SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
A Antiga Aliança nos agracia com dádivas e
privilégios, mas exige também que tenhamos responsabilidades. Na lição de hoje,
nos voltaremos para esse aspecto, comparando ainda a Antiga com a Nova Aliança.
Inicialmente, reforçaremos as limitações dos sacrifícios da Antiga Aliança, em
seguida, ressaltaremos que o sacrifício de Jesus é suficiente para salvar o
pecador, e por fim, que a nova aliança nos coloca diante de responsabilidades,
a principal delas, a de viver para Deus, e para os outros, na prática da
comunhão.
1. AS LIMITAÇÕES DOS SACRIFÍCIOS DA ANTIGA ALIANÇA
Os sacrifícios da Antiga Aliança eram limitados,
isso porque aqueles não passavam de “sombra dos bens futuros” (Hb. 10.1). Jesus
é a realidade daquilo que era para os sacerdotes levitas apenas sombras, “não
era a imagem exata das coisas”. A Antiga Aliança serviu para preparar os
corações dos homens para a realidade. Os próprios rituais de sacrifício na
Antiga Aliança não cumpriam com eficácia a condição da consciência do pecado.
Por isso, precisavam ser repetidos continuamente, porque era “impossível que o
sangue dos touros e os bodes tire pecados” (Hb. 10.4). Eles eram apenas
temporários, e apontavam para um sacrifício perfeito, que seria realizado no
futuro, pelo Senhor e Salvador Jesus Cristo. O autor da Epístola recorre ao
Salmo 40, a fim de ressaltar a obediência do filho de Deus, como condição para
tal salvação. Nesse contexto, confiar na Antiga Aliança seria perpetuar a
condição de pecado, bem como uma consciência angustiada pela culpa. De modo que
Cristo não apenas retira o pecado, mas também favorece o pecador, dando-lhe uma
mente tranquila, por causa do perdão conferido.
2. O
SACRIFÍCIO DE CRISTO: irrepetível e suficiente
Não é mais necessária a repetição de sacrifícios,
seguindo os moldes da Antiga Aliança, pois a oblação de Jesus foi “feita uma
vez” (Hb. 10.10). Esse sacrifício, em virtude da sua perfeição, é capaz de justificar
o pecador, e não precisa mais ser continuado “cada dia” (Hb. 10.11). Jesus
ofereceu “um único sacrifício”, que é eternamente eficaz (Hb. 10.12), enquanto
que o sumo-sacerdote levítico adentrava aos Santos dos santos, uma vez por ano,
por ocasião da expiação. Cristo está agora “assentado para sempre à destra de
Deus” (Hb. 10.12), e por esse motivo, chegará o dia em que Ele será adorado por
todos, até que “seus inimigos sejam postos por escabelo dos seus pés” (Hb.
10.13). E por causa desse sacrifício, podemos ter segurança de que somos
alcançados pela graça de Deus. E mais que isso, que “nenhuma condenação há para
aqueles que estão em Cristo Jesus” (Rm. 8.35). Isso nos coloca debaixo de outra
condição, pois por meio do sacrifício de Cristo, desfrutamos de uma Nova
Aliança, anteriormente profetizada por Jeremias, ao declarar que chegaria o dia
no qual Deus faria uma nova aliança com o ser humano (Jr. 31.33). Como essa é
uma nova realidade, os sacrifícios levíticos se tornaram obsoletos, e não faz
sentido mais retornar a eles (Hb. 10.18).
3. DÁDIVAS E RESPONSABILIDADES DA NOVA ALIANÇA
Por causa da perfeição e suficiência do sacrifício
de Cristo, o cristão pode agora ter “ousadia para entrar no Santuário, pelo
sangue de Jesus” (Hb. 10.19). O termo ousadia nada tem a ver com irreverência,
trata-se de uma concessão nos dada graciosamente por Deus, através do sangue de
Jesus, para que possamos nos aproximar dEle. Essa aproximação é referida pelo
autor da Epístola como um “novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu,
isto é, pela sua carne” (Hb. 10.20). Jesus é o próprio Caminho, bem como a
Verdade e a Vida, ninguém vai ao Pai, a não ser por intermédio dEle (Jo. 14.6).
Esse é um Caminho Vivo porque Ele não é um sacrifício morto, antes ressuscitou
de entre os mortos, estando vivo para sempre. E por causa dele, podemos nos
achegar com “verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo o coração
purificado da má consciência” (Hb. 10.20). Isso tem a ver com o sacerdócio dos
crentes, pois agora podemos adentrar ao Santos dos santos, nos aproximando de
Deus (Hb. 10.21,22). E porque Deus é fiel, podemos também reter a “confiança da
nossa esperança, porque fiel é o que nos prometeu” (Hb. 10.23).
