quinta-feira, 12 de julho de 2018

LIÇÃO 3: OS MINISTROS DO CULTO LEVÍTICO


SUBSÍDIO I

Os Ministros do Culto Levítico

Faremos algumas considerações acerca do chamado extraordinário dos levitas ao ministério sacerdotal de Jeová. Logo de início, buscaremos responder à pergunta: “Por que a escolha recaiu sobre Levi, se esta tribo não era a mais excelente de Israel?”. Em seguida, contemplaremos outra questão igualmente importante: “Não teria sido mais consensual se Moisés houvesse selecionado os ministros do altar dentre os melhores homens de cada tribo?”.
Antes, porém, de nos ocuparmos dessas questões, trataremos de uma temática comum às comunidades divinas de ambos os Testamentos: o serviço a Deus. Afinal, todos fomos chamados a servir ao Criador, pois Ele nos fez e dEle somos.
Portanto, ainda que não sejamos chamados a trabalhar num ministério específico, não poderemos ficar inativos; na Vinha do Senhor, há um trabalho para cada um de nós. Às vezes, o nosso afazer nem lembra um ministério, devido à sua pequenez e aparente insignificância. Mas, se é feito para Deus, jamais deixará de ter a glória e o galardão de ministério.

I. DIACONOLOGIA, A TEOLOGIA DO SERVIÇO DIVINO

Em qualquer diálogo teológico, precisamos levar em conta este pressuposto básico: “Ao SENHOR pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam” (Sl 24.1, ARA). A partir daí, conscientizar-nos-emos de que, neste mundo, devemos atuar como servos humildes e fiéis a Deus, e não como soberanos e ditadores; tudo pertence ao Senhor, inclusive você e eu, querido leitor. Eis a essência do que chamamos de diaconologia.

1. Etimologia e definição.
A palavra “diaconologia” provém de dois vocábulos gregos: diáconos: servo ou ministro; e logos: tratado ou discurso racional. Portanto, a diaconologia é a seção da teologia bíblica que se aplica ao estudo do serviço consagrado ao Reino de Deus.
Tal serviço não compreende apenas o esforço dos membros do ministério santo; reclama também o concurso de todos os que foram chamados à vida eterna. 

2. A diaconologia no Antigo Testamento.
No período do Antigo Testamento, a diaconologia divina repousava sobre o tripé: rei, sacerdote e profeta. Todavia, em momentos de emergência nacional, todo o povo erguia-se como um só homem (1 Sm 11.7). Nessas ocasiões, não se fazia distinção entre o clero e o laicato — todos, sem exceção, identificavam-se como povo de Deus. Mas, com a burocratização do serviço divino, a nação hebreia fragmentou-se de tal forma, que a união do povo com a classe dirigente tornou-se impossível.
A maior expressão da diaconologia vétero-testamentária deu-se na construção do Tabernáculo. Apesar das agruras do deserto, o povo atendeu prontamente ao apelo de Moisés, trazendo-lhe não apenas matérias-primas como ouro, prata, madeira e essências aromática, como também mão de obra especializada. Nesse serviço, os hebreus mostraram-se de tal forma liberais e generosos, que Moisés foi obrigado a proibi-los de trazer-lhe mais oferendas (Êx 36.6).
Nunca mais se repetiu, em Israel, tal exemplo de diaconia. Foi um exemplo único no Antigo Testamento. 

3. A diaconologia no Novo Testamento.
Nos Atos dos Apóstolos, as ações evangelísticas e missionárias não se limitavam ao colégio apostólico; ilimitavam-se nas intervenções de diáconos como Estêvão e Filipe e dos crentes anônimos que, aonde iam, espalhavam as Boas-Novas de Cristo.
O mais perfeito exemplo de diaconia do Novo Testamento é assim descrito por Lucas:

E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos. (At 2.42-47, ARA)

Tendo por base o relato lucano, concluímos que a diaconia da Igreja Primitiva estava longe de ser um ativismo social. Em primeiro lugar, era essencialmente teológica, uma vez que os crentes só vieram a doar seus bens depois de se haverem fundamentado na doutrina dos apóstolos. Em segundo lugar, era litúrgica e orante: acompanhavam-na a celebração da Santa Ceia e as preces cotidianas. E, finalmente, era marcada por uma profunda koinonia: todos, possuindo tudo em comum, depositavam o resultado de suas ofertas e despojamentos aos pés dos apóstolos. Acrescentemos, ainda, que a diaconia de Atos dos Apóstolos era fortemente soteriológica; redundava na salvação de almas.
Ao contrário da diaconologia de muitos ramos da cristandade atual, quer do catolicismo romano, quer do protestantismo nominal, que resultaram em ações pastorais contrárias às Sagradas Escrituras, a diaconia da Igreja Primitiva teve como fruto imediato a expansão do Reino de Deus.
Feitas essas considerações, voltemo-nos agora ao ministério levítico que, em si, representava formal e essencialmente a diaconologia do Antigo Testamento.   

II. O CHAMADO DE LEVI EM ABRAÃO

O autor da Epístola aos Hebreus, inspirado pelo Espírito Santo, teve um discernimento excepcional quanto ao chamado de Levi ao ministério sagrado. Conforme veremos, o terceiro filho de Jacó fora chamado a servir como sacerdote antes mesmo de nascer.

