. 1587,1588).
II. A
EFICÁCIA DO CULTO NA NOVA ALIANÇA
1. Uma redenção
eterna. A diferença entre o culto da
Antiga e o da Nova Aliança pode ser vista no contraste entre ambas alianças
quanto à eficácia do sacrifício efetuado no contexto de cada uma. Sobre a
eficácia da redenção operada por Cristo, o autor diz ir muito além da do antigo
culto (Hb 9.12). No texto de Hebreus nove, a palavra “redenção” traduz o termo
grego lytrôsis, que significa “resgate” com o sentido de “libertação mediante o
pagamento de um preço”. Enquanto o culto levítico, com seus muitos rituais,
produzia apenas pureza cerimonial, o sacrifício de Cristo operou a redenção
eterna.
O tema de reforma introduz um santuário melhor, um
sacrifício eficiente e uma salvação mais completa. O serviço do sumo sacerdote
judaico no Dia da Expiação representava o clímax do sistema levítico. Nesse
dia, todo ano, ele entrava na presença divina, num tabernáculo terreno, levando
o sangue expiatório de animais. Sob a Nova Aliança, Cristo, “o sumo sacerdote
dos bens futuros”, entrou uma vez para sempre no próprio tabernáculo, levando o
seu próprio sangue como expiação. O sangue de touros e de cabras efetuava
apenas purificação ritualística e simbólica, de alcance limitado, mas o sangue
de Cristo, oferecido como sacrifício espiritual e vivo, executa a purificação
interior, que traz comunhão com o Deus vivo (vv. 13,14). O bispo Westcott
observa os seguintes itens pelos quais o sangue de Cristo é superior, partindo
da análise de seu sacrifício, que foi:
a) voluntário, ao contrário dos sacrifícios exigidos pela Lei;
b) racional, e não como o dos animais (irracionais);
c) espontâneo, e não em obediência a ordens superiores;
d) moral, como oferta de si próprio por ação do supremo poder nEle
residente (o Espírito Eterno), pelo qual mantinha comunhão com Deus. Não
seguiu meramente um rito, um esquema predeterminado. Não! Ele detinha os mais
puros motivos.” (Comentário Bíblico — Hebreus, CPAD, págs. 148,149)
O Novo Concerto trazido por Cristo realizou-se
através de um sacrifício perfeito e único, que não precisa repetir-se, em
substituição aos sacrifícios imperfeitos do antigo concerto. Assim, sejamos
gratos a Deus pela morte de Cristo na cruz do Calvário, o qual por nós efetuou
uma eterna redenção.
2. Uma consciência
limpa. Já vimos que os sacrifícios na
Antiga Aliança possuíam um aspecto meramente externo, isto é, cerimonial. Eles
não conseguiam tratar com a parte interna do homem. Na verdade, esses muitos
sacrifícios apenas “cobriam” os pecados em vez de removê-los. Por outro lado, o
sacrifício de Cristo trata com o problema do pecado em sua raiz. Ele não apenas
“cobre” a transgressão, mas a remove (Hb 9.14). Nenhum sacrifício no antigo
culto era capaz de tratar com o problema da consciência. Todavia, o sangue de
Cristo purifica e limpa a consciência tornando-a apta para a adoração a Deus.
A carta Aos Hebreus tem uma característica marcante:
ela destaca a superioridade da revelação de Cristo em relação a revelação do
Antigo Testamento. A Lei de Moisés e todo sistema de ofertas e sacrifícios do
AT serviam como ilustrações de uma grande benção que estava reservada para o
povo de Deus: a remissão completa e definitiva dos pecados (v. 1-2). Isso não
significa dizer que o povo de Deus no AT não recebia perdão de pecados. Não
significa dizer que os crentes do passado tinham de esperar a vinda de Cristo
para experimentar perdão dos pecados. Não. O povo de Deus no AT recebia perdão
dos pecados todas as vezes que oferecia os sacrifícios pelos pecados. Porém os
crentes não recebiam perdão completo e definitivo. O perdão completo e
definitivo só aconteceu quando Cristo veio e morreu na cruz. Os sacrifícios não
eram a realidade que perdoa pecados. Eles eram apenas sombra da realidade;
apenas imagem do real. Não tinham o perdão completo dos pecados porque os
sacrifícios eram ineficazes para acabar com o pecado. Nossos irmãos tinham de
ir ao templo várias vezes para oferecer os mesmos sacrifícios pelos pecados.
