sexta-feira, 30 de março de 2018

LIÇÃO 1: O QUE É ÉTICA CRISTÃ



SUBSÍDIO I

Prezado professor, prezada professora, 

Vivemos no século XXI. A Igreja de Cristo vem sendo desafiada em sua ética e virtudes cristãs. Leis são propostas todos os dias pelo atual sistema mundano de vida a fim de fazer com que a Igreja esteja confinada nos lares de seus membros, e ignorada no debate público. A Ética Cristã é tolerada desde que não incomode o status quor de uma sociedade que se acha humanista e progressista.
Ensinar aos cristãos sobre a fundamentação ética que represente e transpareça as virtudes do Reino de Deus é o propósito deste trimestre. Neste aspecto, os Dez Mandamentos, os escritos proféticos, os Evangelhos, o Sermão do Monte e as cartas paulinas se mostram fundamentais para a ética dos cristãos. 
A Igreja de Cristo não deve temer o tempo presente. Da mesma forma, os cristãos do passado eram perseguidos, afrontados e muitas vezes humilhados por causa da sua fé. Diferentemente daquele tempo, a perseguição hoje é ideológico-intelectual. Por isso, não podemos deixar de ser sal da terra e luz do mundo. 

O que é Ética Cristã?

Historicamente o conceito de ética surgiu na Grécia antiga, período que coincide com o século IV a.C. Na prática, a ética sempre fez parte do dia a dia da humanidade. Quando os códigos ainda não estavam escritos e positivados, a própria consciência estabelecia a ética a ser observada (Rm 2.14,15). As Sagradas Escrituras contêm os fundamentos da ética para a sociedade humana. No Antigo Testamento, Deus revelou instruções éticas específicas. Nos Evangelhos, encontramos os ensinamentos éticos de Jesus. Nas epístolas neotestamentárias, o tema está amplamente registrado. 
O filósofo e educador Cortella (1954-) apresenta uma definição para ética que em muito se assemelha com os textos bíblicos: 
Ética é o conjunto de valores e princípios que usamos para responder a três grandes questões da vida: 1. quero? 2. devo? e 3. posso? Nem tudo que eu quero eu posso; nem tudo que eu posso eu devo; e nem tudo que eu devo eu quero. Você tem paz de espírito quando aquilo que você quer é ao mesmo tempo o que você pode e o que você deve. (CORTELLA, 2014)
De fato, de maneira simples e genérica, a ética cristã está relacionada às respostas de tais questões. O apóstolo Paulo, de certo modo, ensina a prática da ética, sob esses aspectos: o que quero, devo e posso. Ele afirma que tudo é lícito, mas que nem tudo convêm e nem tudo edifica, portanto, o cristão não pode e nem deve se deixar dominar por aquilo que foge da ética cristã (1 Co 6.12).

1. Definição Geral

A palavra “ética” possui origem no vocábulo grego ethos, que literalmente significa “costumes” ou “hábitos”. No latim, é usado o termo correspondente mos (moral) com o sentido de “normas” ou “regras”. Assim, “ética e moral referem-se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade e que, como tais, são considerados valores e obrigações para a conduta de seus membros” (CHAUÍ, 1995, p. 340). Como esses termos, “ética” e “moral”, são muito próximos, eles são muitas vezes confundidos e usados como sinônimos. No entanto, para fins didáticos e acadêmicos, é possível defini-los separadamente.

2. Ética e Moral

A ética enquanto ciência pode ser entendida como a parte da filosofia que investiga os fundamentos da moral adotados por uma cultura. Foram os filósofos gregos que começaram a estudar esses fundamentos para então “identificar” uma pessoa como sendo boa ou má e também um ato como sendo bom ou mau. A partir desses fundamentos, alguém pode ser classificado como “ético” ou “antiético”.
Pode-se afirmar, por exemplo, que a ética de Platão (427-347 a.C.) era “transcendente” e “deontológica”. Essa teoria acredita que a noção do correto é algo moralmente bom em si mesmo. Nesse caso, a fundamentação do certo e do errado está ligada ao bem-estar da alma, um estado inerente ao ser humano e procedente de um mundo superior. Aqui o homem obedece ao dever, independentemente das consequências que a obediência pode resultar para si ou para os outros (PALLISTER, 2005, p. 20).
Em contrapartida, com Aristóteles (384-322 a.C.) surgiu a ética “imanente” e “teleológica” ou “utilitária”. Essa teoria argumenta que o correto só pode ser definido a partir das consequências que um ato ou uma ação possa produzir. Aqui a fundamentação do certo e o errado procedem do mundo dos homens e depende apenas da utilidade e do bem-estar que as ações do indivíduo podem resultar para si ou para os outros. 
A moral, por sua vez, refere-se ao comportamento das pessoas e às reações dos indivíduos que compõem uma sociedade em relação às regras estabelecidas pela ética. Como observado, essas regras podem ser diferentes de uma cultura para outra e ainda podem ser modificadas de acordo com as transformações vividas pelos grupos sociais. Tudo depende da fonte de autoridade que lhes serve de fundamento para os padrões de conduta.
Quando se analisa as teorias éticas acima discutidas, percebe-se que na “deontológica” é o princípio da ação moral que é bom ou mau independentemente do seu resultado. Já na teoria “teleológica”, o princípio moral é substituído pela previsão racional das vantagens e desvantagens que determinada ação pode produzir. No primeiro caso, os atos morais, mesmo corretos, podem prejudicar a si e ao outro. No segundo caso, a moral se relativiza, busca não se prejudicar evitando o sofrimento, e assim pode servir para legitimar a máxima que diz “os fins justificam os meios”.

 Texto extraído da obra “Valores Cristãos: Enfrentando as questões morais do nosso tempo”, editora CPAD.

