sexta-feira, 27 de julho de 2018

LIÇÃO 5: SANTIDADE AO SENHOR



SUBSÍDIO I

SANTIDADE AO SENHOR

Introdução

Em Levítico, somos desafiados por uma doutrina imprescindível à nossa segurança espiritual: a santificação. Do primeiro ao último capítulo do livro, a preocupação do autor sagrado, inspirado pelo Espírito Santo, é guindar os israelitas (e a nós também) a uma posição alta e privilegiada diante de Deus.
Antes de tudo, observamos que foi necessário separar Israel dos outros povos, para que este se erguesse como testemunha da verdadeira fé. Vencida essa etapa, era urgente separar Israel para o serviço de Jeová, que continua a requerer de seus servos (entre os quais, nós) uma perfeição que, ainda hoje, parece inatingível: “Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito” (Gn 17.1, ARA).
Por que Deus nos demanda tal perfeição, se até mesmo, em seus anjos, acha Ele imperfeições e falhas? (Jó 4.18). Todavia, o padrão divino não pode ser rebaixado à condição humana; seu propósito é promover-nos às regiões celestiais.
Apesar de vivermos numa dispensação agraciada e plena, não devemos supor que a santificação foi uma reivindicação apresentada somente a Israel. O apóstolo Pedro repete-a à sua congregação (1 Pe 1.16). O que nos resta a fazer? Aprendamos com os sacerdotes do Senhor o valor, a beleza e a força da doutrina bíblica da santificação.

I - A Maravilhosa Doutrina da Santidade

1. A doutrina da santificação. Inserida no departamento soteriológico da Teologia Sistema, a doutrina da santificação pode ser definida como o ensino, cujo principal objetivo é levar o crente a separar-se do mundo, para consagrar-se inteiramente a Deus.
O substantivo feminino “santificação” provém do verbo latino eclesiástico sanctificare que, numa primeira instância, significa “fazer santo”. Já na instância seguinte, pode significar também separar algo ou alguém para o uso sagrado.
Se formos ao grego do Novo Testamento, constaremos que a palavra “santificação” provém do substantivo hagiasmos, que, por sua vez, procede do verbo hagiazo. De acordo com o Léxico de Thayer, o verbo hagiazo significa “reconhecer como venerável; honrar; separar algo das coisas profanas para dedicá-lo a Deus; consagrar; purificar tanto externa quanto cerimonialmente”.
Tanto no grego, como no latim, o significado e a demanda da santificação não mudam. Se nesta língua somos chamados a separar-nos do mundo, naquela somos intimados a consagrar-nos inteiramente a Deus e ao seu serviço.
Na língua hebraica, há também uma palavra específica para santificação. O vocábulokadosh remete-nos ao mesmo sentido de santidade, separação e pureza, que encontramos no latim e no grego.

2. O que é a santificação. Já que definimos a doutrina da santificação, resta-nos, agora, descrever esse processo que, em nós, começa a ser operado desde o dia em que recebemos Jesus Cristo como nosso Salvador.
Em primeiro lugar, entendamos que a nossa santificação é da inteira vontade de Deus. Ouçamos atentamente o que Paulo recomenda aos irmãos de Tessalônica: “Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição” (1 Ts 4.3, ARA). Se é da vontade de Deus que nos santifiquemos, não podemos contrariá-la. Doutra forma, jamais poderemos adentrar a Jerusalém Celeste; ali estão vedados os que se dão à prática do pecado. Eis a advertência que nos faz o autor sagrado: 
Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte. (Ap 21.8 , ARA)
Em segundo lugar, há uma verdade ainda ignorada por muitos crentes: a doutrina da santificação deve ser pregada exclusivamente aos santos. Quanto aos que ainda não conhecem a Deus, que lhes seja proclamada a mensagem de arrependimento. O apóstolo Paulo, ainda escrevendo aos tessalonicenses, é bastante categórico ao exortá-los a uma vida de maior santidade perante Deus: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5.23, ARA).
Em terceiro lugar, não podemos confundir santidade com santificação. No exato instante em que aceitamos Jesus, somos imediatamente elevados à posição de santos; sendo já santos, estamos entre os demais santos. Isso não significa, porém, que o processo de nossa santificação haja se completado ali. Posto que a santificação é um processo, e não um ato, tem início ali, ao pé da cruz, uma ação longa e continuada que, levada a efeito pela Palavra de Deus, conduzir-nos-á à estatura de varões perfeitos, segundo o modelo que há Jesus Cristo.
Com dito, a santidade deve ser vista como um posicionamento e não como um processo devidamente encerrado. Que agora somos santos, não há dúvida. Todavia, isso não significa que já estejamos plenamente santificados. Seremos constrangidos, durante a nossa peregrinação à Cidade Celeste, a buscar os meios da graça, a fim de alcançarmos a perfeição: oração, leitura da Bíblia, jejuns, frequência aos cultos e disciplina espiritual. Enquanto estivermos neste mundo, soar-nos-á aos ouvidos a exortação apostólica: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o SENHOR” (Hb 12.14).
Em quarto lugar, a santificação é, de fato, uma obra específica do Espírito Santo. Atentemos a esta recomendação de Paulo ainda aos irmãos de Tessalônica: “Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo SENHOR, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade” (2 Ts 2.13, ARA). Ora, a função do Espírito é santificar a Igreja de Cristo. Daí a razão de seu nome; seu ministério compreende a nossa inteira santificação.
Cabe-nos, entretanto, dar-lhe total guarida, para que Ele opere com toda a liberdade em nosso ser. Doutra forma, jamais seremos admitidos entre os santos de Deus. Atentemos, também, a esta palavra de Pedro aos irmãos que se achavam dispersos: “Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas” (1 Pe 1.2). Que nos abramos à santificação que, em nós, quer operar o Espírito de Deus. Ele não pode ser entristecido por nossas atitudes mundanas, cruéis, incrédulas e apostatas.             

