quarta-feira, 27 de agosto de 2014

LIÇÃO 9: A VERDADEIRA SABEDORIA SE MANIFESTA NA PRÁTICA




SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO

É comum às pessoas desta geração buscarem informações, algumas delas ainda se interessam por conhecimento, mas poucas querem realmente sabedoria. Na aula de hoje atentaremos para a verdadeira sabedoria, como demonstração de temor a Deus, demonstrada em obediência. Mostraremos, a princípio, a partir das orientações de Tiago, o que é a verdadeira sabedoria, em seguida, destacaremos que essa se manifesta na prática, e por fim, que é evidência de uma vida cristã autêntica.

1. A VERDADEIRA SABEDORIA

A fonte da verdadeira sabedoria é o próprio Deus, considerando que os homens, pelas suas investigações, são incapazes de obtê-la. Por isso Tiago pergunta: Quem é sábio e tem entendimento? A concepção de sabedoria em Tiago é bastante parecida com aquela do autor dos Provérbios (Pv. 8.1-21). Para esses a sabedoria é muito mais que mero acúmulo de conhecimento, trata-se de uma compreensão da vontade de Deus, e de uma prática condizente com essa revelação. Os gregos antigos se vangloriavam de sua sophia – sabedoria, por isso faltava-lhes humildade. Como diz Paulo, ao escrever aos Romanos, os intelectuais, dizendo-se sábios, tornaram se loucos e trocaram a glória de Deus imortal por imagens (Rm. 1.22,23). Os sábios segundo o mundo precisam ser mais humildas, reconhecerem que necessitam de Deus, e que não sabem de tudo, admitirem que são ignorantes em relação a muitas coisas, principalmente no que tange às de Deus (Sl. 111.10). A prepotência do neoateismo tem distanciado muitas pessoas de Deus, a falta de humildade e senso de ignorância, conduz o ser humano a pensar que é maior que o Criador. Ser ateu significa fechar-se ao mistério, à possibilidade da revelação divina, a assumir-se dogmático em relação à existência de Deus, a acreditar na eternidade da matéria, mesmo sem ter fundamento científico. Há intelectuais que têm muito conhecimento, graduam-se, fazem seus mestrados e doutorados, por causa disso perdem a singeleza de coração. Isso resulta, no contexto da Epístola de Tiago, em soberba, e dificuldade para manter relacionamentos duradouros e saudáveis (Tg. 3.13,14). A razão dessa condição está na fonte dessa sabedoria, que é da terra, não do céu. A verdadeira sabedoria vem do alto, não é uma empreitada humana, tal como foi a torre de Babel (Gn. 11.9).

2. MANIFESTA-SE NA PRÁTICA

Essa sabedoria humana se caracteriza por: 1) ser terrena (Tg. 3.15), portanto é deste mundo (I Co. 1.20,21), proveniente da mera razão humana; 2) ser animal, ou mais propriamente, física (Tg. 3.15), ou natural ( Co. 2.14); e 3) ser demoníaca (Tg. 3.15), por se respaldar nas mentiras do diabo (Rm. 1.18-25), pois ele é o pai da mentira (Jo. 8.44). A verdadeira sabedoria, a que vem do alto, portanto de Deus, é fruto de oração (Tg. 1.15), é recebida quando alguém a busca, e se predispõe a se apropriar dela, é uma dádiva do Senhor (Tg. 1.17), A manifestação concreta dessa sabedoria é o próprio Cristo, nEle repousa a sophia tou theou – a sabedoria de Deus (I Co. 1.13), os tesouros da sabedoria são encontrados nEle (Cl. 2.3). A maneira de conhecermos essa sabedoria é através da Palavra de Deus, pois são as Escrituras que nos tornam sábios para a salvação (II Tm. 3.15). A sabedoria humana se manifesta: 1) por meio de inveja amargurada (Tg. 3.14,16), busca apenas a autopromoção, rouba a glória de Deus (I Co. 1.23-31); 2) um sentimento faccioso (Tg. 3.14,15), é o partidarismo, na busca pela satisfação dos interesses particulares (Fp. 2.3); 3) fundamentada na mentira (Tg. 3.14), se alimenta da vaidade, e não respeita limites para adquirir fama (I Co. 4.5). Mas a verdadeira sabedoria, que se manifesta na prática, é pura (Tg. 3.17), está livre da ambição e dos sentimentos de vangloria; é pacificadora (Tg. 3.17) não semeia contendas entre os irmãos, estimulando a competitividade (Tg. 4.1,2); é ponderada (Tg. 3.17), não se lança precipitadamente, principalmente para tirar vantagem dos mais fracos. A verdadeira sabedoria também é tratável, se deixa persuadir com facilidade, demonstra abertura para o aprendizado. Há pessoas nas igrejas que, assim como procedeu Nabal, não conseguem maturidade espiritual, pois são intratáveis (I Sm. 25.3,17). A sabedoria do alto também é cheia de misericórdia (Tg. 3.17), não lida com as pessoas demonstrando inclemência, muito pelo contrario, sabem que foram alcançados pela graça de Deus, por isso demonstram amor e compaixão. Essa é uma sabedoria que produz frutos dignos de arrependimento, está fundamentada nas virtudes do Espírito (Gl. 5.22), por isso não mostra parcialidade, principalmente em relação aos mais pobres (Tg. 3.17), e não se revela fingida, com hipocrisia, visando apenas benefícios particulares.