O que é Ética Cristã

Corrupção, degradação dos valores interiores, relativização da vida humana. As questões são muitas. Os desafios, tensos. Não poucos cristãos se veem na encruzilhada da ética. Por exemplo, diante de uma gravidez, quando se recebe um diagnóstico assustador acerca do bebê, é possível continuar a crer na sacralidade da vida? Ou diante do sonho da maternidade é possível continuar ético e bíblico para não manipular diversos embriões (sabendo que na fertilização in vitro a maioria dos embriões se perde) em nome desse sonho? A resposta para essas e outras perguntas dependerá da convicção ética que a pessoa tem segundo as Sagradas Escrituras.
Neste trimestre, o tema da Ética é o objeto do nosso estudo. Como introdução ao assunto, é importante o prezado professor, a prezada professora, procurar dominar os conceitos de “ética” e de “moral”, distinguindo-os com clareza. Aqui, podemos iniciar esse trabalho com o auxílio do filósofo cristão norte-americano, Arthur Holmes, que descreve a ética da seguinte forma: “a ética trata do bem (isso é, dos valores e virtudes que devemos cultivar) e do direito (isso é, de quais devem ser as nossas obrigações morais). Ela avalia pontos de vista alternativos do que é o bem e o direito; explora caminhos para alcançarmos o conhecimento moral de que necessitamos; indaga por que devemos agir com correção e, a partir daí, conduz a problemas morais práticos, que estimulam a assim pensarmos prioritariamente” (Ética: As decisões morais à luz da Bíblia, CPAD, p.10). A partir dessa descrição podemos perceber que a questão da moral, diferentemente da “ética”, se atém à prática das ações do bem viver. Nesse sentido, a ética aponta para as práticas virtuosas, ou seja, ela fundamenta a moral.
No caso da Ética Cristã, seu objeto de reflexão susta-se de acordo com os princípios morais desenvolvidos ao longo das Escrituras. A lei moral que promana da Bíblia é refletida hoje em nossa sociedade; ou seja, os princípios morais postos nas Escrituras, e manifestos por meio da cultura judaico-cristã, estão claramente presentes em nossa cultura ocidental.
Já que é impossível esgotarmos todos esses princípios neste espaço, sugerimos que aprofunde os estudos das seguintes seções bíblicas: O Decálogo, a Mensagem dos Profetas, a Mensagem dos Evangelhos, o Sermão do Monte, os aspectos éticos das Epístolas Paulinas e Gerais. Bom trimestre

Revista Ensinador Cristão.


SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Neste trimestre estudaremos um dos assuntos mais controvertidos no contexto de uma sociedade pluralista e relativista, a ética cristã. Nesta aula nos voltaremos para os fundamentos, inicialmente para o conceito de ética cristã, e em seguida, para os fundamentos dessa ética. Ao final, destacaremos, como também o faremos ao longo das lições, que essa é uma ética que diz respeito àqueles que vivem em Cristo, alicerçados na Sua Palavra.
                                                                                                       
1. ÉTICA QUE É CRISTÃ

A palavra ética vem do grego ethos, e remete aos tempos de Aristóteles, filósofo que amplamente discutiu o tema. O conceito de ética costuma ser confundido com o de moral, a primeira palavra é de origem grega, enquanto que a segunda é de origem latina. A ética, na perspectiva filosófica, diz respeito aos fundamentos dos comportamentos humanos, enquanto que a moral está associada aos costumes propriamente ditos. A ética diz respeito aos pressupostos, às razões pelas quais alguém é e age, a moral, por sua vez, é a expressão concreta da ética. A ética que é cristã, como a própria terminologia explicita, tem como pressuposto os ensinamentos de Cristo. As bases que determinam, ou pelo menos que deveriam determinar, o agir dos cristãos deveriam está alicerçados nas palavras de Jesus. A esse respeito, é preciso ter cuidado para não confundir a Ética Cristã com uma Ética Evangélica. Há tradições no seio da religiosidade cristã, mesmo entre as doutrinas evangélicas, que necessariamente não estão fundamentadas em Cristo. Um exemplo prático desse equívoco ocorreu quando passagens do Antigo Testamento, sem uma interpretação apropriada, foram usadas a fim de legitimar o preconceito racial em alguns países. A ética que é cristã precisa se fundamentar em Cristo, e não depende de pressupostos humanos, antes dAquele que se fez carne, e habitou no meio de nós (Jo. 1.1,14).

2. OS FUNDAMENTOS DA ÉTICA CRISTÃ

De certo modo, antecipamos no tópico anterior que a base da ética que é cristã é o próprio Cristo. Existem muitos pressupostos éticos na sociedade, a maioria deles se fundamenta na racionalidade, no materialismo, ou mesmo na tradição. O pluralismo e relativismo ético se sustentam porque o ser humano decidiu viver a revelia de Deus. Por causa disso, temos testemunhado muitas atrocidades na sociedade, tendo em vista que o próprio Deus entregou o gênero humano a sua própria dissolução (Rm. 1.26). Por esse motivo, temos testemunhado nas diversas esferas sociais a maldade que se prolifera em todos os contextos, desde os familiares até os políticos. O homem moderno “matou” Deus em seus corações, alguns deles até acreditam que Ele existe, mas vivem como se não existisse. Na medida em que o tempo passa, a sociedade está serrando o galho sobre o qual ela mesma esta sustentada. O tombo sobrevirá de repente, e as consequências serão drásticas. Os cristãos, fundamentados na Palavra de Deus, devem alertar em relação aos riscos, mas não podemos impor nossa visão sobre a sociedade. Precisamos também ter cuidado para não eleger alguns pecados em detrimento de outros. Alguns evangélicos se posicionam com veemência contra a sexualidade fora dos padrões bíblicos, mas não fazem o mesmo em relação à injustiça social.

3. NÓS, PORÉM

O fundamento ético para os cristãos é a Palavra de Deus, faz-se necessário que essa seja interpretada apropriadamente, a fim de evitar excessos e pressupostos a priori. Toda Escritura é divinamente inspirada, é Palavra de Deus (II Tm. 3.16), mas nem todos os textos têm o mesmo valor revelacional. Jesus é a chave-hermenêutica das Escrituras, Ele mesmo afirmou que essas serão compreendidas a partir dEle (Lc. 24.32). A utilização indevida de passagens bíblicas, algumas delas sem fundamento doutrinário, e em alguns casos descontextualizadas, pode resultar em posicionamentos éticos que não se sustentam biblicamente. Em I Co. 10.1-13, por exemplo, Paulo faz um contraponto entre a ética que é cristã - a maneira como os cristãos devem viver - e a ética daqueles que se apartaram de Deus. O Apóstolo faz a diferença entre “nós” – os cristãos que devemos viver a partir da Palavra – e “eles” – os israelitas que seguiram seus próprios caminhos, e não atentaram para a orientação divina. Semelhantemente, nós os cristãos devemos ser sal da terra e luz do mundo (Mt. 5.13-16), vivermos como cidadãos dos céus e súditos do reino de Cristo (Mt. 5-7). A ética que é cristã impõe mais responsabilidade sobre aqueles que seguem a Cristo, considerando que nossa justiça deve exceder a dos escribas e fariseus (Mt. 5.20).