II- O Texto Áureo de Levítico

Neste tópico, focalizaremos o texto áureo do livro de Levítico. Após o havermos considerado, concluiremos que ele continua tão atual hoje quanto no dia em que Moisés, há 3500 anos, o entregou aos filhos de Israel no deserto do Sinai. Leiamos o texto sagrado: “Fala a toda a congregação dos filhos de Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo” (Lv 19.2).

1. “Fala a toda a congregação dos filhos de Israel e dize-lhes”. Por intermédio de seu fiel mensageiro, o Senhor dirige-se a toda a congregação dos filhos de Israel. Já não pode haver distinção entre dirigentes e dirigidos, nem se admite a divisão do povo de Deus entre clero e laicato. Agora, todo o povo de Israel faz-se congregação diante do Senhor, o corpo místico de Jeová no Antigo Testamento.
Deus ordena a Moisés a falar a toda a congregação de Israel. Nesse caso, o verbo hebraico dabar não pode ser interpretado como uma elocução qualquer. Essa palavra deve ser ouvida, por todos nós, como se fora uma ordem expressa de Deus: declarar, comunicar, afirmar solenemente.
Por intermédio de Moisés, o Senhor dirige-se não ao povo: o Israel visível. Mas à congregação: o Israel invisível e espiritual. A palavra “congregação”, em hebraico, é bastante específica: `edah é um termo que evoca, entre outras coisas, ajuntamento solene ou assembleia. Sendo assim, conforme já dissemos, os filhos de Israel devem ser vistos não como mera entidade política, mas como a Igreja do Senhor no Antigo Testamento. É claro que a soberania divina não se restringe à congregação; abrange a todos em qualquer tempo e lugar. Mas, com intimidade, Ele trata apenas com os seus queridos filhos.

2. “Santos sereis”. Moisés, agora, transmite a ordem divina à congregação israelita: “Santos sereis”. Detenhamo-nos no substantivo “santo” segundo o original hebraico. O vocábulo qadowsh traz estes sentidos: sagrado, separado, apartado e santo. Isso não significa que a nossa santidade levar-nos-á a sair do mundo ou do mundo isolar-se. Lembremo-nos da oração sacerdotal de Jesus: “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal” (Jo 17.15, ARA).
Na ótica bíblica, santificar-se não significa isolar-se da sociedade, mas nesta atuar como testemunha fiel de Deus. É o que o Senhor requisitava de sua congregação no deserto. Mesmo ali, ainda sem contatar povo algum, deveriam os israelitas consagrar-se inteiramente como servos do Senhor. Sim, embora estamos no lugar mais improvável e árido, proclamemos as virtudes do Reino de Deus, por meio de uma vida santa, pura e marcada pela distinção.

3. Porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo”. Neste ponto, o Senhor apresenta a razão de sua demanda à congregação de Israel: “Porque eu, o Senhor”. Sim, Deus é o Senhor. Logo, nesse relacionamento, não passamos de servos. Ele tem autoridade para exigir que cada um de seus filhos seja santo, porque Ele é santo. Como ignorar as prerrogativas daquEle que nos chamou à perfeição?
O texto áureo de Levítico é tão claro e abrangente que nem mesmo os dirigentes máximos da nação sentiam-se eximidos dessa obrigação. Todos deveriam porfiar por uma vida santa que, tendo início, em seu coração, refletisse em seu semblante. Que o Senhor nos ajude a andar de valor em valor até que venhamos a completar a nossa carreira espiritual. 

Conclusão

A santidade não é um mero ornamento na vida dos filhos de Deus. É um requisito obrigatório; mantém-nos firmes e inabaláveis no Senhor; dá-nos condições de levar o Evangelho aos confins da terra.
Tendo como exemplo o compromisso do sacerdócio levítico com a santidade divina, devemos primar por uma vida irrepreensível diante de Deus e dos homens. Se somos, de fato, o sal da terra, por que não salgar a sociedade com um testemunho irrepreensível? E se somos a luz do mundo, por que as trevas já encobrem o povo de Deus?
No desempenho de meu pastorado, tenho encontrado muitos crentes que, embora frequentem assiduamente os cultos, ainda não tiveram uma experiência pessoal com o Senhor; são perigosamente nominais. Estão na igreja, mas não são Igreja. O que lhes falta? Uma vida de santidade e pureza, que os diferencie o mundo. Que Deus nos ajude a reconduzi-los ao Senhor Jesus Cristo enquanto é dia.

ANDRADE, Claudionor de. Adoração, Santidade e Serviço: Os Princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018. 

SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Santidade deveria ser uma característica fundamental dos sacerdotes, esses deveriam responder a ordem divina: “sede santos como eu sou santo” (Lv. 11.44). Na lição de hoje, estudaremos a respeito do significado da santidade, inicialmente no contexto do sacerdócio levítico. Em seguida, trataremos sobre o aspecto posicional e progressivo da santificação, e por fim, a importância de dependermos do Espírito, a fim de chegarmos à santidade, sem a qual ninguém verá a Deus (Hb. 12.2).
                                                                                                                                                                                                              
1. SANTIDADE, A MARCA DOS SACERDOTES

Os sacerdotes deveriam ser separados para o Senhor, por essa razão deveriam portar uma lâmina de ouro, que trazia em sua mitra o seguinte dizer: “Santidade ao Senhor” (Ex. 28.36). A santidade dos sacerdotes deveria inspirar o povo de Israel a fazer o mesmo, a trilhar o caminho separado por Deus, ciente de que era um povo peculiar do Senhor (Ex. 13.21.22). Por causa disso, deveriam obedecer a Palavra de Deus (Lv. 9.6), e não poderiam seguir o exemplo das nações vizinhas. Uma prática comum entre aqueles povos era a de sacrificar seus filhos ao deus-moloque (Lv. 20.1-4). O povo de Israel, diferentemente do que faziam, sabia que os filhos são herança do Senhor. A descendência israelita era uma dádiva de Deus, por isso os filhos eram dedicados ao Senhor, para que vivessem para Ele. A vida conjugal dos israelitas também deveria ser diferenciada, o Senhor proibiu a infidelidade conjugal e o adultério (Lv. 20.10). A santidade, de acordo com os parâmetros levíticos, é uma identidade para o povo de Deus. Os israelitas poderiam ser identificados como o povo que estava separado para o Senhor. Especificamente em relação ao sacerdócio levítico, esperava-se que esses dessem exemplo perante o povo, e que procedessem em conformidade com a Torah, a fim de que o nome do Senhor fosse honrado.

