sábado, 30 de maio de 2020

LIÇÃO 9: O MISTÉRIO DA UNIDADE REVELADO

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I

O MISTÉRIO DA UNIDADE REVELADO 

Que mistério foi esse revelado no Novo Testamento? Um mistério oculto desde todos os tempos e todas as gerações foi revelado ao povo de Deus do Novo Testamento. Esse é o assunto desta lição. Você tem o objetivo geral de ensinar acerca do mistério de Deus que esteve oculto e a revelação concedida aos profetas e aos apóstolos. Para isso, você deve explicar que o mistério oculto é o de que judeus e gentios seriam um só povo integrante de um mesmo corpo. Essa é uma consequência natural da inimizade destruída pela obra de Cristo, assunto que vimos em lição anterior. Depois você deve expor como e quando Deus revelou o mistério aos apóstolos e aos profetas. Isso tem tudo a ver com o desdobramento que a revelação se deu no Novo Testamento. E, finalmente, você deve mostrar aos alunos que desde a eternidade o mistério esteve encoberto para ser revelado em tempo oportuno.

Resumo da lição

Deus revelou o mistério que esteve oculto. Hoje, graças as Escrituras Sagradas, temos o privilégio de ter acesso a esse mistério. Nesse sentido, o tópico primeiro explica que o mistério da igreja de Cristo formada pela união entre judeus e gentios estivera oculto desde a eternidade. Aqui, você deve pontuar com clareza que o mistério oculto é que judeus e gentios seriam um só povo integrante de um mesmo corpo. 

O segundo tópico, expõe como e quando Deus revelou o mistério aos apóstolos e aos profetas. Nesse ponto você deve destacar que o “mistério revelado” é a Igreja redimida por Cristo e formada pelos povos e nações do mundo todo. É a nova raça espiritual, formada por uma nova comunidade internacional em que judeus e gentios são iguais e desfrutam dos mesmos privilégios espirituais em Cristo. 

O terceiro tópico mostra que desde a eternidade o mistério esteve encoberto para ser revelado em tempo oportuno, ou seja, o mistério da Igreja de Cristo foi pré-estabelecido pelo Pai desde antes da fundação do mundo. Aqui, você pode reforçar com a classe a onipotência e a onisciência divinas, atributos que revelam o quanto Deus é soberano e sustentador daquilo que planeja de antemão.  

Aplicação

Reflita com os seus alunos o quanto Deus é incomensurável. Ele planejou tudo desde a fundação do mundo. As Escrituras esclarecem o mistério que estava oculto desde muito tempo. Nós, a Igreja, o Corpo de Cristo, fazemos parte do mistério revelado.

 

Subsídio extraído da Revista Ensinador Cristão - Ano 21 nº 82 (Abr/Mai/Jun)

 

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

   INTRODUÇÃO

Paulo e os demais apóstolos, bem como os profetas do Novo Testamento, receberam por meio de Cristo a revelação do mistério oculto (3.1-4). Nesta lição estudaremos o conceito bíblico para “mistério” (3.4,6), como esse mistério esteve oculto nas eras passadas, como o mistério foi revelado na Nova Aliança (3.5,10) e como ele foi pré-estabelecido por Deus na eternidade (3.11). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]

Agora, no capítulo 3, Paulo vai falar sobre o maior mistério de Deus na história. O Rev Hernandes Dias Lopes citando Martyn Lloyd-Jones, escreve: “o que realmente pôs Paulo na prisão foi ele pregar por toda parte que o evangelho de Jesus Cristo era tanto para judeus como para gentios. Foi isso que, mais que qualquer outra coisa, enfureceu os judeus. Foi esse estilo de mensagem que culminou em sua prisão em Jerusalém e seu subsequente envio para Roma”. (Lopes, Hernandes Dias. Efésios: igreja, a noiva gloriosa de Cristo / Hernandes Dias Lopes. — São Paulo: Hagnos, 2009. Pág. 74). É acerca desse mistério revelado a Paulo e através de seus escritos, a nós, que estudaremos nesta lição – gentios e judeus reunidos em um só povo, a Igreja – o Corpo de Cristo! Vamos pensar maduramente a nossa fé cristã?

   I. O MISTÉRIO OCULTO NO ANTIGO TESTAMENTO

Os gentios ignoravam as promessas, e os judeus pensavam serem os únicos beneficiários delas, porém, ambos desconheciam o “mistério” que esteve oculto.

1. O conceito bíblico de mistério. Do grego mysterion, a palavra mistério significa “segredo” ou “doutrina secreta”. Indica alguma verdade divina que esteve oculta e passou a ser conhecida (3.3). Não se refere a algo misterioso que somente alguns poucos iniciados possam compreender, como ensinavam alguns adeptos do falso misticismo (Cl 2.18). Pelo contrário, no cristianismo significa uma verdade que esteve encoberta e agora foi desvendada em benefício de todos (1 Tm 2.4). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]

A palavra ‘mistério’ aparece três vezes nesse parágrafo (3.3,4,9). Como explicado no tópico, a palavra grega mysterion tem um significado diferente da palavra portuguesa mistério, como é traduzido em nossas Bíblias. Para nós, mistério é algo obscuro, oculto, secreto, enigmático, inexplicável, incompreensível. No uso feito por Paulo tem o sentido de algum segredo que já foi revelado. É importante frisar que, nas Escrituras e na fé Cristã, não há espaço para mistérios, como entendem os esotéricos, um conhecimento reservado somente a alguns poucos iniciados. Como enfatizado no contexto de efésios, os “mistérios” são verdades que foram reveladas por Deus. De fato, em algum momento esteve oculta ao conhecimento ou entendimento dos homens, mas através do apostolado de Paulo, foi desvendada pela revelação de Deus.

2. O desconhecimento do mistério. Para compreender em que sentido o mistério esteve oculto desde outras gerações, é preciso pôr em foco o advérbio “como” que aparece no texto com valor circunstancial: “noutros séculos não foi manifestado, como, agora” (3.5). A expressão “como” indica que no Antigo Testamento esse mistério não foi dado a conhecer tão claramente como agora o foi desvendado pelo Espírito. Isso não quer dizer que antes da Nova Aliança ninguém tomara conhecimento acerca da desse mistério, ou seja, a bênção de que os gentios também participariam. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]

Uma leitura do Antigo Testamento nos revela que Deus já tinha um projeto que englobava todos os homens e não apenas um povo exclusivo. Isso fica claro na chamada Abrão, na promessa de ser aquele patriarca, bênção para todas as famílias da terra, através da sua posteridade; Israel foi dado como uma luz para as nações. O que é absolutamente novo é que a nação judaica sob o governo de Deus terminando e sendo substituída por uma nova comunidade integrada por todos os povos, a igreja, o corpo de Cristo. Algo inconcebível à mente judaica de então. Havia muitas verdades escondidas e reveladas posteriormente no Novo Testamento que são chamadas de mistérios. Aqui está uma; judeus e gentios reunidos num corpo no Messias.

