sábado, 27 de agosto de 2016

LIÇÃO 9: A EVANGELIZAÇÃO DAS CRIANÇAS





SUBSÍDIO I

A Evangelização das Crianças

Quando devemos falar de Jesus para uma criança? Naturalmente tal pergunta traz outra inevitável: Como evangelizar uma criança? Quando se tenta praticar o evangelismo infantil é possível perceber a dimensão do desafio proposto. Uma das questões essenciais que devemos levar em conta no evangelismo infantil é a idade da criança. Falar de Jesus no linguajar infantil para muitas pessoas é uma tarefa hercúlea.

Conceito de Evangelismo Infantil

Apresentar um Deus salvador para a criança é uma tarefa que todas as famílias cristãs devem priorizar. As crianças têm de ser evangelizada desde a mais tenra idade. Neste sentido, a criança precisa aprender sobre Deus desde cedo por intermédio dos seus pais. No capítulo seis de Deuteronômio, as Escrituras declaram que é tarefa dos pais conduzirem os filhos no conhecimento de Deus. O método se daria da maneira simples: assentado em casa; andando no caminho; por intermédio do próprio exemplo. A ideia é que os pais contribuam para os seus filhos amarem a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Isso passa inevitavelmente pela família cristã, pelos pais das crianças cristãs.

O que nosso Senhor falou acerca das crianças?

Nosso Senhor disse que das Crianças “é o Reino de Deus” (Mc 10.14). Ainda, o Mestre fala: “Vede, não desprezeis alguns destes pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre veem a face de meu Pai que está nos céus” (Mt 18.10). Esses textos bíblicos mostram que Jesus de Nazaré não hesitou em falar sobre as crianças, pois priorizou a aparente fragilidade e humildade do pequeno infante como aspectos fundamentais para se alcançar o Reino de Deus: “Em verdade vos digo que qualquer que não receber o Reino de Deus como uma criança não entrará nele” (Lc 18.17).

Deus ama as crianças

Devemos evangelizar as crianças, em primeiro lugar, porque Deus as ama. E o amor do Pai está derramado em nossos corações. A criança é aquele serzinho disponibilizado por Deus para amarmos sem medida, como da mesma forma Ele quer que nos amemos uns aos outros. Priorizar as crianças em nossas igrejas não é capricho, mas tarefa das mais sublimes e urgentes. Por isso a Educação Infantil deve funcionar plenamente. Todo o apoio deve ocorrer com a Escola Bíblica de Férias, a maior estratégia de evangelização infantil. Enquanto a igreja não se convencer em priorizar as crianças, iremos na contramão do Evangelho.

 Fonte: Revista Ensinador Cristão, Ano 17 - nº 67 – julho/agosto/setembro de 2016. 


SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Quando a igreja local decide evangelizar, a iniciativa geralmente é a de ganhar os adultos. Mas não podemos esquecer que as crianças também precisam ser alcançadas para Cristo. Na aula de hoje estudaremos a esse respeito, destacando, inicialmente, a partir das Escrituras, pessoas que desde criança serviram a Deus. Em seguida, mostraremos a necessidade de evangelizar as crianças, bem como a importância de desenvolver estratégias eficazes.

1. CRIANÇAS QUE CRESCERAM

As Escrituras destacam a relevância do ensino para as crianças, a esse respeito destaca o autor dos Provérbios: “instrui o menino no caminho em que deve andar, e, até quando envelhecer, não se desviará dele” (Pv. 22.6). De fato, a criança que é educada “na doutrina e admoestação do Senhor” (Ef. 6.4), tende a dar menos trabalho, e a crescer no temor da Palavra de Deus. Na Bíblia encontramos vários personagens que ainda na infância deram seus frutos para o Senhor, e continuaram a fazê-lo depois que cresceram. Moisés desde pequeno recebeu os ensinamentos de sua mãe (Ex. 2.9), mais tarde foi levado ao palácio de Faraó, sendo adotado pela filha de Faraó (Hb. 11.24). Samuel também foi uma criança que cresceu no temor do Senhor, sua mãe Ana o dedicou ao serviço no templo (I Sm. 1.20-28). Desde a juventude aprendeu a ouvir a voz de Deus (I Sm. 3.19). A autor da Epístola aos Hebreus o colocou no rol dos heróis da fé (Hb. 11.32,33), destacando seu exemplo de fidelidade. Timóteo, desde a sua meninice, sabia “as sagradas letras” (II Tm. 3.15), que havia aprendido de sua mãe Eunice e esta, por sua vez, de sua mãe, Lóide (II Tm. 1.5). Davi aprendeu na juventude a importância de agradar a Deus, vindo a ser escolhido como rei de Israel (I Sm. 16.1). Deus era com Davi desde a infância, abençoando-o em tudo que fazia (I Sm. 16.13-18). Daniel e seus amigos, Hananias, Misael e Azarias, quando crianças, foram ensinados na Palavra de Deus, por isso decidiriam não se contaminar com as iguarias do rei (Dn. 1.8). O ensino bíblico para as crianças é uma orientação divina, a fim de que essas continuem servindo ao Senhor, mesmo quando vierem a crescer.

2. GANHANDO AS CRIANÇAS PARA CRISTO

As crianças também precisam ser alcançadas para Cristo, principalmente nos dias atuais, marcados pelo secularismo, predominante nos meios de comunicação. As mídias modernas estão semeando valores deturpados nos corações das crianças. Os pais, e a igreja em geral, precisam estar atentas, e levarem o evangelho para os pequeninos. Precisamos nos antecipar, e chegar antes do mundo, a fim de evitar que a semente fique à beira do caminho (Mt. 13.4-19). Há quem diga que a criança é apenas meia vida, mas na verdade, é uma vida inteira que pode ser dedicada a Cristo. Por isso, devemos lançar o pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharemos (Ec. 11.1). Aproveitemos, pois, essa faixa etária, pois as crianças costumam, não ter malícia (I Co. 14.20), ouvir com atenção os ensinos, receberem a mensagem com simplicidade, potencial para guardar os ensinamentos, curiosidade e aprendizado rápido. Devemos considerar a importância que Jesus deu às crianças, certa feita Ele as colocou no meio dos discípulos (Mt. 18.2). E acrescentou: “qualquer que escandalizar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar” (Mt. 18.6). As congregações evangélicas devem despertar para valorizar o departamento infantil. Há igrejas que colocam as crianças em dependências que parecem mais depósitos. A valorização dessa faixa etária é demonstrada também pela posição que ocupam na arquitetura do templo.

3. ESTRATÉGIA PARA EVANGELIZAR AS CRIANÇAS

Precisamos evangelizar tantos as crianças de fora quanto as de dentro da igreja. Os filhos dos crentes devem ser ensinados na Palavra, até que cresçam e tomem sua decisão por Cristo. É preciso planejar estratégias tanto para alcançar as crianças filhos ou não de evangélicos. Para isso precisamos usar uma linguagem acessível, utilizar figuras bíblicas, e até mesmo filmes cristãos, que despertem o interesse pela Bíblia. A Escola Bíblica Dominical continua sendo um dos meios mais eficazes para conduzir crianças a Cristo. Os pais devem esforçar-se para trazê-las ao templo (Dt. 6.6,7). Os pais de Jesus também deixaram esse exemplo, eles levaram o pequeno para o templo, a fim de adorar a Deus na páscoa (Lc. 2.27, 42). As Escolas Bíblicas de Férias também cumprem um papel importante na evangelização de crianças. A igreja deve investir na realização desse tipo de atividade, a fim de congregar as crianças em torno de atividades dinâmicas, que favoreçam a integração cristã. Existem ainda formas diversas de incentivá-las a permanecerem no temor do Senhor: inserindo-as em grupos de louvores, para cantarem ao Senhor (Sl. 8.2), sempre que possível dando-lhes oportunidade para cantar e pregar (Pv. 20.11), realizando cultos de oração para que essas aprendam a buscar a Deus, e a depender da providência do Senhor. Há outras estratégias produtivas para a evangelização de crianças, basta usar a criatividade, e o mais importante, mostrar que temos interesse por elas. É maravilho saber que existem pessoas vocacionadas para exercer esse ministério nas igrejas. Que sejamos despertamos não apenas a orar por elas, mas também apoiá-las a fim de que desempenhe as tarefas a contento.

CONCLUSÃO

A evangelização das crianças é uma tarefa da igreja, e não deve ser postergada. Os pequeninos, mesmo que não sejam valorizados pela sociedade, precisam ser estimados pelos cristãos, sobretudo aqueles que se encontram em condição de vulnerabilidade. Jesus, por também ter sido criado na fé desde a infância (Lc. 2.52), ressaltou o valor das crianças no Seu ministério (Mt. 18.14). Evangelizemos, pois, os infantes, cientes que esses, ao crerem em Cristo, se tornam parte do Corpo, não são o futuro da igreja, mas já o presente.

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

Ao ordenar a pregação do Evangelho a toda criatura, Jesus referia-se também às crianças. Ele jamais as deixaria de fora, pois a vontade do Pai é que nenhuma delas se perca, mas que todas se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade (1Tm 2.4). Vamos, em nossa ação evangelística, empregar todos os nossos recursos para conduzir as criancinhas a Cristo. Quanto mais cedo elas forem evangelizadas, maior será a sua chance de escapar aos perigos físicos, morais e espirituais que as rodeiam. A evangelização dos pequeninos é mais do que prioritária; é urgentíssima. [Comentário: Porque evangelizar crianças? A única maneira de ser salvo, seja criança ou adulto, é sendo remido pelo sangue de Jesus e regenerado pelo Espírito Santo. Há quem diga que as crianças nascem com "a semente do pecado". Considero essa maneira de falar um eufemismo, uma suavização desnecessária e sem apoio bíblico. “Todos pecaram e separados estão da glória de Deus” (Rm 3:23), e isto inclui os infantes que morrem, inclusive os abortados, se é que consideramos que uma pessoa forma-se na concepção. Outros falaram que as crianças tem uma natureza pecaminosa, mas não o pecado. Também é uma maneira de reduzir o mal-estar por considerar pecadores os que nós intuitivamente achamos "inocentes". É verdade que as crianças possuem uma natureza pecaminosa, uma inclinação, predisposição para o mal. Mas elas também vem a este mundo com a culpa pelo pecado de Adão, que é imputada à toda raça, sem exceção – inevitavelmente, todos nascem no estado de inimizade com Deus, por essa razão, devemos buscar também os pequeninos.] Dito isto, vamos pensar maduramente a fé cristã?

I. A CRIANÇA É PECADORA E PODE PERDER-SE

Enquanto a criança não entrar pela porta da salvação, a sua condição diante de Deus em nada difere da posição de um pecador adulto. [Comentário: Pode parecer estranho e conflitante com o texto áureo e outros textos paralelos a este, pensar em uma criança sendo condenada ao inferno. Seria justo condenar crianças ao inferno? O que diz as Escrituras?]

1. A criança é nascida em pecado. Em consequência do pecado de Adão, todos os seres humanos vêm ao mundo na condição de pecadores (Rm 5.12). Veja a confissão de Davi: “Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl 51.5). [Comentário: A Bíblia nos diz que mesmo se um bebê ou criança não cometeu pecado pessoal, todas as pessoas, incluindo bebês e crianças, são culpadas diante de Deus por causa do pecado herdado e imputado. Pecado herdado é aquele que é passado adiante pelos pais. Em Salmos 51:5, Davi escreveu: “Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe.” Davi reconhecia que, mesmo na concepção, já era pecador. Até mesmo o fato de que bebês morrem demonstra que até bebês são influenciados pelo pecado de Adão, já que as mortes física e espiritual foram o resultado do pecado original de Adão.]
2. A alma da criança está em perigo. O Senhor Jesus falou claramente acerca da salvação das crianças: “Assim também não é vontade de vosso Pai, que está nos céus, que um destes pequeninos se perca” (Mt 18.14). Por que Jesus diria isto se não houvesse a possibilidade de os pequeninos se perderem? Sua declaração leva-nos a crer que a alma infantil está em perigo. Pense nisso. [Comentário: Cada pessoa, bebê ou adulto, é culpada diante de Deus; cada pessoa tem ofendido a santidade de Deus. A única forma que Deus pode ser justo e ao mesmo tempo justificar uma pessoa é só quando aquela pessoa recebe perdão através de fé em Cristo. Cristo é o único caminho. João 14:6 registra o que Jesus disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” Pedro também disse em Atos 4:12: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.” Salvação é uma escolha individual. Por isso, não pode-se entender que Jesus tenha afirmado aqui (Mt 18.14) que as crianças tem livre acesso à salvação; aqui Jesus exemplifica aos discípulos o que se requer de alguém que busca a salvação; uma criança é humilde, tratável e tem um coração que confia, características que são essenciais para se chegar a Deus como pecador perdido e aceitar a salvação pela graça – como um presente. Os adultos perderam estas características essenciais e somente através da agonia do arrependimento e pela graça de Deus. é que podem readquiri-las. Já que as crianças possuem estas coisas naturalmente. Jesus está ensinando que é mais fácil para uma criança vir a Cristo do que para um adulto. A experiência prova isto também. As crianças vêm para Cristo tão rapidamente, assim que lhes é dada uma oportunidade (Mt 18.3).]
3. A questão da inocência. O bebê é inocente apenas no sentido de que não tem consciência do pecado, por ser, ainda, mental e moralmente incapaz de praticá-lo. Embora portador do pecado original, não tem o pecado experimental. Por isso, dizemos que a criança está na “idade da inocência”. Se ela vier a morrer nesse estado, irá para o céu, porquanto Deus não leva em “conta os tempos da ignorância” (At 17.30a). Todavia, a partir do momento em que a criança passa a distinguir entre o bem e o mal, torna-se culpada de seus erros e enquadra-se no restante do versículo: “anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam” (At 17.30b). [Comentário: Aqui cabe ressaltar que existem duas visões quanto à salvação de infantes: uma corrente crê que somente os filhos de pais crentes são salvas se morrerem nesta fase; outra corrente, considerando textos como Mt 18.14, acredita que Deus imputa a justiça de Cristo a elas e as salva. Esta última é a mais aceita. A “idade de responsabilização” é um conceito que ensina que aqueles que morrem antes de atingir essa “idade de responsabilização” são automaticamente salvos, pela misericórdia e graça de Deus. A “idade de responsabilização” é uma crença que Deus salva a todos que morrem antes de possuírem a habilidade de fazer uma decisão para ou contra Cristo. Treze é o número mais comum dado como a idade de responsabilização, baseado em um costume judeu de que uma criança se torna um adulto nessa idade. No entanto, não encontramos na Bíblia nenhum suporte direto para que 13 seja sempre a idade de responsabilização. Provavelmente varia de criança para criança. Uma criança atinge a idade de responsabilização quando ele ou ela já é capaz de fazer uma decisão para ou contra Cristo. O texto usado para apoiar a ideia da ‘idade da inocência’ (At 17.30), está fora de seu contexto, ‘não levou Deus em conta os tempos da ignorância’, pode ser entendido como Deus levou em consideração as limitações do conhecimento deles (atenienses) a seu respeito, mas agora Paulo revelou-lhes a verdade a respeito do Deus vivo. Como todos os povos, os atenienses são chamados ao arrependimento de seus pecados. O problema em dizer que Deus aplica o pagamento de Cristo ao pecado daqueles que não podem decidir é que a Bíblia não diz especificamente que Ele faz assim.]