2. SANTIDADE POSICIONAL, PROGRESSIVA E FUTURA

A palavra santificação (hagiasmos, em grego), de acordo com o Dicionário Vine, é usada para significar: a) a separação para Deus (I Co. 1.30; II Ts. 2.13; I Pe. 1.2); b) o curso de vida adequando aos que assim são separados (I Ts. 4.3,4,7; Rm. 6.19,22; I Tm. 2.15; Hb. 12.14). A santificação é, portanto, a relação com Deus na qual os homens entram pela fé em Cristo (At. 26.18; I Co. 6.11), e à qual o seu direito exclusivo é a morte de Cristo (Ef. 5.25,26; Cl. 1.22; Hb. 10.10,29; 13.12). Existem três aspectos na satificação: 1) Posicional – em Hb. 10.10, o autor diz que “Temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez”. Isso quer dizer, então, que, de certo modo, já somos santos. Por isso, nas epístolas o Paulo se dirige aos seus destinatários como santos (Rm. 12.13; I Co. 14.33; Fp. 4.21). 2) Progressivo – embora sejamos declarados imediatamente e legalmente santos, pelo ato da regeneração e da justificação, somos instruídos a seguir adiante, em santificação (Fp. 3.13,14). Assim, espera-se que cresçamos até o ponto de podermos digerir alimento sólido (Hb. 5.12-14; I Pe. 2.1-3). Esse processo de transformação se dá em amor (Cl. 3.7-14) no contato com Espírito do Senhor (II Co. 3.18; I Co.10.13). e 3) Futura – em Fp. 3.11 Paulo fala da ressurreição dos mortos, isto é, o momento da glorificação do corpo, esse é o aspecto futuro da santificação. A passagem bíblica de I Co. 15.51,52 detalha como isso acontecera. Com essa esperança, temos a fé de “as aflições do tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm. 8.18).

3. SANTIDADE, COM O FRUTO DO ESPÍRITO

É preciso, portanto, esclarecer que ao mesmo tempo em que “somos santos”, também devemos “buscar a santificação”. Por esse motivo não apenas precisamos da contínua purificação pelo sangue (I Jo. 1.7), como jamais chegaremos ao ponto de não precisarmos dela enquanto vivermos aqui. Por isso, precisamos ser realistas, e atentar para o que está escrito em I Jo. 1.10: “Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós”. Mas, ao mesmo tempo, sabemos que não podemos viver na prática contínua do pecado (I Jo. 3.8-10). Isso porque a rejeição persistente à voz do Espírito Santo poderá levar à rebelião e à perda definitiva da salvação, ou para ser mais específico, à apostasia (Gl. 5.21; Hb. 6 e 10). Devemos levar em conta a recomendação de Paulo: “Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?”. Diante dos fracassos ao longo do caminho, não devemos nos sentir derrotados, pois temos um Advogado junto ao Pai, um Amigo, Jesus Cristo (I Jo. 1.7). A santificação, enquanto processo, é o ato de separar-se do mal e devotar-se a Deus (Rm. 12.1,2; I Ts. 5.23; Hb. 13.12). As Escrituras põem a santificação posicional, e, por conseguinte, a progressiva, como condição futura para se ver a Deus (Hb. 12.14). Mas uma vida de santidade, conforme exigida em I Pe. 1.15,16), somente pode ser efetivada pelo Espírito Santo, que produz em nós, e conosco, o Seu fruto (Rm. 6.1-11,13; 8.1,2,13; Gl. 2.20; Fp. 2.12,13; I Pe. 1.5).

CONCLUSÃO

A santidade, que era uma marca identitária do sacerdócio levítico, deve ser o objetivo de todo cristão genuíno. Não podemos nos conformar com o mundo, antes devemos experimentar a agradável, boa e perfeita vontade de Deus (Rm. 12.1,2). Para tanto, devemos viver cada vez mais na dependência do Espírito (Gl. 5.22), buscando agradar a Deus em todo momento, cientes de que a santificação é a vontade de Deus para as nossas vidas (I Ts. 4.13).

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

O livro de Levítico foi entregue a Israel para que este, separando-se de entre todos os povos da Terra, viesse a adorar, a servir e a santificar-se a Deus. A santidade, por conseguinte, tanto naquele tempo quanto hoje, continua a ser a marca distintiva dos filhos de Deus. Nesta lição, veremos que Israel, através das leis e ordenanças levíticas, tinha a obrigação de apresentar-se a Deus e ao mundo como a nação santa, zelosa e servidora por excelência. Que aprendamos, com os israelitas, a adorar e a servir ao Senhor na beleza de sua santidade. 
O tema principal de Levítico é a santidade. A natureza Divina exige santidade do Seu povo; Deus é perfeito, Ele não tem falha nem erro algum. Santidade é a pureza perfeita de Deus, que não tem mancha alguma de pecado. A santidade deve ser mantida diante de Deus, e ela só pode ser alcançada através de uma adequada expiação. Depois de um cativeiro que durou 400 anos, os judeus receberam uma influência egípcia pagã e politeísta, o conceito de Deus tinha sido distorcido. Moisés redige este Livro para fornecer instruções e leis a fim de orientar o povo pecador, mas redimido, em seu relacionamento correto com um Deus que é caracterizado por Sua natureza santa. E de fato, os termos “santo” ou “sagrado” aparecem mais de cem vezes neste livro, mais vezes do que em qualquer outro livro da Bíblia. Há uma ênfase em Levítico na necessidade de santidade pessoal em resposta a um Deus santo. O pecado deve ser expiado através da oferta de sacrifícios próprios (capítulos 8-10). Outros temas abordados no livro são dietas (alimentos puros e impuros), o parto e doenças que são cuidadosamente regulamentadas (capítulos 11-15). O capítulo 16 descreve o Dia da Expiação, neste dia um sacrifício anual é feito pelo pecado cumulativo de todas as pessoas. Além disso, o povo de Deus deve ser discreto na sua vida pessoal, moral e social, em contraste com as práticas atuais e pagãs ao seu redor (capítulos 17-22). 

