sexta-feira, 26 de outubro de 2018

LIÇÃO 4: PERSEVERANDO NA FÉ


SUBSÍDIO I

A BONDADE DE UM JUSTO

A Bíblia está repleta de textos que demonstram a bondade de Deus. A parábola levanta este questionamento: “E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?”.
A bondade de Deus faz com que ele ouça aos seus escolhidos. Jesus ensinou que: “se, vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?” (Mt 7.11).
Quando encontramos na Bíblia a expressão “boas coisas” significa as dádivas do Pai que foram descritas por Jesus em que encontramos expressas na ética do Reino de Deus conforme o Sermão do Monte: retidão, sinceridade, pureza, humildade e sabedoria e tudo o mais que glorifique a Deus.
Antes disso ele estava ensinando sobre oração também. Ele dizia: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Mt 7.7). Na parábola que estamos estudando, encontramos a viúva clamando, Jesus ensina sobre a oração e precisamos lembrar que Deus é bom. Richards destaca nesta passagem que “se os pais humanos, que são maus, dão coisas boas aos seus filhos, Deus, que é completamente bom, certamente dará coisas boas àqueles que Lhe pedirem, ou seja, Deus não apenas responderá nossas orações, mas, sua resposta nascerá de seu amor de Pai por nós, e será verdadeiramente uma coisa boa”.
Na análise de Mateus 7.7,11 Tasker destaca que “o discípulo jamais deve imaginar que a persistência na oração é necessária para sobrepujar alguma indisposição da parte do Pai quanto a responder aos pedidos dos seus filhos, nem precisara temer jamais que o Pai o despachará oferecendo-lhe algum substituto desprezível”.  Tasker destaca também que “seria um comportamento incrível, diz Jesus, da parte de qualquer pai terreno, por mau (isto é, “maldoso” ou “mesquinho” ) que fosse, zombar do filho dando-lhe alguma coisa parecida com o que o filho pede mas, de fato, basicamente diferente — pedra em vez de pão, cobra em vez de peixe, quanto mais incrível seria rebaixar-se o Pai Celeste a tais indignidades, ou negar-se a presentear dádivas a seus filhos, em resposta as suas orações, tão boas como as que os pais terrenos se empenham em dar”.
Importante destacar que a bondade de Deus se manifesta de maneira abundante na disposição das dádivas espirituais, em especial, na dádiva do Espírito Santo. Toda bondade presente na criatura humana foi incutida pelo Criador, pois sua bondade lhe é inerente à natureza. Portanto, Deus é eternamente bom e ele desejou compartilhar essa bondade com o ser humano.
Os atributos morais de Deus expressam o seu caráter, e, geralmente são divididos em bondade, santidade e justiça. Tratam-se de características divinas presentes no relacionamento de Deus com suas criaturas. A bondade faz parte da essência de Deus: “provai e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele confia” (Sl 34.8). Campbell destaca que “podemos discorrer acerca de Deus, de sua existência e das evidências externas que o universo e a providência oferecem, entretanto, e somente quando seu amor e presença tocam nosso coração é que o conhecemos de fato em sua bondade indescritível”.4

Texto extraído da obra: As Parábolas de Jesus: As verdades e princípios divinos para uma vida abundante. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018
  
COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

A parábola do Juiz Iníquo, que na verdade, é a parábola da viúva perseverante, tem muito a nos ensinar sobre a oração. Vivemos em uma sociedade que se esqueceu de oração, que deixou de buscar a Deus, e quando o faz busca apenas seus interesses egoístas. Na aula de hoje, com base nessa parábola contada por Jesus, aprenderemos a importância de persistir em oração, confiando que o Senhor ouve nossas petições, e ainda mais relevante, que podemos ter comunhão com Ele.


I. A FÉ COMO PERSEVERANÇA
                                                                 
A palavra pistis em grego carrega múltiplos significados, podendo se referir tanto à crença, quando a fidelidade, sobretudo em tempos de adversidades. O autor da Epístola aos Hebreus define a fé como “o fundamento das coisas que se esperam” (Hb. 11.1). Essa é a fé-fidelidade, apresenta por Paulo como um dos aspectos do Fruto do Espírito (Gl. 5.22). Essa é a fé que, segundo as próprias palavras de Jesus, deve ser cultivada, sob o risco de, por causa da falta de amor de muitos, deixar de existir (Lc. 18.8). Há pessoas que estão desistindo da caminhada cristã, trocando-a por valores meramente terrenos, buscando pratos de lentilhas ao invés do maná celestial. A fé cristã é a base da fé daqueles que se entregam incondicionalmente a Cristo, que seguem Seus passos como verdadeiros discípulos. Essa fé também pode ser demonstrada como charisma do Espírito (I Co. 12), a fim de ver a manifestação de milagres, Jesus disse que essa fé é capaz de mover montanhas (Mt. 17.20). Uma das formas de expressar essa fé é por meio da oração, sobretudo nestes tempos nos quais as pessoas deixaram de orar. Por causa do pragmatismo contemporâneo, muitas igrejas confiam mais em seus dotes políticos, do que na intervenção do Espírito para conduzir seus ditames. Como igreja do Senhor Jesus, devemos perseverar na oração, firmes nas promessas dAquele que o Cabeça da igreja.

II. A PARÁBOLA DA PERSEVERANÇA

A fim de ressaltar a importância da perseverança na oração, Jesus contou uma parábola a respeito de uma viúva persistente. É digno de destaque o papel das mulheres no Evangelho segundo Lucas, principalmente daquelas que ficaram viúvas (Lc. 2.27,28; 4.25,26; 7.11-17; 18.1-8; 20.45-47; 21.1-4). Essa parábola precisa ser compreendida no contexto da época dos tempos de Jesus, nesse tempo o tribunal era móvel, tratava-se de uma tenda que seguia um determinado juiz. Aquela viúva, mesmo sendo uma mulher, e ainda por cima viúva e pobre, manteve-se perseverante em relação a sua causa. A mensagem que Jesus quer ensinar nessa parábola é única: devemos orar e jamais desfalecer. Lembremos que Paulo nos instruiu a orar sem cessar (I Ts. 5.17), isso quer dizer que devemos orar sempre, pois a oração descortina os céus. É importante ressaltar que por causa de Jesus, hoje temos livre acesso ao trono da graça (Hb. 4.14-16). É bem verdade que Deus nem sempre responde as orações da maneira que desejamos, Ele pode dizer “não”, como aconteceu com Moisés e Paulo, ou simplesmente “espere”. Em todas as situações, devemos perseverar até que saibamos a vontade de Deus, cientes de que Sua vontade é soberana, e que sempre fará o melhor para cada um de nós.

III. A PERSEVERANÇA NA ORAÇÃO

A oração baseia-se na convicção de que o Pai Celeste, que tem providencial cuidados sobre nós (Mt. 6.26,30; 10.29,30), que é cheio de misericórdia (Tg. 5.11), ouvirá e responderá às petições dos seus filhos da maneira e no tempo que Ele julgue melhor. A oração deve, então, ser feita com toda a confiança (Fp. 4.6), embora Deus saiba de tudo aquilo que necessitamos, antes de lhe pedirmos (Mt. 6.8,32). A resposta do Senhor pode ser demorada (Lc. 11.5-10), importuna (Lc. 18.1-8) e repetida (Mt. 26.44), e a resposta pode não ser o que pedimos (II Co. 12.7-9), mas o cristão pode descarregar sua ansiedade em Deus, sabendo que nEle podemos descansar (Fp. 4.6,7). As posições na oração, de acordo com a Bíblia, são as mais diversas: em pé (I Sm. 1.20,26; Lc. 18.11), de joelhos (Dn. 6.10; Lc. 22.41), curvando a cabeça e inclinando-a à terra (Ex. 12.27; 34.8), prostrado (Nm. 16.22; Mt. 26.39), com as mãos estendidas (Ed. 9.5) ou erguidas (Sl. 28.2; I Tm. 2.8). Sobre o lugar, o templo é reconhecido, prioritariamente, como “Casa de Oração” (Lc. 18.10), mas os fiéis sempre oraram em lugares diversos, de acordo com a necessidade: dentro de um grande peixe (Jn. 2.1), sobre os montes (I Rs. 18.42; Mt. 14.23), no terraço da casa (At. 10.9), em um quarto interior (Mt. 6.6), na prisão (At. 16.25), na praia (At. 21.5). O lugar e a posição corporal não são dogmáticos em relação à oração, o mais importante, conforme ressaltou o Senhor, em Jo. 4.24, é a disposição espiritual, a fim de não incorrer na hipocrisia dos fariseus (Mt. 6.5).