1. A presença de Levi na celebração de Melquisedeque.
Segundo vimos no capítulo anterior, o encontro de Abraão com Melquisedeque, rei de Salém, constituiu-se na maior celebração divina do Antigo Testamento (Gn 14.18-20). Nessa ocasião, de acordo com o autor sagrado, Levi, bisneto de Abraão, ali esteve presente nos lombos de seu avoengo:
Considerai, pois, como era grande esse a quem Abraão, o patriarca, pagou o dízimo tirado dos melhores despojos. E, por assim dizer, também Levi, que recebe dízimos, pagou-os na pessoa de Abraão. Porque aquele ainda não tinha sido gerado por seu pai, quando Melquisedeque saiu ao encontro deste. (Hb 7.4,9,10, ARA)
Na presciência de Deus, Levi já havia sido escolhido mesmo antes de nascer. Sua diaconologia, como sacerdote transitório dos bens que serviriam de sombra aos eternos, consistiria em servir ao sacerdócio eterno de Melquisedeque, que, naquele momento, representava o Senhor Jesus Cristo.

2. A importância de Levi no Concerto Sagrado.
Se lermos o capítulo 14 de Gênesis, à luz de Hebreus 7, concluiremos que, no âmbito da diaconologia do Antigo Testamento, o patriarca Levi foi mais importante do que Isaque, Jacó, Judá e o próprio José. Tais varões, apesar de sua importância na formação e preservação do povo escolhido, jamais tiveram acesso ao sacerdócio litúrgico.
Mas, ao acompanharmos a biografia de Levi, ficamos sem entender por que o patriarca, que nem primogênito era de Jacó, alcançaria tanta preeminência no decorrer da História Sagrada.    

III. O CARÁTER FORTE E CONSERVADOR DE LEVI

Só viremos a entender a pessoa de Levi, se nos detivermos em sua biografia que, a rigor, nem biografia pode ser considerada. No entanto, o que a narrativa sagrada revela acerca de sua juventude e velhice é suficiente para formarmos uma imagem de seu caráter. 

1. O nascimento de Levi.
Levi, ao contrário de José, não era filho de Raquel, a esposa querida e predileta de Jacó. Quando de seu nascimento, Lia, sua mãe, ainda ressentida por ter sido preterida em relação à irmã, desabriu toda a sua mágoa: “Agora, desta vez, se unirá mais a mim meu marido, porque lhe dei à luz três filhos” (Gn 29.34, ARA). Por isso, deu-lhe um nome que reunia esperança e redenção: Levi, que, em hebraico, significa ligado, unido ou vinculado.
Pelos usos e costumes da época, o menino já estava destinado, desde o ventre, a uma vida comum, medíocre e sem ascendência no clã. Afinal, além de não ser o primogênito, era o terceiro filho de uma mulher que, no coração do marido, estava longe do primeiro lugar.

2. O episódio de Diná.
O caráter forte, conservador e moralista de Levi aflorou quando do estupro de Diná. Após tramar, juntamente com Simeão, a ruína da família de Siquém, o jovem que abusara de sua irmã, justificou o seu ato com uma alegação que, ainda hoje, reflete os costumes de alguns clãs: “Abusaria ele de nossa irmã, como se fosse prostituta?” (Gn 34.31, ARA).
O autor sagrado não deixa claro se tais palavras foram proferidas por Levi. Mas, tendo em conta a história de seus descendentes, entendo que tal discurso é mais apropriado a Levi do que a Simeão. Em termos morais, aliás, Simeão era nada recomendável. Talvez, por isso mesmo, José o manteria preso no Egito, ao receber a primeira visita de seus irmãos (Gn 42.24).   

3. O episódio de José.
Da história de José, inferimos que Levi estivera tão envolvido na venda do jovem sonhador quanto os outros irmãos. O que ele fez para livrar o caçula? Embora fosse o terceiro filho em responsabilidade moral, agiu, naquele momento, como Caim: “Acaso sou eu o guardador de meu irmão?”.
Portanto, se fôssemos analisar a vida de Levi, até aqui, jamais poderíamos referendar-lhe o nome como o chefe da tribo sacerdotal de Israel. Mas Deus, que nos sonda as intenções mais profundas, age doutra forma; usa as coisas que não são, para confundir as que são.

4. A bênção de Levi.
Estando já próximo da morte, Jacó reúne seus filhos para abençoá-los e profetizar-lhes o futuro na História Sagrada. Das palavras do velho patriarca ao terceiro filho, logo concluímos que, para Levi, não haveria futuro ou promissão: 
Simeão e Levi são irmãos; as suas espadas são instrumentos de violência. No seu conselho, não entre minha alma; com o seu agrupamento, minha glória não se ajunte; porque no seu furor mataram homens, e na sua vontade perversa jarretaram touros. Maldito seja o seu furor, pois era forte, e a sua ira, pois era dura; dividi-los-ei em Jacó e os espalharei em Israel. (Gn 49.5-7, ARA)
Naquele momento, o moribundo Jacó jamais poderia vir a imaginar que o seu terceiro filho erguer-se-ia, séculos depois, como o sacerdote de toda a sua família. Levi, devido ao seu furor, foi disciplinado. Em Israel, espalhou-se; nenhuma herdade jamais. Todavia, a maldição seria revertida em bênçãos. A sua única herança, agora, era o Deus de Abraão.  

IV. DIREITOS E DEVERES DOS LEVITAS

Os descendentes de Levi, principalmente os da casa de Arão, deveriam observar estes direitos e deveres: viver do altar, santificar-se ao Senhor e ser uma referência moral, ética e espiritual.

1. Viver do altar.
Já que os sacerdotes dedicavam-se ao ministério do altar, do altar deveriam viver (Lv 7.35). Portanto, não tinham eles direito a qualquer herança territorial entre os seus irmãos, porque a sua herança e porção eram o Senhor (Nm 18.20). Moisés, então, divinamente instruído, destinou-lhes cidades estratégicas por todo o Israel (Nm 35.8). Algumas delas serviam também como refúgio ao homicida involuntário (Nm 35.6).

