SUBSÍDIO I
SOBRE AS
DERRADEIRAS EXORTAÇÕES AOS HEBREUS
A conclusão da carta aos Hebreus
segue o modelo das demais cartas neotestamentárias. Tendo terminado a sua longa
exposição teológica, o autor conclui sua redação com alguns conselhos e
recomendações práticas. Na verdade essa conclusão apresenta-se como uma forma
de “apêndice”, onde algumas exortações já feitas no corpo da carta são trazidas
à tona, mas de uma forma menos complexa. Muito da identidade do autor é
revelada aqui. Um homem humilde, piedoso, compromissado e cheio de amor por
seus irmãos aos quais ele queria ver com animo, fé e esperança em tempo de
apostasia.
“Permaneça o amor fraternal”
(v.1).O verbo grego usado aqui, menô, está no presente imperativo. O presente
contínuo indica uma ação habitual ou contínua. O autor começa a conclusão de
sua carta com uma ordem ou mandamento. O sentido é: “continuem permanecendo no
amor fraternal”.
“Não vos esqueçais da
hospitalidade, porque por ela alguns, não o sabendo, hospedaram anjos” (v.2). O
autor lembra seus leitores de serem hospitaleiros. Esta palavra (philonexenia)
é também usada por Paulo em Romanos 12.13. “Acudi aos santos nas suas
necessidades, exercei a hospitalidade”. Visto os constantes deslocamentos e as
precárias acomodações existentes, a hospitalidade era algo extremamente
necessário. Aqui ela surge como uma demonstração de amor, comunhão e uma troca
de bênçãos recíprocas. Como hospedeiro, Abraão acolheu a anjos (Gn 18.1-8).
“Lembrai-vos dos presos, como se
estivésseis presos com eles, e dos maltratados, como sendo-o vós mesmos também
no corpo” (v.3).É possível que o autor esteja se referindo aqui aos cristãos
encarcerados por causa de sua fé. No primeiro século os presos, em alguns
casos, nem mesmo direito alimentação possuíam. Eles dependiam de terceiros para
prover-lhes o necessário.
“Venerado seja entre todos o
matrimônio e o leito sem mácula; porém, aos que se dão à prostituição, e aos
adúlteros, Deus os julgará” (v.4).A visão sobre o sexo entre os gregos e
romanos era muito diferente daquela que existia entre os hebreus. No mundo
greco-romano, a prática sexual não possuía os limites que a cultura judaica
estabelecia. A pederastia, sexo entre uma pessoa mais velha e uma mais jovem,
era uma prática que gozava de amparo legal. Foi dito que Nero, o impiedoso
imperador romano, era o homem de toda mulher e a mulher de todo homem. Sabendo
que o sexo era visto de forma distorcida nos seus dias, o autor exorta os seus
leitores a manterem a pureza sexual. A forma estabelecida por Deus era a
prática do sexo dentro da esfera matrimonial.
Texto extraído da obra “Ânimo, Esperança e Fé em Tempos de
Apostasia: Um estudo na carta aos Hebreus versículo por versículo”, editada
pela CPAD.
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Nas palavras finais da Epístola aos Hebreus o autor
compara a vida cristã a uma maratona. A partir dessa perspectiva, destacaremos
na aula de hoje a importância de seguir adiante, imitando o exemplo do Autor e
Consumador da nossa fé. E mais, que precisamos também respeitar as regras ao
longo da jornada, respeitando um ao outro em amor, e dando a devida
consideração àqueles que ministram entre nós. Ao final, o autor apresenta uma
série de exortações, a fim de que cresçamos no conhecimento do nosso Senhor Jesus
Cristo.
1. A LARGADA NA MARATONA CRISTÃ
A caminhada cristã não é algo solitário, isso
porque “estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas” (Hb. 12.1),
certamente o autor se refere àqueles heróis da fé (Hb. 11). Isso quer dizer que
estamos todos na maratona da fé, alguns daqueles que correm conosco chegaram
mais cedo, nós precisamos continuar o trajeto. Para alcançarmos a linha de
chegada, precisamos deixar “todo embaraço e o pecado que tão de perto nos
rodeia”, e correr “com paciência, a carreira que nos está proposta”. O êxito na
maratona depende da resistência daquele que corre, e da sua disposição para
superar seus limites. Não podemos olhar para trás, nem mesmo para os lados,
antes devemos olhar para Jesus, “autor e consumador da fé”, Ele é nosso maior
exemplo, pois “suportou a cruz, desprezando a afronta” (Hb. 12.2). Paulo também
nos deixou seu exemplo, pois demonstrou ter confiança naquele que O
comissionou, e tinha esperança de alcançar sua coroa (II Tm. 1.12). É preciso
saber que a disciplina de Deus nos conduz à maturidade, e nos torna mais fortes
para resistir os desafios. Na verdade, “toda correção, ao presente, não parece
ser de gozo, senão de tristeza, mas, depois, produz um fruto pacífico de
justiça nos exercitando por ela” (Hb. 12.10).
