sábado, 5 de setembro de 2020

LIÇÃO 10: PROVAI SE OS ESPÍRITOS SÃO DE DEUS

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I

   INTRODUÇÃO

Na lição passada estudamos as diferentes formas de ataques que o Inimigo da obra de Deus usa para lutar contra os servos de Deus. Vamos dedicar esta lição ao estudo de como o Inimigo ataca por meio dos falsos profetas. – É visível através da Palavra de Deus que o inimigo não dá tréguas em seus ataques contra o povo escolhido do Senhor. Ele usa de todas as formas para tentar impedir os andamentos da obra de Deus na terra. Entretanto a Bíblia nos dá instruções como devemos proceder para estarmos atentos a todo instante e sermos vitoriosos, assim como Jesus o foi.

   I. CUIDADO COM OS FALSOS PROFETAS!

1. Os samaritanos observaram que os judeus davam muito valor à palavra dos profetas. Lembravam-se dos profetas Ageu e Zacarias, os quais profetizavam com tanta graça que a construção do templo, que havia estado parada por quinze anos, recomeçou imediatamente, e continuou até a inauguração da casa de Deus. Por ocasião da construção do muro, a comunicação entre judeus e samaritanos estava interrompida. Os judeus recusavam as propostas de cooperação dos samaritanos e não aceitavam as visitas deles. Em vista das constantes recusas das suas ofertas de amizade, os samaritanos procuraram então influenciá-los por meio de profecias. Tobias e Sambalate conseguiram subornar alguns profetas, entre eles a profetisa Noadias, a fim de atemorizar Neemias, dizendo que ele estava em perigo de morte, e deveria fugir para dentro do templo, para assim salvar sua vida (Ne 6.10-14). O exemplo deixado por Balaão prova que qualquer profeta que aceita suborno, ou recebe dinheiro para profetizar, é um falso profeta. Devemos ter cuidado, a fim de que os falsos profetas não encontrem guarida em nossas igrejas. – Talvez esse falso profeta Semaías quisesse imitar a Ezequiel: ficar dentro de casa para demonstrar o perigo, como se fosse uma profecia de tudo o que poderia acontecer a Neemias. Ele estava livre, então, para se oferecer a acompanhar Neemias até ao templo. – O maior mal que os nossos inimigos podem nos fazer é nos assustar, a fim de nos afastar de nosso dever e levar-nos a fazer o que é pecaminoso. Nunca recusemos participar de uma boa obra, e jamais participemos de uma obra má. Devemos provar todo conselho e recusar o que seja contrário à Palavra de Deus. Todo homem deve refletir para que seja consequente: Devo eu, cristão professo, chamado para ser santo, filho de Deus, membro do corpo de Cristo, templo do Espírito Santo, ser cobiçoso, sensual, orgulhoso ou invejoso? Devo render-me à impaciência, ao descontentamento ou à ira? Devo ser preguiçoso, incrédulo ou sem piedade? Que efeito tal conduta terá nos demais? Tudo o que Deus tem feito por nós ou por nosso intermédio, ou tudo o que Ele nos tem dado, deve nos levar a vigiar, negar a nós mesmos, e a ser diligentes.

2. Neemias tinha o dever de examinar a profecia recebida. E ele o fazia! Em primeiro lugar, estranhou a ordem para fugir: "Um homem como eu fugiria?" Além disso, ele observou que não tinha o direito de entrar no templo, uma vez que não era sacerdote. Compreendeu facilmente que tudo não passava de um ardil de Tobias e Sambalate, para atemorizá-lo e seduzi-lo a pecar. Assim, concluído o exame da profecia, Neemias pôde dizer: "Conheci que não era de Deus" (Ne 6.12). – Todos que declaram ser mensageiros de Deus devem ser examinados e provados, se de fato são homens de Deus. Há os que se apresentam como crentes, afirmando que estão empreendendo um ministério determinado por Deus quando, na realidade, os tais buscam apenas glória e prosperidade para si mesmos. O povo de Deus precisa de discernimento para julgar o caráter pessoal e a lealdade a Deus e aos seus padrões, de todos que se apresentam como porta-vozes de Deus. Neemias não tinha o dom do discernimento de espírito, mas conhecia a Palavra de Deus e sabia através do crivo da Palavra que a profecia era algo inventado e não procedia do Senhor. Assim devemos proceder!

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

O professor deve ser capaz de usar bons exemplos da própria Escritura, a Palavra de Deus, para ampliar pedagogicamente o sentido da lição. Para isso é importante que ele seja um leitor permanente das Escrituras Sagradas, a fim de edificar a sua vida espiritual e acumular imagens na memória para ser capaz de apanhar exemplos que sirvam como elementos ressonantes de aprendizado.