2. Santificar-se ao Senhor.
Em virtude de seu ofício, os sacerdotes deveriam erguer-se, em Israel, como referência de santidade e pureza. O sumo sacerdote, por exemplo, tinha de ostentar uma faixa de ouro, em sua mitra, na qual estava escrito: “Santidade ao Senhor” (Êx 28.36). Caso o sacerdote profanasse o seu ofício, seria punido com todo o rigor (Lv 10.1-3).

3. Tornar-se uma referência espiritual e moral.
Os sacerdotes, por serem responsáveis pela aplicação da Lei de Deus, tinham a obrigação de constituir-se num modelo espiritual, moral e ético a Israel (Ml 2.1-10). Os filhos de Eli, em consequência de seu proceder, tornaram-se uma péssima referência aos israelitas. E, por causa disso, Deus os matou (1 Sm 2.25). Andemos, pois, em santidade e pureza diante do Senhor. Ele continua a reivindicar santidade de todo o seu povo, principalmente de nós, obreiros. 

CONCLUSÃO

O sacerdócio levítico era glorioso; seus membros eram considerados príncipes de Deus (Zc 3.8). Todavia, o Senhor Jesus Cristo é superior ao sacerdócio levítico, pois é eterno (Sl 110.4). Quanto a nós, somos uma nação santa, profética e sacerdotal — recebemos a incumbência de proclamar o Evangelho e interceder pelos que perecem (1 Pe 2.9). Portanto, sirvamos ao Senhor com todo o nosso ser, para que, por intermédio de nossa vida, venha o Reino dos Céus à Terra.       

ANDRADE, Claudionor de. Adoração, Santidade e Serviço: Os Princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018. 

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Nesta lição, veremos como se deu a chamada dos filhos de Levi para o ministério sacerdotal. Entre outras perguntas, responderemos a estas: Quem eram os levitas? E por que a sua chamada foi necessária? Veremos ainda como eles deveriam exercer o seu ofício.
À semelhança dos levitas, nós também fomos chamados a trabalhar na expansão do Reino de Deus. Nesse sentido, atuamos como nação santa, profética e sacerdotal, proclamando o Evangelho e intercedendo tanto pelos crentes quanto pelos que ainda não creem. Que o Espírito Santo nos ajude neste estudo. 
O chamado de Deus para o ministério vocacional é diferente do chamado à salvação e do chamado que atinge todos os crentes: o serviço. Trata-se de uma convocação de homens selecionados para servir como líderes da igreja. O sacerdócio em Israel e a chamada divina são tratado a partir do capítulo 28 de Êxodo. A razão para esta chamada divina era a necessidade do povo aprender a adorar a Deus. Era necessário que homens chamados por Deus cuidassem da prática do culto ao Senhor no Tabernáculo e também através da congregação de Israel. A tribo de Levi foi separada para o serviço no Tabernáculo e para o santo ministério sacerdotal. Costuma-se esquecer que antes da entrega da lei por Deus a Israel, havia sacerdotes, uma vez que a Bíblia menciona o rei de Salém, Melquizedeque, como “sacerdote do Senhor” (Gn 14.18; Hb 7.1-3). Antes da lei, qualquer homem podia desempenhar esse papel desde que possuísse a capacidade para tanto. Já no período patriarcal, o sacerdócio era desempenhado pelo cabeça de cada família, conforme lê-se em Gn 8.20; 22. 13; 26.25; 33.20. Com a entrega da Lei, o sacerdócio foi organizado e separou-se os descendentes de Arão. Todavia, isso não sucedeu de modo absoluto, pelo que, se é geralmente correto dizer que todos os sacerdotes pertenciam à tribo de Levi (através de Arão), isso não ocorria no caso de todos eles. Pode-se dizer que, se um levita pudesse ser achado, ele era a preferência natural; mas houve exceções a essa regra. Assim, Samuel exercia poderes sacerdotais, mas ele mesmo não era da tribo de Levi. Talvez seja correto dizer que Salomão foi um rei - sumo sacerdote; e, no entanto, era da tribo de Judá. Os profetas também desempenhavam certa função sacerdotal, posto que não formal, no tabernáculo ou no templo. Em face de sua ocupação, os sacerdotes também eram juízes. O filho de Mica, que era efraimita, atuou como sacerdote (Jz 17.5). Outro tanto fizeram alguns dos filhos de Davi (2Sm 8.18), Gideão (Jz 6.26) e Manoá, este da tribo de Dã (Jz 13.19). Hoje, é comum alguns se arvorarem levitas por exercerem alguma atividade ligada ao “louvor” dentro da liturgia, dado as informações acima, sem uma exegese mais profunda, essa ideia cai por terra.]. 

I. LEVI, A TRIBO SACERDOTAL
                                
Em primeiro lugar, vejamos quem foi Levi. Depois, constataremos quão zelosos foram os seus descendentes e como se deu a sua vocação ao ofício sagrado.
1. O nascimento de Levi. Ao dar à luz a Levi, declarou Lia: “Agora, esta vez se ajuntará meu marido comigo, porque três filhos lhe tenho dado” (Gn 29.34). Por isso, a esposa desprezada de Jacó foi impulsionada a dar o nome de Levi ao seu terceiro filho. E, de fato, os levitas sempre estiveram ligados ao Senhor. Foi assim que o menino passou a ser contado entre os patriarcas das doze tribos de Israel (At 7.8). 
O terceiro filho de Jacó e Lia e patriarca da tribo dos levitas. Levi foi um homem violento mas seus descendentes se tornaram uma grande tribo.
Deus concedeu, a essa família estendida, a vocação sacerdotal, sem o direito de possuir propriedade de terra. Os levitas eram vistos como grupos de pessoas ou famílias que se dedicaram exclusivamente à expansão e realização do culto de Javé. O material bíblico, a respeito dos levitas, é amplo e diversificado. Cada grupo ligado a uma tradição de Israel trata o levita de modo diferenciado (SIQUEIRA, 2007, p. 87).
Conforme Números 8.14, Deus reservou a Levi e sua descendência por estatuto perpétuo, o exercício das funções do templo e a condução espiritual do povo de Deus. Deus escolheu os levitas para serem Seus, por isso a tribo de Levi não é contada entre as tribos de Israel.

