sábado, 30 de maio de 2020

LIÇÃO 9: O MISTÉRIO DA UNIDADE REVELADO

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I

O MISTÉRIO DA UNIDADE REVELADO 

Que mistério foi esse revelado no Novo Testamento? Um mistério oculto desde todos os tempos e todas as gerações foi revelado ao povo de Deus do Novo Testamento. Esse é o assunto desta lição. Você tem o objetivo geral de ensinar acerca do mistério de Deus que esteve oculto e a revelação concedida aos profetas e aos apóstolos. Para isso, você deve explicar que o mistério oculto é o de que judeus e gentios seriam um só povo integrante de um mesmo corpo. Essa é uma consequência natural da inimizade destruída pela obra de Cristo, assunto que vimos em lição anterior. Depois você deve expor como e quando Deus revelou o mistério aos apóstolos e aos profetas. Isso tem tudo a ver com o desdobramento que a revelação se deu no Novo Testamento. E, finalmente, você deve mostrar aos alunos que desde a eternidade o mistério esteve encoberto para ser revelado em tempo oportuno.

Resumo da lição

Deus revelou o mistério que esteve oculto. Hoje, graças as Escrituras Sagradas, temos o privilégio de ter acesso a esse mistério. Nesse sentido, o tópico primeiro explica que o mistério da igreja de Cristo formada pela união entre judeus e gentios estivera oculto desde a eternidade. Aqui, você deve pontuar com clareza que o mistério oculto é que judeus e gentios seriam um só povo integrante de um mesmo corpo. 

O segundo tópico, expõe como e quando Deus revelou o mistério aos apóstolos e aos profetas. Nesse ponto você deve destacar que o “mistério revelado” é a Igreja redimida por Cristo e formada pelos povos e nações do mundo todo. É a nova raça espiritual, formada por uma nova comunidade internacional em que judeus e gentios são iguais e desfrutam dos mesmos privilégios espirituais em Cristo. 

O terceiro tópico mostra que desde a eternidade o mistério esteve encoberto para ser revelado em tempo oportuno, ou seja, o mistério da Igreja de Cristo foi pré-estabelecido pelo Pai desde antes da fundação do mundo. Aqui, você pode reforçar com a classe a onipotência e a onisciência divinas, atributos que revelam o quanto Deus é soberano e sustentador daquilo que planeja de antemão.  

Aplicação

Reflita com os seus alunos o quanto Deus é incomensurável. Ele planejou tudo desde a fundação do mundo. As Escrituras esclarecem o mistério que estava oculto desde muito tempo. Nós, a Igreja, o Corpo de Cristo, fazemos parte do mistério revelado.

 

Subsídio extraído da Revista Ensinador Cristão - Ano 21 nº 82 (Abr/Mai/Jun)

 

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

   INTRODUÇÃO

Paulo e os demais apóstolos, bem como os profetas do Novo Testamento, receberam por meio de Cristo a revelação do mistério oculto (3.1-4). Nesta lição estudaremos o conceito bíblico para “mistério” (3.4,6), como esse mistério esteve oculto nas eras passadas, como o mistério foi revelado na Nova Aliança (3.5,10) e como ele foi pré-estabelecido por Deus na eternidade (3.11). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]

Agora, no capítulo 3, Paulo vai falar sobre o maior mistério de Deus na história. O Rev Hernandes Dias Lopes citando Martyn Lloyd-Jones, escreve: “o que realmente pôs Paulo na prisão foi ele pregar por toda parte que o evangelho de Jesus Cristo era tanto para judeus como para gentios. Foi isso que, mais que qualquer outra coisa, enfureceu os judeus. Foi esse estilo de mensagem que culminou em sua prisão em Jerusalém e seu subsequente envio para Roma”. (Lopes, Hernandes Dias. Efésios: igreja, a noiva gloriosa de Cristo / Hernandes Dias Lopes. — São Paulo: Hagnos, 2009. Pág. 74). É acerca desse mistério revelado a Paulo e através de seus escritos, a nós, que estudaremos nesta lição – gentios e judeus reunidos em um só povo, a Igreja – o Corpo de Cristo! Vamos pensar maduramente a nossa fé cristã?