3. DA VIDA CRISTÃ AUTÊNTICA

A vida cristã dever ser marcada pela autenticidade, nela não há lugar para fingimentos, ou palavras frívolas. Os fariseus do tempo de Jesus eram pessoas que se pautavam em uma religiosidade aparente (Mt. 23). Eles foram denunciados por Jesus porque não levavam a sério sua crença em Deus, e mais que isso, se gloriavam das suas exterioridades, em detrimento dos valores interiores. Nestes dias, nos quais as igrejas evangélicas buscam apenas aumentar o número dos seus adeptos, carecemos de uma fé cristã autêntica, diferente do fermento dos fariseus e saduceus, que busca crescimento a qualquer custo (Mt. 6.6,7). A vida cristã autêntica é uma escolha, que se fez apesar de tudo e de todos, uma entrega incondicional, uma disposição a confiar na Palavra de Deus (Rm. 11.8-12). Por esse motivo, os cristãos, em todos os tempos, precisam decidir, se viverão a partir da sabedoria da terra ou do céu. As opções que o mundo oferece são as mais diversas, as obras da carne se apresentam como uma alternativa atraente (Gl. 5.17). Mas não estamos determinados a nos conduzir pela natureza pecaminosa, para isso é preciso investir na vida espiritual, na sabedoria praticada, concretizada na disciplina. O hedonismo tem influenciado muitos cristãos a entregarem-se aos desejos pecaminosos. Há aqueles que não fazem mais a diferença entre o que é certo e o que é errado, estão com as mentes cauterizadas (I Tm. 4.1,2). Um pensador disse, expressando a visão deste mundo, que a melhor maneira de vencer uma tentação é entregar-se a ela. Até mesmo os cristãos estão esquecendo a sabedoria do alto, e se voltando para os prazeres como um fim último. As consequências da falta de sabedoria do alto são desastrosas, de acordo com Tiago, resultam em desordem, e em todo tipo de prática vil. Por outro lado, a sabedoria do alto, traz colheita de justiça. Como bem lembrou Paulo aos Gálatas, e bastante apropriado aos cristãos de hoje, aquilo que o homem plantar, isso também ceifará (Gl. 6.7). Deus não se deixa escarnecer, portanto, sejamos cautelosos em relação às sementes que estamos colocando na terra (Pv. 22.8).

CONCLUSÃO

Há cristãos que desprezam a sabedoria de Deus, o autor de Provérbios nos lembra que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria (Pv. 1.7). Salomão, após ter passado pela juventude, e ao se encontrar em idade avançada, lembrou que o melhor é viver para o Criador. Esse é o dever de todo homem e mulher que deseja agradar ao Senhor, e viver autenticamente para Ele (Ec. 12.13). Essa sábia opção, além de satisfazer a Deus, nos faz bem, pois a vontade do Senhor, em Sua sabedoria, não é para o nosso mal, antes para bem (Rm. 12.1,2).

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa


SUBSÍDIO II



LEITURA BÍBLICA EM CLASSE    Tiago 3.13-18



13 - Quem dentre vós é sábio e inteligente? Mostre, pelo seu bom trato, as suas obras em mansidão de sabedoria.
14 - Mas, se tendes amarga inveja e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade.
15 - Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica.
16 - Porque, onde há inveja e espírito faccioso, aí há perturbação e toda obra perversa.
17 - Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia.
18 - Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz.


OBJETIVOS


Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
  • Conscientizar-se de que a nossa conduta pessoal demonstra se a nossa sabedoria é humilde ou demoníaca;
  • Mostrar que onde prevalecem a inveja e sentimento faccioso, prevalece também o mal, e
  • Analisar as qualidades da verdadeira sabedoria.

PALAVRA CHAVE


Sabedoria do Alto: Nesta lição, este tipo de sabedoria caracteriza-se pela capacidade de conviver de forma íntegra, ética e respeitosa para com todos.


COMENTÁRIO



INTRODUÇÃO

Nessa lição aprenderemos que obter informação, ou conhecimento intelectual, não significa adquirir sabedoria. Algumas pessoas são bem inteligentes, mas ao mesmo tempo inaptas para relacionarem-se com outras pessoas. Hoje estudaremos a sabedoria como a habilidade de exercer uma ética correta com vistas a praticar o que é certo. Veremos a pessoa sábia como alguém que se mostra madura em todas as circunstâncias da vida, pois é no cotidiano que a sabedoria do crente deve se mostrar. [Comentário: Hoje, veremos que se conhecimento intelectual fosse sinônimo de sabedoria, os escribas seriam os mais sábios. Se a sabedoria humana tivesse valor, os escribas e fariseus seriam as pessoas mais elogiadas por Cristo, e sabemos que foi justamente o inverso, escribas e fariseus foram os mais bombardeados pelos duros discursos de Cristo. Nossos dias são dinâmicos e dominados pelo conhecimento. Facilmente encontramos a solução de problemas graves e doenças até pouco tempo atrás consideradas sem curas. Tecnologias que, se bem empregadas, salvam vidas. Não é esse tipo de sabedoria que Tiago combate. Não devemos desprezar, seria loucura! Esse tipo de conhecimento é sadio, faz bem à humanidade e é uma prova da capacidade intelectual que Deus concedeu ao homem. A questão tem início quando o homem tenta usar esse tipo de conhecimento no reino de Deus. Tiago ao falar “Ora, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não censura, e ser-lhe-á dada”, não se referia a esse tipo de sabedoria (grande soma de conhecimento, ou erudição, ou ciência, ou saber). Ele fala de outro tipo de sabedoria, a sabedoria vinda da parte de Deus - “para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê o espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dEle” (Ef 1.17). Em Mateus capítulo 11, Jesus inicia um discurso contra os escribas e os fariseus, e no versículo 19 ele chega ao ápice da mensagem, afirmando que: “Entretanto a sabedoria é justificada pelas suas obras”. Jesus estava condenando a sabedoria diabólica dos fariseus e dos escribas, que sabiam e não faziam; e afirma que o que justifica a sabedoria é a prática de obras. Ou seja, não adianta saber se não faz.] Vamos mergulhar mais fundo?

