sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

LIÇÃO 9: NÃO ADULTERARÁS





LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Êxodo 20.14; Deuteronômio 22.22-30


Êxodo 20
14 - Não adulterarás.

Deuteronômio 22

22 - Quando um homem for achado deitado com mulher casada com marido, então, ambos morrerão, o homem que se deitou com a mulher e a mulher; assim, tirarás o mal de Israel.
23 - Quando houver moça virgem, desposada com algum homem, e um homem a achar na cidade e se deitar com ela,
24 - então, trareis ambos à porta daquela cidade e os apedrejareis com pedras, até que morram; a moça, porquanto não gritou na cidade, e o homem, porquanto humilhou a mulher do seu próximo; assim, tirarás o mal do meio de ti.
25 - E, se algum homem, no campo, achar uma moça desposada, e o homem a forçar, e se deitar com ela, então, morrerá só o homem que se deitou com ela;
26 - porém à moça não farás nada; a moça não tem culpa de morte; porque, como o homem que se levanta contra o seu próximo e lhe tira a vida, assim é este negócio.
27 - Pois a achou no campo; a moça desposada gritou, e não houve quem a livrasse.
28 - Quando um homem achar uma moça virgem, que não for desposada, e pegar nela, e se deitar com ela, e forem apanhados,
29 - então, o homem que se deitou com ela dará ao pai da moça cinquenta siclos de prata; e, porquanto a humilhou, lhe será por mulher; não a poderá despedir em todos os seus dias.
30 - Nenhum homem tomará a mulher de seu pai, nem descobrirá a ourela de seu pai.


OBJETIVO GERAL


Apresentar o sétimo mandamento, ressaltando o intento de Deus em favor da família.


OBJETIVOS  ESPECÍFICOS


Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

I.    Tratar a abrangência e o objetivo do sétimo mandamento.
II.   Mostrar o real significado da infidelidade.
III.  Relacionar alguns pecados sexuais segundo a lei divina.
IV.  Analisar o ensino de Jesus acerca do sétimo mandamento.


SUBSÍDIO I




INTRODUÇÃO


Nesta aula estudaremos o sétimo mandamento, que trata a respeito do adultério. Esse é um assunto bastante apropriado, principalmente nos dias atuais, nos quais a sociedade decidiu endeusar o sexo. Inicialmente identificaremos as implicações de uma sociedade sexualizada, em seguida, mostraremos que o adultério continua sendo pecado, e ao final, daremos orientações cristãs que conduzam ao arrependimento, e a uma vida de santidade na vida sexual.


I. SOCIEDADE SEXUALIZADA


Deus criou o ser humano para o sexo, negar essa dádiva divina não é bíblico. Na verdade, antes mesmo da Queda, o Senhor orientou Adão e Eva para que “fossem fecundos” (Gn. 1.28). O livro bíblico de Cantares, geralmente alegorizado, reporta a beleza do sexo no casamento (Ct. 1.2-16). O ato sexual, no contexto geral das Escrituras, deve existir dentro do casamento (Pv. 5.15-19). Para o escritor da Epístola aos Hebreus, o matrimônio e o leito sem mácula devem ser considerados (Hb. 13.4). No casamento, o sexo é devido aos cônjuges, de modo que o marido e a mulher devem se entregar um ao outro, também evitando que o outro venha a pecar (I Co. 7.3).  Isso deve ser levando em conta porque o sexo é uma necessidade, e se realizado dentro do casamento é uma benção de Deus. Contudo, por causa da natureza pecaminosa, o ser humano tem uma propensão para desvirtuar os projetos de Deus. Assim, o sexo, que deveria ser para o prazer, e também procriação, acabou fugindo do seu objetivo. Por isso, Na Antiga Aliança, Deus proibiu o adultério, sendo este punido com a morte (Lv. 20.10). A intenção desse mandamento é proteger a família, evitando que os cônjuges se entregam à devassidão, comprometendo a felicidade no lar. A cultura da sexualidade, que se propaga na sociedade moderna, está destruindo muitos casamentos. A mídia explorada demasiadamente a sexualidade, transformando-a não em Eros, como destacou C. S. Lewis, mas em Vênus. A ênfase exagerada que é posta no sexo, o transformou em algo irresponsável, objetivando apenas o prazer. A psicologia materialista moderna nivelou os seres humanos a simples animais, que não buscam outro interesse na vida a não ser o prazer sexual.


II. O PECADO DO ADULTÉRIO


Por causa da ênfase no sexo como um fim em se mesmo, o adultério está se alastrando na sociedade. O número de casamentos desfeitos por causa desse pecado tem aumentado consideravelmente. Nesses últimos tempos, com o advento das mídias sociais, a adultério está sendo semeado através da internet. Os recursos das redes sociais, caso sejam usados indevidamente, sem as devidas precauções conjugais, podem contribuir para o adultério. O acesso à pornografia também tem causado estragos em vários relacionamentos conjugais. Há cônjuges que estão viciados nessa prática, e por causa dela estão idealizando o ato sexual. A pornografia é perigosa porque vicia, e ao invés de levar a pessoa a querer sempre mais, como acontece com os outros tipos de vícios, faz com que queiram cada vez mais o diferente. Por causa disso, pessoas que se iniciaram na pornografia, vendo imagens que consideravam simples, findaram em experiências horrendas. É perigoso se deixar levar pela luxúria, por causa dela muitos perderam não apenas a vida, mas também a alma (Pv. 6.25,26). Há homens e mulheres que estão brincando com fogo, achando que uma aventura não fará mal ao casamento (Pv. 6.27). Muitos que decidiram apenas “se divertir por um pouco” acabaram em desgraça e vergonha (Pv. 6.33,33). Até mesmo o rei Davi, por deixar de vigiar nessa área, pecou contra o Senhor (II Sm. 11.2). Os homens devem ter cuidado com os olhos, pois é possível que através deles venha o adultério (II Pe. 2.14). Como Jó, devem fazer um concerto com eles, para não coloca-los em mulheres que possam desvirtuá-los da fé (Jó. 31.1). O investimento na sexualidade sadia, dentro do casamento, previne o pecado do adultério (Pv. 5.15-20). Não devemos esquecer que o casamento é um mistério, homem e mulher se tornam uma só carne no ato conjugal (Ef. 5.31,32). Aqueles que entregam seu corpo a outro, que não seja o seu cônjuge, estão profanando o templo do Senhor (I Co. 6.13,15).


III. NÃO ADULTERARÁS


O adultério está se tornando cada vez mais natural, em alguns contextos pós-modernos chega a ser motivado, como demonstração de uma suporta liberdade sexual. Antigamente a prática do adultério era criminalizada pelo código jurídico brasileiro. Para Jesus o adultério continua sendo pecado, ele ampliou seu alcance ao explicar que se alguém cobiçar uma mulher em seu coração cometeu adultério com ela (Mt. 5.27,28). Na medida em que deixam de atentar para as palavras do Senhor, as pessoas acabam se acostumando com a infidelidade conjugal. Existem até aquelas que justificam seu pecado, argumentando que “a carne é fraca”. É bíblico que a carne é fraca (Mt. 26.41), mas também que é preciso andar no Espírito (Gl. 5.16). Quanto mais investimos no Espírito, menos propensos nos tornamos ao controle da carne. Aqueles que estão envolvidos nesse tipo de pecado precisam se arrepender e buscar o perdão. Como Davi, devem reconhecer que estão distanciados de Deus e que pecaram contra o Senhor (II Sm. 12.13). A confissão do pecado de Davi se encontra no Sl. 51, nesse texto bíblico o monarca abre seu coração, e clama pelo perdão e misericórdia divina. A igreja de Corinto se encontrava em uma sociedade não muito deferente da que nos encontramos atualmente. Por causa disso, estava vulnerável à carnalidade. Paulo reconheceu que entre eles haviam muitos que vinham de experiências sexuais pecaminosas. Mas essas pessoas, depois que se arrependeram, e se voltaram para o Senhor, foram justificadas no nome do Senhor Jesus (I Co. 6.11).


CONCLUSÃO


Há esperança para aqueles que se entregaram ao pecado do adultério, certa mulher foi flagrada nesse tipo de transgressão. Os acusadores quiseram apedrejá-la, mas Jesus interviu em seu favor, perdoando os seus pecados. As palavras do Senhor, para aquela mulher adúltera, se aplicam àqueles que se arrependem: “nem eu tampouco de condeno, vá e não peques mais” (Jo. 8.10,11). Portanto, para alcançar a misericórdia do Senhor é preciso confessar o pecado e abandoná-lo (Pv. 28.13).

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa



SUBSÍDIO II



INTRODUÇÃO


O sétimo mandamento condena o adultério e a impureza sexual com o objetivo de proteger a família. A Bíblia não condena o sexo; a santidade dele é inquestionável dentro do padrão divino, mas sua prática ilícita tem sido um dos maiores problemas do ser humano ao longo dos séculos. O sétimo mandamento é tratado de uma maneira na lei, e de outra na graça. Um olhar no episódio da mulher adúltera (Jo 8.1-11) mostra que tal preceito foi resgatado pela graça e adaptado a ela, e não à lei. [Comentário:  Normalmente quando pensamos em adultério, automaticamente pensamos em um homem sendo infiel a sua esposa, ou vice versa. No entanto, este mandamento é muito mais amplo e profundo do que apenas isso. Ele engloba não somente o campo da experiência sexual humana, e seu relacionamento conjugal, que sem dúvida é um assunto muito preocupante, mesmo porque vivemos em uma época em que a sexualidade, e suas expressões, são cada vez mais explicitas em nossa sociedade. No entanto este assunto pode ser mais abrangente quando tratado do ponto de vista do adultério espiritual contra Deus inclusive. O sétimo mandamento continua atual porque o mundo está às avessas, dizendo "não" a tudo aquilo que Deus diz "sim” na sua Palavra, e "sim" a tudo o que a Bíblia diz "não". O resultado é o caos social que estamos vivendo. Esta lição é urgente para nós, isso por que, entendemos o adultério como a relação sexual de um homem casado com uma mulher que não é sua esposa e vice-versa. O mundo sem compromisso com Deus aceita tal prática como normal, mas a Palavra de Deus declara: "Não adulterarás" (Êx 20.14; Dt 5.18). Este mandamento vai muito além da cópula extraconjugal. Nele está a proibição de toda a forma de prostituição; é Deus dizendo "não" a todas as concupiscências desnaturais, imaginações e pensamentos impuros e lascivos (Mt 5.27, 28).] Convido você para mergulharmos mais fundo nas Escrituras!