3. O mistério e os profetas da Antiga Aliança. Os escritores do Antigo Testamento não apenas conheciam a respeito das bênçãos prometidas aos gentios; eles fizeram menção delas (Gn 12.3; 22.18; Is 11.10; 49.6; 54.1-3; 60.1-3; Ml 1.11). O que esses profetas não sabiam era como isso aconteceria, como Deus faria algo totalmente novo. Que as barreiras raciais e religiosas seriam rompidas por meio de Cristo, que judeus e gentios seriam um só povo integrante de um mesmo corpo – a Igreja: o mistério oculto (3.6,10). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]

Embora Deus tenha prometido a bênção universal por intermédio de Abraão (Gn 12.3), 0 pleno significado dessa promessa tornou-se claro quando Paulo obteve por revelação divina e escreveu claramente (Gl 3.28). A passagem de Is 49.6 previu a salvação para todas as raças, porém foi Paulo quem escreveu a respeito dessa promessa (At 13.46-47). Paulo revelou a verdade que nem mesmo os maiores profetas compreenderam - que na igreja, composta de todos os salvos desde o Pentecostes em um corpo unido, não haveria distinções raciais, sociais ou espirituais.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Para introduzir esta lição é importante que você conceitue bem biblicamente a palavra “mistério” e amplie o seu conceito. Para lhe auxiliar nessa tarefa, juntamente com o conceito presente na lição, leve em conta o seguinte fragmento textual: “Embora a palavra ‘mistério’ não apareça no AT [...] o conceito de segredo no AT é o de conselhos que Deus revela ao seu povo. [...] O NT usa o termo para se referir ao Evangelho, às vezes no seu sentido mais amplo, incluindo o plano de Deus de redenção, existente desde tempos eternos (Rm 16.25,26; 1 Co 2.7; 4.1; Ef 1.9,10; 6.19; Cl 1.26,27; 4 .3; 1 Tm 3.9; Ap 10.7). É também aplicável a aspectos específicos do evangelho: a encarnação (Cl 2.2,9; 1 Tm 3.16); a igreja como o Corpo de Cristo incluindo os judeus e os gentios (Ef 3.3-6,9; 5.32); as características do reino espiritual atual (Mt 13.11; Mc 4.11; Lc 8.10); a cegueira temporária de Israel (Rm 11.25) e a transformação do crente na volta de Cristo (1 Co 15.51). O termo também é usado para se referir a qualquer verdade oculta que tenha que se entendida de forma sobrenatural (1 Co 13.2; 14.2), e ao mistério da influência do Anticristo ainda não revelado (2 Ts 2.7)” (Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 1292).

  II. O MISTÉRIO REVELADO NO NOVO TESTAMENTO

O plano divino oculto quanto à Igreja de Cristo é a ênfase paulina acerca do “mistério revelado” aos apóstolos e aos profetas.

1. Revelado aos apóstolos e profetas. Ao fazer abertura do capítulo três de Efésios, Paulo destaca a sua condição de prisioneiro, o processo de sua vocação e como lhe foi “este mistério manifestado pela revelação” (3.1-3). Em passagens correlatas, Paulo deixa claro que não recebeu seu apostolado de homem algum (Gl 1.1), que a doutrina que ensinava não aprendeu com nenhum homem (Gl 1.11) e que ao ser enviado aos gentios não consultou homem algum (Gl 1.16). Significa dizer que a chamada, a doutrina e a comissão lhe foram divinamente confiadas “pela revelação de Jesus Cristo” (Gl 1.12).

O apóstolo assegura ainda que o mistério oculto foi revelado pelo Espírito de Deus a ele e aos demais apóstolos e profetas (At 11.4-17,27). Ele indica que o mistério divino não poderia ser desvendado por meio do raciocínio intelectual. Portanto, o apóstolo enfatiza que o mistério foi dado a conhecer por meio da “revelação divina” e não por sabedoria humana (1 Co 2.4). Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]

Iniciando o parágrafo, Paulo esclarece seu apostolado, o que já havia feito aos Gálatas, quando dizia àqueles crentes que não recebeu sua chamada da parte de homens... mas por Jesus Cristo, isso, para defender o seu apostolado contra o ataque dos falsos mestres, Paulo enfatizou que o próprio Cristo o havia designado como apóstolo antes de ele ter se encontrado com os outros apóstolos. O evangelho pregado por Paulo não era de origem humana, caso em ele que seria como todas as outras religiões humanas, permeado com obras nascidas da justiça do orgulho do ser humano e da ilusão de Satanás (Rm 1.16). O mistério foi a verdade revelada a Paulo, e o evangelho é a verdade proclamada por Paulo (3.7).

2. O mistério oculto revelado. Em termos gerais o “mistério revelado” é a Igreja. Essa revelação começa pela declaração de que o Pai idealizou tudo desde sempre (1.14; 3.11); e prossegue com a execução da Obra de Cristo (1.7; 2.15); e também com a criação de uma nova humanidade (2.1-10); como também a união de judeus e gentios como família de Deus e Corpo de Cristo (2.11-22; 3.6); e a comunicação dessas verdades aos santos apóstolos e profetas (3.3,5). Por fim, o anúncio dessas dádivas do mistério revelado recai sobre a responsabilidade da Igreja, para que “a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida” (3.10). Significa que a própria Igreja é a principal agência divina de divulgação desse “mistério” a fim de unir todos os homens em um só povo por meio de Cristo. Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]

Interessante notar que, esse mistério não estava oculto apenas dos homens, mas também das potestades, como fica claro no verso 10, que fala exatamente sobre o evangelho sendo endereçado aos homens e aos anjos! Os anjos, tanto os santos como os perversos (Ef 1.21; 6.12). Deus, por meio da igreja, manifesta a sua glória para todos os anjos. Os anjos santos se regozijam (Lc 15.10; 1Pe 1.12) porque estão envolvidos com a igreja (1Co 11.10; Hb 1.14). Apesar de não terem o desejo de louvar a Deus, e nem a capacidade para isso, mesmo os anjos caídos veem a glória de Deus na salvação e na preservação da igreja. Note que o versículo fala dos lugares celestiais, como em Ef 1.3 e 6.12, diz respeito a toda esfera dos seres espirituais. E qual o teor dessa lição? Descortina-se diante de todos um novo povo, formado por judeus e gentios, reconciliado com Deus e uns com os outros - revela a multiforme sabedoria de Deus. O Ver Hernandes Dias Lopes, em sua Obra ‘Efésios’, escreve: “Paulo também diz que a igreja está no palco da história como o maior espetáculo do mundo. Enquanto o evangelho se espalha em todas as partes do mundo, essa nova comunidade cristã de cores variadas desenvolve-se. E como a encenação de um grande drama. A história é teatro, o mundo é o palco, e os membros da igreja de todos os países são os atores. O próprio Deus escreveu a peça, dirige-a e a produz. Ato após ato, cena após cena, a história continua a desdobrar-se. Mas quem está no auditório? São os anjos. Eles são os espectadores do drama da salvação. “A história da igreja cristã fica sendo uma escola superior para os anjos.” Por meio da antiga criação (o Universo), Deus revelou sua glória aos seres humanos. Por meio da nova criação (a igreja), Deus revelou sua sabedoria aos anjos. Os anjos olham fascinados ao ver judeus e gentios sendo incorporados na igreja como iguais.” (Lopes, Hernandes Dias. Efésios: igreja, a noiva gloriosa de Cristo / Hernandes Dias Lopes. — São Paulo: Hagnos, 2009. Pág. 82).