I. SANTIDADE, A MARCA DO POVO DE DEUS
                                
Em Ur dos Caldeus, Abraão não passava de um gentio entre os demais gentios quando foi chamado por Deus (Gn 11.31). Mas, intimado novamente por Deus em Harã, obedeceu-o de imediato. Ele creu em Deus, e foi justificado (Rm 4.3). Foi exatamente aí que começou a história de Israel como o povo santo do Senhor (Gn 12.1-8).
Abraão nasceu por volta do ano 2000 a.C. na cidade de Ur, antiga Mesopotâmia, entre a Arábia e a Pérsia. Ur dos caldeus, na Mesopotâmia, próximo ao rio Eufrates, era um centro cultural e, também, centro de uma religião pagã que cultuava o deus Sin, simbolizado pela lua crescente, que formava uma tríade com Xamaxe, o deus-sol e Ishtar, deusa da fertilidade, amante ou consorte de Tamuz.Sugiro que faça um tour virtual pelo Museu do Iraque: http://www.virtualmuseumiraq.cnr.it/homeENG.htm

1. O estado de santidade. No exato instante de sua chamada a uma nova realidade espiritual, Abraão, e com ele todo o Israel, foram elevados ao posto de herança particular e santa do Senhor (Êx 19.5). Essa dignificação, porém, não levou ao aperfeiçoamento imediato dos hebreus. Tanto o patriarca quanto seus descendentes tiveram de submeter-se a um longo e doloroso processo de santificação (Gn 17.1). O mesmo pode-se dizer da Igreja de Cristo. Os irmãos coríntios foram tratados como santos pelo apóstolo Paulo (2 Co 1.1), mas ainda estavam longe da perfeição (1 Co 3.1). 
A família de Abraão era idólatra (Js 24.2). A Bíblia não revela o grau de conhecimento de Deus que Abraão possuía antes de sua chamada. Mais de 350 anos haviam-se passado desde o Dilúvio, quando Noé, o homem que andava com Deus (Gn 6.9), era o pregoeiro da justiça (2 Pe 2.5). Noé viveu depois do Dilúvio 350 anos (Gn 9.28). Embora a Bíblia silencie sobre isto, é possível que Noé tenha continuado a falar do grande Deus, de cuja justiça ele havia experimentado de modo singular. É possível que conhecimento de Deus fosse mantido entre as famílias por meio de tradições transmitidas de pais a filhos. Desse modo, pode ser que Abraão tenha tido conhecimento de Deus e de sua vontade, apesar de viver em uma sociedade idólatra. A obediência é um aspecto do caráter cristão indispensável ao cumprimento da vontade Deus na vida do homem. Não obstante às suas fraquezas, Abraão foi chamado de “O Amigo de Deus”. O versículo-chave da biografia desse personagem é: “E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus” (Tg 2.23; Gn 15.6). O cristão que deseja fazer a vontade de Deus deve estar preparado para mudanças profundas em todas as áreas da sua vida. Isso aconteceu com Jonas, o profeta; com o apóstolo Paulo, Pedro e com muitos outros ao longo da história.

2. O processo de santificação. O processo de santificação de Israel, que teve início com Abraão, foi interrompido e recomeçado diversas vezes. Haja vista o conturbado período dos juízes (Jz 2.18-20). Mas, para que o seu povo viesse a atingir o ideal de uma nação santa, profética e sacerdotal, o Senhor entrega-lhe o livro da Lei (Êx 19.6; Js 23.6). Se lermos atentamente os livros de Êxodo e Levítico, verificaremos que o processo de santificação, na vida de um crente hebreu, tinha início com o amor que ele tributava a Deus (Dt 6.5). A partir desse momento, o fiel passava a cumprir todos os mandamentos do Senhor, pois já não os achava pesados (cf.1 Jo 5.3). Portanto, não existe processo de santificação sem o forte, comprovado e excelente amor a Deus. Quanto mais o amamos, mais nos tornamos santos. E, assim, cumpre-se, em nossa biografia, o que escreveu o sábio (Pv 4.18). Que a recomendação do apóstolo Paulo seja aplicada na íntegra em cada etapa de nossa existência neste mundo (1 Ts 5.23). (LB CPAD, 3º Trim 2018, Lição 5, 29 Jul 18)
O patriarca deixou sua cidade natal e foi para uma terra que Deus o mostraria. Abraão foi conduzido pela fé. Embora demonstrasse ter uma fé viva, ele teve que enfrentar muitos impedimentos em sua jornada até a Terra Prometida. Ter fé não significa que não teremos obstáculos em nossa marcha. Mas, sem fé não conseguiríamos transpor as barreiras. Em nossa caminhada neste mundo também temos que enfrentar muitos entraves, muitas crises. Contudo, não estamos sozinhos. O Deus que guiou e abençoou Abraão está conosco. Não tema as crises e não permita que venham impedi-lo de caminhar. Veja as crises  como uma oportunidade para fortalecer a sua fé e conduzi-lo a uma experiência ainda maior com o Deus de toda a provisão. Abraão fazia parte de um projeto divino de salvação. A partir dele surgiria uma família que se tornaria um povo especial do qual, no tempo próprio, sairia o Salvador do mundo, Jesus Cristo. Deuteronômio 6.5 é a consequência direta do versículo 4, o Shemá Israel, o credo de Israel. Para o cristão, Jesus nunca prometeu que lhe obedecer seria fácil. Mas o árduo trabalho e a disciplina de servir a Cristo não é uma carga para quem ama a Deus. E se nossa carga começa a ser pesada, sempre podemos confiar em que Cristo nos ajudará a levá-la (Mt 11.28-30). O amor a Deus é o primeiro e o maior dos mandamentos (Dt 6,5; Js 22,5; Mc 12,28-30). É a resposta do ser humano à iniciativa de Deus, que nos amou primeiro (Os 9,10; 11,1-4; Jr 2,2-4; 31,3; Is 63,9; Gl 2,20; 1Jo 4,19). O amor imenso de Deus se manifesta na cruz de Cristo (Jo 3,16s; 1Jo 3,1-16; 4,7-19; Rm 5,8; 8,32).

