sexta-feira, 28 de março de 2014

LIÇÃO 13 - O LEGADO DE MOISÉS



SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Moisés, o menino que foi retirado da água, morreu muito tempo depois, e deixou-nos um legado considerável. Esse será o assunto estudado nesta última lição do trimestre. A princípio, apontaremos como se deu seus últimos dias, antes de morrer. Em seguida, destacaremos sua fé, que deve servir de exemplo para todos os cristãos. E ao final, mostraremos sua dedicação ao Senhor e generosidade, virtudes necessárias a todos aqueles que seguem os passos do Senhor Jesus Cristo.

1. OS ÚLTIMOS DIAS DE MOISÉS
O Salmo 90 é da autoria de Moisés, no versículo 12 ele ora ao Senhor: “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio”. No final do livro de Deuteronômio nos deparamos com os últimos dias de Moisés na terra, um homem que realmente alcançou um coração sábio. Mas antes, em um primoroso cântico, ele declama sua benção sobre Israel. Nesse texto o homem de Deus declara a glória de Deus, recebida através da revelação (Dt. 33.1-5). Como Moisés, devemos também glorificar o nome do Senhor, com hinos e cânticos (Ef. 5.19; Cl. 3.16). A graça maravilhosa de Deus, em Cristo, é motivo suficiente para tributarmos a Ele louvor, glória e adoração (II Co. 5.21). O Deus de Israel é o nosso Deus, nenhum outro pode ser igualado a Ele (Ex. 33.29).  Em seguida Moisés se volta para as tribos de Israel, a fim de direcionar a elas as bênçãos do Senhor (Dt. 33.6-25). Após declarar as bênçãos ao povo de Israel, Moisés aponta para o verdadeiro Deus, que deveria ser reconhecido por aquela nação (Dt. 33.26-29). Em seguida, o servo de Deus toma consciência da sua morte, tema que é repetido nesses capítulos de encerramento (Dt. 31.1-16; 32.48-52; 33.1; 34.1-12). Como Moisés, todos nós, a menos que sejamos arrebatados (I Ts. 4.13-17), passaremos pela morte física (Hb. 9.27). Mas devemos manter a fé no Senhor, mesmo quando esta se aproximar. Não precisamos nos desesperar como aqueles que não conhecem a Cristo, e não têm esperança (I Ts. 4.13-17). Muito pelo contrário, temos a convicção que quando esse tabernáculo se desfizer, partiremos para estar com Cristo, o que é consideravelmente melhor (II Co. 5.1; Fp. 1.23). Moisés foi deixado fora da terra prometida, por não ter cumprido as orientações estabelecidas pelo Senhor (Dt. 1.37-40; Nm. 20.12,13). Mesmo tendo orado a esse respeito, o Senhor , soberanamente, não o atendeu (Dt. 3.23-26). Moisés apenas viu a terra no Monte Nebo, que fica cerca de dez quilômetros da Terra Prometida. Após ter visto a terra, Moisés faleceu, e o Senhor e o arcanjo Miguel (Jd. 9) o sepultaram no monte Nebo, em local que ninguém jamais identificou. Mas na transfiguração de Cristo, registrada em  Mt. 17.1-3 e Lc. 9.28-31, temos conhecimento de Moisés no alto do monte, na Terra Prometida.

2. MOISÉS, SUA FÉ E EXEMPLO PARA OS FIÉIS
Moisés faleceu em cumprimento à Palavra do Senhor (DT. 34.5), isso mostra que Deus é Aquele que tem a vida e a morte em Suas mãos (Sl. 139.16). Não temos motivos para ficar apavorados diante da morte, pois essa, mesmo nas condições mais adversas, é preciosa aos olhos do Senhor (Sl. 116.15). Nossa maior expectativa não deve ser a de viver muitos anos, mais importante ainda é viver para o Senhor, e deixar um legado espiritual para aqueles que nos veem. Moisés foi um exemplo de fidelidade, pois foi comparado a Cristo, um homem que se manteve firme na palavra do Senhor (Hb. 3.1-6). Ele também foi um homem que buscou ter intimidade com Deus, não se conformou com a mediocridade espiritual (Ex. 33.11; Nm. 12.7,8). Moisés não dependeu da sua formação acadêmica, ainda que essa tenha sido útil ao seu ministério, o segredo do seu êxito repousava na orientação de Deus (At. 7.22). Os cristãos deste tempo precisam reaprender a passar mais tempo na presença de Deus. Os momentos devocionais através da oração e meditação na palavra precisam ser resgatados, principalmente por aqueles que exercem posição de liderança. Moisés era um homem dedicado à oração e ao ministério da palavra (At. 6.4). Por isso se destacou, tornando-se “poderoso em palavras e obras”, isto é, demonstrando equilíbrio entre o que dizia e fazia. Como Moisés, e o Senhor Jesus, devemos agir coerentemente com as nossas palavras. Como disse certo pensador, devemos pregar, utilizando as palavras se necessário. Em suma, como Moisés, devemos recusar tudo àquilo que nada tem a ver com Deus, abrir mãos do engano do mundo, preferindo e considerando a posição para a qual o Senhor nos escolheu (Hb. 11.24-26); se necessário for, devemos deixar a zona de conforto, “abandonar o Egito”, perder o medo, a fim de alcançar a recompensa invisível (Hb. 11.27); e confiar nas orientações de Deus, mesmo que essa pareçam não fazer sentido (Hb. 11.28).

3. MOISÉS, SUA DEDICAÇÃO E GENEROSIDADE
Moisés mostrou-se dedicado ao povo de Israel, sobretudo generoso, intercedendo, sempre que necessário pela salvação daquela nação (Ex. 32.9-14; Nm. 14.10-25). Tenhamos cuidado com os falsos obreiros, muitos que dizem ser pastores na atualidade não passam de mercenários. O maior exemplo de pastor é o Senhor Jesus Cristo, ao entregar Sua própria vida pelas ovelhas (Jo. 10.12-14). Moisés, em sua identificação com o povo, passou por muitos sofrimentos (Hb. 11.24-27). Muitos obreiros modernos não querem mais sofrer, relacionam o ministério ao status, não podem dizer com Paulo, que não tinha sua vida por preciosa, e se gastava pelo rebanho (At. 20.24; II Co. 12.15). Moisés abriu mão de tudo que tinha, seus status social, seu conhecimento acadêmico, até mesmo das suas posses (Hb. 11.24). O desapego às coisas materiais deve ser uma das marcas registradas do obreiro cristão (I Tm. 6.10). Jesus abriu mãos dos tesouros terrenos, e se tornou pobre a fim de nos enriquecer espiritualmente (II Co. 8.9). Essas características de Moisés estavam atreladas a sua mansidão, ele foi reconhecido como um dos homens mais mansos da terra (Nm. 12.3). Jesus também foi um homem manso, e que por isso atraiu para Si os que carregavam o fardo do pecado (Mt. 11.28-30; I Pe. 2.21). Diante da morte iminente, Moisés deixou-nos o legado da escolha do seu sucessor. Ele não era um cratomaníaco, isto é, um líder aficionado pelo poder, receoso de perder seu cargo para outros. Moisés preparou Josué para assumir o restante da jornada, delegando a este a condução do povo para entrar na Terra Prometida. Os líderes do nosso tempo precisam investir na formação de sucessores. É triste quando a obra de Deus sofre porque aqueles que estão diante dela não querem soltar o cajado. Pior ainda é quando o cajado é passado para as mãos erradas, por critérios definidos pela politicagem eclesiástica. Seguido a orientação de Paulo a Timóteo, precisamos identificar homens fiéis, que se enquadrem no perfil cristão, para conduzirem o rebanho de Deus (II Tm. 2.1,2).

CONCLUSÃO
Ao autor da Epístola aos Hebreus dedicou seis versículos, em sua galeria de homens que serviram de exemplo de fé, a Moisés. Isso porque a vida desse homem continua servindo de modelo para todos aqueles que querem seguir piedosamente a Cristo. Ele não se deixou conduzir pelos seus sentimentos, antes dependeu da sua fé no Deus de Israel. Quando foi criticado, fundamentou suas decisões na âncora da fé. Diante das adversidades, devemos lembrar que a fé o firme fundamento das coisas que se esperam, mas que se não veem (Hb. 11.1).

 José Roberto A. Barbosa


SUBSÍDIO II


INTRODUÇÃO


Moisés nasceu quando Israel estava cativo no Egito, durante os terríveis dias em que Faraó ordenou que todos os recém-nascidos israelitas do sexo masculino fossem mortos (Êx 1.15,16). Casou-se com Zípora, filha de Jetro, sacerdote de Midiã, descendente de Abraão (Gn 25.1,2). Ele teve uma comunhão especial com o Senhor e nas Escrituras Sagradas é repetidamente chamado de “servo de Deus”, pois “foi fiel em toda a sua casa” (Hb 3.5). No último livro do Antigo Testamento, Deus chama Moisés de “meu servo” (Ml 4.4), e no último livro do Novo Testamento ele é chamado “Moisés, servo de Deus” (Ap 15.3). Moisés é uma figura tipológica de Cristo. [Comentário: Moisés foi, sem dúvida alguma, uma das maiores personalidades e um dos maiores heróis da fé de todos os tempos. O seu legado não ficou restrito ao povo de Israel, mas foi estendido à humanidade como um todo e à Igreja até os dias de hoje. Nesta última lição, o comentarista apresenta alguns pontos desse legado, aspectos especiais e inspiradores da vida e da obra de Moisés, e sua importância para os crentes em Cristo de todos os tempos. O Dicionário Aurélio da língua portuguesa define legado como: “dádiva deixada em testamento, aquilo que alguém transmite a outrem ou a posteridade” também pode ser do Latim “legatu” que significa: “embaixador, enviado” (FERREIRA, 2004, p. 1190). Podemos ainda dizer que um legado pode ser constituído por alguma coisa imaterial, ou seja, uma herança cultural, linguística, intelectual. Este grande líder deixou uma espantosa coletânea de escritos, que incluem poesia (Jó, Salmo 90), prosa literária com fundo histórico (Gênesis, Êxodo, Números), genealogias (Gênesis, capítulos 5, 11, 19, 22, 25) e um notável código de leis chamado de Lei de Moisés (Êxodo, capítulos 20-40; Levítico; Números; Deuteronômio).]. Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!