3. A magnitude do mistério. Outrora ninguém tinha ventilado a possibilidade da formação de um só povo, sem distinção de pessoas, etnia ou classe social; mas em Cristo e por Cristo, todos são um e participantes da mesma promessa (Gl, 3.28; Ef 3.6, Cl 3.11). Até mesmo alguns líderes da primitiva igreja demoraram a entender esse mistério onde todos são aceitos em Cristo (At 11.4-17). Esse mistério, ora revelado, deve ser propagado aos homens conforme Deus planejara desde o princípio (3.7,8,10,11). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]

O mistério que esteve oculto e que agora foi revelado aos apóstolos e profetas é que os gentios são co-herdeiros e membros de um mesmo corpo: “A saber, que os gentios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho” (Ef 3.6). Este é o grande mistério, que não poderia ser elucidado racionalmente, apenas por divina revelação – todos os cristãos são herdeiros da bênção espiritual que acompanhou a aliança abraâmica – através da justificação pela fé (Gn 15.6; Rm 4.3-11).  

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

“O fato de Deus pretender que as bênçãos de Abraão e as promessas da salvação messiânica, através da teocracia judaica, incluíssem os gentios, não estavam anteriormente ocultas (v.5). Elas foram claramente reveladas nos livros do Antigo Testamento da Lei, dos Profetas e dos Escritos (por exemplo, em Gn 12.1-3; Dt 32.43; Sl 18.49; 117.1; Is 11.10). O que estava oculto nas antigas gerações e não havia sido previsto nem mesmo pelos profetas do Antigo Testamento era o seguinte: o plano de Deus para a redenção em Cristo (o Messias) envolvia a destruição da antiga linha de demarcação que separava judeus de gentios (2.14,15). O antigo pacto das promessas divinas, a teocracia nacional judaica, devia ser substituído por uma nova raça espiritual (os cristãos), e por uma nova comunidade internacional (a Igreja) nas quais, em Cristo, judeus e gentios seriam admitidos em bases iguais, sem nenhuma distinção” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol.2. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p. 423).

  III. O MISTÉRIO PRE-ESTABELECIDO POR DEUS

Deus não foi surpreendido com o pecado no Éden. Desde a eternidade o Senhor pré-estabeleceu um plano para ser executado na “plenitude dos tempos”.

1. As riquezas insondáveis de Cristo. O mistério agora revelado e anunciado é considerado pelo apóstolo como “riquezas insondáveis” (3.8). A expressão se refere às maravilhas e a providência divina que estão além do entendimento humano (1.7). Para o apóstolo Paulo, compartilhar com os povos essas boas novas era algo imensurável (3.18,19). A mensagem da qual ele fora incumbido consistia em ministrar a todos a perfeição e a preciosidade do mistério que estivera oculto (3.8,9); proclamar que essas dádivas foram projetadas desde a eternidade, sendo livremente concedidas aos homens por meio de Cristo (1.4; 2.16). Tudo abrange o beneplácito da vontade divina, que articulou o plano (1.11), o conteúdo desse plano (Ef 2.16) e a pessoa de Cristo que executou o plano pré-estabelecido por Deus (Ef 1.19-22). Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]

Todas insondáveis riquezas de Cristo se trata de todas as verdades de Deus, todas as suas bênçãos, tudo o que ele é e tem (Ef 1.3; Cl 2.3; 2Pe 1.3). No versículo 9 não há uma repetição do versículo 8. “Há três diferenças revelantes: 1) a pregação do evangelho, agora, é definida não como euangelizo, mas, sim, como photizo. Agora, o pensamento muda do conteúdo da mensagem (boas-novas) para a condição daqueles aos quais é proclamada (nas trevas da ignorância e do pecado).1/18 Concordo com o que disse Lenski: “Pregar o evangelho aos gentios era como expor o profundo mistério à plena luz do dia de maneira que todos pudessem vê-lo”. Essa era a missão que Paulo tinha recebido de Cristo: “Para lhes abrir os olhos a fim de que se convertam das trevas para a luz, e do poder de Satanás para Deus” (At 26.18). O diabo cega o entendimento das pessoas (2Co 4.4). Evangelizar é levar luz onde há trevas (2Co 4.6), para que os olhos sejam abertos para ver. 2) Entre os versículos 8 e 9 há uma mudança de ênfase. No versículo 8, a mensagem de Paulo é Cristo; no versículo 9, a mensagem de Paulo é a igreja.” (Lopes, Hernandes Dias. Efésios: igreja, a noiva gloriosa de Cristo / Hernandes Dias Lopes. — São Paulo: Hagnos, 2009. Pág. 79).

2. O eterno propósito em Cristo. Como vimos anteriormente, o mistério “desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou” (3.9). O que significa que, desde o princípio dos tempos, o Criador manteve o mistério encoberto para ser revelado em tempo oportuno (1 Pe 1.20). E indica que Deus sempre esteve no controle de sua criação “para que agora seja manifestada [...] segundo o eterno propósito que fez em Cristo” (3.10,11). Assim, o “plano da salvação”, que abrange o “mistério da igreja”, e a “revelação desse mistério”, sempre estiveram de acordo com o desígnio divino para serem executados por intermédio de Cristo. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]

As Escrituras são claras ao afirmar que foi na eternidade passada, antes de Adão e Eva pecarem, que Deus planejou a redenção dos pecadores por meio de Jesus Cristo (At 2.23; 4.27-28; 2Tm 1.9). 2.23 pelo determinado desígnio e presciência de Deus. Lucas escreve em Atos 2.23: “sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, 'vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos;” indicando que desde a eternidade passada (Ap 13.8), Deus predeterminou que Jesus sofreria morte expiatória como parte de seu plano pré-ordenado (At 4.27-28; 13.27-29). E aqui cabe uma ressalva: o fato de a crucificação ter sido predeterminada por Deus não absolve da culpa aqueles que a infligiram.

3. O plano divinamente pré-estabelecido. O plano divino não surgiu pelo advento do pecado de Adão. Deus não foi apanhado de surpresa. Ao contrário, Ele sempre esteve no controle e já tinha um plano de salvação pré-estabelecido desde a eternidade. Essa verdade nos ensina que por trás de todo o evento da história existe um propósito eterno em andamento. Deus é soberano e controla todas as eras, tempos e circunstâncias. Nesse eterno propósito, no tempo previamente determinado, o mistério da Igreja foi executado em Cristo “no qual temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nele” (3.12). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]