2. O zelo dos levitas. Levi, pelo que inferimos do texto sagrado, sempre teve uma postura zelosa e conservadora em relação à honra da família, haja vista o episódio envolvendo o estupro de sua irmã, Diná (Gn 34.25-31). Mais tarde, após a saída de Israel do Egito, os levitas juntaram-se a Moisés no combate à idolatria gerada pelo bezerro de ouro (Êx 32.26-28). Eram homens da maior firmeza (2 Cr 26.17). 
Nesse episódio romântico-trágico são mencionados nominalmente Simeão e Levi. Jacó havia acabado de voltar para sua terra natal, com seus filhos e rebanhos. Fez as pazes com seu irmão Esaú e comprou um campo em Siquém. (Gn 33.19). Esse evento, não fala de zelo, fala antes de ódio e de desejo de vingança! Fala de traição! Os irmãos de Diná (Simeão e Levi) tomaram em suas mãos a vingança, matando toda aquela população por conta de um caso de sedução. Jacó os repreende severamente por este ato de vingança cruel na profecia ao final do livro de Gênesis (49.5-6). A tribo de Levi não tinha nada de especial em relação às outras tribos de Israel. Tanto os membros dessa tribo como os membros das demais tribos eram homens de dura cerviz e coração endurecido! leia Números 14:21-33.
Em Números, capítulo 16, vemos a revolta de Coré (levita), Datã e Abirão (filhos de Rúben) contra Moisés, elevando-se em seus insensatos corações contra a liderança dele. Pela leitura do primeiro verso "E Coré, filho de Izar, filho de Coate, filho de Levi, tomou consigo a Datã e a Abirão, filhos de Eliabe, e a Om, filho de Pelete, filhos de Rúben" temos a idéia de que Coré foi o propagador da revolta, tomando então consigo outros homens de Israel”. (Ler mais:https://vozdapalavra.webnode.com.br/news/escolha-soberana-de-deus-a-tribo-de-levi/)
Por que Deus escolheu a tribo de Levi? Esta escolha deu-se provavelmente na época quando Moisés, indignado por causa da idolatria praticada pelo povo de Israel, lançou um repto: “Quem é do Senhor venha a mim.” (Êx 32.26). Israel hesitou. De toda aquela vasta multidão apenas uma tribo ousou pôr-se à frente: “Então se ajuntaram a ele todos os filhos de Levi.” (Êx 32.26). Esse corajoso ato da parte da tribo de Levi certamente influiu em sua escolha para o serviço de Deus. O ofício sacerdotal foi reservado para Arão e seus descendentes, enquanto os outros trabalhos auxiliares ficaram sob encargo dos demais integrantes da tribo de Levi (Êx 28.41; Nm 1.47-51; 3.1-8).

3. A vocação sacerdotal dos levitas. Não foi sem motivo que o Senhor escolheu a tribo de Levi como o berço de Moisés e Arão (Êx 6.14-27). De um lar tão piedoso, saíram homens e mulheres de comprovada piedade. Aliás, tinha o Senhor uma aliança particular com Levi e sua descendência (Ml 2.4,5).
Tendo em vista o caráter santo e distintivo da tribo de Levi, aprouve a Deus separá-la para o sacerdócio (Nm 3.45). Nesse processo, o Senhor apresentou os levitas como resgate de toda a nação de Israel. Ao invés de cada família entregar o seu primogênito ao serviço divino, a tribo de Levi foi apartada das demais para dedicar-se inteiramente a Deus (Nm 3.12). Os levitas, pois, foram concedidos como dons a Israel, assim como os obreiros de Cristo foram entregues com o mesmo objetivo à Igreja (Ef 4.8-12). 
Durante a escravatura dos israelitas no Egito, nasceram os levitas mais famosos de Israel: Moisés e seus irmãos Arão e Miriã. Debaixo da liderança de Moisés, os israelitas se libertaram e saíram do Egito, rumo à terra prometida. Miriã era profetisa e Arão foi escolhido por Deus para ser Seu sacerdote, a ponte entre o povo e Deus (Êx 28.1). Apesar da dureza de coração daqueles homens, a escolha de Deus não foi mudada, como está escrito: "Deus não é homem, para que minta; Nem filho do homem, para que se arrependa" (Nm 23.19). A escolha de Levi nos mostra o quanto Deus é gracioso e que as Suas escolhas não dependem da conduta de homens! Notemos que uma vez determinado algo sobre a vida de alguém, nada pode fazer a Sua poderosa mão tornar atrás! "Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá?" (Is 43.13). Os Levitas foram escolhidos para herdar ao próprio Deus como herança! O próprio Deus incorruptível, Todo Poderoso, Santíssimo e Imaculado como Herança para Sempre!