Além de não conseguir remover os pecados, os sacrifícios lembravam cada vez de
novo que a pessoa que estava oferecendo o sacrifício era um pecador que
precisava de perdão de pecados.
3. Uma herança
eterna. O efeito imediato da
purificação interior efetuada pelo sangue de Cristo é visto nas palavras do
autor em Hebreus 9.15, quando ele afirma que “os chamados recebam a promessa da
herança eterna”. A palavra “herança” traduz o termo grego kleronomia, com o
sentido de algo que alguém por direito possui. Em o Novo Testamento, é usado em
relação às coisas terrenas (Lc 12.13) e celestiais, no sentido de que Cristo
nos chamou “para uma herança incorruptível” (1 Pe 1.4). Por isso, a nossa
herança é celestial, espiritual e eterna.
Cristo tornou-se “Mediador de um Novo Testamento”
(v.15), que contém as cláusulas marcantes e definitivas do novo relacionamento
de Deus com o homem, e deste com Deus. Ele “entrou uma vez no santuário,
havendo efetuado uma eterna redenção” (v.12). As pessoas da época do Antigo
Testamento eram salvas mediante o sacrifício de Cristo, apesar de que isso
ainda não tinha tido lugar. Nas oferendas dos sacrifícios de animais
imaculados, eles olhavam para o futuro, ao Cristo vindouro. Não havia razão
para retornar ao sistema expiatório agora que Cristo tinha vindo como o
perfeito sacrifício. Pacto e testamento traduzem uma
só palavra grega, a qual significa ambas as coisas; nos versículos 15-20 o
autor se vale destes significados para indicar que a salvação, como uma
herança, é agora possível graças à morte do Jesus Cristo. No sentido em que nós
entendemos a palavra herança, o israelita
herdava a propriedade de seu pai (Lv 25,46). Mas a palavra hebraica para
“herdar” (nahal) tem um sentido mais amplo que em português. Israel recebe como
herança Canaã, que é propriedade do Senhor (Js 22,19), prometida aos patriarcas
(Gn 12,7). Canaã e o povo de Israel são herança de Deus, sem que ele os tenha
recebido de outrem (Ex 15,17; Dt 9,26-29). O sacerdócio é a herança da tribo de
Levi (Js 18,7). Quanto à legislação sobre a herança, que passa de pais a
filhos, veja Nm 27,1-19 e Dt 21,15-17.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“As ordenanças do Antigo Testamento quanto à
adoração levítica envolviam coisas como ‘manjares, e bebidas, e várias
oblações’ (Hb 9.10). Estas providências externas e temporárias foram válidas
somente ‘até ao tempo da correção’. Cristo cumpre o que é antecipado e
prenunciado na Antiga Aliança. Sua vinda foi, deste modo, uma emenda ou reforma
completa da estrutura religiosa de Israel. A Antiga Aliança deveria agora dar
lugar à nova; a sombra deveria dar lugar à essência; a cópia exterior e terrena
deveria dar lugar à realidade interior e celestial” (ARRINGTON, French L.;
STRONSTAD, Roger (Ed.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 1591).
III. A
SINGULARIDADE DO CULTO DA NOVA ALIANÇA
1. O santuário
celeste. O tabernáculo terrestre era um
tipo do santuário celeste, onde Cristo oficia como sumo sacerdote (Hb 9.24). O
culto na Antiga Aliança, com seu santuário terrestre, era apenas uma sombra da
qual o santuário celeste é a realidade. O verdadeiro modelo de adoração não
pode ser visto, olhando para a terra, mas para o céu. Se a adoração no antigo
santuário, apesar de suas inúmeras limitações, teve seu valor, que dizer então
da adoração que toma como ponto de partida o santuário celeste?
Sob a Lei de Moisés, o povo de Israel tinha um
santuário (o tabernáculo) e um sumo sacerdote que servia como um intercessor
pelo povo diante de Deus. O autor de Hebreus já identificou Jesus Cristo como
nosso Sumo Sacerdote, um ministro do tabernáculo verdadeiro (4:14; 8:1-2). No capítulo
nove, o escritor discute o serviço de Jesus no tabernáculo verdadeiro.