3. A santidade como marca. O livro de Levítico tinha como alvo fazer de Israel uma nação distinta por sua pureza e santidade (Êx 19.6). E, de fato, nenhum outro povo jamais alcançou as excelências de Israel (Rm 9.4,5). Usufruir de todos esses privilégios, todavia, acarreta-lhe ainda grande responsabilidade (Rm 2.17-29). Em alguns períodos de sua história, Israel de fato destacou-se como herança peculiar do Senhor, haja vista os elogios tecidos pela rainha de Sabá ao rei Salomão (2 Cr 9.1-8). Todavia, a maior parte de sua história foi marcada pela apostasia. Mas, chegará o tempo, em que todo o Israel será redimido e salvo (Rm 11.26). Se o povo hebreu deveria sobressair-se pela santidade, o que não esperar da Igreja de Cristo? Por essa razão, o apóstolo exorta-nos a andar continuamente em novidade de vida (Rm 6.4). Sem a santidade requerida por Deus nenhum de nós chegará à Jerusalém Celeste (Hb 12.14; Ap 21.8). 
Já vimos que o livro de Levítico é diferente do que os outros livros do Pentateuco porque relata quase exclusivamente o sistema das leis para governar Israel na sua vida religiosa, civil, dietética e diária. Não encontraremos nele a história de Israel, mas as leis dadas por Deus àquela nação. Seu conteúdo é tópico em vez de ser cronológico. O tema central do livro é a santidade de Deus na separação e na santificação, logo, a palavra chave é santidade em suas várias formas:  santificar,  santíssimosantosantuáriolimpo e santidade (veja 19.2; 11.44). Este livro é atualíssimo para a Igreja, nele aprendemos que é necessário pregarmos tanto a expiação pelo sangue de Cristo quanto a vida de santidade baseada na expiação feita pelo sangue de Cristo. O salvo tem que saber como andar com Deus na comunhão! Merece uma explicação a afirmativa do comentarista citando Romanos 11.26: Os dispensacionalistas têm adotado uma posição onde somente aqueles judeus que sobreviverão à Grande Tribulação serão salvos. Romanos 11.26 é interpretado por Zacarias 13:8, onde “dois terços” de Israel serão “eliminados e perecerão”, enquanto somente “a terceira parte restará nela”. O entendimento dispensacional de “todo Israel” é restringido para significar “somente alguns de Israel”.
O retorno de Israel ao Senhor é certo (Zc 12.7-10; Rm 11.26). Paulo recorre às profecias para confirmar a declaração de que todo o Israel será salvo (Rm 11.26,27; cf. Is 59.20,21). Isto ocorrerá quando se “completar o tempo dos gentios” no final da Grande Tribulação (Jr 30.7; Ez 20.34-38; Jo 19.37). Israel verá a Jesus como o Messias e se arrependerá por havê-lo rejeitado (Jo 1.11; Lc 13.34). Nesse período, os israelitas, como ramos naturais, serão enxertados na própria oliveira, que é Cristo. E, assim, os descendentes de Abraão receberão novamente a plenitude das bênçãos divinas (Zc 2.10). A revelação do plano divino da salvação levou o apóstolo a adorar a Deus. Paulo reconhece o controle providencial de Deus na história da salvação e da justificação através de Cristo (Rm 10.33-36). Quanto à eleição, a aliança divina concernente a Israel é imutável. Deus, em sua soberania, escolheu a Israel dentre todos os povos e fez-lhe promessas por meio de seus patriarcas: Abraão, Isaque e Jacó (Gn 12.1-3; 15.1-21; 17.1-22).Da mesma maneira que Deus cumpriu e cumprirá suas promessas a Israel, assim também tem feito e o fará com a sua Igreja”.(O futuro glorioso de Israel. Disponível em: http://avivamentonosul21.comunidades.net/romanos-estudo-e-comentario. Acesso em: 23 Jul, 2018)
No capítulo 5.12-21, Paulo descreve a libertação do crente a partir da ação salvífica e graciosa de Jesus Cristo. Na desobediência de Adão, o pecado abundou, mas na obediência de Jesus, a graça superabundou (v.20). Cristo, pelo seu ato, garante a justificação ao que crê (5.1). No capítulo 6.1-23, entretanto, a salvação graciosa de Deus é apresentada ao fiel, mas este precisa corresponder à realidade da nova vida em Cristo. O crente regenerado, cuja graça de Deus manifestou-se em sua vida, deve rejeitar o pecado e produzir frutos santos (v.22).