I. A CONDUTA PESSOAL DEMONSTRA SE A NOSSA SABEDORIA É DIVINA OU DEMONÍACA (Tg 3.13-15)

1. A Sabedoria não se mostra com discurso (v. 13). Segundo as Escrituras, quem é sábio? De acordo com o que nos ensina Tiago, é aquela pessoa que apresenta “bom trato com os outros” e “obras de mansidão”. Note que os conceitos de sabedoria, conforme expostos no texto, apenas podem ser provados pela prática. Quem se julga sábio e inteligente, para fazer jus aos termos, deve demonstrar sabedoria e habilidade na vida diária, tanto para com os de dentro da igreja, quanto para com os de fora. [Comentário: 1 Coríntios 8.1 fala que o saber ensoberbece. Quem busca a sabedoria somente para saber é soberbo. Não pode ser edificado porque nele não está o amor de Deus, e o que edifica é o amor.Nos versículo 2 e 3, Paulo diz que se alguém julga saber alguma coisa, com efeito não aprendeu ainda como convém saber. Mas se alguém ama a Deus esse é conhecido por Ele. O Rev. Hernandes Dias Lopes escreve em sua obra TIAGO Transformando provas em triunfo (Editora Hagnos): “Sabedoria é também olhar para a vida com os olhos de Deus. A pergunta do sábio é; em meus passos, o que faria Jesus? Como ele falaria, como agiria, como reagiria? Cristo não foi um mestre da escola clássica. Ele ensinou os seus discípulos na escola da vida. Ensinar a sabedoria é mais importante do que apenas transmitir conhecimento. Tiago está contrastando dois diferentes tipos de sabedoria: a sabedoria da terra e a sabedoria do céu. Qual sabedoria governa a sua vida? Por qual caminho você está trilhando? Que tipo de vida você está vivendo? Que frutos esse estilo de vida está produzindo? A sua fonte é doce ou salgada (3.12)? Tiago mostra, também, que essa sabedoria se reflete nos relacionamentos (3.13.14). Sábio é aquele que é santo em caráter, profundo em discernimento e útil nos conselhos. Você conhece o sábio e o inteligente pela mansidão da sua sabedoria e pelas suas obras, ou seja, imitando a Jesus, que foi manso e humilde de coração (Mt 11.29). Warren Wiersbe, comparando a sabedoria de Deus com a sabedoria do mundo, faz três contrastes: quanto à sua origem, quanto às suas características e quanto aos resultados.”LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag.. Tiago compara o sábio à fonte de água doce, não misturada com a amarga descrita no versículo 11, e à árvore cuja natureza é tal que produz “bons frutos”, nos versículos 12 e 17. Tiago aconselha aos mestres cristãos — ou pretendentes a mestres — na Igreja e mais amplamente a todos que se chamam cristãos. “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e a ciência do Santo, a prudência” (Pv 9.10) - este é o significado que Tiago emprega aqui. Suas obras seriam os resultados específicos ou ações que brotam da sua vida reta. Todas essas ações devem ser realizadas em mansidão de sabedoria, ou seja, com a humildade que é decorrente de ser semelhante a Cristo.

2. Inveja e facção (v. 14). Se para ocupar a posição de mestre a pessoa for motivada pela inveja, ou por um sentimento faccioso, de nada valerá o ensino por ela ministrado. O que Tiago apresenta na passagem em estudo não diz respeito ao conteúdo ministrado pelo mestre, mas à postura soberba e arrogante adotada por ele ao ministrá-lo. As informações podem até ser corretas e ortodoxas, mas a postura adotada pelo mestre lançará por terra, ou não, o discurso por ele proferido. O mestre, por vocação, compreende a sua posição de servo. Ele gosta de estar com as pessoas. Assim, naturalmente, ele ensinará o aluno com eficiência, mas principalmente, com o seu exemplo e respeito (Mt 23.1-39). [Comentário: Sentir amarga inveja é o resultado de um zelo mal orientado que traz a agressividade. É sentir raiva pelas realizações de outras pessoas. Sempre que nós encontrarmos algum defeito em um líder, devemos nos perguntar o que está nos motivando a este sentimento tão forte a respeito do defeito desta pessoa. Será que nós não compartilhamos esta mesma fraqueza? Nós nos imaginamos melhores naquela função? Ou, na verdade, estamos simplesmente com inveja das capacidades ou do talento que Deus lhe permitiu ter? Uma resposta afirmativa a qualquer destas perguntas deve nos fazer tomar muito cuidado na maneira como expressamos as nossas críticas. O Versículo 14, como em Filipenses 2.3, o egoísmo refere-se aos líderes da igreja que estão desenvolvendo um “espírito partidário”. Isto produz facções que são favoráveis ou contrárias ao pastor ou a determinados programas, que apoiam ou não questões não necessariamente essenciais à fé cristã. O egoísmo é o desejo de viver para si mesmo e para nada ou ninguém mais, somente para aquilo que se pode aproveitar. Em um esforço para persuadir a outros, esta pessoa pode perder a razão e se tornar fanática. Tendo confiança somente no seu conhecimento, ela comporta-se de maneira arrogante e com superioridade em relação aos outros. Pessoas assim não devem se gabar como se fossem sábias, pois este é o pior tipo de mentira. O Comentário Bíblico Beacon (CPAD) comenta o versículo 14 assim: “Aqueles que têm amarga inveja e sentimento faccioso no coração (v. 14) não são humildes. Essa falha indica que eles não têm a sabedoria de Deus da qual brota a mansidão. Essa “inveja amarga e ambição egoísta” (NVI) está em vosso coração — o âmago da pessoa, de onde se originam as ações (cf. Mt 15.19). Tiago diz: Se você encontrar esse tipo de espírito, “não se glorie disso e dessa forma esteja em rebeldia e contrário à Verdade” (NT AmpL). O apóstolo pode estar usando a verdade no seu sentido costumeiro. No entanto, em vista do significado específico que ele dá a esse termo em 1.18 e 5.19, ele pode ser entendido como sendo sinônimo da palavra evangelho. Assim “as pessoas são advertidas contra expressões e ações que contradizem ‘a fé do nosso Senhor Jesus Cristo’” (2.1). A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 179.].