2. AS REGRAS
NA MARATONA CRISTÃ
A vida cristã, como qualquer maratona, tem suas
regras, e precisam ser observadas, sob o risco de sermos desqualificados. Uma
das principais é: “segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém
verá o Senhor” (Hb. 12.14). A comunidade cristã, diferentemente do mundo, não
deve ser um ambiente individualista, antes devemos ter “cuidado de que ninguém
se prive da graça de Deus” (Hb. 12.15). E não devemos nos deixar controlar pelo
egoísmo, segundo o exemplo de Esaú que, “por um manjar, vendeu o seu direito de
primogenitura” (Hb. 12.16). Devemos levar a corrida a sério, e não podemos nos
enganar, pois ainda que muitos não acreditem, “porque o nosso Deus é um fogo
consumidor”. Por esse motivo, devemos cultivar o genuíno amor fraternal (Hb.
13.1), e exercitar a hospitalidade, “porque, por ela, alguns, não o sabendo,
hospedaram anjos” (Hb. 13.2). A preocupação com os outros deve ser uma prática
comum entre os cristãos, devemos nos lembrar dos “presos, como se estivésseis
presos com eles” e dos maltratados, como sendo-o vós mesmos também no corpo”
(Hb.13,3).
3. A LINHA DE CHAGADA NA MARATONA CRISTÃ
Em relação aos pastores, devemos reconhecer que nos
dias atuais, por causa dos escândalos, o ministério se tornou desacreditado.
Mas não devemos deixar de reconhecer que existem pastores comprometidos com o
reino de Deus, que se fundamentam na Palavra, e que amam as ovelhas. Por isso
precisamos lembrar dos “pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos
quais imitais, atentando para a sua maneira de viver” (Hb. 13.7), e mais,
devemos obedecê-los, “porque velam por vossa alma, como aqueles que hão de dar
conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos
seria inútil” (Hb. 13.17). Os pastores nos orientam, a fim de que não sejamos
levados pelos ventos de doutrinas falsas, para as quais devemos também
permanecer atentos: “não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e
estranhas, porque bom é que o coração se fortifique com a graça” (Hb. 13.9). A
vida na igreja deve ser saudável, tendo sempre motivo de ser grato a Deus, e
oferecendo a Cristo “sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que
confessam o seu nome” (Hb. 13.15). E por fim, não esqueçamos de orar,
principalmente pelos obreiros, para que tenham boa consciência, e certamente,
“o Deus de paz, que pelo sangue do concerto eterno tornou a trazer dos mortos a
nosso Senhor Jesus Cristo, grande Pastor das ovelhas” (Hb. 13.20), nos
conduzirá até o fim da maratona.
CONCLUSÃO
A palavra de Deus não é para prejuízo, antes para
preservação da nossa alma, portanto, devemos atentar para a exortação do
Senhor, e confiar em Jesus que opera em nós, e que nos aperfeiçoa “em toda boa
obra, para fazerdes a sua vontade, operando em vós o que perante ele é
agradável por Cristo Jesus, ao qual seja glória para todo o sempre. Amém” (Hb.
13.21)
Prof. Ev. José
Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog
subsidioebd
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
Os dois capítulos finais da
Carta aos Hebreus constituem-se como um dos mais fortes apelos exortativos de
toda a epístola. A exortação, que começa no capítulo 12, é que cada um corra a
“maratona da fé” que está proposta. A palavra grega agon traduzida como
“carreira” tem o sentido de luta, conflito, esforço e corrida. No capítulo 11 o
autor havia falado das promessas de Deus como o alvo a ser alcançado, agora ele
coloca o cristão dentro da maratona da fé, correndo rumo a essa meta. Como toda
corrida, é preciso fazer os preparativos necessários. E isso tem uma razão de
ser — toda corrida, especialmente a maratona, demanda algum tipo de esforço e
sofrimento. O sofrimento aparece como algo intrínseco da corrida, já que ela
exige uma vida disciplinada. Todavia, nada disso deve servir de desmotivação,
já que estamos numa pista onde outros, bem antes de nós, também já trilharam.
Chegamos ao final deste primeiro trimestre, este é
o momento de realizarmos uma revisão geral do tema abordado ao longo do
trimestre para uma melhor fixação. A vida cristã implica trabalho árduo. Requer
que deixemos de lado tudo o que representa perigo para nosso relacionamento com
Deus, correr com paciência e fazer frente ao pecado no poder do Espírito Santo.
Para viver com eficiência esta vida, devemos fixar nossos olhos em Cristo. Os
olhos são o espelho da alma (Mt 6.22; Lc 11.34) e precisamos dominá-los (Jó
31.1; Sl 119.37; Mt 5.28) e não apenas dominá-los, mas fixá-los naquele que
sofreu o opróbrio da cruz - o morrer crucificado era a morte mais ignominiosa e
cruel que se podia imaginar (Hb 2.10; 5.8-9). Muitos crentes vivem como se
estivessem numa corda bamba, apartam o olhar da cruz ensanguentada e passam a
fixar os olhos em si mesmos ou contemplam as circunstâncias que os rodeiam.