“A necessidade dos eventos terem ocorrido como de fato ocorreram (criação-queda-encarnação do Filho- salvação) pressupunham, de antemão a vinda do Messias. E esta já estava prevista e planejada desde a eternidade. Antes da criação do homem já havia um plano eterno para resgatá-lo dos efeitos malignos e tenebrosos de sua decisão rebelde. Em seu amor, Deus já havia suprido um meio de resgatar o homem de sua condição de pecado. Alguém deveria assumir a culpa e pagar completamente o débito devido a Deus. Como não havia nenhum homem nessa condição, o próprio Deus, na pessoa de seu Filho, vem e reconcilia o mundo consigo mesmo (2Co 5.18). O Filho de Deus, portanto, já havia se disposto a sacrificar-se pelo homem antes mesmo da fundação de toda Criação (Ap 13.8). Não foi uma decisão obrigada, mas voluntária, pois havia uma maravilhosa unidade nas Pessoas de Deus. E o Filho havia assumido todas as consequências dessa decisão, inclusive a sua morte na cruz. Deus não teria criado o mundo, e assim o homem, se não tivesse incluído dentro do plano da criação, um plano de salvação. É nesse sentido que as Escrituras afirmam a existência de um plano salvador antes da fundação do mundo (Ef 1.4-11; 3.10; At 4.28; 2Tm 1.9; 1Pe 1.19). E este plano salvador se constituía em um mistério que seria revelado em tempo oportuno, e desde eternidade estava oculto em Deus (Rm 16.25; Ef 3.9; Cl 1.26). Sempre foi do plano de Deus que o homem estivesse eternamente em comunhão com Ele. Dessa forma podemos dizer que a obra de Cristo já havia sido planejada de antemão e foi anunciada, aos homens por meio da promessa de vinda do Messias Salvador, descrito nas Escrituras. Como prometido e planejado Ele veio, e vimos sua glória, como o unigênito do Pai.” (http://solascriptura-tt.org/Cristologia/Cristlg-PromssPlanEtrnSalvc-Kelson.htm).

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“Outro aspecto da doutrina de Deus que requer a nossa atenção é o das suas obras. Este aspecto pode ser dividido em: 1) seus decretos 2) sua providência e 3) conservação. Os decretos divinos são o seu plano eterno que, em virtude de suas características, faz parte de um só plano eterno que, em virtude de suas características, faz parte de um só plano, que é imutável e eterno (Ef 3.11; Tg 1.17). São independentes e não podem ser condicionados de nenhuma maneira (Sl 135.6). Têm a ver com as ações de Deus, e não com a sua natureza (Rm 3.26). Dentro desses decretos, há as ações praticadas por Deus, pelas quais tem Ele responsabilidade soberana; e também as ações das quais Ele, embora permita que aconteçam, não é responsável. Baseado nessa distinção, torna-se possível concluir que Deus nem é o autor do mal (embora seja o criador de todas criaturas subalternas), nem é a causa derradeira do pecado” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p. 153).

  CONCLUSÃO

O mistério da Igreja esteve oculto nas gerações passadas. No tempo estipulado, Deus revelou o seu eterno propósito aos apóstolos e aos profetas. Judeus e gentios estavam inseridos nesse mistério idealizado por Deus. Tal mistério agora revelado deve ser anunciado pela própria igreja conforme os desígnios divinamente pré-estabelecidos desde a eternidade. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]

No cumprimento desse eterno propósito, no tempo previamente determinado, o mistério da Igreja foi executado em Cristo, “no qual temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nele” (3.12). Significa que o acesso ao Deus-Pai estava fechado antes da vinda de Cristo; porém, agora pelo mistério da unidade revelado, temos livre acesso à presença do Pai (Hb 10.19-20), desfrutamos da “comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1 Jo 1.7).

Francisco Barbosa

Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br


sexta-feira, 22 de maio de 2020

LIÇÃO 8: EDIFICADOS SOBRE O FUNDAMENTO DOS APÓSTOLOS E DOS PROFETAS

 

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I

Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas

Cristo formou a Igreja por meio da reconciliação efetivada na cruz (Ef 2.13-19). O apóstolo compara-a a um edifício em construção (2.21). A pedra angular dessa edificação é Cristo, e o fundamento foi estabelecido pelos apóstolos e os profetas (2.20). O propósito é tornar-se templo santo do Senhor e morada do Altíssimo (2.22). Tanto os judeus quanto os gentios fazem parte da Igreja, também identificada como “família de Deus” (2.19b).

Como já visto no capítulo anterior, pela obra de Cristo na cruz, ocorreu uma mudança na condição dos gentios que agora “já não [são mais] estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos e [membros] da família de Deus” (2.19). Por causa de Cristo, homens e mulheres de toda a raça, língua, tribo, nação e posição social estão juntos na mesma família – a família de Deus. Essa família é semelhante a um edifício construído sobre um sólido fundamento. Aqui no texto aos Efésios, Paulo enumera os apóstolos e profetas como sendo o fundamento (2.20). Porém, aos Coríntios, lê-se que “ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1 Co 3.11).

Essa aparente contradição é explicada pela apresentação diferente que Paulo faz da mesma metáfora: “aqui, o apóstolo se refere a si mesmo e aos outros como pedras do edifício, ao passo que em Coríntios (Ef 3.10) a referência é a construtores”. Além da explicação já descrita que se trata de apresentação diferente de uma mesma metáfora, Bullinger, na sua obra Comentário sobre Efésios, interpreta que “Paulo não quer dizer que os apóstolos e profetas são o fundamento da Igreja, mas Jesus Cristo, de quem os apóstolos e profetas deram testemunho, porque Ele é a pedra que o Senhor colocou em Sião. [BAPTISTA, Douglas. A Igreja Eleita: redimida pelo sangue de Cristo e selada com o Espírito Santo da Promessa. Rio de Janeiro: CPAD, 2020].

Cristo Jesus edificou a sua Igreja, os apóstolos ensinaram e os profetas testemunharam o Cristo edificador. Com isso, você tem o compromisso de ensinar nesta lição que Cristo é a base da Igreja e que estamos alicerçados na doutrina dos apóstolos e no testemunho dos profetas. Para isso, outros objetivos na lição devem ser desdobrados.

Em primeiro lugar, você deve explicitar que no Antigo Testamento Deus habitou no Tabernáculo e no Templo, mas que no Novo habita em nós por meio de seu Espírito Santo.

Em segundo, você deve apresentar o fundamento como a doutrina dos apóstolos e o testemunho dos profetas tendo Cristo como a pedra basilar. E, finalmente, você deve fazer uma reflexão sobre sermos o templo do Espírito Santo e a necessidade de vivermos em santidade. Somos Igreja, o Corpo de Cristo. Esse Corpo expressa tudo o que Jesus ensinou e viveu.    

Resumo e destaques da lição

Tudo na lição gira em torno dessa sentença: Jesus Cristo é pedra basilar da Igreja. Ou seja, todo o seu planejamento de aula deve atingir esse ponto.

Assim, o primeiro tópico mostrará que no Antigo Testamento Deus habitou em lugares erguidos por mãos humanos, mas no Novo Ele habita em nós. O que você precisa deixar bem claro neste tópico é que em Cristo um novo conceito de santuário é construído. Os crentes são comparados a um edifício espiritual onde Cristo Jesus é a pedra principal. Esse edifício espiritual requer uma vida interior de espiritualidade profunda em Deus.

O segundo tópico apresentará o fundamento como a doutrina dos apóstolos e o testemunho dos profetas tendo Cristo como a pedra basilar, o que significa que você deve apresentar a verdade de que a igreja está edificada sobre a pedra angular que é o próprio Cristo. O seu fundamento é a doutrina dos apóstolos e o testemunho dos profetas bíblicos. Nesse sentido o edifício espiritual foi erguido na Igreja do Novo Testamento: (1) Cristo, a pedra basilar; (2) os ensinos dos apóstolos; (3) o testemunho dos profetas.  