CONCLUSÃO

A parábola de Jesus, a respeito da mulher perseverante, deve servir de motivação para que continuemos orando, ainda que os tempos sejam difíceis. Não sabemos o que sobrevirá o dia de amanhã, mesmo assim estamos cientes que o Senhor está no comando. Devemos confiar na Sua palavra que é fiel e verdadeira, e na Sua disposição de fazer sempre o que é melhor, ainda que não compreendamos neste momento. A resposta ao pragmatismo, que se adianta sem a vontade de Deus, é persistir diante dAquele que tem todas as respostas.

José Roberto A. Barbosa
Disponível no Blog subsidioebd.blogspot.com

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

A perseverança na fé é uma das exortações bíblicas mais urgentes nos dias de hoje. Sobretudo, quando acompanhada da oração, pois esta também é de suma importância, visto ser a forma de comunicação vital dos discípulos com o Pai soberano nestes tempos perigosos até o estabelecimento final do Reino de Deus. Esta parábola, também conhecida como a "parábola da viúva persistente”, mostra que a oração intermitente em tempos de crise é o meio pelo qual os discípulos do Reino se valem da justiça do Pai a seu favor.
Lucas deixa claro o motivo pelo qual Jesus conta essa parábola: devemos perseverar na oração. Como afirma John Wesley: "Ele falou uma parábola para eles - Esta e a seguinte parábola nos advertem contra dois extremos fatais, no que diz respeito à oração: o primeiro contra a fraqueza e o cansaço, o segundo contra a autoconfiança". Perseverar remonta a ideia de permanecer, resistir, em nosso caso, não desistir da fé cristã em tempos de tentação, aflição, angústia, provação e perseguição. Perseverança é uma qualidade daquele que persiste, que tem constância nas suas ações e não desiste diante das dificuldades. Perseverar é conquistar seus objetivos devido ao fato de manter-se firme e fiel a seus ideais e propósitos. A insistência da viúva é a lição da parábola. Deus é um exemplo inverso desse juiz. Ele não responde a um pedido de má vontade. A mensagem de Jesus é clara: se até mesmo um juiz insensível atende às frequentes solicitações de alguém, Deus certamente responderá às contínuas orações dos seus servos. Deus responderá à injustiça e à perseguição que oprimem o Seu povo. No final, Ele se vingará – “Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça” (v.8). 

I. INTERPRETANDO A PARÁBOLA DO JUIZ INÍQUO
                                                                 
1. Uma parábola difícil. Muitos estudiosos consideram essa parábola uma das mais difíceis. De fato, o modo como algumas Bíblias a intitulam, ou seja, quando na epígrafe editorial consta, por exemplo, "A parábola do juiz iníquo", têm levado muitos a fazerem interpretações equivocadas sobre a bondade, o amor e a justiça de Deus. Contudo, devemos levar em conta o propósito que levou Jesus a contar essa parábola. Trata-se de uma parábola que, a exemplo de outras que estudamos ao longo desse trimestre, funciona como um contraste. Conforme veremos, ela possui até certo fundamento em seu estilo de acentuar a perseverança, e se faz acompanhar de um chamado ao discernimento (v.6), três afirmações da defesa graciosa que Deus faz dos seus e é concluída com um questionamento sobre a existência, ou não, da fé, quando chegar o tempo em que Deus defenderá os seus (v.8b).
Na parábola do juiz iníquo o Senhor Jesus ministra um precioso ensinamento sobre o dever de orar. A construção da parábola se dá em torno de dois personagens que exemplificam muito bem as nossas dificuldades diárias e como devemos lidar com elas. O contexto desta parábola tem como propósito central, estimular as pessoas na prática da oração como parte intrinsecamente partidária da adoração. Nesta parábola, Deus não é dito ser similar ao juiz iníquo, mas ele é descrito como alguém que está muito mais disposto e que é muito mais generoso do que ele (Lc 11.9-13, 18.6-8). São três os atributos divinos apresentados nesta parábola: a bondade, o amor e a justiça de Deus. Segundo os melhores exegetas, o atributo do qual deriva, se é que podemos usar esse termo, todos os outros atributos, é justamente a bondade divina, tão bem expressa nessa parábola. Para o crente, a lição importante é: persistência.

2. O juiz. Não é preciso interpretar, ao pé da letra, cada detalhe de todas as parábolas. Entretanto, aqui vamos assim proceder com o fim exclusivo de mostrarmos o contexto que se passa na mente dos ouvintes. Tudo indica que na estrutura jurídica do judaísmo antigo existiam dois sistemas de tribunais: o judaico e o gentílico. Por isso, há estudiosos que entendem que o magistrado da parábola era um juiz gentio. A Mishná declara que três juízes deveriam definir a sentença nos casos que envolvessem propriedade. Flávio Josefo fala de tribunais com até sete juízes na Galileia. A parábola pressupõe um tribunal com um juiz somente, pois, neste caso, pode tratar-se de um simples recurso para a simplificação da narrativa. Na verdade, para entendermos melhor a parábola, não é tão importante o conhecimento do sistema jurídico daquele tempo, mas sim nos conscientizar da condição desesperadora de muitas viúvas da época que sofriam com juízes corruptos ou desumanos.
O evangelho de Lucas volta parte de sua atenção para as pessoas consideradas de má fama pela sociedade judaica. Lucas menciona muitas pessoas que não eram  respeitáveis. O trecho que acabamos de ler é uma parábola proferida por Jesus, como é atestado no início do versículo 9: “Propôs também esta parábola...”.  As causa religiosas eram julgadas pelo Sinédrio, órgão judaico máximo, um tribunal aristocrático composto pelo Sumo Sacerdote e por nobres. Jesus foi interrogado por esse conselho sobre questões de doutrina e considerado culpado. O Sinédrio não podia aplicar a pena de morte. Por isso, o caso foi levado ao governador romano, Pôncio Pilatos. Na cidade em que a viúva vivia havia um juiz. Jesus o descreve como sendo um homem contrário a Deus e que também não tinha qualquer respeito pelas pessoas. Essa descrição sem dúvida enfatiza que aquele juiz era alguém egoísta e desprezível.

3. A viúva. As viúvas eram reconhecidas pelas suas roupas típicas, as quais indicavam sua situação (Gn 38.14,19). Naquele tempo as jovens casavam-se no início da adolescência, por isso, apesar de haver muitas viúvas, elas não eram, necessariamente, mulheres de idade avançada. A maioria era deixada sem nenhuma forma de subsistência. Se permanecessem na família do falecido, acabavam numa condição inferior, quase servil. Se retornassem para a sua família de origem, o dinheiro do dote repassado nas negociações do seu casamento teria que ser devolvido. Dessa forma, as viúvas em geral ficavam em uma situação bastante miserável. Geralmente elas eram vendidas como escravas para a quitação das dívidas. Portanto, uma mulher pobre, por causa da morte de seu marido, ficava privada do amparo social e, em caso de controvérsias de ordem pública, se não tinha dinheiro, precisava confiar na honestidade dos magistrados. Esse é o contexto em que devemos ler essa parábola.
As viúvas, como demonstra o texto de Mc 12.42, estão na categoria dos pobres e infortunadas (Lc 7.12) que desejavam justiça e libertação daqueles que as oprimem (Lc 18.3), mas que os juízes negam-lhes a justa atenção (Lc 18.4). Na Palestina na época de Jesus, as viúvas eram duplamente discriminadas. Uma primeira discriminação vem da própria condição de ser mulher. Na época de Jesus, a mulher tinha pouca participação na sociedade seu mundo era o cuidado da casa e filhos. O homem senhor absoluto na estrutura da família patriarcal, tinha todos os privilégios. Outra vem da discriminação e empobrecimento que a mulher tinha quando se tornava viúva. Sem condições para trabalhar, com o peso de seus filhos, tinham condição desprezível na sociedade.
A viúva, por conseguinte, vestia-se conforme o seu estado. Em Gn 38.14,19, o termo ’almānût (viuvez) descreve “os vestidos da viuvez”. O “vestido da viuvez” está relacionado com o estado de luto e, por isso, essas vestes não são muito diferentes ou até mesmo idênticas às vestes usadas no velório”. (TEOLOGIA E GRAÇA)