Devemos correr para participar da carreira de Cristo, não na nossa, e sempre
devemos fixar nosso olhar nEle, afinal, esta "tão grande nuvem de
testemunhas", composta de pessoas que se mencionaram no capítulo 11,
nos servem de estímulo por sua fidelidade. Não lutamos sozinhos nem somos os
primeiros a militar com os problemas que confrontamos. Outros já batalharam as
mesmas lutas, prosseguiram na carreira e ganharam os louros da vitória; seu
testemunho nos anima também a correr com a certeza da vitória, dado este legado
tão inspirador!
Quando enfrentamos dificuldades e desalento, é
muito fácil perder a perspectiva global. Mas não estamos sozinhos; há ajuda.
Muitos conseguiram vencer ao longo da vida e em forma constante e em
circunstâncias muito mais difíceis das que estamos experimentando. O sofrimento
é o campo de adestramento para alcançar a maturidade cristã. Desenvolve nossa
paciência e converte em agradável nossa vitória final.
I. A CORRIDA
PROPOSTA
1. O exemplo dos antigos. Muito embora o autor fale sobre o futuro, ele o faz
com um olhar no passado. A “grande nuvem de testemunhas” (Hb 12.1) é uma
referência aos heróis da fé aos quais ele se referira no capítulo 11. Aqueles
homens e mulheres de Deus do mundo antigo também entraram na corrida. Eles correram,
e correram tão bem, que por essa razão tinham agora suas vidas como exemplos.
Suas vidas e exemplos devem servir de motivação a todo que se propõe a entrar
na corrida.
No capítulo anterior, encontramos o relato da fé e
do testemunho de vários grandes homens e mulheres de Deus. E então, o autor aos
Hebreus começa dizendo: “Portanto nós também, pois que estamos rodeados de
uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos...” Para reforçar nosso foco
em Jesus, somos encorajados a aprender com o testemunho de outros cristãos,
como escreve John Stott: “[...] referindo-se certamente aos heróis da
fé no Antigo Testamento, citados no capítulo 11, e provavelmente aos seus
equivalentes no Novo Testamento. Mas em que sentido eles são “testemunhas”? O
autor provavelmente está se referindo ao testemunho que eles deram sobre a
terra. Poderíamos incluir os cristãos mortos que estão nos assistindo do céu?
Teoricamente, penso que sim, porque lemos que estamos “rodeados” por eles,
sugerindo inúmeras fileiras repletas de espectadores empolgados no anfiteatro
local. Lembrar-se dos espectadores significa inspirar-se neles para buscar um
melhor desempenho.” (Correndo a corrida cristã - por John Stott,
em ‘A Bíblia Toda, o Ano Todo’. Disponível em: https://guiame.com.br/gospel/mundo-cristao/correndo-corrida-crista-por-john-stott.html. Acesso em: 18 mar, 2018)
O autor de Hebreus finaliza a epístola nos levando a
outros aspectos da vida cristã, ressaltando que estamos rodeados por aqueles
heróis diante do Todo-poderoso que testemunham a sua fidelidade. A palavra
testemunha, originalmente martys, denota a experiência dos
antepassados da fé. Por outro lado, podemos dizer que em nossa carreira cristã
estamos sendo observados por muitas testemunhas. Umas visíveis: os homens,
crentes e descrentes; outras, invisíveis: os anjos e os demônios. (Sl 34.7; Hb
1.13,14; 1 Pe 5.8.) Diante dessa realidade devemos ter muito cuidado com o
nosso comportamento.
2. O exemplo de Jesus. O autor faz um apelo para que os crentes olhem “para Jesus,
autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a
cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus” (Hb
12.2). Essas palavras devem ser lidas a partir do contexto do primeiro século.
O judaísmo, como uma religião milenar, possuía um sistema cerimonialista muito
rígido. Esse ritualismo quando contrastado com a fé cristã, ainda embrionária,
gerou fortes conflitos. Muitos crentes não demonstravam convicção suficiente
para suportar essa pressão e, por isso, esses crentes abandonavam a nova fé ou
voltavam para o antigo sistema que haviam abandonado. O autor apela então para
o exemplo de Jesus, que mesmo suportando a afronta, a vergonha e a ignomínia,
não abandonou a carreira que lhe fora proposta.
Numa corrida de resistência, o atleta fixa o olhar
para frente, caso contrário, poderá perder o tempo e o rumo. Na vida cristã,
mais ainda, o crente não pode perder de vista o alvo, Jesus. Ele é o autor e
também o consumador de nossa fé. Deu-nos o exemplo, suportando a cruz,
desprezando a afronta, até assentar-se à direita de Deus, “pelo gozo que lhe
estava proposto”. A história da Igreja está cheia de exemplos de homens e
mulheres, que corajosamente desprezaram os prazeres e as glórias do mundo por
amor a Cristo. O verbo olhar – em olhando firmemente – é aphorontes (Αφορωντες),
que significa tirar a vista das coisas que estão perto e desviam a nossa
atenção e, conscientemente, fixar os olhos em Jesus como o nosso grande alvo.
Significa ainda interesse que absorve por completo, perfeitamente expresso
pelas palavras com olhos só para Jesus.
“A expressão autor e consumador da nossa fé tem
sido interpretada de várias maneiras. A palavra traduzida como autor é archegon
(Αρχηγος), líder, pioneiro, sendo o mesmo vocábulo traduzido como capitão (da
nossa salvação) em Hebreus 2.10 (KJ). A palavra consumador é teleioten
(τελειωτής), aperfeiçoador, que completa (cp. Hb 10.14).