O último tópico traz uma reflexão sobre sermos o templo do Espírito Santo e a necessidade de viver a santidade, o que significa que você deve conscientizar os alunos de que Deus habita na vida daquele que, edificado em Cristo, torna-se templo santo do Senhor. Deus comunga com o crente por intermédio do Espírito Santo. Ser templo do Espírito Santo é um dos símbolos mais fortes da Bíblia em relação à morada de Deus em nós. [Subsídio extraído da Revista Ensinador Cristão - Ano 21 nº 82 (Abr/Mai/Jun]

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

   INTRODUÇÃO

Por meio da reconciliação efetivada na cruz, Cristo formou a Igreja (2.13,19). O apóstolo Paulo a compara como um edifício em construção (2.21). A pedra angular dessa edificação é Cristo e o fundamento é a doutrina dos apóstolos e o testemunho dos profetas (2.20). Assim, há o propósito divino de que sejamos o templo santo do Senhor, a morada do Altíssimo (2.22). Nesta lição, estudaremos cada um desses aspectos. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]

Efésios 2:19-22 é a última seção deste capítulo, e aqui encontramos três vívidas imagens usadas por Paulo: ele fala sobre uma nação (2.19a); sobre uma família (2.19b), e sobre um santuário (2.20-22). Nesse ponto, Paulo afirma que os gentios já não são estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos perfeitos no povo de Deus e membros em sentido pleno da família divina. Encontramos nessa seção da carta a palavra grega xenos designando os estrangeiros. William Barclay escreve que “Em cada cidade grega haviam xenoi cuja vida não era fácil. Um forasteiro escreveu de uma cidade estranha: "É melhor que fiquem em seus lares, sejam como forem, antes que ir a terra estranha". O estrangeiro era olhado sempre com suspeita e antipatia. Paulo usa a palavra paroikos para peregrinos. O paroikos já deu um passo adiante com respeito ao anterior. Era um estrangeiro residente; um homem que se tinha radicado num lugar sem chegar nunca a fazer-se cidadão naturalizado. Tinha que pagar um imposto pelo privilégio de viver num país que não era o próprio. Podia permanecer ali e trabalhar, mas era um estranho e forasteiro cujo lar estava em outra parte. Tanto o xenos como o paroikos tinham que aguentar dificuldades onde se encontrassem; sempre eram marginados. De modo que Paulo diz aos gentios: "Vocês ainda não estão na Igreja e o povo de Deus sendo tolerados. Vocês são verdadeiros cidadãos da sociedade de Deus. Vocês são membros plenos da família de Deus"” (Efésios - William Barclay. P. 68).

   I. UM EDIFÍCIO ESPIRITUAL

1. O santuário judeu. O templo em Jerusalém era o símbolo do exclusivismo de Israel como povo de Deus (1 Rs 8.16-20). A proibição dos estrangeiros acessarem o Templo era um motivo de inimizade entre judeus e gentios (2.14). Ao reconciliar ambos os povos, Cristo aboliu as leis cerimoniais, desfez a inimizade entre eles e formou uma nova humanidade – a Igreja (2.18,19). Assim, o templo judaico perde sua relevância e um novo conceito de santuário é apresentado. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020].

Os gentios estavam autorizados a entrar na parte externa da área delimitada do templo em Jerusalém. Esse pátio externo também era chamado de pátio dos gentios. Uma barreira de cerca de um metro e meio (o “muro de inimizade”, de Efésios 2.14) impedia o acesso dos gentios aos pátios internos do templo. O historiador judeu Flavio Josefo informa que: “Havia uma divisão feita de pedra (…). Sua construção era muito elegante; sobre ela, ficavam pilares, em distâncias iguais entre um e outro, anunciando a lei de pureza, em grego e em outras letras romanas, dizendo que ‘nenhum estrangeiro deveria entrar no santuário’” (Guerras, 5.5.2).

Hernandes Dias Lopes escreve em sua obra ‘Efésios: igreja, a noiva gloriosa de Cristo’ (Hagnos), que “a palavra grega usada para santuário aqui não é a palavra comum para santuário, hieron, referindo-se ao templo e suas dependências de uma forma geral, mas a palavra naos, “o santuário interior”, ou “santo dos santos”. O templo, nos dias do Antigo Testamento, quando era considerado naos, era acima de tudo o lugar especial do encontro de Deus com seu povo. Era o lugar em que a glória de Deus descia e se manifestava pela sua presença. Cristo, ao vir à terra, tornou obsoleto o tabernáculo, templo feito por mãos de homens. Ele mesmo tornou-se o lugar de habitação divina entre os homens (Jo 1.14). E esse templo já não está mais entre os homens, pois Deus, agora, procura para sua habitação homens e mulheres regenerados pelo seu Espírito” (Lopes, Hernandes Dias Efésios: igreja, a noiva gloriosa de Cristo. São Paulo: Hagnos, 2009. p. 70).

2. O santuário cristão. Os que pertencem a Cristo são comparados a um edifício onde Deus habita em Espírito (2.22). O ensino apostólico lembra Salomão, quando este reconheceu que o templo em Jerusalém não poderia conter a Deus (1 Rs 8.27); e reafirma a instrução de Estevão em que “o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens” (At 7.48; cf. 17.24). Desse modo, os crentes – judeus ou gentios – tornaram-se o templo onde o Espírito de Deus habita (1 Co 3.16), em que eles são “pedras vivas” em um “edifício espiritual” (1 Pe 2.5). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]

No sentido metafórico, Deus está edificando uma casa espiritual, colocando todos os cristãos no devido lugar e integrando-os uns com os outros e cada um deles com a vida de Cristo (2.19; Hb 3.6). A igreja cresce não como um edifício de pedras mortas, mas com um crescimento orgânico de pedras vivas (1Pe 2.5). Esse edifício cresce como um corpo (4.15). Esse edifício cresce para se tornar um santuário dedicado ao Senhor. É isso que Pedro quer dizer quando escreve “também vós mesmos, como pedras que vivem” (1Pe 2.5); Os cristãos têm uma identificação e união tão íntima com Cristo que a vida que existe em Cristo existe neles também (Cl 2.20; 3.3-4; 2Pe 1.4).

3. A pedra angular. Na arquitetura antiga, a construção de um edifício requeria uma pedra angular. Ela é traduzida como a “pedra mais importante” ou “pedra principal”. Ela era posta no canto do prédio para sustentar o alicerce, firmar e unir toda a estrutura e manter as paredes em linha certa. Para que se tenha uma ideia dessa dimensão, em uma das escavações no local do templo em Jerusalém, foi encontrado um monólito com cerca de 12 metros de comprimento. Portanto, a pedra angular deste novo santuário é o próprio Cristo. No Sermão do Monte aprendemos que o homem prudente edifica a sua casa sobre a rocha [...]. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]

Nas construções antigas, feitas com pedras, uma destas era colocada com a mesma função que possui hoje as colunas nas estruturas de edifícios e casas; Uma pedra muito forte era utilizada como “pedra angular”. Esta pedra era cuidadosamente selecionada na pedreira e talhada no tamanho e formato corretos para ser a “pedra angular” – a pedra que iria receber o maior peso do edifício e sustentá-lo. Esse tipo de pedra também era usada na construção de arcos, era a pedra central que mantinha toda a estrutura unida, na forma correta, com a força necessária para suportar pesos e sem a possibilidade de cair. Pedro identificou a pedra principal no Novo Testamento como Cristo (At 4.11; 1Pe 2.7). Na parábola da vinha (Mt 21.42; Mc 12.10-11; Lc 20.17), o filho rejeitado do dono da vinha é comparado à pedra rejeitada que se tornou a pedra angular. Cristo foi a pedra rejeitada. Os líderes judeus foram retratados como os construtores da nação. Essa figura usada por Paulo tem uma base histórica cujas grandes características se comparam por analogia à rejeição de Cristo, que veio livrar/salvar a nação.