4. O caso e a perseverança. A mulher tinha uma causa que deveria ser apresentada a um tribunal da cidade ou a um juiz que resolvesse exclusivamente a questão por via administrativa. Talvez se tratasse de pendências judiciárias ou mesmo dívidas deixadas pelo seu marido, de hipotecas sobre a herança patrimonial. Apesar de o caso poder enquadrar-se nos inúmeros existentes à época quando uma mulher tinha de defender seus direitos contra as maldades de um adversário poderoso que, sendo mais importante e influente, está seguro e tranquilo, ela toma uma decisão inédita, pois não escolhe advogados (talvez sua condição nem o permitisse), nem defensores públicos, mas contra o costume de seu ambiente, decide apresentar, pessoalmente, a instância ao juiz. Este, segundo o relato, é um juiz iníquo, isto é, não teme a Deus. Ela, porém, demonstra um coração decidido e uma disposição muito grande. Tanto que o texto usa a expressão "molesta" (v.5) para indicar a perseverança da viúva diante do juiz. Por isso, ao final, o juiz cede para não ser mais incomodado, isto é, "molestado" pela mulher que o importuna.
Nessa parábola temos dois personagens principais: Um juiz e uma viúva. A viúva tinha uma causa justa contra um adversário que não é revelado no texto. O que se vê é que ela desejava ardentemente que o juiz julgasse sua causa, fazendo justiça. O juiz a desprezou várias vezes ignorando o seu pedido. No entanto, pela insistência da viúva, e pela importunação que ela causava a ele, o juiz decide que iria julgar a causa”. (ESBOÇANDO IDEIAS)
Nesta parábola percebesse os extremos de uma sociedade, de um lado um Juiz, alguém muito importante e que não temia ninguém, do outro, uma desamparada viúva, frágil e sem recursos, porém, essa viúva através da sua busca justa, convenceu um juiz injusto a julgar corretamente sua causa. A viúva é a personagem que nos mostra que devemos buscar a solução das nossas causas justas. Não era um caso de vingança ou de lucro indevido, era uma causa justa e seu clamor era por agilidade e retidão no julgamento, pois tinha certeza que estava correta. Isso mostra fé da parte dela. Podemos identificar essa viúva com os servos de Deus.

SUBSÍDIO EXEGÉTICO
                               
“A Parábola do Juiz e da Viúva enfoca a oração persistente. Claro que Jesus não está ensinando que Deus é como um juiz injusto. A parábola é dita num estilo ‘quanto mais’. Se um homem iníquo finalmente responde os clamores de uma viúva, quanto mais um Deus justo ouvirá as orações dos seus filhos. “A parábola fala sobre uma situação da vida real. O juiz não tem reverência a Deus ou respeito pelos direitos das pessoas. Uma viúva pobre envolvida num processo na mesma cidade pleiteia com o juiz insensível para decidir em favor dela contra um adversário (v.3). Por um longo tempo ele não faz nada, ignorando os clamores por justiça. Como outras viúvas naquela sociedade, ela é impotente e entre a mais vulnerável das pessoas. Ela é dependente dos outros para cuidar dela” (ARRINGTON, F. L. In: ARRINGTON, French L.; STRONDAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.435).

II. A BONDADE DE UM DEUS JUSTO

1. Deus é bom. Não é novidade o fato de a Bíblia estar repleta de textos que demonstram a bondade de Deus. A parábola, uma vez mais, reforça tal verdade quando o Senhor, retoricamente, questiona: "E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?" (v.7). A bondade de Deus faz com que Ele ouça aos seus servos. E não poderia ser diferente, pois Jesus ensinou que se, nós, pois, sendo maus, sabemos dar boas coisas aos nossos filhos, "quanto mais vosso Pai que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?" (Mt 7.11). Antes disso o Mestre também ensinava sobre a oração, dizendo: "Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á" (Mt 7.7). Na parábola que estamos estudando, encontramos a viúva clamando, e este é o recurso utilizado por Jesus para, mais uma vez, ensinar sobre a oração e nos lembrar que Deus é bom.
Esta é a mais prazerosa das perfeições da natureza de Deus, que faz com que Ele seja amado e desejado por nós. Somente Deus é essencialmente bom e perfeito (Mc 10:18). Sua bondade se estende além da misericórdia. A misericórdia pressupõe um objeto miserável, mas a bondade não necessita de forma alguma de um objeto. Por exemplo: a criação foi um ato de bondade e não de misericórdia. Quando falamos sobre a bondade de Deus, estamos nos referindo à Sua magnificência, à Sua liberalidade e doação na administração de todas as coisas. Esta característica divina alcança todos os outros atributos divinos. Quando Deus revelou-Se a si mesmo a Moisés, de maneira que um ser humano fosse capaz de suportar, Ele disse: “Eu farei passar toda a minha bondade por diante de ti” (Êx 33:19), como se a bondade fosse a fonte de todos os afluentes de Sua glória.
Esse juiz iníquo faz um contraste com o juiz justo, que é o Deus todo poderoso. Se um juiz iníquo ouviu uma pessoa das mais simples e humildes da sociedade, e julgou a sua causa, Deus, o todo poderoso juiz justo, não iria fazer muito melhor do que isso? Com certeza! Por isso, o texto mostra claramente essa verdade: “Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los?” (Lc 18. 7)” (ESBOÇANDO IDEIAS)

2. Deus é justo. Além da bondade do Pai, o crente sabe que Ele é justo. Uma vez mais é necessário recordar que a parábola não deve ser tomada ao nível dos detalhes, pois estes não são o mais importante. O juiz de nossa parábola é iníquo, injusto; Deus, a quem servimos, por outro lado, é justo. Nisto consiste o elemento de contraste dessa parábola. Este conhecimento já tinha Abraão ao chamar o Senhor de "Juiz de toda a Terra" (Gn 18.25). A justiça de Deus é tão elevada que, assim como a paz de Cristo, excede a todo nosso entendimento (Is 56.1).
A Justiça é um outro atributo divino, é uma das Suas características próprias. Ser justo é uma qualidade fundamental da natureza de Deus. A justiça de Deus se manifesta através de Jesus Cristo e é expressa nas Suas ações e no cumprimento das exigências da perfeição do próprio Deus. Paulo afirma em Romanos 1.17 que a Justiça de Deus se revela através do evangelho. Encontramos na Palavra de Deus o padrão para toda a justiça que precisa ser cumprida por todas as pessoas. A Parábola do Juiz Iníquo nos ensina a orar pelos motivos corretos. Todo o contexto da parábola parece indicar que a viúva que importunava o juiz estava do lado da justiça, ou seja, seu pedido era legítimo e aceitável.
“A ansiedade da viúva certamente era muito grande para ver a sua situação resolvida. Porém, precisou de vários encontros com o juiz para que ele a atendesse. Precisou ser resistente e persistente. Deus faz todas as coisas no tempo certo. A nossa ansiedade e imediatismo muitas vezes destroem a nossa persistência e a nossa fé. A parábola termina dizendo que Deus faz justiça depressa e não demorada. “Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça.” (Lc 18. 8). Assim, se um juiz humano e iníquo consegue trazer soluções para as questões apresentadas a Ele, Deus muito mais!” (ESBOÇANDO IDEIAS)

3. Deus assume a nossa causa. Na parábola, encontramos uma pobre viúva pedindo justiça, mas o que Jesus está ensinando é sobre o dever de orar sempre e nunca desfalecer, isto é, a perseverar. Assim, ao mesmo tempo em que ensina sobre a oração e a perseverança, o Mestre lembra um preceito da Lei, mostrando que Deus assume a nossa causa: "Pois o Senhor, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e terrível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita recompensas; que faz justiça ao órfão e à viúva e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e veste" (Dt 10.17,18).
Ao contrário do juiz iníquo, Deus é justo. Ele é nosso juiz e Ele ouve quando oramos. Se até uma pessoa ruim faz justiça quando é muito importunado, quanto mais Deus irá atender as orações de quem clama a Ele dia e noite! Jesus disse que Deus vai fazer justiça, e depressa (Lucas 18:6-8). Ele não ignora nossas orações. Mas nós precisamos ter fé e não desistir. O tempo de Deus é diferente do nosso mas Ele não falha. Na hora certa, Ele vai fazer justiça e restaurar todas as coisas”. (RESPOSTAS.COM)
A palavra-chave aqui é: esperar em Deus. Assim como a viúva soube esperar sem desanimar-se, assim também devemos nós fazer. O tempo não pode roubar a nossa fé, nem levar embora nossa esperança. Que o tempo, no entanto, possa apenas contribuir para fazer com que as raízes da fé se aprofundem mais e mais no coração, até transformarem nossos sonhos em realidade.

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

“A aplicação é clara e simples. Uma viúva pode obter justiça de um juiz que não teme a Deus e não tem nenhuma consideração pelos seus semelhantes, simplesmente pela sua vinda contínua. Quanto mais deveria um cristão ter fé e crer que um Deus justo, bom e amoroso responderá as suas orações, embora Ele possa demorar – ou seja, embora às vezes pareça que a resposta demora! Depressa, lhes fará justiça, ou seja, subitamente, inesperadamente, mas não necessariamente quando eles pensam que a resposta deve vir” (CHILDERS, Charles. Comentário Bíblico Beacon. Vol. 6. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.467).

