sexta-feira, 23 de outubro de 2020

LIÇÃO 4: O DRAMA DE JÓ

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I

   INTRODUÇÃO

A provação de Jó fez com que sua vida se tornasse um verdadeiro drama. Nem mesmo os mais aclamados cineastas seriam capazes de dramatizar algo semelhante. Da condição de homem mais rico e admirado do Oriente, ele tornou-se, não apenas um pobre moribundo, mas, na visão de seus amigos, “um pecador revoltado e arrogante”.

De uma vida abastada, piedosa e fraternalmente estruturada, Jó mergulhou em um mar de calamidades. De repente tudo se desmoronou. Os rebanhos foram roubados e dizimados; os empregados foram assassinados e, outros, mortos em desastres aparentemente naturais; os filhos, seu bem mais precioso, morreram. Cenas difíceis de esquecer! Refletir sobre como Jó reagiu a tudo isso é o objetivo dessa lição. – Jó de fato, sofreu muito. Todavia, não é apenas a realidade do sofrimento que deve ser levado em conta do drama de Jó. A falta de explicação lógica para a existência desse sofrimento, sem dúvida, agravou ainda mais sua dor. Como num piscar de olhos, Jó perde tudo o que havia construído e juntado ao longo do tempo, restando-lhe muita dor e muitas perguntas sem respostas. Ao colocar o sofrimento em relevo, o livro de Jó mostra, com isso, que o sofrimento é uma realidade da condição humana. Não apenas Jó, mas também todos os humanos sofrem em um grau maior ou menor. Não há como fugir dessa condição. Fugir dela seria fugir de nós mesmos. Talvez por isso que o livro de Jó tenha sido usado pastoralmente ao longo da história da igreja

   I. TRAGÉDIA DE NATUREZA ECONÔMICA

1. O sucesso na esfera comercial. O autor sagrado já havia sublinhado que Jó era “maior de todos os do Oriente” (Jó 1.3). O respeito, a admiração, a riqueza e a prosperidade do homem de Uz contribuíram para a construção dessa imagem. O autor já havia destacado a riqueza e a prosperidade de Jó, medidas pela grande quantidade de animais e servos a serviço dele. O comércio e a atividade do campo eram suas principais atividades. Devido à sua grande riqueza, não são poucos os autores que igualam Jó a grandes industriais e empresários contemporâneos. Enquanto as ovelhas proporcionavam lã para a produção têxtil, por outro lado os camelos e jumentas estavam a serviço do transporte de cargas. Dessa forma, Jó se destacava no Oriente como um homem de negócios.

2. O sucesso na esfera do campo. A atividade do campo era, sem dúvida, o principal negócio de Jó. O fato de que ele tinha tantas juntas de bois a seu serviço demonstra que ele era um agricultor que possuía uma grande extensão de terras, e não um nômade como alguns autores supõem. Estudiosos destacam o fato de que a palavra hebraica ‘abuddah, encontrada somente em Jó e em Gênesis 26.14, é uma referência direta à lavoura e ao cultivo da terra. Os bois, e da mesma forma as ovelhas, ofereciam a proteína animal. As ovelhas, juntamente com as jumentas, alimentavam a produção de laticínios. Isso fazia de Jó um verdadeiro empreendedor no sentido moderno do termo. – Jó era um homem muito rico, com um total de 11.500 animais domesticados divididos naqueles tipos de animais que os homens ricos precisam: animais de trabalho, animais que serviam como alimentação, e animais de transporte. Tal riqueza capacitava-o a ter uma casa muito grande, vastas propriedades e abundância de escravos, que mantinham todas as suas posses em boa ordem. Isso, de acordo com uma avaliação popular, era evidência da aprovação e da ajuda divina. Jó era “o maior de todos os do Oriente" expressão vaga que é inútil investigar. Ele era o maior homem de sua área e desfrutava de poder político e favor entre seus vizinhos. A área na qual ele vivia era o deserto da Arábia, conforme o vs. 1. “Ele era o chefe dessa área, mas não sabemos o quanto essa área se estendia. Os árabes ainda chamam o Haurã, ou seja, o distrito a leste de Jerusalém, de terra de Jó" (Ellicott, in loco.). A área onde Jó vivia ficava no “deserto” (Jó 1. 9). Era um lugar fértil, falando em termos agrícolas, próprio para criação de gado (ver Jó 1.3, 4 e 4 .12), provavelmente fora da própria Palestina. “O povo do Oriente era identificado com os habitantes de Quedar no norte da Arábia (Jr 49.28). Jó era também incomumente sábio. Os homens do Oriente eram notórios por sua grande sabedoria, que eles expressavam artisticamente em provérbios, cânticos e histórias. Jó era altamente respeitável (ver Jó 29.7-11); sábio conselheiro (29.21-24); empregador honesto (31.13-15, 38, 39); hospitaleiro e generoso (31.16-21,32); e fazendeiro próspero (31.38-40)”. No entanto esse homem foi ferido pela tragédia, por razões desconhecidas.