I. O SÉTIMO MANDAMENTO


1. Abrangência. Trata de um tema muito abrangente, que envolve sexo e casamento num contexto social contaminado pelo pecado. O mandamento consiste em uma proibição absoluta, sem concessão, expressa de maneira simples em duas palavras: “não adulterarás” (Êx 20.14; Dt 5.18). Sua regulamentação para os israelitas pode ser encontrada nos livros de Levítico e Deuteronômio, que dispõem contra os pecados sexuais, a prostituição e toda forma de violência sexual com suas respectivas sanções.  [Comentário:  É interessante notar que a  Lei permitia a poligamia, e aqui não vamos tecer maiores comentários mas, talvez, a tolerância visasse a proteção de mulheres solteiras, mas não vemos a mesma tolerância para com a poliandria, que é a situação em que uma mulher tem vários maridos simultaneamente. Relações sexuais com uma mulher casada era considerado um pecado hediondo tanto contra Deus como contra o esposo traído, e isso já bem antes da lei, à época dos patriarcas (Gn 39.9). Talvez este mandamento esteja relacionado ao “furto” e à “cobiça” proibidos nos dois mandamentos seguintes, já que a esposa pertencia a outrem.]

2. Objetivo. O Decálogo segue uma lógica. Primeiro aparece a proteção da vida, em seguida vem a família e depois os bens e a honra. O mandamento “não adulterarás” veio para proteger o lar e dessa forma estabelecer uma sociedade moral e espiritualmente sadia. A proibição aqui é contra toda e qualquer imoralidade sexual, expressa de maneira genérica, mas especificada em diversos dispositivos na lei de Moisés.  [Comentário:  O comentarista da revista, Pr Esequias Soares, concorda com o que escreve Russell Norman Champlin em sua Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 1. (Hagnos): “A fim de preservar a santidade do lar (Êx, 20:14; Dt. 5:18). Também está envolvida a questão da herança da família e a preservação da pureza tribal. Finalmente, o próprio ato era considerado um crime sério, um ato de contaminação (Lev. 18:20). Por esse motivo, era imposta a pena de morte, envolvendo a execução de ambos os culpados (Êx, 20:14; Lv. 20:1 ss). Injunções similares podem ser achadas no código babilônico de Hamurabi (129), e, opcionalmente, na primitiva lei romana (Dion. Hal. Antiguidades Romanas). A pena de morte mostra que as sociedades antigas encaravam o adultério não meramente como um ato privado errado, mas que ameaçava o arcabouço do lar e da sociedade. O fato de que o homem e a mulher tornam-se uma carne no matrimônio (Gn. 2:24; Ef. 5:31,32) sugere uma comunicação mística de energias vitais físicas e espirituais, e isso deve acontecer somente entre duas pessoas. No adultério, o indivíduo é furtado de sua identidade, e a união mística de seres é perturbada, talvez assemelhando-se ao homicídio, embora certamente com menores consequências morais”. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 66.]

3. Contexto. A lei foi promulgada numa sociedade patriarcal que permitia a poligamia. Nesse contexto social, o adultério na lei de Moisés consistia no fato de um homem se deitar com uma mulher casada com outro homem, independentemente de ser ele casado ou solteiro. Os infratores da lei deviam ser mortos, tanto o homem quanto a mulher (Dt 22.22; Lv 20.10). [Comentário: A poligamia, como uma relação legalizada entre o homem e várias esposas e concubinas a ele subordinadas, era tolerada na época do Antigo Testamento, mas para a Igreja do Novo Testamento está terminantemente proibida (por exemplo, 1 Tm 3.2,12). O texto de Mateus 19.4-8 registra as declarações de Jesus em favor da monogamia e contra o divórcio. Ele alicerçou o Seu ensino na narrativa da criação do homem. Podemos supor, pois, que, apesar da tolerância do Antigo Testamento em relação ao concubinato e à poligamia, a monogamia é o ideal espiritual. Então, como entender a tolerância no Antigo Testamento? A Bíblia se cala quanto a isso. Muitos estudiosos são do parecer que Deus permitiu a poligamia para proteger e providenciar pelas mulheres que provavelmente não achariam um marido de outra forma. Um homem que tinha várias esposas providenciava e protegia todas elas. Enquanto acreditamos que esse não era o ideal, viver em um lar polígamo era melhor do que as outras alternativas: prostituição, escravidão, fome, etc. Além de proteção e provisão, poligamia capacitou um crescimento muito mais rápido da humanidade, realizando o comando de Deus de “sede fecundos e multiplicai-vos [...] povoai a terra e multiplicai-vos nela” (Gn 9.7). O Dicionário Bíblico Wycliffe, de Charles F. Pfeiffer (CPAD) diz que “Ela não envolvia o pecado do adultério. Apesar das rigorosas proibições bíblicas, o adultério foi amplamente difundido em diferentes épocas e tornou-se particularmente ofensivo como parte do culto cananeu de adoração aos Baalins, que incluía a prostituição "sagrada". Indicações de uma lassidão moral são encontradas em referências como Jó 24.15; 31.9; Provérbios 2.16-19; 7.5-22; Jeremias 23.10-14. O caso de Davi foi especialmente notório e deu aos inimigos de Deus ocasião para blasfemar (2 Sm 11.2-5; 12.14). Essa lassidão moral generalizada prevaleceu durante o NT e pode ser claramente observada em Marcos 8.38; Lucas 18.11; 1 Coríntios 6.9; Gálatas 5.19; Hebreus 13.4 e em mais de 50 referências feitas no NT ao conceito de fornicação (porneia, porneuo, porne, pomos)”. PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 35-36.]


SÍNTESE DO TÓPICO I


O sétimo mandamento tem como objetivo proteger a família, estabelecendo uma sociedade moral e espiritualmente sadia.

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II. INFIDELIDADE


1. Adultério. É traição e falsidade. É a quebra de uma aliança assumida pelo casal diante de Deus e da sociedade, uma infidelidade que destrói a harmonia no lar e desestabiliza a família. A tradição judaico-cristã leva o assunto a sério e considera o adultério um pecado grave. Trata-se de uma loucura que compromete a honra e a reputação de qualquer pessoa, independentemente de sua confissão religiosa ou status social (Jr 29.23; Pv 6.32,33).  [Comentário:  Adultério (do Latim adulterǐum) é a prática da infidelidade conjugal. Com o tempo, o termo estendeu-se ao sentido de fraudar ou falsificar; "adulterar". O dicionarioinformal.com.br define assim o termo: “Relacionamento amoroso com pessoa do sexo oposto com intenção ou não de relacionamento sexual, onde qualquer uma das partes já possua um relacionamento compromissado Segundo a palavra de Deus, Biblicamente falando, mesmo que você não tenha contato físico com o sexo oposto fora do casamento, mas só tenha pensado neste relacionamento já adulterou”. O adultério refere-se ao pecado sexual de pessoas casadas com alguém que não seja seu cônjuge, e a palavra é usada no Antigo Testamento, literal e figurativamente. A palavra hebraica traduzida por "adultério" significa literalmente "quebrando o casamento." Curiosamente, Deus descreve a deserção do Seu povo a outros deuses como adultério. O povo judeu foi considerado como o cônjuge de Jeová, então quando eles se voltaram aos deuses de outras nações, foram comparados com uma esposa adúltera. O Antigo Testamento muitas vezes se refere à idolatria de Israel como uma mulher devassa que "prostituiu-se" com outros deuses (Êxodo 34:15-16, Levítico 17:7, Ezequiel 6:9). Além disso, todo o livro de Oseias compara a relação entre Deus e Israel com o casamento do profeta Oseias e sua esposa adúltera, Gomer. As ações de Gomer contra Oseias eram um retrato do pecado e da infidelidade de Israel, que, vez após vez, abandonou o seu verdadeiro marido (Jeová) para cometer adultério espiritual com outros deuses. 

2. Sexo antes do casamento. Esta prática está muito em voga na sociedade moderna, mas nunca teve a aprovação divina, e por isso os jovens devem evitar essas coisas (Sl 119.9). Em Israel, os envolvidos em tal prática, desde que a mulher não fosse casada ou comprometida, não eram condenados à morte. A pena era menos rigorosa, mas o homem tinha de se casar com a moça, pagar uma indenização por danos morais ao pai da jovem e nunca mais se divorciar dela (Dt 22.28,29). Hoje, esse tipo de pecado requer aplicação de disciplina da Igreja, mas nem sempre o casamento deles é a solução.  [Comentário:  A Bíblia inegavelmente condena o adultério e imoralidade sexual, mas é o sexo antes do casamento considerado sexualmente imoral? De acordo com 1 Coríntios 7.2, "sim" é a resposta clara: "mas, por causa da prostituição, tenha cada homem sua própria mulher e cada mulher seu próprio marido." Neste versículo, Paulo declara que o casamento é a "cura" para a imoralidade sexual. 1 Coríntios 7.2 está essencialmente dizendo que, porque as pessoas não conseguem se controlar e por isso muitas estão tendo sexo imoral fora do casamento, elas devem se casar. Só então poderão satisfazer as suas paixões de uma forma moral; estamos tratando aqui de palavras escritas por um judeu conhecedor da Lei, logo, entendemos que Paulo se baseou no Antigo Testamento para emitir este parecer. Infelizmente, este trata-se de um pecado recorrente no meio cristão, e eu  quero observar o que diz Êxodo 22.16-17: "Se um homem seduzir uma virgem que ainda não tenha compromisso de casamento e deitar-se com ela, terá que pagar o preço do seu dote, e ela será sua mulher. Mas se o pai recusar-se a entregá-la, ainda assim o homem terá que pagar o equivalente ao dote das virgens" (NVI); aqui trata-se da hipótese de um homem e uma jovem virgem não comprometida fazerem sexo antes do casamento. O texto não diz que isso seria pecado, e nem que o casal seria condenado a apedrejamento ou a qualquer outra punição severa. É dito apenas que o casal seria obrigado a se casar, a não ser que o pai da moça não aprovasse o casamento. Assim, pode-se concluir que, se uma mulher e um homem caírem na tentação e fizerem sexo antes do casamento, eles devem se casar logo após essa primeira relação sexual que eles tiveram. Consequentemente, pode-se concluir também que o sexo sem compromisso é pecado].