Em olhando firmemente para Jesus, o
Autor e Consumador da nossa fé, o possessivo nossa [que aparece nas versões KJ
e na NVI, mas não na ARA e na ARC], antes de fé, está em itálico ou entre
parêntesis, pois no grego temos apenas a fé. No entanto, não significa a fé no
sentido objetivo, como o fundamento cristão, mas subjetivo, como o princípio
que rege o coração e a vida do ser humano.” (Hb
12.2, “autor e consumador da fé”? Disponível em: http://www.cacp.org.br/hb-12-2-autor-e-consumador-da-fe/.. Acesso em: 18 mar, 2018).
3. O exemplo da Igreja. A visão do autor em relação a seus companheiros de
caminhada é a mais realista possível. Ele não nega em nenhum momento
desconhecer a realidade pela qual eles estão passando. O sofrimento é uma
realidade implacável que os cerca. Contudo, o seu apelo é que eles vejam o
sofrimento por outro ângulo. Longe de ser um sinal de reprovação divina, o
sofrimento é tido pelo autor como um instrumento pedagógico usado por Deus. O
escritor volta-se para o Antigo Testamento onde esse ensino é bem claro (Hb
12.5,6). Por isso, ninguém na jornada da fé, quando surpreendido pelo
sofrimento, deve esmorecer e abandonar a corrida.
Em Hebreus 12 o autor exorta os cristãos hebreus com
respeito às aflições e encontra algumas semelhanças entre os heróis da fé e
Jesus. Os heróis elencados enfrentaram grandes lutas e aflições através da fé,
em parte porque foram exibidos como espetáculo ignominioso, em parte porque se
tornaram companheiros dos que foram alvos daquelas tribulações. O autor
esclarece, então, que da mesma forma, Jesus, em troca da alegria que lhe estava
proposta, suportou a ignominiosa cruz (Hb 12.2b) - Desprezar a afronta não
significa que Cristo a tinha por desprezível, mas por pequena, comparada com a
alegria que lhe foi proposta. No texto grego desta passagem, temos a palavra
anti (ἀντί), que significa dar em troca ou, especialmente aqui, em
consideração de.
“A disposição ao sofrimento não é só para
missionários e os que vivem em campos difíceis, a Bíblia mostra que é uma marca
de todo o sincero seguidor de Jesus.
Pedro ensina que o sofrimento deve
ser esperado como reação ao testemunho cristão, e que isso não deveria causar
medo ou autopiedade, mas alegria, por causa de sua identificação com Cristo e
porque esse sofrimento é controlado quanto ao tempo e à extensão. (1 Pedro
4.12-19)” (Aprendendo a sofrer como
cristão. Ultimato Online. Disponível em: http://www.ultimato.com.br/conteudo/aprendendo-a-sofrer-como-cristao. Acesso em: 18 mar, 2018)
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“O chamado a perseverar como filhos (12.1-13)
O
vínculo entre a fé e a perseverança (ou paciência) no capítulo 11 torna-se a plataforma
para o chamado à perseverança em 12.1-13. Em 11.40, duas frases sinalizam o
retorno à aplicação pessoal para os leitores originais e para nós: ‘Alguma
coisa melhor a nosso respeito’ e ‘para que eles, sem nós, não fossem
aperfeiçoados’. Tendo descrito a história e os triunfos espirituais dos antigos
santos, que se tornaram possíveis causas de sua fé e perseverança, o autor
novamente enfoca o desafio que seus leitores têm de serem firmes na fé e
perseverantes para suportar as provas (cf. 12.1-3,7 com 10.32,36). Ele
desenvolve três incentivos principais que deveriam inspirar seus leitores a
perseverarem como crentes no Senhor:
• O incentivo do
exemplo de seus antepassados (21.1);
• O incentivo do
exemplo de Cristo (21.2,3);
• O incentivo do relacionamento
do Pai-Filho que tinha com Deus (12.4-11)” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD,
Roger (Ed.)Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2004, p. 1630).
II. CORREDORES
BEM TREINADOS
1. Respeitam limites. O autor lembra a seus leitores: “Segui a paz com
todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). Certo
autor ressalta que a santificação, como usada na Epístola, é principalmente um
termo ritual (Hb 10.14,22). Da mesma forma que, sob a Antiga Aliança, a pessoa
impura não poderia entrar num recinto sagrado para adorar, assim também sem
santidade a visão final de Deus será impossível (cf. Mt 5.8). O pensamento se
volta aqui, porém, para a prática da santidade e da moral. “Corredores” bem
treinados respeitam limites.
No capítulo 12, o autor da carta coloca a
santificação em posição proeminente, exortando a priorizá-la, almejá-la e
persegui-la (Hb 12.14). O que temos aqui é a ideia de algo que deve ser buscado
com firmeza de propósito e determinação. É parte integrante dos planos eternos
de Deus que alcancemos a santificação plena, aqui entra a pedagogia divina para
atingirmos esse objetivo: “É para disciplina que perseverais (Deus vos trata
como filhos); pois que filho há que o pai não corrige?” (Hb 12.7). Tão
importante é esse princípio que ele é repetido no versículo 10: “Deus,
porém, nos disciplina para aproveitamento”.