CONCLUSÃO

A sociedade contemporânea, regida pela natureza pecaminosa, está envolvida em uma confusão ética, uma verdadeira torre de Babel (Gn.11). Cada um segue seu rumo, de acordo com aquilo que acha que é melhor, ninguém se entende (Jz. 21.25). Nós, porém, não devemos nos apartar das Sagradas Letras, pois elas nos farão sábios para a salvação, e nos conduzirão à santificação (II Tm. 3.14-17), atentando para os sadios princípios interpretativos, tendo Cristo com a chave-hermenêutica.


Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

Estudar ética é muito importante para o aperfeiçoamento dos nossos relacionamentos e conduta na sociedade. Entretanto, neste trimestre, veremos que a Ética Cristã difere da secular. Enquanto esta se fundamenta em valores materialistas e relativistas, aquela tem como eixo a Palavra de Deus, a revelação divina imutável. Assim, como vivemos em uma época onde os conceitos pós-modernos relativizam as doutrinas cristãs, é relevante identificarmos os principais fundamentos da Ética Cristã a fim de aperfeiçoar nossa vida de comunhão com Deus e testemunho cristão à sociedade (Mt 5.13,14). (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 1, 1º Abr 18)
Todos nós tomamos diariamente dezenas de decisões. Fazemos escolhas, optamos, resolvemos e determinamos aquilo que tem a ver com nossa vida individual, a vida da empresa e de nossos semelhantes. Ninguém faz isso no vácuo. Antigamente pensava-se que era possível pronunciar-se sobre um determinado assunto de forma inteiramente objetiva, isto é, isenta de quaisquer pré-concepções ou pré-convicções. Hoje, sabe-se que nem mesmo na área das chamadas ciências exatas é possível fazer pesquisa sem sermos influenciados pelo que somos, cremos, desejamos, objetivamos e vivemos. As decisões que tomamos são invariavelmente influenciadas pelo horizonte do nosso próprio mundo individual e social. Ao elegermos uma determinada solução em detrimento de outra, o fazemos baseados num padrão, num conjunto de valores do que acreditamos ser certo ou errado. É isso que chamamos de ética. A nossa palavra "ética" vem do grego eqikh, que significa um hábito, costume ou rito. Com o tempo, passou a designar qualquer conjunto de princípios ideais da conduta humana, as normas a que devem ajustar-se as relações entre os diversos membros de uma sociedade. Ética é o conjunto de valores ou padrão pelo qual uma pessoa entende o que seja certo ou errado e toma decisões.” (LOPES. Augustus Nicodemus; Fundamentos da Ética Cristã. Disponível em: Claudemir Pedroso. Acesso em: 24 mar, 2018)
Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de HolandaÉtica é "o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto”. Há diversas visões filosóficas da ética, entretanto, a ética cristã baseia-se na Palavra de Deus para determinar quais ações humanas são legítimas e quais são ilegítimas. É por esta razão que afirmamos que ela é nossa regra de fé e prática. A ética cristã não depende da situação, dos meios ou dos fins (Sl 119.105). O homem natural é capaz de produzir ética, mesmo caído e ‘morto’ espiritualmente. Deus restringe a maldade humana e capacita-o à uma retidão moral, à uma conduta séria e comprometida com causas morais, ao ponto de causar admiração. Abraham Kuyper, teólogo holandês do século passado, afirma que assim como o homem domestica os animais, e prende ou controla seres selvagens, assim também Deus limita a maldade dos homens, extraindo até mesmo o bem do mal, para que se preserve a criação, entendido neste conceito não somente as coisas naturais, mas também toda a criação intelectual que também vem Dele. Contudo, a ética humana vem ‘manchada’ pelos atos e fatos caídos, pois é produzida por um coração à parte de Deus e contrária à Sua Palavra.
Este trimestre nos dará condições de discutirmos assuntos do momento e nos dará ferramentas para respondermos ‘qual a razão da nossa fé’ (Jd 3). Mais do que uma simples lista de “faça” ou “não faça”, a Bíblia nos dá instruções detalhadas de como um Cristão deve viver. A Bíblia é tudo que precisamos para saber como viver a vida Cristã. No entanto, a Bíblia não se dirige diretamente a exatamente todas as situações que vamos ter que encarar em nossas vidas. Como então ela é suficiente? Em situações assim é que temos que aplicar a Ética Cristã. 

I. O CONCEITO DE ÉTICA CRISTÃ
                                
1. Definição Geral. A palavra “ética” possui origem no vocábulo grego ethos, que significa “costumes” ou “hábitos”. No latim, o termo usado se corresponde a mos (moral), no sentido de “normas” ou “regras”. Devido à proximidade linguística desses termos, muitas vezes eles são usados como sinônimos. Contudo, devemos defini-los separadamente.
Ética é o nome dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos morais. A palavra ética é derivada do grego, e significa aquilo que pertence ao caráter. Sobre a origem do termo, a palavra “ética”, no grego é Ethos, significa Costumehábitodisposição; No latim, vem de Mos, ou Mores (no plural), significa  vontadecostumeusoregra; sendo essa a origem da palavra moral. Daí temos que Ética é a disposição ou vontade de se seguir bons costumes ou hábitos. No contexto filosófico, ética e moral possuem diferentes significados. A ética está associada ao estudo fundamentado dos valores morais que orientam o comportamento humano em sociedade, enquanto a moral são os costumes, regras, tabus e convenções estabelecidas por cada sociedade.
Segundo Chauí, em seu livro Convite à Filosofia (2008), podemos dizer que o Senso Moral é a maneira como avaliamos nossa situação e a dos outros segundo ideias como a de justiça, injustiça, bom e mau. Trata-se dos sentimentos morais. Já com relação à Consciência Moral, Chauí afirma que esta, por sua vez, não se trata apenas dos sentimentos morais, mas se refere também a avaliações de conduta que nos levam a tomar decisões por nós mesmos, a agir em conformidade com elas e a responder por elas perante os outros. Isso significa ser responsável pelas consequências de nossos atos”. (Paulo Silvino Ribeiro, ‘O que é Ética’. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/o-que-etica.htm. Acesso: em: 24 mar, 2018)
Assim, entendemos que a diferença entre ética e moral é que a moral refere-se ao conjunto de normas e princípios que se baseiam na cultura e nos costumes de determinado grupo social, já a ética é o estudo e reflexão sobre a moral, que nos diz como viver em sociedade.