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
                               
Os levitas
Levi, um dos doze filhos de Jacó, tinha três filhos: Gérson, Coate e Merari (Gn 46.8,11). Quando a família aumentou durante a estada no Egito, a família de Levi passou a ser uma tribo e as famílias dos três filhos se tornaram divisões tribais. Arão, Miriã e Moisés nasceram na divisão coatita da tribo (Êx 2.4; 6.16-20; 15.20). Quando os judeus adoraram o bezerro de ouro no sopé do Monte Sinai, foram os levitas que se uniram a Moisés contra a idolatria e na consagração a Deus. Ao tomarem essa atitude, eles destruíram muito dos idólatras. Sua consagração resultou em se envolverem na construção do Tabernáculo (Êx 28.1-30) e em cuidar dele. Quando o Tabernáculo foi removido, os coatitas levaram a mobília, os gersonitas, as cortinas e seus pertences, e os meratitas transportaram e instalaram o Tabernáculo propriamente dito (Nm 3.35-37; 4. 29-33).
Segundo Números 3.40-51, os levitas agiram como substitutos dos primogênitos de toda casa judia. Em vista de Deus ter poupado a vida dos primogênitos judeus por ocasião da primeira Páscoa (Êx 11.5; 12.12,13), o primogênito pertencia tecnicamente ao Senhor, mas os levitas deviam atuar no serviço de Deus em lugar deles. Por serem separados para o serviço de Deus, não se esperava que fossem à guerra (Nm 1.3; cf. v. 49) ou plantassem seus próprios alimentos numa área tribal. Eles deviam espalhar-se por toda a Terra Prometida e viver entre o povo (Nm 35.1-8) e deviam ser sustentados com os dízimos do povo (Nm 18.21) (GOWER, Ralph. Novo Manual dos Usos & Costumes dos Tempos Bíblicos. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, pp. 325, 326).

II. O SUMO SACERDOTE

O sumo sacerdote de Israel teria de ser, obrigatoriamente, descendente de Arão, ungido, vitalício e servo de Deus.
1. Descendente de Arão. O sumo sacerdote era o principal representante do culto divino no Antigo Testamento (Êx 28.1). Por essa razão, o Senhor exigia que ele proviesse de uma tribo específica, a de Levi, e de uma família ainda mais específica, a casa de Arão (Êx 6.16-23). Assim, duplamente separado, tinha condições de apresentar-se como a maior autoridade espiritual da nação; era o símbolo da plenitude espiritual requerida pelo Deus de Israel (Sl 133.1-3).
Constituído a favor dos homens nas coisas concernentes ao Altíssimo, o sumo sacerdote oferecia sacrifícios pelos pecados do povo (Hb 5.1). Portanto, ele fazia a intermediação entre o povo de Israel e o santíssimo Deus. Era sua responsabilidade também instruir o povo santo (Lv 10.10,11). 
Como já explanado, em Êxodo 28.1 aprendemos que Arão e seus filhos foram separados para o ministério sacerdotal no Tabernáculo. Os sacerdotes Levíticos foram ordenados por Deus sob o regime da Velha Aliança para servirem no Tabernáculo e na adoração no Templo. Seu trabalho era simbólico e tipificava o verdadeiro sacerdócio de Jesus Cristo, nosso grande Sumo Sacerdote.
O trabalho destes sacerdotes é resumido em Hebreus 5:1-2. Eles deviam ser descendentes de Arão e tinham de preencher qualificações rígidas (Levítico 21). O traje deles é descrito em Êxodo. Todo serviço do Tabernáculo estava sob os cuidados deles. Eles ofereciam sacrifícios, aspergiam sangue, queimavam incenso, trocavam os pães da proposição e transportavam o Tabernáculo quando necessário. Muitos dos deveres ligados à pureza cerimonial de Israel estavam também nas mãos deles (Levítico 12-15 nos dá um exemplo disto). E por fim, os sacerdotes deveriam instruir a nação na lei de Deus (Dt 33.10)” (O Sacerdócio. Disponível em: https://www.palavraprudente.com.br/estudos/ron_c/guiaexodo/cap35.html. Acesso em: 10 Jul, 2018)
Levíticos 21 e 22 falam da santidade dos sacerdotes e de algumas responsabilidades específicas deles. No estudo do livro de Levítico, estamos nos preparando para compreender conceitos do Novo Testamento, onde aprendemos que todos os cristãos são sacerdotes com o privilégio de oferecer sacrifícios a Deus. O Protestantismo acabou com a divisão hierárquica católica entre clero e leigos; não temos esta distinção e cremos que todos o s fiéis são sacerdotes diante de Deus. Pedro disse: “também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo” (1Pd 2,5).

2. Ungido para o ofício. O Senhor determinou que o sumo sacerdote fosse ungido a fim de dignificá-lo como ministro extraordinário do culto divino (Êx 28.41; 29.1-7). Sob a unção divina, teria condições de tornar a nação israelita propícia diante do Santíssimo Deus (Hb 5.1).
O sumo sacerdote (Kohen Gadol) era o principal dos sacerdotes e o líder espiritual do povo de Israel no Antigo Testamento. Era sua responsabilidade apresentar os sacrifícios pelos pecados da nação e consultar a Deus em favor do povo. Trabalhavam no tabernáculo e depois no templo, oferecendo sacrifícios e louvores a Deus e ensinando as Escrituras ao povo.
Tanto o sumo sacerdote como os demais sacerdotes eram ungidos (Êx 29.7; 30.30). Todos aqueles que são chamados para o serviço de Deus precisam da unção de Deus, isto é, do poder do Espírito Santo sobre suas vidas para realizarem com excelência a obra que o Senhor confiou em suas mãos para fazer. O azeite tinha que ser especial (Êx 30.22-25), não poderia ser misturado, nem com composição diferente. Sua fórmula era exclusiva, não podendo ser usada para outro fim nem aplicada em estranhos, mas só para o serviço na obra de Deus (Êx 30.31-33). Deus não aceita mistura. Sua unção não poderá ser misturada com fórmulas mundanas. Não há concórdia entre a luz e as trevas (1 Co 6.14-18)’ (COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 142).
Uma vez por ano, no Dia da Expiação, o sumo sacerdote entrava na área restrita do templo, chamada de lugar Santíssimo, para oferecer um sacrifício especial a Deus. Diante da Arca da Aliança, o símbolo da presença de Deus, o sumo sacerdote oferecia o sangue de um sacrifício por seus pecados e os pecados de todo o povo durante esse ano. Assim, todos os pecados seriam perdoados (Lv 16.32-34). Somente o sumo sacerdote podia entrar no lugar Santíssimo.