CONCLUSÃO
Como resultado da condição que nos foi dada pela
Nova Aliança, devemos considerar “uns aos outros, para nos estimularmos à
caridade e às boas obras, não deixando a nossa congregação, como é costume de
alguns, antes admoestando-nos uns aos outros, e tanto mais quanto vedes que se
vai aproximando aquele Dia” (Hb. 10.24,25). A igreja, ainda que seja
imperfeita, é o contexto no qual cultivamos a koinonia, e exercitamos o genuíno
amor cristão, demonstrado por meio do sacrifício.
Prof. Ev. José
Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
O autor sagrado está próximo de concluir a sua argumentação
acerca do sacerdócio e do sacrifício de Cristo. A seção de Hebreus 10.1-18 é
reservada por ele para lembrar, reforçar e concluir os argumentos anteriormente
expostos sobre a singularidade e a eficiência da obra expiatória de Jesus
Cristo. Tendo feito isso, ele destaca inúmeros privilégios desfrutados pelos
crentes que só se tornaram possíveis graças à superioridade da Nova Aliança. O
acesso direto à presença de Deus, graças à mediação de Cristo, constitui o
maior deles. Mas ao mesmo tempo em que destaca as bênçãos da nova vida em
Cristo, o autor também chama a atenção para as responsabilidades que derivam
dela.
Do que precisa o pecador? Ele precisa ser perdoado e
purificado da culpa por seus pecados. Mas o perdão requer um sacrifício que
seja capaz de satisfazer as exigências da justiça. A lei de Moisés não podia
prover um sacrifício como esse. Sob aquela lei, o sangue dos animais era
oferecido a Deus, mas o autor de Hebreus observa que tal sangue “não podia
tirar meus pecados” (10.4,11). Matthew Henry (1662-1714) comentando Hb 10.25,
escreve: “Havendo terminado a primeira parte da epístola, o apóstolo aplica
a doutrina a propósitos práticos. Como os crentes tinham o caminho aberto à
presença de Deus, então lhes convinha usar este privilégio. O caminho e os
meios pelos quais os cristãos desfrutam destes privilégios passa pelo sangue de
Jesus, pelo mérito desse sangue que Ele ofereceu como sacrifício expiatório. O
acordo da santidade infinita com a misericórdia que perdoa não foi entendido
claramente até que a natureza humana de Cristo, o Filho de Deus, foi ferida e
moída pelas nossas iniquidades. Nosso caminho ao céu passa pelo Salvador
crucificado; sua morte é para nós o caminho de vida e para os que creem nisto,
Ele é precioso”. A repetição constante dos sacrifícios era uma lembrança
contínua de que não eram adequados à remissão de pecados (10.1-3). Contudo,
esses sacrifícios de animais eram “sombras” do sacrifício perfeito que seria
oferecido por Jesus (10.1).
I. A DÁDIVA
DA NOVA ALIANÇA
1. Uma única oferta.
O Antigo Testamento põe em destaque as centenas de sacrifícios que eram
realizados ano após ano no culto judaico. A quantidade de animais mortos nessas
celebrações impressionava. Especialistas em cultura judaica, e na língua
hebraica, afirmam que houve situações nas quais os filhos de Arão se gabavam de
ficar cobertos de sangue sacrifical até os tornozelos. Em História dos Hebreus
(CPAD), no livro “Guerras Judaicas”, o historiador Flávio Josefo fala em
centenas de milhares desses sacrifícios. Para o autor de Hebreus, esses
sacrifícios não passavam de uma sombra da qual Cristo era a realidade (Hb
10.1). Cristo, com uma única oferta, realizou a obra da redenção (Hb 10.14).