“3. Siga a paz (Hb 12.14)
Esforçar-se em prol da paz é dever de
todos. Compartilhar com o próximo a paz que temos em Deus faz parte do processo
da nossa santificação (cf. Rm 12.17-20). A paz que domina o coração do cristão
deve, também, guiar o seu relacionamento interpessoal. “Aparta-te do mal” (Sl
34.14).
4. Busque a santidade (Hb 12.14)
Santificação é separação do pecado
para Deus; sugere pureza de alma, consagração, desvio de contendas, da
imoralidade, da incredulidade e de qualquer tipo de idolatria; é indispensável
para um viver vitorioso e agradável a Deus; deve ser buscada constantemente,
pois só a santificação corrige as imperfeições geradas pelo pecado e leva o
homem a participar da própria santidade de Deus: “… Deus, porém, nos disciplina
para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade” (Hb
12.10).” (Chamado à Santificação. Ultimato
Online. Disponível em: http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/chamado-a-santificacao/. Acesso em: 18 mar, 2018)
2. Mantêm a mente limpa. Com o texto de Deuteronômio 29.18 em mente, o autor
fala em tom exortativo do “cuidado” que deveriam ter a fim “de que ninguém se
prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos
perturbe, e por ela muitos se contaminem” (Hb 12.15). Moisés havia advertido o
antigo Israel sobre os males da idolatria e seu fruto amargo, a apostasia.
Alguém contaminado com a erva daninha da apostasia sem dúvida contaminaria toda
a comunidade. A única forma de se manter livre desse mal era manter uma mente
sóbria, limpa pela Palavra de Deus. Dessa forma era possível não permitir que o
grupo fosse contaminado. Ninguém com raiz de amargura no coração consegue fazer
com êxito a caminhada da fé. “Corredores” bem treinados mantêm a mente limpa.
Ora, pelo que já vimos até aqui, podemos entender
que santificação pressupõe vigilância pessoal e propósito
firme para o combate a qualquer raiz que possa produzir amargura (cf. Dt
29.16-19). O perigo que aqueles crentes corriam é que viessem a abandonar a fé
em Cristo, uma ação descrita no versículo 15 como separando-se da graça de
Deus. Neste texto o autor deixa claro o papel de cada crente em relação ao
outro: “Atentar diligentemente para que ninguém seja faltoso” (15). É a
consciência de que o Corpo só poderia estar bem se individualmente as pessoas
estiverem bem.
“6. Cuidado com as escolhas (Hb 12.15-18)
Aquele que se desvia da graça é
comparado a Esaú, que trocou seu direito de primogenitura por um repasto. “Sua
estultícia em trocar seu privilégio como filho primogênito veio a ser um
exemplo de todos aqueles que colocam vantagens materiais ou sensuais antes da
sua herança espiritual” (Guthrie, p.242). Segundo alguns comentaristas, a
palavra “profano” pode ser entendida como irreligioso – alguém que caminha na
contramão da espiritualidade.
A terrível escolha de Esaú não podia
ser desfeita: “não achou lugar de arrependimento” (Hb 12.17). Escolhas erradas
podem deixar marcas irreversíveis naqueles que se apartam da “graça de Deus”.]”. (Chamado à Santificação. Ultimato Online.
Disponível em: http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/chamado-a-santificacao/. Acesso em: 18 mar, 2018)
3. Valorizam as coisas
espirituais. O autor
exorta seus irmãos de fé a valorizarem as coisas espirituais. Se alguém está
regredindo e voltando atrás é porque não está dando o real valor a salvação
recebida. O exemplo vem de Esaú, filho de Isaque e irmão de Jacó: “E ninguém
seja fornicador ou profano, como Esaú, que, por um manjar, vendeu o seu direito
de primogenitura” (Hb 12.16). De acordo com o livro de Gênesis, Esaú era um
indivíduo mais preocupado com as coisas terrenas do que com as celestiais (Gn
25.29-34; 27.33,38). Não hesitou em trocar o seu direito de primogenitura por
uma simples refeição. Esse fato revela a mente mundana que ele possuía. A
indiferença religiosa conduz à apostasia espiritual e, muitas vezes, fica tarde
para se arrepender! “Corredores” bem treinados valorizam as coisas espirituais.
É curioso que aqui, ao ensinar sobre como deveria
ser a comunhão entre eles, sobre santificação, o autor adverte para que não
estejam agindo como Esaú. Esaú tinha um caráter profano, ou falta de reverência
pelas coisas de Deus, de tal modo que ele foi incapaz de arrependimento
autêntico. Ele chorou pelo que havia perdido (a bênção), e não pelo pecado que
tinha cometido (Gn 25ss). Ao contrário de Esaú temos de valorizar aquilo que de
fato é importante em nossa relação com Deus.