2. Ética e Moral. Enquanto ciência, a ética pode ser entendida como a área da filosofia que investiga os fundamentos da moral adotada por uma sociedade. Por conseguinte, a moral refere-se ao comportamento social em relação às regras estabelecidas. Essas regras podem variar de uma cultura para outra, podendo sofrer variadas e sistemáticas alterações. Tudo dependerá da referência de autoridade que serve de fundamento para os padrões de conduta social.
Como vimos na etimologia das palavras, é comum confundir estes dois termos; Ética vem do grego “ethos” que significa modo de ser, e Moral tem sua origem no latim, que vem de “mores”, significando costumes.
Ética e moral são temas relacionados, mas são diferentes, porque moral se fundamenta na obediência a normas, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos e a ética, busca fundamentar o modo de viver pelo pensamento humano.” (SIGNIFICADOS: Significado de Ética. Disponível em:https://www.significados.com.br/etica/. Acesso em: 24 mar, 2018)
Esta confusão pode ser resolvida com o esclarecimento dos dois temas, sendo que Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade, e estas normas são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo cotidiano. Durkheim explicava Moral como a “ciência dos costumes”, sendo algo anterior a própria sociedade. A Moral tem caráter obrigatório. Já a palavra Ética, Motta (1984) defini como um “conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo, outrossim, o bem-estar social”, ou seja, Ética é a forma que o homem deve se comportar no seu meio social. A Moral sempre existiu, pois todo ser humano possui a consciência Moral que o leva a distinguir o bem do mal no contexto em que vive. Surgindo realmente quando o homem passou a fazer parte de agrupamentos, isto é, surgiu nas sociedades primitivas, nas primeiras tribos. A Ética teria surgido com Sócrates, pois se exige maior grau de cultura. Ela investiga e explica as normas morais, pois leva o homem a agir não só por tradição, educação ou hábito, mas principalmente por convicção e inteligência. Vásquez (1998) aponta que a Ética é teórica e reflexiva, enquanto a Moral é eminentemente prática. Uma completa a outra, havendo um inter-relacionamento entre ambas, pois na ação humana, o conhecer e o agir são indissociáveis.”” (Renan Bardine; Filosofia - Ética e Moral. Disponível em:https://www.coladaweb.com/filosofia/moral-e-etica-dois-conceitos-de-uma-mesma-realidade. Acesso em: 24 mar, 2018)

3. Ética Cristã. Tem como objetivo indicar a conduta ideal para a retidão do comportamento cristão. O fundamento moral da Ética Cristã são as Escrituras Sagradas. Por isso, sua natureza não se altera nem se relativiza. Desse modo, a Ética Cristã não se desassocia da moral e dos bons costumes derivados das doutrinas bíblicas.

Ética Cristã podemos dizer que é o conjunto de regras de conduta, aceitas pelos cristão, tendo por fundamento a Palavra de Deus. Em Colossensses 2.8, Paulo nos adverte a vigiar contra todas as filosofias, religiões e tradições que destacam a importância do homem à parte de Deus e de sua revelação escrita. Hoje, uma das maiores ameaças teológicas contra o cristianismo bíblico é o "humanismo secular", que se tornou a filosofia de base e a religião aceita em quase toda educação secular e é o ponto de vista aprovado na maior parte dos meios de comunicação e diversão no mundo inteiro.
Á ética cristã é o sistema de valores morais associado ao Cristianismo histórico e que retira dele a sustentação teológica e filosófica de seus preceitos. [,,,] a ética cristã opera a partir de diversos pressupostos e conceitos que acredita estão revelados nas Escrituras Sagradas pelo único Deus verdadeiro. São estes:
1. A existência de um único Deus verdadeiro, criador dos céus e da terra.
2. A humanidade está num estado decaído, diferente daquele em que foi criada.
3. O homem não é moralmente neutro, mas inclinado a tomar decisões contrárias a Deus, ao próximo.
4. Deus revelou-se à humanidade.” (LOPES. Augustus Nicodemus; Fundamentos da Ética Cristã. Disponível em: Claudemir Pedroso. Acesso em: 24 mar, 2018)

4. Princípios da Ética Cristã. O Deus Trino é santo e imutável. Ele se revelou nas Sagradas Escrituras, e por isso, a Bíblia é plenamente inspirada por Deus. Nesse aspecto, os princípios ético-cristãos que derivam das Escrituras são imutáveis e divinos. Esses princípios têm aplicação adequada para todas as épocas e culturas, pois são universais. Assim, os padrões ético-cristãos não podem ser relativizados: “o céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar” (Mt 24.35).
“Ele se revelou nas Sagradas Escrituras, e por isso, a Bíblia é plenamente inspirada por Deus”:
Essa pressuposição é fundamental para a ética cristã, pois é dessa revelação que ela tira seus conceitos acerca do mundo, da humanidade e especialmente do que é certo e do que é errado. A ética cristã reconhece que Deus se revela como Criador através da sua imagem em nós. Cada pessoa traz, como criatura de Deus, resquícios dessa imagem, agora deformada pelo egoísmo e desejos de autonomia e independência de Deus. A consciência das pessoas, embora frequentemente ignorada e suprimida, reflete por vezes lampejos dos valores divinos. Deus também se revela através das coisas criadas. O mundo que nos cerca é um testemunho vivo da divindade, poder e sabedoria de Deus, muito mais do que o resultado de milhões de anos de evolução cega. Entretanto é através de sua revelação especial nas Escrituras que Deus nos faz saber acerca de si próprio, de nós mesmos (pois é nosso Criador), do mundo que nos cerca, dos seus planos a nosso respeito e da maneira como deveríamos nos portar no mundo que criou.” (LOPES. Augustus Nicodemus; Fundamentos da Ética Cristã. Disponível em: Claudemir Pedroso. Acesso em: 24 mar, 2018)
O professor Hans Ulrich Reifler salienta sobre a distinção no estudo da ética, a saber, a geral e a específica. A geral, influenciada pelas Escrituras, acolhe o mandamento de não furtar, independente da ideologia, da época e do lugar. (REIFLER, Hans Ulrich. A Ética dos Dez Mandamentos: Um Modelo para os Nossos Dias. São Paulo: Vida Nova, 1992. P. 15.)