I. OS ÚLTIMOS DIAS DE MOISÉS

1. As palavras de despedida. O ministério de Moisés chegaria ao fim em breve. Consciente deste fato, ele se despede ensinando o seu povo a guardar as leis.
No capítulo 32 do livro de Deuteronômio, temos o último cântico de Moisés. O servo do Senhor se despede com adoração e louvor. Moisés de forma bem didática faz um resumo de toda a história de Israel em forma de cântico. Segundo a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, ele “fez o povo lembrar de seus erros, a fim de que não mais os repetisse e suscitou a nação a confiar apenas em Deus”. [Comentário: “Goteje a minha doutrina como a chuva, destile a minha palavra como o orvalho; como chuvisco sobre a selva” (32.1-47). Encontramos nesse poema o autêntico espírito profético. Implícita em cada página dos escritos proféticos, acha-se a convicção de que um ser humano não pode afundar tanto que a Palavra de Deus não seja capaz de alcançá-lo. A doutrina ou “ensino” -como apresenta as versões NTLH e NVI - do concerto tem o efeito que a chuva faz na vegetação, porque é a palavra de Deus. Deve ser recebida neste princípio vital. O termo doutrina (hb. leqah) é usado somente na literatura sapiencial, como, por exemplo, em Provérbios 1.5; 4.2; Jó 11.4 e Isaías 29.24.]
2. Moisés incentiva o povo a meditar na Palavra. Moisés era um homem que amava os preceitos divinos. Por isso, antes de sua partida ele incentiva e reforça a ideia de que os israelitas precisavam ouvir e obedecer às ordenanças de Deus, a fim de que prosperassem enquanto nação. Sabemos que todos que amam e meditam na lei de Deus são bem-aventurados (Sl 1.1-6). [Comentário: Compreendemos que a alegria aqui mencionada é dada por DEUS, como recompensa aos piedosos que a merecem por terem observado a lei. Presume-se que o guardador da lei seja um homem espiritual, inspirado pelo Espírito a ser bom e a praticar o bem. O hebraico diz aqui, literalmente, ‘'oh, felicidade de" ou, simplesmente, “feliz”. O justo tem tanto alegria interior como felicidade exterior.]
3. Moisés vê a Terra Prometida e morre. Antes de morrer, Moisés abençoou cada uma das tribos de Israel (Dt 33.1-29). Ele lutou em favor do seu povo e o amou até os últimos dias de sua vida. Ele foi fiel a Deus e à sua nação em tudo. Por ocasião de sua morte, por ordem de Deus, Moisés sobe até o monte Nebo e dali avista toda a Terra Prometida. Porém, não tem permissão para entrar nela. Moisés havia desobedecido a Deus ferindo a rocha (Nm 20). Ali no monte, solitário, o grande legislador vai se encontrar com o seu Deus. Ele foi sepultado pelo Senhor em um vale na terra de Moabe, todavia, o local nunca foi revelado a ninguém (Dt 34.6). Certamente Deus quis evitar que o local, assim como o corpo de Moisés, fossem venerados pelos israelitas. Durante trinta dias os israelitas choraram e lamentaram a morte de Moisés (Dt 34.8). [Comentário: A Bíblia diz que quando Moisés faleceu, ele estava com 120 anos, que era uma idade já bem longeva para os padrões da época, conforme depoimento do próprio Moisés (SI 90.10). Não obstante, “os seus olhos nunca se escureceram, nem perdeu ele o seu vigor” (Dt 34.7). Estão envolvidas aqui duas tradições acerca do lugar onde Moisés teria morrido: O Monte Nebo, na Transjordânia, a leste da cidade de Jericó; e o Monte Pisga, um pico que existe na mesma serra montanhosa, ligeiramente para oeste. Daquela grande altura, Moisés olhou para o norte, na direção do Mar da Galiléia (área que ficou com as tribos de Dã e Naftali); para o ocidente, na direção do Mar Grande (ou Mediterrâneo); para o sul, na direção do Neguebe (deserto sul de Judá); e na direção do vale do rio Jordão, até Zoar (localizada no extremo sul do Mar Morto (ver Gn 14.2). Yahweh sepultou secretamente o corpo de Moisés (Cf. Nm 27.18- 23). Quanto ao parecer de que Moisés foi o maior de todos os profetas de Israel, conferir Dt 18.15-22; Nm 12.6-8; Os 12.13" (Oxford Annotated Bibleo). “Então subiu Moisés das campinas de Moabe” (Dt 34.1). Era nessa planície que o povo de Israel estava acampado, preparado para invadir a terra de Canaã. A narrativa, abandonada no fim do livro de Números, reinicia-se aqui, uma vez terminados os discursos deuteronômios (que constituem essencialmente o livro) de Moisés (Ver Nm 36.13), último versículo do livro de Números, onde lemos que o povo de Israel estava nas campinas de Moabe. Isso posto, Moisés deixou o acampamento e partiu na direção do Monte (Nebo ou Pisga), que dava de frente para a cidade de Jericó. Todos os nomes próprios que aparecem neste versículo são anotados no Dicionário. É óbvio que os dois montes ou picos mencionados não são um só; mas os intérpretes, a fim de evitar a ideia de discrepância, ou a fim de evitar afirmar que o editor incluiu duas tradições diversas em seu livro, deram a entender que Pisga deve ter sido um pico da serra que se estendia desde o Monte Nebo, de tal modo que o local podia ser chamado Nebo ou Pisga. Fosse como fosse, daquele elevado pico, Yahweh mostrou a Moisés toda a Terra Prometida, apontando-lhe trechos, em diversas direções. A narrativa começa dizendo que Moisés olhou na direção oeste, para então, acompanhando um movimento anti-horário, mencionar áreas em cada uma das outras direções do compasso, ou seja, norte, oeste e sul. Dt 34.4 Esta é a terra. Em outras palavras, toda a Palestina, o território que Yahweh havia prometido dar a Abraão e aos demais patriarcas, Isaque e Jacó, e que agora era entregue aos descendentes deles. Essa era uma das provisões do Pacto Abraâmico (Gn 15.18). Moisés Pôde Contemplar a Terra, Mas Não Pôde Entrar Nela. Isso por ser ele o símbolo da lei, ao passo que Josué, que liderou os hebreus na invasão da Terra Prometida, foi símbolo de Jesus e do sistema da graça-fé, do Novo Testamento. Quanto às razões pelas quais Moisés não teve permissão de entrar na Terra Prometida ver Nm 20.12; Dt 1.37; 3.23,26 e 4.21. A Terra Prometida havia sido assegurada a Abraão (Gên. 15.18), a Isaque (Gên. 26.3), a Jacó (Gên. 28.13) e, daí por diante, ao povo hebreu. Por ocasião de sua morte, Moisés estava com cento e vinte anos de idade. Ver Deu. 31.2 e 34.7. Ele passou por três períodos distintos de quarenta anos cada: missão especial: quarenta anos no Egito; quarenta anos no interior do deserto, em Mídiã; e quarenta anos em perambulações pelo deserto, junto com o povo de Israel. A morte de Moisés não ocorreu por motivo de idade avançada, enfermidade ou acidente, e, sim, de acordo com a palavra que fora dita pelo Senhor, fazendo com que a alma de Moisés saísse de seu corpo e deixasse o corpo físico a fim de ser sepultado. Seja como for, o fato é que a morte de Moisés ocorreu de acordo com a vontade de Deus, sendo que o momento, o lugar e as circunstâncias haviam sido todos determinados por Deus. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 890-891.]
4. Moisés nomeia seu sucessor (Dt 31.1-8). É necessário começar bem um ministério e terminá-lo de igual forma. Moisés preparou Josué para que este fosse o seu sucessor. O Legislador de Israel tinha consciência de que seu ministério um dia findaria. É muito importante que o líder do povo de Deus tenha esta consciência e prepare os seus sucessores ainda em vida, assim como fez Moisés (Dt 34.7-9). [Comentário: Moisés Não Pôde Entrar em Canaã. Ver a história sobre isso em Nm 20.1- 13. Cf. Dt 3.27. Veja Nm 20.12 quanto às diversas razões pelas quais ele foi barrado. É provável que os trechos de Dt 1.37 e 3.23 nos forneçam a maior de todas as razões. Foi “por causa de Israel”, mais do que por sua própria culpa, que a Moisés foi negada a permissão de entrar na Terra Prometida. Em outras palavras, a identificação de Moisés com o povo de Israel era tão profunda que ele precisou compartilhar da sorte da geração mais velha, rebelde. Moisés, um tipo da lei, não poderia mesmo introduzir o povo de Israel na Terra Prometida, mas chegou somente até a fronteira. Porém Cristo, o segundo Moisés, por meio do sistema da graça-fé, foi capaz de assim o fazer. A Terra Prometida simboliza a salvação. Vemos, pois, que mesmo dentro desse simbolismo, a salvação não ocorre por meio da obediência à lei mosaica, mas mediante a graça de Deus em Jesus Cristo. Josué já havia sido nomeado como o sucessor de Moisés. Josué não seria um grande profeta como Moisés, o qual conheceu a Yahweh face a face; mas seria um excelente instrumento para a missão de introduzir Israel na Terra Prometida, apto como general e um excelente líder. A missão de Josué era diferente da missão de Moisés, embora fosse uma missão necessária, que confirmava e ampliava o poder e a missão de Moisés. Os dois faziam parte da mesma equipe, e não competiam um com o outro. Ό programa de Deus para a nação de Israel não dependia de nenhum líder humano. Dependia somente do poder de Deus, para que fossem cumpridas as promessas do pacto” (Jack S. Deere, in loc.). Sete povos diferentes tinham de ser destruídos (Êx 33.2 e Dt 7.1). Esses povos eram mais numerosos e mais poderosos do que Israel, mas faltava-lhes a ajuda divina, pelo que sucumbiram diante de um poder militar inferior. A derrota infligida sobre os reis Seom e  Ogue, registrada no capítulo 21 do livro de Números, tinham sido apenas vitórias preliminares, que tinham servido para infundir coragem aos israelitas, ajudando-os a atirar-se no cumprimento de um tremendo labor. Yahweh afirmou especificamente que o resto da campanha militar obteria um resultado similar, pelo que aquelas vitórias se tornaram lições objetivas, como garantias de vitórias ainda maiores que viriam em seguida. A mudança de liderança não seria prejudicial para os filhos de Israel. Afinal de contas, a realização era de Yahweh, e não dos homens. “Moisés preparou Josué para a gigantesca tarefa que havia à frente. Foi por idênticas razões que JESUS preparou os Seus apóstolos. Todos aqueles cuja vida fica envolvida na sua tarefa esforçar-se-ão para prover uma liderança adequada aos seus continuadores, pois a grande preocupação de um líder religioso deve ser a sucessão de homens piedosos que haverão de segui-lo” (Henry H. Shires, in loc.). Cf. Jos. 1.5, onde Josué repetiu essas palavras de encorajamento a outros líderes. “Nessas palavras, Moisés entregou formalmente a incumbência de dirigir o povo de Israel a Josué, que deveria liderá-los na travessia do Jordão e além” (Ellicott, in loc.). Israel enfrentaria adversários muito mais fortes, mas não precisaria ficar desencorajado, porquanto um poder mais do que adequado tinha sido posto à disposição deles para cumprirem a contento a sua missão. O crente precisa confiar na presença fortalecedora de Deus. Assim também Josué foi instruído a esperar grandes coisas da parte de Yahweh. O homem que esteja empenhado em cumprir a sua missão pode esperar receber um grande sucesso. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 872-873.].