3. Sabedoria do alto e sabedoria diabólica (v. 1 5). A fonte da verdadeira sabedoria é o temor ao Senhor (SI 51.6; 111.10; Pv 9.10). Mediante a nossa reverência e confiança depositada no Altíssimo, o próprio Deus concede- -nos sabedoria para vivermos. Mas não podemos nos esquecer da falsa sabedoria. Esta, afirma- -nos Tiago, é “terrena”, “animal” e “diabólica”, pois não edifica, mas destrói; não une, mas divide; não é humilde, mas soberba. É na arena da prática que a nossa conduta pessoal demonstrará o tipo de sabedoria que obtemos - se do alto ou se terrena. Deus nos guarde da falsa e diabólica sabedoria! [Comentário: “animal”, psuchikos; Strong 5591: Pertencente ao natural ou físico, não-espiritual. É viver no domínio dos cinco sentidos, preocupado apenas com sua vida. É estar de acordo com luxúrias, desejos ilícitos e práticas impuras que abrem uma pessoa ao que é diabólico. Gl 5.16 adverte, “Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne”. A origem e os padrões deste tipo de sabedoria são do mundo, e não de Deus. Os seus professores são egocêntricos e superficiais. Esta sabedoria não vem com a fé - ela é terrena e animal. “Animal” pode se referir ao homem natural. A palavra para “animal” é usada no Novo Testamento a respeito da pessoa que não tem o Espírito de Deus (3.15), ou que não aceita a orientação que vem do Espírito de Deus (1Co 2.14). Este tipo de pessoa ensina somente a sabedoria desta vida, baseada unicamente nos sentimentos humanos e no raciocínio humano. A verdadeira origem destes pensamentos é o diabo, cujos objetivos são sempre destrutivos e podem produzir na igreja, no lar e no trabalho uma atmosfera que prejudica os relacionamentos. Pense na rapidez com que as palavras, a linguagem e o tom de voz podem criar uma atmosfera destrutiva. O Comentário Bíblico Beacon (CPAD) comenta: “Essa [...] sabedoria (v. 15) — o espírito errado que Tiago descreve no versículo 14 — não vem do alto. Inveja e ambição egoísta não são os frutos de uma vida cheia de Deus. Há uma progressão decrescente na descrição do apóstolo acerca da origem dessas atitudes. Essa sabedoria é terrena em contraste com a celestial. Ela reflete uma preocupação com os valores passageiros em vez da preocupação com as coisas de Deus (cf. Jo 8.23; Fp 3.19). Esse espírito é animal. A King James Version traz “sensual” e a ASV traz “natural” na margem. “O grego é psychikos, que descreve o homem como ele é em Adão (i.e., ‘natural’) em contraste com pneumatikos (‘espiritual’)”. O termo é, às vezes, entendido como quase equivalente a “carnal” ou “mundano”. Tiago alcança o grau máximo na descrição das atitudes más de egoísmo e discórdia quando as chama de diabólica[s] (daimoniodes), i.e., procedendo de Satanás e assemelhando-se ao espírito de demônios. A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 179. Esta sabedoria não vem com a fé - ela é terrena e animal. “Animal” pode se referir ao homem natural. A palavra para “animal” é usada no Novo Testamento a respeito da pessoa que não tem o Espírito de Deus (3.15), ou que não aceita a orientação que vem do Espírito de Deus (I Co 2.14).].


SINOPSE DO TÓPICO (1)

A sabedoria do alto, divina, é evidenciada por nossas ações.


II. ONDE PREVALECEM A INVEJA E SENTIMENTO FACCIOSO, PREVALECE TAMBÉM O MAL (Tg 3.16)

1. A maldade do coração humano. "Quem quiser ser realmente o maior deve tornar-se o menor de todos, e aquele que desejar o lugar de governo tem de se apresentar como servo". É o que ensina o Senhor Jesus nos Evangelhos (Mt 20.25-28; Mc 10.42-45; Lc 22.24-27). Apesar de a vaidade e a ambição serem sentimentos que despertam desejos latentes no ser humano (Pv 17.20), os discípulos de Cristo não podem permitir que tais desejos os dominem. [Comentário: Coração. Nas páginas da Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamentos, é o vocábulo mais completo para indicar todas as faculdades humanas, como os sentimentos (ver Rm 9.2), a vontade (ver 1Co 4.5) e o intelecto (ver Rm 10.6). e assim apontado o homem interior, o homem essencial, aquela porção da personalidade humana que possui os meios naturais através dos quais todo o homem deveria elevar seu conhecimento de Deus a níveis mais altos, em gratidão. Todavia, é justamente o coração que se toma obscurecido. Albert Einstein disse um dia: - "É mais fácil modificar a composição do plutônio do que o espírito mau do homem; não é o poder explosivo de uma bomba de grande potência que nos assusta, mas o poder malévolo do coração humano..." "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas..."  e, no dizer de Isaías (1.5-6), "toda a cabeça (sede dos pensamentos) está enferma e todo o coração (sede dos sentimentos) está fraco, doente, sem coisa alguma sadia". Contudo, o Evangelho diz que é do coração que saem as fontes para a  vida, isto é, as forças explosivas para o amor! A verdadeira grandeza é medida em termos de serviço e Jesus próprio promoveu o padrão mais alto de serviço com a sua morte expiatória.]