4. Cristo, a pedra principal. A identificação de Cristo como a pedra angular remonta a profecia messiânica em que a pedra rejeitada “tornou-se cabeça de esquina” (Sl 118.22). Ele mesmo afirmou ser “a cabeça da esquina” (Mc 12.10), assim como também os apóstolos testificaram ser Cristo “a pedra principal” (At 4.11; 1 Pe 2.7). Portanto, a pedra angular deste novo santuário é o próprio Cristo. No Sermão do Monte aprendemos que o homem prudente edifica a sua casa sobre a rocha, que é Cristo Jesus (Mt 7.24). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]

O alicerce desse santuário é o próprio Cristo, e não Pedro (2.20b). Cristo é quem dá à igreja unidade e solidez. Essa importante e fundamental pedra de uma construção é usada como figura em Isaías 28.16 para alguém que seria colocado em Sião (Jerusalém). Em Atos 4.11 Pedro apontou que essa pedra era Jesus Cristo, que foi rejeitado, mas, na verdade, era a Pedra Angular, principal da obra que Deus estava fazendo. Quando a Bíblia, então, usa o termo pedra angular aplicado a Jesus Cristo está destacando a posição exaltada de Jesus, Sua grandeza, Sua primazia, Sua importância fundamental. Sem Ele nenhuma construção haveria, nenhuma obra de Deus seria realizada e não haveria qualquer esperança para os povos. Além dos apóstolos, o próprio Jesus destacou que Ele era essa pedra angular, quando contou a parábola dos lavradores maus (Lc 20.17-18). Jesus destaca que a Pedra angular é a pedra mais forte que sustenta toda a construção. Também é a pedra indestrutível. Qualquer pedra que caia sobre ela se quebrará (aqui temos a menção do juízo de Deus sobre os que se levantarem contra Jesus). Os apóstolos eram também “pedras” nessa construção da igreja que estava sendo feita por Deus, mas Jesus era a pedra fundamental, a pedra angular, principal, que sustentava tudo e todos.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Para introduzir o tema desta lição, você pode fazer um paralelo entre a ideia de templo do Antigo Testamento com a expressão “templo do Espírito” nas cartas de Paulo. Peça aos alunos que façam considerações sobre esse paralelo. Após ouvi-los, mostre como a carga semântica da expressão “templo do Espírito”, à luz do ensino do apóstolo Paulo, traz uma conotação de vida interior dominada pelo Espírito Santo em que, nEle, somos um templo vivo no mundo. Nesse sentido, o Espírito Santo faz morada em nós. Antes de preparar essa reflexão, aprofunde-se num bom comentário Bíblico. Sugerimos o Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento, editado pelo CPAD.

  II. O FUNDAMENTO: APÓSTOLOS E PROFETAS

1. O conceito de Apóstolos. O termo grego apóstolos é usado para “enviado” ou “mensageiro”. O apostolado é centrado na natureza da missão de Cristo, que foi enviado para ser o salvador do mundo (Hb 3.1; 1 Jo 4.14). Nos Evangelhos, Mateus, Marcos e Lucas usam o termo quando se referem aos doze escolhidos por Jesus (Mt 10.2-5; Mc 6.30; Lc 6.13). Eles foram testemunhas oculares do ministério, morte e ressurreição de nosso Senhor (At 1.21,22). Assim, Paulo também foi chamado pelo próprio Senhor para ser Apóstolo (1 Co 15.8,9; Rm 1.1). Aos apóstolos foi confiado o ministério da Palavra com o compromisso de instruírem a Igreja (At 6.2-4). Nesse aspecto, os apóstolos são aqueles que foram comissionados por Cristo para a Igreja primitiva, e a mensagem de Cristo, o fundamento. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]

Etimologicamente o termo grego ἀπόστολος (apóstolos) significa "aquele que é enviado"; A Bíblia de Estudo Pentecostal assim define o termo: “Uma definição mais ampla é a de que apóstolo seria alguém enviado em missão especial como mensageiro e representante pessoal de quem o enviar” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida, com referências e algumas variantes. Revista e Corrigida, Edição de 1995, Flórida-EUA: CPAD, 1999, p. 1814). No Novo Testamento, refere-se, especialmente, aos 12 homens escolhidos por Cristo para acompanhá-lo (Mc 3.13-19) e Matias, o qual foi escolhido pelos outros apóstolos para substituir Judas (At 1.15-26). Cristo deu a eles poder para confirmar o apostolado por milagres (Mt 10.1; 2Co 12.12) e autoridade para falar como seus representantes — todos os livros do Novo Testamento foram escritos por um apóstolo ou sob a sua proteção (Jo 14.26). Os ensinos deles formam o fundamento da igreja (Ef 2.20). O próprio Cristo escolheu Paulo para essa posição (At 9.15; 22.14; 26.16; Gl 1.1) e o treinou para realizar o seu ministério (Gl 1.12,16).

É interessante notar que, não é possível limitar o número de apóstolos aos 12 mais Matias e Paulo; O Comentário Bíblico Pentecostal classifica os apóstolos em dois grupos: “Apóstolos Específicos” e “Apóstolos Gerais”, incluindo na relação dos gerais Tito e outros (2 Co 8.23), Epafrodito (Fp 2.25) e Tiago, irmão de Jesus (Gl 1.19) (ARRINGTON, FRENCH L.; STRONSTAD, Roger (Ed.) Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p. 1248). Seguindo essa linha de pensamento, Deere argumenta que: “O fato de haver falsos apóstolos (2 Co 11.13) indica que o número de apóstolos, nos tempos do Novo Testamento, não podia ser fixado, pois doutra sorte não haveria qualquer possibilidade dos tais se mascararem de apóstolos” (DEERE, Jack. Surpreendido pelo poder do Espírito. 9. Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p. 232).

O Pr Carlos Alberto de Araujo em sua obra ‘A Igreja dos Apóstolos’ (CPAD), escreve: “Após a morte dos apóstolos originais o vocábulo grego “apóstolos” deixa de ser aplicado como título aos membros da liderança eclesiástica mais elevada e, a partir do século II, os enviados pelas igrejas às regiões que não conheciam o evangelho passam a ser denominados pelo termo latino missus, significando “enviado” (de mittere, “enviar”), uma vez que prosseguiram a missão dos apóstolos originais sem, contudo, atenderem aos requisitos propostos pelo Onze (cf. At 1.21,22) ou reconhecidos em Paulo (1 Co 9.1). Portanto, é possível afirmar que o vocábulo “apóstolo” tenha se limitado à conotação missionária, sendo então substituído pelo termo “missionários”” (ARÁUJO, Carlos Alberto R. A Igreja dos Apóstolos: conceito e forma das lideranças na Igreja Primitiva. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 207).