3. O ataque do Diabo na esfera comercial. Satanás atingiu o centro das atividades comerciais do patriarca. O Adversário procurou retirar aquilo que, graças ao trabalho duro, Jó havia conquistado. Assim, destruiu os animais e o pessoal a serviço dele, desestabilizando-o financeiramente. Seu negócio foi a bancarrota. Sem animais de carga, o transporte estava prejudicado.

4. O ataque do Diabo na esfera do campo. Da mesma forma que atingiu os negócios de Jó na esfera comercial, Satanás o atingiu também na esfera do campo. Destruindo a sua fonte de produção de proteínas e laticínios, o Diabo atingiu em cheio toda a fonte de sua riqueza. Era preciso muito equilíbrio para não se desesperar diante de um quadro tão sombrio.

Aqui é necessário fazer uma ponderação. Evidentemente que nem sempre o empreendimento de alguém quebra por investidura de uma ação maligna direta; muitas vezes é apenas um mau gerenciamento ou até mesmo consequência de uma crise de mercado. Todavia, no caso de Jó, foi uma ação maligna e em muitos casos hoje também o é. – Jó era um homem rico que não tinha com quem se preocupar no mundo. O ataque Satanás foi desfechado primeiramente contra suas riquezas. É agonizante ser rico e de súbito tornar-se pobre, o que tem sido a experiência de tanta gente durante as grandes guerras. O primeiro ataque desastroso. Satanás estava com pressa querendo golpear Jó onde ele seria mais gravemente ferido: destruiria seus bens e seus familiares! Algum tipo de festa especial seria a cena do primeiro ataque satânico, de modo que a alegria seria transformada em súbita angústia o autor quer falar da angústia, quando um homem é derrubado no chão por acontecimentos esmagadores. A sessão dos versículos 13-19 apresenta quatro desastres que reduziram Jó a virtualmente nada. Nesses ataques Satanás não tocou no corpo de Jó. Até aí a saúde de Jó não fora assediada. No capítulo 2, entretanto, o corpo de Jó é atingido, o que alguns supõem ser o teste mais severo que ele teve que enfrentar. “Satanás começou seus assaltos contra Jó, quando seus 10 filhos se banqueteavam na casa do irmão mais velho. Os assaltos foram alternativamente causados por forças humanas e naturais: o ataque dos sabeus (v. 15); o fogo de Deus (v. 16); o ataque desfechado pelos caldeus (v. 17); e grande ventania que soltou da banda do deserto (v. 19). Deus permitiu Satanás desfechar ambos os tipos de causas, para conseguir o seu propósito dentro de um cronograma rápido e preciso. Jó quando se encolhia sob o choque das notícias de uma perda, era estonteado por outro choque” (Roy B. Zuck, in loc.). Notemos dois tipos específicos de mal: os desastres naturais, que constituem o “mal natural” e desastre que vem da vontade pervertida do homem, isto é, o “mal moral”. Jó sofreu ambos os tipos. Apesar de assim esmagado, ainda reteve sua fé e adoração, mostrando que elas eram desinteressadas e não baseadas em vantagens pessoais. Esse é o principal tema do livro. Podem essa fé e essa adoração desinteressadas existir diante de uma grande adversidade? Satanás estava ansioso por fazer sofrer. Sabemos que existem grandes forças malignas do mundo, e devemos diariamente pedir a proteção de Deus contra elas. Por outra parte, só existe um Poder no universo, o de Deus, embora chamemos de poderes a outras energias. Repousemos sobre o poder de Deus, que opera através do Senhor Jesus Cristo. 