2. A inveja e a facção instauram a desordem. Jesus de Nazaré sabia desde antemão que a vaidade dominaria o coração de muitos dos seus seguidores. Por isso Ele ensinava tal realidade nos Evangelhos. A Epístola de Tiago relata exatamente os problemas anteriormente abordados por Jesus. Nos dias do meio-irmão do Senhor, a "inveja" e o "espírito faccioso" assolavam as igrejas locais (Tg 3.16). Atualmente, muitos são os problemas dessa natureza em nossas igrejas. Injustiças e perseguições ocorrem em nossas comunidades até mesmo em nome de Deus, quando sabemos que o Senhor nada tem com  tais atitudes (Jr 23.30-40). [Comentário: O Rev Hernandes Dias Lopes, em sua obra citada anteriormente, nos informa: Contraste sobre as características da sabedoria (Tg 3.13,14,17). Desde que as duas sabedorias procedem de origens radicalmente opostas, elas também operam em caminhos diferentes. Qual é a evidência da falsa sabedoria? Em primeiro lugar, ela se manifesta por meio de uma inveja amargurada (3.14,16). Essa ambição está ligada à cobiça de posição e status. Tiago alertou para o perigo de se cobiçar ofícios espirituais na igreja (3.1). A sabedoria do mundo diz: promova a você mesmo. Você é melhor do que os outros. Os discípulos de Cristo discutiam quem era o maior dentre eles. Os fariseus usavam suas atividades religiosas para se promoverem diante dos homens (Mt 6.1-18). A sabedoria do mundo exalta o homem e rouba a Deus da sua glória (I Co 1.27-31). O invejoso, em vez de alegrar-se com o triunfo do outro, alegra-se com seu fracasso. Ele não apenas deseja ter como o outro, mas tem tristeza porque não tem o que é do outro. O invejoso é alguém que tem uma super preocupação com sua posição, dignidade e direitos. Em segundo lugar, a falsa sabedoria manifesta-se através de um sentimento faccioso (3.14b,26b). Há grandes feridas nos relacionamentos dentro das famílias e das igrejas. A palavra que Tiago usa, erithia, significa espírito de partidarismo. Subentende a inclinação por usar meios indignos e divisórios para promover os próprios interesses. Era a palavra usada por um político à cata de votos. As pessoas estão a seu favor ou então contra você. Paulo alertou em Filipenses 2.3 sobre o perigo de estarmos envolvidos na obra de Deus com motivações erradas: vanglória e partidarismo. Norman Champlin faz o seguinte comentário: As rivalidades entre os mestres logo criam rivalidades na igreja. Os homens esforçam-se por ser, cada qual, o líder mais poderoso; e aqueles que os apoiam adicionam combustível ao fogo, até que tudo é consumido pelas chamas devoradoras da carnalidade. Todos são “zelotes”, mas não em favor de Cristo; são todos ambiciosos, mas somente em proveito próprio; todos estão consumidos de ardor, mas não do fogo celestial, e, sim, do fogo do inferno. As dissensões eclesiásticas sempre foram caracterizadas por situações assim, e quanto mais homens carnais são exaltados e transformados em heróis, ou se apresentam a outros como tais, maior é o desastre. Em terceiro lugar, a falsa sabedoria está misturada com a mentira (3.14c). A inveja produz sentimento faccioso. Este promove a vaidade, e a vaidade se alimenta da mentira (ICo 4.5).LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag.75-76.]

3. Obras perversas. Como é do conhecimento de cada salvo em Cristo, onde há "inveja" e "espírito faccioso", o mal impera.  Em um ambiente onde a perversidade e a malignidade estão presentes, muitas pessoas "adoecem" e até "morrem" espiritualmente (1 Jo 3.15). Maldades contra o irmão, mentiras contra o próximo, mexericos e falatórios, enfim, são atitudes que as pessoas que passam a frequentar uma igreja local, naturalmente, esperam não encontrar. Tais problemas listados acima podem facilmente ser evitados (Rm 2.17-24). Depende apenas de cada um olhar para Jesus, depois para si mesmo e iniciar um processo de correção de suas imperfeições e más tendências. Agindo assim, o Senhor certamente dispensará sabedoria para o nosso bem viver (Tg 1.5-8). [Comentário: Paulo declara que “Deus não é Deus de confusão” (1 Co 14.33) e Tiago confirma essa verdade ao destacar que onde as forças satânicas estão agindo, aí há perturbação (v. 16). Inveja e espírito faccioso confundem o homem que os abriga, até que não consegue mais pensar claramente, nem agir com inteligência. Esses dois males também corrompem e confundem todos os relacionamentos, as atitudes e ações dos homens. Phillips traduz esse versículo da seguinte maneira: “Porque onde você encontrar inveja e rivalidade, também encontrará desarmonia e todo tipo de mal”. Russell Norman Champlin, comenta em sua obra O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo (Editora Candeias), o seguinte: “3.16b...cousas ruins...» No grego, o adjetivo é «phaulos», que significa vil, depravado, indigno, ruim. O autor sagrado não enumera as coisas que ele tinha em mente, porque, provavelmente, deixa isso em aberto, para ser preenchido pela imaginação dos seus leitores. Podemos pensar em imoralidades, desonestidade, furtos dos fundos da igreja, desrespeito à autoridade, filhos desobedientes. O que tiver de entortar, será entortado, porquanto a base espiritual da igreja já foi destruída. Em suma cada uma das obras da carne (ver Gl. 5:19-21) será praticada. O estado da igreja local inteira tornar-se-á vil, contrário totalmente às exigências morais do evangelho”. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 60.]