   I. O MISTÉRIO OCULTO NO ANTIGO TESTAMENTO

Os gentios ignoravam as promessas, e os judeus pensavam serem os únicos beneficiários delas, porém, ambos desconheciam o “mistério” que esteve oculto.

1. O conceito bíblico de mistério. Do grego mysterion, a palavra mistério significa “segredo” ou “doutrina secreta”. Indica alguma verdade divina que esteve oculta e passou a ser conhecida (3.3). Não se refere a algo misterioso que somente alguns poucos iniciados possam compreender, como ensinavam alguns adeptos do falso misticismo (Cl 2.18). Pelo contrário, no cristianismo significa uma verdade que esteve encoberta e agora foi desvendada em benefício de todos (1 Tm 2.4). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]

A palavra ‘mistério’ aparece três vezes nesse parágrafo (3.3,4,9). Como explicado no tópico, a palavra grega mysterion tem um significado diferente da palavra portuguesa mistério, como é traduzido em nossas Bíblias. Para nós, mistério é algo obscuro, oculto, secreto, enigmático, inexplicável, incompreensível. No uso feito por Paulo tem o sentido de algum segredo que já foi revelado. É importante frisar que, nas Escrituras e na fé Cristã, não há espaço para mistérios, como entendem os esotéricos, um conhecimento reservado somente a alguns poucos iniciados. Como enfatizado no contexto de efésios, os “mistérios” são verdades que foram reveladas por Deus. De fato, em algum momento esteve oculta ao conhecimento ou entendimento dos homens, mas através do apostolado de Paulo, foi desvendada pela revelação de Deus.

2. O desconhecimento do mistério. Para compreender em que sentido o mistério esteve oculto desde outras gerações, é preciso pôr em foco o advérbio “como” que aparece no texto com valor circunstancial: “noutros séculos não foi manifestado, como, agora” (3.5). A expressão “como” indica que no Antigo Testamento esse mistério não foi dado a conhecer tão claramente como agora o foi desvendado pelo Espírito. Isso não quer dizer que antes da Nova Aliança ninguém tomara conhecimento acerca da desse mistério, ou seja, a bênção de que os gentios também participariam. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]

Uma leitura do Antigo Testamento nos revela que Deus já tinha um projeto que englobava todos os homens e não apenas um povo exclusivo. Isso fica claro na chamada Abrão, na promessa de ser aquele patriarca, bênção para todas as famílias da terra, através da sua posteridade; Israel foi dado como uma luz para as nações. O que é absolutamente novo é que a nação judaica sob o governo de Deus terminando e sendo substituída por uma nova comunidade integrada por todos os povos, a igreja, o corpo de Cristo. Algo inconcebível à mente judaica de então. Havia muitas verdades escondidas e reveladas posteriormente no Novo Testamento que são chamadas de mistérios. Aqui está uma; judeus e gentios reunidos num corpo no Messias.

3. O mistério e os profetas da Antiga Aliança. Os escritores do Antigo Testamento não apenas conheciam a respeito das bênçãos prometidas aos gentios; eles fizeram menção delas (Gn 12.3; 22.18; Is 11.10; 49.6; 54.1-3; 60.1-3; Ml 1.11). O que esses profetas não sabiam era como isso aconteceria, como Deus faria algo totalmente novo. Que as barreiras raciais e religiosas seriam rompidas por meio de Cristo, que judeus e gentios seriam um só povo integrante de um mesmo corpo – a Igreja: o mistério oculto (3.6,10). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]