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
                               
“A chamada para a santidade novamente enfatiza o fato de que Israel deve ser diferente dos outros povos e ‘separados’ para Deus. Uma palavra chave do Antigo Testamento, badal, significa remover uma parte de alguma coisa, fazendo-se assim uma distinção entre elas. Esse pensamento é claramente visto nos versos 24,25. Nos tempos do Antigo Testamento, a separação era alcançada pelo isolamento do povo de Deus como uma nação diferente.
Isso foi mantido pelos padrões rituais e morais que diferenciaram os israelitas de todos os povos pagãos, e, sustentado por proibições contra casamentos com membros de outras castas e outros contatos íntimos com não israelitas.
Entretanto, a enfatizada separação dos outros era a dinâmica da separação para Deus. Somente o completo compromisso com Ele podia manter o povo de Deus como nação santa. Pois somente Deus poderia fazer seu povo santo no sentido dinâmico e positivo de santidade encontrado em Levítico” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 9.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 87).

II. A SANTIDADE NO MINISTÉRIO LEVÍTICO

Os sacerdotes deveriam ser uma referência perfeita à nação de Israel no que tange à santidade e à pureza. Afinal, eram os responsáveis pela santificação do povo, a fim de torná-lo propício diante de Deus.
1. Santidade exterior. Aos ministros do altar, o Senhor impôs uma série de restrições, para que não viessem a comprometer o santo ministério. O sumo sacerdote, por exemplo, não poderia desposar uma mulher que não fosse virgem (Lv 21.7,14). Até mesmo com respeito ao luto, deveriam os ministros do altar ser precavidos e cuidadosos (Lv 21.1-3). Tendo em vista o emblema da santidade divina que estava sobre a classe sacerdotal de Israel, nenhum descendente de Levi poderia ser admitido no serviço divino se portasse alguma deficiência física (Lv 21.17-21). (LB CPAD, 3º Trim 2018, Lição 5, 29 Jul 18)
A santidade de Deus deveria estar presente na vida do sacerdote de forma muito acentuada e destacada porque ele era o representante de Deus diante do povo e falava em nome de Deus e também era o representante do povo diante de Deus, que falava pelo povo e oferecia pelo povo os sacrifícios para expiação dos pecados desse povo. Estas exigências de conduta para os sacerdotes objetivavam conscientizá-los da imensa responsabilidade que lhes pesava; A função sacerdotal não podia ser vista como corriqueira, rotineira ou ingrata. Os deveres sacerdotais deveriam ser vistos como extrema importância, a ponto de que, se o sacerdote agisse com negligência, ele traria sobre si a morte.

2. Santidade interior. O sumo sacerdote deveria portar uma lâmina de ouro, que, posta em sua mitra, trazia esta advertência: “Santidade ao Senhor” (Êx 28.36). Portanto, a santidade do ministro não poderia ser apenas exterior; sua pureza externa deveria ser um perfeito reflexo de sua santidade interior (Ml 2.7). Infelizmente, a classe sacerdotal deixou-se levar por um culto formal, o que ocasionaria a destruição de Jerusalém (Jr 5.31; 23.11). 
Não eram os trajes e muito menos os rituais que faziam o sacerdote, antes, cada sacerdote deveria ser homem irrepreensível moralmente e sem qualquer, por mínimo que fosse, defeito físico. Todo o ritual do sacerdócio levítico, evidencia que Deus não recebe um culto oferecido de qualquer maneira. Tanto a oferta quanto o ofertante devem cumprir com as exigências divinas. Nosso Deus por ser Santo, não aceita diante de Si, algo que não venha de um santificado (separado) e o que é ofertado tem que estar nas mesmas condições de santificação. Deus exigia de Seus sacerdotes, o mesmo que espera de cada um de nós hoje em dia – santidade (Lv 21.6,8,15,23).

3. Santidade e glória. A glória que acompanhou Israel em sua peregrinação, no deserto, tornou-o conhecido como a herança peculiar do Senhor (Êx 13.21,22;16.10). Atemorizados, os gentios sabiam que era impossível amaldiçoá-lo (Nm 23). Mas, para que os israelitas continuassem a usufruir a glória divina era-lhes imprescindível obedecer a Palavra de Deus (Lv 9.6). O mesmo não requer o Senhor de cada um de nós? (Hb 12.14). 
Santificação, não significa que o pecado está morto no crente, mas sim que, o crente está definitivamente morto para ele. Santificação significa que uma mudança radical deve ser efetuada nos crentes no que diz respeito ao pecado. Antes vivíamos no pecado e amávamos o pecado, e concordávamos com o pecado, agora estamos mortos para o pecado de forma que não mais apresentamos nossos membros para servirem à imundícia e à maldade, mas para servirem à justiça para a santificação. A glória que acompanhou Israel em sua peregrinação, no deserto, tornou-o conhecido como a herança peculiar do Senhor só permaneceria presente desde que o povo fosse obediente. Santidade implica em obediência.
O que vemos aqui é Arão e os seus filhos, seguindo tudo o que Moisés instruíra eles da parte do Senhor, completando as cerimônias com êxito e segundo tudo o que lhes fora ordenado.
Era assim que doravante deveria de ser feito para sempre, embora todos saibamos que esse sacerdócio estava marcado par falhar por causa da imperfeição tanto do sacerdote que ministrava quanto da oferta que era insuficiente para expiar todos os pecados de todo o mundo.
Dos vs. 1-7, vemos Moisés ordenando os sacrifícios, mas não ordenando de si mesmo, antes porque Moisés seguia o que Deus instruíra ele primeiro. Veja que primeiro Deus fala com o sacerdote e depois com o povo, por meio do seu escolhido.
Dos vs. 9-23a, vemos Arão e os seus filhos oferecendo os sacrifícios conforme suas instruções, sem nada de invencionices, nem acréscimos, nem decréscimos, mas exatamente como instruído.
Finalmente, do 23b-24, a conclusão do capitulo com Deus se manifestando maravilhosamente, em reconhecimento a tudo quanto foi feito, segundo tudo o que lhes fora ordenado e instruído”. (Levítico 9:1-24 – O Senhor hoje vos aparecerá. Disponível em: http://www.jamaisdesista.com.br/2013/11/levitico-9-1-24-segmentado-e-comentado.html. Acesso em: 23 Jul, 2018)