Deus não se alegrava com os sacrifícios oferecidos
sob a lei de Moisés, no sentido em que eles eram inadequados para pagar a pena
pelos pecados cometidos. Jesus, contudo, veio a este mundo e foi totalmente
obediente ao Pai (10.9). Como resultado, ele foi capaz de oferecer a si mesmo,
isto é, uma vida imaculada pelo pecado, como um sacrifício perfeito. Diferente
dos sacrifícios do Velho Testamento, Jesus ofereceu a si mesmo uma única vez,
porque seu sacrifício garantia a remissão dos pecados (10.10-12,14,18). Sob a
lei de Moisés, somente ao sumo sacerdote era permitido entrar na parte do
tabernáculo conhecida como o Santo dos Santos, e ele tinha que ser
cerimonialmente purificado antes que pudesse entrar na presença de Deus ali. O
sacrifício de Jesus tornou possível para nós nos aproximarmos de Deus, e
finalmente entrar ousadamente no próprio céu, purificados pelo sangue de Jesus
Cristo de todos os nossos pecados (10.19-22; veja 9.24-26). É importante que
nos encorajemos uns aos outros para permanecermos firmes em nossa esperança de
entrar na presença de Deus no céu. O Senhor deseja que os cristãos se reúnam
regularmente de modo a encorajar uns aos outros ao amor e às boas obras. O
escritor de Hebreus observa que alguns cristãos tinham parado de se reunir com
os outros santos (10.23-25). Se nós, que fomos santificados pelo sangue de
Jesus através de nossa obediência ao evangelho, mais tarde rejeitarmos seu
sacrifício e retornarmos ao mundo ou mesmo à lei de Moisés, o que mais ficará
como sacrifício pelo pecado? Absolutamente nada! Quando os israelitas
rejeitavam a lei de Moisés, o castigo era certo (10.28). O que fará Deus com
aqueles que rejeitam o sacrifício perfeito de Jesus, seu Filho unigênito? O
castigo será ainda mais certo e horrível (10.26-31). Temos que permanecer fiéis
até o fim, apesar da perseguição e tribulação. Os cristãos que receberam
primeiro esta epístola tinham sofrido no passado; o escritor inspirado
encoraja-os a não desistir para que possam receber a promessa (10.32-36). Mais
uma vez ele afirma não somente que é possível afastar-se de Cristo, mas também
que essa pessoa será perdida (10.39).
2. Um único
ofertante. A oferta foi única, o
ofertante também (Hb 10.12). Aqui, como já havia feito anteriormente, o autor
destaca o ofício de Cristo como sacerdote e rei. Este é o diferencial entre o
sistema sacerdotal do leviticalismo e o do cristianismo. À semelhança de
Melquisedeque, Cristo não apenas oficia como sacerdote, mas também governa como
rei. Depois de fazer a purificação do pecado com seu próprio sangue, Ele, agora
como rei, assentou-se à direita de Deus (Hb 1.3).
Se os leitores judeus deste livro estavam em perigo
de que voltassem para sistema judeu antigo, seria dizer que o sacrifício de
Cristo não era suficiente para perdoar seus pecados. Acrescentar algo a seu
sacrifício ou tirar algo dele é negar sua validez. Qualquer sistema que
pretenda ganhar a aprovação de Deus mediante boas obras essencialmente rechaça
o significado da morte de Cristo e nega a obra do Espírito Santo. Esteja
preparado no caso de alguém lhe diz que o sacrifício de Cristo é incompleto ou
que se necessita algo mais para que você possa ser aceito diante de Deus.
Quando acreditam em Cristo, O nos justifica ante Deus. Nossa relação de amor
nos conduz a segui-lo em obediência a sua vontade e em serviço. O se agrada de
nosso serviço, mas não podemos ser salvos pelas boas obras. Cristo cumpriu
todos desígnios divinos no intuito de salvar o homem da perdição eterna. Sua
morte foi prova inconteste da sua total resignação, obediência e submissão à
vontade de Deus. Ele afirmou: “Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua
vontade”. Trata-se de uma lição de valor espiritual inigualável para todos nós:
Jesus, sendo Deus, voluntariamente despojou-se de sua glória, e apresentou-se
ao Pai na disposição irrestrita de cumprir cabalmente o plano divino de
redenção da humanidade (ver Fp 2.5-8).
3. Uma única vez. Uma única oferta feita uma única vez por um único sumo
sacerdote (Hb 10.10)! Um dos pontos mais destacados na epístola pelo autor de
Hebreus foi o caráter único do sacrifício de Cristo. Enquanto os sacrifícios da
Antiga Aliança necessitavam ser frequentemente repetidos, o sacrifício de
Cristo foi feito uma única vez em favor de todos os homens. Esse fato demonstra
inequivocamente, que por um lado, os sacrifícios de animais eram imperfeitos e
jamais poderiam aperfeiçoar alguém; e que por outro, deixa claro que somente o
sangue de Cristo pode satisfazer a justiça de Deus.
Oblações eram ofertas incruentas (sem sangue),
inanimadas, oferecidas a Deus tais como: vinho, azeite, flor de farinha, etc.