Embora Deus tenha prometido a bênção universal por intermédio de Abraão (Gn 12.3), 0 pleno significado dessa promessa tornou-se claro quando Paulo obteve por revelação divina e escreveu claramente (Gl 3.28). A passagem de Is 49.6 previu a salvação para todas as raças, porém foi Paulo quem escreveu a respeito dessa promessa (At 13.46-47). Paulo revelou a verdade que nem mesmo os maiores profetas compreenderam - que na igreja, composta de todos os salvos desde o Pentecostes em um corpo unido, não haveria distinções raciais, sociais ou espirituais.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Para introduzir esta lição é importante que você conceitue bem biblicamente a palavra “mistério” e amplie o seu conceito. Para lhe auxiliar nessa tarefa, juntamente com o conceito presente na lição, leve em conta o seguinte fragmento textual: “Embora a palavra ‘mistério’ não apareça no AT [...] o conceito de segredo no AT é o de conselhos que Deus revela ao seu povo. [...] O NT usa o termo para se referir ao Evangelho, às vezes no seu sentido mais amplo, incluindo o plano de Deus de redenção, existente desde tempos eternos (Rm 16.25,26; 1 Co 2.7; 4.1; Ef 1.9,10; 6.19; Cl 1.26,27; 4 .3; 1 Tm 3.9; Ap 10.7). É também aplicável a aspectos específicos do evangelho: a encarnação (Cl 2.2,9; 1 Tm 3.16); a igreja como o Corpo de Cristo incluindo os judeus e os gentios (Ef 3.3-6,9; 5.32); as características do reino espiritual atual (Mt 13.11; Mc 4.11; Lc 8.10); a cegueira temporária de Israel (Rm 11.25) e a transformação do crente na volta de Cristo (1 Co 15.51). O termo também é usado para se referir a qualquer verdade oculta que tenha que se entendida de forma sobrenatural (1 Co 13.2; 14.2), e ao mistério da influência do Anticristo ainda não revelado (2 Ts 2.7)” (Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 1292).

  II. O MISTÉRIO REVELADO NO NOVO TESTAMENTO

O plano divino oculto quanto à Igreja de Cristo é a ênfase paulina acerca do “mistério revelado” aos apóstolos e aos profetas.

1. Revelado aos apóstolos e profetas. Ao fazer abertura do capítulo três de Efésios, Paulo destaca a sua condição de prisioneiro, o processo de sua vocação e como lhe foi “este mistério manifestado pela revelação” (3.1-3). Em passagens correlatas, Paulo deixa claro que não recebeu seu apostolado de homem algum (Gl 1.1), que a doutrina que ensinava não aprendeu com nenhum homem (Gl 1.11) e que ao ser enviado aos gentios não consultou homem algum (Gl 1.16). Significa dizer que a chamada, a doutrina e a comissão lhe foram divinamente confiadas “pela revelação de Jesus Cristo” (Gl 1.12).

O apóstolo assegura ainda que o mistério oculto foi revelado pelo Espírito de Deus a ele e aos demais apóstolos e profetas (At 11.4-17,27). Ele indica que o mistério divino não poderia ser desvendado por meio do raciocínio intelectual. Portanto, o apóstolo enfatiza que o mistério foi dado a conhecer por meio da “revelação divina” e não por sabedoria humana (1 Co 2.4). Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]

Iniciando o parágrafo, Paulo esclarece seu apostolado, o que já havia feito aos Gálatas, quando dizia àqueles crentes que não recebeu sua chamada da parte de homens... mas por Jesus Cristo, isso, para defender o seu apostolado contra o ataque dos falsos mestres, Paulo enfatizou que o próprio Cristo o havia designado como apóstolo antes de ele ter se encontrado com os outros apóstolos. O evangelho pregado por Paulo não era de origem humana, caso em ele que seria como todas as outras religiões humanas, permeado com obras nascidas da justiça do orgulho do ser humano e da ilusão de Satanás (Rm 1.16). O mistério foi a verdade revelada a Paulo, e o evangelho é a verdade proclamada por Paulo (3.7).

2. O mistério oculto revelado. Em termos gerais o “mistério revelado” é a Igreja. Essa revelação começa pela declaração de que o Pai idealizou tudo desde sempre (1.14; 3.11); e prossegue com a execução da Obra de Cristo (1.7; 2.15); e também com a criação de uma nova humanidade (2.1-10); como também a união de judeus e gentios como família de Deus e Corpo de Cristo (2.11-22; 3.6); e a comunicação dessas verdades aos santos apóstolos e profetas (3.3,5). Por fim, o anúncio dessas dádivas do mistério revelado recai sobre a responsabilidade da Igreja, para que “a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida” (3.10). Significa que a própria Igreja é a principal agência divina de divulgação desse “mistério” a fim de unir todos os homens em um só povo por meio de Cristo. Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]