III. A PERSEVERANÇA DA VIÚVA É UMA IMAGEM PARA NÓS

1. Oração. Até que nosso Senhor retorne, infelizmente, viveremos em constante luta contra o pecado (Hb 12.1). Por esse motivo, não devemos desistir de perseverar na oração e na súplica até que alcancemos o alvo (Fp 3.12-14). Ainda durante seu ministério Jesus exortava aos seus discípulos a que estivessem de "sobreaviso" e que também vigiassem e orassem (Mc 13.33; ARA). Uma das características distintivas do Evangelho de Lucas é a oração (3.21; 5.16; 6.12; 9.18,28,29; 10.21,22; 11.1; 22.41-46; 23.46). Ao ensinar a respeito do Espírito Santo, Lucas nos mostra que Deus cumpre o seu propósito. No entanto, exige a atitude certa por parte do povo de Deus que, de acordo com este Evangelho, é a oração. Vemos Jesus orando antes de cada grande crise da sua vida, ou seja, chegando a orar pelos seus agressores (Lc 23.34). Por ser um homem de oração, Jesus exortou seus discípulos a fazerem o mesmo (Lc 11.2; 22.40,46). É importante lembrar que Jesus advertiu contra o tipo errôneo de oração (Lc 20.47).
Perseverar remonta a ideia de permanecer, resistir, em nosso caso, não desistir da fé cristã em tempos de tentação, aflição, angústia, provação e perseguição. Nosso desafio, mesmo vivendo tais dificuldades, é o de mantermo-nos inflexíveis e firmes na fé em Cristo, esperando pacientemente nEle em tudo. É uma capacidade divina para resistir ao dia mau (Ef 6.13).(4º Trim 2017. CPAD; Lição 12).  A oração é uma forma de servirmos a Deus (Lc 2.36-38). Oramos porque Deus nos ordena que o façamos (Fp 4.6-7). A falta de oração demonstra a falta de fé e a falta de confiança na Palavra de Deus. Deus determinou a oração como meio para que pudéssemos obter Suas soluções em inúmeras situações:
- Preparação para grandes decisões (Lc 6.12-13)
- Derrubar barreiras demoníacas na vida das pessoas (Mt 17.14-21)
- Ajuntamento de obreiros para a colheita espiritual (Lc 10.2)
- Obtenção de forças para vencer a tentação (Mt 26.41)
- Um meio de fortalecer a outros espiritualmente (Ef 6.18-19).
Nem sempre a resposta divina é imediata, aqui entra a perseverança e o exercício da fé – inteira dependência de Deus, pois entendemos que estamos debaixo da Sua sabedoria e é para o nosso benefício que a resposta parece demorar (Mt 7.7; Lc 18.1-8). A oração não deve ser vista como nosso meio de obter que Deus faça nossa vontade na terra, mas como um meio de obter a vontade de Deus feita na terra. A sabedoria de Deus, em muito, excede a nossa.

2. Perseverança. Além de orar, é necessário compreender que a oração deve vir acompanhada de perseverança. A exortação à oração persistente está estreitamente ligada à expectativa da volta do Senhor. 0 texto de Lucas 17.22 nos alerta de maneira bastante clara a respeito do tipo de oração e do perigo de esmorecimento na prática de orar a qual se tem em mira aqui. Deus quer ser buscado de forma incessante e persistente pelos seus, pois a perseverança levará em conta o tempo de espera como um meio para aclarar e purificar a nossa vida no aprendizado das coisas de Deus.
“Regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes” (Rm 12.12). Perseverança na oração é recomendada em todos os lugares e ordenada como sendo o nosso dever particular.
Jesus disse que deveríamos ser persistentes, perseverantes. Se aquele juiz, que era injusto, julgou a causa da mulher, quanto mais o Senhor fará justiça aos seus escolhidos que a ele clamam continuamente? É certo que fará justiça, e depressa! Por isso devemos ser perseverantes quando oramos. Daniel teve a sua oração ouvida desde o primeiro momento, mas a resposta só veio 21 dias depois, Dn 12.12-14. Caso ele tivesse interrompido suas orações, a resposta não viria. Devemos orar até que a resposta venha. Por isso, Paulo afirmou: … perseverai na oração… Cl 4.2”. (IBCBH).
A perseverança nos levará a receber. Sob longa luta, Jacó foi abençoado (Gn 32). Depois de uma longa busca, a mulher cananeia recebeu aquilo que desejava (Mt 15). Após a frequente repetição de sua oração, Elias recebeu chuva (1 Rs 18). Após a contínua oração da congregação, Pedro, de maneira maravilhosa, foi libertado da prisão (At 12). Mediante perseverança unânime em oração e súplica, o Espírito Santo foi derramado no dia de Pentecostes (At 1 e 2). Visto que muitos oram, mas apenas uma vez por um assunto, e não perseveram, eles também não o recebem. Portanto, se abstenha de tudo aquilo que dificulte você de perseverar, como por exemplo: letargia, preguiça, descrença de que o assunto não será concedido, divergência entre os nossos desejos (estando parcialmente focado nas coisas espirituais e parcialmente nas terrenas), a instabilidade dos nossos desejos. Tais questões, e outras semelhantes, fazem com que o suplicante facilmente desista de orar e o impedem de orar com frequência. Desse modo, ele seguirá sem receber o cumprimento dos seus desejos. Portanto, restabelecei as mãos descaídas e os joelhos trôpegos."” (Retirado no livro: The Christian's Reasonable Service. Vol. 3, Grand Rapids, MI: Reformation Heritage Books, 2007. pp. 461-462)

3. Fé. Somos, da mesma forma, exortados a perseverar na fé. A parábola conclui com uma pergunta: "Quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura, achará fé na terra?" (v.8b). Jesus refere-se aqui à fé da súplica incessante, que não esmorece, ou seja, à fé perseverante. A própria interrogação traz uma conexão direta com a parábola, pois questiona se o Filho irá encontrar uma fé persistente como a da viúva. Esta fé é aquela que, em meio às dificuldades e às perseguições, transforma-se em fidelidade e coragem para testemunhar diante dos homens (Lc 9.26; 12.9). A fim de preservarmos este tipo de fé, precisamos cultivar uma vida de oração constante e persistente.
“A conclusão da parábola é impressionante. Jesus derruba a questão do imediatismo e mostra que na realidade o que falta muitas vezes nas pessoas é a fé. A viúva teve fé, mas muitos não têm. Com uma pergunta de efeito Jesus questiona se aqueles que vêm até Deus com suas orações serão como a viúva cheia de fé perseverante ou não. “Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?” (Lc 18. 8)” (ESBOÇANDO IDEIAS)


SUBSÍDIO DEVOCIONAL

“Jesus ensina uma importante lição a respeito da oração, nas parábolas do amigo importuno e do juiz injusto. Ambas ilustram a frequentemente citada promessa de Jesus: ‘Pedi e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque aquele que pede, recebe; e o que busca, encontra; e, ao que bate, se abre’ (Mt 7.7,8; veja Lc 11.9,10). “Os três imperativos em Mateus 7.7 (‘pedi’, ‘buscai’ e ‘batei’) são verbos que originalmente estão no presente ativo. Por conseguinte, o sentido dessa passagem é: ‘Continuai pedindo, até receberdes; continuai buscando, até encontrardes; continuai batendo, até que vos seja aberta a porta’. Muito diferente da incredulidade, a importunação e a persistência demonstram a firme determinação de se alcançar um fim desejado, ao mesmo tempo que evidenciam a fé que prevalece contra todos os obstáculos” (BICKET, Zenas J.; BRANDT, Robert L. Teologia Bíblica da Oração. 6ª reimpressão. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 206).

CONCLUSÃO

A interpretação dessa parábola como um ensino sobre a oração persistente tem sido a melhor interpretação ao longo da história da igreja. A viúva que, com sua insistência, constrange o juiz à intervenção, é um modelo de perseverança na fé e na oração confiante. Esperar com firmeza e fidelidade a vinda do Filho do Homem, ou seja, a consumação da nossa salvação é o melhor incentivo para a oração corajosa. No “mundo tereis aflições”, disse Jesus (Jo 16.33), mas somos convocados a permanentemente invocar a Deus por socorro, pois sempre fará justiça aos que clamam a Ele. Deus sempre estará junto daqueles que perseveram na fé e na oração.
Apesar de nos sentirmos muitas vezes frágeis como a viúva, tendo diante de nós adversidades a serem superadas, e tendo de perseverar mesmo quando se passa muito tempo, no entanto, não estamos diante de um juiz iníquo que não quer nos atender. Se ela conseguiu prevalecer mesmo diante de tantos fatores contrários, muito mais nós, que buscamos justiça das mãos de um Deus que não tarda em socorrer-nos. Precisamos nos lançar nos braços de Deus com confiança e de forma perseverante. A persistência diante de Deus não deve ser motivada pela tentativa de convencê-lo a nos atender, como se tivéssemos recorrendo ao juiz iníquo da parábola. Devemos ter a motivação de manter acesa a chama da fé que nos leva a clamar, bater e insistir até que tudo se consuma. Veja que Jesus termina a parábola dizendo assim: “…Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” (Lc 18.8). Portanto, a perseverança está relacionada à atitude de não desistir dos propósitos por incredulidade, desânimo ou dúvida. A isso a Bíblia chama de fé.
Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16).
  