3. Fornicação. A “moça virgem, desposada com algum homem” (Dt 22.23) diz respeito, no contexto atual, à noiva que ainda não se casou, mas está comprometida em casamento. Trata-se do pecado sexual de fornicação praticado com consentimento mútuo. A pena da lei é a morte por apedrejamento, como no caso de envolvimento com uma mulher casada (Dt 22.24). A razão desta pena vai além do simples ato, pois se trata da quebra de fidelidade, “porquanto humilhou a mulher do seu próximo; assim, tirarás o mal do meio de ti” (Dt 22.24b). [Comentário:  Fornicação (palavra que vem de fornicis, ou fornix: abóbada, ou arco). Fornice era o arco da porta sob a qual as prostitutas romanas se exibiam. As meretrizes ficavam por lá porque, além de ligar o lugar ao sexo, a mulher romana que não tivesse pai, nem marido, nem filho do sexo masculino devia obediência a um homem, a qual podiam também serem escravas. Sendo assim, as mulheres deveriam ficar sempre dentro dos limites da casa/prédio do seu "dono" ou protetor - por isso, não podiam passar do arco (fornice). http://pt.wikipedia.org/wiki/Fornica%C3%A7%C3%A3o O dicionarioinformal.com.br esclarece: “Ato ou efeito de fornicar. Ter relações sexuais por puro prazer, para satisfazer os desejos da carne. Coito carnal”. A relação sexual entre um homem e uma mulher solteira (zemt) era proibida e os pais eram especialmente proibidos de permitir que suas filhas se tomassem prostitutas (Lv 19.29), “para que a terra não se prostitua, nem se encha de maldade” (a vida sexual dos indivíduos era considerada como capaz de afetar profundamente a prosperidade da comunidade toda, ao invés de ser um assunto meramente privado). Nenhuma penalidade padrão foi estabelecida para a fornicação. Ao que parece, um israelita, não um sacerdote, podia se casar com uma meretriz arrependida e corrigida - Veja o caso da meretriz Raabe que fez parte da família de onde viria Jesus (visto que isto foi expressamente proibido apenas aos sacerdotes, 21.7). A fornicação era um crime capital para a filha de um sacerdote; ela devia ser queimada no madeiro (21.9) como alguém que havia “profanado seu pai”. Devemos observar que DEUS elogiou Finéias, o neto de Arão, por matar um israelita que tomou uma prostituta midianita em sua tenda (Nm 25.7-15) em conexão com o episódio de Baal-Peor. MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 1226-1227.]



SÍNTESE DO TÓPICO II


A infidelidade conjugal quebra a aliança assumida pelo casal diante de Deus e dos homens.




III. OUTROS PECADOS SEXUAIS


1. Estupro. A lei contrasta a cidade com o campo para deixar clara a diferença entre estupro e ato sexual consentido. Os versículos 25-27 tratam do caso de violência sexual, pois no campo a probabilidade de socorro era praticamente nula, e a moça era forçada a praticar o ato (22.25). Neste caso, somente o estuprador era morto, acusado de crime sexual, mas a moça era inocentada (Dt 22.26,27).  [Comentário:  A Enciclopédia da Bíblia. (Cultura Cristã) define assim: “Estupro e sedução. Se um homem violasse forçosamente uma mulher solteira fora de casa (longe da proteção da casa), ele devia ser morto, sem qualquer pena sendo atribuída à mulher (Dt 22.25-27). O estupro de uma mulher que era casada ou noiva era considerado como adultério e, portanto, sujeito à pena de morte. Se um homem seduzisse uma virgem com o consentimento dela, não sendo ela noiva, então ele devia pagar ao pai dela uma alta indenização de cinquenta moedas de prata, e levá-la para sua casa como sua esposa legal, a menos que o pai se recusasse completamente permitir que ele se casasse com ela (Êx 22.16,17; Dt 22.28,29). Neste caso a esposa não estava sujeita ao divórcio até o fim de sua vida (22.29).” MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 1227. Russell Norman Champlin, em sua Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia (Hagnos), escreve: “A sedução é uma espécie de violação, embora reconhecida como menos séria que "a violação forçada, ou estupro. Contudo, a sedução também envolve violência, embora do tipo mental e psicológico. Algumas vezes, envolve o poder do dinheiro, ou alguma vantagem qualquer, capaz de convencer a mulher a ceder. Porém, também se reconhece que uma mulher pode querer ser seduzida, embora nunca o declare. Outrossim, as mulheres convidam à sedução mediante a maneira como se vestem e agem. Ademais, algumas vezes a mulher é que seduz o homem. Por causa dessa variedade de fatores, a sedução é considerada menos séria que a violação. Porém, a sedução contra uma mulher casada era considerada adultério, pelo que ambos os envolvidos estavam sujeitos à pena de morte. A violação era punida com a morte do homem culpado (Deu. 22:25-27). Se um homem seduzisse uma virgem (que não estivesse noiva) que consentisse com o ato, então ele poderia corrigir o erro casando-se com ela legalmente, além de pagar uma multa a seu pai. Se o pai não permitisse o casamento, a jovem não se casava, e o culpado tinha de pagar uma importância adicional. Se um sedutor se casasse com a jovem a quem seduzira, nunca poderia divorciar-se dela (Deu. 22:29).” CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 968-969.]

2. Incesto. A lei estabelece a lista de parentesco em que deve e não deve haver casamento, para evitar a endogamia e o incesto (Lv 18.6-18). Mais adiante, a lei prescreve as penas de cada grupo desses pecados (Lv 20.10-23). “Nenhum homem tomará a mulher de seu pai” (Dt 22.30). A lei dispõe contra a prática sexual execrável de abusar da madrasta. É o pecado que desonra o pai, invade e macula o seu leito. Quem pratica tal abominação está sob a maldição divina (Dt 27.20). Na lei, o assunto pertence ao campo jurídico e a condenação prevista é a morte (Lv 20.11). Entretanto, estamos debaixo da graça, e por essa razão o tema é levado à esfera espiritual, cuja sanção se restringe à perda da comunhão da Igreja (1Co 5.1-5). A sábia decisão apostólica é a base para o princípio disciplinar que as igrejas aplicam hoje.  [Comentário:  Incesto é quando dois parentes possuem uma relação sexual ou marital entre parentes próximos ou alguma forma de restrição sexual dentro de determinada sociedade. É condenado em quase todas as culturas humanas. O incesto é punido como crime em algumas jurisdições, e é considerado um pecado pelas maiores religiões do mundo. Na maior parte dos países ocidentais o incesto é legalmente proibido, ainda que haja consentimento de ambas as partes. Na Bíblia há três referências explícitas ao incesto, duas no livro de Gênesis e uma no segundo livro do profeta Samuel. A primeira diz respeito a Ló e suas filhas, onde elas embebedam o pai e com ele se deitam para ficarem grávidas e terem filhos com ele (Gênesis 19.30-38). A segunda diz respeito a Abraão, que revela ao rei Abimeleque que Sara de fato era sua irmã (na verdade meia irmã), não somente sua esposa (Gênesis 20.10-16). Já a terceira diz respeito ao relacionamento de Amnon e Tamar, meio-irmãos por parte de pai, pois ambos eram filhos do rei David (2 Samuel 13). Foi Moisés, no Livro de Levítico 18:6-18 e 20:11-12, que proibiu as relações incestuosas. Existem ainda outros exemplos de incesto na história de Israel: Jacó tem duas esposas, irmãs entre elas (Gênesis 29,30); Rubens tem relações com a concubina do pai (Gênesis 35,22); Judá tem dois filhos da nora, Tamar (Gênesis 38). Ainda Russell Norman Champlin em obra já citada: “Todas as variedades de incesto requeriam a pena de morte (Lev. 20:11). Relações sexuais com a própria sogra ou com a mãe de uma concubina eram punidas com a execução na fogueira. Irmão e irmã, sobrinho e tia, cunhado e cunhada são outros casos especificamente mencionados. Ver as referências abaixo, onde são mencionados os vários casos: Lev. 20:11,12,17; 19:21 e Deut.27:33. Entretanto, um homem podia casar-se com a viúva de um seu irmão e até mesmo estava nessa obrigação, se seu irmão e aquela mulher não tivessem tido filhos”. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 969.]

3. Bestialidade. É uma aberração sexual, tanto masculina como feminina, contra a qual a lei dispõe tendo como sanção a pena de morte, seja para o homem, seja para a mulher e também para o animal, que devia ser morto (Lv 20.15,16). Bestialidade e homossexualismo desonram a Deus e eram práticas cananeias, razão pela qual os cananeus foram vomitados da terra (Lv 18.23-28). [Comentário: É o mesmo que zoofilia, relações sexuais desnaturais de um homem ou uma mulher com um animal. Interessante a colocação deste assunto aqui, a despeito da repulsa que esse ato provoca na maioria das pessoas, sempre foi uma prática popular. A Lei mosaica condenava enfaticamente esta prática pervertida, sentenciando o culpado e o animal à morte. “Quando um homem dá a sua emissão seminal a um animal, sem falta deve ser morto, e deveis matar o animal. E quando uma mulher se aproxima de algum animal para ter contato com ele, tens de matar a mulher e o animal.” (Lv 20.15, 16; 18.23; Êx 22.19; Dt 27.21). A prática depravada da bestialidade está incluída na palavra grega por·neí·a, traduzida “fornicação”. Quem se entrega a tal prática imunda é moralmente impuro, e se um membro da congregação cristã se entregasse a tal prática, estaria sujeito a ser desassociado (Ef 5.3; Cl 3.5, 6). Os desejos anormais de sodomia e bestialidade (pecados que não devem ser mencionados sem horror) deviam ser punidos com a morte, assim como o são hoje, segundo a lei da nossa nação, v. 13,15,16. Até mesmo o animal que fosse maltratado com este pecado devia ser morto com o pecador, ao qual consequentemente cabia a maior vergonha. E a infâmia era assim representada no grau mais execrável e abominável, devendo ser eliminadas todas as oportunidades para que ela fosse lembrada ou mencionada.]