Interessante notar que, esse mistério não estava oculto apenas dos homens, mas também das potestades, como fica claro no verso 10, que fala exatamente sobre o evangelho sendo endereçado aos homens e aos anjos! Os anjos, tanto os santos como os perversos (Ef 1.21; 6.12). Deus, por meio da igreja, manifesta a sua glória para todos os anjos. Os anjos santos se regozijam (Lc 15.10; 1Pe 1.12) porque estão envolvidos com a igreja (1Co 11.10; Hb 1.14). Apesar de não terem o desejo de louvar a Deus, e nem a capacidade para isso, mesmo os anjos caídos veem a glória de Deus na salvação e na preservação da igreja. Note que o versículo fala dos lugares celestiais, como em Ef 1.3 e 6.12, diz respeito a toda esfera dos seres espirituais. E qual o teor dessa lição? Descortina-se diante de todos um novo povo, formado por judeus e gentios, reconciliado com Deus e uns com os outros - revela a multiforme sabedoria de Deus. O Ver Hernandes Dias Lopes, em sua Obra ‘Efésios’, escreve: “Paulo também diz que a igreja está no palco da história como o maior espetáculo do mundo. Enquanto o evangelho se espalha em todas as partes do mundo, essa nova comunidade cristã de cores variadas desenvolve-se. E como a encenação de um grande drama. A história é teatro, o mundo é o palco, e os membros da igreja de todos os países são os atores. O próprio Deus escreveu a peça, dirige-a e a produz. Ato após ato, cena após cena, a história continua a desdobrar-se. Mas quem está no auditório? São os anjos. Eles são os espectadores do drama da salvação. “A história da igreja cristã fica sendo uma escola superior para os anjos.” Por meio da antiga criação (o Universo), Deus revelou sua glória aos seres humanos. Por meio da nova criação (a igreja), Deus revelou sua sabedoria aos anjos. Os anjos olham fascinados ao ver judeus e gentios sendo incorporados na igreja como iguais.” (Lopes, Hernandes Dias. Efésios: igreja, a noiva gloriosa de Cristo / Hernandes Dias Lopes. — São Paulo: Hagnos, 2009. Pág. 82).

3. A magnitude do mistério. Outrora ninguém tinha ventilado a possibilidade da formação de um só povo, sem distinção de pessoas, etnia ou classe social; mas em Cristo e por Cristo, todos são um e participantes da mesma promessa (Gl, 3.28; Ef 3.6, Cl 3.11). Até mesmo alguns líderes da primitiva igreja demoraram a entender esse mistério onde todos são aceitos em Cristo (At 11.4-17). Esse mistério, ora revelado, deve ser propagado aos homens conforme Deus planejara desde o princípio (3.7,8,10,11). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]

O mistério que esteve oculto e que agora foi revelado aos apóstolos e profetas é que os gentios são co-herdeiros e membros de um mesmo corpo: “A saber, que os gentios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho” (Ef 3.6). Este é o grande mistério, que não poderia ser elucidado racionalmente, apenas por divina revelação – todos os cristãos são herdeiros da bênção espiritual que acompanhou a aliança abraâmica – através da justificação pela fé (Gn 15.6; Rm 4.3-11).  

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

“O fato de Deus pretender que as bênçãos de Abraão e as promessas da salvação messiânica, através da teocracia judaica, incluíssem os gentios, não estavam anteriormente ocultas (v.5). Elas foram claramente reveladas nos livros do Antigo Testamento da Lei, dos Profetas e dos Escritos (por exemplo, em Gn 12.1-3; Dt 32.43; Sl 18.49; 117.1; Is 11.10). O que estava oculto nas antigas gerações e não havia sido previsto nem mesmo pelos profetas do Antigo Testamento era o seguinte: o plano de Deus para a redenção em Cristo (o Messias) envolvia a destruição da antiga linha de demarcação que separava judeus de gentios (2.14,15). O antigo pacto das promessas divinas, a teocracia nacional judaica, devia ser substituído por uma nova raça espiritual (os cristãos), e por uma nova comunidade internacional (a Igreja) nas quais, em Cristo, judeus e gentios seriam admitidos em bases iguais, sem nenhuma distinção” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol.2. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p. 423).