SINOPSE DO TÓPICO (I)
Em seus últimos dias de vida, Moisés dispensou palavras de advertências e exortações ao povo. Em seguida, viu a Terra Prometida e morreu.

II. MOISÉS, PASTOR DE ISRAEL

1. Homem de Deus. No final de sua carreira, Moisés é chamado nas Escrituras de “homem de Deus” (Dt 33.1). Ele é também pastor e líder do povo de Israel sob a mão de Deus (Sl 77.20). Assim, Homem de Deus é o homem a quem Deus usa como Ele quer. [Comentário: “O teu povo, tu o conduziste, como rebanho”(Sl 77.20). Israel era o rebanho de Deus, que Ele tirou da escravidão no Egito. Israel era o Seu rebanho, quando se aproximou das águas temíveis. Os subpastores foram Moisés e Arão. Eles chegaram à beira-mar, estando o mar à frente e o exército egípcio avançando por trás. O braço poderoso de Deus se ergueu, e as águas foram divididas. Um caminho se formou no meio do mar, e os homens, admirados, seguiram por aquele caminho em segurança. O Pastor divino não perdeu uma única ovelha (Cf. Sl 23; 78.52; 79.13; 100.3). Quanto à liderança do Senhor durante o Êxodo, ver Êx 13.21; 15.13 e 78.52,53. Quanto à liderança de Moisés e Arão, ver Nm 33.1. Cf. Os 12.13; Is 63.11,12 e Mq 6.4. Nos países orientais, o pastor lidera, em vez de tanger as ovelhas. O povo de Israel não teria atravessado o mar Vermelho se Yahweh não houvesse seguido à frente deles, tornando aquela vereda um caminho possível e seguro. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2291.]
2. Homem de oração. A vida de intensa oração de Moisés resultou em força, coragem, destemor, sabedoria e humildade, pois o povo de Israel era na época muito desobediente, murmurador e carnal. Moisés era um homem muito ocupado com seus encargos, mas conseguia levar sempre muito tempo em oração intercessória pelo povo. Era com a sabedoria do Alto que Moisés orava. Um exemplo disso está em Êxodo 33.13, quando ele diz: “rogo-te que [...] me faças saber o teu caminho”. No versículo 18, ele ora em continuação: “Rogo-te que me mostres a tua glória”. Essas duas orações não devem ser invertidas pelo crente, como alguns fazem por imaturidade ou fanatismo.
Moisés intercedeu diante do Senhor pedindo para entrar na tão sonhada Terra Prometida, mas Deus negou esse pedido (Dt 3.23-25).
Oremos sempre uns pelos outros, inclusive pelos desconhecidos. Intercedamos “por todos os homens” (1Tm 2.1), a fim de que alcancem a eterna Jerusalém. [Comentário: Êx 33.13 Rogo-te que me faças saber... o teu caminho. Com quanta frequência enfrentamos problemas para os quais precisamos de iluminação. Não basta sermos bem versados nas Escrituras; também não basta orar. Algumas vezes precisamos do toque místico da presença de Deus a fim de podermos entender o Seu plano e o modus operando desse plano. A fé chama-nos à ação quando não podemos ver. Mas às vezes é uma grande ajuda ver alguma coisa! É de prestimoso auxílio ser testemunha do poder de Deus. Nenhum homem é tão forte que não precise desse tipo de ajuda, mesmo que só ocasionalmente. Deus se conserva em meio à luz inarcesível, para ver o que podemos fazer com os dons e a graça que Ele nos tem outorgado. Ele nos dá oportunidades e espera que usemos nossos próprios dons e poderes. Ele provê para Seus filhos uma boa educação, esperando da parte deles que usem essa instrução. Mas ao notar que eles têm mais para fazer do que são capazes de fazer, Ele sai das luz anacersível e provê a assistência divina. Esta nação é teu povo. Em Êxodo 32.7, Yahweh pareceu ter renegado a Seu povo, chamando-o de povo “de Moisés” e não Dele mesmo. A primeira intercessão de Moisés lembrou Yahweh da relação especial que Ele mantivera com Israel como um filho (Êx 32.7-14). Abraão, Isaque e Jacó tinham que ser levados em consideração, sem falar sobre o Pacto Abraâmico. Sendo esses fatos indiscutíveis, Moisés sentiu ser necessário que Yahweh reafirmasse Suas boas intenções no tocante a Israel, garantindo a Sua presença, para que a marcha até à Terra Prometida tivesse bom êxito. Êx 33.18 Rogo-te que me mostres a tua glória. Moisés estava sempre pronto para fazer outra petição audaciosa. Visto que Yahweh tinha prometido a Sua presença e orientação, Moisés agora anelou por ver alguma manifestação especial de Deus. E pediu uma poderosíssima experiência mística. Moisés desejava que Deus se manifestasse de modo totalmente franco a ele. Então Moisés entenderia o caráter e o poder de Deus de uma maneira que não tinha sucedido ainda até ali. Yahweh satisfaria esse pedido, embora com limitações (vs. 23), pois uma revelação completa de Deus só aconteceria na eternidade, e como uma questão de progresso espiritual eterno, não podendo ser dado como um único acontecimento. Moisés estava pedindo demais, mas é melhor pedir demais, com sinceridade, do que não ser um inquiridor. É melhor pedir demais do que pedir a menos. É melhor crer demais do que crer a menos. Essa visão é uma questão de glorificação eterna, e não de um único acontecimento dentro do tempo. Essa experiência inclui a participação na natureza divina, de um filho com seu Pai celeste. As expectações de Moisés eram demasiadas para este lado da vida, mas seu zelo obteve para ele experiências tremendas, embora não tudo quanto ele esperava. Ademais, o que ele havia esperado estava muito acima do escopo da experiência humana mortal. Algo visível e glorioso haveria de ser dado, mas Moisés não veria a essência mesma da deidade, e, sim, alguma manifestação de Deus. “Talvez esse tenha sido o mais alto favor que já foi concedido a um ser humano, antes da encarnação de nosso Senhor* (John Gill, in loc.). “Embora os homens não pudessem ver a Deus, eles puderam contemplar a glória que indicava a Sua presença (Êx 40.34; Nm 14.10,22; 16.19; Ez 11.23”). CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 455-456.]
3. Homem de fé. Moisés agia por fé em Deus (Hb 11.24-29), daí, a quantidade de milagres realizados pelo Senhor através dele. Seus pais foram campeões da fé (Hb 11.23), pois a fé em Deus opera milagres (Mt 17.18-21; At 3.16; 6.8;). Aliás, um dos dons espirituais é o da fé (1Co 12.9); fé para operar maravilhas. Moisés e Arão realizaram muitos milagres perante Faraó e seus oficiais no período que precedeu a saída de Israel do Egito (Êx 4-12). Esses milagres em forma de catástrofes tinham por objetivo demonstrar publicamente que os deuses do Egito nada eram diante do Deus verdadeiro e único de Israel (Êx 12.12; Nm 33.4). [Comentário: Hb 11.26-29: “Pela fé deixou o Egito... Pela fé celebrou a páscoa e a aspersão do sangue... Pela fé passaram o Mar Vermelho, como por terra seca”. Foi a fé que capacitou Anrão e Joquebede a esconder Moisés, já nascido [...] três meses [...] porque viram que era um menino formoso; e não temeram o mandamento do rei (Ex 2.2ss). verdadeira fé sempre sai do Egito. Ela nunca fica. Na verdade, o versículo 27 é tanto um prefácio como uma apresentação prévia desta seção, que consiste em esboçar os pontos altos da migração do Egito para Canaã. A história aqui não é de todo brilhante; uma descrença vergonhosa tornou a história acidentada, com consequências trágicas. Os cristãos hebreus têm sido lembrados deste fato com muita intensidade. Mas a atenção agora está no fato de que a nação nunca teria sido liberta da escravidão, e nunca teria entrado em Canaã, se não fosse por aqueles que tiveram fé. Cada passo importante era uma vitória da fé. Mas a dúvida nunca registrou avanços. a) A Páscoa (11.28). O primeiro passo preparatório essencial no Êxodo foi a Páscoa. Pela fé, celebrou a Páscoa e a aspersão do sangue. O objetivo era escapar da espada do destruidor dos primogênitos. Este ato de julgamento divino não era somente necessário e justificado pela teimosia egípcia, mas foi simbólico da morte eterna que é endêmica do Egito espiritual. Semelhantemente, o cordeiro morto era simbólico do futuro Cordeiro de DEUS, que tiraria o pecado do mundo (Jo 1.29). Não há escape, quer da escravidão egípcia ou da escuridão ou morte egípcia, sem o aspergir do sangue. Mas note bem, a vida não depende apenas do sangue derramado, mas do sangue aplicado. Somente o derramar do sangue não teria protegido ninguém. Havia salvação somente à medida que o sangue era aspergido individualmente na verga da porta e em ambas as ombreiras das casas (Ex 12.23). A verdade aplica-se igualmente ao sangue do Cordeiro de DEUS. Somente quando a fé toma posse e o ESPÍRITO opera, que o Sangue salva. b) O mar Vermelho (11.29). Pela fé, passaram o mar Vermelho, como por terra seca. Para maiores detalhes, leia Êxodo 14.22-27. A fé agora é atribuída ao povo, bem como a Moisés. Neste acontecimento, vemos a diferença entre fé e presunção. A fé não depende do que é feito, mas com que autoridade. Israel agiu de acordo com a ordem divina, mas o intentar (lit., tentar) dos egípcios em fazer a mesma coisa causou o seu afogamento. A mesma ação pode ser apropriada e bem-sucedida ou presunçosa, fanática e desastrosa, dependendo da presença ou ausência de DEUS. “Com DEUS, ando sobre o mar; sem Ele, nem saio pela porta”. Richard S. Taylor. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 109-111. Moisés e o Êxodo].