2. A doutrina dos apóstolos. Embora não se possa desassociar das pessoas o ofício que ocupavam, o que constitui o fundamento da igreja não são os apóstolos em si, mas a doutrina que eles ensinavam, ou seja, as Escrituras (At 2.42; 2 Tm 3.16). Os apóstolos receberam a doutrina diretamente de Cristo (Rm 6.17; 1 Tm 1.3; 2 Pe 3.16). Assim como não se pode mexer na pedra angular depois de colocado o alicerce, igualmente o fundamento da Igreja não pode ser violado. Acerca disso, o Senhor Jesus asseverou: “as minhas palavras não hão de passar” (Lc 21.33). A Bíblia de Estudo Pentecostal ratifica que a revelação dos Apóstolos conforme temos no Novo Testamento nunca poderá ser substituída ou anulada por revelação, testemunho ou profecia posterior. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]

O primeiro sermão produziu três mil convertidos! 3.000! Talvez alguns pensaram: “Agora, o que faremos com todas estas pessoas?” Lucas resumiu as atividades destes primeiros crentes em um versículo: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações” (Atos 2:42). Neste artigo, vamos destacar a primeira das quatro coisas citadas por Lucas: a doutrina dos apóstolos. O ensinamento na primeira igreja foi chamado a doutrina dos apóstolos. Jesus revelou a sua vontade aos apóstolos e mandou que eles a entregassem ao mundo. Observe que este ensinamento não foi chamado “a doutrina da igreja”. A Igreja Católica Romana ensina que a igreja produz as Escrituras. É com esta base que eles aceitam os escritos dos “Pais da Igreja”, as tradições e até editos modernos como palavras de autoridade. Mas o relato de Lucas demonstra que aconteceu ao contrário. Foi a pregação do evangelho que deu origem à igreja. Então, santos apóstolos e profetas guiaram a igreja até Deus completar a sua revelação (Efésios 3:5). A doutrina da igreja primitiva veio dos apóstolos porque eles a receberam diretamente de Deus”. (Bryan Moody em: https://estudosdabiblia.net/escb14_02.htm).

3. O testemunho dos profetas. A palavra grega prophetes significa proclamador e intérprete da revelação divina. A ordem da frase em Efésios 2.20, “apóstolos e profetas”, indica tratar-se dos profetas da Igreja, e não os do Antigo Testamento. Mais adiante Paulo assegura que a compreensão do mistério que no passado estivera oculto, de que os gentios tinham igual posição no Corpo de Cristo e eram participantes da promessa, foi revelado pelo Espírito aos profetas do Novo Testamento (3.4-6). Assim, os profetas neotestamentários que “falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pe 1.21) perfazem o alicerce da Igreja de Cristo. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]

Por mais importantes que os apóstolos e profetas fossem, não foram eles pessoalmente, mas a revelação divina por eles ensinada, pois falavam, com autoridade, a respeito da Palavra de Deus para a igreja antes do término do Novo Testamento, que forneceu o fundamento (Rm 15.20). A pedra angular estabeleceu o fundamento e ajustou a edificação, o santuário dedicado ao Senhor.

Foram os apóstolos, aqueles escolhidos diretamente por Cristo, chamados de "apóstolos de Cristo" (1Pe 1.1), imbuídos de três responsabilidades:

1) estabelecer o fundamento da igreja (2.20)

2) receber, declarar e escrever a palavras de Deus (At 11.28; 21.10-11); e

3) apresentar confirmações dessa Palavra por meio de sinais, maravilhas e milagres (2Co 12.12; cf. At 8.6-7; Hb 2.3-4).

O termo "apóstolo", como já explicado no tópico II e subtópico I, é usado de um modo mais geral para os outros homens da Igreja primitiva, tais como Barnabé (At 14.4), Silas e Timóteo (1Ts 2.6), dentre outros (Rm 16.7; Fp 2.25). Eles eram chamados de "apóstolos das igrejas" (2Co 8.23), em vez de "apóstolos de Jesus Cristo" como os 13. Eles não se autoproclamavam e nem eram substituídos quando um dos apóstolos morria. Tratando especificamente dos profetas, não se trata dos cristãos comuns que tinham o dom da profecia, mas homens especialmente comissionados na Igreja primitiva. O ofício de profeta parece ter sido exclusivamente para o trabalho na congregação local. Eles não eram "aqueles enviados" como eram os apóstolos (At 13.1). Eles, algumas vezes, contaram a revelação prática e direta da parte de Deus para a igreja (At 11.21-28) ou expuseram a revelação já dada (implícita em At 13.1). Não foram usados para o recebimento da Escritura. A mensagem deles linha de ser julgada por outros profetas para ser validada (1Co 14.32) e tinha de estar em conformidade com os ensinos dos apóstolos. Muitos estudiosos defendem que esses dois ofícios foram substituídos pelos de evangelista e pastor-mestre.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

“Essencialmente, a igreja representa uma comunidade de pessoas. No entanto, em muitos aspectos pode ser comparada a um edifício e, especialmente, a um templo’ (Stott, 106). A frase ‘edificados sobre o fundamento’ é a transição para essa analogia da Igreja como um edifício em processo de construção. Em 2.20 -22, Paulo novamente assegura aos gentios que formarão parte integral da igreja que Deus está construído. [...] A Igreja é ‘edificada’ sobre a revelação original e infalível de Cristo aos primeiros apóstolos e profetas. No entanto, deve-se acrescentar que líderes visionários e santos, pessoas cheias da Palavra e do ‘espírito de sabedoria e de revelação’ (1.17), continuam a ser necessárias para liderar a Igreja ‘até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol.2. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp. 419,20).

  III. EDIFICADOS PARA MORADA DE DEUS

1. Edifício bem ajustado. A expressão “todo o edifício, bem ajustado cresce” indica um processo contínuo de desenvolvimento dos crentes (2.21). Assim como todas as partes do edifício precisam estar harmônicas (Cl 2.2; 1 Co 1.10), o crescimento da igreja também depende de tudo ser bem ajustado a Cristo (Rm 14.15,16; 2 Co 13.11). Nessa caminhada o salvo comporta-se como filho obediente e passa a evidenciar o fruto do Espírito (1 Pe 1.14; Gl 5.22). O desenvolvimento prossegue até alcançar à medida completa de Cristo (Ef. 4.13), pois todo crente bem ajustado torna-se “templo santo no Senhor” (2.21). Como já vimos, o crente tornou-se “templo santo no Senhor” (2.21). Isso indica que Deus habita em nós por meio de seu Espírito (2.22). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]

Todo cristão que entra no Corpo é uma nova pedra no templo de Cristo, a igreja, Seu corpo, formado pelos crentes (1Pe 2.5). A edificação de Cristo da sua igreja não se completará até que cada pessoa que deverá crer nele o tenha feito! (2Pe 3.9).

É importante lembrar que, o termo para "habitação" no versículo 22, indica uma morada permanente. O inquilino dessa morada permanente é a terceira pessoa da Trindade Santa, Deus, o Espírito Santo, habitando no seu santuário terrestre (1Co 6.19-20; 2Co 6.16). E aqui temos uma séria advertência a qualquer pessoa que tentar interferir na edificação da igreja sobre o fundamento de Cristo ou destruí-la (veja 1Co 3.16,17).