  III. O MISTÉRIO PRE-ESTABELECIDO POR DEUS

Deus não foi surpreendido com o pecado no Éden. Desde a eternidade o Senhor pré-estabeleceu um plano para ser executado na “plenitude dos tempos”.

1. As riquezas insondáveis de Cristo. O mistério agora revelado e anunciado é considerado pelo apóstolo como “riquezas insondáveis” (3.8). A expressão se refere às maravilhas e a providência divina que estão além do entendimento humano (1.7). Para o apóstolo Paulo, compartilhar com os povos essas boas novas era algo imensurável (3.18,19). A mensagem da qual ele fora incumbido consistia em ministrar a todos a perfeição e a preciosidade do mistério que estivera oculto (3.8,9); proclamar que essas dádivas foram projetadas desde a eternidade, sendo livremente concedidas aos homens por meio de Cristo (1.4; 2.16). Tudo abrange o beneplácito da vontade divina, que articulou o plano (1.11), o conteúdo desse plano (Ef 2.16) e a pessoa de Cristo que executou o plano pré-estabelecido por Deus (Ef 1.19-22). Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]

Todas insondáveis riquezas de Cristo se trata de todas as verdades de Deus, todas as suas bênçãos, tudo o que ele é e tem (Ef 1.3; Cl 2.3; 2Pe 1.3). No versículo 9 não há uma repetição do versículo 8. “Há três diferenças revelantes: 1) a pregação do evangelho, agora, é definida não como euangelizo, mas, sim, como photizo. Agora, o pensamento muda do conteúdo da mensagem (boas-novas) para a condição daqueles aos quais é proclamada (nas trevas da ignorância e do pecado).1/18 Concordo com o que disse Lenski: “Pregar o evangelho aos gentios era como expor o profundo mistério à plena luz do dia de maneira que todos pudessem vê-lo”. Essa era a missão que Paulo tinha recebido de Cristo: “Para lhes abrir os olhos a fim de que se convertam das trevas para a luz, e do poder de Satanás para Deus” (At 26.18). O diabo cega o entendimento das pessoas (2Co 4.4). Evangelizar é levar luz onde há trevas (2Co 4.6), para que os olhos sejam abertos para ver. 2) Entre os versículos 8 e 9 há uma mudança de ênfase. No versículo 8, a mensagem de Paulo é Cristo; no versículo 9, a mensagem de Paulo é a igreja.” (Lopes, Hernandes Dias. Efésios: igreja, a noiva gloriosa de Cristo / Hernandes Dias Lopes. — São Paulo: Hagnos, 2009. Pág. 79).

2. O eterno propósito em Cristo. Como vimos anteriormente, o mistério “desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou” (3.9). O que significa que, desde o princípio dos tempos, o Criador manteve o mistério encoberto para ser revelado em tempo oportuno (1 Pe 1.20). E indica que Deus sempre esteve no controle de sua criação “para que agora seja manifestada [...] segundo o eterno propósito que fez em Cristo” (3.10,11). Assim, o “plano da salvação”, que abrange o “mistério da igreja”, e a “revelação desse mistério”, sempre estiveram de acordo com o desígnio divino para serem executados por intermédio de Cristo. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]

As Escrituras são claras ao afirmar que foi na eternidade passada, antes de Adão e Eva pecarem, que Deus planejou a redenção dos pecadores por meio de Jesus Cristo (At 2.23; 4.27-28; 2Tm 1.9). 2.23 pelo determinado desígnio e presciência de Deus. Lucas escreve em Atos 2.23: “sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, 'vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos;” indicando que desde a eternidade passada (Ap 13.8), Deus predeterminou que Jesus sofreria morte expiatória como parte de seu plano pré-ordenado (At 4.27-28; 13.27-29). E aqui cabe uma ressalva: o fato de a crucificação ter sido predeterminada por Deus não absolve da culpa aqueles que a infligiram.