“enquanto seguidores de Jesus Cristo é muito
notório. Todos nós somos igualmente herdeiros das bênçãos de Deus por meio de
seu Unigênito Filho. Temos consciência de nossa herança espiritual. Sabemos das
bênçãos que nos reserva o Evangelho e delas já somos participantes. Somos
participantes da santidade de Deus (Hb 12.10), somos participantes do Espírito
Santo (Hb 6.4), somos participantes de sua natureza divina (2Pe 1.4) e enfim,
somos participantes dos inúmeros bens espirituais do Evangelho (Rm 15.27).” (O
exemplo trágico de Esaú: o menosprezo pelas coisas espirituais. Observatório
Teológico. Disponível em: http://observateologia.blogspot.com.br/2014/05/o-exemplo-tragico-de-esau-o-menosprezo.html. Acesso em: 18 mar, 2018)
A história do Esaú nos mostra que os enganos e
pecados às vezes têm consequências a longo prazo (Gn 25.29-34; Gn 27.36). Nem
sequer o arrependimento e o perdão eliminam as consequências do pecado. Com que
frequência toma decisões apoiadas no que quer agora, e não no que necessita a
longo prazo? Avalie os efeitos a longo prazo de suas decisões e ações!
SUBSÍDIO DIDÁTICO
“A santidade na vida prática (12.14)
A
santidade não é algo opcional ou extra na vida cristã, mas algo que pertence à
sua essência. Somente aqueles que têm o coração puro verão a Deus; ninguém mais
(Mt 5.8). Aqui (Hb 12.14), como no verso 10, trata-se da santidade na vida
prática. Deste modo, 12.14 começa exortando os crentes a procurarem
verdadeiramente a paz e a santidade como estilo de vida. Fazer todo o esforço
possível (dioko) transmite a ideia da diligência na busca da paz e da
santificação, e não um esforço que produz obras mortas e justiça própria. Muitos
intérpretes entendem a busca da ‘paz’ em 12.14 como se referindo à paz com
todos (como na NVI). A preposição grega neste verso, é meta com o
genitivo, que traz um sentido de ‘junto com’ (cf. 11.9; 13.23). Deste modo, o
termo ‘todos’ significa especialmente junto com ‘todos os outros crentes’ (cf.
13.24), que também estão sendo exortados a procurar a paz de Cristo na
comunidade. Como um objeto direto do verbo dioko, a paz é vista como uma
realidade objetiva ligada a Cristo e à sua morte redentora na cruz, que torna possível
a harmonia e a solidariedade na comunidade cristã (cf. Cl 1.20).
Semelhantemente,
a ‘santidade’ é essencial para a comunidade cristã (cf. 12.15). O pecado divide
e contamina o Corpo de Cristo (a Igreja), da mesma maneira que o câncer faz com
o corpo humano. Procurar a santidade sugere um processo de santificação no qual
a nossa vida e nossa maneira de viver são separadas para Deus como santas e
como instrumentos de honra a Ele. Somos transformados conforme a semelhança de
Deus quando nos aproximamos e nos mantemos no Lugar Santíssimo de sua presença.
Na união e na comunhão com Deus, no Lugar Santíssimo, reside o poder da ‘paz’ e
da ‘santidade’” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.) Comentário
Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.
1634).
III. CORRIDA
FINAL, EXORTAÇÕES FINAIS
1. Valorizar a liderança. Uma das exortações e advertências que mais se repete
nesse capítulo é feita em relação ao respeito devido aos líderes da comunidade
cristã. A expressão grega no texto de Hebreus para o exercício da liderança é
traduzida como pastor, chefe ou líder e ocorre seis vezes nessa carta, sendo
três delas neste capítulo (Hb 13.7,17,24). Essa palavra é igualmente usada em
Atos 7.10 para falar sobre José como governador do Egito. O autor pede que os
cristãos não se esqueçam do trabalho que os líderes espirituais realizaram em
prol deles (Hb 13.7). A natureza da missão a eles confiada pertence a outra
dimensão, isto é, a espiritual (Hb 13.17). Onde não há respeito pela liderança,
prevalece a anarquia. Os líderes não são intocáveis nem tampouco perfeitos, mas
devem ser honrados pelo trabalho que realizam (1Ts 5.12,13), bem como devem ser
lembrados por isso (Hb 13.24).
É árdua a tarefa dos líderes da igreja em ajudar-nos
até que alcancemos a maturidade em Cristo. O crente que colabora vai facilitar
um pouco este árduo trabalho. Qual tem sido nossa conduta cristã?
Em textos como Atos 20.28, 1 Pedro 5.1-3 e Hebreus
13.17, fica claro que os presbíteros são:
(a) pastores do rebanho de Deus. Eles devem cuidar, guiar e
alimentar o povo de Deus com a verdade de sua Palavra, assim como bons pastores
de ovelhas cuidam para que elas tenham pastos verdejantes e água adequada.
(b) vigias que são responsáveis pela alma dos homens, sendo
obrigados a dar conta de sua supervisão.
(c) exemplo para o povo Deus, jamais agindo como dominadores
(1Pe 5.1ss).