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

LIÇÃO 3: O CRESCIMENTO DO REINO DE DEUS


SUBSÍDIO I

O CRESCIMENTO DO REINO DE DEUS

Podemos dizer que, de alguma forma, todas as parábolas de Jesus pressupõem o Reino de Deus presente no mundo, quer esteja explícito ou não. Em cada parábola encontramos algum elemento do Reino. Algumas, contudo, tratam especificamente do crescimento do Reino de Deus na Terra. Logo, os textos abordados aqui trazem as parábolas que Jesus contou para ensinar a respeito do crescimento do Reino de Deus. Eles enfatizam a presença do Reino. Ou seja, o Reino de Deus está presente no mundo, ainda que não possamos distingui-lo exatamente de forma concreta. Mas um dia tudo será consumado. O dia em que todos os discípulos autênticos de Cristo participarão plenamente do Reino de Deus.
Cristo usou uma parábola para explicar a natureza de Seu reino: “É semelhante ao grão de mostarda que um homem, tomando-o, lançou na sua horta; e cresceu e fez-se grande árvore, e em seus ramos se aninharam as aves do céu” (Lc 13.19). Stamps destaca que “a parábola do grão de mostarda fala do pequeno começo desse reino e seu desenvolvimento subsequente no decurso do tempo, (...) ele começou apenas com Jesus e um grupo de discípulos dedicados, (...) no entanto, a manifestação atual e visível do reino crescerá até tornar-se grande, organizado e poderoso”.  No comentário de Lc 13.18-21, a Bíblia de Aplicação Pessoal destaca que “a expectativa geral entre os ouvintes de Jesus era a de que o Messias viria como um grande rei e, como tal, livraria a nação judaica de Roma e restabeleceria a antiga glória de Israel”.
Quando Jesus apresenta Seu Reino, à semelhança da semente de um grão de mostarda, de maneira “pequena” e “silenciosa”, causa desconfiança e rejeição. Qualquer cenário diferente desse esperado pela nação de Israel seria plenamente rejeitado. “Como uma minúscula semente de mostarda, que cresce e transforma-se em uma árvore enorme”,3 o Reino de Deus também se expandiria. Bratcher e Scholz destacam que “o pequeno tamanho da sua semente era proverbial, especialmente em contraste com o tamanho da planta, que, na Galileia, pode alcançar 2 metros de altura”.

Texto extraído da obra: As Parábolas de Jesus: As verdades e princípios divinos para uma vida abundante. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

O Reino de Deus está em expansão, mas isso ocorre nas coisas pequenas, que pode ser comparado a uma semente de mostarda. Na lição de hoje estudaremos a respeito desse crescimento, destacando a princípio a importância de ter uma compreensão apropriada do Reino de Deus, em seguida, o compararemos, à luz das parábolas de Jesus, com uma semente de mostarda. E ao final, mostraremos as dimensões espirituais por meio das quais o Rei de Deus se expande.

I. O SIGNIFICADO DO REINO DE DEUS
                                                                 
Ao longo da história do pensamento bíblico-teológico é possível identificar percepções distintas do significado do Reino de Deus. Para alguns estudiosos, o Reino de Deus remete aos tempos da Antiga Aliança, na medida em que Deus direcionava os ditames de Israel, como a nação escolhida em um pacto teocrático. Esse governo teria se estendido à Igreja, quando Cristo a formou, chamando para fora aquele que fariam parte da sua assembleia. Na verdade, o reino de Deus se concretiza onde o Rei está, por isso Jesus afirmou que o reino de Deus estava no meio dos seus discípulos (Mt. 12.28; Mc. 1.15; Lc. 17.20,21). Ao longo da sua história, a cristandade cometeu o equívoco de conceber o reino de Deus com a instituição da sua relação com o Estado. Durante o império de Constantino, no Século IV da Era Cristã, Roma se tornou o centro religioso e governamental do mundo. Por causa da forte relação entre Igreja e Estado, alguns cristãos desse período acreditaram que o Milênio havia chegado, e que o Reino de Deus havia se instaurado na terra. Esse equívoco resultou na romanização da igreja e em decadência espiritual. Por esse motivo, é preciso ter cuidado para não confundir o reino de Deus com a política dos homens, e não deixar de considerar que esse “não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm. 14.17). O reino de Deus é uma tensão entre o “já” e o “ainda não”, que somente terá plenitude no futuro, quando Jesus voltar para estabelecer Seu reino milenial (Ap. 19), por isso o Senhor orou para que esse chegasse, na terra como já é no céu (Mt. 6.10).

II. O REINO DE DEUS COMO UMA SEMENTE

Em várias parábolas Jesus comparou o Reino de Deus com algo de pouco destaque, como uma semente de mostarda (Mc. 4.30,31). Esse é um grão de origem egípcia, geralmente reconhecido como sinapsis nigra, cujo termo é mencionado nos Evangelhos Sinóticos (Mt. 13.31; 17.20; Mc. 4.31; Lc. 13.19; 17.6). Aparentemente, como uma semente de mostarda, o reino de Deus pode parecer insignificante, passando desapercebido pelas pessoas. Sabemos que no futuro esse reino se estenderá por todo o universo (Mc. 13.24-27; Ap. 5.9-13; 7.9), mas até que esse dia chegue, estaremos vivendo neste mundo como forasteiros, peregrinos em terra estranha. Às vezes, nos enganamos ao pensar que o reino de Deus tem a ver com o domínio dos homens. A política humana tem sido instrumento desse tipo de equívoco. Até mesmo algumas igrejas, através da sua imponência religiosa, demonstrada através de seus templos suntuosos, e até mesmo da influência política, pensam que estão contribuindo para a expansão do Reino de Deus. Mas esse se manifesta em lugares que, na maioria das vezes, não são vistos pela maioria das pessoas. Pregadores e pastores anônimos que levam a boa mensagem de Cristo Jesus, que semeiam a Palavra de Deus, e se envolvem em práticas de justiça, amor e perdão, às vezes, distante dos holofotes. 

III. A EXPANSÃO DO REINO DE DEUS

O reino de Deus está em expansão, mas nem sempre da maneira que as pessoas imaginam. C. S. Lewis, em uma das suas declarações apologéticas, descreveu os súditos desse reino como aqueles que chegam a esse mundo com o objetivo de sabotar o império do mal. Mas isso não se dá por meio da força, pois o reino de Deus não é por violência, mas através do amor e da graça de Cristo. O mundo jaz no maligno, os cristãos devem fazer uso das suas armas espirituais (II Co. 10.3-5; Ef. 6.12), e não se deixar influenciar pela filosofia do mundo, que pretende estabelecer seu governo por meio da coerção. Para a expansão do Reino de Deus, devemos levar a boa nova de Cristo, não com o objetivo de tornar as pessoas iguais a nós, antes conduzindo-as ao discipulado (Mt. 28.19,20), sendo imitadoras de Cristo, na medida em que nós mesmos somos imitadores dEle (I Co. 11.1). Os verdadeiros discípulos de Jesus carregam a cruz, sabem que devem ir sempre após Ele, nunca adiante dEle (Mt. 16.24). Os valores do reino, e mais precisamente, o código de ética do reino de Deus se encontra no Sermão do Monte (Mt. 5-7), nessa passagem nos deparamos com o padrão a partir do qual os súditos do reino de Deus devem viver. Na medida em que levamos essa mensagem adiante, expressando o amor de Deus, sabemos que elas encontrarão sobra, como aquela resultante da pequena semente de mostarda, que se tornou uma planta capaz de abrigar e trazer alívio aos que dela se aproximam.

CONCLUSÃO

A Igreja de Jesus Cristo tem o desafio de levar o evangelho até aos confins da terra (At. 1.8), essa é sua grande comissão. Mas precisa saber que o Reino é de Deus, e não de nós mesmos, precisamos estar alinhados à sua mensagem, e compreender que essa é uma obra do Espírito Santo, que transforma forasteiros em súditos de um reino de paz e amor, dominado pela graça maravilhosa, que nos atrai não pelo que somos ou fazemos, mas por quem Ele é, e porque nos amou, entregando Seu filho em nosso lugar (Jo. 3.16). 