SUBSÍDIO PEDAGÓGICO
                               
Professor (a), para introduzir o primeiro tópico desta lição é muito importante que você domine o conceito de “ética” e de “moral”. Muitos confundem dois termos devido à natureza etimológica bem próxima de ambos. Neste espaço, para ajudá-lo(a) neste propósito, e com o auxílio do filósofo cristão Arthur Holmes (Ética: As decisões morais à luz da Bíblia, editada pela CPAD), pontuamos algumas considerações à respeito do binômio ética-moral:

II. FUNDAMENTOS DA ÉTICA CRISTÃ

Neste tópico, mostraremos as principais seções bíblicas, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento — embora seja impossível mencionarmos o ensino integral da Bíblia sobre o assunto —, que norteiam o senso ético de todo cristão: o Decálogo, os Profetas, os Evangelhos, o Sermão do Monte, as Epístolas Paulinas e Gerais.

1. O Decálogo. Os Dez Mandamentos são preceitos éticos que fazem parte da lei moral de Deus (Êx 20.1-17). Os quatro primeiros tratam da relação do homem para com o Criador: adoração exclusiva, condenação à idolatria, alerta acerca do uso vão de seu santo nome e a sacralidade do tempo (Êx 20.1-11). Os seis últimos mandamentos referem-se à relação do homem com o próximo: honra aos pais, zelo pela integridade da vida, repúdio ao adultério, proibição ao furto, a mentira e a cobiça (Êx 20.12-17). Jesus ensinou que os dez mandamentos resumem-se nestes dois: amar a Deus e amar o próximo (Mt 22.37-39).
Sempre que lemos os Dez Mandamentos estamos diante do coração da Lei de Deus. Podemos dizer que eles são uma espécie de condensação de toda a Lei e são tão aplicáveis na atualidade quanto foram nos dias de Moisés.
O Decálogo expressa o propósito de Deus para o povo de Israel: uma nação que andasse em justiça, odiasse o pecado e amasse a santidade. Caso seguissem esse estilo de vida, os judeus resplandeceriam como luz às nações vizinhas. Mas Israel falhou nesta missão e voltou-se contra Deus. Entretanto, a queda do povo judeu trouxe salvação aos gentios. Todavia, isso não deve orgulhar ou ensoberbecer a Igreja do Senhor, representante do Reino de Deus no mundo; pelo contrário, a comunidade dos santos deve temer a Deus e ouvir o conselho do apóstolo Paulo: "Porque, se Deus não poupou os ramos naturais [Israel], teme que te não poupe a ti também [igreja]’’ (Rm 11.2 i).” (Pr. Antônio Gilberto. Lição 7 - Os Dez Mandamentos - 1º Trimestre de 2014 Tema: Uma Jornada de Fé - A Formação do povo de Israel e sua herança espiritual - CPAD - Para jovens e adultos)
Os Dez Mandamentos são o resumo da lei moral de Deus para Israel, e descrevem as obrigações para com Deus e o próximo. Cristo e os apóstolos afirmam que, como expressões autênticas da santa vontade de Deus, eles permanecem obrigatórios para o crente do NT (Mt 22.37-39; Mc 12.28-34; Lc 10.27; Rm 13.9; Gl 5.1 4; Lv 1 9.1 8; Dt 6.5; 1 0.1 2; 30.6). Conforme esses trechos do NT, os Dez Mandamentos resumem-se no amor a Deus e ao próximo; guardá-los não é apenas uma questão de práticas externas, mas também requer uma atitude do coração [...]. Logo, a lei demanda uma justiça espiritual interior que se expressa em retidão exterior e em santidade. Os preceitos civis e cerimoniais do AT que regiam o culto e a vida social de Israel [...] já não são obrigatórios para o crente do NT. Eram tipos de sombras de coisas melhores vindouras, e cumpriram-se em Jesus Cristo (Hb 10.1; Mt 7.12; 22.37-40; Rm 13.8; Gl 5.14; 6.2). Mesmo assim, contêm sabedoria e princípios espirituais a todas as gerações [...]”” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.145).

2. Os profetas. A mensagem dos profetas do Antigo Testamento tem uma imensa influência ética para os seguidores de Jesus, abarcando as esferas morais (Jr 17.1-11; Ml 1.6-14; 2.10-16), sociais (Is 58; Mq 2.1-5) e espirituais (Jr 31.31,32; Jl 2.28-32).
Se um estudo fosse feito para determinar a contribuição singular das grandes nações do mundo, verificar-se-ia que a de Israel é a profecia. Essa dádiva é tão conspícua (distinta, notável) nada a ela se compara na história, desde períodos antiquíssimos. Os profetas figuram entre os maiores pregadores do Mundo, e em qualquer lista os profetas hebraicos ocupam o primeiro lugar. Agostinho dividiu os profetas em 2 grupos; Profetas Maiores (4) e profetas menores (12). A Moralidade hebraica alcança seu clímax nos ensinamentos dos profetas nos ministérios exercidos entre 800 e 400 a.C., destacando-se com ênfase o profeta Jeremias. As mensagens dos profetas são mais do que literaturas, são lições vivas e supremas para todas as gerações. Tem valor permanente. Ignorar os profetas é ignorar a Deus e a História, pois esta é a sua História”. (Ética cristã slides aula 2. Disponível em:https://pt.slideshare.net/venturaneto/tica-crist-slides-aula-2. Acesso em: 24 mar, 2018)
Ao estudarmos os livros proféticos, vários textos apontam para o fato de que os profetas trabalham com um conceito ético elevado (leia Is 1.23; 3.14,15; 10.1; Am 4.1; 5.10-12; Jr 22.13). Lendo estes textos chegamos à conclusão de que aqueles homens pregaram e escreveram ética:
a) críticas ao poder por causa de explorações e opressões relacionadas com o sistema tributário característico daquela sociedade;
b) ênfase no respeito à ordem comunitária constituída (em hebraico chamado de mishpat) e na prática da justiça (sedaqah);
c) respeito aos direitos dos empobrecidos como correspondente ético-moral da pertença à fé em YAHWEH, o Deus de Israel.