Por isso, relate como os apóstolos discerniam as várias manifestações espirituais. Em primeiro lugar, mostre como o apóstolo Pedro desmascarou Ananias e Safira. Em seguida, descreva de que forma Paulo discerniu o espírito daquela jovem adivinha. Hoje, também, devemos estar sempre atentos às várias manifestações espirituais.

  II. A BÍBLIA REVELA A EXISTÊNCIA DOS FALSOS PROFETAS

1. No Antigo Testamento:

a. O trágico exemplo relatado em 1 Reis 13. Um fervoroso homem de Deus, procedente de Judá, profetizou com muita coragem advertindo o ímpio rei de Israel, que estava junto do altar queimando incenso. Ele disse: "Altar, altar! Assim diz o SENHOR: Eis que um filho nascerá à casa de Davi, cujo nome será Josias, o qual sacrificará sobre ti os sacerdotes dos altos que queimam sobre ti incenso, e ossos de homens se queimarão sobre ti" (v. 2). E deu um sinal de que aquela palavra era do Senhor: "Eis que o altar se fenderá, e a cinza [...] se derramará" (1 Rs 13.3).

Ouvindo o rei aquela palavra, estendeu a sua mão sobre o altar ordenando que prendessem o homem de Deus. Todavia a mão que ele estendeu contra o profeta secou-se, e não a podia tornar a trazer a si. O altar se fendeu, e a cinza se derramou, como o profeta havia dito. A pedido do rei, o profeta orou a Deus e a mão lhe foi restituída sã. A ordem de Deus para o profeta era que não comesse pão e nem bebesse água naquele lugar, e que não voltasse pelo mesmo caminho (1 Rs 13.9). Havia, porém, naquele lugar um velho profeta, cujo o filho lhe contou o que fizera o profeta vindo de Judá. O velho profeta foi ao encontro do homem de Deus, e convidou-o para comer pão. Ante a recusa do homem de Deus, o velho profeta argumentou que um anjo lhe havia falado; ordenando que convidasse o profeta de Judá a voltar, para comer pão em sua casa (1 Rs 13.11-15). O homem de Deus não discerniu a mentira e aceitou o convite do velho profeta. E sucedeu que quando ele estava comendo pão, Deus tomou o velho profeta em profecia e disse: "Visto que foste rebelde à boca do SENHOR, [...] antes, voltaste, e comeste pão, [...] o teu cadáver não entrará no sepulcro de teus pais" (1 R s 13.21,22). Depois de ter comido pão, voltou, e no caminho um leão o matou, deixando-o prostrado na estrada (1 Rs 13.23,24). O velho profeta o recolheu, e sepultou-o no seu sepulcro, chorando lágrimas, certamente de fingimento (1 Rs 13.26-28). – A conduta do velho profeta prova que realmente não era um homem bom. Quando a mudança ocorreu sob Jeroboão, ele preferiu o seu conforto e interesse, ao invés de sua religião. Este profeta utilizou um meio extremamente mau para fazer retornar um profeta bom: a mentira. Os crentes estão em maior perigo de serem desviados de seu dever pelas enganosas pretensões de santidade. O profeta morreu porque acreditou em um homem (profeta velho) que afirmou ter uma mensagem do Senhor, em vez de ouvir a voz do próprio Deus. Portanto, confiemos no que a Palavra de Deus diz em vez de acreditarmos naquilo que alguém afirma ser verdade. Desconsideremos o que alguém pode reivindicar ser uma mensagem do Senhor, se suas palavras contradisserem a Bíblia. – Pode chamar a nossa atenção que o profeta mentiroso não tenha sido repreendido, enquanto que o homem de Deus foi castigado imediatamente, o que diremos diante de tudo isso? os juízos de Deus transcendem o nosso poder de compreensão, e há um castigo vindouro. Nada é capaz de escusar um ato voluntário de desobediência. Este fato demonstra o que podem esperar os que dão ouvidos ao grande enganador, que é o Diabo. Os que cedem diante dele, quando se apresenta como tentador, padecerão nas mãos dele como atormentador. Os que o Diabo adula agora serão mais tarde violentamente atacados por ele; e os que forem levados ao pecado serão conduzidos ao desespero.

b. Nos dias de Jeremias havia falsos profetas, os quais com suas profecias combatiam a palavra que Deus havia enviado a Israel, por meio de Jeremias (Jr 29.21-23). – No livro de Jeremias há registro de vários profetas que enganava o povo, dentre eles existiam dois cativos, falsos profetas de Israel, que haviam estado enganando os exilados na babilônia (veja Jr. 29.15) acabariam por trazer sobre si a ira do rei que os havia capturado e que os lançaria numa fornalha de fogo, como em Daniel 3. Eles atraíram para si não apenas a inimizade dos poderosos inimigos, mas também a de Deus, por causa de profecias contra suas palavras e de adultério físico. O castigo contra Semaías, um profeta de quem não sabe mais nada, que se opunha a Jeremias, foi muito parecido com o que aconteceu com Hananias (Jr 28.15-18).