José Roberto A. Barbosa
Disponível no blog: subsidioebd.blogspot.com

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

Podemos dizer que, de alguma forma, todas as parábolas de Jesus pressupõem o Reino de Deus. Na verdade, em praticamente cada parábola encontramos algum elemento dele. Algumas, contudo, tratam especificamente do desenvolvimento e do crescimento do Reino de Deus sobre a terra. Os textos abordados nesta lição trazem as parábolas que Jesus contou para ensinar a respeito do crescimento do Reino de Deus. Elas enfatizam a presença do Reino, mostrando que este está presente, ainda que não possamos distinguir exatamente onde ele está de forma concreta. Um dia tudo será consumado e todos os discípulos autênticos de Cristo farão parte do Reino de Deus naquele Grande Dia.
Algumas pessoas têm Jesus como o “maior mestre que já existiu”, e de fato eles têm razão, Jesus foi o maior de todos os mestres, pela natureza do seu ensino, pela excelência de seus métodos e principalmente, pela grandeza do seu exemplo. A pregação de Jesus Cristo em todo o tempo de seu ministério teve por objetivo específico falar do Reino dos céus. Em cada parábola havia elementos que evidenciavam a estrutura desse Reino. Como já discutido nas lições anteriores, as parábolas eram janelas abertas para uns e portas fechadas para outros. Através delas, o Mestre trouxe à nossa compreensão as verdades do Reino, enquanto para aqueles que zombavam, elas pareciam escurecer ainda mais a sua compreensão. Jesus contou três parábolas sobre o Reino: semeador, semente, grão de mostarda. A primeira fala da resposta do homem à Palavra; a segunda trata do poder intrínseco da Palavra; a terceira fala da capacidade extraordinária de crescimento dessa Palavra no estabelecimento do Reino. Mas o que é o Reino de Deus? O Reino de Deus é um reino espiritual que um dia dominará tudo. Esse reino começou agora, dentro do coração de cada pessoa que aceitou Jesus como seu senhor e salvador; Ele está onde a vontade de Deus é feita: “…venha a nós o teu Reino e seja feita sua vontade assim na terra como nos céus…” (Mt 6.10). A Bíblia relata no livro de Atos dos Apóstolos (capítulo 2) a chegada do Reino de Deus, a partir da descida do Espírito Santo durante a festa de Pentecostes. O mesmo evento também marcou o início da Igreja Cristã. Assim, é possível dizer que a história da Igreja relata a implantação do Reino de Deus na terra.

I. INTERPRETAÇÃO DAS PARÁBOLAS SOBRE O REINO DE DEUS
                                                                 
Essas parábolas enquadram-se bem na categoria de similitude. A similitude nada mais é que uma comparação expandida. Ela quer pintar um quadro que se repete e, para isso, usa predominantemente o tempo presente em função de uma analogia. Portanto, a parábola não apresenta um enredo totalmente desenvolvido. Aqui Jesus se volta para o mundo da botânica. O Mestre utiliza-se da figura de um grão de mostarda a fim de ilustrar o Reino de Deus.
1. A semente de mostarda. A semente de mostarda simboliza de forma proverbial aquilo que é pequeno e insignificante. Essa semente é muito pequena; mas, quando plantada, cresce e se torna uma hortaliça muito grande. Essa mostarda é de origem egípcia (sinapis) e a encontramos mencionada nos Evangelhos Sinóticos por cinco vezes (Mt 13.31; 17.20; Mc 4.31; Lc 13.19; 17.6). Nosso Senhor utiliza aqui a "mostarda negra" conhecida como sinapis nigra. Uma semente pequena que produz um grande arbusto.
Há uma certa semelhança entre as parábolas do Semeador, do Joio e do Trigo, do Grão de Mostarda e do Fermento. Cada uma tem sua interpretação própria, mas há uma harmonia quanto às lições que o Mestre queria ensinar. Muitos interpretes divergem quanto a interpretação de cada parábola, no entanto, devemos reconhecer que Jesus foi uniforme em seus ensinos, desde que não há uma figura com dois sentidos diferentes. Em cada parábola há uma perfeita harmonia na mensagem final que o Mestre queria transmitir.
A mostarda-preta é uma planta herbácea da família das brassicáceas, anual, que atinge 1,2 m de altura, de folhas oblongas, denteadas e flores amarelas. O condimento é produzido a partir das sementes em quase todo mundo”. Wikipédia. De origem egípcia, sinapis, aparece especialmente nos três primeiros Evangelhos por quatro vezes. Servia para tempero para comida.
Jesus contou duas parábolas para falar a respeito do fenomenal crescimento do reino dos céus: a parábola do grão de mostarda e a parábola do fermento. As duas formam um par, e são, na verdade, duas faces de uma mesma moeda. A parábola do grão de mostarda retrata o crescimento do reino em extensão e a do fermento descreve a intensidade desse crescimento. A parábola do grão de mostarda, em contraste com a do trigo e do joio, é muito curta. Obviamente, Jesus realça a diferença entre o pequenino grão e a grande árvore. Ele não diz nada sobre a qualidade da mostarda. Ele poderia ter mencionado seu uso na comida e nos remédios, sua cor e seu gosto, mas esse não era o propósito da parábola. O tamanho insignificante da semente de mostarda se tornou proverbial, no primeiro século. Jesus, uma vez disse: “Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará” (Mt 17.20).” (Paradigmas do Reino de Deus. Disponível em: http://ipbg.org.br/download/paradigmas-2.pdf. Acesso em: 13 Out, 2018)

2. Os contrastes. A parábola do grão de mostarda é uma história dos contrastes entre um começo aparentemente insignificante e uma coroação surpreendente; entre o oculto hoje e o revelado no futuro. O Reino de Deus é como tal semente. O tamanho atual do Reino de Deus possui um aspecto insignificante; mas isso não indica, de modo algum, o que ele, em sua consumação, abrangerá, ou seja, o Universo inteiro (Mc 13.24-27; Ap 5.9-13; 7.9; Dn 2.33,34).
Contraste é o grau marcante de diferença ou de oposição entre coisas da mesma natureza (Dicionário Houaiss). Através da parábola, Jesus ensina que o reino de Deus pode parecer sem importância e insignificante, especialmente na Galiléia de 28 AD. Mas, o evangelho do reino,proclamado por um carpinteiro transformado em pregador, provocará um impacto tremendo no mundo todo. Jesus utiliza-se dessa ilustração para ensinar a diferença de valores entre as coisas do reino desse mundo e do Reino de Deus.

3. As aparências enganam. O Senhor nos ensina aqui a não nos deixarmos levar pelas aparências. Muitas vezes julgamos as coisas pelo aspecto exterior. O ensino de Cristo apresenta o poder misterioso da fé que dá início ao Reino de Deus. Jesus começou seu ministério com alguns discípulos. Ao longo da história a Igreja alcançou milhares de pessoas. Hoje a Igreja de Cristo compõe-se de bilhões de crentes espalhados pelo planeta (Mt 8.11).
Qual é o tamanho dessa árvore? Em Lucas, na parábola do grão de mostarda, Jesus diz que a semente "cresceu e fez-se árvore..." (Lc 13.19). “Já observamos que esta parábola ressalta mais o contraste entre semente e árvore do que a imensidão de seu crescimento final. Como A. B. Bruce observou, a parábola parece chamar mais a atenção para a pequenez do começo do reino do que para a grandeza do seu fim. Tão grande árvore como a que possa crescer de um grão de mostarda, ela nunca rivalizará com as verdadeiras árvores que sobressairão acima dela. As parábolas emparelhadas do grão de mostarda e do fermento parecem ser ambas destinadas a ilustrar o crescimento futuro e a influência do reino. Uma fala de seu crescimento extenso e visível, a outra da mudança espiritual intensa. Mas a questão que permanece é se Jesus está olhando para a parábola do grão de mostarda no vitorioso destino final de seu reino ou simplesmente para a crescente e visível influência espiritual do evangelho na História” (ESTUDOS DA BÍBLIA).


SUBSÍDIO EXEGÉTICO
                               
“Jesus aqui continuou com o seu esforço para ajudar os discípulos a entender a verdadeira natureza do Reino de Deus (30). (E como eram lentos para aprender! Cf. At 1.6) Ele perguntou: A que assemelharemos o Reino de Deus?, graciosamente incluindo os ouvintes no projeto. De forma incidental, podemos notar a importância do pensamento ilustrado nos assuntos espirituais. Com que parábola o representaremos? As ideias abstratas precisam ser revestidas de histórias e imagens para que possam atingir o coração e a mente.
“O tema da parábola é que, embora o Reino possa ter tido o menor começo possível, algum dia crescerá e chegará a um tamanho fenomenal. Um grão de mostarda (31) foi usado proverbialmente para representar alguma coisa muito pequena (veja Mt 17.20). Apesar do seu tamanho, a semente de mostarda produz uma planta ou arbusto maior do que qualquer outra hortaliça do jardim, com cerca de três metros de altura, ou mais. Os galhos da planta têm tamanho suficiente para permitir que as aves do céu façam os seus ninhos e possam se abrigar debaixo da sua sombra. (Os pássaros gostam da semente de mostarda.)” (SANNER, A. Elwood. Comentário Bíblico Beacon. Vol.6. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.250).