Se de um lado, Cristo ofereceu seu próprio sangue como holocausto em nosso
favor, por outro, Ele foi aceito como oferta de cheiro suave a Deus, “feita uma
vez”, de modo que, em Cristo, somos aceitos por Deus. Matthew Henry (1662-1714)
comentando Hb 10.10, diz: “Tendo mostrado que o tabernáculo e as ordenanças da aliança do Sinai eram
somente emblemas e tipos do Evangelho, o apóstolo conclui que os sacrifícios
que os sumos sacerdotes ofereciam continuamente não podiam aperfeiçoar os
adoradores Enquanto ao perdão e a purificação de suas consciências, mas quando
"Deus manifestado em carne" se fez sacrifício, e o resgate foi sua
morte no madeiro maldito, então, por ser de infinito valor quem sofreu, seus
sofrimentos voluntários foram de infinito valor. O sacrifício expiatório deve
ser capaz de consentimento, e deve ser colocado pela própria vontade no lugar
do pecador: Cristo fez assim. A fonte de tudo isso que Cristo tem feito por seu
povo é a soberana vontade e graça de Deus. a justiça introduzida e o sacrifício
oferecido uma só vez por Cristo são de poder eterno, e sua salvação nunca será
eliminada. São de poder para fazer perfeitos a todos os que vão até Ele; eles
obtêm do sangue expiatório a força e os motivos para obedecer e para o consolo
interior”. Deus não se
alegrava com os sacrifícios oferecidos sob a lei de Moisés, no sentido em que
eles eram inadequados para pagar a pena pelos pecados cometidos. Jesus,
contudo, veio a este mundo e foi totalmente obediente ao Pai (10.9). Como
resultado, ele foi capaz de oferecer a si mesmo, isto é, uma vida imaculada
pelo pecado, como um sacrifício perfeito. Diferente dos sacrifícios do Velho
Testamento, Jesus ofereceu a si mesmo uma única vez, porque seu sacrifício
garantia a remissão dos pecados (10.10-12,14,18).
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Quando as pessoas se reuniam para a oferta de
sacrifícios no Dia da Expiação, elas eram lembradas dos seus pecados, e sem
dúvida se sentiam culpadas novamente. O que elas mais precisavam era do perdão
— o perdão permanente e poderoso que destrói o pecado, o perdão que temos em
Cristo. Quando confessamos um pecado a Ele, não precisamos pensar nesse pecado
nunca mais.
Os sacrifícios de animais não podiam remover os
pecados; eles forneciam apenas uma forma temporária de lidar com o pecado até
que Jesus viesse para lidar com o pecado de forma permanente. Como, então, as
pessoas eram perdoadas nos tempos do Antigo Testamento? Pelo fato de os crentes
do Antigo Testamento seguirem o mandamento de Deus sobre a oferta de
sacrifícios, Deus lhes perdoava quando realizavam seus sacrifícios movidos pela
fé. Mas essa prática aguardava, com expectativa, o sacrifício perfeito de Cristo.
O modo de Cristo é superior à maneira do Antigo Testamento porque o mundo
antigo apenas apontava para a obra excelente que Cristo faria para remover os
pecados” (Bíblia de Estudo Cronológica
Aplicação Pessoal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p. 1798).
II. OS
PRIVILÉGIOS DA NOVA ALIANÇA
1. Regeneração. No capítulo oito o autor já havia contrastado a Antiga
Aliança com a Nova, levando em conta o seu aspecto cerimonial e ritual. Os
inúmeros sacrifícios e rituais jamais puderam produzir mudança interna. A
santificação no Antigo Pacto se dava mais no aspecto cerimonial. Todavia, a
grandeza da Nova Aliança está na mudança interna que ela produz, isto é, no
coração (Hb 10.16). O apóstolo Paulo disse o mesmo com outras palavras (Rm
2.29).
Regeneração é o ato realizado só por Deus, no qual
ele renova o coração humano, fazendo-o reviver depois de estar morto. Na
regeneração, Deus age no âmago, no ponto mais fundamental da pessoa humana.
Isso significa que não há preparação nem disposição precedente da parte do
pecador que solicite ou contribua para a nova vida que lhe é dada por Deus. A
regeneração é o dom da graça de Deus; é a obra imediata, sobrenatural do
Espírito Santo, realizada em nós. Seu efeito é fazer com que nós, da morte espiritual,
passemos à vida espiritual. Muda a disposição de nossa alma, inclinando nosso
coração para Deus. O fruto da regeneração é a fé. A regeneração antecede a fé.