SUBSÍDIO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ

“A base bíblica para a evangelização de crianças não se resume no fato de que eles estão prontos para a salvação, nem somente no fato de carecerem da mensagem do evangelho tanto quanto os adultos. A própria Palavra de Deus nos manda fazer esse trabalho, e há mandamentos específicos sobre as crianças.
A Bíblia apresenta algumas razões pelas quais devemos evangelizar as crianças:
1. É mandamento bíblico (Dt 4.9,10; 6.6,7; Pv 22.6);
2. Jesus deu o exemplo, por isso devemos imitá-lo (Mt 18.2; Mc 9.36,37).
3. Todos pecaram, inclusive a criança (Sl 58.3; Rm 3.23). Atos como ira, obstinação, inveja, desobediência e mentira fazem parte da natureza humana.
4. Os infanto-juvenis possuem alma imortal (Ez 18.4).
5. A Bíblia esclarece que uma criança pode ser salva (Mt 18.6).
6. Jesus recebeu ‘perfeito louvor’ da boca dos pequeninos (Mt 21.16).
É bom saber que a salvação é para todos, sem excluir ninguém. Sem nenhuma restrição quanto a cor, raça, língua, religião e idade. A forma de receber a salvação também é única — a fé em Cristo (Jo 1.12). A verdadeira evangelização é global e, por fim, a evangelização das crianças é o cumprimento da vontade de Deus.
A infância é o período em que o coração e a mente estão mais predispostos à influência do evangelho. Uma criança ganha para Cristo representa uma alma salva e uma vida que poderá ser empregada no serviço do Mestre” (FIGUEIREDO, Helena. A Importância do Evangelismo Infanto-Juvenil. 2ª Edição. RJ: CPAD, 2012, pp.22,23).

II. A CRIANÇA PODE CRER E SER SALVA

A Bíblia comprova que a criança pode arrepender-se de seus pecados, crer em Jesus, recebê-lo pela fé e ser salva.
1. Os pequeninos creem em Cristo. Jesus, que sonda mentes e corações, testemunha a capacidade de os pequeninos crerem em seu nome: “E Jesus, chamando uma criança, a pôs no meio deles” (Mt 18.2). Logo a seguir, advertiu: “Mas qualquer que escandalizar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar” (Mt 18.6). Pelo que observamos no relato de Marcos, a criança que Jesus tomou como exemplo era pequena, porque Ele a pegou no colo (Mc 9.36). Sua tenra idade, porém, não constituiu qualquer obstáculo para que ela cresse em Cristo. [Comentário: Muitos questionam se as crianças de 6, 8 ou 10 anos podem aceitar a Cristo e ser regeneradas pelo Espírito Santo. Jesus respondeu à pergunta definitivamente: “Aqueles que levarem à perdição uma dessas crianças que crêem em mim…” Quando lemos em João 1.12 a promessa que “a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus”, não encontramos ali nenhum limite de idade. Uma criança pode perfeitamente se qualificar para se apropriar dela. É razoável crer que uma criança de 6 anos pode vir a Cristo e se salvar? Uma criança de 8 anos peca conscientemente? Quando ela peca, ela se sente culpada? Uma criança dessa idade tem inteligência suficiente para entender o evangelho simples de que Cristo morreu para salvar os pecadores? Uma criança pode tomar uma decisão por livre escolha? Quando estas perguntas são resolvidas, (e só há uma maneira de respondê-las), fica muito claro que certamente as crianças podem ter uma fé regeneradora. E quando elas realmente creem. Deus não irá regenerá-las de acordo com Sua promessa? Muitos dos melhores crentes hoje, sejam leigos, ministros ou missionários, acreditam que realmente nasceram de novo quando eram crianças, muitos até com menos de 6 anos (Mt 18.6). As Crianças Precisam da Salvação? Nosso Senhor respondeu esta pergunta também, afinal é muito importante. Ele diz algo surpreendente no versículo 11 (pois precisamos lembrar que Ele ainda está falando sobre crianças): que Ele veio para salvar os perdidos. As crianças estão perdidas? Nosso Senhor declarou que sim. No versículo 14, Ele diz que não é a vontade do Pai que elas pereçam, deixando claro que as crianças vão perecer se não forem levadas a Cristo. Se acreditamos no que a palavra de Deus diz aqui. nós nunca descansaremos enquanto não virmos nossas crianças, e as crianças pelas quais somos responsáveis, se converterem. http://www.verdade-viva.net/como-ensinar-o-evangelho-para-as-criancas/.]
2. As crianças das cartas bíblicas. Paulo inicia a Epístola aos Efésios saudando os “santos que estão em Éfeso e fiéis em Cristo Jesus” (Ef 1.1). Ao final da carta, ele recomenda aos filhos que sejam obedientes aos pais (Ef 6.1). Logo, a mensagem do apóstolo destinava-se também às crianças que, na introdução da carta, foram incluídas entre os santos e fiéis. Quem ainda duvida de que uma criança possa experimentar a alegria da salvação? Jesus as salva e batiza-as com o Espírito Santo. [Comentário:Desde os mais antigos tempos, Deus se preocupou com o ensino bíblico para a criança. A primeira prova disso é que Ele teve o cuidado de organizar uma instituição educacional que se responsabilizasse pelo ensino, desde a mais tenra idade do indivíduo "o lar ou a família". Nós sabemos que as crianças não aprendem somente pelo método cognitivo (as aulas na escola, por exemplo), mas principalmente pela observação e imitação. Primeiro de seus pais e parentes próximos, depois das pessoas que vivem à sua volta, como amigos e pessoas da sociedade. Nesse sentido muitos de nós temos “embaraçado” as crianças e levado algumas delas para longe do Senhor. Não é isso que acontece quando damos maus exemplos a elas? Ou quando não damos os bons exemplos que elas tanto necessitam enxergar em nós? “Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice…” (2Tm 1.5). Certamente Deus teria alcançado o jovem Timóteo de qualquer modo, mas o fato de haver sido educado em uma ‘fé não fingida’ por sua mãe e avó, poupou o jovem de muito sofrimento e o ajudou a compreender facilmente a pregação de Paulo.]
3. Outras crianças da Bíblia. Timóteo era apenas um menininho quando aprendeu as sagradas letras (2Tm 3.15). E, mais tarde, ao ouvir o Evangelho através de Paulo, aceitou prontamente Cristo, tornando-se útil ao Reino de Deus (At 16.1-4; 2Tm 3.14-17). No Antigo Testamento, também encontramos crianças que conheciam a Deus e fielmente o serviam. Haja vista Miriã, irmã de Moisés, Samuel e a escrava de Naamã (Êx 2.4-8; 1Sm 2.11,18,26; 2Rs 5.2,3). [Comentário: O temor do Senhor, a guarda dos estatutos e mandamentos, deveriam ser passados de pais para filhos, de geração em geração, a fim de que o conhecimento de Deus fosse uma constante entre o povo. A criança ocupava lugar importante no seio da família israelense (Sl 127.3 e 128.1-3). Sua educação nos preceitos bíblicos era prioridade. Cabia aos pais o zelo pela instrução dos filhos que, por ordem divina, deveria ser constante e diligente (Dt 4.9-10;6.1-7 e11.18-19). Está claro nas Escrituras que, de acordo com a vontade divina, os mandamentos do Senhor seriam ensinados em todos os momentos (andando, falando assentados em casa, à mesa, pelos caminhos, de dia e à noite, quando a família se reunia). À criança era concedida a oportunidade de fazer perguntas (Ex 12.26-27; Gn 22.7-8), o que tornava o ensino eficaz e mais interessante. Mais tarde, além do lar, as crianças também aprendiam com os sacerdotes e profetas. Algumas delas eram dedicadas a Deus e entregues aos sacerdotes para educá-las. Um desses casos é o de Samuel, que foi entregue ao sacerdote Eli ainda bem novinho (1Sm 1.20-28). O profeta também era uma figura importante na educação nacional. Muitos jovens eram enviados às escolas de profetas a fim de estudarem as Escrituras e se prepararem para substituir seus antecessores (1Sm 10.10;19.19; 2Rs 2.5 e4.38).]

SUBSÍDIO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ


“Talvez você deseje fazer as seguintes indagações: ‘As crianças são pecadoras?’; ‘Elas não são puras como os anjos?’; ‘Elas podem receber a Cristo como Salvador?’. Segundo Normam Geisler, ‘a situação eterna dos infantes sempre representou uma questão polêmica na Teologia cristã ortodoxo’. Os crentes têm muitas dúvidas em relação à salvação das crianças. É um assunto polêmico. Estariam os bebês condenados ao fogo do inferno? Se fomos concebidos em pecado, não somos todos filhos da ira (Ef 2.3)?
Todos os seres humanos já nascem com uma natureza pecaminosa, que é chamado de pecado original (Rm 3.23). Somos filhos da ira, porém, durante um tempo, a criança não tem condições, ou seja, estruturas cognitivas, para discernir entre o bem e o mal, o certo e o errado. Essa fase é comumente chamada de fase da inocência. Logo, não existe condenação para o pecado nesse período, pois não há discernimento entre o bem e o mal. Isaías fala a respeito da criança rejeitar o mal e saber escolher o bem (Is 8.15,16). ‘Mas essa fase se estende até que idade?’. Não sabemos. Isso mesmo, não podemos afirmar a idade certa. Cada criança é única. Vai depender do desenvolvimento mental, cognitivo de cada uma. Como não sabemos o tempo preciso, o melhor é falar a respeito de Jesus e apresentar-lhe o plano da salvação o quanto antes” (BUENO, Telma. Ensinando a Fé Cristã às Crianças: Um guia para pais e professores. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2013, p.43).

III. COMO EVANGELIZAR AS CRIANÇAS

Neste tópico, veremos que podemos evangelizar as crianças através da Escola Dominical, da alfabetização, da Escola Bíblica de Férias e da evangelização personalizada.
1. Escola Dominical. Fundada pelo inglês Robert Raikes, em 1780, o objetivo inicial da Escola Dominical foi a evangelização dos menores que viviam nas ruas da cidade de Gloucester. A iniciativa de Raikes foi tão bem-sucedida, que serviu de modelo ao serviço de ensino público do Reino Unido. Que as escolas dominicais possam trabalhar, em regime prioritário, em prol da evangelização infantil. [Comentário: O início da Escola Dominical, como a conhecemos hoje, deu-se em 20 de julho de 1780 na cidade de Gloucester, Inglaterra. Robert Raikes, fundador da Escola Dominical, dedicou-se à carreira de jornalista e editor, trabalhando na Imprensa Raikes, de propriedade da família, a qual ele passou a dirigir após a morte de seu pai. Raikes preocupava-se muito em melhorar as condições das prisões, visando a regeneração dos criminosos que para ali eram conduzidos. Descobriu que o abandono em que viviam as crianças pobres da localidade e as suas atividades, também aos domingos, eram um estímulo à prática do crime.]
2. Alfabetização evangelizadora. Robert Raikes não se limitou a evangelizar as crianças de Gloucester. Juntamente com a Palavra de Deus, ensinava-as a ler e a escrever, a fim de as engajarem na sociedade inglesa. [Comentário: Robert Raikes, um homem de profundas convicções religiosas, fundou então uma escola que funcionava aos domingos porque as crianças e os jovens trabalhavam 6 dias por semana, durante 12 horas. Usava a Bíblia como livro de estudo, cantava com os alunos e ministrava-lhes, também, noções de boas maneiras, de moral e de civismo. De 1780 a 1783, sete Escolas já tinham sido fundadas somente em Gloucester, tendo cada uma 30 alunos em média. Em 3 de novembro de 1783, Robert Raikes, triunfalmente, publicou em seu jornal a transformação ocorrida na vida das crianças.]
3. Escola Bíblica de Férias. Preocupada com as crianças que, no período das férias escolares, perambulavam pelas ruas de Nova York, a irmã Elisa Hawes resolveu, em julho de 1898, reuni-las para ensinar-lhes a Bíblia Sagrada. Aqueles meninos e meninas, dos 7 aos 14 anos, tomaram um novo rumo em suas vidas. A partir daquela data, a Escola Bíblica de Férias passou a ser vista como parte essencial das missões urbanas. No Brasil, a primeira EBF foi realizada em 1924, no Colégio Americano Batista de Vitória-ES. Na evangelização das crianças, utilize a EBF. [Comentário: Há mais de 100 anos, este tipo de evangelismo é desenvolvido nas Igrejas. Aproveitando as férias, desenvolve-se um programa de uma semana com as crianças da Igreja e redondeza. Surgiu em 1898, por uma senhora chamada Helisa Haves na cidade de New York. Preocupada com as crianças que andavam pelas ruas no período de férias a mercê dos aliciadores, do pecado e até da morte. A irmã Elisa montou um programa de Escola Bíblica Dominical em um curto período e sem a disciplina e sequência didática. Onde em seis semanas durante duas horas ela ministrava a salvação e o amor de Deus de uma forma leve e descontraída, com o apoio da Igreja Batista de Epiphany da qual a Sra. Hawes era membro.]
4. Evangelização infantil personalizada. Desenvolva, em sua igreja, a evangelização infantil personalizada. Cada criança deve ser conhecida por seu nome, por seus problemas e por sua realidade social. Saia às ruas, praças e outros logradouros, e reúna os pequeninos para ouvir a maravilhosa história da salvação. Mas, antes, treine adequadamente a sua equipe. Não esqueça o discipulado. Acompanhe cada criança convertida. Seja o seu pai espiritual. [Comentário: Faça o seguinte teste: experimente fazer uma busca pelo Google com o termo ‘evangelização infantil’. Qual o resultado mais repetido? Porque não aparece nenhuma instituição evangélica nas primeiras páginas? Será que não estamos percebendo que as crianças estão a mercê de variadas influências negativas: tv, internet, más companhias, adultos abusadores, ensinos tendenciosos, má literatura etc? O que está faltando para conseguir ajudar as crianças? Cumprir o “ide” da grande comissão deixada por Jesus, inclui levar as crianças a terem certeza de sua salvação e a transformação em seus valores, em suas atitudes; a ter Jesus não só como salvador, mas também como Senhor da sua vida. É urgente a necessidade de desenvolver trabalho de evangelização de crianças, alcançar os pais, familiares, amigos, vizinhos e colegas da escola.]