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

“Os sacerdotes tinham de ser santos ao Senhor, porque eles apresentavam as ofertas a Deus. Tinham de se proteger da contaminação que ocorria por contato com o morto (exceto em casos que envolviam pessoas próximas da família, como mãe, pai, filho, filha, irmão ou irmã solteira). As referências a cortar os cabelos, a barba ou golpear a carne diziam respeito a luto pelos mortos. A passagem de Levítico 19.27,28 proíbe tais procedimentos de luto para todo o povo de Israel.
A mulher do sacerdote tinha de ser aceitável. Ao casar devia ser virgem. O texto estipula que não podia ser meretriz. Esta ordem reflete o fato indubitável de que a prostituição cultual era comum entre os vizinhos de Israel. A filha do sacerdote tinha igualmente de se manter pura. A prostituição da filha do sacerdote era punível com a morte. O sacerdote e sua família imediata tinham de ser santos.
As estipulações para o sumo sacerdote eram ainda mais rigorosas. Ele não devia descobrir a cabeça, nem rasgar as vestes — sinais de luto permitidos aos sacerdotes comuns. Tinham de se casar com virgens das filhas de Israel, caso contrário, sua semente seria profanada. Ele era o símbolo da mais alta pureza. Não devia haver nada nele que contaminasse o santuário. A expressão: Nem sairá do santuário, refere-se provavelmente a sair com a finalidade de ficar de luto e não significa que tinha residência fixa dentro do Tabernáculo” (Comentário Bíblico Beacon. Vol. I. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 298).

III. A SANTIDADE DO POVO DE DEUS

O Senhor exige, de cada um de nós, a santificação de nossos filhos e de nossa vida conjugal, pois a nossa pureza expressa a sua vontade.
1. A santificação dos filhos. Deus proíbe aos israelitas, expressa e energicamente, apresentarem seus filhinhos como oferenda a Moloque (Lv 20.1-4). A razão é simples: cada um de nossos meninos e meninas é herança do Senhor (Sl 127.3). Hoje, há pais cristãos, que, sem o saberem, estão entregando seus filhos a “Moloque”, quando, por exemplo, adotam a política criminosa do aborto e quando não os educam conforme recomenda a Palavra de Deus (1 Co 5.8). Ensine, pois, seus pequeninos na admoestação do Senhor, para que sejam pessoas de bem (Ef 6.4). Finalmente, que seus filhos venham a honrá-los como a pais e mães; somente assim poderão ser abençoados (Êx 20.12; Lv 20.9; Ef 6.2).
A santificação tem sido um elemento essencial na relação entre Deus e seu povo ao longo de todas a Bíblia e Levítico não é diferente, ele aponta para esta qualidade de ser separado do pecado como uma característica fundamental da santidade de Deus, que tem que ser desenvolvida como parte do caráter de seus filhos. Em 2Coríntios 6.14 – 7.1, Paulo ensinou que o pecado não tem lugar na vida do cristão. Uma das importantes afirmações do Salmo 127 é o valor dos filhos que Deus nos dá. O versículo citado (3) trata da construção do lar, e especificamente da atitude sobre filhos. Como presentes de Deus, os filhos devem ser protegidos, alimentados e instruídos no caminho que Deus traçou para cada um de nós (Provérbios 22:6; Efésios 6:4). Pais que cumprem bem seu papel acham conforto em saber que seus filhos, por sua vez, vão protegê-los. Se inimigos baterem à porta, os filhos se levantam em defesa do pai. A palavra grega usada em Efésios 6.4 para “disciplina” transmite a ideia de correção que resulta em educação. É um esforço positivo e altamente valioso.
O autor de Hebreus enfatiza esse ponto citando Provérbios 3.11-12 para encorajar seus leitores que não se fatiguem ou desmaiem em meio ao sofrimento. Ele pede a eles (e a nós) que nos lembremos de que Deus nos trata como filhos nessa passagem quando ele diz: “Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe” (Hb 12.5-6). Da mesma maneira, Deus chama os pais a serem como ele, amando os próprios filhos o suficiente a ponto de discipliná-los apropriadamente. Ele faz isso expondo os benefícios positivos que derivam da disciplina das crianças. “Corrige o teu filho, e te dará descanso, dará delícias à tua alma” (Pv 29.17). Não apenas os pais se beneficiam, mas a criança também se beneficiará. “A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela” (Pv 22.15). Uma criança bem disciplinada terá a sua insensatez exposta e corrigida de forma tão regular e consistentemente que a beleza e a bondade da sabedoria se tornarão cada vez mais atrativas a ela”. (Thomas K. Ascol. A Disciplina e A Instrução do Senhor na Criação dos Filhos. Disponível em: http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/654/a_disciplina_e_a_instrucao_do_senhor_na_criacao_dos_filhos. Acesso em: 23 Jul, 2018)