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Como introdução a esta lição, sugerimos que você faça um breve resumo para a classe a respeito dos aspectos gerais do sofrimento de Jó, como o físico, social, emocional e espiritual. Para isso considere este pequeno fragmento textual: “O sofrimento de Jó era multifacetado. Era físico, social, emocional e espiritual. Estava em dor e tormento (13.25; 16.6; 30.17) e tinha grandes dificuldades (’amal, ‘tristeza’, ‘desgraça’, 3.10; palavra também usada em 4.8; 5.6,7; 11.16; 15.35). No âmbito físico, teve insônia (7.4), perdera peso (16.8), ficou com os olhos vermelhos e olheiras profundas (v. 16), emagreceu (17.7; 19.20), tinha calafrios (21.6), dores nos ossos (30.17), a pele enegrecera e descascara (vv. 28,30), tinha febre (v.30) e furúnculos que coçavam (2.7). Socialmente, as pessoas o rejeitavam. Zombavam e escarneciam (12.4; 16.10; 17.2,6), e até as crianças debochavam dele (30.1,9-11). Por isso, não tinha alegria (9.25; 30.31). Na sua angústia e amargura (7.11; 10.1), sentia que estava na escuridão (19.8; 30.26) e em desespero (6.14,20). Todos os amigos e parentes o abandonaram (19.17-29). Diante de Deus, Jó estava espiritualmente sem esperança (14.13; 19.10). Deus estava parado e aparentemente desinteressado em Jó (19.7; 30.20), embora o sofredor clamasse por ajuda (30.24,28)” (ZUCK, Roy B. Teologia do Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p. 300).   

  II. TRAGÉDIA DE NATUREZA FAMILIAR

1. Filhos. A tragédia que se abateu sobre Jó foi de fato catastrófica. Ele perdeu em um só dia seus dez filhos de forma calamitosa – sete filhos e três filhas. O texto sagrado diz: “Estando teus filhos e tuas filhas comendo e bebendo vinho, em casa de seu irmão primogênito, eis que um grande vento sobreveio dalém do deserto, e deu nos quatro cantos da casa, a qual caiu sobre os jovens, e morreram” (vv.18,19). Não haveria nada mais trágico do que esse acontecimento. Perder um filho é calamitoso, mas perder todos de forma inexplicável é nefasto.

2. Esposa. A frase “Amaldiçoa a Deus e morre” (Jó 2.9), atribuída à esposa de Jó, é uma das mais chocantes do livro. Talvez por isso seja objeto de várias explicações. Muitos autores tentam suavizá-la quando a interpretam como sendo uma ironia feita pela esposa de Jó. Nesse caso ela, de fato, estaria dizendo: “Você continua aí com essa sua fé enquanto tudo desmorona à sua volta. Por que tudo isso? Deixe de lutar por isso e aceite a morte”. 

Outros procuram atribuir um sentido ao texto o qual ele não tem. Para estes, a esposa de Jó não estava mandando amaldiçoar a Deus, mas orientando Jó a louvá-lo e morrer em paz. No entanto, as evidências do texto depõem contra esse entendimento. A reação de Jó, ao dizer que sua esposa falava como qualquer louca, confirma esse fato. 