“Quando os membros se recusam a obedecer e não
respeitam seus líderes, o trabalho na igreja se torna um grande peso. Os
membros devem entender que nem eles nem os líderes são donos da igreja. A
igreja pertence a Jesus Cristo, a quem os leitores são responsáveis. Ao
dificultar o trabalho e a vida dos líderes, eles serão os perdedores. Os
líderes podem testificar diante do Senhor que advertiram a pessoa desviada, que
escolheu não abandonar o pecado. Essa pessoa morrerá em seu pecado, mas os
líderes estão livres da culpa (Ez 3.19). No final das contas, então, o Senhor
vinga e julga seu povo (Hb 10.30; Dt 32.35,36; Sl 135.14). De maneira pastoral
e prudente, o escritor de Hebreus observa que um relatório triste, ao invés de
alegre, sobre a conduta espiritual dos leitores não será vantajoso para nenhum
deles”. (Obedeçam a Seus Líderes. Click Teológico. Disponível em:
http://clickteologia.blogspot.com.br/2010/01/xxxxi-obedecam-seus-lideres.html. Acesso em: 18 mar, 2018)
2. Valorizar a doutrina. Desde os primórdios a Igreja foi tentada a se desviar
da verdade. Doutrinas falsas sempre estiveram à espreita. Aqui não foi
diferente (Hb 13.9). É impossível precisarmos que tipo de doutrina associada ao
uso de alimentos o autor estivesse falando, mas o contexto do Novo Testamento
revela que esse fato não era estranho para os cristãos (Rm 14.1-4; 1Co 8.1; Cl
2.21). O certo é que o autor exorta os crentes a firmarem-se na Palavra de Deus
para se manterem e não se enredarem para aquilo que era de natureza meramente
material, ritual e externa.
Sabemos que a Igreja Primitiva sofreu ataques de
falsos mestres, do gnosticismo, dos judaizantes. O autor aqui parece estar
falando sobre o que alguns ensinavam, que para ser salvo era necessário
observar os rituais e cerimoniais do Antigo Testamento (judaizantes são pessoas
que, não sendo geneticamente israelitas, nem tendo passado por uma conversão
informal ao judaísmo, seguem partes da religião e tradição judaicas sendo
consideradas seitas pelo judaísmo autêntico. Leia aqui sobre ‘Os judaizantes da atualidade! Quem são eles?’). Mas essas leis foram inúteis para conquistar os
pensamentos e maus desejos de uma pessoa (Col_2:23). As leis podem influir na
conduta de uma pessoa, mas não podem trocar o coração. As mudanças definitivas
na conduta de cada pessoa começam quando o Espírito Santo vive no coração.
Sobre os Inimigos da Cruz de Cristo na atualidade.
3. Valorizar a adoração. O autor havia falado à exaustão nos capítulos
anteriores sobre o sistema de sacrifício levítico. A Nova Aliança tornara
totalmente dispensável tal sistema. Em Cristo, sob a Nova Aliança, os
sacrifícios são de outra natureza e acontecem em outra dimensão (Hb 13.15).
Louvor, adoração e ação de graça são formas legítimas de sacrifícios na Nova
Aliança. O serviço a favor dos santos e a comunhão são também lembrados como
uma poderosa forma de adorar a Deus (Hb 13.16). Adorar não é apenas “cantar”,
mas “sacrificar”. Infelizmente, é possível termos muita música e não termos
nenhuma adoração.
Como estes cristãos judeus, devido a seu testemunho
em favor do Messias, não puderam seguir adorando com outros judeus, deviam
considerar o louvor e os atos de serviço como seus sacrifícios; os que podiam
oferecer em todo lugar, em todo tempo. Isso devesse lhes recordar as palavras
do profeta Oseias: "Tira toda a iniquidade, e aceita o que é bom; e
ofereceremos como novilhos os sacrifícios dos nossos lábios.” (Os 14.2). Um
"sacrifício de louvor"
hoje poderia incluir: gratidão a Cristo por seu sacrifício na cruz e o
dizer-lhe a outros. Agradam a Deus sobre tudo os atos de bondade e de ajuda
mútua, mesmo que passem inadvertidos para outros.
Hebreus 13:15 - Comentado por Matthew Henry:
“As instruções e o exemplo dos ministros que
terminaram seus testemunhos em forma honorável e consoladora, devem ser
lembrados em particular por aqueles aos quais lhes sobrevêm. Mesmo que alguns
de seus ministros estavam mortos, outros moribundos, ainda assim a grande
Cabeça e Sumo Sacerdote da Igreja, o Bispo de suas almas, vive sempre e sempre
é o mesmo. Cristo é o mesmo da época do Antigo Testamento e do Evangelho, e
sempre será assim para seu povo: igualmente misericordioso, poderoso e
absolutamente suficiente. Ele ainda satisfaz o faminto, alenta o trêmulo e dá
as boas-vindas aos pecadores arrependidos; ainda rejeita o soberbo e o da
justiça própria, aborrece a pura confissão e ensina a todos os que salva a amar
a justiça e odiar a iniquidade.
Os crentes devem procurar que seus corações estejam
estabelecidos pelo Espírito Santo em uma dependência simples da livre graça,
que consolará seus corações e os fará resistentes ao engano.
Cristo é nosso Altar e nosso Sacrifício; Ele
santifica o dom. A Ceia do Senhor é a festa da Páscoa do evangelho.