c. Quando o rei Josafá, de Judá, visitou o rei Acabe, de Israel, este tinha um grande número de profetas que profetizavam segundo a vontade de Acabe. Então o rei Josafá perguntou: "Não há aqui ainda algum PROFETA DO SENHOR? E o rei Acabe respondeu que havia o profeta Micaías. Os que foram buscá-lo disseram-lhe: "Vês aqui que as palavras dos profetas, a uma voz, predizem coisas boas para o rei; seja, pois, a tua palavra como a palavra de um deles, e fala bem". Então disse Micaías: “O que o Senhor me disser isto falarei". Como Micaías profetizou, assim aconteceu: Acabe morreu na batalha (1 Rs 22.5-28,35-37). – Aonde quer que for um homem bom, deverá levar consigo a sua fé, sem envergonhar-se de reconhecê-la quando estiver com os que a desdenham. Josafá não deixou para trás de si, em Jerusalém, o afeto e a reverência que tinha pela Palavra do Senhor, mas a confessou e propôs-se a levá-la à corte de Acabe. Os profetas de Acabe, para agradar Josafá, fizeram uso do nome de Jeová; para agradar Acabe, disseram: "Sobe". Porém, os falsos profetas não são capazes de imitar perfeitamente a verdade, porque quem exerce os seus sentidos espirituais, pode discernir a mentira. Um profeta fiel ao Senhor valia mais do que todos eles. – Os homens mundanos de todas as épocas têm tido pontos de vista igualmente absurdos sobre a religião. Quiseram e querem que os pregadores adaptem a sua doutrina à moda de cada época, conforme o gosto dos ouvintes, e acrescentam, contudo, a expressão: "Assim diz o Senhor" às palavras que os homens colocam em seus lábios. Os verdadeiros profetas estão dispostos a alçar a sua voz contra homens tão rudes e néscios, desprovidos de escrúpulos, dispostos somente a assegurar os seus próprios interesses e enganar os demais. – O maior bem que podemos fazer a uma pessoa que anda por um caminho perigoso é falar-lhe sobre o perigo que está correndo. Para deixar sem escusa o criminoso que tem a consciência cauterizada, e dar uma lição útil aos demais, Micaías relatou a sua visão. Este assunto está representado de acordo com o estilo dos homens; não temos que imaginar que Deus alguma vez tolere novos conselhos ou que necessite consultar anjos ou quaisquer outras criaturas, sobre o método que Ele deve adotar. Ou ainda, o que Ele deva fazer em relação ao autor do pecado, ou à causa através da qual alguém profira ou acredite em uma mentira.

d. Ainda nos dias de Jeremias, falsos profetas conseguiram influenciar alguns dos sacerdotes e enganar o povo, por meio deles (Jr 5.31). Dessa maneira, o povo desviava-se dos caminhos de Deus, e recusava-se a ouvir as verdadeiras anunciadas por Jeremias. Moisés, Jeremias, e Ezequiel combateram tenazmente os falsos profetas e seus ensinos heréticos (Dt 13.1-18; 18.20-22; Jr 23.11-32; 28.6-17; Ez 13.1-18). – Aqui estão incluídos os profetas com mensagens falsas, os sacerdotes que querem afirmar a sua própria autoridade e também os seus seguidores, que toleram tais falsidades. Todos são culpados diante de Deus!

2. No Novo Testamento:

a. Jezabel. Jesus advertiu o anjo da Igreja em Tiatira, por este ter permitido que uma mulher, por nome Jezabel, falsa profetisa, ensinasse e enganasse os membros daquela igreja, prostituindo-os (Ap 2.20-23). – Provavelmente Jezabel aqui seja um pseudônimo de uma mulher que influenciava a igreja do mesmo modo que a rainha Jezabel havia influenciado os judeus do Antigo Testamento, com sua idolatria e imoralidade. Havendo dado tempo para essa mulher se arrepender, Deus estava por julgá-la sobre uma cama. Já que usava uma cama luxuosa para cometer imoralidade, e o divã reclinável na festa do ídolo para comer coisas oferecidas a falsos deuses, Deus lhe dará uma cama no inferno, na qual ela ficará para sempre. Deus tem conhecimento perfeito e íntimo de cada coração humano; nenhum mal pode ser escondido dele (Sl 7.9; Pv 24.12; Jr 11.20; 17.10; 20.12).