3. O fato. Um vento forte soprou sobre a família de Jó, devastando-a. Ainda hoje, “fortes ventos” continuam a “soprar” em famílias inteiras.  O resultado desses “ventos” é a degradação familiar, divórcios, drogas etc. A exemplo de Jó, o crente deve se refugiar em Deus. É preciso que a família abra a Bíblia em casa e busque o Senhor em estudo e devoção. – Uma coisa foi perder as riquezas e os servos. Algo muito diferente foi perder membros da própria família. Conforme avançaram os testes intensificaram os sofrimentos. Grande vendaval (talvez um dedo sobrenatural) fez a casa onde estava a maior parte da família de Jó (em meio a uma grande festa), desabar. Somente uma pessoa não-identificada (provavelmente um servo), escapou e correu para contar a Jó o que havia acontecido. O vento soprou no deserto, aparentemente atacando com a força de um tornado. O vento demoliu tudo em seu caminho, incluindo a casa na qual os filhos de Jó se divertiam, e se encaminhou diretamente para o alvo. O tornado foi satanicamente orientado. Esse foi o segredo de sua precisão. Ali estava Jó, reduzido a nada. Porventura ele agora amaldiçoaria a Deus, conforme Satanás disse que faria (v. 11)? Continuaria Jó adorar a Deus, quando as “razões” para isso fosse removidas? Continuaria e adorar a Deus embora ele, um homem inocente, tivesse sido ferido? Aceitaria sua fé o fato de que terríveis sofrimentos podem sobreviver ao homem piedoso? Seria sua adoração desinteressada, ou ele adoraria a Deus somente quando obtivesse algum benefício pessoal dessa atitude e desses atos? – A escandalosa esposa de Jó conseguiu, de alguma maneira, escapar aos golpes que acabaram com sua família. Ela havia sido como uma rainha na cidade, gastando o dinheiro de Jó com alegria feroz. Agora o dinheiro dele se acabara; os filhos dele morreram; e tudo quanto restava a Jó era seu monte de lixo e suas pústulas. A mulher de Jó era exatamente como Satanás esperava que fosse. Se ela tivesse alguma espiritualidade, certamente era uma espiritualidade egoísta. Ela não tinha nada de adoração desinteressada. Ver Jó ainda firme na sua integridade era o máximo de insensatez, na opinião dela. Ela disse a Jó que fizesse o que Satanás disseram que ele faria – “amaldiçoar a Deus” – e, depois disso, morrer e obter o fim do triste drama. Ela não se preocupava se Jó seria ou não um pecador que estivesse pagando pelos seus erros. Ela simplesmente queria que ele e seu Deus saíssem do caminho. Ela queria que a farsa da fé religiosa terminasse, pois não aguentava tão inúteis sofrimentos. Portanto os inimigos de um homem podem ser aqueles da sua própria casa (Mt 10.36). A esposa de Jó só estava tentando vê-lo morto e livre de sofrimentos, supondo que uma maldição tivesse o poder de eliminar os sofrimentos dele. Em outras palavras, ela era uma antiga advogada da eutanásia. Ela raciocinava que, se Jó amaldiçoasse a Deus, uma retaliação divina mataria o homem, pondo fim a seus sofrimentos.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

“Seus bens mais queridos e mais valiosos era os seus dez filhos; e, para concluir a tragédia, uma notícia lhe foi trazida ao mesmo tempo de que eles estavam mortos e enterrados em meio às ruínas da casa na qual festejavam, junto com todos os criados que os serviam, exceto um que veio rapidamente com essa notícia (vv.18,19). Esta foi a maior das perdas de Jó, e que o atingiu mais de perto; e por isso o Diabo a reservou para o final, para que se outras contrariedades falhassem, esta pudesse fazê-lo amaldiçoar a Deus. Nossos filhos são partes de nós mesmos; é muito difícil separar-nos deles, e isso fere um bom homem de maneira mais profunda possível. Mas separar-se de todos eles de uma vez, e o fato de estarem todos mortos, sim, aqueles que haviam sido por tantos anos a sua preocupação e a sua esperança, era algo que o atingia realmente no âmago do seu ser” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento: Jó a Cantares de Salomão. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 10).

  III. TRAGÉDIA DE NATUREZA FÍSICA E PSICOLÓGICA

1. O Diabo toca na saúde de Jó. Depois que o Diabo viu o seu plano fracassar, pois o patriarca não sucumbiu à tentação, mesmo diante da dizimação de seus bens e familiares, o Adversário agora tem a permissão divina para tocar na saúde de Jó. Essa nova prova é um drama muito distinto na literatura do Antigo Testamento. Ela dará a tônica ao restante do livro.

2. Saúde física. O texto sagrado diz que o Diabo “feriu a Jó de uma chaga maligna, desde a planta do pé até ao alto da cabeça.” (Jó 2.6,7). Tratava-se de uma doença extremamente maligna, capaz de provocar um grande sofrimento em Jó, a ponto de este sentar-se nas cinzas e pegar um caco de barro para com ele raspar as feridas. Essa era uma prática que o homem antigo adotava quando se via acometido de uma grande desgraça. Ele ia para o monte de cinzas (hb. mazbala), um local considerado imundo, onde os inválidos e dementes costumavam ficar. Ali ele esperava a morte entre cães, insetos e aves de rapina. Trágico!