O livro de Êxodo registra a construção do
tabernáculo (capítulos 25-30). Era basicamente uma tenda elaborada e dividida
em duas salas por um véu. A sala maior era chamada o Santo Lugar e a menor era
chamada Santo dos Santos. Cada sala tinha seus próprios móveis e o escritor de
Hebreus menciona brevemente essas peças (9:1-5).
Os sacerdotes do Velho Testamento entravam
diariamente no Santo Lugar, executando o seu serviço. Mas somente o sumo
sacerdote podia entrar no Santo dos Santos. Uma vez por ano, no Dia da
Expiação, o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos com o sangue de um
touro, por seus próprios pecados e, novamente, com o sangue de um bode, pelos
pecados do povo (9:6-7). Ele pegava este sangue e o aspergia sobre o
propiciatório, a cobertura da arca da aliança, oferecendo-o a Deus. Era no
Santo dos Santos que um homem podia chegar à presença de Deus, mas somente o
sumo sacerdote era capaz de entrar e era exigido que se defumasse a sala com
incenso, antes de entrar! Leia Levítico 16 para ver uma descrição completa do
ritual que o sumo sacerdote seguia no Dia da Expiação.
O véu que separava o Santo Lugar do Santo dos Santos
simbolizava o fato que o caminho à presença de Deus ainda não estava aberto
para a humanidade. Quando Jesus morreu na cruz, o véu entre o Santo Lugar e o
Santo dos Santos foi rasgado (Mateus 27:51). Este foi o modo de Deus mostrar
que o acesso a sua presença era agora disponível a todos, através do sacrifício
de Jesus (veja Hebreus 6:19-20; 10:19-22)!
Como os sumos sacerdotes do Velho Testamento, Jesus
ofereceu sangue na presença de Deus, porém Jesus ofereceu seu próprio sangue,
derramado na cruz, e ofereceu-o no verdadeiro tabernáculo, o próprio céu (9:12,
24-26).
O autor de Hebreus já identificou Jesus como
Mediador de uma aliança melhor (8:6). Agora ele explica que o sangue de Jesus
alcança até os pecados sob a primeira aliança, a Lei de Moisés (9:15). As
coisas do tabernáculo do Velho Testamento eram purificadas com o sangue de
animais, mas Jesus ofereceu um sacrifício melhor, que pode verdadeiramente
obter a redenção do pecado. Ainda que os sumos sacerdotes do Velho Testamento
oferecessem sangue todos os anos pelos pecados do ano anterior, Jesus entrou no
céu, na presença de Deus, uma vez por todas (9:12, 27-28).” (Estudo
Textual: Hebreus 9:1-28 Um Ministério Mais Excelente. Disponível em: https://www.estudosdabiblia.net/hebreus.htm#Hebreus%209:1-28..
Acesso em: 19 fev, 2018)
2. Um sacrifício
superior. O serviço prestado pelos
sacerdotes no antigo culto é contrastado com aquele realizado por Cristo na
Nova Aliança. Cristo, ao contrário dos sacerdotes, não necessitou repetir o seu
sacrifício nem tampouco fazê-lo por meio de sangue alheio (Hb 9.25). O culto no
Antigo Concerto era imperfeito porque seus sacerdotes eram imperfeitos da mesma
forma que o eram os seus sacrifícios. O verdadeiro culto, em tudo superior, só
foi possível porque o Cordeiro de Deus se deu em nosso lugar.
A Lei previa a possibilidade de erro ou pecado por
parte dos sacerdotes (v.3; Lv 4.3). O próprio sumo sacerdote Arão tinha a
orientação de Deus para oferecer sacrifícios não só pelo povo (Lv 16.15 ss.),
mas por si próprio (Lv 16.11-14). Enquanto o sumo sacerdote do Antigo
Testamento estava sujeito a pecar, Jesus nunca pecou. Ele é
perfeito. Satisfez todas as condições para o perfeito sacerdócio. Foi ungido
como Rei, como Filho (Sl 2.6,7); e Sacerdote Eterno (Sl 110.4); foi enviado por
Deus (Jo 5.30); veio em nome do Pai (Jo 5.43). JESUS não se glorificou a
si mesmo para fazer-se sumo sacerdote (v.6). Diante de todas essas
qualificações, o Mestre nunca ofereceu sacrifícios por si próprio. Ele deu-se a
si mesmo por nossos pecados (Gl 1.4). O escritor aos hebreus faz referência a
dois textos bíblicos no livro de Salmos para demonstrar o caráter especial do
sacerdócio de Cristo: um sacerdócio que não tem fim: “Tu és meu filho; hoje te
gerei” (Sl 2.7); e “Tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de
Melquisedeque” (Sl 110.4).