b. A Bíblia adverte que nos últimos tempos aparecerão falsos profetas (Mt 24.11,24). 0 espírito do Anticristo estará então operando grandemente (1 Jo 2.18; 4.2,3), e fará esses falsos profetas operarem sinais e prodígios de mentira, com todo engano e injustiça (2 Ts 2.9,10). – O crente da atualidade precisa estar informado de que pode haver, nas igrejas, diversos obreiros corrompidos e distanciados da verdade, como os mestres da lei de Deus, nos dias de Jesus (Mt 24.11,24). Jesus adverte, aqui, que nem toda pessoa que professa a Cristo é um crente verdadeiro e que, hoje, nem todo escritor evangélico, missionário, pastor, evangelista, professor, diácono e outros obreiros são aquilo que dizem ser. A PROVA: Quatorze vezes nos Evangelhos, Jesus advertiu os discípulos a se precaverem dos líderes enganadores (Mt 7.15; 16.6,11; 24.4,24; Mc 4.24; 8.15; 12.38-40; 13.5; Lc 12.1; 17.23; 20.46; 21.8). Noutros lugares, o crente é exortado a pôr à prova mestres, pregadores e dirigentes da igreja (1Ts 5.21; 1 Jo 4.1). Seguem-se os passos para testar falsos mestres ou falsos profetas: (1) Discernir o caráter da pessoa. Ela tem uma vida de oração perseverante e manifesta uma devoção sincera e pura a Deus? Manifesta o fruto do Espírito (Gl 5.22,23), ama os pecadores (Jo 3.16), detesta o mal e ama a justiça (Hb 1.9 nota) e fala contra o pecado (Mt 23; Lc 3.18-20)? – Apesar de tudo que o crente fiel venha a fazer para avaliar a vida e o trabalho de tais pessoas, não deixará de haver falsos mestres nas igrejas, os quais, com a ajuda de Satanás, ocultam-se até que Deus os desmascare e revele aquilo que realmente são.

  III. DEVEMOS JULGAR AS PROFECIAS

1. Deus quer a sua Igreja revestida com todos os dons do Espírito Santo. A igreja em Corinto deve ser o nosso exemplo neste sentido: Paulo dirigiu-se a ela dizendo que nenhum dom lhe faltava (I Co 1.7). O conselho bíblico para nós é: "Segui o amor, e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar" (1 Co 14.1).   "Dom" em grego é, especificamente, "um dom da graça". Enquanto as bênçãos da palavra e do conhecimento eram, principalmente, para a evangelização do perdido, os dons edificam a igreja. Como os dons são dados a cada cristão sem considerar a maturidade ou espiritualidade, os coríntios, apesar de pecadores, os tinham em sua plenitude. Paulo deixa um imperativo para todos os cristãos: Segui o amor! Como a falta de amor era a raiz dos problemas espirituais na igreja de Corinto, o amor piedoso descrito deveria ter sido buscado por eles com particular determinação e diligência. Os dons espirituais são concedidos, de maneira soberana, por Deus a cada cristão e são necessários para a edificação da igreja. O desejo por eles, nesse contexto, é em referência ao uso deles, coletiva e fielmente, em seu serviço – e não um anseio pessoal por ter um dom que a pessoa admira, mas não possui. Como uma congregação, os coríntios deveriam estar desejosos de que a expressão plena de todos os dons fosse exercitada. Paulo usa o plural para ressaltar o desejo coletivo da igreja. O dom espiritual de profecia era desejável na vida da igreja para servir de um modo que o dom de línguas não conseguia, ou seja, edificar toda a igreja.

2. O despertamento renova os dons. Quando Deus renova o dom de profecia e os dons de variedade de línguas e interpretação, por meio de um despertamento espiritual, então se torna necessário que a igreja esteja bem doutrinada para saber como usar os dons espirituais, e também como se deve julgar as profecias, conforme a Palavra de Deus nos orienta! (1 Ts 5-19). Nenhuma mensagem tida como profética está isenta de exame por parte da igreja. Conforme o ensino do apóstolo Paulo, na referência supracitada, temos o direito e o dever de julgar as profecias, para ver se elas estão de acordo com as Escrituras. Se não estiverem, são consideradas anátema, pois têm o objetivo de conduzir o povo de Deus ao erro. Fujamos das falsas profecias e dos falsos profetas. É importante esclarecer que a palavraprofecias’ pode se referir a uma revelação proferida da parte de Deus, porém, no mais das vezes refere-se à palavra escrita da Escritura (veja por exemplo Mt 13.14; 2Pe 1.19-21; Ap 1.3; 22.7,10,18-19). Essas "profecias" são mensagens autorizadas dc Deus por meio de um porta-voz, que, devido à sua origem divina, não devem ser tratadas com leviandade. Também deve-se esclarecer quem quando a Palavra de Deus é pregada ou lida, deve ser recebida com grande seriedade, pois é a palavra de Deus sendo verbalizada por um porta-voz. Agora, todos nós somos chamados a julgar todas as coisas, fazer um exame cuidadoso do que está sendo profetizado, à luz das Escrituras. Jamais devemos minimizar a Palavra de Deus, mas examinar cuidadosamente a palavra proclamada (At 17.10-11). O que for "bom" deve ser retido de todo o coração. O que for "mal" ou não bíblico deve ser evitado.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