3. Saúde mental. Não há dúvida que, além do sofrimento físico, Jó também experimentou o sofrimento psicológico. Embora não haja nada no texto que nos permita dizer que ele entrou em depressão, não há como negar que Jó passou por uma grande tensão psicológica. Há vários textos no corpo do livro que permite fazer essa dedução, mas já no início da sua fala é possível perceber esse fato (Jó 3.1-14). Ainda que mantivesse sua fidelidade a Deus, o patriarca amaldiçoou o dia de seu nascimento, não vendo mais razão para que fosse celebrado. Só debaixo de forte pressão psicológica é que pessoas chegam a tal ponto. – Satanás afligiu Jó com tumores malignos, ou úlceras. Não há como determinar a natureza exata dessa enfermidade, nem isso é importante para a compreensão do texto. Até as humildes pústulas são uma questão séria. Resultam de uma infecção cutânea avançada, que penetra nas camadas mais profundas da pele e, então, chega ao músculo. São causadas por bactérias, como o estreptococo ou o estafilococo, e devem ser tratadas por meio de antibióticos. Não estamos abordando um caso de lepra. O hebraico original diz aqui shehi ra, que subtende uma inflamação. Não há inflamação mais estranha do que uma pústula, e ter pústula do alto da cabeça à planta dos pés seria algo que uma pessoa não poderia suportar. Em sua agonia, Jó retirou-se para um monte de lixo, para ali morrer. A tradução “sentado em cinza” reflete o termo hebraico mazbala, ou seja, um montão de lixo de cinzas. Até hoje, segundo dizem os viajantes, do lado de fora das aldeias árabes, pode-se observar monturos, monte de lixo, carcaças apodrecendo, crianças brincando em meio a pilha de lixo, esmoreles sem moradia e idiotas da vila perambulando ao redor, e cães selvagens brigando por pedacinho de alimento que encontra naquela confusão horrenda. Jó, o respeitado o príncipe árabe, abandonou sua casa e foi para esse lugar tão miserável, a fim de esperar pela morte. Ele estava rasgado por dentro pela dor e pela angústia mental. Não havia medicamentos, e suas orações desesperadas eram inúteis. Por que Jó tinha de raspar seus ferimentos não é revelado, mas é provável que ele usasse aquele caco para coçar as suas pústulas. Talvez ele também ele também estivesse removendo o pus que corria de suas pústulas. Suas feridas eram por demais nojentas para serem tocadas. Houvera tempo em que o aristocrata Jó se sentara entre os sábios nos conselhos da cidade, mas agora o vemos sentado a raspar-se em suas pústulas putrefatas.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

“[…] Foi o patriarca constrangido a suportar as dores mais terríveis e os piores desconfortos a que um ser humano jamais fora submetido. Entretanto, reteve a sua integridade. Muitos são os servos de Deus que estão a sofrer as mais terríveis enfermidades. Uns, à semelhança de Ezequias, enfrentam um tumor maligno que, pouco a pouco, vão lhes consumindo as forças e o que lhes resta das humanas feições. Outros, como o Lázaro da história narrada pelo Senhor Jesus, jazem cobertos de uma chaga que os tornam repulsivos, embora espiritualmente sejam os mais puros dos homens. Outros, ainda, tal como o jovem pastor Timóteo, veem-se às voltas com uma doença no estômago que os fustiga com fortes ânsias” (ANDRADE, Claudionor de. : O Problema do Sofrimento do Justo e o seu Propósito. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, p. 85).

  CONCLUSÃO

Nesta lição vimos o drama de Jó, que foi provado de uma forma dura no seu trabalho, família e saúde. Somente um homem com uma fé inabalável mantém sua lucidez diante de tantas catástrofes. Somente o Senhor pode manter o fiel de pé diante de calamidades dessa natureza. O Diabo chegou ao ponto máximo de pressão contra Jó, mas não conseguiu executar o seu intento. O patriarca permaneceu de pé diante da provação. – Desnudado de suas riquezas e de sua família, Jó está nu diante de Deus, tal como esteve nu ao nascer. O Senhor é o Doador e o Tirador, e Jó não disputou os direitos Dele. Satanás pensava que Jó só se interessava por seus próprios direitos pessoais. Entretanto Satanás estava tratando com um homem melhor do que propusera. Jó nasceu destituído, havia florescido e, então, retornara à destituição. Jó estava resignado diante desse retorno e atribuiu tudo ao poder divino. Ele reconheceu que Yahweh é o proprietário de geral de tudo, e Seu nome deve ser sempre bendito em qualquer vicissitude.

REFERÊNCIAS

CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo: Jó. São Paulo: Hagnos, 2001, p. 1864.

LIÇÕES BÍBLICAS. 4º Trimestre 2020 - Lição 4. Rio de Janeiro: CPAD, 24, out. 2020.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento: Jó p. 3.  Rio de Janeiro: CPAD, 2010.

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