Sobre Deus escrevendo sua Lei no coração do homem veja Jr 31.33-34 (cf. Hb
8.8-12). Na época da monarquia de Israel (1030-587) a relação entre Deus e o
povo passou a ser vista como um pacto de mútuo amor e fidelidade. Mas não como
um pacto entre duas partes iguais, pois a iniciativa cabe unicamente a Deus. É
ele quem escolhe gratuitamente Israel como seu povo. Em virtude desta eleição e
aliança, Israel contrai obrigações.
2. Adoração. O autor sacro já havia destacado que a adoração na Antiga
Aliança era imperfeita porque poucos tinham acesso à presença de Deus. O povo
era representado pelos sacerdotes e, uma vez no ano, pelo sumo sacerdote. Não
era uma adoração em espírito e em verdade (Jo 4.23). Todavia, o autor revela
que esse fato mudou. No Novo Concerto o próprio crente tem acesso ao lugar mais
íntimo do santuário por intermédio de Cristo Jesus, o perfeito sumo sacerdote
(Hb 10.19). A única atitude necessária destacada pelo autor é a de chegarmos a
Deus “com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações
purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa” (Hb 10.22).
O Lugar Santíssimo do templo ficava oculto da vista
por um véu (10.20). Só o sumo sacerdote podia entrar nessa habitação Santa, e o
fazia uma só vez ao ano no dia da expiação, quando oferecia sacrifícios pelos
pecados da nação. Mas a morte de Cristo rasgou o véu, e todos os crentes podem
entrar na presença de Deus em todo momento (veja-se também 6.19,20). Como
escreve o Prof Luiz Henrique: “É com base em tudo quanto foi dito acerca do
Sumo Sacerdote e Sua oferta eficaz que a declaração no presente versículo pode
ser feita. Tendo... intrepidez é declarado como um fato. Tendo em vista tudo
quanto Cristo já fez e agora é, não há razão porque todos os crentes não possam
aproximar-se com confiança. No curso da sua exposição acerca do Sumo Sacerdote,
o escritor lembrou os leitores da sua confiança em Cristo (3.6; 4.16). A
palavra aqui traduzida intrepidez (parrèsia) é a palavra para a “confiança” que
o Novo Testamento geralmente relaciona com a liberdade do homem por causa do
seu novo relacionamento com Deus. Esta confiança aqui é especificamente
relacionada com a abordagem a Deus, com a entrada no Santo dos Santos,
entendido como símbolo da presença de Deus. É um quadro de todos os crentes,
que agora têm um convite para entrarem no Santo dos Santos, já não reservado
para o sacerdócio. Está escrito que a via de aproximação é pelo sangue de
Jesus, que aqui resume tudo quanto Jesus fez por nós ao oferecer-Se a Si mesmo.
O Santo dos Santos já não está mais separado para a realização contínua dos
sacrifícios. Está totalmente aberto por causa da oferta perfeita já feita. Deve
ser notado, porém, que o acesso está disponível somente àqueles que são
classificados como irmãos, àqueles que, segundo 3.1: “participam da vocação
celestial.” É importante notar que aqueles que descobrem uma nova abordagem a
Deus mediante Jesus Cristo também descobrem um novo relacionamento uns com os
outros”. Donald Guthrie em Introdução e Comentário à Carta aos Hebreus
(VIDA), comenta Hb 10.22 assim: “É aqui que chegamos à exortação principal
nesta Epístola. É expressa em três etapas: aproximemo-nos (v. 22), guardemos
firme (v. 23) e consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao
amor e às boas obras (v. 24). A primeira exortação refere-se à devoção pessoal,
a segunda à consistência, e a terceira às obrigações sociais. Esta não é a
primeira vez que os leitores são exortados a aproximar-se, porque uma
declaração semelhante é feita em 4.16 antes da discussão sobre a obra
sumo-sacerdotal de Jesus ter começado. A repetição da mesma idéia visa a
ênfase. Tendo em vista tudo quanto foi dito na passagem interveniente, há tanto
mais razão para exortar os adoradores a se aproximarem. Quatro condições de
aproximação são definidas neste versículo: (i) Com sincero coração. Se o
adjetivo for entendido no mesmo sentido que em 8.2, refere-se àquilo que é real
em contraste com aquilo que é apenas aparente. Não pode haver fingimento de uma
devoção que não é verídica. A expressão, segundo parece, refere-se à realidade
da aproximação a Deus feita pelo adorador. (ii) Em (en) plena certeza da fé.