SÍNTESE DO TÓPICO III


Deus abomina o estupro, o incesto e a bestialidade.



IV. O ENSINO DE JESUS


1. O sétimo mandamento nos Evangelhos. O Senhor Jesus reiterou o que Deus disse no princípio da criação sobre o casamento, que se trata de uma instituição divina, uma união estabelecida pelo próprio Deus (Mt 19.4-6). Ele também se referiu ao tema do sétimo mandamento de maneira direta e indireta. Direta ao fazer uso das palavras “não adulterarás” ou “não cometerás adultério” no Sermão do Monte (Mt 5.27), na questão do moço rico (Mt 19.18) e nas passagens paralelas (Mc 10.19; Lc 18.20). Indireta quando fala acerca do divórcio, tema pertinente ao sétimo mandamento (Mt 19.9; Mc 10.11,12).  [Comentário:  Os homens de outrora, como também os escribas e fariseus dos dias de Jesus, certamente estavam corretos em citar o sétimo mandamento na forma como o faziam. Porém, novamente aqui, como já mostramos ao tratar do sexto mandamento, eles não conseguiam dar uma exposição satisfatória do assunto. Como no caso anterior, não era a lei, e, sim, a exposição dos rabinos que era defeituosa. O sétimo mandamento deveria ter sido explicado à luz do décimo: “Não cobice a mulher do seu próximo” (Ex 20.17; Dt 5.18). Caso tivessem feito isso, teria ficado plenamente claro que é “do coração que vêm as más deliberações, os homicídios, os adultérios, as imoralidades...” (Mt 15.19). Os inimigos de Cristo condenavam os atos exteriores. Pelo menos era isso que enfatizavam. Quando convinha aos seus propósitos, eles podiam ser muitíssimo severos para com aqueles que cometiam um adultério literal ou concreto (Jo 8.1-11). Entretanto, Jesus considera que os maus desejos do coração já constituem adultério, assim como considera que o ódio do coração já é homicídio. Só é necessário acrescentar que o que é dito ao homem casado, também se aplica à mulher casada. A infidelidade no vínculo matrimonial é sempre errada. Naturalmente, isso significa que qualquer tendência que suscite tal infidelidade — por exemplo, a intenção de uma pessoa solteira de romper um matrimônio — é igualmente um pecado contra o sétimo mandamento. Depois de um exame mais detido notamos que nada há de inocente com referência ao homem descrito no v.28. Ele não é alguém que, sem quaisquer más intenções, vê alguém do sexo oposto. Não. Ele está olhando, observando, examinando uma mulher com o fim de cobiçá-la, para em seguida possuí-la e dominá-la completamente, de usá-la para o seu próprio prazer. A expressão verbal “qualquer que olha”, tomada isoladamente, é inteiramente neutra. A forma verbal usada original é muito geral em seu uso. Porém, o que temos aqui no v.28 é um olhar para cobiçar. Não há nada de inocente nisso. É egoísmo. Ver Mt 7.12. Em seu cenário apropriado, o sexo é um maravilhoso dom de Deus. Entretanto, não há desculpas para a luxúria e a vulgaridade. Isso é errôneo sempre e em qualquer lugar, seja para os solteiros ou para os casados. HENDRIKSEN. William. Comentário do Novo Testamento. Mateus I. Editora Cultura Cristã. pag. 423-424.]

2. O problema dos escribas e fariseus. Mais uma vez Ele corrige o pensamento equivocado das autoridades religiosas de Israel. Os escribas e fariseus haviam reduzido o sétimo mandamento ao próprio ato físico, pois desconheciam o espírito da lei, apegavam-se à letra dela (2Co 3.6). Assim, como é possível cometer assassinato com a cólera ou palavras insultuosas, sem o ato físico (Mt 5.21,22), da mesma forma é possível também cometer adultério só no pensamento (Mt 5.27,28).  [Comentário:  Jesus indica que o pecado descrito em Êx 20.14 tem raízes mais profundas que o ato declarado. Qualquer que olhar caracteriza o homem cujo olhar não está controlado por uma santa reserva e que forma o desejo impuro de concupiscência por determinada mulher. O ato será consumado quando houver oportunidade. É exatamente o pensamento expresso pelo comentarista da revista, o Pr Esequias Soares: “O adultério começa na mente contaminada pela cobiça e termina no corpo pela prática física (Mt 15.34; Tg 1.15). O ensino de Jesus é mais profundo e vai à raiz do problema. Ele disse que nem é preciso o homem se deitar com uma mulher para cometer adultério; basta olhar e cobiçar uma mulher que não seja sua esposa, e já cometeu adultério com ela (Mt 5.28). É o adultério da mente que é consumado no corpo; não se restringe somente à prática do ato, mas também ao pensamento. E a sanção contra o referido pecado é de caráter espiritual e se distingue do sistema mosaico”. Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 107.]

3. A concupiscência. Há diferença entre olhar e cobiçar. O pecado é o olhar concupiscente. O sexo é santo aos olhos de Deus, desde que dentro do casamento, nunca fora dele. O livro de Cantares de Salomão mostra que o sexo não é apenas para procriação, mas para o prazer e a felicidade dos seres humanos. Jesus não está questionando o sexo, mas combatendo a impureza sexual e o sexo ilícito, a prostituição. O Senhor Jesus disse que os adultérios procedem do coração humano (Mt 15.19). [Comentário:  Concupiscência significa um forte desejo, um forte anseio de fazer algo que desagrada a Deus ou de ter coisas de uma forma que desagrada a Deus. Algumas traduções bíblicas a traduzem como “desejo” ou como “cobiça”. Em um sentido amplo, qualquer desejo, ou cobiça, ou anseio por fazer ou ter coisas que são pecado e desagradam a Deus, se enquadram no significado dessa palavra. Não se aplica apenas a área sexual como alguns pensam, mas a todas as áreas onde o desejo humano de alguma forma desagrada a Deus, ofendendo-o através da prática continuada do pecado. O texto de Paulo aos Romanos exemplifica bem essa questão: “Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda sorte de concupiscência; porque, sem lei, está morto o pecado.” (Rm 7. 8). O Comentário Bíblico Beacon (CPAD) nos informa o seguinte: “Tiago conhecia os poderes sobrenaturais do mal que agiam no mundo (cf. 3.6), mas aqui ele procura ressaltar o envolvimento e a responsabilidade pessoal do homem ao cometer pecados. O engodo do mal está em nossa própria natureza. Ele está de alguma forma entrelaçado com a nossa liberdade. A questão é: “Será que eu preferiria ser livre, tentado e ter a possibilidade de vitória ou ser um ‘bom’ robô?” O robô está livre de tentação, mas ele também não conhece a dignidade da liberdade ou o desafio do conflito e não conhece nada acerca da imensa alegria quando vencemos uma batalha. Tiago diz que cada um é atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Essa palavra epithumia (“desejo”, RSV) pode ter um significado neutro, nem bom nem mal. Assim, H. Orton Wiley escreve: “Todo apetite é instintivo e sem lógica. Ele não identifica o erro, mas simplesmente anela pelo prazer. O apetite nunca se controla, mas está sujeito ao controle. Por isso o apóstolo Paulo diz: ‘Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado’ (1 Co 9.27)”. Este talvez seja o sentido que Tiago emprega aqui. No entanto, na maioria dos casos no Novo Testamento, epithumia tem implicações maléficas. Se for o caso aqui, quando um homem é seduzido para longe do caminho reto, isso ocorre por causa de um desejo errado. Tasker escreve: “Este versículo, na verdade, confirma a doutrina do pecado original. Tiago certamente teria concordado com a declaração de que ‘a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice’ (Gn 8.21). Desejos concupiscentes, como nosso Senhor ensinou de maneira tão clara (Mt 5.28), são pecaminosos mesmo quando ainda não se concretizaram em ações lascivas”.13 Se essa interpretação for verdadeira, há aqui mais uma dimensão na origem da tentação. Desejos errados podem ser errados não somente porque são incontrolados, mas porque, à parte da presença santificadora do Espírito, eles são carnais”. A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag.159-160.]




SÍNTESE DO TÓPICO IV


O Senhor Jesus reiterou o princípio do sétimo mandamento.



CONCLUSÃO


Cremos que Deus sabe o que é certo e o que é errado para a vida humana. A Bíblia é o manual divino do fabricante e é loucura querer ir contra Ele. A sanção contra os que violarem o sétimo mandamento, na fé cristã, não vai além da disciplina da Igreja e, em alguns casos, o caos na família. Mas o julgamento divino é tão certo quanto a sucessão dos dias e das noites, e a única salvação é Jesus (At 16.31; 17.31). [Comentário: Entendemos que a manutenção da santidade e pureza no tocante à vida sexual dos redimidos, o que vale é o que está contido nas Escrituras. Nossos dias gozam de liberdade de expressão e de um estilo "livre" de vida. A mídia e a propaganda negociam o sexo. Hoje, o sexo está tão banalizado que não há mais aquela expectativa dos noivos em se descobrirem aos poucos, em maravilharem-se um com o outro vivendo uma novidade maravilhosa de um toque, de uma fragrância, de surpresas que fortalecem o casamento e o amor. Devemos ter cuidado com o “normal” e verificarmos o que a Bíblia diz sobre o assunto, o que não se esgota com esta lição, como por exemplo, a masturbação, que não foi esclarecida aqui. O que devemos ter em mente é que o impulso sexual é uma parte normal, dada por Deus, de qualquer homem ou mulher saudável. Envergonhar-se disto é duvidar da bondade de Deus para conosco, porém, abusar dele é contrariar a graça que Deus tenciona para nós. Ele nos criou com muitos impulsos e desejos, que podemos desenvolver ou usar de maneira errada. Como um deles, o impulso sexual ativa ou destrói os relacionamentos, de acordo com seu controle e aplicação. Fugi da prostituição. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo.  Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus. (1Co 6.18-20). Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia (Gl 5.19). Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação; que vos abstenhais da prostituição; Que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra; Não na paixão da concupiscência, como os gentios, que não conhecem a Deus. Ninguém oprima ou engane a seu irmão em negócio algum, porque o Senhor é vingador de todas estas coisas, como também antes vo-lo dissemos e testificamos. Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação. (1 Ts 4.3-7)]. “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.

Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.



sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

LIÇÃO 8: NÃO MATARÁS





LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Êxodo 20.13; Números 35.16-25


Êxodo 20:13 - Não matarás.

Números 35:16-25

16. Porém, se o ferir com instrumento de ferro e morrer, homicida é; certamente o homicida morrerá.
17. Ou, se lhe ferir com uma pedrada, de que possa morrer, e morrer, homicida é; certamente o homicida morrerá.
18. Ou, se o ferir com instrumento de pau que tiver na mão, de que possa morrer, e ele morrer, homicida é; certamente morrerá o homicida.
19. O vingador do sangue matará o homicida; encontrando-o, matá-lo-á.
20. Se também o empurrar com ódio, ou com mau intento lançar contra ele alguma coisa, e morrer;
21. Ou por inimizade o ferir com a sua mão, e morrer, certamente morrerá aquele que o ferir; homicida é; o vingador do sangue, encontrando o homicida, o matará.
22. Porém, se o empurrar subitamente, sem inimizade, ou contra ele lançar algum instrumento sem intenção;
23. Ou, sobre ele deixar cair alguma pedra sem o ver, de que possa morrer, e ele morrer, sem que fosse seu inimigo nem procurasse o seu mal;
24. Então a congregação julgará entre aquele que feriu e o vingador do sangue, segundo estas leis.
25. E a congregação livrará o homicida da mão do vingador do sangue, e a congregação o fará voltar à cidade do seu refúgio, onde se tinha acolhido; e ali ficará até à morte do sumo sacerdote, a quem ungiram com o santo óleo.


OBJETIVO GERAL


Apresentar o sexto mandamento, ressaltando o propósito de Deus pela proteção da vida.


OBJETIVOS  ESPECÍFICOS


Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

I.    Tratar a abrangência e o objetivo do sexto mandamento.
II.   Ressaltar a importância da vida para Deus.
III.  Apresentar o significado jurídico do homicídio.
IV.  Descrever a punição do homicídio.


SUBSÍDIO I




INTRODUÇÃO


Dando continuidade aos estudos dos Dez Mandamentos, nos deteremos na aula de hoje no sexto mandamento: Não matarás. Inicialmente faremos uma análise da expressão, a fim de dirimir dúvidas teológicas, a partir do hebraico bíblico. Em seguida, ressaltaremos o valor desse mandamento, considerando a natureza sagrada da vida. Ao final, apontando os riscos de deixar de levar a sério esse importante mandamento.


I. NÃO MATARÁS


Esse mandamento é um dos mais curtos, a expressão hebraica é lo ratzach, ou simplesmente: “não mate”. O verbo hebraico ratzach tem a especificidade de se referir “ao assassinato de um ser humano”. Nada tem a ver com a pena de morte no sistema jurídico, ou em um confronto de guerra, ou até mesmo à morte de um animal. Essa expressão, em Ex. 20.13, se refere ao homicídio culposo, no qual há intenção de matar. Os casos de mortes acidentais eram previstos no sistema mosaico, que preservava a vida daquele que as ocasionasse (Dt. 4.42). Isso porque no sistema jurídico de Israel a pena capital era permitida, além da morte resultante em confrontos bélicos. Essa possibilidade é concebida também no Novo Testamento, o apóstolo Paulo não recomenda, mas atesta que o governo “não traz debalde a espada” (...) e que esse “é ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal” (Rm. 13.4). De acordo com esse texto, não compete a qualquer pessoa realizar a vingança (Rm. 12.19), mas o governo pode ter a responsabilidade de julgar, dependendo das leis do país, com a pena capital. Mesmo com essa possibilidade, os cristãos costumam adotar um posicionamento favorável à vida, dando ao transgressor a oportunidade para o arrependimento. Além disso, faz-se necessário reconhecer que o Estado também é falho, e pode incorrer no risco de julgar indevidamente as pessoas. Em um contexto de corrupção, é possível que os condenados à morte sejam justamente aqueles que se encontram em posição de vulnerabilidade. O evangelho de Jesus Cristo garante ao pecador a possibilidade de arrependimento, e esse deve ser o posicionamento da igreja (At. 3.19).


II. A VIDA É UMA DÁDIVA


O sexto mandamento ressalta a dignidade da vida humana, infelizmente essa geração tem sido marcada pela cultura da morte. A morte está se alastrando por todos os lados, e as vidas das pessoas estão sendo coisificadas. A morte do ser humano está sendo banalizada, as produções cinematográficas e os programas de TV atestam essa realidade. Os atentados à vida também são comuns, empreitadas terroristas que assustam as pessoas, chacinas de menores nas ruas e nas escolas. A cultura da violência está se propagando de tal modo que estamos deixando de nos escandalizar com os assassinatos. Cada ser humano que morre é contado com números frios, sem atentar para a dignidade da vida nas Escrituras (Gn. 4.8; Lv. 24.21; , e que nos é reafirmada nas palavras de Jesus (Jo. 10.10). Atentados contra a vida podem ser constatados também nas práticas do aborto e da eutanásia (Jó. 12.10). Comumente os evangélicos são rotulados de conservadores, em virtude do seu posicionamento contra essas práticas. Na verdade, os cristãos se posicionam em favor da vida, ao defenderem que o feto é vida (Sl. 139.13-16; Jr. 1.5), e que a vida das pessoas não são descartadas, quando essas adoecem (Sl. 139.13-16), ou estão nos dias da velhice (Sl. 92.14). A igreja deve manter seu posicionamento firme em relação a esses assuntos, mas também dar o exemplo através de práticas sociais que auxiliem pessoas marginalizadas, ou que se tornaram vítimas de um sistema que descarta a vida humana. Como o samaritano da parábola de Jesus, devemos ajudar os mais necessitados, aqueles que são desconsiderados pela sociedade utilitarista (Lc. 10.31-37).


III. CUIDADO


Não é difícil transgredir o sexto mandamento, isso se atentarmos para o conceito bíblico mais amplo de assassinato. Muitas pessoas estão matando a fé uma das outras através de atitudes escandalosas. Além disso, a agressão não se dá apenas pelos meios físicos, mas também pelo verbal (Mt. 5.21,22). A ofensa é uma forma de manifestar esse mandamento, na medida em que denigre a imagem da pessoa humana. Deus abomina o cerne do assassinato, onde esse se origina, no ódio alimentado, e no desejo de vingança. Há pessoas que não matam fisicamente, mas desejam que seus inimigos morram. Por esse motivo João adverte que “todo aquele que odeia a seu irmão é assassino” (I Jo. 3.15). O coração de algumas pessoas está repleto de ódio, por isso utilizam a língua para disseminar a maldade, e destruir a vida das pessoas (Mt. 12.34). O autor dos Provérbios destacou que existem pessoas cujas palavras são como pontas de espada (Pv. 12.18). Há pessoas que agridem os outros verbalmente, e não se ressentem de suas palavras, isso também é assassinato. As palavras têm o poder de matar, existem muitas pessoas nas igrejas adoecidas por causa de uma agressão verbal. Lembramos que um dos motivos do assassinato pode ser a inveja, por causa dela Caim matou seu irmão Abel (Gn. 4.8). Esse sentimento tôxico tem causado muitos males à sociedade, inclusive às igrejas, pessoas adoecidas que querem se colocar acima das outras. Por causa da inveja muitos estão sendo assassinatos diariamente, fisicamente, emocionalmente e espiritualmente.


CONCLUSÃO


Em meio à cultura da morte, a igreja da responsabilidade de levar adiante a mensagem da vida. Não podemos esquecer que Jesus é a Vida (Jo. 11.25; 14.6). E porque estamos a serviço do Autor da Vida, devemos investir na vida, se opondo à cultura da morte. Para tanto, precisamos pregar, usando as palavras e atitudes que façam a diferença na sociedade. A vida de Cristo deve contagiar as pessoas, devemos ser canais de vida, em um mundo no qual cada vez mais se propaga a morte.
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa



SUBSÍDIO II



INTRODUÇÃO


O sexto mandamento manifesta o propósito de Deus pela proteção da vida. Sua vontade é que os seres humanos façam o mesmo. O tema é abrangente e complexo, razão pela qual deve ser estudado com diligência. A lei diz "não matarás". Isso não contraria a guerra, a pena capital e o próprio pensamento cristão? Mas o assunto não se encerra por aí. Esse é o tema do presente estudo. [Comentário:  Tirar a vida de um ser humano é o mais radical ato de violência. Quem o faz destrói a mais preciosa criação de Deus — o homem, feito “à imagem e semelhança do Criador”. Por isso, quando Deus sintetizou em dez mandamentos o que ele exige do homem, Ele ordenou: “Não matarás” (Êx 20.13). O sexto mandamento proíbe o homicídio deliberado, intencional, ilícito. Deus ordena a pena de morte para a violação desse mandamento (Gn 9.6). O Novo Testamento condena, não somente o homicídio mas também o ódio, que leva alguém a desejar a morte de outrem (1Jo 3.15), bem como qualquer outra ação ou influência maléfica que cause a morte espiritual de alguém (ver Mt 5.22; 18.6). Aqui surge uma série de questões complexas, polêmicas e controversas. Vamos, então, analisar melhor o hebraico lo’ tirtsah (não matarás), traduzido em nossas versões por “matar”, num sentido geral, quando na realidade o seu significado é específico] Convido você para mergulharmos mais fundo nas Escrituras!