SUBSÍDIO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ

“A ordem do Mestre para nós, seus discípulos, foi: ‘Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura’ (Mc 16.15). A criança é uma criatura, por isso, está inserida nesta ordenança. Porém quando lemos este texto bíblico, em geral nossa mente nos remete apenas aos adultos. Nossos filhos e alunos precisam ter um encontro pessoal com Jesus a fim de que se tornem filhos de Deus (Jo 1.12). Depois de receberem a Jesus como Salvador, as crianças necessitam do discipulado, a fim de que ‘[cresçam] na graça e no conhecimento de Deus’ (1Pe 3.18). O desejo de conhecer a Deus na criança é inato.
A fé em Cristo não é herdada, mas aprendida. Um dos fatores que impedem investimentos e esforços na evangelização e discipulado infantil é a crença infundada de que nascer em um lar evangélico e frequentar a Escola Dominical são suficientes para que a criança receba a salvação e se torne um cristão. Isso não é suficiente. Vou fazer uma analogia bem simples para que fique bem claro o pensamento: ‘Deixar o seu filho(a) durante várias horas em uma cozinha vai fazer dele(a) um cozinheiro(a)?’. A Bíblia relata que Samuel desde pequeno viveu no Templo junto ao sacerdote Eli, porém em 1 Samuel 3.7 lemos que ‘ele ainda não conhecia ao Senhor’. Triste, não? Existem milhares de crianças que vão à igreja, pertencem a famílias cristãs, mas também não conhecem a Jesus como Salvador” (BUENO, Telma. Ensinando a Fé Cristã às Crianças: Um guia para pais e professores. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2013, pp.13,14).

CONCLUSÃO

Quando se ganha uma criança para Jesus, conquista-se uma vida toda de realizações para o Reino de Deus. Então, por que esperar? Vamos investir mais na evangelização infantil. Para isso, os professores de educação infantil precisam ser preparados e equipados com o que há de melhor nessa área. Treine professores. Num momento tão difícil como o que atravessamos, não podemos deixar as crianças em poder de uma cultura anticristã, pecaminosa e contrária à moral e aos bons costumes. Salve os pequeninos do inferno. Jesus também morreu por eles. [Comentário: Jesus disse: “Vede, não desprezeis a qualquer destes pequeninos” (Mt 18.10). A grande tendência de muitos é negli­genciar o dever de levar as crianças a Cristo, deixando para mais tarde, quando ficarem mais velhas, ou esperando que outros o façam no seu lugar. Jesus resume sua maravilhosa mensagem sobre o evangelismo infantil e a verdadeira grandeza, tirando qualquer dúvida que ainda possa existir sobre a salvação de crianças. Ele disse: “Assim, pois,não é da vontade de vosso Pai celeste que pereça um só destes pequeninos” (Mt 18.14). Com estas palavras de Deus soando nos nossos ouvidos, nós podemos e devemos sair à procura das crianças para ganhá-las para Cristo em todo lugar.] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.

Francisco Barbosa

Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

sábado, 20 de agosto de 2016

O DESAFIO DO DISCIPULADO



QUANTOS GANHAMOS E QUANTOS PERDEMOS

A evangelização e discipulado estão muito associados, entretanto não falaremos de evangelização, pois a Assembleia de Deus nestes 106 anos de atividade no Brasil é campeã nesta área. Todavia, “porta de saída da igreja é mais larga que a porta de entrada”, como denunciava o saudoso pastor Valdir Nunes Bícego, grande estrategista em evangelismo. Os números e gráficos que ele mesmo elaborou são provas dessa lastimável realidade.
Um deles revela que de cada cem pessoas que aceitam Jesus como Salvador nas nossas igrejas, somente cinco permanecem. Isso mesmo! Somente cinco. Não é de causar espanto? Mas aonde foram os outros noventa e cinco? É claro que há exceções. Queira o Senhor que a igreja onde você congrega seja uma dessas. Um dos nossos objetivos aqui é buscar reverter esse quadro. 


Aceitar o desafio para reverter esse quadro não é tarefa fácil, até porque discipulado verdadeiro envolve a cruz de Cristo. Cruz é símbolo de incômodo, peso, dificuldade, por isso ninguém deseja carregar uma. Até no bolso, se houvesse essa modalidade de cruz, seria incômodo tê-la guardada. A menos que fosse de isopor. Não se espante, mas há mais crentes carregando uma cruz de isopor do que a cruz de Cristo. Cruz remete à renúncia, e renúncia é difícil. Não é um tema popular, nem atrai multidões, como tema sobre prosperidade material, por exemplo. 
Esta palestra é um convite para todo discípulo do Senhor reavaliar seu posicionamento sobre a questão do discipulado bíblico, ou seja, a responsabilidade de ser e fazer discípulos, como foi ensinado na Grande Comissão. Ao mesmo tempo está repleta de desafios.

1 O QUE É DISCIPULADO

É um mandamento: Poderíamos também tratar a questão do discipulado como mandamento de Jesus. O verbo fazer da Grande Comissão (“Fazer discípulos”) não está no modo imperativo? Logo, é uma ordem. Discipulado também é um mandamento. Só pelo fato de argumento, uma vez que somos discípulos de Jesus. O bom discípulo sempre está disposto a obedecer seu Mestre, não é verdade? 

É um ministério. Não é um dom de alguns privilegiados; é missão de todos.
Todo crente em particular pode desenvolver determinado trabalho para Deus na igreja local ou na comunidade onde vive, porque a palavra ministrar significa servir, mas a ordem de fazer discípulos foi proferida para todos os chamados discípulos de Cristo. Você é um discípulo de Cristo? Então esta ordem é para você.
Esse ministério consiste em conduzir pessoas a um compromisso total com Deus


             2 POR QUE DISCIPULAR?

  Porque é um mandamento de Jesus

O discipulado não é apenas mais uma estratégia: é a estratégia que Jesus deu ao seu povo, para ser usada na divulgação do evangelho.

1 - Ide por todo mundo – Não é só esperar em nossas igrejas e atividades que as pessoas venham. Devemos ir ao encontro das pessoas onde quer que estejam, falando as grandezas de Deus, levando a mensagem de salvação e desafiando as pessoas a colocarem sua confiança no nome do Salvador Jesus. Mas há uma tarefa ainda maior por trás desse comissionamento de Jesus. Qual

2 - Fazei discípulos – Nossa tarefa é discipular e não apenas anunciar o Evangelho, ganhar almas para Cristo e trazer pessoas para a Igreja. Temos percebido que “a grande comissão” tem se reduzido simplesmente no ato de programar eventos evangelísticos para conseguir decisões por Cristo.

É a melhor maneira do crente se envolver na obra de Deus

Quantos membros há na igreja? Quantos estão envolvidos ativamente na obra do Senhor?
Medir a temperatura espiritual de uma pessoa não é tarefa nossa, somente o Espírito Santo pode fazê-lo de maneira imparcial e correta. Mas para que você tenha uma pálida ideia do total de cristãos comprometidos com Deus e com sua obra, tente lembrar os seguintes passos:
  •    Quantos são alunos assíduos da escola dominical?
  •    Quantos são dizimistas fiéis?
  •    Quantos comparecem a reunião de oração?
  •    Quantos evangelizam com frequência nas praças públicas, hospitais, nos lares, prisões ou em outros lugares?
Por esse ângulo percebe-se que apenas uns 30%, talvez não chegue a 50%, são aqueles que podem ser considerados cristãos ativos. Ou seja, aqueles que estão sempre em busca de alcançar outros discípulos para o Senhor, e de participar de todas as atividades da igreja local.
Estes cristãos são aqueles que fazem a diferença onde quer que estejam, poderíamos também chamar de cristãos dinâmicos. Desta forma vamos entender no decorrer desta palestra que não é possível ser um discípulo estéril, que não produz frutos na sua vida cristã. Por esta razão, afirmamos que o trabalho de discipulado envolve o crente mais intensamente na obra de Deus, tornando-o mais dinâmico.  (exemplo de Barnabé Atos 9:27 – irmão que estava com vergonha de morrer)

 É a maneira mais eficiente do crente alcançar a maturidade cristã (3 Jo 3-4)

A maturidade cristã nem sempre significa o tempo em que uma pessoa faz parte de uma igreja. Muito menos o tempo em que foi batizada nas águas. Muito mais que isso, maturidade cristã está relacionado com o crer, praticar e ensinar a Palavra de Deus.
Portanto, quando o crente passa a ensinar a Palavra de Deus para outros iniciantes na fé, ele terá, primeiramente, de praticar o que vai ensinar ao seu discípulo. Essa prática o fará mais zeloso com o estudo sistemático da Bíblia, para ter sempre o melhor para o seu discípulo. Ele terá, também, de zelar pelo seu bom testemunho pessoal, caso contrário não terá sucesso no seu ensino.
Sem dúvida, essas ocupações farão com que esse crente seja dedicado e mais maduro na obra de Deus.

             3 QUEM PODE SER DISCÍPULO?

“Então, disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, negue a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me”. (Mateus 16.24)

Esse convite foi uma advertência solene para uma reavaliação do preço do discipulado.  Com essa advertência, Jesus não estava interessado em procurar homens e mulheres que lhe emprestassem algumas noites por semana em um templo fechado, ou alguns anos depois de sua aposentadoria, mas, alguém que estivesse disposto a:
  • se identificar com Ele em tudo;
  • dar continuidade ao trabalho que ele começou;
  • fazer o mesmo processo que o Mestre fez com os doze discípulos.
A partir daquele momento, Jesus intensificou o treinamento e apresentou quatro requisitos essenciais aos interessados a ingressarem na sua Escola de Discipulado.

             1º Requisito: DECISÃO VOLUNTÁRIA. “Se alguém quiser vir após mim” (Mt 16.24)

Esse requisito é indispensável. Seguir a Cristo não pode ser encarado como obrigação. Observe que a primeira expressão desse convite não foi em tom de exigência, como se fosse uma intimação forçosa. Aliás, não dá para pensar em andar ao lado de uma pessoa como se estivesse sendo forçada. Já pensou um casamento nessas circunstancias? Já está fadado ao fracasso.
Para ser discípulo de Cristo é necessário querer. E querer de todo o coração. Não está escrito que duas pessoas não poderão andar juntas se não houver acordo entre elas (Am 3.3)? Ser discípulo de Cristo é estar em completa comunhão com Ele. Observe as palavras “se e “quiser. Em todo o texto sagrado encontramos esta conjunção condicional “se”, que deixa a pessoa à vontade para decidir e ao mesmo tempo incentiva à tomada de decisão.
Veja na sua Bíblia os textos seguintes: Jo 7.37; Ap 22.17; Is 55.1.
“E, no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba” (Jo 7.37).
“E o Espírito e a esposa dizem: Vem! E quem ouve, diga: Vem! E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida” (Apocalipse 22:17).
“Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite” (Is 55.1).
Acredito que deu para perceber nestes textos lidos que existe uma situação para acontecer, mas só haverá uma conclusão se houver iniciativa. Por exemplo: existe uma fonte de águas, mas esta fonte só terá utilidade se a pessoa que estiver com sede tiver a iniciativa de chegar até a fonte e beber dessa água. Essa fonte não terá qualquer proveito se a pessoa ficar apenas olhando. Continuará com sede. Portanto, o crente que segue a Cristo por tradição de família ou por qualquer outro motivo ilegítimo, deve agora fazer a sua decisão pessoal.