II. A EXPANSÃO DO REINO DE DEUS

1. O campo de semeadura. Nos textos sinóticos que lemos - Mateus, Marcos e Lucas - existe um pequeno detalhe que chama a atenção. Mateus descreve o homem semeando na terra, Marcos, no campo, enquanto Lucas fala de horta. Esses detalhes, por se tratar de uma parábola, não devem nos prender. Muitas pessoas têm se perdido aos detalhes na interpretação de parábolas. O “campo", sem dúvida alguma, trata-se do mundo e o mesmo exemplifica as parábolas similares. O Evangelho vem sendo pregado ao redor do mundo desde o dia de Pentecostes, pois esta é uma ordem do Senhor (At 1.8).
Como diz o comentarista, não devemos nos prender a estes detalhes, dependendo da versão que você utiliza, terá palavras tais como jardim.
Se olharmos o panorama mundial da Igreja evangélica perceberemos que o crescimento evangélico foi 1.5 % maior que o Islã na ultima década. O Evangelho já alcançou 22.000 povos nestes últimos 2 milênios. Temos a Bíblia traduzida hoje em 2.212 idiomas. As grandes nações que resistiam o Evangelho estão sendo fortemente atingidas pela Palavra, como é o caso da Índia e China, que em breve deverão hospedar a maior Igreja nacional sobre a terra. Um movimento missionário apoiado pela Dawn Ministry plantou mais de 10.000 igrejas-lares no Norte da Índia na última década, em uma das áreas tradicionalmente mais fechadas para a evangelização. No Brasil menos evangelizado como o sertão nordestino, o norte ribeirinho e indígena, e o sul católico e espírita, vemos grandes mudanças na última década, com nascimento de novas igrejas, crescimento da liderança local e um contínuo despertar pela evangelização. No Brasil urbano a Igreja cresceu 267% nos últimos 10 anos. Apesar dos diversos problemas relativos ao crescimento e algumas questões de sincretismo que são preocupantes no panorama geral, vemos que o Evangelho tem entrado nos condomínios de luxo de São Paulo e nos vilarejos mais distantes do sertão, colocando a Palavra frente a frente com aquele que jamais a ouvira antes. Há um forte e crescente processo de evangelização no Brasil.” (Extraído de: O Espírito Santo e as Missões. Disponível em:http://www.metodistavilaisabel.org.br/artigosepublicacoes/descricaocolunas.asp?Numero=2018. Acesso em: 15 Out, 2018)
Devo lembrar ao leitor, que, segundo Paulo escreve em Romanos 6.23: “mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por intermédio de Cristo Jesus nosso Senhor”, não há outra porta de escape para o homem sem Deus, a salvação só é possível mediante a pregação do Evangelho. Romanos 10.9-10 mostra como podemos ser salvos: pela fé em Jesus. Somente Jesus pode nos salvar do pecado.

2. Um lugar debaixo da sombra. O arbusto de mostarda aqui retratado tem cerca de três metros de altura, ou pouco mais. Seus galhos possuem tamanho suficiente para permitir que pássaros construam seus ninhos e consigam abrigar-se debaixo da sua sombra. Essa imagem de uma grande árvore, onde pássaros habitam seus galhos e animais descansam à sua sombra, é uma reminiscência do ensino veterotestamentário a respeito do destino dos grandes impérios, bem como sobre a ascensão do Reino de Deus (Ez 17.22-24; Dn 4.10-14).
O elemento surpreendente nessa parábola é o começo insignificante, conforme os homens medem as coisas. Uma semente pequenina daria uma planta grande. Os homens pensam em grandes conquistas e demonstrações de força. Quando Jesus estava no auge do seu ministério, com dezenas de milhares de seguidores, o povo queria fazê-lo rei (João 6:15). Até os apóstolos imaginavam um reino grande e glorioso e desejavam posições de honra e influência (Marcos 10:35-37). A resposta de Jesus para Pilatos afirmou que seu reino não cumpriria expectativas humanas e políticas (João 18:36). Até hoje, muitos ainda não compreenderam essa diferença fundamental na natureza do reino do Senhor. Muitos ainda pregam uma doutrina carnal na qual Jesus e seus seguidores precisam conquistar território para estabelecer um reino terrestre” (ESTUDOS DA BÍBLIA). “Nos ramos da mostardeira, as “aves do céu” fazem seus ninhos e se alimentam das sementes que ela produz, mostrando o caráter acolhedor e auto provedor do Reino de Deus. Como na Parábola do Semeador as “aves do céu” representam seres maus (Mc 4:3), o propósito do Reino é justamente atrair os maus, mostrando-lhes o Seu amor. Ele disse: “Não necessitam de médicos os sãos, mas sim os doentes. Porque Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores ao arrependimento” (Mt 9:12-13).” ("O Evangelho Reunido", Pastor Juanribe Pagliarin).

3. Não despreze os pequenos começos. A certeza que Cristo dá ao ensinar essa parábola certamente provocou uma forte conscientização e um enorme encorajamento para a igreja nascente, na época dos evangelistas Mateus, Marcos e Lucas. Uma igreja que estava enfrentando diversas lutas neste mundo. A parábola escatológica lembra o que disse o soberano Senhor a respeito do cedro no qual os pássaros encontrarão abrigo "à sombra dos seus ramos" (Ez 17.23 cf. 31.6). Também nos desperta para a pergunta levantada pelo profeta Zacarias: "[...] quem despreza o dia das coisas pequenas?" (Zc 4.10).
Para o mundo, hoje é o dia das grandes coisas. Em matéria de guerra, antigamente os homens estavam satisfeitos em contar seus exércitos em milhares, mas agora os milhares são desprezados - as nações devem ter seus milhões de soldados. Em matéria de finanças, onde antes as fortunas eram avaliadas em alguns poucos algarismos, agora fortunas com valores expressos em vários dígitos passaram a serem consideradas apenas como pequenas heranças. Um milionário do passado seria considerado, na avaliação de hoje, apenas um pequeno capitalista. Na vida rural, onde antes um paciente agricultor cultivava alguns poucos hectares, agora grandes máquinas revolvem quilômetros de terra que produzem milhões de fardos de grãos em uma única fazenda. Em matéria de educação, as universidades, faculdades, seminários e escolas técnicas multiplicam-se sem parar, e multidões seguem carreiras em busca de conhecimento e diplomas. Metrópoles florescem onde antes havia cidades; grandes cidades substituíram os povoados. Extensas redes de ferrovias e auto-pistas se emaranham pelos continentes, e o pulsar das máquinas palpita em todo centro industrial. Em resumo - o mundo parou de se importar com o que é pequeno ou insignificante.”(MONERGISMO)
Não desanime se a obra parece mirrada, na verdade, o crescimento pertence ao Senhor. Leia a história de Adoniran Judson - O Missionário Pioneiro da Birmânia e inspire-se.

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

“Jesus diz que a semente de mostarda ‘é realmente a menor de todas as sementes’. Trata-se de hipérbole, designada a enfatizar a natureza minúscula da semente. Entre os rabinos esta semente era usada proverbialmente por sua pequenez (M. Nidá 5.2). O que Jesus quer dizer é que se torna um arbusto de tamanho significativo e até proporciona abrigo para pássaros. Assim também o Reino dos Céus tem começo modesto não observado por muitos, mas eventualmente tem grande efeito. O avanço da igreja primitiva desde seu começo desanimador à transformação do Império Romano fornece comentário apropriado para o significado da passagem. A referência à árvore indica um império em expansão (e.g., Ez 17.23; 31.1-9; Dn 4.10-12); os pássaros representam as nações do império (Dn 4.20-22 [...]). “A Parábola do Fermento reforça o começo da semente de mostarda. O fermento tem imagem negativa ou má na Bíblia, como em Mateus 16.6,11: ‘Adverti e acautelai-vos do fermento dos fariseus e saduceus’. Também é usado negativamente no Antigo Testamento (e.g., Êx 12.15; Lv 2.11), embora também tenha imagem positiva (e.g., Lv 7.13; 23.15-18). Aqui Jesus usa o fermento para mostrar como um item pequeno não observado pode penetrar o todo. Muitos não reconhecem que o Reino esteja em ação, porque está escondido e é considerado insignificante por muitos. Mas não devemos menosprezar o dia das coisas pequenas. O fruto segue a fidelidade (Gl 6.9). O trabalho do discípulo mais humilde pode ter efeitos de longo alcance” (SHELTON, James In ARRINGTON, French L.; STRONDAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p. 90).