2. Templo santo no Senhor. A palavra aqui usada para templo é o vocábulo naon, que designa o recinto interior (o Lugar Santíssimo), ou seja, o lugar do encontro do sumo sacerdote com Deus (Hb 9.7). Todavia, a analogia paulina não se refere a uma estrutura material, mas sim ao crente que se tornou templo santo (1 Co 3.16). Separado do pecado, quem pertence a Cristo passa a viver em santidade (1 Pe 1.15; 1Jo 1.7). Como resultado, ao desfrutar da comunhão divina, o crente recebe o livre acesso à presença do Pai, tornando-se assim, “morada de Deus no Espírito” (2.22; Hb 4. 14-16). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]

Isso significa que o próprio Deus, na pessoa do Espírito Santo, habita em nós. Este tópico e próximo são a mesma coisa, a considerar o texto de 1Co 3.16, onde Paulo usa os dois termos com a mesma significação.

3. Morada do Altíssimo. No Antigo Testamento, a expressão “morada de Deus” fazia alusão ao tabernáculo e, depois, ao templo Israelita. Indicava lugar de habitação permanente e de comunhão íntima. Como já vimos, o crente tornou-se “templo santo no Senhor” (2.21). Isso indica que Deus habita em nós por meio de seu Espírito (2.22) e que tal afirmação ratifica o ensino apostólico de que “Deus não habita em templos feitos por mãos de homens” (At 17.24). Ele reside individualmente dentro de cada cristão, bem como no corpo inteiro de crentes, a Igreja formada por judeus e gentios (Jo 14.23; 1 Co 3.16). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]

Feitas AS considerações do comentarista, acredito ser bem mais proveitoso discorrer acerca de em “Que implicações tem essa verdade magna?” Transcrevo a seguir, um excelente artigo de autoria do Rev. Hernandes Dias Lopes, disponível em seu site: “Em primeiro lugar, o nosso corpo é sagrado (1Co 3.17). O nosso corpo, embora frágil e mortal, é a habitação do Espírito Santo. Porque ele é a morada de Deus, o nosso corpo é sagrado. Profaná-lo, portanto, é uma desonra para aquele que nele habita. Destruí-lo, é afrontar aquele que tem o poder para dar a vida e tirá-la. A sacralidade do nosso corpo não está em sua essência, mas na sua utilidade. Ele é sagrado porque aquele que é Santo, Santo, Santo nele habita. Em segundo lugar, o nosso corpo é membro de Cristo (1Co 6.15). Sendo o nosso corpo membro de Cristo, não podemos fazer dele, membro de meretriz. Isso é profanar o santo nome do nosso Salvador e macular sua honra bendita. Precisamos ter plena consciência de quem somos, a quem estamos unidos e quem é que habita em nós. Nosso corpo não está a serviço do pecado. Nosso corpo não existe para atender as seduções do mundo. Nosso corpo é membro de Cristo e está a serviço dele.

Em terceiro lugar, o nosso corpo é o santo dos santos onde a glória de Deus assiste (1Co 3.16). A palavra santuário no texto em tela, onde o Espírito de Deus habita, não é templo, mas o santo dos santos, o lugar mais sagrado templo, onde estava a arca da aliança e onde a glória de Deus se manifestava em seu fulgor. A arca era um símbolo de Cristo e Cristo está em nós. Ele habita em nosso coração. E tem as chaves de toda a nossa vida.

Em quarto lugar, o nosso corpo não nos pertence (1Co 6.19). Aqueles que são morada de Deus não pertencem mais a si mesmos. Eles foram criados por Deus, remidos por Cristo e selados pelo Espírito Santo para serem propriedade exclusiva de Deus. Não podem mais usar o corpo para a impureza. Não podem profanar com imoralidade a santa habitação de Deus. Não podem se render aos vícios deletérios. Não podem destruir o corpo com práticas invasivas e perniciosas, subjugando-o à escravidão do pecado.

Em quinto lugar, o nosso corpo foi comprado por alto preço (1Co 6.20a). O nosso corpo é de Deus, porque ele o criou e porque ele o comprou por alto preço, o preço de sangue, o sangue do seu Filho. Fomos resgatados do nosso fútil procedimento. Embora pecadores e sujeitos à morte, Deus investiu tudo em nós. Ele nos comprou não com coisas perecíveis como o ouro ou a prata, mas com o sangue precioso de Jesus. Somos de Deus. Duplamente dele! Ele tem direito sobre nós tanto de criação como de redenção!

Em sexto lugar, devemos glorificar a Deus no nosso corpo (1Co 6.20b). Em vez de unir nosso corpo à impureza para profaná-lo ou em vez de destruir o nosso corpo capitulando-nos aos vícios degradantes, devemos glorificar a Deus em nosso corpo, vivendo de forma justa, sensata e piedosa neste mundo” (Rev Hernandes Dias Lopes, ‘Nós somos a morada de Deus’, disponível em: http://hernandesdiaslopes.com.br/nos-somos-a-morada-de-deus-3/).

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

Templo do Espírito. Outra figura muito significativa da igreja, no Novo Testamento, é ‘o templo do Espírito Santo’. Os escritores bíblicos empregam vários símbolos para representar os componentes da construção desse templo, que têm seu paralelo nos materiais necessários à construção de uma estrutura terrestre. Por exemplo: toda edificação precisa de um alicerce sólido. Paulo indica com clareza que o alicerce primário da Igreja é a pessoa e obra históricas de Cristo: ‘Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo’ (1 Co 3.11). Em outra Epístola, no entanto, Paulo afirma que, em outro sentido, a Igreja é edificada ‘sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas’ (Ef 2.20). Talvez isto signifique que esses primeiros líderes tivessem sido usados de modo muito especial pelo Senhor, a fim de estabelecer e fortalecer o templo do Espírito com os ensinos e práticas que haviam aprendido de Cristo e que continuam a ser comunicados aos crentes hodiernos através da Escrituras” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p. 546).

  CONCLUSÃO

A comparação da Igreja como edifício em construção indica que estamos em processo de aperfeiçoamento até que todos cheguemos à unidade da fé (4.12,13). A pedra angular, que é o próprio Cristo, não pode ser substituída. A doutrina dos apóstolos e o testemunho dos profetas não podem ser revogados. Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]

Somos ainda um templo inacabado. Estamos ainda sendo edificados (2.22). Só depois, no novo céu e na nova terra, ouviremos a voz: “O tabernáculo de Deus está entre os homens” (Ap 21.3). Depois de imersos no Corpo de Cristo, o crente está sendo aperfeiçoamento, isto é, restaurado à sua condição original, à sua forma adequada ou perfeita. Estamos sendo conduzidos do pecado para a obediência. A chave para esse processo é a Palavra de Deus (2Tm 3.16,17; Jo 15.3). Toda a Escritura produzirá, irremediavelmente, a unidade da fé – fé em respeito ao corpo da verdade revelada que constitui o ensinamento cristão, o edifício construído sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina, caracterizando, particularmente, todo o conteúdo do evangelho. A unidade e a harmonia entre os cristãos são possíveis somente quando construídas sobre o fundamento da sã doutrina.

 

Francisco Barbosa

Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br