SINOPSE DO TÓPICO (II)
Moisés como pastor de Israel era um homem de Deus, de oração e de fé.

III. APRENDENDO COM MOISÉS

1. A cultivar comunhão com Deus. “Cultivar”, significa incentivar, preparar para o crescimento. Muito antes de as primeiras flores aparecerem ou os sinais do fruto serem vistos, muito foi feito para preparar a planta para o fruto esperado. O lavrador cuida da planta com zelo para que esta seja mais produtiva. Este processo de carinho e atenção é o cultivo. É em nossa relação com Deus, mediante a comunhão contínua, que nossa vida é mudada e desenvolvida em direção à realização plena. Como filho de Deus, você desfruta de plena comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo? Cultive, como Moisés, esta comunhão, passando mais tempo com Deus em oração, leitura da Palavra e adoração. Moisés foi um homem que cultivou uma comunhão bastante íntima com Deus. [Comentário: Há uma comunhão com Deus, por meio do Espírito, O espírito humano é capaz de ter comunhão com o Espírito Santo. Paulo, por mais de cento e sessenta vezes, falou em estarmos em Cristo, retratando, com essas duas palavras, a nossa comunhão mística (1Co 1.4). A comunhão não tem apenas a dimensão humana, do homem com homem; também tem a dimensão divina, do homem com Deus. O trecho de Efésios 4.1-6, e vários trechos paralelos, dão-nos esse ensino. Diz 1João 1.3: «... a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo... o Espírito Santo reside em nós e nos confere comunhão divina (João 14.16 ss). Cristo é a vinha, e nós somos os ramos, pelo que devemos pensar em uma comunhão orgânica (João 15). Há a comunhão do Espirito (Fp 2.1 ss). «A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós. (2Co 13.13). CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 822.]
2. A ter comunhão com outros crentes. Através da vida de comunhão com os santos, você é incentivado a viver a vida cristã saudável e abundante. Os primeiros cristãos tinham comunhão diária entre si (At 2.46). Não admira que suas vidas fossem testemunhos poderosos do Evangelho e fizessem com que as pessoas tivessem sede de salvação. Havia uma colheita diária de almas, à medida que o Senhor acrescentava à igreja os que iam sendo salvos (At 2.46,47). Moisés prezava pela comunhão em família e com todo o povo de Deus. Sigamos de perto o seu exemplo e busquemos a comunhão com os nossos irmãos, pois estamos também todos caminhando rumo à Terra Prometida. [Comentário: At 2.46 É verdade, porém, que ao mesmo tempo tinham necessidade de seus próprios encontros: “Partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com regozijo e singeleza de coração.” Essas reuniões nas refeições comunitárias caracterizavam-se pela “regozijo e singeleza de coração”. Com certeza deram pouca atenção ao cardápio! Essa alegria jubilosa não era um contraste para o “temor”, nem sequer era limitada apenas pelo temor, mas, exatamente como o “temor”, constituía o efeito da presença plena de Deus. Sempre deixamos de ver a verdade quando separamos em Deus a justiça e o amor, a seriedade e a bondade. Por isso sempre perdemos a alegria profunda quando perdemos o temor diante de Deus. Pelo Deus vivo revelado em Jesus, em Sua cruz e ressurreição foram-nos dados gratidão efusiva e santo respeito. O Espírito Santo em nossos corações faz-nos regozijar e tremer, temer e amar a Deus. É preciso levar em conta que a palavra “regozijar” sempre possui conotação “escatológica”. “Os resgatados do Senhor voltarão e virão a Sião com cânticos de júbilo; alegria eterna coroará a sua cabeça; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido”, profetizou Isaías (Is 35.10). Ao serem celebradas agora na igreja as refeições cheias de júbilo e louvor a Deus, apesar de toda a pobreza material, essas refeições já eram prefiguração e primeira garantia do banquete nupcial do fim dos tempos, quando Deus estará no meio de seu povo com toda a Sua glória e presença visíveis e o encherá com “alegria indizível e gloriosa” (1Pe 1.8). A circunstância de que eles, inimigos de Deus e assassinos de Jesus, podiam pertencer a esses “redimidos do Senhor” representava uma razão sempre renovada desse “regozijo” que agora já perpassava os dias da novel igreja com seu brilho. As orações de santa ceia transmitidas no assim chamado “Didaquê” nos permitem perceber algo de como precisamos imaginar esse “tomar as refeições com regozijo e singeleza de coração e com louvor a Deus”. Consequentemente, esses primeiros cristãos estavam em paz com Deus e as pessoas, “louvavam a Deus e contavam com a simpatia de todo o povo”. Foi um grande presente que essa igreja – diferente da de Tessalônica (1Ts 1.6) – pôde organizar-se inicialmente em paz. No momento não havia dificuldades exteriores para chegar à fé em Jesus e lhe render a vida. É óbvio que a superação interior dos corações não é produzida pela simpatia exterior, e nem mesmo pela palavra desafiadora de uma igreja viva como tal. Somente o próprio Senhor pode nos resgatar da incredulidade e perdição e nos conceder a conversão. Foi assim que Jesus fez naquele tempo. Não se limitou ao avivamento daquele primeiro dia de Pentecostes. Diariamente acontecia a grande alegria por pessoas que se deixavam salvar. “O Senhor, porém, acrescentava os que iam sendo salvos, dia a dia, ao mesmo”. Werner de Boor. Comentário Esperança Atos. Editora Evangélica Esperança.]
3. A aceitar o ministério de líderes piedosos. Os líderes são instrumentos de Deus para alimentar e nutrir seu povo. Efésios 4.11-13 enfatiza que o propósito dos ministérios de apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores na igreja é edificar o povo de Deus. Quando você aceita e aplica os ensinos de Deus, que nos são proporcionados por meio dos líderes que Ele chamou, você é levado a um lugar de maior fertilidade e de crescimento (Ef 4.16). Toda vez que os hebreus deixavam de obedecer a Moisés eles pecavam e eram grandemente prejudicados. Quando Miriã se rebelou contra a liderança de Moisés, seu irmão, ela ficou leprosa e o povo todo não pôde partir. Todos ficaram retidos pela desobediência de uma única pessoa. [Comentário: “Devemos a Cristo o fato de termos ministros do evangelho”, diz Calvino. A Igreja pode indicar homens para diferentes trabalhos e funções, mas, a menos que tenham os dons do Espírito e sejam, portanto, eles mesmos os dons de Cristo à Sua Igreja, sua indicação será sem valor. A expressão também “serve para lembrar aos ministros que os dons do Espírito não são para enriquecimento pessoal, e sim para enriquecimento da Igreja” (Allan). Se esta epístola tivesse sido escrita numa data posterior, conforme o pensamento de alguns, seria quase impossível não existir referência ao ministério local dos bispos, presbíteros e diáconos, os quais se tornaram da maior importância para a Igreja. Assim, o apóstolo não está pensando nos ministros de Cristo em seus ofícios, mas sim em seus dons espirituais específicos e suas tarefas, e havia muitos que não estavam limitados a uma determinada localidade no exercício de suas funções para a edificação da Igreja. Este fato explica a seleção que encontramos aqui e na lista semelhante em 1 Coríntios 12.28. Em primeiro lugar estavam os apóstolos. A palavra apóstolos é usada no Novo Testamento com três sentidos diferentes. Podia significar simplesmente um mensageiro, como é aparentemente o caso em Filipenses 2.25 sentido esse que podemos deixar de lado aqui. Era usada acima de tudo para os doze, que por todo o Novo Testamento ocuparam uma posição especial e preeminente (1 Co 15.5; Ap 21.14). Mas lemos a respeito de outros como apóstolos, não apenas o próprio Paulo e Barnabé (At 14.14), mas também Tiago, o irmão do Senhor (G1 1.19), Silas (1 Ts 2.7), e Júnias e Andrônico que são mencionados apenas em Romanos 16.7. De fato, parece terem existido alguns que podem ser verdadeiramente chamados de apóstolos (1 Co 15.7), mas que não conhecemos nem de nome. De acordo com as palavras de Paulo em 1 Coríntios 9.1 parece que uma das qualidades para o apostolado era a de ter visto o Senhor JESUS ressurreto, e de ter sido enviado por Ele, e, dessa forma, ter assumido pessoalmente o compromisso como membro considerado fundador (Ef 2.20), consagrado ao trabalho de edificação da Igreja. Se a qualificação para ser apóstolo era a de ter visto o Senhor ressurreto e de ter sido enviado por Ele, a prova de ser apóstolo eram seus labores no poder de Cristo, inclusive “por sinais, prodígios e poderes miraculosos” (2 Co 12.12). Francis Foulkes. Efésios. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 98]
4. A ter cuidado com os inimigos. Ao entrarem na Terra Prometida, os israelitas tinham de destruir as nações ímpias que ali viviam. Esse era o plano de Deus, mas Israel não o seguiu. Em consequência disso, o povo de Israel foi seduzido pelos maus caminhos desses povos (Sl 106.34-36). Essa experiência é um aviso para nós. Cuidado com o Inimigo e as suas propostas. Vigie para que você e sua família não sejam seduzidos pelas coisas deste mundo. O mundo e a sua concupiscência é passageiro, mas os valores de Deus e a sua Palavra são eternos. [Comentário: Sl 106.34 Não exterminaram os povos. Tendo entrado na Terra Prometida, os hebreus não foram capazes de exterminar os cananeus nativos, conforme as referências dadas anteriormente o demonstram. Apareceram muitos bolsões de resistência, e em cada um houve uma má influência qualquer que fez com que Israel pecasse, especialmente imiscuindo-se na idolatria. Somente nos tempos de Davi os inimigos de Israel foram finalmente aniquilados ou confinados. (Ver em 2Sm 10.19 como Davi derrotou oito nações inimigas.) Tendo derrotado esses povos, Davi possibilitou a Salomão uma boa era de paz, a época áurea de Israel. Mas isso levou vários séculos para ser realizado. O poeta sentiu que a falta de fé de Israel impediu o processo da conquista. Os israelitas contentaram-se com o que já tinham conseguido, pelo que estavam sendo constantemente atacados pelos povos não dominados, além de se deixarem corromper moral e espiritualmente. Eles deveriam ter feito guerra santa contra aqueles povos, levando-os ao aniquilamento total, incluindo homens e animais, e nem ao menos ficando com os despojos. Quanto a isso, ver Dt 7.1-5 e 20.10-18. Sl 106.35 Antes se mesclaram com as nações. Israel continuou a mesclar-se com os povos em derredor, aprendendo más ideias e maus hábitos, especialmente a idolatria e a variedade de pecados que sempre a acompanha. Essas práticas eram imorais, incluindo prostituição sagrada e até sacrifícios infantis (vss. 37-40), a mais terrível de todas as práticas associadas à idolatria (ver a respeito no Dicionário) Os pagãos os engaiolaram como pássaros e os fizeram transformar- se em um povo pagão (Jz 2.3; Êx 23.33; Dt 7.16). Josué e outros homens de Deus avisaram acerca do que estava acontecendo (Js 23.12,13), mas os filhos de Israel não atentaram para essas advertências. Os casamentos mistos promoviam a corrupção geral (Dt 7.3.4). Sl 106.36 Deram culto a seus ídolos. A idolatria era o pior dos pecados de Israel, multifacetado e mortífero para o espírito. A síndrome do pecado-julgamento-restauração nunca deixou de rolar até que os cativeiros assírio e babilônico puseram fim a esse ciclo (Êx 23.33 e Jz 8.27). A armadilha causou destruição, tal como uma ave é apanhada pela rede e depois é morta, de maneira que o seu corpo pode ser usado como alimento ou em algum outro propósito (Ex 10.7). Quanto à adoção dos pactos canaanitas, ver Jz 2.11,12; 2Reis 16.3,4."... tal como uma ave ou fera em uma armadilha, eles foram levados à tribulação e à angústia, das quais foram incapazes de livrar-se” (John Gill, in loc.). CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2397-2398.]
SINOPSE DO TÓPICO (III)
A vida de Moisés nos ensina a cultivar a comunhão com Deus e com o próximo, a piedade e a prudência.