SINOPSE DO TÓPICO (2)

Onde a sabedoria terrena e diabólica impera, há inveja, espírito faccioso, perturbação e toda obra maligna.


III. AS QUALIDADES DA VERDADEIRA SABEDORIA (Tg 3.17,18)

1. Características da verdadeira sabedoria. O objetivo de Tiago em classificar as diferenças entre a sabedoria que vem do alto, e da terrena e demoníaca, é mostrar que ambas podem facilmente ser identificadas através da prática cotidiana. A primeira qualidade da "sabedoria que vem do alto", ressaltada pelo líder de Jerusalém, é a pureza. O termo é um adjetivo grego, hagnós, que se refere àquilo que é "sagrado", "casto" e "sem mancha". A sabedoria que vem do alto é pura, não no sentido humano da palavra, mas algo que vem exclusivamente de Deus para nós. [Comentário: Tiago descreve a sabedoria prática e moral, e não o conhecimento teórico. Contrastando de modo completo com a “sabedoria” demoníaca, temos a sabedoria que vem do alto. Para salientá-la, Tiago relaciona um catálogo de virtudes que podem ser comparadas, tanto em forma quanto em conteúdo, com o catálogo de Paulo quanto ao amor e ao Espírito (1 Coríntios 13; Gálatas 5.22ss). Esta sabedoria é primeiramente pura, o que significa que a pessoa está sincera e totalmente comprometida de seguir com fidelidade as diretrizes morais de Deus; não existem motivos pérfidos ou injustos por trás de sua santidade. Russell Norman Champlin, em obra já citada anteriormente, afirma: “...sabedoria... ..lá do alto...» No grego é *anothen», que significa ·do alto», isto é, do «mundo celestial·, em contraste com a sabedoria demoníaca e sensual dos mestres pervertidos (ver o décimo quinto versículo). Temos aqui a alusão à sabedoria divina, pois o ·alto· é o lugar da habitação de Deus. É possível que essa expressão, além disso, seja um eufemismo para Deus, porquanto os judeus relutavam em usar o nome divino, substituindo-o por algum outro titulo, como reino dos céus, ao invés de ·reino de Deus·. A sabedoria celestial é inspirada por Deus, e é sua propriedade particular. Os homens a recebem mediante a iluminação do Espírito Santo. (Ver Ef 1.17,18). ...pura... isto é, ·não-contaminada», sem qualquer defeito moral, sem motivos ulteriores: livre do «espírito faccioso»; livre da ambição humana e da autoglorificação. Não é algo meio bom. meio mau; porquanto isso não poderia mesmo descrever a verdadeira sabedoria. Trata-se de uma expressão pura, do íntimo; não tem falhas ocultas. Essa é sua qualidade primária; e dessa qualidade se originam todas as outras, conforme se vê na lista abaixo. Tal sabedoria é isenta das corrupções humanas, que fazem parte integrante da sabedoria mundana; não conduz qualquer facção e nem exaltação de um homem sobre outro: não contempla maldade moral, mas seu intuito constante é a prática do bem. É inocente de quaisquer motivo dúbio, e seu intuito é glorificar unicamente a Deus. O trecho de Sabedoria 7.25 atribui a sabedoria a uma emanação pura da parte de Deus que retém a sua glória e pureza, e assim não pode ser atingida por nenhuma contaminação.” CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 60-61.]