I. O SEXTO MANDAMENTO


1. Abrangência. Este é o primeiro mandamento que consiste em uma proibição absoluta, sem concessão, expressa de maneira simples com duas palavras: "Não matarás" (Êx 20.13; Dt 5.17). A legislação mosaica dispõe sobre o tema ao longo do Pentateuco, cuja abrangência fala contra a violência, o assassinato premeditado e o não premeditado. Temas como guerra, pena capital, suicídio, aborto e eutanásia são pertinentes ao sexto mandamento.  [Comentário:  O Decálogo (Dez Mandamentos) proíbe o abate (lo Tirza) (Êx 20.13; Dt 5.17), mas o mesmo termo hebraico (rzh) é usado para descrever a pena capital, um ato permitido em outros lugares na Torá (Nm 35.16, 17, 18, 19, 30). No Dicionário Vine o verbo hebraico ratsah, de onde se deriva tirtsah, é traduzido por “matar, assassinar, destruir”. O Termo aparece principalmente no material legal (Lei), e nos profetas é usado para descrever o efeito da injustiça e ilegalidade em Israel (Os 4.12; Is 1.21; Jr 7.9). Na Septuaginta a tradução é phoneúseis (assassinarás).[VINE, W. E. et al. Dicionário Vine. , 2 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p. 180.]. Os teólogos de Westminster concluíram que nesse mandamento Deus proíbe “o tirar a nossa vida ou a de outrem, exceto no caso de justiça pública, guerra legítima, ou defesa necessária; a negligência ou retirada dos meios lícitos ou necessários para a preservação da vida; a ira pecaminosa, o ódio, a inveja, o desejo de vingança; todas as paixões excessivas e cuidados demasiados; o uso imoderado de comida, bebida, trabalho e recreios; as palavras provocadoras; a opressão, a contenda, os espancamentos, os ferimentos e tudo o que tende à destruição da vida de alguém” (Catecismo Maior — resposta à pergunta 136).]

2. Objetivo. O sexto mandamento reflete o ensino geral do Antigo Testamento sobre o respeito à santidade da vida. O Senhor Jesus incluiu aqui o ensino sobre o amor (Mt 5.21,22). No novo concerto Ele inclui "pensamentos e palavras, ira e insultos". O Novo Testamento considera homicida quem aborrece a seu irmão (1 Jo 3.15). O objetivo deste mandamento é religioso e social, com o propósito de proteger a vida e trazer a paz entre os seres humanos (Mt 5.44; Rm 12.18).  [Comentário:  O sexto mandamento sempre fala de homicídio, culposo ou não. O mandamento enfatiza a gravidade do crime. Gênesis 9.6 explica: “Quem derramar sangue do homem, pelo homem seu sangue será derramado; porque à imagem de Deus foi o homem criado”. Regulamentando a aplicação desse mandamento, o Antigo Testamento traz leis rigorosas e severas para punir a violência contra a vida humana. O assassinato era punido com a pena de morte (Êx 21.12). A mesma punição era aplicada ao proprietário de um animal que matasse um ser humano, caso ficasse provado que a morte resultou da negligência do dono do animal (Êx 21.29). O homicida tinha direito à defesa, mas era julgado com rigor. Jesus trata o homicídio e o assassinato de forma ainda mais rigorosa, condenando esses atos nas suas raízes, nas intenções, mesmo quando eles não são executados. Ele afirmou: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a julgamento. Eu, porém, vos digo que todo aquele que sem motivo se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo.” (Mt 5.21-22.) Todo assassinato tem uma ou mais causas. Essas causas podem ser o ódio, a ira descontrolada, o desejo de vingança, o insulto... E todas elas nascem no interior do ser humano, no recôndito de seu ser, onde deve ser iniciado o combate à violência.]

3. Contexto. "Não matarás" já era um mandamento antigo, mas agora é introduzido de uma forma nova. O respeito à vida era conhecido na Antiguidade pelos mesopotâmios, egípcios e gregos, entre outros. O Código de Hamurabi (1750 a.C.), rei da Babilônia, é um exemplo clássico, contudo não se revestia de autoridade divina. Essa é a primeira distinção entre os códigos antigos e a revelação do Sinai. A outra é que Deus pôs sua lei no coração e na consciência dos demais povos (Rm 1.19; 2.14,15). [Comentário: Todas as civilizações antigas tratavam do delito de homicídio em seus manuscritos. Alguns de forma mais severa, outras de forma mais branda. Deus deu a todas as pessoas, em todas as épocas e culturas, um instinto moral através da criação (Rm 2.14,15), embora o pecado possa distorcer sua compreensão. O verbo usado neste mandamento tem como raiz rsh cujo significado é matar. Sabendo disto, nosso interesse agora deve ser conhecer, de perto, o sentido da raiz hebraica rsh comparando-o com o uso dos outros verbos do seu campo semântico. Fazem parte deste campo os seguintes verbos: mut (hifil, morrer (Nm 35,19.21); harag, matar (Sl 94,6) e o verbo de origem aramaica qatal, matar, derramar sangue, executar (Jó 24,14).Todos estes três verbos têm o significado de “matar”, no sentido mais amplo. Todavia, o verbo rasah nunca é usado para designar uma ação de Deus, bem como a matança de animais e suicídio (apesar de Nm 35,30). Assim, rasah pode ser definido como matar violentamente uma pessoa (Frank Crusemann, Preservação da Liberdade, p. 56-59). Este verbo tem como objeto direto: um vizinho (Dt 19,5), um cidadão israelita (1Rs 21,1-3), uma mulher de família (Dt 22,26), e a concubina de um levita (Jz 20,4). O verbo é usado de forma absoluta como no Decálogo (Ex 20,13 e nos profetas (Is 1,2; Jr 7,9; Os 4,2; 6,9). Um animal nunca é objeto do verbo rasah. Assim, estas observações mostram que o significado básico deste verbo é a morte do ser humano numa condição normal de vida. Partindo do princípio que Israel viveu num ambiente de guerra de conquista onde matar para obter terras era normal, a proibição de matar o vizinho, o cidadão israelita, a mulher de família, entre outros, deve ser vista como um grande avanço.]


SÍNTESE DO TÓPICO I


Deus criou e deseja preservar a vida humana.

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II. IMPORTÂNCIA


1. Da vida. A vida é um dom de Deus e ninguém tem o direito de tirá-la (Gn 9.6). Somente Deus, que criou o homem à sua imagem, tem o direito de pôr fim à vida humana (Gn 1.26,27; Dt 32.39). Três grandes personagens da Bíblia pediram a morte e não foram atendidas: Moisés, Elias e Jonas (Nm 11.15; 1 Rs 19.4; Jn 4.3). Tudo isso nos mostra que a vida pertence a Deus, e não a nós mesmos. Deus sabe a hora em que a vida humana deve cessar, Ele é o soberano de toda a existência.  [Comentário:  O homem foi feito à imagem e semelhança de Deus, é a coroa da criação e o representante de Deus na terra investido de autoridade sobre as demais criaturas (Gn 1.26, 27; SI 8.5, 6). Todos os seres humanos são irmãos porque vieram de um só casal e têm o mesmo sangue (At 17.26). O respeito à vida é o respeito a Deus. A primeira tábua do Decálogo se refere à santidade de Deus, e a segunda, à santidade da vida. O sexto mandamento inicia a série de proibições absolutas expressas com duas palavras num ritmo lógico. Começa com a proteção da vida, o bem maior e inalienável, em seguida vem a proteção da família, a célula mater da sociedade; depois aparece a proteção da propriedade, dos bens e da honra. O respeito à vida é o princípio dos deveres para com o próximo, a ordem divina de amar o próximo como Jesus nos amou (Jo 13.34). "Não matarás” proíbe o homicídio e os pecados vinculados à violência, tais como "o tirar a nossa vida ou a de outrem, exceto no caso de justiça pública, guerra legítima, ou defesa necessária; a negligência ou retirada dos meios lícitos ou necessários para a preservação da vida; a ira pecaminosa, o ódio, a inveja, o desejo de vingança" (Catecismo Maior de Westminster, 136) Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 88.]

2. Não matar. A proibição do sexto mandamento é não assassinar. O verbo hebraico ratsach, "matar, assassinar, destruir", aparece 47 vezes no Antigo Testamento, em sua maior parte nos textos legais. A primeira ocorrência é nos Dez Mandamentos (Êx 20.13). A tradução mais precisa das palavras lo e tirtsach seria: "não assassinarás", ou "não cometerás assassinato", pois "não matarás" é uma expressão genérica. O dispositivo mosaico proíbe o homicídio premeditado, o assassinato violento de um inimigo pessoal (Êx 21.12; Lv 24.17). O termo refere-se também a homicídio culposo, aquele em que não há intenção de matar (Dt 4.42; Js 20.3).  [Comentário:  Deus abomina toda e qualquer forma de homicídio e assassinato. O seu mandamento para todos os homens, de todos os lugares e de todas as épocas, é: “Não matarás” (Êx 20.13). E quem desobedecer a esse mandamento pagará muito caro por isso, pois o próprio Deus declarou: “Certamente, requererei o vosso sangue, o sangue da vossa vida; de todo animal o requererei, como também da mão do homem, sim, da mão do próximo de cada um requererei a vida do homem. Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem.” (Gn 9.5, 6). Em 1João 3.15 “Qualquer que aborrece a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem permanente nele a vida eterna”, João enfatiza que há certos pecados que o crente nascido de novo não cometerá, porque nele permanece a vida eterna de Cristo (cf. 2.11,15,16; 3.6-8,10,14,15; 4.20; 5.2; 2 Jo 9). Esses pecados, por causa da sua gravidade e da sua origem no próprio espírito da pessoa, evidenciam uma rebelião resoluta da pessoa contra Deus, um afastamento de Cristo, um decair da graça e uma cessação da vida vital da salvação (Gl 5.4). O assassinato é um exemplo de pecado no qual há evidência clara de que a pessoa continua nos laços da iniquidade ou que caiu da graça e da vida eterna (v. 15; 2.11). Esse pecado abominável evidencia uma total rejeição da honra devida a Deus, e da solicitude amorosa para com o próximo (cf. 2.9,10; 3.6-10; 1 Co 6.9-11; Gl 5.19-21; 1 Ts 4.5; 2 Tm 3.1-5; Hb 3.7-19). Jesus em Mateus 5.22, diz: “Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo, e qualquer que chamar a seu irmão de raca será réu do Sinédrio; e qualquer que lhe chamar de louco será réu do fogo do inferno”. Aqui, Cristo não se refere à ira justa contra os ímpios e iníquos (Jo 2.13-17); Ele condena o ódio vingativo, que deseja, de modo injusto, a morte doutra pessoa. Raca é um termo de desprezo que provavelmente significa tolo, estúpido. Chamar alguém de louco, com ira e desprezo, pode indicar um tipo de atitude de coração, conducente ao perigo do fogo do inferno.]