3. Vitalício no cargo. A vitaliciedade do sumo sacerdócio está patente na história da família de Arão. Antes de este morrer, Moisés o desvestiu das roupas sacerdotais, para vesti-las em Eleazar, seu filho (Nm 20.23-29). Mais tarde o mesmo Eleazar seria substituído por seu filho Fineias (Js 24.33; Jz 20.28). Todavia, no tempo do Novo Testamento, a vitaliciedade já não era observada (Jo 11.49-51). Ao que tudo indica, havia um rodízio entre os principais membros da família de Arão (Lc 3.2). 
Quando um sumo sacerdote morria, outro era escolhido e consagrado para o trabalho (Êx 29.29-30). Deus estabeleceu o sacerdócio como “estatuto perpétuo” (Êx 29.9), o que significa que ele era imutável e deveria ocorrer enquanto o Santuário existisse. A expressão hebraica traduzida por “perpétuo” nessa passagem traz a ideia de “imutável”. Para aqueles que iriam exercer esse ministério, ao final das orientações referentes à cerimônia, Deus promete abençoar todas as obras do seu ofício. O Senhor é assim: Ele não apenas nos cobra responsabilidades; Ele também promete estar conosco e nos abençoar em tudo o que precisamos fazer para a sua glória e a bênção do seu povo.

4. Servo de Deus. Apesar da importância do cargo, o sumo sacerdote não era considerado infalível, nem estava acima da Lei de Deus. Sua obrigação era servir o altar e conservar-se puro, a fim de que o nome do Senhor fosse exaltado entre os filhos de Israel (Êx 28.43). O capítulo três de Zacarias descreve a dignidade do sumo sacerdote constituído sobre Israel. 
O sacerdote estava sujeito a leis especiais (Lv 10.8). Em referência ao casamento, só poderia tomar mulher que fosse de sue própria nação, mulher virgem ou viúva, que não fosse divorciada, e cuja genealogia fosse tão regular como a dos próprios sacerdotes (Lv 21.7; Ed 10.18,19). Usavam vestimentas especiais que consistiam de calções curtos desde os rins até as coxas; uma camisa estreita, tecida de alto a baixo e sem costura, descendo até aos artelhos e apertada na cinta por um cíngulo bordado, simbolicamente ornamentado; uma tiara em forma cônica, tudo feito de linho fino e branco (Ex 28.40-42). Os sacerdotes e outros oficiais de serviço religioso usavam um éfode de linho, sem bordados e sem os adornos custosos como o que usava o sumo sacerdote (1Sm 2.18; 22.18; 2Sm 4.14).
Os sacerdotes tinham o direito de receber dízimos e porções determinadas das oferendas. Cuidavam do santuário e das formas externas do culto, e envolviam-se no sistema sacrificial. Eram os guardiões das tradições e protegiam a pureza da adoração. Os sacerdotes comuns realizavam todos os sacrifícios (Lv 1-6), cuidavam de questões sobre alimentos próprios e impróprios (Lv 13-14), e estavam encarregados de diversos outros deveres secundários (Nm 10.10; Lv 23.24; 25.9). No judaísmo posterior, o sacerdote (no hebraico, cohen) retinha o privilégio de pronunciar a bênção sacerdotal, e de ser o primeiro a ler o livro da lei. Quando o sacerdócio formal caiu e desapareceu da história, os rabinos retiveram o trabalho dos sacerdotes, em forma simbólica, embora também literal em outros sentidos, tomando-se então os líderes espirituais do povo de Israel. Os sacerdotes eram guardiões dos ritos sagrados, os quais promoviam o conhecimento sobre a santidade de Deus e a necessidade de os homens se aproximarem dele sem a polução do pecado. mediante os holocaustos apropriados e a mudança de vida correspondente. Eles queimavam o incenso sobre o altar de ouro, no lugar santo, o que era mesmo um símbolo das funções sacerdotais. Também cuidavam das lâmpadas, acendendo-as a cada novo começo de noite; e arrumavam os pães da proposição sobre a mesa própria a cada sábado (Êx 27.21; 30.7,8; Lv 24.5-8). Eles mantinham a chama sempre acesa no altar dos holocaustos (Lv 6.9,12); limpavam as cinzas desse altar (vss. 10,11); ofereciam sacrifícios matinais e vespertinos (Êx 29.38-44); abençoavam o povo após os sacrifícios diários (Lv 9.22; Nm 6.23-27); aspergiam o sangue e depositavam sobre o altar as várias porções da vítima sacrificial; sopravam as trombetas de prata e o chifre do jubileu, por ocasião de festividades especiais; inspecionavam os imundos quanto à lepra (Nm 6.22 ss. e capítulos 13 e 14); administravam o juramento que uma mulher deveria fazer quando acusada de adultério (Nm 5.15); eram os mestres da lei e agiam como juízes quanto às queixas do povo, tomando decisões válidas quanto aos casos apresentados (Du 17.8 ss.; 19.17; 21.5)” (CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 16; 17-19.)