III. QUEM PARTICIPA DO REINO DE DEUS?

Todos os autênticos discípulos de Cristo participam do Reino de Deus. Não basta apenas ser frequentador de Igreja. É preciso ser discípulo de Cristo (Mc 8.34-38). Ao questionarmos quem participa do Reino de Deus nos surge a ideia do discipulado. O tema do discipulado tem sido esquecido em muitos arraiais evangélicos na atualidade. Contudo, se prestarmos atenção à chamada Grande Comissão, temos o mandamento de "fazer discípulos" (Mt 28.19,20). O crescimento do Reino de Deus é, de fato, surpreendente. Mas Deus escolheu que isso aconteça através da prática do discipulado. Afinal, somente os discípulos de Cristo, na consumação dos séculos, entrarão no Reino de Deus.
Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19). O tema de Mateus é Cristo como Rei, e a incumbência final de Jesus aos seus súditos reflete uma perspectiva global. O ministério terreno de Cristo foi dirigido a Israel (Mt 10.5,6), mas a proclamação do seu Reino e a adesão à sua autoridade estende-se a todas as nações. A forma pela qual os discípulos devem reconhecer abertamente sua lealdade a Cristo é através do batismo em águas, ministrado em nome da Trindade. ““Ide... ensinai...batizando”, estas palavras constituem a Grande Comissão de Cristo a todos os seus seguidores, em todas as gerações. Declaram o alvo, a responsabilidade e a autorga da tarefa missionária da Igreja. A igreja deve ir a todo o mundo e pregar o evangelho a todos de conformidade com a revelação do Novo Testamento, da parte de Cristo e dos apóstolos. Esta tarefa inclui a responsabilidade primordial de enviar missionários a todas as nações (At 13.1-4). O evangelho pregado centraliza-se no arrependimento e na remissão de pecados (Lc 24.47), na promessa do recebimento de ”o dom do Espírito Santo” (At 2.38), e na exortação de separar-nos desta geração perversa (At 2.40), ao mesmo tempo em que esperamos a volta de Jesus, do céu (At 3.19, 20; 1Ts 1.10)” (Adaptado de Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, Nota textual de Mt 28.19, p.1452)

1. Quem tomou uma decisão. Para que possamos participar do Reino de Deus é preciso atender ao convite de Cristo (Mc 8.34). Ser discípulo de Cristo significa muito mais que atender a um convite de "vir à frente". O texto de Marcos diz que o convite é dirigido a quem "quiser". Isso significa que a soberania divina não violenta a liberdade humana. Depois de receber o chamado do Espírito, é preciso que haja uma decisão pessoal e essa decisão envolve renúncia.
A estória: “Conta-se que quando Cristo terminou sua obra, e chegou ao céu, os anjos o receberam com exultante celebração. Um anjo perguntou-lhe: “Senhor, tu consumaste a obra da redenção, mas quem vai contar essa boa nova para o mundo inteiro?” Jesus respondeu: “Eu deixei doze homens preparados para essa tarefa”. Retrucou o anjo: “Mas, Senhor, e se eles falharem?”. Jesus respondeu: “Se eles falharem eu não tenho outro método”. Hernandes Dias Lopes em A grande Comissão, uma missão inacabada. Encontramos em todos os quatro Evangelhos e no livro de Atos, a ênfase à grande comissão. Ao ser assunto aos céus, Jesus deu-nos suas últimas palavras, que ficaram conhecidas como a Grande Comissão. A Grande Comissão, na tradição cristã, é a instrução dada pelo Jesus ressuscitado aos seus discípulos para que eles espalhassem seus ensinamentos para todas as nações do mundo. Ela se tornou um ponto chave da teologia cristã sobre o trabalho missionário, o evangelismo e o batismo.
O Reino de Deus ainda não foi completamente estabelecido, mas já começou. Jesus explicou isso na parábola do grão de mostarda: a semente do Reino foi lançada e continua crescendo (Lucas 13:18-19). Cada pessoa que aceita Jesus faz crescer o Reino. Um dia o Reino encherá toda a terra mas até lá ele cresce dentro de nossos corações.

2. Quem tem uma relação pessoal com Jesus. Um discípulo de Cristo não é um "admirador", mas um seguidor. Jesus nos chama a segui-lo. Um verdadeiro discípulo segue as pegadas de Cristo (1 Pe 2.21). Aquele que participa do Reino de Deus é uma pessoa obediente (Jo 15.14). Nós devemos obedecer ao seu comando por Ele ser Senhor e também por gratidão à grandiosa salvação que Ele nos deu.
Ter um relacionamento pessoal com Jesus começa no momento que percebemos nossa necessidade dEle, quando admitimos que somos pecadores, quando nos arrependemos de nosso pecado e pedimos a Ele que entre em nossos corações para ser a autoridade em nossas vidas. Deus, nosso Pai Celestial, sempre desejou estar perto de nós e ter um relacionamento conosco. Antes de Adão ter pecado no Jardim do Éden (Gênesis capítulo 3), ele e Eva conheciam a Deus de uma forma íntima e pessoal. Eles andavam com Deus no Jardim e falavam diretamente com Ele. O pecado do homem nos separou de Deus. Deus é perfeito e não pode viver no meio de pecado. Antes da morte de Jesus na cruz, as pessoas tinham que sacrificar animais quando pecavam, pois a Bíblia diz que o salário do pecado é a morte”. (GOTQUESTIONS)

3. Quem tem uma caminhada dinâmica com Cristo. O discípulo de Cristo tem uma caminhada dinâmica com Ele. Trata-se de um desafio diário. Todas as nossas escolhas, propósitos, nossos sonhos e realizações devem ser pautados na vontade do Senhor. O discípulo de Cristo é alguém que vive em um mundo cujos valores estão invertidos (Mc 8.35), por isso, entende que no âmbito do Reino de Deus "ganhar" é perder, e "perder" é ganhar. Somos chamados para assegurar os interesses do Reino e, para isso, muitas vezes, temos de deixar de lado os interesses egoístas e a aparente segurança terrena.
Um rei deve ter trono, um rei deve ter exércitos, mas um rei deve, necessariamente, ter súditos, senão não é rei. Assim é no reino de Deus. A todos que entenderam a mensagem da salvação em Jesus Cristo, que habitava na glória, deixou esta glória e esvaziou-se deu-nos o poder de sermos feitos seu povo. Ele nos comprou do reino das trevas por alto preço e nos levou para o reino do seu amor. Com autoridade o apóstolo Pedro ensinou: Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1 Pedro 2.9). Nós éramos considerados Não-Povo-de-Deus, e fomos feito Povo de Deus. Jesus disse: Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino (Lucas 12.32). Assim, eu e você recebemos a Jesus em nossos corações não apenas como nosso Salvador, mas quando entendemos sua obra na cruz do calvário o recebemos também como nosso Senhor (Kyrios), como nosso Rei e nós como seus súditos. Um súdito, não discute a ordem do Rei, o súdito obedece por amor ao Rei. A realidade do reino de Deus nos faz lembrar que Jesus é Rei, nós somos servos, ele é o Criador, nós criatura, ele é o oleiro, nós somos barro”. (IPILON)

SUBSÍDIO DIDÁTICO-ECLESIOLÓGICO

Em seu Manual do Discipulador Cristão (CPAD), o pastor Cyro Mello elenca quatro requisitos para que alguém seja considerado um discípulo de Cristo: Decisão Voluntária; Determinação; Consciência e Disposição para o Trabalho. Cada um desses requisitos possui desdobramentos e são fundamentados em textos bíblicos. Procure este conteúdo nas páginas 23 a 51 do referido livro e enriqueça a abordagem deste terceiro tópico.

CONCLUSÃO

É interessante notar que nem todas as parábolas possuem uma aplicação direta e marcante. Em muitas delas, o crente precisa contentar-se em deixar que a parábola cumpra seu objetivo sem que haja uma hermenêutica forçada. A parábola do grão de mostarda nos apresenta a realidade de que o Reino de Deus teve um início insignificante e, desde então, cresce assustadoramente. Ao final dos tempos, ele atingirá todo o Universo. Que todos nós possamos fazer parte desse glorioso Reino, que não terá fim.
Vimos hoje sobre a realidade do reino de Deus. Há um Rei, há um exército do Rei e há súditos do Rei. Este reino já está implantado, mas ainda não totalmente. E você, já faz parte deste reino?
Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16).


Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br