3. Etimologia. São raros os termos correspondentes ao verbo ratsach nas línguas cognatas; só no norte da Arábia foi encontrado o verbo radaha, "quebrar em pedaços, estilhaçar". O termo ratsach não é usado na guerra nem na administração da justiça e não aparece no contexto judicial e militar. Parece haver uma única ocorrência em que ele é aplicado à pena de morte (Nm 35.30), mas estudos mostram que originalmente a ideia do verbo era de vingança de sangue. [Comentário:  O Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento descreve ratsah da seguinte maneira: “Ratsah é uma raiz exclusivamente hebraica. Não possui nenhum cognato claramente identificável nas línguas da época. A raiz ocorre 38 vezes no AT, com 14 ocorrências em Números 35. Ela aparece pela primeira vez nos Dez Mandamentos (Êx 20.13). Naquele texto importante aparece no qal, junto com o advérbio de negação “não assassinarás”, que é uma tradução mais exata do conhecido e demasiadamente genérico “não matarás” [...]. As inúmeras ocorrências em Números 35 tratam do estabelecimento das cidades de refúgio para onde podiam fugir aqueles que matassem alguém acidentalmente. Números 35.11 deixa plenamente claro que o refúgio existia para as pessoas culpadas de mortes acidentais, não premeditadas. Isso deixa claro que ratsah se aplica igualmente tanto a casos de assassínios premeditados quanto a mortes resultantes de outras circunstâncias, que em direito são chamadas de “homicídio culposo”. A raiz também descreve a morte por vingança (Nm 35.27, 30) e o assassínio motivado (2 Rs 6.32) [...]. Em um único caso em todo o AT a raiz designa a morte de um homem por um animal (Pv 22.13). Mas mesmo nesse contexto a ideia básica é a da hediondez de tal acontecimento. Em todos os demais casos do uso de ratsah, é o crime de um homem contra se semelhante e a censura divina que estão em proeminência” HARRIS, R. Laird et al. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 1451.]


SÍNTESE DO TÓPICO II


É Deus quem dá ao homem o fôlego de vida e somente Ele tem o direito legal de pôr fim à vida.




III. PROCEDIMENTO JURÍDICO


1. Significado do homicídio. O homicídio é o maior crime que um ser humano pode cometer. A proibição do assassinato, apesar de constar dos códigos de leis anteriores ao sistema mosaico, já havia sido estabelecido pelo próprio Criador desde o limiar da raça humana: "Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem" (Gn 9.6). É contra Deus que o homicida está desferindo seu golpe ao tirar a vida de alguém, pois a imagem é a representação de uma pessoa ou coisa.  [Comentário:  A origem da palavra “homicídio”, como diversas expressões jurídicas, haure do latim homicidium. Aduz Ivair Nogueira Itagiba (1945, p. 47) que tal vocábulo “Compõe-se de dois elementos: homo e caedere. Homo, que significa homem, provém de húmus, terra, país, ou do sânscrito bhuman. O sufixo ‘cídio’ derivou de coedes, de caedere, matar”. A palavra homicídio é lembrada pela Enciclopédia Britânica (1994, p. 108) como “morte violenta ou assassinato”. No entanto, o significado mais lembrado foi aquele dado pelo Criminalista italiano Carmignani (apud, COSTA JÚNIOR, 1991, p. 9), onde o “homicídio (hominis excidium) é a morte injusta de um homem, praticado por um outro, direta ou indiretamente” http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=9832. De toda a criação, a vida do ser humano é a mais sagrada diante de Deus. A violação deliberada da vida do próximo implica em retribuição pelas mãos de outros seres humanos que, neste caso, são agentes de Deus. O filosofo francês Michel de Montaigne (1996, p. 367), certa vez aduziu: “Vivo em uma época que, por causa de nossas guerras civis, abundam os exemplos de incrível crueldade. Não vejo na história antiga, nada pior do que os fatos dessa natureza, que se verificam diariamente e aos quais não me acostumo. Mal podia eu conceber, antes de o ver, que existissem pessoas capazes de matar pelo simples prazer de matar; pessoas que esquartejam o próximo, inventam engenhosos e desconhecidos suplícios e novos gêneros de assassínios, sem ser movidos nem pelo ódio nem pela cobiça, no intuito único de assistir ao espetáculo dos gestos, das contrações lamentáveis, dos gemidos, dos gritos angustiados de um homem que agoniza entre torturas.” Embora tal trecho possa ser corroborado com os dias atuais, trata-se, na verdade, de uma publicação do ano de 1580, da obra “Ensaios”, do aludido filosofo. Por causa do apelo à violência e ao derramamento de sangue que surge no coração humano (cf. 6.11; 8.21), Deus procurou salvaguardar a intocabilidade da vida humana, reprimindo o homicídio na sociedade. Ele assim fez, de duas maneiras: (1) Acentuou o fato de que o ser humano foi criado à imagem de Deus (1.26), e assim sua vida é sagrada aos seus olhos; (2) instituiu a pena de morte, ordenando que todo homicida seja castigado com a morte (cf. Êx 21.12,14; 22.2; Nm 35.31; Dt 19.1-13; ver Rm 13.4).Veja, ainda, a autoridade para o governo usar a espada no Novo Testamento: At 25.11; Rm 13.4; Mt 26.52.]

2. Homicídio doloso (Nm 35.16-21). Aqui são dadas instruções específicas acerca do procedimento jurídico sobre o homicídio doloso. Se alguém ferir de morte seu próximo, "com instrumento de ferro" (v. 16), "com pedra à mão" (v. 17) ou ainda "com instrumento de madeira" (v.17), ou por qualquer outra forma (vv.20,21), e a pessoa golpeada morrer, o autor da ação é considerado homicida. O substantivo "homicida", rotseach, vem do verbo ratsach e aparece repetidas vezes aqui. Trata-se de homicídio doloso.  [Comentário:  Vários textos antigos já faziam a diferença entre o homicídio doloso (quando há intenção de matar), a legítima defesa (quando a morte ocorre porque a pessoa está se defendendo) e o homicídio culposo. Na Bíblia, ao fazer a partilha da Terra Prometida entre as Doze Tribos de Israel, várias cidades dos levitas foram separadas para serem cidades de refúgio para a pessoa que matava outra por acidente. (Nm 35.6; Js 20.1-6). Podemos ver na Bíblia uma diferença entre homicídio culposo e doloso. Números 35:9-34 é claro quanto a isto. A pessoa que matava alguém por maldade, era morta pelo vingador, que era um dos parentes mais próximos da vítima. Já aquele que matava alguém involuntariamente podia correr para uma cidade de refúgio, onde era protegido da vingança. Interessante é que em ambos os casos podemos perceber que o pecador sofria a consequência por seu pecado, mesma que a consequência não fosse tão grave (lembra-se do castigo “segundo as suas obras”?). Mesmo que homicida tivesse matado alguém sem que houvesse nele a intenção e tivesse sido livrado da pena de morte, tinha de morar por toda a vida na cidade de refúgio para não ser morto por um familiar daquele que fora morto.]

3. Homicídio culposo (Nm 35.22-25). Era o crime involuntário e acidental, razão pela qual o autor não devia morrer, e a lei estabeleceu o procedimento a ser seguido para livrar o réu da pena de morte. Ele precisava se refugiar numa das cidades de refúgio até provar que o homicídio fora acidental (Dt 19.4-6). A outra maneira de escapar das mãos do vingador do sangue era agarrar-se nas pontas do altar (Êx 21.12-14; 1 Rs 1.50, 51). Esses dois recursos equivalem ao habeas corpus concedido atualmente. [Comentário: Homicídio culposo ou homicídio involuntário ocorre quando uma pessoa mata outra, mas sem que tivesse esta intenção, nem aceitando os riscos que levem à morte da outra; pode ser por negligência, imperícia ou imprudência Jus Brasil, Homicídio culposo. A pena de morte só deveria ser aplicada após ser comprovado o cometimento da infração (Ex.23:7; Dt.35:30). Não havia pena de morte para quem cometesse morte por acidente (Dt.19:2-6; 35:15,22-25). Das quarenta e oito cidades reservadas aos levitas, seis delas seriam cidades de refúgio, “para que, nelas se acolha o homicida” (Nm 35.6). Que tipo de homicida? Certamente, não eram os assassinos frios, violentos, contumazes. Eram pessoas que tivessem cometido erros trágicos, acidentais, e que por isso mesmo, provavelmente, estivessem sob forte tensão, emocionalmente abaladas pela experiência vivida, desejando ansiosamente retroceder no tempo e apagar o acontecimento. Observe em Números 35.16-28 a diferença entre o assassinato intencional e o não intencional. “Segundo dizem os rabinos, para facilitar a ida dos fugitivos, o Sinédrio tinha a responsabilidade de manter nas melhores condições possíveis as estradas que davam acesso às cidades de refúgio. Não poderia haver morros; em todos os rios deveria haver pontes, e a própria estrada precisava ter pelo menos trinta e dois cúbitos de largura (cerca de dezesseis metros). Em todas as curvas deveria haver placas de sinalização com a palavra Refúgio. Além disso, o fugitivo deveria ser acompanhado de dois estudiosos da Lei para, se possível, apaziguarem o vingador do sangue, caso este alcançasse o fugitivo(Merryl F. Unger, Unger’s Bible Dictionary, citado em Charles Swindoll, Vivendo Sem Máscaras, p. 142). Enquanto permanecesse dentro dos limites da cidade de refúgio, o transgressor estava seguro. Caso saísse e fosse encontrado pelo vingador, este o mataria e ficaria sem culpa (Nm 35:26, 27).]