"1. Devemos exercer o nosso ministério proporcionalmente à nossa fé.

3. Devemos manter atitudes certas: contribuir com generosidade, orientar com diligência e ter alegria em demonstrar misericórdia.

9. Embora exerçamos um dom até à sua próxima capacidade, tudo será fútil sem o amor. Evidentemente, temos apenas o conhecimento parcial, e é só o que conseguimos compartilhar. Os dons são dados continuamente, segundo nossa medida de fé (e não uma vez por todas). Os dons devem ser testados; devem estar sujeitos aos mandamentos do Senhor. O enfoque e o amadurecimento da igreja, e não a grandeza do dom. Estas verdades devem nos levar a humildade, a estima por Deus e pelo próximo e a zelosa disposição de obedecer a Ele" (HORTON, Stanley (Ed.) Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, pp.477,76).

  IV. POR QUE DEVEMOS JULGAR AS PROFECIAS?

1. Porque a Palavra de Deus nos manda julgá-las (1 Ts 5.19-21; 1 Co 14.29). – É importante que se diga que não apenas os profetas tinham de julgar os outros com discernimento, como também tinham de exercer controle sobre eles próprios. Deus não quer experiências fora do espírito ou fora da mente. Aqueles que recebiam e proclamavam a verdade tinham de ter a mente limpa. Nada havia de bizarro, extático, transcendental ou espantoso em receber e pregar a Palavra de Deus. Em 1Co 14, Paulo está colocando em ordem algo que era feito na igreja de todo jeito, sem ordem. Aqui, temos quatro regras para a pregação deles: 1) somente dois ou três deviam falar; 2) os outros profetas tinham de julgar o que fora dito;3) se, enquanto um estivesse falando, Deus concedesse a revelação, o que estivesse falando tinha de ceder aquele que ouviu de Deus; e 4) cada profeta tinha de esperar o outro acabar de falar para ter a sua vez.

2. Porque os que profetizam são sujeitos a falhas. Mesmo que a mensagem venha de Deus, pode acontecer que o instrumento esteja sem o fruto do Espírito na sua vida, e a transmissão da mensagem seja prejudicada por esta causa (1 Co 13.1-3). – Os dons espirituais estavam presentes em Corinto; a doutrina correta estava no lugar apropriado (1Co 11.2), mas o amor estava ausente. Isso levava a contendas e exibições de egoísmo e orgulho que contaminavam a igreja – particularmente na área dos dons espirituais. Em vez de desejar, de maneira egoísta e invejosa, os melhores dons não concedidos a eles, os cristãos deveriam procurar o maior de todos: o amor de uns pelos outros. O capítulo 13 de 1º Coríntios é considerado por muitos a passagem literária mais importante que Paulo escreveu. Ela é básica para o tratamento sério que ele faz dos dons espirituais, porque, depois de discutir a distribuição dos dons no capítulo 12, e antes de apresentar as funções deles no capítulo 14, ele aborda a atitude necessária em todos os ministérios da igreja neste capítulo.

3. Porque pode haver conhecimento prévio dos fatos. Quando o que profetiza conhece os problemas da pessoa para quem está profetizando, pode haver o perigo de que a sua opinião pessoal venha a influenciar o conteúdo da mensagem. A Bíblia diz: "Que tem a palha com o trigo?" (Jr 23.28). A mensagem pode ser um produto da opinião daquele que profetiza. Temos na Bíblia um exemplo, quando o profeta Natã, entregou, por conta própria, uma "mensagem profética" ao rei Davi (2Sm 7.2), porém Deus mandou que ele corrigisse a palavra dada (2 Sm 7.4-6). – O profeta Natã incentivou Davi a realizar o projeto nobre que ele tinha em mente e lhe garantiu a bênção do Senhor. Entretanto, nem Davi nem Natã haviam consultado o Senhor. O Senhor revelou sua vontade a Natã nessa questão, a fim de redirecionar os melhores pensamentos humanos do rei. Davi aceitou a sua parte no plano de Deus e não tentou ir além dela. Às vezes, o Senhor diz não aos nossos planos e, quando o faz, devemos lançar mão das outras oportunidades que Ele nos oferece.