2º Requisito: DETERMINAÇÃO. “Jesus disse: Se alguém quiser vir após mim, negue a si mesmo” (Mt 16.24).
Leiamos também em Lc 14.33: “Assim, pois, qualquer de vós que não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo”.
Uma pessoa determinada é alguém que sabe aonde quer chegar independente do que terá que enfrentar pelo caminho. O atleta vencedor, o colecionador de medalhas e troféus é uma pessoa determinada, porque soube ultrapassar todos os obstáculos. Esse atleta vencedor teve que treinar e treinar muito, até superar todas as dificuldades. Esse atleta teve de renunciar muitas outras opções de vida para chegar ao pódio.
Um nadador russo, recordista mundial em medalhas de ouro nas olimpíadas de Seul, afirmou que consegue superar a rotina exaustiva do treinamento porque na sua mente há um medalha de ouro que o aguarda. Que maravilha se conseguíssemos transportar essa ilustração para o nosso ministério, e manter sempre em mente que o Rei dos reis nos aguarda com um lindo troféu. 
Vamos tentar entender o que significa renunciar, na área espiritual.

1. Significa não impor condições ou exigências para seguir o Mestre. Leiamos em Mateus 4.19-22. Observe que, quando o Mestre chamou alguns pescadores que trabalhavam à beira da praia, para que fossem feitos pescadores de homens, eles não pensaram duas vezes. Observe as palavras logo (verso 19) e imediatamente (verso 22).
Veja mais outro texto em Gn 12.4, onde está descrita a chamada de Abrão. A primeira parte do versículo diz: Partiu, pois Abraão como ordenara o Senhor. Você viu que Abraão, o nosso pai na fé, partiu da sua terra, como o Senhor lhe dissera, ou seja, da mesma maneira, sem questionar. Ele não impôs nenhuma condição ou qualquer exigência para seguir a orientação do Senhor naquele novo caminho.
Vamos imaginar que Abraão fosse um crente desconfiado. Daquele tipo que duvida de tudo e de todos. Vamos imaginar, também, que Abraão tivesse exigido do Senhor o seguinte: Tudo bem, Senhor, eu saio da minha terra, do meio dos meus parentes e amigos, porém, primeiro, eu quero conhecer se essa terra é boa mesmo. E se não der certo, como é que eu vou encarar os meus parentes? Tudo bem, Senhor, mas,... eu quero garantia. Será que, se essa tivesse sido a atitude desse gigante espiritual, leríamos alguma coisa mais a respeito dele no capitulo dos heróis da fé, em Hebreus? Leia mais Hebreus 11.8-11. O que é que lemos a respeito de Tomé depois do episódio descrito por João no capitulo 20, versos 25 a 29? Então, renúncia significa não impor condições ou qualquer exigência para seguir o Mestre. É confiar totalmente. Como você gostaria de ser lembrado? Como Abraão, o amigo de Deus, Noé, o pregoeiro da justiça, ou Tomé, o incrédulo?

2. Esquecer os seus interesses em favor dos outros. A Tradução na Linguagem de Hoje (TLH), apresenta esse texto de maneira interessante: Se alguém quer me seguir, esqueça os seus próprios interesses, carregue a sua cruz e me acompanhe. Leia, agora, os seguintes textos: I Co 10.24,33: Fl 2.4,5: Rm 15.1,2.
Você concorda que estas mensagens foram escritas somente para a época em que viveu o apostolo Paulo ou, também, pode ser praticado nos nossos dias atuais? Tenho certeza que você escolheu a segunda alternativa. Mas, deixe-me arriscar uma outra questão: na sociedade em que vivemos, cheia de corrupção, onde os interesses pessoais falam mais alto, onde a busca pelo enriquecimento é cada vez mais forte, onde as pessoas só são valorizadas se tiverem algo que oferecer em troca, etc.: sim, nesta sociedade é possível praticar tais ensinamentos dos apóstolos?
Muito bem. Esquecer seu interesse soa muito forte. Então vamos tentar suavizar. Vamos substituir esta expressão por “abrir mão dos seus interesses”.
Dessa forma fica mais prático entender o texto de Filipenses 2.4-11. Note a expressão “[...] não teve por usurpação ser igual a Deus.” A palavra “usurpação” não quer dizer que Cristo abriu mão da sua divindade, mas sim, que Ele abriu mão das suas horárias como Filho de Deus, para tornar-se homem, a fim de ser o nosso Salvador. Isso não é maravilhoso?
Voltemos mais uma vez para outro exemplo de vida do nosso pai na fé, Abraão. Leia Gn 13.7-13. Como está escrito no texto lido, havia contendas entre os pastores de Abraão e Ló. Para que esse problema fosse solucionado, Abraão sugeriu que Ló escolhesse o melhor lugar daquela terra para viver com as suas fazendas. Ló não perdeu tempo, escolheu a melhor parte, onde seus rebanhos teriam condições de produzir mais. Quem deveria escolher as melhores terras seria Abraão, porque fora ele que havia sido chamado por Deus e não Ló: Abraão era o responsável pela expedição, além do mais, ele era o tio e, naquela sociedade em que viviam, ele merecia maior respeito, por ser o mais idoso. Todavia o que vemos é exatamente o contrário: Abraão abre mão dos seus interesses em favor de seu sobrinho.
Mas não ficou só nisso. Depois que Ló escolheu sua área de terra e partiu, o Senhor chamou o patriarca e mostrou-lhe uma nova dimensão de sua chamada. Veja os versos 14-17: “E disse o Senhor a Abrão, depois que Ló se apartou dele: Levanta agora os teus olhos e olha desde o lugar onde estás, para a banda do norte, e do sul, e o oriente, e do ocidente; porque toda esta terra que vês te hei de dar a ti e à tua semente, para sempre. E farei a tua semente como o pó da terra; de maneira que, se alguém puder contar o pó da terra, também a tua semente será contada. Levanta-te, percorre essa terra, no seu comprimento e na sua largura; porque a ti a darei.”
O Senhor, então:
  •       ampliou-lhe a visão, 
  •       mostrou-lhe uma nova perspectiva na sua caminhada e
  •    mostrou-lhe o quanto seria abençoado.
Sim, depois que ele abriu mão de seus próprios interesses. Isto é renúncia. Isto é discipulado.
Observe bem como as coisas de Deus são coerentes: Quando eu abro mão de meus interesses em favor dos interesses do meu irmão e esse irmão abre mão dos seus interesses a meu favor, aí as coisas se completam. Então surge a grave questão: E se esse irmão não fizer a sua parte? Nesse caso, a melhor resposta é a que está escrita em Hebreus 6.10. Deus não é injusto. Se o irmão falhar, o nosso Deus não falha!

3. Renúncia também significa submissãoIsto é, abrir mão dos seus conceitos e submeter-se aos conceitos de Cristo.
Se um discípulo sabe o que o seu Mestre quer e não o faz, então ele põe em dúvida sua submissão. Em outras palavras, significa que o “eu” reina mais forte e não Jesus. É necessário colocar Jesus no verdadeiro lugar, que é o seu e o meu coração. Concorda?
O pronome “eu”, na Bíblia, constantemente, é símbolo de insubmissão, de vontade própria, até mesmo enfatiza os desejos da carne.
Em Gálatas 5.24 está escrito que “Os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.” Logo, Cristo não pode ser o Senhor da minha vida, enquanto o “eu” estiver no trono. Para que Cristo esteja no controle, o eu precisa morrer. E “morrer”, aqui, significa renunciar.
Em síntese, o discípulo de Cristo deveria, sempre, estar pronto a renunciar a tudo o que tem, tudo o que é, tudo o que pensa e tudo o que gostaria de ser.
Como explicado em Lucas 14.33, renunciar a tudo o que tem não significa que não podemos possuir bens materiais, mas, sim, que não podemos deixar que esses bens nos possuam. (o povo de Israel saiu do Egito, mas o Egito não saiu deles). E quanto a renunciar a tudo o que gostaria de ser, o discípulo, em vez de planejar o seu próprio futuro, é chamado para seguir com total abandono, crendo que o Senhor garantirá cada passo do seu caminhar.
 Você crê que o Senhor é fiel (2Tm 2.11-13) e que pode garantir o melhor do seu futuro, como fez com Abraão? Com isto não queremos dizer que é pecado planejar o seu futuro...
Cranfield disse: “Negar a si mesmo é repudiar não apenas os seus pecados, mas o seu eu. É dar as costas à idolatria do egocentrismo.”

4. Renúncia também é símbolo de desprendimento. Conta-se que dois marinheiros estrangeiros ao chegarem ao Rio de Janeiro, desejaram conhecer melhor a Cidade Maravilhosa. Desembarcaram no Píer da Praça Mauá e caminharam durante toda a tarde, quando, também, aproveitaram para ingerir alguma bebida alcoólica. Já tarde da noite, alegres por conhecerem a linda cidade, e tontos, com o efeito da bebida, embarcaram na barquinha que os levaria de volta ao navio ancorado na Baía da Guanabara, Remaram todo o resto da noite. Quando o dia já estava clareando, um dos marinheiros percebeu que eles não haviam saído do lugar. É que eles esqueceram de desamarrar a barquinha. Você já observou que há crentes que não conseguem prosperar na vida espiritual? Que estão sempre como se fossem novos convertidos? Talvez alguma coisa esteja atrapalhando esse crescimento. Quem sabe, algum compromisso com o mundo, negócios ilícitos, relacionamentos com pessoas suspeitas, que não professam o nome do Senhor, etc. E com você? Como está o progresso da sua vida espiritual? Há, porventura, alguma coisa que está atravancando o seu caminhar? Se algo incomoda a sua consciência, que tal renunciar agora mesmo:
Solta o cabo da nau! Toma os remos nas mãos e navega com fé em Jesus! E, então, tu verás que bonança se faz. Pois, com Ele, seguro será. (HC, nº 467)
Se esse não é o seu caso, interceda por alguém conhecido que passa por algum problema nessa área.

5. O significado da renúncia no cristianismo modernista. Até aqui, creio que deu para se perceber porque o discipulado verdadeiro faz reduzir e muito as fileiras do discipulado. No mundo moderno, o cristianismo parece que é entendido mais como uma fuga do inferno e uma garantia do céu.

6. Cristo é o nosso exemplo de renúncia. Não somente nesta questão de renúncia, mas em todas as áreas, Cristo é nosso exemplo especial. E não poderia ser diferente. Quando falou em renúncia, Ele sabia muito bem o que estava afirmando.
Ele sendo rico, tornou-se pobre (2 Co 8.9); Sendo Rei, se fez servo; Sendo Deus, se fez homem (Fl 2.7,8)... Foi sujeito aos seus pais (Lc 2.51); recusou as honrarias dos homens  (Jo 5.41; 6.15).
Porque Ele fez tudo isso? Porque Ele tinha um objetivo. Ele queria se identificar com as pessoas que desejava alcançar

3º Requisito: CONSCIÊNCIA. “Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me” (Mt 16.24).
Os discípulos de Jesus sabiam muito bem o que isto significava. Naquela época era comum presenciar-se uma cena de alguém carregando uma cruz. Todos sabiam que aquela pessoa havia sido julgada por algum crime cometido e condenada à pena máxima. O condenado era exposto à vergonha e ao desprezo público. Geralmente atiravam pedras, batiam-lhe com varas e cuspiam-lhe na face. Os escritores contemporâneos descrevem a crucificação como a forma mais humilhante de morrer. Era a mesma coisa que alguém ser encaminhado para a cadeira elétrica. Era morte certa.
O discípulo de Cristo assume as consequências da sua decisão, conscientemente. Essa cruz não significa problemas de ordens materiais como doenças, desemprego, cônjuges ou filhos problemáticos.
Quando Jesus falou sobre os sofrimentos pelos quais teria que passar e, por fim, a morte, Pedro não entendeu. Tentou convencê-lo a mudar de ideia. Foi nessa hora que Satanás o usou visando sucesso. Note bem: Pedro era o grande líder do grupo dos doze. Era ele que sempre tomava todas as iniciativas. Lembra da declaração que ele fez a respeito de Jesus Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt 16.16)? Jesus disse que foi o próprio Deus que colocara aquelas palavras em sua boca. Mas alguns minutos depois, ao tentar fazer com que Jesus desistisse da cruz (Mt 16.22), o que foi que aconteceu? Já não era mais Deus falando, e sim, satanás!
O que foi que Jesus respondeu a Pedro no versículo 23? Arreda-te Satanás, tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, mas dos homens.
Então, não são poucas as vezes que um discípulo vê-se assediado a retroceder, tendo como protagonista uma pessoa amiga. Pedro se auto-proclamava o melhor amigo de Jesus.

1. Comparações com a cruz do contexto. O criminoso romano carregava a sua cruz até o lugar da sua execução. O discípulo carrega a sua cruz, renúncia de si mesmo. Para servir unicamente a Cristo, mesmo até a morte. Assim como a morte na cruz é horrível e causa enormes sofrimentos, o discípulo de Cristo não está isento de tais sofrimentos, até mesmo da morte, como os apóstolos que foram martirizados por causa da sua fé! Assim como o condenado à morte de cruz não podia ocultá-la, pois era obrigado a transportá-la publicamente às costas, assim também o discípulo não pode ocultar a sua identidade. Há, entretanto, muitos crentes sem a cruz de Cristo! Observe bem a seguinte declaração: Os evangelistas modernos caem na armadilha de pintar o discipulado cristão como algo fácil e potencialmente provocativo de prosperidade terrena, como meio comum de se evitar os problemas humanos comuns. Não é verdade, diz o evangelho. Queres seguir a Jesus? Então o caminho a seguir é a cruz!  Você tem sido humilhado por ser um crente em Jesus Cristo? Aqueles que se diziam seus amigos o abandonaram e, agora, escarnecem de você? Por vezes você tem sido tratado com indiferença, como se fosse a escória da sociedade? Então louve a Deus! Essas coisas são sinais da cruz de Cristo em sua vida.