3. Uma promessa
gloriosa. O autor encerra a sua
exposição sobre o culto na Antiga e Nova Aliança com uma promessa: “Assim
também Cristo, oferecendo-se uma vez, para tirar os pecados de muitos,
aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação” (Hb 9.28).
O autor de Hebreus resume bem a mensagem do texto sobre a obra de Cristo,
quando diz que o nosso Senhor “se manifestou, para aniquilar o pecado pelo
sacrifício de si mesmo” (Hb 9.26). Agora, comparece por nós no céu (Hb 9.24),
mas um dia aparecerá para levar-nos ao seu lar (Hb 9.28). Esses “três tempos da
salvação” tem como base a sua obra consumada na Cruz do Calvário.
Cristo, à direita de Deus, está na posição da mais
alta honra, nos céus. Em Mc 16.19, está escrito: “Ora, o Senhor, depois de lhes
ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à direita de Deus”. Jesus Cristo
é o único ser que tem essa posição de extremo destaque nos céus. Tal verdade
nos é transmitida, para que saibamos que o nosso mediador não é um ser celeste
qualquer, mas aquele que tem posição de honra, única e destacada, diante de
Deus. As nossas orações são levadas a Ele, que por nós intercede junto ao Pai.
Cristo aparecerá pela segunda vez (vv.27,28). Aqui a Bíblia diz que Cristo “uma
vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo”,
oferecendo-se para “tirar os pecados de muitos”, e que Ele voltará, pela
segunda vez, “aos que o esperam para a salvação”.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor(a), reproduza o quadro abaixo e utilize-o
para mostrar a conexão entre o Antigo Concerto e o Novo Concerto Messiânico e a
singularidade do culto da Nova Aliança.
CONCLUSÃO
O autor conseguiu seu objetivo
ao contrastar a adoração na Antiga e na Nova Aliança. A adoração antiga era
terrena, imperfeita, transitória, incompleta. Por outro lado, a adoração no
Novo Pacto se firma em princípios celestiais, eternos e perfeitos. Não há,
pois, como adorar a Deus de uma forma agradável tomando por base os rudimentos
desta dimensão terrena. Nossa adoração é superior porque o nosso Senhor
encontra-se entronizado acima dos anjos.
Jesus é o nosso misericordioso e fiel sumo
sacerdote (Hb 2.17). Com exceção do pecado, Ele participou integralmente de
nossa natureza e fragilidades humanas: fome, sede, cansaço (Mt 21.18; Mc 4.38;
Jo 4.6; 19.28). Ele sofreu, chorou e angustiou-se (Mt 26.37; Lc 19.41; Hb
13.12). Era "homem de dores, experimentado nos trabalhos e, como um de
quem os homens escondiam o rosto, era desprezado" (Is 53.3). Ele em tudo
foi tentado (Mt 4.1-10; Hb 2.18; 4.15). Qual a razão de tanto sofrimento?
Hebreus 4.15 responde: "Porque não temos um sumo sacerdote que não possa
compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi
tentado, mas sem pecado" (cf. Hb 2.18). Eis o motivo pelo qual o Filho do
Altíssimo aceitou tal fardo: socorrer o crente na tentação e nas vicissitudes.
Clame ao Senhor! Ele conhece o teu padecer! A Antiga Aliança implicava
mandamentos, estatutos e juízos, os quais não foram observados pelo povo
escolhido. Era um concerto transitório, como indica o escritor: “Porque se
aquele primeiro fora irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para o
segundo” (v.7). Diante disso, JESUS trouxe uma Nova Aliança, que se
estabeleceu, não em atos exteriores, rituais, mas no interior do homem, no
entendimento e no coração. Por isso, é um melhor concerto. Que o Senhor nos
faça entender esse tema, e que o valorizemos em nossa vida cristã!
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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