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

“O sumo sacerdote
Dentro da divisão dos coatitas, a família de Arão passou a ser de sacerdotes. De um lado isso os tornou encarregados dos levitas. Itamar supervisionava os gersonitas (Nm 4.28) e os meraritas (v. 33); Eleazar cuidava dos coatitas (v.16). Por outro lado os sacerdotes eram distintos dos levitas, porque só eles podiam tocar nas coisas santas — tudo que tivesse a ver com o altar, a lâmpada, ou a mesa da proposição (Nm 5.5-15).
O sacerdote nem sempre era quem fazia o sacrifício, mas era ele quem levava o sangue para o altar (por exemplo, Lv 3.2). O próprio Arão veio a ser sumo sacerdote (às vezes chamado de principal sacerdote). Ele usava roupas especiais (Lv 16.2), interpretava o lançamento das sortes sagradas que eram mantidas em seu peitoral.
Arão tinha quatro filhos. Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar. Nadabe e Abiú morreram por terem cometido sacrilégio em seus deveres religiosos como sacerdotes e o sumo sacerdócio passou então para Eleazar e foi mantido em sua família (Nm 20.25-29). Eli era um sacerdote da família de Eleazar. O sumo sacerdócio parece ter passado depois para a família de Itamar. Foi Salomão quem fez retornar a linguagem de volta à família de Eleazar, colocando Zadoque na posição de sumo sacerdote. Essa posição foi mantida na família dele até que seu descendente veio a ser deposto por Antíoco Epifânio nos dias dos macabeus. Neste período posterior, os sumo sacerdotes eram indicados pelo poder reinante (Anás foi deposto pelos romanos e substituído por Caifás — veja Lucas 3.2; Jo 18.13-24), mas quando eles se tornaram forte o bastante para resistir às autoridades, adotaram seu próprio estilo de soberania” (GOWER, Ralph. Novo Manual dos Usos & Costumes dos Tempos Bíblicos. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, pp. 326, 327).

III. DIREITOS E DEVERES DOS LEVITAS

Os descendentes de Levi, principalmente os da casa de Arão, deveriam observar estes direitos e deveres: viver do altar, santificar-se ao Senhor e ser uma referência moral, ética e espiritual.
1. Viver do altar. Já que os sacerdotes dedicavam-se ao ministério do altar, desse mesmo altar deveriam viver (Lv 7.35). Portanto, não tinham eles direito a qualquer herança territorial entre os seus irmãos, porque a sua herança e porção era o Senhor (Nm 18.20). Moisés, porém, divinamente instruído, destinou-lhes cidades estratégicas por todo o Israel (Nm 35.8). Algumas delas serviam também como refúgio aos que, acidentalmente, matavam alguém (Nm 35.6). 
“No Antigo Testamento, os sacerdotes eram designados por Deus para oferecer sacrifícios” (GRUDEM, 1995, p. 525).
[...] A tribo de Levi foi a única que não obteve terras depois de os israelitas terem conquistado Canaã. Em contrapartida, receberam 48 cidades, espalhadas por todas as partes do país (Nm 35.7; Js 21.19). Como não receberam terras, não conseguiam sustentar a si mesmos – seu sustento provinha dos dízimos do restante de Israel” (HALLEY, 2001, p. 125).
Além de eles terem sido separados por Deus para o serviço no Santuário, os levitas foram os únicos a não receber terra como herança (Números 18:20; Josué 13:33) e nem podiam dedicar-se ao trabalho secular. Por esta razão o mandamento requeria que eles fossem sustentados com os dízimos, os quais eram em forma de mantimentos entregues pelas demais tribos de Israel como recompensa pelos seus trabalhos no Santuário. A esse respeito Deus declara o seguinte: “Eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam, o serviço da tenda da revelação. ...Porque os dízimos que os filhos de Israel oferecerem ao Senhor em oferta alçada, Eu os tenho dado por herança aos levitas; porquanto Eu lhes disse que nenhuma herança teriam entre os filhos de Israel.” Números 18:21 e 24. Faz-se necessário ressaltar que, de acordo com essa lei, os sacerdotes tinham o direito de receber dos levitas o dízimo do dízimo que era entregue pelo povo (Números 18:26-28). Outro detalhe importante é que o dízimo podia ser comido por suas famílias em qualquer lugar (Números 18:31), prática esta válida enquanto viviam como nômades” (Dízimo – Uma Análise à Luz da Palavra de Deus (Parte II). Disponível em: http://verdadeemfoco.com.br/estudo.php?id=76. Acesso em: 10 Jul, 2018)

2. Santificar-se ao Senhor. Em virtude de seu ofício, os sacerdotes deveriam erguer-se, em Israel, como referência de santidade e pureza. O sumo sacerdote, por exemplo, tinha de ostentar uma faixa de ouro, em sua mitra, na qual estava escrito: “Santidade ao Senhor” (Êx 28.36). Caso o sacerdote profanasse o seu ofício, seria punido com todo o rigor (Lv 10.1-3). 
O sacerdote deveria ministrar no Santuário perante Deus e ensinar ao povo a guardar a Lei de Deus. Por esta razão jamais deveriam se contaminar (Lv 21.1-24). E, eventualmente, ele também tomava conhecimento da vontade divina em situações muito difíceis por meio da consulta ao Urim e Tumim. Na cabeça, o sumo sacerdote usava a mitra de linho fino (A mitra era uma cobertura para a cabeça do Sumo-Sacerdote, um tipo de turbante; o principal propósito da mitra era levar a lâmina de ouro sobre a testa de Arão). A lâmina ao redor da mitra era de ouro e nela estava gravada a frase: “Santidade ao Senhor”. A lâmina era presa à parte superior da mitra por um fio azul (Êx 39.30-31). Ela era uma lembrança constante da aliança de santidade para o povo de Israel e para o sumo sacerdote em seu chamado.