CONCLUSÃO
Moisés cumpriu sua carreira com fé em Deus, coragem e determinação. Em tudo ele buscou ser fiel ao Senhor. Sigamos o exemplo deste líder a fim de que possamos viver com sabedoria e a agradar a Deus em toda a nossa maneira de viver. [Comentário: O Pentateuco termina com realismo (‘Vocês ainda não são o que Deus quer que vocês sejam’) e esperança (‘Logo vocês estarão no lugar que Deus lhes separou’). É no deserto que você está, mas não é no deserto que ficará. Para citar Walter Brueggemann: ‘O texto, de mais a mais, serve para todo o tipo de comunidades de exilados. O Pentateuco é, no final das contas, a promessa de um lar e de um retorno ao lar. É uma promessa dada pelo Deus de todas as promessas, que jamais se contentará com o deserto, o exílio ou o degredo’” (HAMILTON, V. P. Manual do Pentateuco: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. 1 ed., RJ: CPAD, 2006, pp.534-35)]. “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,

Graça e Paz a todos que estão em Cristo!

Francisco Barbosa










terça-feira, 18 de março de 2014

LIÇÃO 12 - A CONSAGRAÇÃO DOS SACERDOTES




SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO
Na aula anterior estudamos a respeito da escolha dos filhos de Arão para ministrarem no tabernáculo, como sacerdotes. Nesta aula nos voltaremos para a consagração dos sacerdotes, destacando os procedimentos rituais pelos quais esses passavam durante esse processo. Em seguida, mostraremos como acontecia a ministração por parte dos sacerdotes na tenda do Senhor. Ao final, ressaltaremos que Cristo, o Sumo-Sacerdote, é Aquele que ofereceu sacrifício perfeito pelos nossos pecados.

1. A CONSAGRAÇÃO SACERDOTAL
Os sacerdotes deveriam participar do culto público no qual passariam por um processo de consagração. Durante essa celebração eles deveriam ser lavados (Ex. 29.4; Lv. 8.6), e para esse fim Moisés conduziu Arão e seus filhos à porta do tabernáculo. O ato de lavar representava a purificação dos sacerdotes para o ofício. Eles deveriam lavar as mãos e os pés na bacia, demonstrando, assim, que estavam sendo purificados diante do Senhor. Os cristãos do Novo Pacto passaram por esse processo de purificação ao aceitarem a Cristo como Salvador (I Co. 6.9-11). Dando continuidade ao ritual, os sacerdotes eram vestidos com a indumentária especificada em Ex. 28, não podemos deixar de ressaltar que essa vestimenta destacava a dignidade do ministério (Ex. 29.5-9). Como cristãos, devemos deixar de lado as vestes imundas, e nos revestirmos dos trajes da graça em Cristo (Ef. 4.17-32; Cl. 3.1-15). Depois os sacerdotes eram ungidos com um óleo especial (Ex. 29.7,21; 30.22,23). O óleo no Antigo Testamento é símbolo do Espírito Santo para ter poder e servir (Is. 61.1-3). O ministério de Cristo foi conduzido pelo poder do Espírito Santo (Lc. 4.17-19). A igreja também deve buscar o poder de Deus para testemunhar com eficácia a respeito da morte e ressurreição de Cristo (At. 1.8). Os crentes, individualmente, precisam ser cheio do Espírito Santo (Ef. 5.18). Como parte do procedimento, o pecado dos sacerdotes era perdoado, isso porque um touro era imolado para sacrifício, o que era repetido ao longo da semana (Ex. 29.10-14). Aqueles que ministram diante de Deus, e para o povo, precisam antes passaram pelo novo nascimento, da água e do Espírito (Jo. 3.3). Os sacerdotes eram, em seguida, consagrados a Deus, para dependerem integralmente do ministério (Ex. 29.15-18). Como cristãos, precisamos também nos entregar incondicionalmente à vontade de Deus, em culto santo e agradável (Rm. 12.1,2; I Tm. 4.15). Posteriormente os sacerdotes eram marcados pelo sangue, que apontava para uma vida de sacrifício, a serviço do Senhor (Ex. 29.22-28). É uma pena que alguns que ministram na casa de Deus querem apenas satisfazer seus interesses (I Sm. 2.17-17).

2. A MINISTRAÇÃO SACERDOTAL
Os sacerdotes tinham a responsabilidade de ministrarem diante do Senhor, para tanto durante a semana teriam que ficar dentro dos limites do tabernáculo (Lv. 9.33-36). Esse era um processo de concentração, isto é, de preparação para a ministração no culto. Os pastores precisam atentar para a preparação na ministração da palavra. Há obreiros que dependem apenas de seus esboços, alguns deles extraídos da internet, ou de esboços de livros. Não há mais consagração na vida de alguns pastores antes da ministração, de modo que seus ouvintes percebem que estão tão somente repassando informações. Falta vida em muitos sermões nas igrejas, simplesmente porque os pastores deixaram de orar, de se consagrarem para o ministério. A burocracia eclesiástica, pautada pelo ativismo, está minando a espiritualidade de muitos obreiros. Na Antiga Aliança o sacerdote começava o dia sacrificando um cordeiro como holocausto, significando consagração total a Deus. Ao final do dia ele apresentava outro cordeiro em sacrifício pelo povo. Como os sacerdotes, precisamos começar o dia, e termina-lo, em consagração ao Senhor. Cada cristão deve viver, integralmente, 24 horas por dia, 31 dias por mês, 366 dias do ano para o Senhor. O culto no templo é importante, mas a vida cristã é uma questão de estilo, que se concretiza em todo tempo e nos vários lugares. É importante também separarmos momentos silenciosos para estar na presença do Senhor (Mt. 6.7-15). O sacerdote também oferecia sacrifícios de manjares, colocando uma porção simbólica de farinha no altar e usavam o restante para suas refeições. A farinha, bem como o vinho, representavam o fruto do trabalho do povo, e a providência divina para alimentá-lo (Dt. 6.6-18). Devemos aprender a ser gratos ao Senhor pelo pão nosso de cada dia, por sua graça maravilhosa, que tem nos suprido com o sustento necessário (I Co. 10.31).