3. O plano divinamente pré-estabelecido. O plano divino não surgiu pelo advento do pecado de Adão. Deus não foi apanhado de surpresa. Ao contrário, Ele sempre esteve no controle e já tinha um plano de salvação pré-estabelecido desde a eternidade. Essa verdade nos ensina que por trás de todo o evento da história existe um propósito eterno em andamento. Deus é soberano e controla todas as eras, tempos e circunstâncias. Nesse eterno propósito, no tempo previamente determinado, o mistério da Igreja foi executado em Cristo “no qual temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nele” (3.12). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]

“A necessidade dos eventos terem ocorrido como de fato ocorreram (criação-queda-encarnação do Filho- salvação) pressupunham, de antemão a vinda do Messias. E esta já estava prevista e planejada desde a eternidade. Antes da criação do homem já havia um plano eterno para resgatá-lo dos efeitos malignos e tenebrosos de sua decisão rebelde. Em seu amor, Deus já havia suprido um meio de resgatar o homem de sua condição de pecado. Alguém deveria assumir a culpa e pagar completamente o débito devido a Deus. Como não havia nenhum homem nessa condição, o próprio Deus, na pessoa de seu Filho, vem e reconcilia o mundo consigo mesmo (2Co 5.18). O Filho de Deus, portanto, já havia se disposto a sacrificar-se pelo homem antes mesmo da fundação de toda Criação (Ap 13.8). Não foi uma decisão obrigada, mas voluntária, pois havia uma maravilhosa unidade nas Pessoas de Deus. E o Filho havia assumido todas as consequências dessa decisão, inclusive a sua morte na cruz. Deus não teria criado o mundo, e assim o homem, se não tivesse incluído dentro do plano da criação, um plano de salvação. É nesse sentido que as Escrituras afirmam a existência de um plano salvador antes da fundação do mundo (Ef 1.4-11; 3.10; At 4.28; 2Tm 1.9; 1Pe 1.19). E este plano salvador se constituía em um mistério que seria revelado em tempo oportuno, e desde eternidade estava oculto em Deus (Rm 16.25; Ef 3.9; Cl 1.26). Sempre foi do plano de Deus que o homem estivesse eternamente em comunhão com Ele. Dessa forma podemos dizer que a obra de Cristo já havia sido planejada de antemão e foi anunciada, aos homens por meio da promessa de vinda do Messias Salvador, descrito nas Escrituras. Como prometido e planejado Ele veio, e vimos sua glória, como o unigênito do Pai.” (http://solascriptura-tt.org/Cristologia/Cristlg-PromssPlanEtrnSalvc-Kelson.htm).

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“Outro aspecto da doutrina de Deus que requer a nossa atenção é o das suas obras. Este aspecto pode ser dividido em: 1) seus decretos 2) sua providência e 3) conservação. Os decretos divinos são o seu plano eterno que, em virtude de suas características, faz parte de um só plano eterno que, em virtude de suas características, faz parte de um só plano, que é imutável e eterno (Ef 3.11; Tg 1.17). São independentes e não podem ser condicionados de nenhuma maneira (Sl 135.6). Têm a ver com as ações de Deus, e não com a sua natureza (Rm 3.26). Dentro desses decretos, há as ações praticadas por Deus, pelas quais tem Ele responsabilidade soberana; e também as ações das quais Ele, embora permita que aconteçam, não é responsável. Baseado nessa distinção, torna-se possível concluir que Deus nem é o autor do mal (embora seja o criador de todas criaturas subalternas), nem é a causa derradeira do pecado” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p. 153).

  CONCLUSÃO

O mistério da Igreja esteve oculto nas gerações passadas. No tempo estipulado, Deus revelou o seu eterno propósito aos apóstolos e aos profetas. Judeus e gentios estavam inseridos nesse mistério idealizado por Deus. Tal mistério agora revelado deve ser anunciado pela própria igreja conforme os desígnios divinamente pré-estabelecidos desde a eternidade. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]

No cumprimento desse eterno propósito, no tempo previamente determinado, o mistério da Igreja foi executado em Cristo, “no qual temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nele” (3.12). Significa que o acesso ao Deus-Pai estava fechado antes da vinda de Cristo; porém, agora pelo mistério da unidade revelado, temos livre acesso à presença do Pai (Hb 10.19-20), desfrutamos da “comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1 Jo 1.7).

Francisco Barbosa

Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br


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