4. Existe a possibilidade de que o "profeta", ao enunciar a “mensagem profética", esteja sendo influenciado por um espírito maligno, disseminador de mentiras. Lemos sobre isto em 1 Rs 22.7,11,19,21-23. – Convenhamos que, nessa situação, só pode tratar-se de um falso profeta. Como no caso de Josafá que reconheceu que aqueles 400 profetas não eram verdadeiros profetas do Senhor, e quis ouvir a palavra de um profeta verdadeiro. O espírito mentiroso, como referido em 1Rs 22.22, trata-se do próprio Satanás, a quem o Senhor permitiu que falasse por meio dos 400 demônios que habitavam nos 400 falsos profetas. Por esta razão, é importantíssimo que, na igreja local, haja o dom de discernimento de espíritos, a fim de identificar os falsos profetas.

  V. COMO DEVEMOS JULGAR AS PROFECIAS?

1. Examinando as Escrituras. Uma profecia jamais pode estar em conflito com a Palavra de Deus. A Palavra de Deus é o PRUMO (Am 7.7,8). A Palavra de Deus é perfeita (SI 19.7). Uma mensagem que estiver em desacordo com a Palavra de Deus, seja ela transmitida por quem for, até por um anjo do céu, está reprovada e deve ser rejeitada, pois é anátema (GI 1.8).  Ao longo da História, Deus tem devotado certos objetos, pessoas e grupos de pessoas para a destruição, veja por exemplo Js 6.17-18; 7.1,25-26. O Novo Testamento oferece muitos exemplos de um grupo desses: os falsos mestres (Mt 24.24. Jo 8.44; 1Tm 1.20; Tt 1.16), onde os judaizantes são identificados como membros desse grupo infame. Paulo faz uso de um argumento hipotético, invocando os exemplos mais improváveis para o falso ensino – ele próprio e os santos anjos – trazendo uma mensagem que não se coadune com a sã doutrina. Os gálatas não deveriam receber nenhum mensageiro, independentemente do quão perfeitas fossem suas credenciais, caso a doutrina da salvação que ele anunciasse diferisse, ainda que num ponto mínimo, da verdade de Deus revelada por meio de Cristo e dos apóstolos, tal mensagem deveria ser tida como anátema. A tradução da conhecida palavra grega anathema, a qual se refere a devotar alguém à destruição no inferno eterno (Rm 9.3; 1Co 12.3; 16.22). Essa deve ser nossa conduta na igreja local, não podemos aceitar nada menos que a sã doutrina sendo expostas de forma clara e sem mistura.

2. Através do dom de discernimento de espíritos. A Bíblia diz que “O que é espiritual discerne bem tudo". Devemos buscar, incansavelmente, receber de Deus este dom (1 Co 2.15; Jo 7.17; Fp 1.10; Lc 12.57).

Quando uma profecia é inspirada por Deus, aquele que tem discernimento logo a reconhece (1 Jo 1.5). Todo aquele que "anda na luz, como Ele na luz está" conhece e pratica a sua Palavra, e tem comunhão uns com os outros (1 Jo 1.7). Desse modo, o espirito de mentira não o engana com suas falsas profecias. O crente, que é uma ovelha do Senhor, conhece sempre a voz do seu pastor (Jo 10.4). A noiva conhece a voz do seu amado (Ct 2.8; 5.2). – O discernimento de espíritos é um dos dons espirituais concedidos aos crentes, em Jesus; ele nos capacita a distinguir o real do aparente e a verdade da mentira. Aqueles que estão fundamentalmente comprometidos em fazer a vontade de Deus serão guiados por Ele na afirmação da verdade divina. A verdade de Deus é autoautenticada pelo ministério de ensino do Espírito Santo (1Co 16.13; 1Jo 2.20,27). O cristão genuíno tem por hábito andar na luz (verdade e santidade) e não em trevas (falsidade e pecado). Em todos os lugares e em todas as épocas, sempre existiram falsas imitações, e só com o discernimento do Espírito Santo é possível identificar a fonte de tais manifestações. Isso mostra a importância e a atualidade do dom de discernir os espíritos (1Co 12.10). O dom de discernir os espíritos aparece logo após o dom de profecia (1Co 12.10); por essa razão, muitos associam o referido dom como meio de “julgar” as profecias (1Co 14.29). Mas o contexto do Novo Testamento mostra que essa não é a sua única função. Serve também para distinguir a manifestação do Espírito Santo das manifestações de profecias, línguas, visões, curas provenientes de fontes demoníacas, e para proteger-nos dos ataques satânicos. Manifesta-se em situações nas quais não é possível, com recursos humanos, identificar a origem da manifestação sobrenatural.