2. O que significa a cruz de Cristo. Tomar a cruz significa dedicação total, consagração em profundidade. Significa viver para Deus. Parece que em toda a Bíblia não vemos alguém tão dedicado, tão consagrado, alguém com tanta vontade de amar e servir a Deus e à sua obra como o apóstolo Paulo. É possível que até hoje ainda não tenha surgido uma pessoa com nível espiritual tão elevado. Das qualidades e realizações desse apóstolo sabemos que ele foi o maior escritor da Bíblia, o maior missionário, o apóstolo que mais plantou igrejas, que treinou líderes, que doutrinou igrejas, que nos presenteou as mais belas declarações teológicas a respeito da pessoa de Cristo, do Espírito Santo, do próprio Deus Pai, além de tantas outras doutrinas. Sua sabedoria foi tão notória que outros apóstolos reconheceram como vindas diretamente de Deus, 2 Pe 3.15,16.
Veja o que ele disse a respeito da cruz de Cristo em Gl 2.20: “Logo já não sou eu que vive, mas Cristo vive em mim. Esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus que me amou e a si mesmo se entregou por mim”.
Por essa razão ele possuía autoridade de sobra para nos estimular à consagração em profundidade, como a mensagem de Rm 12.1,2
Esse homem parecia-se tanto com Cristo que, nesse versículo, não dá para perceber se era o homem Paulo mesmo, ou era o próprio Cristo que vivia através dele. Dessa forma, era Cristo que curava através de Paulo, que salvava através dele, que operava milagres extraordinários por ele, que amava, que exortava, que consolava, etc., tudo através de Paulo, como se fosse o próprio Cristo.
É claro que não dispomos de espaço para comentar mais em termos teológicos essa passagem, mas, em termos devocionais, isto significa viver totalmente para Deus.
Nos dias atuais será que é possível manter uma comunhão tão próxima de Deus como esta de Paulo?
Foi o professor de Escola Dominical, Edward Kimbal, que falou para seus alunos certa vez o seguinte: “Este mundo ainda estar para ver um homem usado por Deus na sua geração.” Sem meditar para refletir e sabendo que esta mensagem era um desafio, o jovem respondeu: “Eu serei esse homem”. E foi mesmo. Este aluno era Dwight L. Moody.  Todavia, somos constantemente influenciados a satisfazer nossos orgulhos, desejos e vontades. Assim que, quando ouvimos expressões como: tome a sua cruz, apresente o seu corpo em sacrifício vivo ou nada façais por partidarismo ou vanglória, a nossa tendência é recuar. O homem natural não entende essas coisas, 1Co 1.18 e 2.14.

3. O Caminho da cruz representa a vontade de Deus. Voltemos ao Getsêmani, o jardim onde Jesus sofreu a terrível agonia da cruz. Por três vezes ele orou tão intensamente, com tamanha aflição, que o seu suor tornou-se em gotas de sangue, (Lc 22.44). O insistente pedido de Jesus era que o Pai não permitisse que ele sofresse as agruras da cruz. Depois de tanto sofrimento, Jesus viu que só havia uma solução, que foi render-se à vontade de Deus. Pai, seja feita a tua vontade , Mt 26.42.
Jesus mostrou que, embora sendo filho de Deus, essa vontade teria de ser cumprida. Os seus discípulos precisam andar no mesmo caminho.

4. A cruz também é símbolo de bênção. Jesus disse aos seus discípulos que eles poderiam passar por aflições neste mundo, mas a vitória seria certa: “[...] no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33) 
O discipulado verdadeiro pode ter seu custo elevado, mas o final sempre será feliz.
 Não da maneira que os filhos de Zebedeu queriam, pois almejavam lugares de destaque no reino, Jesus falou: “Entre vós não será assim...” (Mc 10.44) 

5. A batalha de cada dia. Em Lc 9.23 diz: “Se alguém que vir após mim, negue a si mesmo, tome sua cruz de cada dia, e siga-me.”
Você observou que Lucas acrescenta a expressão cada dia. Isto traz a cruz do passado para a existência contemporânea. Não simboliza somente a morte de Cristo, mas também um modo de vida o oferecimento diário do seu eu à vontade de Deus.
Você já imaginou se tivéssemos que tomar banho somente uma vez na semana? Em alguns países onde o frio é muito intenso, esse costume é até comum. Mas para o nosso clima tropical, esse costume não é nada agradável. É difícil estar próximo de alguém nessas condições, não é? Se a higiene corporal não for feita diariamente, assim como, também, a alimentação, o descanso, etc., problemas de ordem física e espiritual se aproximam. Cada dia, portanto, enfatiza a dinâmica da vida cristã, ou seja, o discipulado cristão exige uma ação continua, ininterrupta.
A colheita do maná é um símbolo vivo da renovação diária que deve haver na vida do discípulo. Leia Êxodo 16.4. Então disse o Senhor a Moisés: “Eis que vos farei chover pão dos céus, e o povo sairá, e colherá diariamente a porção para cada dia, para que eu veja se anda na minha lei ou não.”
Então, o maná só servia para o mesmo dia, com exceção de sexta-feira. Se sobrasse, ficava estragado. O senhor ficava aborrecido quando alguém colhia demais. Compare Ex 16.20 com 16.28. Isso significa que as bênçãos adquiridas no passado servem, apenas, para edificação e estímulo para a busca constante de novas bênçãos nas fontes inesgotáveis de Deus. Ele tem muitas e muitas bênçãos para nos presentear todos os dias. Por que, pois, viver só em função de bênçãos do passado?

4º Requisito: DISPOSIÇÃO PARA O TRABALHO. O quarto requisito essencial aos interessados a ingressarem na Escola de Discipulado de Jesus é a disposição para o trabalho. “E dizia a todos; Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.” (Lc 9.23).
O Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento apresenta a palavra grega akolouthéo para explicar o temo seguir: “Indica a ação de um homem que responde à chamada de Jesus, cuja vida recebe novas diretrizes em obediência.”
O mesmo dicionário continua afirmando que no grego clássico, seguir significa “ir para algum lugar com outra pessoa.” No judaísmo, esta palavra estava ligada diretamente ao relacionamento entre um aluno do Torá e o rabino (professor). O aluno subordinava-se a este rabino, seguia-o em todo o lugar por onde este andasse, aprendendo dele e servindo-o. No grego do Novo Testamento, em regra geral, sempre indica o início do discipulado.

1. Maneiras impróprias de Seguir a Jesus.

·    Movido por alguma influência externa: a multidão queria cura, ser alimentados, etc.
·    Algumas pessoas seguiram a Jesus porque descobriram que necessitavam dele (Mc 2.15)
·    Seguir de longe (Mt 26.58). Motivos: vergonha de identificar-se com sua pessoa, sua obra e seus ensinos.
·    Seguir com medo (Mc 10.32; Jo 7.13; 12.42). Medo de perder amigos, ou privilégios na área financeira ou na sociedade.
·    Ocultamente (Jo 19.38).
·    Por conveniências pessoais, ou por interesses financeiros (At 8.18-20)
·    Seguir por tradição familiar.

2. É preciso calcular o preço para seguir a Jesus. Leia a parábola descrita em Lucas 14.27-33 que fala sobre a questão das disponibilidades em seguir o Mestre.
Entenda, quem deve, mesmo, fazer o cálculo? A primeira ilustração é relacionada com a construção de uma torre e a outra com táticas de guerras. Ambas envolvem avaliação de altos custos. Mas Jesus não diz que nós é que devemos fazer o cálculo dos custos.
O cálculo é feito pelo engenheiro responsável pela construção e pelo rei empenhado na batalha. Não são os pedreiros nem os soldados.
Quando Jesus referia-se aos cálculos dos empreendimentos, ele estava pensando em si mesmo. Ele já possuía os cálculos da construção do edifício e da batalha.
Por que as exigências são tão rígidas e os custos elevados? _Porque os operários terão que ser altamente treinados, qualificados, dedicados à obra. _Os soldados terão que ser capacitados, bem armados e corajosos.
É preciso atentar para o detalhe que, ao falar sobre os custos, Jesus não estava insinuando o temor ao fracasso. Jesus sempre estimulou os seus discípulos a superarem esse tipo de temor. Alguém disse o seguinte: “Se alguém temer o fracasso é provável que consiga isso mesmo.”

3. Envolve sacrifícios. Os primeiros discípulos deixaram bens e ocupações, Lc 5.11; Mt 4.20.
É claro que, nem sempre, significa abandonar empregos, mudar de profissão ou doar os bens. Zaqueu quis doar parte dos seus bens quando se tornou discípulo, porque foram adquiridos ilicitamente.

4. Privilégios em seguir a Jesus (Mt 19.27-29)
·      Quem segue a Jesus, anda na luz (Jo 8.12).
·      Quem segue a Jesus receberá honra de ficar ao seu lado e ser honrado pelo Pai (Jo 12.26).
·      Quem segue a Jesus tem a bênção de receber orientação pela voz do Supremo Pastor (Jo 10.4).
·      Quem segue a Jesus tem a honra de ser conhecido por Ele (Jo 10.27).
·      Quem segue a Jesus será amado de Deus (Jo 14.21).

5. Seguir a Cristo não pode haver retrocesso, (Lc 9.62). Como um pára-quedista depois de lançado, não pode mais retornar para o avião!

4 A PROVA PARA O DISCIPULADO (Lucas 9.57-62)

Três tipos de discípulos:

O discípulo inconsequente (Lc 9.57,58). Ele ofereceu-se espontaneamente. Atitude louvável! Decidiu irrefletidamente, sem avaliar as consequências. A resposta dura de Jesus não visava desanima-lo, mas instruí-lo. Pois a sua atitude demonstrava que ele não conhecia: a si próprio, o Senhor e a extensão do discipulado.
Ele ouviu a pregação de Jesus e ficou sensibilizado com os seus ensinamentos. Mas os sentimentos humanos são muitos instáveis. Geralmente duram só um momento. Quando chega a razão, eles desaparecem (Jr 17.9; Ec 9.3) 

O discípulo Soft (Lc 9.59,60). Soft, em inglês quer dizer: suave, brando, cortês. É o famoso “devagar” da gíria popular.
É válido lembrar a declaração de um bom servo de Deus que disse: “Quando alguém cuida bem dos interesses de Deus; Deus cuidará bem dos nossos interesses”.

O Discípulo indeciso (Lc 9.61,62). O ato de despedida pelo suposto discípulo foi visto pelo Senhor não como simples cortesia, mas como uma atitude de demora. E a missão que Jesus estava oferecendo era urgente e ainda é. 
  
O amor do discípulo à família, (Mt 10.37) Lucas usa um termo ainda mais forte para chamar atenção daqueles que desejam ser discípulos de Cristo. Leia Lucas 14.26: “Se alguém vier a mim e não deixar a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.” Jesus disse que não é necessário abandonar os familiares para segui-lo, mas se estes forem um impedimento para o crente servi-lo livremente deve-se dar a prioridade a Cristo.
Entenda bem esta expressão. Longe de ser considerado uma incoerência bíblica, a prática, entretanto, revela que aqueles que amam a Cristo nesse nível, são os que mais amam os seus pais.
Cristo, também, não está se voltando contra o lar e suas relações familiares, porque ele mesmo instituiu a família, mas mostra que há uma relação ainda mais elevada, isto é, a relação espiritual com Deus. O amor a Cristo dever ser superior até mesmo ao da família. Aquele que não tem tal amor não sofrerá oposição por parte da família ao querer tornar-se discípulo. Nesse caso a influência familiar colocaria fim ao discípulo.

Nova família. Cristo é nosso irmão mais velho, porque somos co-herdeiros; Deus é nosso Pai; os demais discípulos são nossos irmãos; nessa família os laços são eternos. Nesse caso se for preciso negar a um pai, é melhor negar o pai terrestre do que o Pai celeste; se for preciso negar a um irmão, é melhor negar a um irmão terrestre do que a Cristo, o irmão celeste. Se for preciso escolher entre um noivo terrestre e o Noivo celeste (Cristo), é perfeitamente claro que o discípulo autêntico só pode preferir a Cristo. (Citado por Russel N. Champlin, em O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo)

             5 QUEM PODE DISCIPULAR?

“O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida (Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada); O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo.” (Jo 1.1-3)

Aquele que entendeu o significado da Grande Comissão

A ordem do Senhor aos seus discípulos, ou àqueles que levam a questão do discipulado a sério, foi a de fazer discípulo de todas as nações. Além de entender o significado da Grande Comissão, o discípulo precisa, de igual modo, sentir-se participante dela.
Ainda nos dias atuais, algumas pessoas pensam que a ordem de “fazer discípulos” foi endereçada somente a um grupo especial, como aqueles que exercem alguma função no ministério, como evangelistas, pastores ou missionários. Absolutamente não.
Não basta apenas estar ciente da mensagem. Entender aqui significa obedecer.
Se você diz que entendeu o significado da Grande Comissão, mas não “move uma palha” no sentido de torná-la prática, então você ainda está em desobediência. Não dá para discordar, não é?
Então, o que fazer?
Se esta pergunta reflete o gemido de sua alma, observe:
Você está cansado de saber que o trabalho de evangelismo, discipulado, missões e outros ministérios semelhantes só podem ser bem-sucedidos se forem feitos em equipe. O maior dos apóstolos conhecia bem a prática do trabalho em equipe. Ele disse que um planta, outro colhe e Deus dá o crescimento (1 Co 3.6-9). Veja bem o lado humano e o lado divino nessa questão. O natural e o sobrenatural. O homem tem de plantar e colher, mas não pode fazer a semente germinar, crescer e produzir frutos. Esse é o trabalho divino. Só Ele pode fazer isso.
Bem, precisamos fazer nossa parte: plantar e colher, certo? Paulo disse que ele plantou e Apolo regou (1 Co 3.6). O evangelista não pode fazer tudo sozinho. Muito menos o missionário.
Aí é que entra o trabalho de base, o trabalho de equipe. É verdade que nem todos têm a mesma chamada no Corpo de Cristo, como também cada órgão no corpo humano tem sua própria função, e nenhum deles funciona sem a cooperação de outro, isoladamente. Em termos gerais, na área da Grande Comissão funciona da mesma maneira: o evangelista ou missionário vai, planta (a igreja) e o pastor vai depois para solidificar o trabalho com ensino sistemático, para produzir o aperfeiçoamento dos santos (Ef 4.12). Só que o evangelista ou o missionário não podem “ir” sem que haja a cooperação da igreja local.
Quem não recebeu (ainda) a chamada para algum ministério de liderança, pode começar fornecendo condições para aquele que está liderando. Até uma Bíblia que seja oferecida para o ministério de discipulado já é uma boa cooperação. É claro que este exemplo é muito simples. Muito mínimo.
Paulo disse que tanto o que planta, como o que colhe não devem se vangloriar (1 Co 3.7), mas a glória pertence ao Senhor, que produz o crescimento.
O apóstolo Paulo afirmou ainda que, tanto um como o outro receberão o justo galardão das mãos do justo juiz (2 Tm 4.8). Esse juiz não se engana nem pode ser subornado sob qualquer pretexto. Quem ofertou apenas uma Bíblia usada, sem qualquer sombra de dúvida, receberá o galardão equivalente a uma Bíblia usada. Lembra da história que minha avó contava sobre a irmãzinha e o grande líder? Pois bem, é por aí.
Vamos recapitular: Você entendeu mesmo o significado da Grande Comissão?
Está disposto a começar? Cooperar? Nós somos cooperadores de Deus, lembra de 1 Coríntios 3.9? Então, vai nessa força!