3. O SACERDÓCIO DE CRISTO
Cristo é o nosso Sumo-sacerdote, que penetrou os céus, e que se identifica com nossas fraquezas (Hb. 4.14-16). A função do sacerdote era interceder e oferecer sacrifícios pelo povo. Ele poderia entrar no Santo dos santos, com o sangue do cordeiro, uma vez ao ano, para purificação do pecado povo (Hb. 9.22). Jesus, o Sumo Sacerdote, “penetrou os céus” e onde se encontra continuamente para interceder pelos pecadores arrependidos (I Jo. 2.10). Ele não era da tribo de Levi, por isso sua ordem é a de Melquisedque,“sem pai, sem mãe, sem genealogia”, portanto, superior, eterno e imutável (Gn. 14.18; Hb. 7.3). Por esse motivo “pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb. 7.25). Jesus entrou no lugar santo não com sangue de cordeiros e bodes, mas com Seu próprio sangue, “uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção” (Hb. 9.11-15). O sacerdócio de Cristo é perfeito, por isso os sacrifícios não precisam mais ser repetidos, foi único, perfeito e perpétuo (Hb. 7.25-28). Assim, se andarmos na luz, como Ele está na luz, “o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (I Jo. 1.7). Essa doutrina nos inspira, portanto, a um viver santo, em novidade de vida, a fim de agradar a Deus, não para sermos salvos, mas porque Ele nos salvou (Ef. 2.8-10). Essa é também uma mensagem de esperança, pois podemos guardar “firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel” (Hb. 10.23). É importante destacar que temos, em Cristo, um Sumo Sacerdote que se identifica conosco, que conhece nossas limitações (Hb. 4.15; 5.1,2). Por isso podemos nos achegar, confiadamente, junto ao trono da graça, não por méritos próprios, mas pela graça manifestada em Cristo, na cruz do calvário (Hb. 4.16), temos intrepidez para entrar nos Santos dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que Ele nos consagrou (Hb. 10.19,20).

CONCLUSÃO
Os sacerdotes da Antiga Aliança eram consagrados ao serviço do Senhor. Para isso, passavam por um ritual, por meio do qual eram reconhecidos, publicamente como ministros separados para o serviço. Como líderes no ministério, devemos consagrar nossas vidas diante de Deus, em sacrifício vivo, santo e agradável. Cristo é o nosso exemplo, pois carregou sobre Si o sofrimento pelos nossos pecados, sendo Ele também a propiciação pelas transgressões. Por causa da perfeição do Seu sacrifício, e Sacerdócio, podemos nos aproximar com confiança de Deus, chamando-O de Aba, Pai (Mt. 6.9,10; Gl. 4.4-6). 
 
José Roberto A. Barbosa

 
SUBSÍDIO II
 
 
INTRODUÇÃO

Palavra Chave
Consagração: Ação de dedicar-se a Deus; dedicação, sagração.

Deus ordenou que Moisés separasse Arão e seus filhos para o sacerdócio. O vestiário, bem como o modo de proceder dos sacerdotes, foram dados por orientações do próprio Deus. Antes de oferecer sacrifícios em favor do povo, Arão deveria oferecer sacrifício para a remissão dos seus próprios pecados. Na lição de hoje, estudaremos a respeito do ato de consagração e purificação do sacerdócio, conforme as determinações de Deus. [Comentário: Na continuidade do estudo do livro de Êxodo, estudaremos o capítulo 29, onde o Senhor descreve a Moisés o ritual da consagração dos sacerdotes. Até o momento, temos visto como o próprio Deus resgatou Israel do Egito, proveu um líder forte, uma lei sem comparação; agora, YAHWEH requer uma adoração orientada por Ele mesmo; ensina-lhes a respeito do ofício Sacerdotal e separa a família de Arão e os levitas para esta obra. Esses filhos de Arão eram responsáveis por oferecer sacrifícios a Deus em busca do perdão dos pecados do povo. Eram eles e só eles, então, ministros de Deus. A cerimônia da consagração dos sacerdotes é uma belíssima lição sobre o sacerdócio do cristão. O termo "sacerdote" ficou exclusivo para um tipo de ministério, que se tornou amplo para incluir os músicos, os porteiros, os metalúrgicos, os reis e os profetas, entre outros indivíduos que se colocavam nas mãos de Deus para ajudar o povo a crescer. O salmista chega a chamar de ministros a todos que fazem a vontade do Senhor (Salmo 103.21). O profeta Isaías espera por um tempo em que o povo de Deus (isto é, todos quanto levam Deus a sério) sejam chamados de sacerdotes e ministros do Senhor (Isaías 61.6).]. Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!

I. A CONSAGRAÇÃO DE ARÃO E SEUS FILHOS

1. A lavagem com água. “Então, farás chegar Arão e seus filhos à porta da tenda da congregação e os lavarás com água” (Êx 29.4). Muitos eram os rituais de preparação que os sacerdotes deveriam realizar antes de se achegarem à presença de Deus. Uma parte dos rituais era a lavagem com água, que simbolizava pureza e perfeição. Deus é santo e requer santidade do seu povo: “Santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (Lv 19.2). Atualmente o crente é limpo pela Palavra (Jo 15.3) e pelo sangue de Cristo (1Jo 1.7). Sem pureza e santidade não podemos nos achegar à presença de Deus.
Uma importante razão pela qual o crente deve santificar-se é que a santidade de Deus, em parte, é revelada através do procedimento justo e da vida santificada do crente. [Comentário:A purificação ritual lidava com purificação exterior de uma pessoa. Essa lavagem prefigura o batismo do Novo Testamento. Estas cerimônias de consagração dos sacerdotes estão descritas em Êxodo 29 e Levítico 8. Era parte desse ritual a lavagem do corpo, unção, vestimenta e sacrifícios. C. H. Mackintosh, em seu livro “Estudos Sobre O Livro De Êxodo” (Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé), afirma que “Nos primeiros versículos deste capítulo é dado o primeiro lugar a Arão. "Então, farás chegar Arão e seus filhos à porta da tenda da congregação e os lavarás com água" (versículo 4). A lavagem da água tornava Arão simbolicamente aquilo que Cristo é intrinsecamente, isto é: santo. A Igreja é santa em virtude de estar ligada a Cristo na vida de ressurreição. Ele é a definição perfeita daquilo que ela é perante Deus. O ato cerimonial da lavagem da água representa a ação da palavra de Deus (Ef 5.26). "E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade" (Jo 17.19), disse o Senhor Jesus. Separou-Se para Deus no poder de uma perfeita obediência, orientando-Se em todas as coisas, como homem, pela Palavra, mediante o Espírito eterno, a fim de que todos aqueles que são d'Ele pudessem ser inteiramente separados pelo poder moral da verdade” (C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé). Russell Norman CHAMPLIN afirma que o método usado para esta lavagem do corpo era o da imersão, mesmo que não disponhamos de um texto de prova a respeito. Ele cita, ainda, que muitos intérpretes cristãos veem aqui, um símbolo para o batismo, já que a lavagem aqui era do corpo inteiro (cf. Jo 13.10; Hb 10.22), e não somente das mãos e dos pés (Êx 30.19-21). O Targum de Jonathan diz-nos que essa lavagem foi realizada em quarenta grandes receptáculos, cheios de água extraída de mananciais correntes, e que esses receptáculos eram grandes o bastante para que o corpo inteiro dos sacerdotes fosse imerso. Jarchi também alude a como o corpo inteiro de cada sacerdote foi mergulhado na água. A lavagem mesma era um emblema da corrupção retirada, para que a santidade pudesse ser derramada sobre os sacerdotes. Temos aqui a primeira menção bíblica à ablução cerimonial. A água é um símbolo natural da pureza e de um agente natural de purificação. (citação extraída de: CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 434). O Comentário Bíblico Beacon traz a informação de que “os sacerdotes usavam a pia de cobre (30.17-21) para este propósito”.Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 217.].