2. Mais sete características. Após assegurar a primeira característica da sabedoria que procede de Deus, a pureza, Tiago elenca outras sete: paciência, moderação, conciliação, misericórdia, bons frutos, imparcialidade e verdade. Note que, de alguma forma, todas têm relação com o auto-domínio, ou com o "domínio próprio" (Gl 5.22,23 - ARA). O Evangelho adverte-nos a ser mais humanos e parecidos com Jesus, ou seja, não autoritários, inflexíveis, coléricos, sem misericórdia, parciais com as pessoas e muito menos mentirosos. Isso porque tais más qualidades são provenientes da sabedoria demoníaca, animal e terrena (Gl 5.19-21). O Senhor nos chamou para o bem (Ef 2.10). Procuremos fazer o bem com amor e verdade (Gl 6.9). [Comentário: Novamente cito Russel Noman Champlin: “Tg 3.17ª ·...pacifica...· A sabedoria não é ·contenciosa·, nem «facciosa» e nem *beligerante·. Não busca seus próprios interesses, às expensas de outrem, conforme faz a carnal sabedoria humana. Pelo contrário, confere a paz; alimenta-se da harmonia. O trecho de Pro. 3:17, diz acerca da sabedoria: Os seus caminhos são caminhos deliciosos e todas as suas veredas de paz. Bem-aventurados são os pacificadores, porquanto serão chamados filhos de Deus. conforme se aprende em Mat. 5:9. (Quanto a notas expositivas detalhadas sobre a ·paz», com poemas ilustrativos, ver João 14:27 e 16:33).
·...indulgente... No grego temos o termo ·piekes·. isto é. Razoável cheio de consideração», ·moderado», ·gentil», qualidades essas que os homens facciosos e por demais ambiciosos não possuem. Antes, a sabedoria do homem espiritual é tratável, moderada, sem temperamento radical.
·...tratável...· No grego é «eupeithes», isto é. ·facilmente persuadido·, o contrário de ·obstinado», que normalmente é o caráter dos homens por demais ambiciosos, que se tornam ditadores na igreja. Essa sabedoria é «aberta à razão·. Pode ver o ponto de vista alheio, mudando suas próprias opiniões.
·...plena de misericórdia... Os homens por demais ambiciosos tendem para a crueldade e para o mau temperamento. A verdadeira sabedoria produz profundo sentimento de misericórdia no homem interior. Notemos que o homem verdadeiramente sábio será pleno de misericórdia, tal como Deus. Através de sua misericórdia nos é permitido continuar em nosso caminho, na direção de Deus e da verdade, apesar de nossas muitas quedas e erros. O homem sábio segundo 0 mundo, entretanto, não demonstra misericórdia para com ninguém, e procura fazer nome para si mesmo, de modo brutal. Tal homem considera as pessoas meramente como objetos a serem usados para sua própria satisfação e exaltação. Não tem espírito de amor e nem senso altruísta genuíno; é alguém completamente egocêntrico, e acredita que deveria ser o centro da vida de outras pessoas, igualmente. Fez de si mesmo um deus, e destronizou Deus, até onde diz respeito à sua própria pessoa. Tornou-se em um ateu prático, a despeito das crenças que porventura professe. O indivíduo dotado de sabedoria falsa, outrossim, tem a boca cheia de maldição c amargura; mas o homem verdadeiramente sábio é cheio de misericórdia. Este último aplica o principio do amor cristão em sua vida diária. (Ver Tia. 1:27 e 2:13 quanto à simpatia do homem bom por aqueles que padecem necessidade, com o resultado que está sempre pronto a dar do que tem. Já o homem falsamente sábio nada dá; antes, recolhe tudo quanto pode obter).
Misericórdia: Consideremos os pontos seguintes, a respeito dessa qualidade cristã: I. Deus é o exemplo supremo de misericórdia (ver Luc. 6:36). 2. A misericórdia nos 6 ordenada nas Escrituras (ver Rom. 12:30 e Col. 2:12). 3. Deve essa qualidade ser gravada no coração (ver Pro. 3:3). 4. Deve ser uma das características dos crentes (ver Pro. 37:26 e Isa. 57:1). 5. Deve ser demonstrada com ânimo alegre (ver Rom. 12:8). quanto aos irmãos na fé (ver Zac. 7:9), para com os que sofrem aflições (Luc. 10:37) e até mesmo quanto aos animais (ver Pro. 12:10). 6. £ beneficente para com aqueles que a exibem (ver Pro. 11:17). 7. Quem usa de misericórdia é bem-aventurado (ver Mat. 5:7; Pro. 14:21).
 ...de bons frutos... A sabedoria tem o caráter da misericórdia, cultivando o fruto do Espírito (ver Gál. 5:22.23); e assim sua vida é repleta de piedade, sendo transformada para receber a imagem moral de Cristo, que é o supremo possuidor dessas qualidades. Neste caso. os ·bons frutos· indicam as ·boas obras·. (Comparar com Mat. 21:45: Gál. 5:22; Efé. 5:8 e Fil. 1:11). Uma vez mais Tiago enfatiza a questão das ·boas obras·. (Ver as notas expositivas sobre isso, cm Tia. 2:14). Os feitos de bondade e de misericórdia (tal como se vê cm Tg. 1:27), mui provavelmente estão praticamente em foco.
·...imparcial...· Este adjetivo, no grego, é ·adiákritos», literalmente, «não-dividido em julgamento», sem variação, de todo o coração. Provavelmente isso alude à situação dos versículos nono e décimo deste capítulo, onde vemos os homens sem sabedoria a abençoarem a Deus e a amaldiçoarem aos homens. Essa palavra também pode subentender que o homem verdadeiramente sábio é livre de ·incertezas· espirituais; e, nesse caso, a questão da ·mente dúplice· está em foco, tal como cm Tia. 1:6-8. O homem verdadeiramente sábio já se desfez, da mente dúplice, entre as coisas terrenas e as celestiais; vive exclusivamente para a dimensão eterna; também pode julgar com imparcialidade, tratando dos homens com justiça e com honestidade. ·
...sem fingimento...· O homem verdadeiramente sábio não precisa ser «insincero·, e nem hipócrita, porquanto nada tem a ocultar, e não busca suas próprias vantagens. O vocábulo aqui usado é, especificamente, ·sem hipocrisia·. Tal homem não precisa viver como um ator, desempenhando um papel falso (que é o sentido original do vocábulo). Antes, vive na sinceridade. (Ver Rom. 12:9; II Cor. 6:16 quanto a outros versículos de natureza similar). A sabedoria não opera por detrás de uma máscara, supostamente para o bem de outros, mas na realidade, visando apenas os seus próprios interesses, conforme fazem certos mestres e lideres exageradamente ambiciosos nas igrejas. ·Verdadeiramente, essa sabedoria 'não pode ser obtida em troca de ouro, e nem a prata será pesada como seu preço'. Feliz é o homem que a encontra'. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 60.]