3. Os Evangelhos. Evangelho são as boas novas de Cristo (Mt 9.35). A mensagem registrada pelos evangelistas contém apelo ao arrependimento, renúncia ao pecado, oferta de perdão, esperança de salvação e santidade de vida (Mt 3.2; Lc 1.77; 9.62). Os seguidores de Cristo são convocados a viverem as doutrinas do Evangelho e a adotarem a ética e a moral do Reino de Deus como estilo de vida (Mc 10.42-45).
Paulo argumenta que até mesmo os pagãos, que não revelam um claro conhecimento da Lei, demonstram que a obra da Lei está escrita no coração deles (Rm 2.14, 15).
A tradição cristã abriu novas perspectivas para a ética de Israel. Diferentemente dos rabinos e suas escolas para o ensino da interpretação da Lei Mosaica, Jesus transmitiu aos discípulos uma sabedoria de vida – uma ética – centrada no Reino de Deus e sua justiça, a serem buscados em primeiro lugar (cf. Mt 6,33). Escolheu um método existencial – “Aprendei de mim” (Mt 11,29) – para transmitir um modo de ser e de agir com o testemunho de vida, palavras e atos. A linguagem parabólica foi a maneira de pregar o evangelho do Reino. “Nada lhes falava a não ser em parábolas” (Mc 4,34). A vida e o mundo foram as escolas onde os discípulos de Jesus se confrontavam com uma “justiça superior à dos escribas e à dos fariseus” (Mt 5,20). Jesus não inventou uma nova ética. Antes, foi capaz de mergulhar nas raízes da fé de Israel e, deste tesouro, “tirar coisas novas e velhas” (Mt 13,52). Seu contexto ético-religioso exigia uma guinada. A prevalência da mentalidade de certas correntes do movimento dos escribas e fariseus deu origem a uma religião legalista, donde resultava uma ética feita de submissão aos 613 mandamentos e proibições, nos quais a Torá fora codificada. A religião e, com ela, a ética, tornaram-se um fardo pesado, um jugo esmagador, sem espaço para a liberdade. Jesus denunciava os opositores por causa da conduta imprópria. “Amarram fardos pesados e os põem sobre os ombros dos homens, mas eles mesmos nem com um dedo se dispõem a movê-los” (Mt 23,4). Criavam normas para os outros, sem assumi-las para si. Entretanto, o novo ethos introduzido por Jesus exigia dos discípulos profunda renovação interior. A continuidade com a tradição de Israel comportava, também, descontinuidade. Jesus usou duas parábolas para falar da disposição para acolher a novidade de sua proposta. “Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, porque o remendo repuxa a roupa e o rasgão torna-se maior. Nem se põe vinho novo em odres velhos; caso contrário, estouram os odres, o vinho se entorna e os odres ficam inutilizados. Portanto, o vinho novo se põe em odres novos; assim ambos se conservam” (Mt 9,16-17). Sua proposta ética não podia ser confundida com o legalismo farisaico. O Reino de Deus requeria grande abertura de coração para ser acolhido sem reservas. Só assim se poderia captar a novidade ética do Mestre de Nazaré.” (Ética e Teologia no Novo Testamento. Disponível em:http://theologicalatinoamericana.com/?p=206. Acesso em: 24 mar, 2018)

4. O Sermão do Monte. Este sermão contém princípios do mais alto ideal moral. Nele são reveladas a ética e a moral do Reino de Deus em questões como: a ira, o adultério, o divórcio, o juramento, a vingança e o amor (Mt 5.22,28,32,37,39,44); também aborda a esmola, a oração e os jejuns (Mt 6.1,5,16); passando pela questão do prejulgamento, dos falsos profetas e dos alicerces espirituais (Mt 7.1,15,24-27). O Sermão do Monte está para os cristãos como o Decálogo está para os judeus. Por isso, nosso Senhor convida a seus seguidores que priorizem o Reino de Deus e a sua justiça (Mt 6.33).
O Sermão do Monte é uma síntese do novo ethos introduzido por Jesus. O cristão deve caracterizar-se pela humildade, mansidão, misericórdia, integridade, busca da justiça e da paz, pelo perdão, pela veracidade, pela generosidade e acima de tudo pelo amor.
“O Sermão da Montanha sintetiza a ética do discípulo, na perspectiva do Reino. Mt 5-7 reúne ensinamentos de Jesus, com paralelos em Marcos e Lucas, em contextos diferentes. Esse catecismo do discipulado esboça, em grandes linhas, o agir de quem optou por centrar a vida no querer do Pai, nos passos de Jesus. Pode ser chamado de Torá (instrução, ensino) cristã, pois não pretende ser uma lei, no sentido jurídico do termo, e, sim, uma orientação, um projeto de vida.” (Ética e Teologia no Novo Testamento. Disponível em: http://theologicalatinoamericana.com/?p=206. Acesso em: 24 mar, 2018)
As bem-aventuranças descrevem o caráter equilibrado e diversificado do povo cristão. São oito qualidades que cada cristão deve ter. Cada qualidade foi elogiada, enquanto cada pessoa que a possui foi declarada “bem-aventurada”. A palavra grega makarios significa “feliz”. O homem que reagir ao seu ambiente com esse espírito terá uma vida feliz. As promessas de Jesus nas bem-aventuranças têm cumprimento presente e futuro. As bem-aventuranças não podem ser vistas como uma “nova lei” deixada por Jesus para alcançarmos a salvação. A salvação é pela graça. As quatro primeiras bem-aventuranças descrevem o relacionamento do cristão com Deus, e as outras quatro, o seu relacionamento e deveres para com o próximo.” (ÉTICA CRISTÃ NO SERMÃO DA MONTANHA por Prof. Rev. Gildásio Reis (Th.M). Disponível :http://homempresbiteriano.blogspot.com.br/2010/08/etica-crista-no-sermao-da-montanha-por.html. Acesso em: 24 mar, 2018)