Alguma ênfase já tem sido dada à fé nesta Epístola, e haverá mais no capítulo
11. Esta plena certeza é importante, porque já não há razão alguma para duvidar
que o acesso será obtido. O escritor não somente é claro quanto à possibilidade
da plena certeza, como também toma por certo que ela está presente em todos os
adoradores que fazem uso do “novo caminho.” O uso da preposição (en) realmente
sugere que esta certeza da fé é a esfera ou ambiente em que a aproximação deve
ser feita. (iii) Tendo os corações purificados de má consciência. Sem dúvida, a
metáfora da aspersão (aqui purificação) é derivada do culto ritual levítico,
onde é mencionado o sangue aspergido sobre o povo como ratificação da antiga
aliança (Êx 24.8) e na ocasião da consagração de Arão e dos seus filhos (Êx
29.21). Não há menção específica ali, como há aqui, da purificação da
consciência. Mas o meio totalmente mais eficaz de purificação, que os cristãos
possuem, relaciona-se diretamente com a consciência. É mais do que um ato
ritual; é uma condição moral. (iv) E lavado o corpo com água pura. Parece
tratar-se de uma alusão ao batismo cristão, embora este ponto de vista não
esteja sem dificuldades. Se for correta, exigiria algum rito iniciatório de
natureza pública antes de alguém poder aproximar-se. Mas visto que as demais
condições não são externas, parece estranho que a quarta condição o seja. A
lavagem do corpo talvez ache alguma explicação em Efésios 5.26 onde está
escrito que Cristo purificou a igreja “por meio da lavagem de água pela
palavra,” que é mais intelegivelmente interpretado num sentido espiritual. O
uso do adjetivo “pura” também pareceria sugerir um significado simbólico. A
diferença entre (iii) e (iv) seria, portanto, entre a pureza das atitudes
internas e a dos atos manifestos”. (A carta aos Hebreus - Introdução e Comentário por Donald Guthrie -
Sociedade Religiosa Edições Vida Nova e Associação Religiosa Editora Mundo
Cristão)
3. Comunhão. O conceito de Igreja como Corpo vivo de Cristo aparece no
pensamento do autor de Hebreus. Embora o antigo povo formasse uma “congregação
no deserto”, ele não era uma igreja no sentido neotestamentário. A existência
da Igreja só se tornou possível depois do Calvário. Como Igreja, os cristãos
podem desfrutar da perfeita comunhão com Cristo e uns com os outros. Sem
comunhão, sem congregação, não há igreja. Ninguém consegue ser crente isolado
ou sozinho. Por isso, o “congregar” é importantíssimo para a saúde espiritual
do crente (Hb 10.24,25).
O que a maioria das pessoas conhece como a Igreja, a
Bíblia descreve como mistério. Em Efésios 3.9-10, Paulo escreve a respeito
“deste mistério que, durante as épocas passadas, foi mantido oculto em Deus,
que criou todas as coisas. Alguns daqueles crentes hebreus estavam voltando
para o judaísmo, deixando assim a sua própria congregação. Outros haviam se
desviado totalmente, voltando-se para o mundo. E não satisfeitos, começaram a
ridiculizar o Filho de Deus, expondo sua obra redentora ao vitupério, conforme
fica subentendido nos versículos que se seguem. Parece-nos que tal fracasso em
suas vidas foi desencadeado por um lento processo, começando pela “negligência”
(5.11). O isolamento da igreja e da comunidade traz prejuízo tanto para o
cristão como para a igreja, que fica privada da presença de um de seus filhos.
Evidentemente, é importante que não deixemos a congregação a que pertencemos,
seja ela grande ou pequena, rica ou pobre, próxima ou distante. Ali foi o lugar
escolhido por Deus para que glorifiquemos o seu nome e exerçamos nossas
pequenas ou grandes atividades (cf. Dt 12.5-7)
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Reproduza o esquema abaixo no quadro. Depois inicie
a explicação do segundo tópico da lição fazendo a seguinte indagação: “Quais os
privilégios da Nova Aliança?” Ouça os alunos com atenção e incentive a
participação de todos. Em seguida utilize o quadro para mostrar aos alunos alguns
dos muitos privilégios alcançados pela Nova Aliança
III. AS
RESPONSABILIDADES DA NOVA ALIANÇA
1. Vigilância. O autor volta às exortações feitas nos capítulos dois e
seis. Não há dúvida de que ele acreditava que um cristão genuíno pode decair da
graça, senão, não teria sentido algum seu duro tom exortativo. Primeiramente,
ele aconselha o crente a se firmar na fé (Hb 10.23). O autor já havia usado a
palavra “reter” (gr. katecheo) duas outras vezes (Hb 3.6,14). Essa palavra é
usada em Lucas 8.15 (ARA) para os que “retêm a palavra” a fim de não se
desviarem dela. Esse apego era justificado segundo a pergunta retórica do
autor: “Quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que
pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com que foi
santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?” (Hb 10.29). Há um preço alto
quando nos falta a vigilância.