Aquele que aprendeu a ser discípulo

Somente depois do reencontro de Jesus com Pedro, após a ressurreição, é que ele conseguiu pregar o maior sermão da história da Igreja. Até então, Pedro não havia experimentado uma renovação autêntica. Podia ser considerado um bom crente, mas não um bom discípulo. Suas atitudes demonstravam que ele era apenas um homem comum. Isso fica bem claro no reencontro que teve com o Mestre às margens do mar da Galiléia (Jo 21.15-17). Ele declara, por duas vezes seguidas, que considerava Jesus apenas como um bom companheiro, mas não o considerava um amigo verdadeiro, daquele tipo que é “mais chegado que um irmão” (Pv 18.24).
Veja o que Pedro disse alguns anos mais tarde quando, de fato, aprendeu a ser um verdadeiro discípulo: “Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, segundo fábulas artificialmente compostas, mas nós mesmos vimos a sua majestade” (2 Pe 1.16). O apóstolo está afirmando que os seus ensinos não foram baseados em contos de fadas, mas que os seus próprios olhos viram a glória de Cristo. Há uma grande diferença, não há?
Outro que deu um testemunho prático do seu discipulado foi João, o apóstolo do amor. Leia em 1 João 1.1-3. Ele afirma que os seus ensinos foram baseados no que ele mesmo viu e ouviu. E ainda mais, as suas próprias mãos perceberam a presença do Filho de Deus.
Observe o nível de conhecimento de João em relação ao seu Mestre (1 Jo 1.1-3):
• “O que vimos, com os nossos olhos”,
• “O que temos contemplado”,
• “E as nossas mãos tocaram da Palavra da vida”,
• “O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos”.
Permita-me mencionar outro personagem que merece nossa consideração. Jó era o homem mais justo da terra na sua época. O próprio Deus dava testemunho a seu respeito (Jó 1.8). Era o juiz da sua cidade; um homem de bem e piedoso. Lendo o livro que leva seu nome, observamos as palavras poéticas que ele menciona a respeito da criação e do Criador. Porém, tudo o que ele sabia a respeito de Deus era baseado nas informações de outros. A sua experiência com o Criador era muito limitada. Suas próprias palavras é que afirmam isto: “... falei do que não entendia; coisas que para mim eram maravilhosíssimas, e que eu não compreendia” (Jó 42.3).
Mas depois de toda daquela provação por que passou, ele teve uma nova visão a respeito de Deus. A dimensão de sua vida devocional foi ampliada 100%. Compare a conclusão do versículo 3: “Mas agora te veem os meus olhos” (Jó 42.5).
Desses exemplos, concluímos o seguinte:
• Só podemos testemunhar com êxito o que temos certeza, baseado na nossa própria experiência e não na experiência alheia.
• Para ter sucesso no discipulado é necessário conhecer bem o Mestre dos mestres.
• Podemos ser até bons ensinadores, mas sem uma experiência viva é provável que nossa mensagem seja igual a comida sem sal.

6 QUALIDADES QUE O DISCIPULADOR PRECISA CULTIVAR

“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego” (Rm 1.16)

Confiança no poder do Evangelho

Se o discipulador não acreditar completamente que o Evangelho é o poder de Deus para transformar o mais miserável pecador em uma nova criatura, ele terá pouco sucesso no seu trabalho.
Ele terá de procurar as pessoas boas ou razoavelmente boas para evangelizar e discipular.
Vale à pena lembrar alguns exemplos deixados pelo próprio Senhor.
• Quem era Zaqueu?
Era um cobrador de impostos, certo?
Ele não era santo, porque as pessoas que o conheciam criticaram Jesus por entrar na casa dele (Lc 19.7); além disso, ao se converter disse que restituiria quatro vezes mais se houvesse defraudado alguém. Logo, fica entendido que alguns impostos não foram creditados aos cofres públicos, mas, certamente, foram parar em algum paraíso fiscal. Ainda bem que as famosas ilhas Cayman não eram conhecidas na época.
• Qual era a característica da centésima ovelha que se perdeu, na parábola (Lc 15.1-7)?
• E o filho pródigo (Lc 15.11-32)?
As características desse filho pródigo, conforme contado pelo próprio Jesus, demonstram que ele passou pelos seguintes estágios:
• Mendicância
• Alcoolismo
• Prostituição
Quais foram as atitudes de Deus Pai (simbolizado pelo pai do filho pródigo)?
• Saudade
• Amor
• Pressa em receber o filho perdido (Lc 15.20). (É a única vez na Bíblia em que Deus, o Todo-Poderoso, se apresenta correndo. Correndo para receber um pecador que retorna à sua casa.) Isso não é comovente?
Outro bom exemplo que bem retrata o poder do Evangelho é a cura e salvação do endemoninhado gadareno (Lc 8.26-39).
Quem era ele antes de conhecer Jesus?
Como ele ficou após o encontro com Jesus?
“E saíram a ver o que tinha acontecido e vieram ter com Jesus. Acharam, então, o homem de quem haviam saído os demônios, vestido e em seu juízo, assentado aos pés de Jesus; e temeram” (Lc 8.35).
Observe as palavras “vestido e em seu juízoassentado aos pés de Jesus”.
Isto não é maravilhoso?
Somente o poder do Evangelho faz isso!
Você precisa de um bom exemplo no Antigo Testamento?
Você já ouviu falar do rei Manassés?
Leia a história desse rei para saber mais detalhes sobre as maldades que ele cometeu. Para ter uma ideia, até seu próprio filho queimou no fogo em sacrifício aos deuses cananeus (2 Cr 33.1-10).
Mas o que aconteceu quando ele se arrependeu e buscou o Senhor (2 Cr 33.12,13)?
Sim. O Evangelho transforma e o Senhor é grande em misericórdia!
Quem sabe aqui tenha alguém que já foi um grande pecador no passado, mas agora foi alcançado pela infinita graça de Deus!

Dedicação e Perseverança
O trabalho de discipulado pode ser comparado com o trabalho de um agricultor.
O bom agricultor sabe que a semente plantada pela manhã não vai dar frutos na tarde do mesmo dia.
Observe o trabalho que deve ser feito para se obter uma boa colheita:
• Escolha e seleção das sementes
• Escolha do terreno
• Preparação do terreno
• Adubagem
• Plantação
• Irrigação (trabalho diário –– às vezes tem de ser feito duas vezes ao dia)
• Podadura (desbastar os galhos)
• Colheita e seleção dos frutos, etc.
Já percebeu por que são poucos os discipuladores?
Sem dedicação e perseverança não há boa colheita.
Lembra o que aconteceu com a plantação de um homem que semeou boa semente no seu campo e depois foi dormir (Mt 13.24-30)?
O inimigo veio à noite e semeou o joio no meio do trigo.
Por quê?
Não houve dedicação, muito menos perseverança.

• Creia na atuação do Espírito Santo.
• Creia na transformação do pecador.
• Creia no poder de Deus.
• Creia no seu próprio trabalho.
• Creia que Deus irá usá-lo poderosamente.
• Creia que a semente lançada irá germinar. A Palavra de Deus, uma vez proferida, não voltará vazia (Is 55.11).

Total Dependência do Espírito Santo
Jesus dependeu do Espírito Santo. Os discípulos dependeram do Espírito Santo. Todo bom discipulador deve depender do Espírito Santo.
O discipulador precisa acreditar que o Espírito Santo é quem irá convencer o pecador e ajudá-lo no seu crescimento espiritual, através do seu trabalho.
O Espírito Santo é o maior interessado no sucesso desse trabalho.

7 RECOMENDAÇÕES AOS DISCIPULADORES

“A quem anunciamos, admoestando a todo homem, e ensinando a todo homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo homem perfeito em Jesus Cristo.” (Cl 1.28)
O discipulador precisa prevenir-se de algumas atitudes que, talvez, involuntariamente, podem causar uma série de embaraços no desempenho do novo discípulo. Ainda que sejam feitas com toda a boa vontade do mundo, se não estiverem moldadas nos padrões bíblicos prejudicarão o discípulo e, consequentemente, o discipulador.

Zelo em Excesso

O que Jesus mais criticou nos religiosos da sua época era exatamente o excesso, ou seja, tudo o que ultrapassava o permitido, o legal, o normal.
Se uma senhora cuida de seu filho adolescente, da mesma maneira que cuidava quando este ainda era um bebê, isto é, chamado de excesso ou ridículo.
 O novo discípulo superprotegido adquire a superdependência e com a superdependência vem a insegurança. Esse discípulo dificilmente atingirá a maturidade cristã.
O discipulador precisa administrar o seu lado samaritano, paternalista, se estiver em excesso.

• Veja o efeito causado pelo excesso de zelo:

superproteção <=> superdependência = insegurança

Tomar o Lugar de Deus
Aliado ao excesso de zelo está o perigo do discipulador tentar tomar o lugar de Deus. O fator chamado limite deve entrar em ação aqui. Ajudar é um dever cristão dos mais dignos, mas carregar uma pessoa adulta nos ombros sem que esta esteja impossibilitada de andar, não é tarefa do discipulador.
É válido citar aqui o provérbio chinês: “Não dê um peixe ao homem; ensine-o a pescar”.
Jesus ensinava os seus discípulos, mas também fazia a verificação da aprendizagem, enviando-os para fazer algum tipo de serviço evangelístico em forma de teste, para ver se haviam aprendido a lição.
Este mesmo princípio deve ser aprendido pelo discipulador: ensinar o novo discípulo a andar, até que este aprenda a andar sozinho. O Espírito Santo se encarregará de conduzi-lo vitoriosamente, sem o excesso de ajuda do discipulador.
A responsabilidade do discipulador vai até aonde ele alcançar a maturidade cristã, à capacidade de reproduzir-se.
Se Deus deseja, por exemplo, por sua soberana vontade, permitir que um de seus discípulos passe por alguma situação difícil, a fim de moldar-lhe o caráter, ou ensinar-lhe alguma lição específica, o cuidado em excesso do discipulador pode interferir no trabalho do Espírito Santo. O discipulador deve estar, portanto, em constante comunhão com o Espírito Santo para entender qual deverá ser sua posição. Geralmente, nesses casos, a posição do discipulador deve ser de conselheiro. Uma palavra amiga, um gesto, ou mesmo que seja só a presença (ainda que em silêncio), tem um valor incalculável.

Autoritarismo

É preciso haver conscientização de que o novo discípulo não é uma propriedade particular do discipulador, nem um criado para suprir-lhe os caprichos.
O discipulador deve resistir à tentação de vir a assenhorear-se do seu discípulo quando este mostrar-se agradecido através de gestos e palavras, porque o verdadeiro discípulo irá procurar servir de alguma maneira aquele que o instrui, como uma espécie de recompensa pelo trabalho de conduzi-lo ao conhecimento do Senhor.
O autoritarismo e a manipulação de pessoas não provém de Deus. É, antes de qualquer coisa, uma tática satânica usada para escravizar pessoas incautas. Esse sistema de governo já está em decadência no mundo moderno. Tem-se tornado detestável. Pode até haver quem “fure o bloqueio”, porém quando houver uma conscientização e uma oportunidade para se conhecer a liberdade, o autoritarismo cai, e aquele que o pratica – o ditador – fica em situação difícil.
Veja a admoestação aos líderes em 1 Pedro 5.2,3.

Ameaças “Espiritualizadas”
Estão associadas ao autoritarismo. Geralmente ocorrem quando há uma ameaça de perda do poder. Essas ameaças geram constrangimentos, temor e senso de escravidão espiritual.
Veja se você conhece algumas dessas ameaças muito conhecidas no meio pentecostal:
  •      “Se você não fizer assim... o Senhor vai pesar a mão”,
  •      “O Senhor vai jogá-lo em um leito”,
  •     “O Senhor vai levar a pessoa que você mais ama”, etc.
A tendência do novo discípulo é transformar a ameaça em mandamento bíblico. Tais ameaças não passam de meras suposições antibíblicas e diabólicas, porque diante do raio X da Palavra de Deus são desmascaradas.
O uso de autoridade equilibrada é sinal de temperança, fruto do Espírito que dignifica o discipulador (Gl 5.22). Além disso, ele precisa avaliar a questão da competência. Há situações em que o uso da autoridade compete ao líder da igreja, ao pastor, unicamente.