5. As Epístolas Paulinas e Gerais. As Epístolas Paulinas, bem como as gerais, trazem ensinamentos aprofundados sobre a nossa relação com Deus (Rm 12.1,2; Hb 13.7-17), com o Estado (Rm 13.1-7; 1Pe 2.11-17), com o próximo (Rm 13.8-10; 14.1-12; 1Jo 3.11-24), a injustiça social (Tg 2.1-13; 5.1-6), a questão da sexualidade cristã e do casamento (1Co 6.12-20; 1Co 7.10-24).
No Novo Testamento há treze cartas escritas por Paulo. Em cada uma destas cartas, Paulo dá um ensino específico como norma de vida aos crentes da sua e da nossa época. Para um estudo sobre ética em cada uma das cartas.
O Novo Testamento contém várias cartas menores, que são chamadas de “universais”. Com exceção de 2º e 3º João, são dirigidas à igreja em geral.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“Atenção para a tradição da Igreja de Cristo!
Além das Sagradas Escrituras, a Igreja de Cristo tem uma tradição riquíssima em decisões de questões éticas, como aborda muito bem o pastor Claudionor de Andrade: ‘Se, por um lado, não podemos escravizar-nos à tradição, por outro, não devemos desprezá-la. Sem o legado dos que nos precederam, jamais teríamos conseguido estruturar nosso edifício teológico, moral e ético. Logo, é-nos permitido eleger a tradição eclesiástica como o segundo fundamento da Ética Cristã. [...] A tradição, quando bem utilizada, assessora a Igreja nos dilemas teológicos, morais e éticos. O apóstolo Paulo reconhece-lhe a importância: ‘Nós vos ordenamos, irmãos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que ande desordenadamente e não segundo a tradição que de nós recebestes’ (2Ts 3.6). O que não podemos fazer é colocá-la de pé de igualdade com a Bíblia. A Didaqué é um dos tratados mais antigos e tradicionais da Igreja Cristã. Produzida ainda nos dias apostólicos, ajudou os primeiros cristãos a posicionarem-se espiritual e eticamente. A Doutrina dos Doze Apóstolos, como também é conhecida, realçava-se por amorosas admoestações, conforme podemos observar: ‘Há dois caminhos: um da vida e outro da morte. A diferença entre ambos é grande. O caminho da vida é, pois, o seguinte: primeiro amarás a Deus que te fez: depois teu próximo como a ti mesmo. E tudo o que não queres que seja feito a ti, não o faças a outro’. Mais adiante, prossegue o autor anônimo, citando as práticas que conduzem o ser humano à perdição: ‘Mortes, adultérios, paixões, fornicações, roubos, idolatrias, práticas mágicas, rapinagens, falsos testemunhos, hipocrisias, ambiguidades, fraude, orgulho, maldade, arrogância, cobiça, má conversa, ciúme, insolência, extravagância, jactância, vaidade e ausência do temor de Deus” (ANDRADE, Claudionor de. As Novas Fronteiras da Ética Cristã. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2017, pp.17,18).

III. CHAMADOS A VIVER ETICAMENTE

Os israelitas foram reprovados por não obedecerem a lei moral outorgada por Deus no deserto. Tal registro foi feito para a nossa advertência, pois as Escrituras dizem acerca do perigo de não vivermos o ideal ético do Reino (1Co 10.5).

1. “Não cobiceis as coisas más”. Paulo adverte a Igreja em Corinto a não incorrer no pecado da cobiça (1Co 10.6). No deserto os israelitas cobiçaram o que lhes fora proibido e, por isso, sentiram saudades do Egito (Nm 11.4,5). Infelizmente, ainda hoje, pseudocristãos cobiçam os prazeres do mundo. Assim, preferem o hedonismo e a escravidão do pecado a cumprirem a lei moral do Pai.
Matthew Henry comenta 1º Co 10.5: “O apóstolo expõe ante os coríntios o exemplo da nação judaica de antigamente para dissuadi-los da comunhão com os idólatras e da segurança em algum caminho pecaminoso. Por milagre cruzaram o Mar Vermelho, onde foi afogado o exército egípcio que os perseguia. Para eles, este foi um batismo típico. O maná do qual se alimentavam era um tipo de Cristo crucificado, o Pão que desceu do céu, e os que dele comam viverão para sempre. Cristo é a Rocha sobre a qual se edifica a Igreja cristã; e dos riachos que dali surgem, bebem e se refrescam todos os crentes. Isto tipifica as influências sagradas do Espírito Santo, entregue aos crentes por meio de Cristo. mas que ninguém presuma de seus grandes privilégios ou de sua profissão da vaidade: elas não asseguram a felicidade celestial”.
Paulo declara que: “Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram” (1 Coríntios 10.6). Embora este versículo fale a respeito de Israel quando do episódio do êxodo; podemos, contudo, presumir que ele sirva, também, para todos os exemplos, especialmente, os ruins! Creio eu, que a Bíblia nos mostra os erros, pecados e fraquezas dos homens, não para que justifiquemos os nossos, como diriam alguns: “Se Abraão, Davi, Elias e outros erraram, eu também posso errar”. Eu classificaria essa afirmativa como “meia verdade” ou uma “verdade incompleta”, pois, errar até podemos, mas, “não devemos”. Ao contrário disto, mostrando-nos o (ruim) proceder desses homens, a bíblia, deixa-nos o exemplo para que vejamos e creiamos na possibilidade de sermos como eles em suas virtudes e não nos defeitos e fraquezas”. (Pr Alex Oliveira. “Aquele que está de pé…”; Disponível em:https://opoderdasescrituras.wordpress.com/2010/10/23/aquele-que-esta-de-pe/. Acesso em: 25 mar, 2018)