SÍNTESE DO TÓPICO III


Ao tirar a vida de alguém, o homicida está infringindo a lei dos homens e agindo diretamente contra o próprio autor da vida, Deus.



IV. PUNIÇÃO


1. O sangue de Abel. O termo "sangue" de Abel em "A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra" (Gn 4.10), está no plural, no hebraico, que segundo o Talmude, antiga literatura religiosa dos judeus, significa "sangue de sua descendência" ou seja: "todo aquele que destruir uma vida em Israel a Escritura reputa como se tivesse destruído o mundo inteiro" (Sanedrin 4.5). Tal crime interrompe para sempre a posteridade da vítima. Em Hebreus é dito que o sangue da aspersão, de Cristo, fala melhor do que o sangue de Abel (Hb 12.24). Isso porque o sangue de Jesus clama por misericórdia, mas o de Abel por vingança (Gn 4.10,11).  [Comentário:  Tanto Caim como Abel pareciam honrar a Deus de mesma forma através de cultos idênticos, mas na realidade apresentavam as suas oferendas com disposições bem diferentes. As do mais velho pareciam ser apenas um dom e as do mais novo, pelo contrário, davam testemunho da sua reverência e piedade. Daí saíram os sentimentos de inveja [...], que resultaram no assassínio de Abel (Gn 4, 3ss.) Aquele que concede a vida também pode ouvir o seu clamor! (Veja Jó 16.18; Is 26.21; Ez 24.7-8; Mt 23.35; Ap 6.10). ]

2. O vingador. A lei dava o direito ao "vingador do sangue" (Nm 35.19,21b), goel, em hebraico, "redentor, remidor, vingador", de matar o assassino onde quer que o encontrasse. Vingar o sangue era, no Oriente Médio, uma questão de honra da família (Êx 21.24; Lv 24.20; Dt 19.21). Era uma grande desonra para a família não vingar o assassinato de um ente querido. Isso é mantido ainda hoje nessa parte do mundo. Porém, o Senhor Jesus mandou substituir a vingança pelo perdão (Mt 5.38,39).  [Comentário:  O hebraico ‘góel’ (‘resgatador’) veio a significar parente (Rt 2.20). Este ‘goel’ exercia o direito de ‘vingador de sangue’ (Nm 35.19,21,27 - Dt 19.12). Outra palavra hebraica é empregada para significar a redenção do primogênito (Êx 13.13,15). No N.T. as duas ideias que as palavras redenção e remir do A.T. sugerem, são compra (Gl 3.13 - 4.5, e Ap 5.9), e libertação (Lc 1.68 - 24.21 - Rm 3.24 - Ef 1.7 - Tt 2.14 - 1 Pe 1.18. “Porque eu sei que o meu Redentor (Go’el) vive, e que por fim se levantará sobre a terra”. (Jó 19.25). Em caso de assassínio, a morte deveria sem vingada por um go’el, o vingador de sangue. Este teria por missão matar o causador da referida morte sendo paga “vida por vida”. O vingador do sangue funcionava como um executor sem culpa. Este seria em primeiro lugar o filho do morto, ou se este não existisse, um parente próximo. Em 2 Sm14.11 é descrito um exemplo possível. A Bíblia Vida Nova traz o seguinte comentário: “Era o costume do parente próximo de um injustiçado reivindicar justiça por este: isto era uma garantia de que sempre haveria alguém interessado em trazer o malfeitor à punição. A lei do refúgio era a maneira de Deus preservar este costume contra o Vingador (Go’el) injusto e cruelSHEDD, Dr. Russel P. Bíblia Vida Nova. São Paulo: Edições Vida Nova, 1976, p.189. A ideia fundamental do sistema do go’el é a proteção do pobre ou do desgraçado. Muitas vezes se alude ao Senhor como goel ou remidor de seu povo (Jó 19.25; Salmo 19.14; 49.15; Isaías41.14; Jeremias 50.34). Jesus Cristo é, sobretudo, nosso goel ou parente próximo; ele não se envergonhou de chamar-nos ‘irmãos’, fez-se carne e nos redimiu de todo o mal, da escravidão do pecado, da perda de nossa herança e do aguilhão da morte”. Lemos em Lucas 4.16-21 que Jesus entrou na sinagoga, na cidade de Nazaré, e tomando o livro do profeta Isaías, leu: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor ” (Is 61.1,2).Jesus parou de ler exatamente neste ponto e afirmou: “Hoje se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir”. Ele deixou de ler a última parte do versículo 2. Por quê? Porque hoje é o dia da Graça, é o Ano Aceitável do Senhor, e Ele é o nosso Go’el, o Parente Remidor, o Resgatador. Porém virá o “Dia da Vingança”, quando o mesmo Parente Remidor virá como Parente Vingador para trazer juízo sobre Satanás, juízo sobre a terra]

3. Expiação pela vida. O crime de assassinato podia ser expiado por uma das duas maneiras estabelecidas na legislação mosaica. A primeira, no caso de homicídio doloso, em que uma vida é expiada por outra (Nm 35.31), o assassino deve ser morto, ou seja, era "vida por vida" (Êx 21.23). A segunda diz respeito ao homicídio culposo, a busca de proteção em uma das cidades de refúgio. A expiação, nesse caso, é a morte do sacerdote da cidade (Nm 35.25). [Comentário:  O princípio da lei de Talião era usado para evitar a extrema brutalidade na rigorosa retribuição. No antigo Oriente Próximo, era prática comum tirar a vida de alguém que tinha causado injúria em retaliação por danos incorridos. O acordo mosaico limitava a retaliação. Jesus se deparou com a interpretação feita pelos fariseus para significar que uma pessoa deveria compensar a pessoa que injuriara de modo equivalente aos danos causados. A palavra redenção vem de: Lutron (grego), preço de soltura, resgate, preço de resgate, 3 vezes. Lutroo (grego), resgatar, redimir, libertar pelo pagamento de um preço, 3 vezes. Lurosis (grego), Apolutrosis (grego), redenção, soltura, libertação. Palavras hebraicas: padâh, resgatar, redimir; ga’al, redimir, agir como parente; Go’el, redentor. O significado de redenção é libertar pagando um preço. Libertar da escravidão ou de algum domínio sobre outrem. Para os judeus a figura da redenção é tida na libertação divina da escravidão no Egito como evento mais notável do Velho Testamento. Essa redenção fora feita de duas maneiras: 1) por meio do sangue do cordeiro (Ex 12.1-13); e 2) a libertação do poder do inimigo (Ex 12.26,27; 13.13,14). Para os gentios, o sentido é o de libertar um escravo, cuja liberdade era paga (1Pe1.18). A redenção trata da morte de Cristo e o preço do resgate que Ele pagou para providenciar a salvação. A palavra Agorázō (ἀγοράζω) significa que redenção é um ato de comprar, entrar no mercado e comprar. Isto é verificado pelo fato de Cristo ter entrado no mercado do pecado e então comprou, pagando com o Seu próprio sangue (1 Co 6.20; 7.23; 2 Pe 2.1; Ap 5.9; 14.3,4). No Velho Testamento verifica-se que a redenção é obra do poder de Iahweh (Dt 15.15) ou de Seu amor (Sl 44.27).De acordo com o costume israelita, era possível para alguém ser redentor em causa própria (Lv 25.49).O livro de Rute nos apresenta a figura do Go’el, um parente chegado que tinha o direito de redimir. É mencionada a redenção nacional do povo de Israel (Ex 6.6; 15.13; Sl 78.35; Jr 31.11; 50.33,34); bem como a redenção individual (Ex 13.13-15; Nm 3.41; Jó 19.25);também é mencionada a redenção de propriedade, nome e vida (Lv 25.25-34; Rt 4.4-6;3.4; Mt 22.23-33; Nm 35.12-34; Js 20.1-6).O apóstolo Paulo nos ensina que Cristo se tornou a nossa redenção (1Co 1.30). Diz que redenção mediante o sangue de Cristo é a remissão dos pecados (Ef 1.7; Cl 1.14).De acordo com os próprios ensinos do apóstolo Paulo, Cristo é o agente da redenção (Rm 3.24), realizado por meio da encarnação (Jo 1.12-14) Pr. A. Carlos G. Bentes, Doutor em Teologia. O PARENTE REMIDOR GO’ELO PARENTE VINGADOR. https://pt.scribd.com/doc/109932960/O-Parente-Remidor]




SÍNTESE DO TÓPICO IV


Não havia expiação para homicídio doloso; já para o homicídio culposo, havia as cidades de refúgio.



CONCLUSÃO


O Senhor Jesus vinculou o sexto mandamento à doutrina do amor ao próximo. Devemos manter nossa posição em favor da paz e da fraternização dizendo "não" à violência em suas diversas modalidades, para a glória de Deus. [Comentário: “Não matarás" é ratificado no Novo Testamento pelo Senhor Jesus Cristo e seus apóstolos (Tg 2.11; 1 Jo 3.15). Jesus citou este mandamento juntamente com aqueles que dizem respeito aos deveres do homem para com seu próximo: "Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mt 19.18,19). O apóstolo Paulo elencou esses mandamentos numa ordem e forma levemente modificadas (Rm 13.9).]. A “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.

Francisco Barbosa

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