Cuidado com Expressões Ambíguas
Chamar o novo crente de bebezinho pode causar complicações. Conheço um crente que mudou de igreja porque alguém o chamou de “irmãozinho”. Embora fosse um tratamento carinhoso, o “irmãozinho”, ou melhor, o irmão se sentiu ofendido. Outro quase se desviou logo no primeiro dia após a conversão porque foi chamado de criança em Cristo, “coitadinho”.
Embora sejam palavras de cunho bíblico, devem ser evitadas. Se for preciso fazê-lo, explique o significado, por favor.

Outras Observações Rápidas
• Não perca tempo com assuntos triviais. Vá direto ao objetivo.
• Não comente os problemas da igreja (se houver), nem os defeitos do pastor.
• Trate dos problemas do novo discípulo como conselheiro. Não chore nos seus ombros.

          8 A DIMENSÃO ESPIRITUAL DO TRABALHO DO DISCIPULADOR

“E salvai alguns, arrebatando-os do fogo; tendo deles misericórdia com temor [...]” (Jd 23). Este assunto é indispensável para o bom entendimento do trabalho do discipulador cristão.
Já enfatizamos que o nosso trabalho tem implicações para a eternidade. Neste capítulo, em especial, vou enfatizar as dimensões espirituais do ministério do discipulador.
Você sabe que uma alma acrescentada no Reino de Deus terá de ser, necessariamente, diminuída do reino das trevas. Você há de convir comigo que para ganhá-la houve um esforço, um planejamento. Para ser mais claro, houve uma batalha. Uma batalha na dimensão espiritual, concorda? Ou você acha que Satanás ficou saltitando de felicidade em perder um de seus prisioneiros? Com certeza ele ficou bufando de raiva e soltando fumaça pelas ventas. Ou você pensa que ele não tentaria recuperar a “ovelha” perdida?
A propósito: você sabia que antes de sermos ovelhas do aprisco do Senhor (Sl 100.3), éramos “ovelhas” de Satanás (Ef 2.2)?
Vamos observar um pouco mais de perto o que acontece no mundo espiritual quando uma alma é arrebatada do fogo do inferno, como está dito em Judas 23: “E salvai alguns, arrebatando-os do fogo; tendo deles misericórdia com temor...” Jesus disse aos fariseus que o questionavam acerca de sua autoridade em expulsar demônios: “Como pode alguém entrar em casa do homem valente e furtar os seus bens, se primeiro não manietar o valente, saqueando, então, a sua casa?” (Mt 12.29).
Quem pode entrar na casa do homem valente para desarmá-lo e saquear seus bens, senão outro mais valente? E quem é esse “alguém” mais valente, senão o próprio Jesus que aniquilou “o que tinha o império da morte, isto é, o diabo, e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão” (Hb 2.14,15)?
Paulo declara, pelo Espírito, em Colossenses 2.15 que todos os principados e potestades foram despojados, isto é, desarmados, assim como um soldado vencedor fazia com seu inimigo derrotado, expondo-o ao vexame diante da multidão: “E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo”. A versão Almeida e Atualizada acrescenta a expressão “triunfando deles na cruz”. Nesta área de batalha espiritual, este texto é um dos mais belos, onde Paulo faz um paralelo entre as guerras romanas e a vitória de Cristo sobre Satanás e o inferno. Era comum haver um desfile do exército pelas principais ruas de Roma, sempre que havia uma batalha vitoriosa. Os prisioneiros de guerra desfilavam acorrentados, sem as armaduras, seminus, desfigurados e humilhados pela multidão que gritava refrãos pejorativos aos derrotados. Ao mesmo tempo a multidão ovacionava o exército vencedor, que desfilava com toda pompa e todos os soldados usavam folhas de louros sobre a cabeça, como símbolo de vitória.
Se o inimigo já está desarmado, o crente que possui as “armas poderosas em Deus, para destruição das fortalezas” (2 Co 10.4) participa desse triunfo ao declarar guerra contra o reino das trevas. Dessa forma pode entrar em sua casa, que é o mundo, e tirar os cativos da “casa” de Satanás para a “casa” de Jesus. É disso que fala o apóstolo Paulo em Colossenses 1.13: “Ele nos tirou da potestade das trevas e nos transportou para o Reino do Filho do seu amor”. Afinal, “Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo” (1 Jo 3.8)
De que maneira os salvos podem declarar guerra contra Satanás?
Esta é fácil de responder.
Basta assumir a real posição de obediência à Grande Comissão.
Quer que eu o lembre?
Muito bem. Jesus disse para todos os seus discípulos, dos quatro cantos da terra, e em todos os tempos, o seguinte: “Façam discípulos de todas as nações” (Mt 28.19 – Bíblia Viva).

Como Atuam os Demônios no Trabalho de Discipulado
Já parou para pensar por que as pessoas não se convertem a um Deus tão bondoso e maravilhoso como o nosso? E quando se convertem, muitos se desviam logo em seguida.
Abra os olhos e veja bem:
Primeiro, as pessoas não podem entender o plano de salvação e seguir um Deus bondoso, porque Satanás faz uma verdadeira “lavagem cerebral” na mente das pessoas que, diga-se de passagem, já estão cativas por ele mesmo. Lembra o que o maldito comunismo fazia com os crentes nos países onde reinava essa praga? A propósito, o comunismo foi a maior mentira de Satanás deste século. Imagine alguém sem comida, trancado em um quarto escuro, ouvindo a mesma mensagem 24 horas, durante uma semana: “COMUNISMO É BOM, JESUS CRISTO É RUIM; COMUNISMO É BOM, JESUS CRISTO É RUIM...” O que esta pessoa vai falar, pensar e agir, após sair desse quarto? Richard Wumbrand, autor do best-seller Cristo em Cadeias Comunistas, que passou por esta amarga experiência, afirma que ao sair desse processo estava completamente louco.
Leia o que afirma Paulo: “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” (2 Co 4.4).
O pastor e fundador da igreja em Corinto também se preocupava com seu rebanho, no sentido de que Satanás lançasse a semente da corrupção na mente dos crentes. Veja o que ele falou: “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo” (2 Co 11.3). Observou que até o afastamento da “simplicidade que há em Cristo” pode ser uma ação maligna?
Outro detalhe que não podemos esquecer é o fato de que todo incrédulo é manipulado pelo Diabo, como verdadeiro fantoche.
Donald Stamps, autor dos comentários da Bíblia de Estudo Pentecostal, da CPAD, ao comentar Efésios 2.2, afirma o seguinte: “Todo aquele que está sem Cristo é controlado pelo ‘príncipe das potestades do ar’, i.é., Satanás”. Eis o texto de Efésios, começando do primeiro ao terceiro versículo: “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que, noutro tempo, andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência; entre os quais todos nós também, antes, andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também”.
Segundo, as pessoas não podem se converter porque Satanás atrapalha a germinação da semente da palavra semeada nos corações pelo evangelista e discipulador.
Veja como ele é sujo: após a mensagem ser pregada, ele vem e arranca a palavra semeada. É real. O verbo correto é este mesmo: arrancar, e, quem arranca, o faz com muita violência. Ele não pede licença, ou por favor, nem bate à porta, mas vai arrombando logo a porta dos corações e arranca o que foi semeado. Imagino que ele age como um pai de família embriagado que chega em casa batendo na esposa e nos filhos pequenos, sem motivo. Imagino que ele vai logo dando um safanão naquela pobre alma e aos berros adverte, ameaçadoramente: “Eu não disse pra você não dar atenção a esses ‘bíblias’ desocupados?” E por aí vai! Dá para tratar com esse inimigo com carinho? (exemplo da Irma: se baixar a arma vou a igreja, se atirar, vou para o céu)
Foi o próprio Jesus quem falou, ao explicar a Parábola do Semeador, em Marcos 4.15: “E os que estão junto ao caminho são aqueles em quem a palavra é semeada; mas, tendo eles a ouvido, vem logo Satanás e tira a palavra que foi semeada no coração deles”. Em Lucas 8.12 há um complemento ainda mais esclarecedor: “para que se não salvem, crendo”.
Se você tem o bom costume de sublinhar textos específicos em sua Bíblia, sugiro que sublinhe a expressão “tira a palavra” e “para que se não salvem, crendo”.
Viu como a coisa é séria?
Dá para entender agora por que seu colega de trabalho aceitou tão educadamente você falar-lhe de Jesus, mas, depois, procurou evitar cruzar com você no corredor? E depois, você observou que essa pessoa permaneceu como se nunca tivesse ouvido as Boas Novas de liberdade do Evangelho?
É, meu caro. A coisa é mais séria do que eu e você podemos imaginar.
Dá para entender agora, por que o gráfico apresentado no início reflete a mais límpida realidade?
Dá para entender agora, por que os resultados em evangelismo, discipulado e missões são tão pequenos?
Afirmou Gilberto Pickering em seu livro Guerra Espiritual, publicado pela CPAD: “Das pessoas que Deus chama para a missão transcultural, Satanás derruba a maioria por aqui: nunca chegam ao campo. Dos poucos, relativamente, que alcançam o campo missionário, a metade é tirada do páreo dentro de quatro anos – voltam derrotados para seus países de origem e nunca mais voltam”.
Precisamos assumir uma posição definitiva em relação à tarefa suprema da Igreja, pelo fato de que no mundo espiritual não pode haver neutralidade. Foi o próprio Mestre Jesus quem assegurou aos discípulos a impossibilidade de andar por dois caminhos ao mesmo tempo, entrar por duas portas, servir a dois senhores, enfim, em Lucas 11.23, Jesus disse: “Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha”. Não dá para “assobiar e chupar cana ao mesmo tempo”.
Perceba bem: ou assumimos uma posição séria diante de Deus ou podemos estar a serviço do inferno, inocentemente! Sei que essa declaração soa como uma colisão de uma carreta contra um fusca, mas, felizmente ou infelizmente, é a mais pura verdade. Pessoalmente, gostaria que essa verdade não fosse tão verdadeira, mas é.
Creio já ter o leitor percebido que o nosso trabalho de discipulado tem implicações tanto eternas quanto espirituais.
Em Moçambique, onde a guerra civil deixou milhares de vítimas, ainda restaram milhares de minas enterradas e espalhadas por todo o país. É comum encontrar nas ruas crianças e velhos aleijados, vítimas de explosões. A fatalidade é que, inocentemente, pisaram em um explosivo enterrado. Com isso quero dizer que, se não nos cuidarmos, podemos pisar em uma “mina”, se o Senhor não usar de misericórdia para conosco. Em outras palavras, volto a reafirmar: o território do inimigo é perigoso e, se não usarmos os armamentos adequados com a devida perícia, nosso sucesso nesse tipo de trabalho pode não ser o esperado.
Com mais esta ilustração fica ainda mais claro o entendimento do texto de Efésios 6.10-19, onde um dos mais experientes soldados na batalha espiritual explica que a nossa luta não é contra as pessoas que vamos evangelizar, mas sim, contra os próprios demônios. E lembre-se de que eles são organizados em forma de um verdadeiro exército, com soldados, sargentos, capitães, e tudo mais. É disso que fala o texto ao mencionar os termos “hostes”, “principados”, “potestades”, “dominações” e “forças espirituais”.
E não pense que estou falando “pelos cotovelos”, não. A Bíblia afirma que o nosso adversário é o Diabo. E não é o adversário dos ímpios, não. Os ímpios são até amigos dele. É o adversário dos crentes, lavados pelo sangue do Cordeiro! E quem falou isso foi o apóstolo Pedro. Ele tinha experiência de sobra para falar sobre isso. Lembra do episódio de Pedro e da pedra (Mt 16.13-23)? E depois, o que foi dito ao irmão Pedrinho? (Esse assunto está mais detalhado no 3° requisito para entrar na escola de discipulado de Jesus, que é a consciência da cruz.)
Ouçamos o irmão Pedro: “Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pe 5.8). Cuidado para não dormir no ponto!
Veja mais outros títulos e adjetivos que a Bíblia aplica ao adversário das nossas almas:
• “Engana todo mundo” (Ap 12.9)
• Apresenta-se como “anjo de luz” (2 Co 11.14)
• É tentador (1 Ts 3.5)
• “príncipe das potestades do ar” (Ef 2.2)
• “deus deste mundo” (2 Co 4.4)
• “príncipe deste mundo” (Jo 16.11)
• “mundo jaz no maligno” (1 Jo 5.19)
• Veio para matar, roubar e destruir (Jo 10.10)
• Serpente (Gn 3.1-6)
• Homicida e pai da mentira (Jo 8.44)
Gostaria de mencionar mais dois fatos sobre a ação do Inimigo. Satanás e os demônios agem de maneira até surpreendente, pois eles têm acesso à nossa mente.
Lembra do irmão Pedro (Mt 16.13-23)? O que foi que Jesus disse para ele? “Para trás de mim, Satanás”! Estranho, não? Pois é, Satanás tem acesso à nossa mente e pode colocar palavras em nossa boca. Lembro-me que certo irmão ao falar nas reuniões do ministério, podia-se ouvir várias vozes falando baixinho algumas frases que sugeriam pavor e defesa contra o adversário: “Senhor, tem misericórdia!”, “cobre-nos com o teu sangue”, “fecha a boca do leão”, etc. Não dava outra. Era briga na certa. Esse irmão tinha o “dom” de tumultuar as reuniões. Quando ele não ia às reuniões era um alívio.
Hoje entendo que aquelas sugestões do dito irmão nada mais eram do que palavras dos demônios em sua boca. Pelos “frutos” que mais tarde foram sendo descobertos, ficou ainda mais claro o porquê de tanta briga quando aquele “irmão” falava. E o “irmão” ainda pertencia ao ministério! Durma com um barulho desses!
Outra coisa: você consegue orar sem que seus pensamentos vagueiem? Consegue se concentrar? Não há nenhuma interrupção? Não sente sono? Desânimo? Cansaço? Não faltam palavras? Consegue orar sem nenhuma dificuldade? De repente você lembra de um escorregão do passado, de uma palavra mal empregada. Tudo ocorrido há muitos anos. Por quê?
São as ingerências demoníacas na nossa mente, para atrapalhar a oração. Quando começamos a orar entramos na dimensão espiritual. É quando mexemos com o inimigo. Ele se sente imediatamente ameaçado.
Por isso ele emprega todos os esforços para nos desviar da oração. Ninguém ora sozinho.
Jesus foi tentado exatamente quando orava e jejuava. Mas Ele não desanimou, não cedeu, Ele enfrentou e derrotou o Inimigo.
Agora, observe bem. Às vezes quando alguém desperta para estas verdades se impressiona de forma exagerada e passa a ver demônio em tudo, ou então, acha que ao colocar a culpa no Diabo, pode fugir da responsabilidade diante de Deus. Não é bem assim. É preciso discernimento. A busca incessante do dom de discernimento espiritual é muito importante para um bom guerreiro de Cristo.
Todos esses comentários não são para enaltecer o Inimigo ou cultuá-lo, mas para que haja uma conscientização dos perigos que ele representa.