2. “Não vos torneis idólatras”. O apóstolo exorta acerca do perigo da idolatria (1Co 10.7). Enquanto Moisés recebia as tábuas da Lei (Êx 31.18), os israelitas se corrompiam adorando um bezerro de ouro (Êx 32.1-6). O ato de idolatria não consiste apenas na adoração de uma imagem. Falsos cristãos desprovidos da ética das Escrituras adoram o dinheiro e os bens materiais. A Bíblia chama esse pecado de idolatria (Cl 3.5).
O Comentário da Bíblia Diario Vivir sobre o texto de 1º Co 10.7 traz: “O incidente mencionado em 10.7 se refere a quando os israelitas fizeram o bezerro de ouro e o adoraram no deserto (Exodo 32). O incidente em 10.8 é a menção de Num_25:1-9 quando os israelitas adoraram ao Baal-peor e se envolveram em imoralidade sexual com mulheres moabitas. A referência em 10.9 é à queixa e chateio dos israelitas por sua alimentação (Num_21:5-6). Puseram ao Senhor a prova, para ver quão longe podiam ir. Em 10.10, Paulo se refere a quando o povo se queixou contra Moisés e Arão e lhes sobreveio as pragas (Num_14:2, Num_14:36; Num_16:41-50). O extermínio do anjo se refere a Exo_12:23”.
A recomendação paulina é que nos consideremos mortos e insensíveis à pecados perigosos e indomáveis: fornicação, impureza, paixões desordenadas, maus desejos e avareza. Estas práticas devem ser cortadas antes que se tornem poderosas e indestrutíveis e acabem por nos destruir. Devemos fazer cada dia uma decisão conscienciosa para tirar algo que sustente ou alimente estes desejos e depender do poder do Espírito Santo.
Só o Senhor Deus de Israel deve ser cultuado. Todo outro culto é proibido e constitui idolatria (Ex 20,3-6; Dt 5,7-10). Israel acreditou na existência de outros deuses (Jz 11,23s) e se deixou seduzir pelo culto a deuses cananeus, assírios e babilônios (Nm 25,3; Jz 2,12; 1Rs 14,22-24; 2Rs 21,2-15). Os deuses e suas imagens (cf. Dt 4,15-24 e nota) são invenção dos homens (Rm 1,23) e um grave pecado (Sl 96,5; Sb 13,1-5; Rm 1,23-25; 1Cor 5,10s). Também a cobiça de riquezas é idolatria (Cl 3,5; Ef 5,5).
                    
3. “Não nos prostituamos”. À luz da história dos israelitas, o apóstolo alerta acerca da maldição provocada pela prostituição (1Co 10.8). A imoralidade encabeça a lista das obras da carne: “prostituição, impureza, lascívia” (Gl 5.19). Muitos, em nome da “graça barata”, justificam a imoralidade e a sensualidade em suas vidas. A Palavra nos ensina que é preciso conservar o nosso corpo irrepreensível (1Co 6.18,19; 1Ts 5.23).
Todos temos desejos naturais para o mal e não os podemos ignorar. A fim de seguir a guia do Espírito Santo devemos enfrentá-los com decisão (crucificá-los, Gl 5.24). Estes desejos incluem pecados óbvios tais como imoralidade sexual e feitiçaria. Também incluem pecados menos óbvios como a ambição, o ódio e o ciúme. O ignorar nossos pecados ou recusar enfrentá-los revela que não recebemos o dom do Espírito que guia e transforma nossa vida!
Não sei a que se refere o comentarista quando usa o termo “graça barata”, contudo, foi Dietrich Bonhoeffer, pastor e teólogo da Igreja Luterana da Alemanha (martirizado aos 39 anos pelos Nazistas). "A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento, é o batismo sem a disciplina de uma congregação, é a Ceia do Senhor sem confissão dos pecados, é a absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo vivo, encarnado”.
O que quer dizer Paulo quando manifesta que nossos corpos pertencem a Deus? Muitos dizem que têm o direito de fazer com seus corpos o que queiram. Embora pensem que isso é liberdade, não são a não ser escravos de seus desejos. Quando decidimos seguir a Cristo, o Espírito Santo vem a nossas vidas e vive em nós. Portanto, deixamos de ser donos de nossos corpos. "Comprados por preço" se refere a um escravo que foi comprado em um leilão. Se você viver em um edifício alheio, procura não violar as normas estabelecidas em dito lugar. Como seu corpo pertence a Cristo, não deve violar suas normas em seu jornal viver. (Biblia Vivir)

SUBSÍDIO DIDÁTICO

Ao final deste tópico, revise os pontos mais importantes da aula de hoje, como por exemplo: 1) o conceito de Ética Cristã; 2) os fundamentos da Ética Cristã. Com base nesses dois pontos proponha um debate sobre o impacto da vivência cristã na sociedade atual fazendo o link com o tópico três. Muitas dúvidas que a classe apresentará nesta primeira aula será dirimidas ao longo do trimestre, pois, nele, estudaremos os assuntos mais específicos.

CONCLUSÃO

A Bíblia Sagrada é o fundamento para o viver ético-moral dos cristãos. É a única regra infalível de fé e de conduta para a Igreja (2Tm 3.16). Portanto, em tempos de ataques ideológicos contra a cultura judaico-cristã, a Igreja não deve furtar-se de ser o “sal da terra” e a “luz do mundo” em pleno século XXI (Mt 5.13,14).
Como viver um cristianismo coerente em uma sociedade em mudança rápida? Nas grandes questões éticas da atualidade, a Bíblia, de fato, tem uma posição clara e inequívoca. Devemos considerar os princípios e formas do agir ético cristão, para ajudar aqueles que estão tão confusos quanto às normas de conduta que devem aplicar nestes dias de confusão ética e moral.
No evangelho de Mateus percebe-se dois elementos principais no discurso aferido por Jesus, são os seguintes:
   Sal da Terra – subentende-se que o sal seja a conduta correta, verdadeira e característica de todo cristão, um modelo de pessoas que conservam e transmitem a ética da vida cristã.
   Luz do Mundo – Da mesma forma que o sal da terra, a luz do mundo tem a sua metáfora voltada para a ética da vida cristã. Obs. Mas ambos têm o seu papel semelhante neste discurso. Ex: O sal quando cumpre o seu papel que é temperar ou dar sabor ele some deixando apenas o seu gosto. Assim também a luz quando acesa serve para iluminar outros ambientes e não a si próprio, ou seja, a função do cristão não é aparecer ou ficar famoso pelo que faz (sua função), mas cumprir a sua função lembrando que todo o crédito e mérito é de Cristo.

“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16)

Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

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