3. Tornar-se uma referência espiritual e moral. Os sacerdotes, por serem responsáveis pela aplicação da Lei de Deus, tinham a obrigação de ser uma referência espiritual, moral e ética para os filhos de Israel (Ml 2.1-10). Os filhos de Eli, em consequência de seu proceder, tornaram-se um péssimo exemplo aos israelitas. E, por causa disso, Deus os matou (1 Sm 2.25). Andemos, pois, em santidade e pureza diante do Senhor, pois Ele continua a exigir santidade de todo o seu povo (1 Pe 1.15). 
Por causa dos juízos do Senhor contra os rebeldes no tabernáculo (Nm 16.31-35) e sua defesa miraculosa do sumo sacerdócio de Arão (Nm 17.10-13), os israelitas estavam aterrorizados só de ter o tabernáculo no meio deles. "Acaso morreremos todos?" (Nm 17.13), lamentou o povo. Na verdade, a presença de Deus em seu acampamento era a marca distintiva do povo de Israel (Êx 33.1-16), pois era a única nação a ter a glória do Deus vivo presente com ela e indo adiante dela (Rm 9.4). Deus falou especificamente a Arão (Nm 18.1, 8, 20), exaltando ainda mais seu ministério como sumo sacerdote. O Senhor deixou claro que era responsabilidade dos sacerdotes ministrar no tabernáculo e guardá-lo da profanação, e era responsabilidade dos levitas assistir os sacerdotes em seu ministério no tabernáculo. Desde que os sacerdotes e levitas obedecessem a essas regras, o povo não seria julgado (v. 5). Qualquer desobediência, até mesmo no modo de se vestir (Êx 28.35,42,43) ou de se lavar (Êx 30.17-21), era arriscada. Deus considerava Arão e seus filhos responsáveis pelas ofensas cometidas contra o santuário e o sacerdócio. O sacerdócio era uma dádiva de Deus a Israel, pois sem os sacerdotes o povo não poderia chegar a Deus. Os levitas eram a dádiva de Deus aos sacerdotes, aliviando-os de tarefas servis de modo que pudessem dedicar-se inteiramente a ministrar ao Senhor e a atender o povo. Os sete homens escolhidos em Atos 6, normalmente chamados de diáconos, tinham uma relação semelhante com os apóstolos. Não há menosprezo em servir mesas, mas os apóstolos tinham um trabalho mais importante a fazer. O sucesso ou o fracasso dependem da liderança, e Arão era o líder da família sacerdotal. Devia prestar contas a Deus de tudo o que acontecia no santuário. Deus não habita em templos feitos por mãos humanas (At 7.48), mas sim em nosso corpo, pelo Espírito Santo (1Co 6.19,20), e no meio de seu povo na congregação local (1Co 3.16ss). Devemos ter cuidado com a forma como tratamos nosso corpo e com aquilo que fazemos à Igreja de Jesus Cristo. "Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado" (1Co 3.17).

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

“Os levitas eram descendentes de Levi, o escolhido por Deus no deserto durante a época de Moisés, encarregados de deveres específicos em relação ao Tabernáculo, embora proibidos de ministrar diante do santuário sagrado, eles afirmavam ser servos especiais de Deus em assuntos da religião. Deviam ensinar o livro da Torá ao povo e ajudar os sacerdotes em todos os assuntos ligados à adoração no santuário. A eles não seria reservada qualquer herança na nova terra quando Josué fez a divisão oficial do território, pois Deus seria a sua herança. Quarenta e oito cidades e vilas foram separadas com os lugares onde deveriam viver.
Os três filhos de Levi — Gerson, Coate e Merari — foram relacionados como aqueles por quem fluíram as bênçãos divinas. Nos primeiros anos da vida nacional, essas famílias receberam a função de cuidar do Tabernáculo e transportá-lo. Quando Arão e seus familiares foram escolhidos como sacerdotes, foi necessário escolher um grupo de pessoas para ajudá-los e toda a tribo se julgou diferenciada por ser um grupo sagrado designado para executar deveres relacionados com os ritos e as funções sacerdotais.
Os levitas recebiam uma posição apropriada no acampamento quando a nação viajava pelo deserto. Como estavam localizados em volta do Tabernáculo, eram considerados protetores em quem se podia confiar, e que dariam a própria vida para proteger a sagrada casa de Deus
[...] Os levitas estavam localizados entre os sacerdotes e o povo. A maior parte de seu trabalho era pesada e servil. Não podiam entrar para ver o altar santo, nem tocar no santuário senão morreriam (Nm 4.15). Eram servos dos sacerdotes, e passavam a vida executando tarefas comuns que tornavam possível a realização dos serviços sagrados” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 7.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, pp. 1148,1149).

CONCLUSÃO

O sacerdócio levítico era glorioso; seus membros eram considerados príncipes de Deus (Zc 3.8). Todavia, o Senhor Jesus Cristo é superior ao sacerdócio levítico, pois é eterno (Sl 110.4; Hb 7.13-17). Quanto a nós, somos uma nação santa, profética e sacerdotal, pois recebemos a incumbência de proclamar o Evangelho e interceder pelos que perecem (1 Pe 2.9). Portanto, sirvamos ao Senhor com todo o nosso ser, para que, através de nossa vida, venha o Reino de Deus a este mundo que jaz no Maligno. 
Em síntese, o sacerdote deveria ministrar no santuário perante Deus e ensinar ao povo a guardar a Lei de Deus. E eventualmente, ele também tomava conhecimento da vontade divina em situações muito difíceis por meio da consulta ao Urim e Tumim (Êx 29.10; Nm 16.40; 27.21; Ed 2.63). No Novo Testamento, o Sumo Sacerdote é Cristo, que através do Seu sacrifício acabou com a necessidade de novas ofertas e sacrifícios (Hb 7.1-8.13); e todos os cristãos são sacerdotes (Ap 1.6; 5.10). Aliás, a Bíblia diz que originalmente Deus desejava tornar a nação de Israel, como um todo, em um reino sacerdotal (Êx 19.6). Há características do ministério sacerdotal que são, de forma geral, princípios válidos para todo ministro do Senhor até hoje. As características gerais do ministério sacerdotal são: chamado divino (Hb 5.4); purificação (Êx 29.4); unção e santificação (Lv 8.12); submissão (Lv 8.24-27) e vestes santas para glória e ornamento (Êx 28.2; 29.6,9). Tais características resultam do caráter regenerado pela mensagem do Evangelho
“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16).


Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

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