De Bobo Ele não Tem Nada

Já mencionamos que o nosso arquiinimigo não descansa. De bobo ele não tem nada. Pelo contrário, Satanás e seus demônios “são seres espirituais com personalidade e inteligência” (Bíblia de Estudo Pentecostal –– estudo acerca do Poder sobre Satanás e os Demônios, CPAD).
Não é de se estranhar que nos últimos dias da Igreja sobre a terra, eles (os demônios) estão mais ativos do que nunca. Você já observou como tem aumentado a violência no mundo? Os números de assaltos, assassinatos, furtos, suicídios e tudo o que não presta, simplesmente, triplicaram. Mesmo quem não é tão idoso e que tenha um pouco mais de quarenta anos de idade, vai observar que há 20 anos a coisa era diferente, não é verdade?
Só mais uma coisinha: as penitenciárias do mundo todo estão sempre acima de sua capacidade de lotação. Os presos são amontoados como animais e os governantes não sabem o que fazer para resolver o problema. Com um agravante que chega a ser chocante, para não dizer assustador: a faixa etária de mais de 50% dos presos está entre 18 e 25 anos. Ou seja, estão na flor da idade. A idade da conquista, da preparação para o futuro, e o Diabo os engana, lançando-os atrás das grades. Alguns só conseguem sair após quarenta ou cinqüenta anos de idade. O período mais importante da vida foi perdido! Triste não é? Há pouco tempo precisei acompanhar uma pessoa até uma delegacia policial. Ela havia sido vítima de assalto. Levaram todo o seu salário do mês, exatamente no dia do pagamento. A vítima tentou identificar o assaltante em meio a uma centena de fotos. Para meu espanto e tristeza, quase todos os assaltantes eram moças e rapazes! O mais velho talvez não tivesse trinta anos.
Recentemente, um prefeito de uma cidade no Estado de São Paulo descobriu que a maioria dos crimes era praticado quando as pessoas estavam embriagadas. Decidiu, então, que os botequins fossem fechados mais cedo. O resultado foi positivo. O índice de ocorrências caiu pela metade!
Outro grande responsável pela desgraça no mundo é o tóxico. Seja a maconha, ou qualquer derivado da cocaína, como crack ou ecstasy, ou até a “inofensiva” cola de sapateiro. O que leva uma pessoa a induzir outra para usar droga? Geralmente, para induzir os jovens a experimentarem drogas, os traficantes apelam para o brio, para a dignidade, usando argumentos como: “Você não é homem. Se fosse homem você experimentaria”, ou “Você é um medroso, um covarde”, ou ainda “Vê se sai debaixo da saia da mamãe”.

Imagine bem:
Quem pode colocar um poder de convencimento tão audacioso na mente desses traficantes, que geralmente agem na porta das escolas?
O que leva um adolescente ficar rebelde contra seus pais e usar tóxico?
Depois de experimentar a primeira vez, que força motivadora faz com que o viciado use todos os meios para adquirir a maldita droga, muitas vezes roubando os próprios pais?
O que leva um pai de família a pegar todo seu salário do mês e gastar com cerveja, deixando sua família passar necessidades?
O que leva esse mesmo pai de família a gastar todo seu dinheiro com prostituição, com jogos de azar, etc.?
Já percebeu quem induz a tudo isso?
Ou você ainda acha que todas essas coisas acontecem por acaso?
Você pode, então, me perguntar: por que tanta ignorância sobre este assunto? Por que este assunto é tão pouco falado nas igrejas?
Algumas vezes, ao falar sobre Missões, sempre procuro cavar uma brecha para tocar nesse ponto. Confesso que nem sempre tenho alcançado êxito. Certa vez, durante uma preleção, um “irmãozinho” assentado atrás de mim no púlpito gritou tanto o “sangue de Jesus tem poder”, que parecia que eu mesmo estivesse endemoninhado. Só não passei vergonha porque o Senhor estava abençoando a mensagem, colocando palavras de sabedoria na minha boca.
Ora, sabemos que o inimigo está aí mesmo, que é esperto e maquiavélico, que não dorme no ponto, mas parece que há um receio muito grande em “tocar” neste assunto. Na verdade, a coisa é medonha, ou seja, é uma mistura de medo e vergonha ou o medo de passar vergonha, como o exemplo citado anteriormente.
Crimes como violência contra a mulher, assédio sexual, maus-tratos à crianças e o abuso sexual infantil, depois de amplamente denunciados pela população através do chamado “disque denúncia”, diminuíram em número de casos.
O que mostra que a denúncia funciona. Esses males não acabaram, nem vão acabar tão cedo, enquanto o homem estiver sobre a terra. Mas, pelo menos, a atuação do mal é inibida.
Então, é preciso denunciar. O silêncio só traz vantagem ao inimigo. Quanto mais se evitar tocar na ferida dele, melhor. Denunciar é preciso. Contra-ataque já!
O crente que vive uma vida consagrada a Deus, que reconhece que o Senhor Jesus deixou-nos armas espirituais poderosas para destruir as fortalezas de Satanás (2 Co 10.3-5), e entende que fomos ressuscitados com Cristo e estamos assentados “nos lugares celestiais (Ef 2.6), “acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro. E sujeitou todas as coisas a seus pés e, sobre todas as coisas, o constituiu como cabeça da igreja” (Ef 1.21,22), esse crente deve assumir uma posição de guerra contra as trevas. Jamais deve assumir uma posição defensiva, pelo contrário, quem deve se defender é o adversário. Assumir o encargo da Grande Comissão é posição de guerra contra Satanás.
Agora, abra bem os olhos (espirituais, é claro): não vá se atrever a enfrentar o “valente” (Mc 3.27) sem conhecer com que armamento ele vem contra você. Não vá “catucar onça com vara curta”, por favor, como fizeram sete rapazes na época de Paulo. Veja como eram ingênuos; eles disseram para os demônios: “Esconjuro-vos por Jesus, a quem Paulo prega”. Um dos demônios respondeu: “Conheço a Jesus e bem sei quem é Paulo; mas vós, quem sois?” Para encurtar a história, sabe o que aconteceu com aqueles jovens? Levaram uma surra dos demônios.
Não estou dizendo para você ter medo, mas para ter cuidado. Muitos foram feridos nesta batalha, por não usarem as armas convenientes ou por negligenciarem os cuidados básicos. Uma vida santificada, por exemplo.
A nossa atitude em relação ao adversário deve ser a mesma do jovem Davi contra o gigante Golias:

Tu vens a mim com espada, e com lança, e com escudo; porém eu vou a ti em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado. Hoje mesmo o Senhor te entregará na minha mão; e ferir-te-ei, e te tirarei a cabeça, e os corpos do arraial dos filisteus darei hoje mesmo às aves do céu e às bestas da terra; e toda a terra saberá que há Deus em Israel. Esaberá toda esta congregação que o Senhor salva, não com espada, nem com lança; porque do Senhor é a guerra, e ele vos entregará na nossa mão” (1 Sm 17.45-47).


9 APRENDA COM O MESTRE DOS MESTRES

Características dos discípulos de Jesus

Leia o que diz o evangelista Robert Coleman a respeito das qualidades dos discípulos do Mestre Jesus:
Nenhum deles ocupava posição de destaque na sinagoga; nenhum deles pertencia ao grupo sacerdotal levítico. Eram operários com pouca instrução. Talvez alguns deles fossem de famílias que possuíam recursos como os filhos de Zebedeu, mas nenhum poderia ser considerado rico. Não tinham graus de doutorado, nem em artes, nem em Filosofia. É provável que a educação escolar que haviam recebido era, como a de seu mestre, a fornecida pelas escolas da sinagoga. A maioria deles havia sido criado nas regiões pobres do país, nas proximidades da Galileia. Ao que parece, o único que provinha da Judeia, uma região mais refinada era Judas Iscariotes. Eram impulsivos, temperamentais, ofendiam-se com facilidade e abrigavam todos os preconceitos daquela sociedade. Esse grupo, ninguém esperava que fosse ganhar o mundo para Cristo”.

Fazendo discípulos com o Mestre dos mestres

Como você leu no texto acima, os discípulos de Jesus eram as pessoas jamais indicadas para fazer o que fizeram, mas revolucionaram o mundo em que viveram. Enfrentaram todo tipo de perseguição da parte de reis, imperadores, políticos, religiosos fanáticos e até leões, nas arenas de Roma. O que teriam de enfrentar não importava, ainda que custasse a própria vida. O mais importante era obedecer a ordem dada pelo Mestre Jesus a quem prometeram lealdade. E a ordem era esta: “[...] fazei discípulos de todas as nações”.
Eram humanos, sim. Estavam sujeitos às mesmas fraquezas, paixões e circunstâncias inerentes a todo homem, na sua constituição física. O que eles menos possuíam era o fator chamado capacidade.
João e Tiago – Filhos do Trovão: não levavam desaforo pra casa. João já velhinho era levado para os cultos, onde se contentava em exortar dizendo: “Filhinhos, amai-vos uns aos outros”.
Pedro: Campeão em imaturidade.
Leonardo Da Vinci passeava com um amigo e viu um bloco de pedra e passando a mão nela com delicadeza e conversava com ela. Ele diante d amigo pareceu louco, mas ele via na pedra uma bela escultura, e foi o que ele fez, um belo anjo que recebeu altos elogios.  Pois assim que Deus fez conosco.

A idoneidade para ensinar

Não podemos pensar em “fazer discípulos”, sem usar métodos pedagógicos para ensinar. A própria palavra discípulos, ou alunos, exige a presença de um professor, ou discipulador.
Por isso algumas observações são indispensáveis para quem deseja abraçar esse mandamento. Ninguém melhor para servir como nosso exemplo do que o próprio Jesus.
Ele era chamado Mestre e se destacou entre todos os demais da sua época, primeiramente porque era idôneo o bastante para atuar na área do ensino.
Outro que se destacou nessa aérea foi o apóstolo Paulo. “Se é ministérios, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino”. 

Jesus amava seus discípulos

 O mestre mesmo provou esta amizade. Em João 15.13 está escrito que “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.”
Não basta ser um discipulador. É necessário ser um discipulador de verdade”. Como também, não basta ser um professor da Escola Dominical ou um obreiro da igreja que ensina no templo. É necessário parecer-se com Jesus.
Se nossas ações não forem motivadas pelo amor, tudo será em vão. Leia 1 Coríntios 13.1-3.
 O relacionamento de Jesus com seus alunos não era simples consideração. Era amor de verdade.
Enquanto alguns de seus discípulos buscavam fama e posição social, Ele próprio afirmara que viera para servir (Mt 20.28).

Como Jesus via as pessoas

Jesus via as pessoas como ovelhas, e não como objetos, que completasse suas paixões pessoais.
Jesus via as pessoas como necessitadas de um Salvador, e não como um comerciante sovina, que espera algo em troca.
Jesus via as pessoas como escravas de Satanás, por isso, tudo fazia para libertá-las, e não como um pastor mercenário, que busca enriquecimento fácil.
Entendeu porque os discípulos o amavam tanto, a ponto de exporem suas cabaças em favor do Evangelho.
Já imaginou um missionário sem amor? Um líder sem amor? Um professor da Escola Dominical que só deseja mostrar aos seus alunos que tem bons conhecimentos, e não ensina com amor? A carreira desses estará fatalmente com os dias contados.

Jesus conhecia muito bem as Escrituras

No decorrer do seu ministério Jesus citou passagens de, pelo menos, vinte livros do Antigo Testamento e mostrou-se perfeitamente familiarizado com o seu conteúdo.
Quando o Diabo tentou confundi-lo, Ele não hesitou em usar as Escrituras.
Na estrada de Emaús, os discípulos não queriam deixá-lo partir porque os ensinos das Escrituras eram maravilhosos (Lc 24.27).
Se vamos trabalhar com a Bíblia precisamos conhecê-la bem. “Manejar bem a palavra da verdade” (2 Tm 2.15) é regra indispensável para o obreiro(a) que deseja apresentar-se diante de Deus aprovado, “que não tem de que se envergonhar”. 

REFERÊNCIAS
AMORIM, Ronan Boechat de. Discipulado: um desafio para a Igreja hoje. 
BOYER, Orlando. Heróis da fé. 37. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
MELLO, Cyro. Manual do discipulador cristão: como integrar plenamente o novo convertido à igreja. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.