Severino Pedro da Silva em Série Comentário Bíblico
– Hebreus – As coisas novas e grandes que Deus preparou para você (CPAD),
escreve: “A nossa confiança em reter
firme a nossa confissão de fé em Deus e no sacrifício expiatório de Cristo
repousa no fato de que aquEle que nos prometeu a entrada em seu Reino eterno
"... é fiel”. Portanto, esta “... esperança não traz confusão, porquanto o
amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi
dado” (Rm 5.5). A verdadeira esperança cristã é a vida eterna que alcançará
todo aquele que nela perseverar. Porém, na presente era, já temos "... a
promessa da vida presente e da que há de vir” (I Tm 4.8). Em outras palavras,
“... quem ouve a minha palavra [disse Jesus] e crê naquele que me enviou tem a
vida eterna...” (Jo 5.24). Esta é a promessa da “vida presente” (que pode ser
material e espiritual), confirmada na extensão da vida humana até a sua chegada
final, por meio da perseverança, conforme está escrito: “aquele que perseverar
até ao fim será salvo” (Mt 24.13).”
2. Confiança. Com o objetivo de animar a fé dos crentes, o autor faz
menção ao histórico da vida deles. Eles haviam experimentado sofrimento,
abandono e até mesmo a espoliação; contudo, permaneceram firmes. O que estava,
portanto, acontecendo agora? Aquela mesma confiança que haviam tido no passado
deveria continuar como um sólido fundamento (Hb 10.35). Quando o cristão perde
a capacidade de confiar, ele perde a motivação pelas coisas celestiais. O céu é
para quem tem esperança!
O escritor anima a seus leitores a não abandonar a
fé em tempos de perseguição, a não ser a demonstrar mediante a paciência que
essa fé é verdadeira. A fé significa depender do que Cristo tem feito por nós
no passado, mas também significa esperar o que fará em nosso favor no presente
e no futuro (vejam-se Rm 8:12-25; Gl 3:10-13).(Comentário Biblia del Diario Vivir - Editora: THOMAS NELSON). Severino Pedro da Silva em
obra já citada, escreve: “Desde a Igreja Primitiva e nos séculos que se
seguiram, muitos cristãos perderam tudo o que possuíam por causa de sua fé.
Porém, seus olhos estavam fixados numa recompensa maior e mais valiosa, porque
não era terrena, e sim, eterna. O próprio Deus é a recompensa grandiosa de seu
povo; foi assim que Ele se apresentou a Abraão, quando este temeu a perda de
seus bens por causa de sua fé. “Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, o teu
grandíssimo galardão” (Gn 15.1). Cristo e a sua glória, bem como as suas
riquezas, é uma recompensa sem igual, que ultrapassa todos os limites
passageiros dos bens desta vida, não podendo ser expressada pela linguagem
humana. “... como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não
ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o
amam” (I Co 2.9).”
3. Perseverança. O autor conclui o capítulo mostrando que na jornada
cristã o crente precisa de paciência (Hb 10.36). A palavra grega hypomoné
ocorre 32 vezes em o Novo Testamento com o sentido de “paciência” e
“perseverança”. Essa palavra aparece também em Lucas 8.15, referindo-se ao
crente que produz fruto com perseverança. O discipulado cristão, bem como a
produção de frutos, demanda tempo. E para alcançar as promessas de Deus é
preciso perseverar até o fim.
O autor de Hebreus faz uma citação do profeta
Habacuque, quando Deus exortou seu povo quanto à paciência, dizendo que seu
juízo sobre os caldeus dar-se-ia no tempo determinado (Hc 2.3). Esta promessa
divina é de igual modo aplicada com respeito a estes cristãos hebreus, quando o
apóstolo Paulo nos diz que num futuro mui breve Deus cumpriria sua promessa de
vingança para com seus inimigos e de recompensa para seus santos (cf. 2Ts
1.610). A vinda de Jesus terminaria com todo e qualquer sofrimento humano.