3. O fruto da justiça (v.18). "Bem-aventurado quem tem fome e sede de justiça" (Mt 5.6). Já imaginou essa verdade compreendida e assumida por cada crente onde quer que este esteja? Já imaginou o tipo de mundo que teríamos se compreendêssemos as implicações reais dos termos "fome" e "sede de justiça"? Tiago diz que o fruto da justiça na vida do crente deve ser semeado na paz de Deus. Ele, porém, acrescenta que essa realidade é para os que, sabiamente, "exercitam a paz". Em outras palavras, é preciso trabalhar pela paz. Seja sábio, semeie, portanto, o fruto da justiça e tenha paz! [Comentário: No versículo 18, o autor promete uma bênção final àqueles que servem a Deus e à sua causa sem egoísmo e sentimento faccioso. Os pacificadores que semeiam em paz colherão a justiça - este é o mesmo pensamento encontrado em Mt 5.6. Justiça é o fruto da semente que semeia-se na paz. O espírito do nosso testemunho cristão é quase tão importante para o progresso do Reino quanto a verdade que proclamamos. O autor aqui ecoa o ensinamento do nosso Senhor quando Ele disse: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mt 5.9). Nenhum de nós sabe na prática o que significa ter fome e sede, visto que, talvez, nunca tenhamos sentido fome e sede de verdade, o máximo que já sentimos foi “apetite”. O que Jesus estava ensinando sobre a fome e a sede era algo real e bem claro para os seus ouvintes. Eles sabiam o que Jesus queria dizer com isso. Segundo os estudiosos bíblicos, o significado dos termos “fome e sede” sugere uma necessidade extrema, desesperadora e muito dolorida. A fome e a sede doem. Uma pessoa sedenta, em um deserto, sente os seus músculos repuxarem, sente o seu estômago queimar, perde o senso do perigo diante de uma possibilidade de saciar a sua necessidade premente. É exatamente desse tipo de necessidade extrema que Jesus está falando, só que direcionada à justiça. Sobre essa busca incansável pela justiça, Martyn Lloyd-Jones afirmou: “A menos que tenhamos fome e sede de justiça, jamais haveremos de obtê-la, nunca haveremos de experimentar aquela plenitude que nos foi prometida”. Jesus está ensinando que devemos envidar todos os nossos esforços em busca de uma vida reta, íntegra, justa. Ele mostra que da mesma forma que um faminto faz qualquer coisa para ter a sua fome saciada, assim também o cidadão do reino de Deus deveria fazer em relação à justiça. John MacArthur afirmou: “O versículo para estudo fala de um desejo muito forte, uma intensa busca, uma força apaixonada que existe dentro de nós, uma ambição”. Devemos almejar a justiça mais do que as próprias necessidades físicas que temos. Sobre essa fome e sede Martyn Lloyd-Jones escreveu: “Ter essa fome e sede de justiça, entretanto, também significa que temos profunda consciência de que precisamos ser libertados, de que precisamos do Salvador, de que percebemos a nossa desesperadora situação e de que temos consciência de que a menos que nos sejam providos um Salvador e a salvação, na verdade estaremos inteiramente destituídos de esperança”. Buscar a justiça não é apenas ingressar em alguma “ONG” em defesa dos direitos dos mais fracos, dos oprimidos, do consumidor injustiçado ou outra coisa qualquer, mas, antes de tudo, olhar para dentro de nós mesmos e perceber que aos olhos de Deus somos totalmente reprováveis, sem a mínima condição de se autoaprovar. O nosso melhor diante de Deus não passa de lixo. Jesus está falando não de uma justiça externa, de uma forma de comportamento, ele está falando a respeito de uma transformação interior, do reconhecimento do nosso pecado e da nossa miséria e da busca da justiça de Cristo. O verdadeiro cidadão do céu é justificado pela justiça que Cristo conquistou na cruz. Jesus está afirmando que as nossas ações, boas obras, caridades, por melhores que sejam, por mais bem intencionadas, não conseguem nos justificar diante do Senhor. Somente aquele que reconhece a sua total necessidade e clama pela justiça divina, consegue saciar a fome e a sede da sua alma. Ninguém consegue viver sem água e comida, ninguém consegue viver espiritualmente sem a justiça de Cristo. John MacArthur escreveu: “Mas todos os horrores imagináveis da fome perdem a importância quando comparados ao horror da fome espiritual não satisfeita e da sede espiritual não saciada”. Almeje e busque com todo o ardor saciar essa fome e sede em Deus, pois ele continua convidando: “Vinde a mim e eu vos aliviarei”. Carlos Henrique, Felizes os famintos e sedentos por justiça. http://www.mackenzie.br/justica.html]


SINOPSE DO TÓPICO (3)

A sabedoria que vem do alto é pura, moderada, misericordiosa, imparcial e repleta de bons frutos e obras de justiça.


CONCLUSÃO

A nossa conduta pessoal demonstrará se temos a "sabedoria do alto", que é pura, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia, de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia; ou se somos portadores da terrena, animal e diabólica, que produz inveja, espírito faccioso, perturbação e obras perversas. Qual o tipo de sabedoria está presente em sua vida? Fomos chamados a não tomar a forma deste presente século, mas para isso precisamos da sabedoria do alto. Só assim produziremos frutos que se coadunam com a sabedoria que vem do alto. Busque a verdadeira sabedoria no Senhor com fé e você será um testemunho vivo do poder de Deus! [Comentário: “Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom procedimento as suas obras em mansidão de sabedoria.” Os gregos buscavam a sabedoria terrena, Paulo buscava a espiritual, que é conhecer a Cristo. Paulo escreve aos Colossenses (Cl 2.20-23) que a sabedoria humana é baseada no estabelecimento de leis, mas, que esse tipo de conhecimento, tem uma aparência de sabedoria e humildade fingida, mas que não tem poder sobre os desejos da carne. E nem pode Ter. Porque o que anula o poder da carne é conhecer a Cristo. É apaixonar-se por Ele. É desejar a santidade porque Cristo assim o quer. É amar o que Ele ama, é sonhar os sonhos dEle. E isso, a sabedoria humana e o conhecimento de algumas coisas sobre o Senhor não pode lhe proporcionar. Só o conhecimento pelo relacionamento. Ser sábio biblicamente não significa necessariamente ser culto e ser capaz de armazenar muitos conhecimentos. Por isso, quando precisa de conselho, não vai necessariamente à pessoa mais culta que você conhece. Poderá encontrar apenas uma ignorância aparentemente sofisticada. A pessoa mais culta nem sempre é a mais sábia. A sabedoria de Deus é andar e não falar.]
“NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em Cristo!

Francisco Barbosa