2. A santificação conjugal. Deus sempre teve um forte compromisso com a família, pois Ele próprio instituiu-a no Éden (Gn 2.24,25). A fim de preservar a integridade familiar, o Senhor proíbe terminantemente a infidelidade conjugal e o adultério (Lv 20.10). Seu objetivo era tornar a família israelita um exemplo para os gentios, conforme descreve-a o Salmista (Sl 128). Hoje, a nossa responsabilidade não é menor. Temos de observar o sétimo mandamento: “Não adulterarás”, e manter o leito conjugal sem mácula (Êx 20.14; Mt 5.28; Hb 13.4). O Deus que inspirou o Levítico não mudou. 
Adultério é toda relação sexual extraconjugal do homem ou da mulher casados. No Antigo Testamento, a mulher é considerada propriedade do marido e a virgem, antes do noivado, propriedade do pai. Por isso o adultério da mulher e a defloração duma virgem são um crime contra a lei e contra o direito da propriedade (Êx 20.14; 22.15-16), punível com a morte (Dt 22.22-29). O povo eleito, infiel a Deus, é comparável à mulher adúltera (Os 1–3; Jr 2–3; Ez 16). Jesus condenou o adultério, até o simples desejo de cometê-lo (Mt 5.27s; 19.3-9), mas perdoou à mulher adúltera (Jo 8.1-11). O cristão é membro de Cristo, templo do Espírito Santo e vive uma vida nova na luz; por isso não deve profanar-se com o adultério e a fornicação (1Cor 5; 6,12-19; Ef 4.17–5.20). Os atos detestáveis mencionados aqui (Lv 20.10-21) eram muito comuns nas nações pagãs do Canaã; suas religiões estavam infestadas com deusas sexuais, prostituição no templo e outros pecados graves. As práticas religiosas imorais dos cananeus refletia uma cultura decadente que tendia a corromper tudo o que entrasse em contato com ela. Ao contrário, Deus estava formando uma nação que fora uma influência positiva no mundo. E não queria que os israelitas adotassem as práticas cananéias e derivassem para a libertinagem. Dessa maneira preparou ao povo para o que teriam que enfrentar na terra prometida lhes ordenando que evitassem (tudo o que fora pecado sexual.) (Comentário da Bíblia Diario Vivir).

3. A santificação e a vontade de Deus. A santificação é um processo que exige disciplina, esforço e um profundo amor a Deus (1 Co 9.27). Nesse processo, lento e doloroso, todo o nosso ser tem de estar envolvido (Fp 3.12-15;1 Ts 5.23). O santificar-se não é uma opção na vida do salvo; é uma ordenança divina (Lv 20.7; Js 3.5). A nossa santificação é da vontade de Deus (1 Ts 4.3). Sem ela, como veremos o Senhor? (Hb 12.14). 
Santidade não é uma opção! Deus é santo e ele nos salvou para tornar-nos como ele é. Impureza e toda forma de injustiça faz parte de nossa vida pregressa. Agora, devemos nos revestir do nosso novo “eu”, criado segundo Deus em justiça e santidade. Deus nos chamou em santidade. Ele nos concede seu Espírito Santo para fazer-nos santos.
Vimos então que o lema da reforma de Lutero era Justificação pela Fé. Foi um passo fundamental no processo de restauração. Depois John Wesley trouxe a doutrina da santificação, mostrando que justificação não é tudo que Deus quer fazer nas nossas vidas. Entretanto, apesar da restauração da importância de santificação através de Wesley, e do derramamento do Espírito Santo no século XX, a igreja hoje não vive a realidade de uma vida santa na presença de Deus. Por um lado, temos as igrejas que mantêm a doutrina da santificação, mas sem manifestação genuína de Jesus nas suas vidas. Outras enfatizam a experiência da santificação, de acordo com a teologia de Wesley, que seria uma outra experiência depois da salvação, em que a pessoa é liberta da raiz do pecado na sua vida. E ainda existem muitas outras que se esqueceram quase totalmente da santificação, por causa da grande ênfase que veio no século passado sobre o batismo no Espírito Santo. Infelizmente, a consequência disso tem sido uma ideia totalmente falsa sobre o que Deus realmente espera de nós.” (Justificação Sem Santificação Não é Salvação!. Disponível em:https://www.revistaimpacto.com.br/biblioteca/justificacao-sem-santificacao-nao-e-salvacao/. Acesso em: 23 Jul, 2018)


SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

Em Levítico 19.1-4, encontramos ‘a santidade, a palavra-chave de Levítico’. 1) Deus é a fonte de toda a santidade. 2) Deus é o padrão de santidade. 3) Santidade é separação do mal e separação para Deus.
Há a sensação de que este capítulo é uma miniatura da lei levítica. Repare no conteúdo: respeito pelos pais e pelos sábados (4); abstinência da idolatria (4); procedimento correto dos sacrifícios pacíficos (5-8); preocupação pelos pobres e estrangeiros ao não fazer uma colheita total das plantações (9,10); proibição de roubar, mentir e negociar com falsidade (11); de jurar falsamente e profanar o nome de Deus (12); de se aproveitar do surdo e do cego (14); de fazer julgamentos injustos (15); de fofocar (16); de odiar o próximo (17); de se vingar (18); de misturar raças, sementes ou tecidos (19); de comer o fruto das três primeiras safras de árvores frutíferas (23,25); de comer sangue (26); de praticar ocultismo (26,31); de cortar o cabelo impropriamente ou de se golpear pelos mortos (27,28); de prostituir a própria filha (29); de fazer transações comerciais desonestas (35,36); ordem para respeitar os mais velhos (32); amor pelo próximo e pelo estrangeiro como o amor que se tem por si mesmo (18,33,34). Não deixe de notar que a lista indica o caráter humanitário da lei levítica” (Comentário Bíblico Beacon. Vol. I. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 294).

CONCLUSÃO

Num momento de emergência nacional, o rei Ezequias convocou os levitas, e ordenou-lhes: “Ouvi-me, ó levitas! Santificai-vos, agora, e santificai a Casa do SENHOR, Deus de vossos pais, e tirai do santuário a imundícia” (2 Cr 29.5). Foi naquela hora que teve início um grande avivamento em Israel. Se nos santificarmos, como requer o Senhor de cada um de nós, em breve experimentaremos uma grande visitação dos céus em nosso país. Amém! 
Santificação não é um conjunto de normas ou regras; é amar. Não é uma doutrina, nem uma experiência; é um caminho, é andar com Deus. A Abraão Deus falou: “Anda na minha presença e sê perfeito”. Enoque andava na presença de Deus e foi levado aos céus. Noé andava com Deus e foi salvo do dilúvio universal. Esse é o nosso destino: andar com Deus.
“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16),


Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br