3. A profecia se conhece pelo seu "sabor" (Jo 6.6,7; 12.11). Também o "sotaque" de quem fala, faz com que "o filho da terra" conheça quando um "estrangeiro" fala. Compare "sibolet" e "chibolet" (Jz 12.6).  Finalmente, os que são perfeitos têm, em razão de costume, os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal (Hb 5.14). – Pronunciar a palavra chibolete era o método usado para descobrir um efraimita, pela maneira como essa palavra era pronunciada. Se pronunciasse mal a palavra, trocando o som de "ch" por "s", a pessoa se revelava por meio do seu dialeto singular, falado pelos efraimitas. – Satanás é perito no engano e no disfarce, na mentira e na aparência: “porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz” (2Co 11.14). Ele é um ser habilidoso e acima de qualquer ser humano na arte do engano e da mentira; os seus disfarces só são discerníveis pelo Espírito Santo: “porque não ignoramos os seus ardis” (2Co 2.11). Às vezes, até mesmo os crentes, por falta de vigilância, terminam caindo no laço do Diabo.

SUBSÍDIO BÍBLICO-DIDÁTICO

Como era possível distinguir o verdadeiro do falso profeta no Antigo Testamento? O capitulo 8 de Deuteronômio foi um recurso revelado por Deus ao povo, por intermédio de Moisés, a fim de se estabelecer algumas d ire trizes para identificar o falso profeta. Podemos aprender com elas também:

1. O verdadeiro profeta falava em nome do Senhor dos Exércitos. Aliás, era costume dos profetas em Israel iniciar suas mensagens desta forma: "Assim diz o Senhor dos Exércitos". Embora nem sempre os verdadeiros profetas usassem esta fórmula, esta caracterizava o verdadeiro profeta. Daniel, por exemplo, não a usou; isto, porém, não lhe descaracteriza a profecia.

2. As palavras enunciadas pelos profetas deveriam estar em conformidade com a Palavra de Deus. Caso contrário, o mensageiro seria execrado da comunidade de Israel. Em Isaías 8.20, lemos que todos deveriam se ater à Lei e ao Testemunho. E, se não falassem de acordo com estas palavras jamais veriam a alva.

3. As profecias teriam que ter, necessariamente, um cabal cumprimento. Caso contrário: seriam descaracterizadas como palavras de Deus. Note bem: o cumprimento profético não poderia ter um cumprimento casuístico nem circunstancial, como acontece hoje em muitas igrejas. O cumprimento deveria ser atestado por todo o povo de Deus

4. Se o profeta tentasse levar os israelitas ao erro, seria considerado imediatamente um impostor. E jamais haveria de achar lugar entre os eleitos. Alguns, de fato, mostravam-se seguidores de Jeová. No entanto, não passavam de filhos de Belial: não somente induziram os israelitas ao erro, como também nos levavam à derrocada nacional.

Embora vivamos noutra dispensação, as mesmas regras continuam válidas para aferirmos a autenticidade dos mensageiros do Senhor. Afinal, como afirma o apóstolo Paulo, tudo quanto foi escrito, para nossa instrução foi escrito. Se nos dedicarmos mais ao estudo das Sagradas Escrituras, não seremos tão facilmente enganados. Infelizmente, muitas igrejas, hoje, são ludibriadas porque não têm mais as Sagradas Escrituras como a sua única regra de fé e conduta (Texto adaptado da revista Lições Bíblicas: Maturidade Cristã, Jovem e Adultos (Professor). Rio de Janeiro, CPAD, 1993, pp. 32,33).