2. A unção com azeite (Êx 30.23-33). O azeite da unção deveria ser derramado sobre a cabeça de Arão e seus filhos. O azeite é símbolo do Espírito Santo que viria habitar no crente pelo ministério intercessor de Jesus (Jo 14.16,17,26), bem como o batismo com o Espírito Santo (At 1.4,5,8). Assim também a igreja recebeu o penhor do Espírito (2Co 1.21,22), mas alguns de seus membros são individualmente separados para ministérios específicos, segundo os propósitos de Deus. [Comentário: "E tomarás o azeite da unção e o derramarás sobre a sua cabeça" (v. 7); Arão e seus filhos representam CRISTO e a Igreja. Arão foi ungido antes de o sangue ser derramado, justamente por representar a figura de Cristo, que, em virtude daquilo que era em Sua Própria Pessoa, foi ungido com o Espírito Santo muito antes do Calvário. Note-se que seus filhos só foram ungidos depois de ser espargido o sangue. Para os crentes da Nova Aliança, o sangue vertido na cruz é o fundamento de tudo. Como escreve C. H. Mackintosh na obra supracitada,“Ela não podia ser ungida com o Espírito Santo até que a sua Cabeça ressuscitada tivesse subido ao céu e depositado sobre o trono da Majestade divina o relato do sacrifício que havia oferecido. "Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos testemunhas. De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai e promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis" (At 2.32-33); comparem-se também Jo 7.39; At 19.1 - 6). Desde os dias de Abel que haviam sido regeneradas almas pelo Espírito Santo e experimentado a Sua influência, sobre as quais operou e a quem qualificou para o serviço; porém a Igreja não podia ser ungida com o Espírito Santo até que o Seu Senhor tivesse entrado vitorioso no céu e recebesse para ela a promessa do Pai. A verdade desta doutrina é ensinada, da forma mais direta e completa, em todo o Novo Testamento; e a sua integridade estreita é mantida, em figura, no símbolo que temos perante nós, pelo fato claro que, embora Arão fosse ungido antes de o sangue haver sido derramado (versículo 7), contudo os seus filhos não o foram, e não podiam ser ungidos senão depois (versículo 21). C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé. Em Israel era questão muito séria como esse azeite era preparado e usado (Êx 30.22-23). Devia ser resguardado de qualquer profanação, e somente os sacerdotes sabiam como prepará-lo com exatidão. Era usado para propósitos e para pessoas específicos. Um homem comum não podia ser ungido com o óleo santo. As mais finas especiarias eram tão valiosas quanto o ouro. Podiam ser usadas como presentes mais seletos, sendo dados até à realeza (1Rs 10.2,10,15). A receita do óleo da unção é a mais antiga fórmula perfumista que se tem conhecimento. Os intérpretes judeus dizem-nos que as essências eram primeiramente extraídas dos materiais naqueles pesos respectivos, e, então, essas essências eram misturadas com o azeite. Parte das responsabilidades dos sacerdotes levíticos era preservar a fórmula do óleo da unção, não permitindo que o mesmo fosse alterado ou corrompido. Sua profanação do azeite da unção era tida como um crime, e tão grave que o indivíduo que ousasse fazer isso, seria eliminado. E esse óleo santo também não podia ser usado para fins profanos (Êx 30.32). Nenhum óleo similar ao óleo santo podia ser preparado, a fim de que permanecesse sem igual, não podendo ser confundido com qualquer outra composição do perfumista - pode haver muitas imitações da unção do Espírito; há fogo estranho e óleo estranho, como o próprio Cristo ensinou: Mt 7.21 ss. Cf. 1Jo 4.1. As especiaria aromáticas, por terem propriedades curativas e fragrância, tornavam a substância perfumada apropriadamente típica do Espírito Santo, que santifica e unge o povo de Deus. O Espírito Santo é figura desta combinação de substâncias odoríferas e óleo! Ele perfuma e cura a alma ungida; torna santo todos que o recebem; não pode ser falsificado e quem procura substituí-lo cai na condenação de DEUS; não é dado ao mundo, mas a quem é redimido pelo sangue de CRISTO; e sempre é o mesmo. Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 221-222.].

3. Animais são imolados como sacrifício (Êx 29.10-18). Era necessário que antes de ministrar em favor do povo, o sacerdote oferecesse sacrifícios de holocausto por sua própria vida. Arão e seus filhos deveriam levar um cordeiro, sem mancha ou defeito, diante do altar. O cordeiro morto tipificava a morte vicária de Jesus Cristo, que “morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras” (1Co 15.3). A morte vicária de Cristo proporciona ao homem pecador a reconciliação com Deus. Jesus morreu para expiar os nossos pecados (1Pe 1.18,19). [Comentário: Partes do corpo do animal, inclusive a gordura, eram queimadas sobre o altar e o restante era levado para fora do acampamento, a fim de ser queimado (13,14), tipificando Cristo que “padeceu fora da porta” (Hb 13.11,12). Esta oferta representava a entrega das pessoas a Deus para servi-lo em espírito de adoração. O sumo sacerdote realizava o mais central desses sacrifícios, mas no caso presente foi Moisés quem ofereceu o sacrifício em favor do sumo sacerdote, o qual, por ser homem, também tinha a necessidade de seu pecado ser removido, para que estivesse apto para cumprir os deveres de seu ofício. Também foi feito um sacrifício pelo pecado em favor dos sacerdotes, e pelas mesmas razões. Notemos o fato da imposição de mãos na cabeça do animal a ser sacrificado, desse modo, identificavam-se com o novilho. Assim, o que acontecia ao novilho, acontecia, em tipo e espiritualmente, ao sacerdote (Êx 29.10). Temos aqui uma ideia vicária, tal como Cristo, o Cordeiro de Deus que foi morto, tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Talvez esta figura aponte para a transferência dos pecados do sacerdote para o novilho e com a morte do animal punha fim à questão (Lv 16.21,22). O animal, por ter ficado simbolicamente com os pecados do homem, era maldito; mas a sua morte e o derramamento de seu sangue deixavam o homem em liberdade (Gl 3.13; Rm 6.23; Ap 5.6,12; 13.8)]. O Dicionário Unger afirma que “o animal inteiro, por ser um sacrifício pelo pecado, era considerado impuro, servindo somente para ser queimado. No caso de todos os demais sacrifícios, certas porções do animal sacrificado podiam ser comidas pelos sacerdotes e pelos adoradores. “No caso de sacrifícios ligados aos cultos regulares do santuário, aqueles que eram oferecidos em ocasiões festivas e em favor do povo todo, os animais eram abatidos, esfolados e cortados em pedaços pelos sacerdotes... certas porções eram comidas pelos sacerdotes e por aquele que trouxera o animal a ser sacrificado” Unger, Dictionary, sobre Sacrifícios. Ver Lev. 8.31 e Êxo. 29.32. A aspersão do sangue provavelmente era feita mediante o uso de um ramo de hissopo, comumente usado para essa finalidade, dessa maneira, o sangue era aplicado de forma plena, e o sacrifício mostrava-se totalmente eficaz].

SINOPSE DO TÓPICO (I)
A consagração do sacerdócio de Arão e de seus filhos decorria pela passagem da água, a unção com azeite e a imolação de animais como sacrifício.


II. O SACRIFÍCIO DA POSSE

1. O segundo carneiro da consagração (Êx 29.19-35). Era necessário que outro animal inocente fosse morto. Segundo o Comentário Bíblico Beacon, “parte do sangue era colocada primeiramente na orelha direita, no dedo polegar da mão direita e no dedo polegar do pé direito”. O restante do sangue deveria ser derramado sobre o altar. Sem derramamento de sangue não há remissão de pecado (Hb 9.22). Tudo apontava para o Calvário, onde Cristo derramou seu sangue por nós. [Comentário: O primeiro animal sacrificado, nos ritos de consagração de sacerdotes, era o novilho, uma oferta pelo pecado (vss. 10 ss.). O segundo animal sacrificado era o primeiro carneiro, oferecido como oferta de louvor e consagração (vs. 15). O terceiro animal sacrificado era o segundo carneiro. Esse carneiro era oferecido como sacrifício de consagração do sacerdote (vs. 22). O trecho de Levítico 8.22 chama esse animal de “o carneiro da consagração”. Era consagrado a Deus; e o homem que o tinha oferecido era assim também cerimonialmente consagrado a Deus. Seu sangue era usado, juntamente com o azeite, tendo em vista a consagração dos sacerdotes (vss. 20,21). Suas porções mais sagradas foram postas por Moisés nas mãos dos sacerdotes, de tal modo que eles ofereciam com elas a sua primeira oferenda a Deus. Era uma espécie de ato coroado da cerimônia. Tudo isso fazia parte da consagração de sacerdotes. O segundo carneiro chegou a ser chamado de “carneiro do enchimento”, porque estava associado ao último estágio do rito, “o enchimento das mãos” do sacerdote com as oferendas de cereais (vss. 23-25). Tudo isso simbolizava a autoridade, a graça, os dons e os poderes próprios do oficio sacerdotal. Os intérpretes veem vários sentidos na aplicação do sangue, bem como nos lugares onde o sangue era posto: (1). O sangue era posto em lugares estratégicos, dando a entender, metaforicamente, uma aplicação completa, ou seja, uma completa consagração. (2). Especificamente: A ponta da orelha direita. Um sacerdote era alguém que devia estar preparado para ouvir tudo quanto Yahweh ordenasse, a fim de cumprir Suas ordens. O polegar das suas mãos direitas. Um sacerdote devia estar preparado para fazer tudo quanto Yahweh ordenasse, visto que as mãos são o instrumento de ação. O polegar dos seus pés direitos. Um sacerdote devia andar pelos caminhos de Yahweh, pois caminhar é aquilo que fazemos com os nossos pés. (3). É possível que, originalmente, tais ritos tivessem por intuito prover completa proteção contra os ataques de poderes demoníacos sinistros, falando assim sobre uma plena proteção divina, diante de qualquer mal. O sangue era então aspergido sobre o altar, como no caso do primeiro carneiro (ver 0 vs. 16). Ficava assim simbolizada a total aplicação do sangue, exibindo a total eficácia do sacrifício. A unção das vestes de Arão e de seus filhos sacerdotes foi feita com azeite e com sangue. Não se sabe se o sangue foi misturado ou não com o azeite. O fato é que assim elas foram consagradas. O vs. 7 já havia falado sobre a unção com azeite, mas temos aqui um outro tipo, em adição àquele. Portanto, o culto de consagração incluía dois tipos. Os estudiosos cristãos veem nisso a unção dos crentes em Cristo, a outorga de autoridade e de graças para cumprirem sua missão. Como é claro, dispomos do poder e dos dons do Espírito, representados no azeite, bem como dos poderes justificadores e santificadores de Cristo, representados no sangue (Sl 45.8; Ap 7.14). Nessa dupla unção, alguns eruditos veem a justificação e a santificação simbolizadas. O trecho de Lv 8.30 parece indicar apenas uma unção, e alguns críticos pensam que o vs. 21 deste capítulo foi uma adição posterior feita sobre o relato original.].
 