Tendo mostrado que manter a lei levítica conforme a
suas próprias regras, impediria que os homens fossem ao altar de Cristo, o apóstolo
agrega: Saiamos, pois, a Ele, fora do acampamento, fora da lei cerimonial, do
pecado, do mundo e de nós mesmos. Vivendo por fé em Cristo, separem-se para
Deus por meio de seu sangue, separemo-nos voluntariamente deste mundo malvado.
O pecado, os pecadores, a morte, não deixarão que continuemos aqui por muito
tempo mais; portanto, saiamos agora pela fé e busquemos em Cristo o repouso e a
paz que este mundo não nos pode proporcionar. Levemos nossos sacrifícios a este
altar e a este nosso Sumo Sacerdote, e ofereçamo-lo por seu intermédio. Sempre
devemos oferecer o sacrifício de louvor a Deus. Nestes contam-se o louvor, a
oração e a ação de graças.”
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Apegar-se ao ensino sadio do evangelho (13.7-12)
Os
próximos três versos devem ser vistos como uma unidade de pensamento, sendo
13.8 a ponte entre 13.7 e 13.9. Jesus Cristo é o enfoque invariável da mensagem
do evangelho (13.8), que foi fielmente pregado por seus líderes originais
(13.7) e que deve permanecer de acordo com o padrão da verdade, pelo qual todos
os ensinos serão julgados (13.9).
‘Lembrai-vos
(uma ênfase na continuidade no tempo presente, isto é, continue lembrando) dos
vossos pastores, que vos falaram (no passado, isto é, antigos líderes) a
Palavra de Deus’ (13.7). Por três vezes neste capítulo o escritor menciona os
líderes espirituais dos leitores (13.7, 17,24). Em todas, é utilizado o termo begoumenoi,
que se refere a homens de autoridade em uma posição de liderança. Em 13.7, os
leitores devem obedecer aos seus líderes, e em 13.24, o autor envia suas saudações
a todos os líderes; em ambos os versos o autor se refere aos líderes atuais. Em
13.7, porém, são seus antigos líderes que devem ser lembrados. São recordados
dois fatos importantes a respeito destes antigos líderes.
1)
Proclamaram ‘a palavra de Deus’ (13.7); isto é, eram homens de autoridade espiritual
em virtude de se manterem enfocados na Palavra de Deus. É mais provável que a
igreja, que reunia em uma casa, à qual a carta aos Hebreus foi enviada tenha
sido fundada como resultado da pregação e do ministério de ensino destes
líderes.
2)
Eram homens de ‘fé’ (13.7), cuja qualidade de fé e modo de vida exemplar os
colocaram ao lado dos heróis da fé, sob a antiga aliança (veja 11.4-38). Sua
vida e fidelidade a Cristo eram tão exemplares que o autor agora exorta os
leitores a ‘imitarem’ sua fé. Existe mais poder no testemunho de uma pessoa que
conhecemos ou vimos do que quando apenas lemos ou ouvimos a seu respeito. A
advertência a considerar o resultado de suas vidas também aponta para o seu falecimento;
agora a totalidade de sua vida pode ser vista juntamente com seu triunfo final
de fé, na partida para estar com o Senhor” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD,
Roger (Ed.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2004, p. 1645).
CONCLUSÃO
Nesta lição vimos que o autor se vale de uma
metáfora — a maratona praticada no mundo antigo, para através dela contrastar a
grande corrida da fé. Quando alguns crentes davam sinais de cansaço e fadiga
espiritual, o autor de Hebreus exortava-os a imitar os grandes campeões da fé.
Ninguém vence uma corrida sem que para isso não tenha de se sacrificar. O
sofrimento é inevitável, mas o resultado alcançado por aqueles que ousam
perseverar é infinitamente recompensador.
“Metáfora é uma figura de linguagem onde se usa uma
palavra ou uma expressão em um sentido que não é muito comum, revelando uma
relação de semelhança entre dois termos. Metáfora é um termo que no latim,
"meta" significa “algo” e “phora” significa "sem sentido"”.
O autor de Hebreus usando a metáfora de uma maratona e de um estádio cheio de
torcedores, encorajou seus leitores a perseverar e manter-se fiéis, mesmo
diante das perseguições e provações. Ao longo do texto sagrado é constante a exortação:
Não desista! Mantenha a sua atenção na linha de chegada! Finalize a corrida
(1Co 9.24-27; Fp 3.13,14; 2Tm 4.7; Hb 12.1,2). Entenda que da mesma forma que
numa prova de maratona, a corrida espiritual que nos foi proposta precisa de
determinação. O sofrimento de um maratonista é o esgotamento físico, e ele se
sujeita a isso, com todos os riscos, por que tem um objeto. O maratonista
cristão tem seu foco, seu alvo, seu objetivo: o céu. “Quem nos separará do
amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a
nudez, ou o perigo, ou a espada?” (Rm 8.35). "Irmãos, quanto a mim, não
julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das
coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim,";
"Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em
Cristo Jesus" (Fp 3.13,14). Vivamos o hoje intensamente para
preparação do dia de amanhã, que não sabemos o que nos reserva, sabendo que
temos um Guia e Protetor que não deixará vacilar o nosso pé, nem dormirá na
vigia que faz ao nosso redor!
“Achando-se as tuas palavras, logo as
comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo
teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16),
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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