  VI. CONCLUSÃO

1. Quando as profecias são provadas, o conceito e a consideração dos dons espirituais são conservados. Deste modo, a sã doutrina é preservada de qualquer influência e erros humanos, e o Espírito Santo tem liberdade de usar os seus servos, conforme a sua soberana vontade. – Pedro afirma a divina origem e autoridade das profecias da Escritura (1Pe 1.21). Todos os crentes devem, de modo semelhante, manter um conceito firme e final da inspiração e autoridade das Sagradas Escrituras. Há várias razões para isso: (1) É a única maneira de ser fiel ao que Jesus Cristo, os apóstolos e a própria Bíblia ensinam a respeito das Escrituras (ver Sl 119; Jo 5.47). (2) Sem uma convicção inabalável nas Sagradas Escrituras, a igreja fica sem alicerce autêntico e seguro para sua fé, sem certeza da salvação, sem valor moral absoluto, sem mensagem garantida para pregar, sem nenhuma certeza do batismo no Espírito Santo e da operação de milagres e nenhuma esperança da volta iminente de Jesus Cristo. (3) Sem uma convicção inabalável nas Sagradas Escrituras, os cristãos fiéis à Bíblia não têm nenhuma verdade absoluta e objetiva, baseada na autoridade do próprio Deus, com a qual possam julgar e rejeitar os valores movediços deste mundo, as filosofias humanas e as práticas ímpias da cultura mundana (Sl 119.160). (4) Sem uma convicção inabalável nas Sagradas Escrituras, o cristão não tem condições de suportar as terríveis dificuldades dos últimos dias (ver 1 Ts 2.1-12; 1 Tm 4.1; 2 Tm 3.1). (5) Sem uma convicção inabalável nas Sagradas Escrituras, ficam enfraquecidas a plena autoridade e as doutrinas da Bíblia; em consequência disso, ela será substituída pela experiência religiosa subjetiva humana, ou pelo raciocínio independente e crítico, também humano (2.1-3).

2. Quando provamos as profecias, estamos em condições de corrigir e doutrinar a pessoa que usou erradamente o dom de profecias. Assim, doutra vez, ele dará lugar ao Espírito Santo e irá usar o dom profético de modo correto. – É fundamental à comunhão do crente com o Senhor, a sua fidelidade a Deus e à Palavra revelada dEle (8.3). No texto de Dt 13.1-5 vemos que a tentação visando a destruir nossa lealdade a Deus, às vezes surge através de pessoas parecendo espirituais. Várias inferências decorrem disso, para nossa vida como crentes. [1] Deus, às vezes, testa a sinceridade do nosso amor e dedicação a Ele e à sua Palavra (cf. 8.2). [2] Deus, às vezes, nos prova permitindo que surja entre o seu povo, pessoas afirmando que são profetas de Deus, e que realizam "sinal ou prodígio" (vv. 1,2). Tais pessoas, às vezes, falam com muita "unção", predizem corretamente o futuro, e operam milagres, sinais e prodígios. Ao mesmo tempo, porém, podem pregar um evangelho contrário à revelação bíblica, acrescentar inovações à Palavra de Deus ou subtrair partes dela (cf. 4.2; 12.32). Aceitar esses falsos pregadores, significa abdicar da fidelidade total a Deus e à sua Palavra inspirada (v. 5). [3] O Novo Testamento também, por sua vez, adverte que falsos profetas e falsos mestres perverterão grandemente o evangelho de Cristo nos últimos dias desta era. O crente deve ter firme determinação quanto a sua fidelidade à revelação escrita de Deus, como a temos na Bíblia. A autenticidade do ministério de uma pessoa e do seu ensino não deve ser avaliada apenas pela sua pregação talentosa, alocuções proféticas poderosas, realização de milagres ou número de decisões. Esses critérios tornam-se cada vez menos dignos de confiança à medida que se aproximam os tempos do fim. O padrão da verdade sempre deverá ser a infalível Palavra de Deus. (Extraído de apazdosenhor.org.br)

3. Quando provamos as profecias recebemos as bênçãos que Deus, por meio delas, quer nos dar. Ficamos com o bom e rejeitamos o que não veio de Deus (1 T s 5.21). – Em 2Pe 1.19, Pedro contrasta as ideias humanistas com a Palavra de Deus (v. 16). Ele atesta a origem divina das Escrituras e afirma que toda a profecia teve sua origem em Deus, e não no ser humano (cf. v. 16). Assim, temos a certeza de que a mensagem de Deus é infalível (não é passível de conter erros ou enganos) e inerrante (livre de erros, falsificação ou logro). A infalibilidade e a inerrância da Bíblia são inseparáveis, porque a inerrância é o resultado da infalibilidade da própria Palavra de Deus. As Escrituras, na sua totalidade, são verdadeiras e fidedignas em todos os seus ensinos (2 Sm 23.2; Jr 1.7-9; 1 Co 14.37). Portanto, não há como recebermos uma parte da profecia e descartarmos o resto, ou é Palavra de Deus ou não é, ou recebemos ou rejeitamos, anátema!

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Francisco. Especial Lição 10: Provai se os espíritos são de Deus. Disponível em: https://auxilioebd.blogspot.com. Acesso em 05.09.2020

BÍBLIA, Bíblia SHEDD. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2008.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento: Neemias p. 7; 1 Reis; p. 39.  Rio de Janeiro: CPAD, 2010.

LIÇÕES BÍBLICAS. Edição Especial Jovens e Adultos, 3º Trimestre 2020 - Lição 10. Rio de Janeiro: CPAD, 06 setembro, 2020.

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.

Nenhum comentário:

Postar um comentário