2. Sacrifícios diários. Diariamente eram oferecidos sacrifícios pelo pecado. Pela manhã e a tarde havia sacrifícios e um animal inocente era morto em resgate da vida de alguém. O sacrifício de Cristo foi perfeito e único. Por isso, hoje podemos nos achegar a Deus para adorá-lo livremente.
No Tabernáculo, tudo deveria estar sempre pronto a fim de que o culto diário a Deus nunca fosse interrompido. Os sacerdotes cuidavam para que o fogo do altar nunca se apagasse. A cada manhã, este era alimentado com nova lenha e novos holocaustos (Lv 6.12,13). Da mesma forma Deus quer que nos apresentemos a Ele, prontos e renovados espiritualmente (2Co 4.16).[Comentário: Lv 6.12,13: “O fogo... sempre arderá sobre o altar”. As chamas sobre o altar eram perenes. Esses dois versículos dão-nos duas afirmações garantindo-nos que não podiam apagar-se as chamas sobre o altar de bronze. Os sacerdotes estavam encarregados de garantir que essas chamas nunca se apagassem. O sacerdote tinha de usar de cuidado ao remover as cinzas, a fim de não perturbar os pedaços de gordura que continuassem queimando. Pela manhã, o fogo era avivado com lenha, para que as chamas não se apagassem Uma madeira santa era escolhida para esse mister, pelo que sempre havia em depósito bastante lenha com esse propósito (Lv 1.7). O vs. 13 repete a questão do fogo santo. Levítico 9.24 afirma que foi o Senhor quem enviara o fogo do céu, e o homem era agora responsável por sua continuidade. Durante os dias do segundo templo, o fogo perpétuo consistia em três partes ou pilhas separadas de lenha sobre o altar, mas isso representava uma complicação da ordenança original. As maiores fogueiras eram usadas nos holocaustos diários; a segunda fogueira supria os incensários e a queima do incenso; e a terceira era o fogo perpétuo, que alimentava continuamente as outras duas fogueiras. Esse fogo nunca se apagava, até que Nabucodonosor forçou o fim desse fogo continuo, devido ao cativeiro babilônico. A mitologia diz que os sacerdotes judeus foram capazes de manter as chamas vivas em algum lugar oculto, e que, nos dias de Neemias, elas foram renovadas publicamente. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 496. O texto de Êxodo 29.38,39 nos informa que um holocausto era oferecido pela manhã e outro à tardinha. Era a gordura do sacrifício da tarde que mantinha o fogo do altar queimando a noite toda. Uma chama permanente queimando diante da deidade não é exclusividade da religião bíblica. E expressão da intuição humana que louvor e adoração contínuos devam subir do homem para Deus. Se esta realidade é sentida por quem conhece pouco da graça divina, quanto mais relevante que o coração do crente seja cheio de oração incessante e louvor permanente].

SINOPSE DO TÓPICO (II)
O sacrifício da posse consistia na consagração do segundo carneiro e nos sacrifícios diários.


III. CRISTO, PERPÉTUO SUMO SACERDOTE

1. Sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque.A primeira referência a Melquisedeque como sacerdote encontra-se no livro de Gênesis 14.18. Poucos sabemos a respeito de Melquisedeque: “sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida” (Hb 7.3). Melquisedeque é um tipo de Cristo.[Comentário: As referências veterotestamentárias a Melquisedeque aparecem em Gn 14.18 e Sl 110.4. No Novo Testamento, todas as referências acham-se na epístola aos Hebreus (5.6,10; 6.20; 7.1,10,11,15,17,21). O honorável sacerdote-rei de Salém (Jerusalém), deu comida e bebida aos vencedores e pronunciou uma bênção a Abrão (19). O nome DEUS ALTÍSSIMO era, naqueles dias, designação comum para Deus na Palestina. Em atenção aos atos do sacerdote-rei, Abraão deu o dízimo de tudo a Melquisedeque. O autor da epístola aos Hebreus faz dele um tipo de Cristo, o originador do tipo de sacerdócio que Cristo tinha, que já existia antes do sacerdócio aarônico e até lhe era superior].
 
2. O sacrifício perfeito de Cristo. Arão e seus descendentes deveriam oferecer diariamente sacrifícios por seus pecados e também do seu povo. Hoje não precisamos fazer esses tipos de sacrifícios, pois o sacrifício de Cristo foi único, perfeito e perpétuo (Hb 7.25-28). [Comentário: As ações sacerdotais de Jesus são infinitas e imutáveis, permitindo-lhe trazer a salvação que não carece de nada. A salvação total exige um sumo sacerdote perfeito e um perfeito sacrifício para os pecados. Essa obra é tão superior ao ministério dos sacerdotes judeus que, através dela, o antigo sistema é suprimido, substituído pelo sacerdócio absoluto, eterno e perfeito de Cristo. Cristo desenvolve seu ministério no verdadeiro santuário, não na terra, mas no céu. Como sacerdote e rei, ele ocupa o lugar do poder supremo! Hebreus contrasta as alianças de Deus através de Moisés e de Cristo. A aliança mosaica realizava sacrifícios com animais que traziam alívio temporário à culpa do homem e demonstravam as lições da justiça de Deus. A aliança através de Moisés fornecia uma ligação pelo sangue de animais. Esses sacrifícios, entretanto, tinham de ser repetidos anualmente no tabernáculo, que era apenas um símbolo para o altar eterno e celeste de Deus. Entretanto, Jesus Cristo entrou na história como um sacerdote eterno para oferecer um sacrifício eterno pelo pecado. O derramamento do seu sangue forneceu um sacrifício permanente e uma ligação permanente entre Deus e o homem. Seu sangue não foi meramente aplicado a um altar terreno, mas ao próprio altar de Deus no céu, onde, de uma vez por todas, obteve redenção dos pecados a todos os que têm fé nele (Is 1.11;Gn 3.21)].
 
3. O sacrifício eterno de Cristo. “Mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo” (Hb 7.24). O vocábulo “perpétuo” significa“inalterável”. Jesus não pertencia à tribo de Levi, mas seu sacerdócio era segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 5.6,10; 7.11,12), logo, seu sacerdócio era superior ao de Arão. O sacerdócio de Cristo é superior, eterno e imutável. [Comentário: Todas as declarações que o apóstolo fez na comparação entre o sacerdócio de Arão e o sumo sacerdócio de Jesus, o sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque, culminam nessa única frase: Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. O que a lei e o sacerdócio do Antigo Testamento não puderam realizar, isto Jesus realiza com base em sua vida divina eterna: pode salvar integralmente! Ele “pode socorrer!” (Hb 2.18). Foi isto o que o apóstolo havia ressaltado primeiramente como efeito do serviço de sumo sacerdócio de Jesus. Agora ele avança mais um passo em sua declaração. Jesus nos trouxe a redenção total.
Cristo conquistou uma salvação perfeita, eternamente válida. Esta redenção eterna, de validade plena, vigora para todas as pessoas, é oferecida a cada ser humano, sendo porém eficaz somente para aquele que volta para Deus. De modo semelhante como em Hb 2.16, o apóstolo também delimita aqui o círculo de pessoas em quem a salvação se realiza. Lá ele havia afirmado: Ele “socorre a descendência de Abraão”. Aqui ele assevera: “Jesus pode salvar aqueles que por meio dele chegam a Deus!” A salvação dos pecados somente é concretizada naqueles que se convertem ao Senhor com arrependimento e fé (cf. At 3.19).].

SINOPSE DO TÓPICO (III)
O sacrifício de Cristo é perfeito, eterno e perpétuo segundo a ordem de Melquisedeque.


CONCLUSÃO
 
Deus estabeleceu o sacerdócio e as cerimônias de purificação e consagração. Estas cerimônias apontavam para o sacrifício perfeito e o sacerdócio eterno de Cristo. Ele se ofereceu como holocausto em nosso lugar. Sem Cristo, jamais poderíamos nos achegar à presença santa e eterna de Deus e ter comunhão com Ele. [Comentário: Moisés, segundo as instruções divinas, separou a Arão e seus filhos, Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar para o sacerdócio (Êx 28.1). Todos os dias o sacerdote deveria oferecer no altar do holocausto sacrifícios. Primeiro era necessário que um animal inocente fosse morto em resgate da vida do próprio sacerdote, e em seguida outro animal morreria em favor do povo de Deus. Vários eram os ritos de purificação. O sacerdócio não apenas era imperfeito como também era interrompido pela morte. Houve muitos sumos sacerdotes, pois nenhum sacerdote viveria para sempre. A Igreja, pelo contrário, tem um Sumo Sacerdote, Jesus, o Filho de Deus, que vive para sempre! Um Sacerdote imutável significa um sacerdócio imutável, o que, por sua vez, significa segurança e confiança para o povo de Deus. "Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre" (Hb 13.8). "Tu és sacerdote para sempre" (Sl 110.4). Hebreus 7.25 declara: "Por isso [porque ele é o Sumo Sacerdote eternamente vivo e imutável], também pode salvar totalmente [completamente, para sempre] os que por ele se chegam a DEUS, vivendo sempre para interceder por eles". Por certo, Cristo pode salvar qualquer pecador que se encontra em qualquer situação, mas não é a isso que o versículo se refere. A ênfase é sobre o fato de que ele salva completamente e para sempre todos os que crêem nele. Uma vez que é nosso Sumo Sacerdote para sempre, pode salvar para sempre.]. “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,

Graça e Paz a todos que estão em Cristo!

Francisco Barbosa