Restava, portanto, para eles e para nós, um pouco de paciência até que Jesus
volte, conforme fica demonstrado nos versículos seguintes. Todavia, a
necessidade de paciência não deve somente envolver a esperança da vinda de
nosso Senhor, mas ela deve estar presente em outros sofrimentos que acompanham
a vida humana (cf. Tg 5.11).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“O autor de Hebreus faz uma série de exortações e
uma delas é: ‘Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança’ (Hb 10.23). O
autor retorna à sua preocupação pelos leitores, que estão em perigo de se
afastar de sua fé e da confissão da esperança em Cristo (cf. 2.1-3; 3.12-14;
4.1; 6.4-6; 10.26-31). ‘Reter firme’ significa literalmente não se desviar nem
para um lado nem para o outro’, e deste modo significa estar ‘firme’,
‘estável’, ‘inabalável’. Para os leitores, reter firme sua ‘esperança’ em
Cristo como judeus convertidos incluía permanecerem firmes em sua fé, crendo
que Jesus Cristo é o seu sacrifício pelo pecado e o seu sumo sacerdote diante
de Deus. A ‘esperança’, porém, é mais abrangente do que a ‘fé’, porque inclui
as promessas específicas de Deus sobre o futuro. O incentivo mais forte
possível para continuarem em direção à esperança é o caráter fidedigno de Deus:
‘Porque fiel é o que prometeu’. Nossa esperança é baseada na promessa infalível
de Deus; porque não apreciamos e confessamos isto confiante e ousadamente.
Outra exortação importante é: ‘Consideremo-nos uns
aos outros, para nos estimularmos à caridade [ou ao amor] e às boas obras’ (Hb 10.24). Este verso
enfoca o ‘amor’ (Hb 10.24,25), que completa a tríade com a fé (Hb 10.22) e a
esperança (Hb 10.23). Os cristãos devem encorajar-se mutuamente e
estimularem-se uns aos outros (‘incitar’, ‘provocar’) às expressões práticas do
amor. O objetivo desta ação é o aumento e o aprofundamento do ‘amor e das boas
obras’ em meio aos crentes. O amor deve ter ‘um resultado prático’ e ‘uma
expressão tangível’” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo
Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 1602).
CONCLUSÃO
Chegamos ao final de mais uma
lição. Observamos que o autor, neste capítulo, praticamente exauriu o assunto
em torno do sacerdócio de Cristo. A comparação detalhada que ele fez entre os
dois pactos, a Antiga e a Nova Aliança, serviu para mostrar a superioridade
desta última. Cristo tornou possível o que na Antiga Aliança era apenas uma
promessa. Todavia, o cristão não deve se acomodar nem tampouco negligenciar a
Nova Aliança, abusando do poder da graça de Deus. Em vez disso, ele deve
demonstrar vigilância e perseverança no caminhar com Cristo.
Jesus é o nosso misericordioso e fiel sumo
sacerdote (Hb 2.17). Com exceção do pecado, Ele participou integralmente de
nossa natureza e fragilidades humanas: fome, sede, cansaço (Mt 21.18; Mc 4.38;
Jo 4.6; 19.28). Ele sofreu, chorou e angustiou-se (Mt 26.37; Lc 19.41; Hb
13.12). Era "homem de dores, experimentado nos trabalhos e, como um de
quem os homens escondiam o rosto, era desprezado" (Is 53.3). Ele em tudo
foi tentado (Mt 4.1-10; Hb 2.18; 4.15). Qual a razão de tanto sofrimento?
Hebreus 4.15 responde: "Porque não temos um sumo sacerdote que não possa
compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi
tentado, mas sem pecado" (cf. Hb 2.18). Eis o motivo pelo qual o Filho do
Altíssimo aceitou tal fardo: socorrer o crente na tentação e nas vicissitudes.
Clame ao Senhor! Ele conhece o teu padecer! A Antiga Aliança implicava
mandamentos, estatutos e juízos, os quais não foram observados pelo povo
escolhido. Era um concerto transitório, como indica o escritor: “Porque se
aquele primeiro fora irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para o
segundo” (v.7). Diante disso, JESUS trouxe uma Nova Aliança, que se
estabeleceu, não em atos exteriores, rituais, mas no interior do homem, no
entendimento e no coração. Por isso, é um melhor concerto. Que o Senhor nos
faça entender esse tema, e que o valorizemos em nossa vida cristã!
“...Ele é poderoso para salvar definitivamente
aqueles que, por intermédio dele achegam-se a Deus, pois vive sempre para
interceder por eles” (Hebreus 7.25)
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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