sábado, 29 de agosto de 2020

LIÇÃO 9: COMO VENCER AS OPOSIÇÕES À OBRA DE DEUS

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I

   INTRODUÇÃO

Na lição 7 observamos como a construção dos muros em Jerusalém provocou uma dura resistência por parte dos samaritanos. Nesta lição iremos observar, mais detalhadamente, as diferentes formas dos seus ataques, e o modo como os judeus conseguiram vencê-los e concluir a obra. – O viver cristão, em meio as trevas, resulta em guerra. O ingresso na vida cristã na verdade, é um alistamento para uma guerra e o viver em Cristo, ao mesmo tempo que é um treinamento, é também uma batalha constante e precisamos ter e saber manejar as armas e equipamentos dados por Deus. Precisamos conhecer a respeito desta batalha e as instruções sobre como vencê-la. A armadura necessária para combater o adversário e opor-se a ele é concedida aos santos pelo Senhor. Vamos tentar estabelecer nesta lição, brevemente, as verdades básicas referentes à preparação espiritual necessária ao cristão, bem como as verdades referentes ao seu inimigo, sua batalha, e sua vitória. Em última análise, o poder de Satanás sobre os cristãos já está quebrado e a grande batalha é ganha por meio da crucificação e ressurreição de Cristo, o qual conquistou, para sempre, o poder do pecado e da morte (Rm 5.18-21; ICo 15.56-57; Hb 2.14). Todavia, durante a vida na terra, as batalhas da tentação continuarão regularmente. Para que haja vitória, são exigidos o poder do Senhor, do Espírito Santo e da verdade bíblica gravada em nossas mentes e corações.

   I. QUAL A PROCEDÊNCIA DESTES ATAQUES?

1. A Bíblia revela a verdadeira força por trás destes ataques. Ela diz: "Não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais" (Ef 6.12). Portanto, nossa luta é antes de tudo espiritual. Os inimigos visíveis são meramente instrumentos dos demônios, os quais nos atacam. Desde que Lúcifer caiu em pecado no céu e foi expulso de lá, ele tem sido o ADVERSÁRIO de Deus e de sua obra (l Pe 5. 8). – Aqueles que não são “carne e sangue” são os demônios sobre os quais Satanás tem controle. Estes não são meramente fantasia – são bastante reais. Enfrentamos um poderoso exército cujo objetivo é derrotar a Igreja de Cristo. Quando cremos em Cristo, estes seres se tornam nossos inimigos e tentam tudo o que for possível para nos afastar do Senhor e levar-nos de volta ao pecado. Embora tenhamos a vitória garantida, devemos nos engajar nesta luta até a volta de Cristo, porque Satanás está planejando constantemente contra aqueles que estão ao lado do Senhor. Precisamos do poder sobrenatural do Senhor Jesus Cristo para vencermos Satanás, e Deus nos deu ao conceder o precioso Espírito Santo, que está dentro de cada um de nós, bem como a sua armadura, que está sobre cada um de nós. Quando você se sentir desencorajado, lembre-se das palavras de Jesus a Pedro: “Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18)

2. Qual a orientação que a Bíblia dá diante desta luta? Ela diz: "Portanto tomai toda a armadura de Deus, para que possais:

a) RESISTIR NO DIA MAU;

b) TENDO FEITO TUDO;

c) FICAR FIRMES (Ef 6.13). Vemos, assim, que a Bíblia não aconselha fugir da luta, mas sim ficar firmes, resistir, e vencer! (Tg 4.7) – A armadura de Deus tanto pode significar a armadura que Ele mesmo usa, quanto a que Ele fornece. Talvez ambas as ideias estivessem na mente de Paulo. A esta altura de sua prisão, o apóstolo estava, provavelmente o dia todo, e todos os dias, preso algemado a um soldado romano. Sua mente deve frequentemente ter-se voltado do soldado romano para o soldado de Jesus Cristo, e do soldado ao qual estava preso, para o Guerreiro celestial, e a Quem sua vida estava ligada por laços mais sólidos, embora invisíveis. Estava em sua mente, a descrição da armadura do Guerreiro celeste, tal como é feita em Isaías 59:17; e Paulo teria pensado na relação entre as armas de Sua armadura e aquelas dadas por Ele aos soldados que lutam na guerra a Seu comando. Devia também, ter em seu pensamento, outros detalhes da armadura do soldado que estava ali junto dele, e seus equivalentes sob o ponto de vista da estratégia para habilitar o crente a enfrentar o conflito espiritual. Essas armas, que irá descrever, são dadas para que os homens possam ficar firmes contra as ciladas do diabo. E na realidade ficar firmes é a expressão chave da passagem, pois, tal como Moule diz, “esta não é a descrição de uma marcha, ou a de um assalto, mas a de manter-se firme a fortaleza da alma e da Igreja para o Rei celeste” (CB). A palavra traduzida aqui como ciladas é a mesma empregada em 4:14, onde vimos que envolvia a ideia de “meios astutos”. Esta é a primeira indicação da dificuldade da luta. Não é uma luta apenas contra 

3. Nesta luta contra o mundo invisível a arma mais eficaz é a fé. A Bíblia diz: "Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?" (1 Jo 5.5). Por isso a Bíblia aconselha: "Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna" (1 Tm 6.12). Pela fé experimentamos a operação do Espírito Santo em nossa vida (Gl 3.2,5). Jamais devemos permitir que alguma coisa venha abalar a nossa fé, porque "sem fé é impossível agradar-lhe" (Hb 11.6). Devemos não temer, mas crer somente (Mc 5.38). "Não deis lugar ao Diabo!" (Ef 4.2). – Quando Paulo se refere a “fé e amor” como couraça quer dizer a confiança em Deus. “A verdadeira proteção no dia mau”, diz Moule, “nunca está na introspecção, mas naquilo que se volta para fora, para Deus, e que é a essência da fé (Sl 25.15)”. Ele reitera a necessidade de se ter uma visão do inimigo. Nos dias do Novo Testamento os dardos frequentemente eram feitos com estopa em substância combustível e então acesos, de modo que os escudos de madeira necessitavam de uma cobertura de couro a fim de extinguir o fogo rapidamente. Paulo sabia que “as ciladas do diabo” incluíam esses dardos inflamados, a saber, as línguas dos homens que agem como flechas, as setas de impureza, egoísmo, dúvida, medo, desapontamento, que são planejadas pelo inimigo com o intuito de queimar e destruir. O apóstolo sabia que somente a dependência de fé em Deus podia debelar e anular o efeito de tais armas, sempre que fossem atiradas no cristão.

4. Nesta luta as armas devem ser espirituais (2 Co 10.4). Só as armas espirituais atingem e alcançam os reais inimigos, os demônios. As armas carnais só nos prejudicam, pois muitas vezes levam-nos a dar lugar ao inimigo. – A ideia da vida cristã como uma milícia é comum no Novo Testamento. Embora um homem, Paulo não lutava a batalha espiritual pelas almas dos homens usando a engenhosidade humana, a sabedoria mundana ou metodologias inteligentes (1C o 1.17-25; 2.1-4). Essas armas são impotentes nessa batalha e não têm poder para libertar as almas das forças das trevas e levá-las à maturidade em Cristo. Elas não conseguem se opor, com êxito, aos ataques satânicos ao evangelho, tais como aqueles feitos pelos falsos apóstolos de Corinto. As forças do inferno só podem ser demolidas com as armas espirituais empunhadas pelos cristãos piedosos — de forma singular, a "espada do Espírito" (Ef 6.17), uma vez que apenas a Palavra de Deus pode derrotar as mentiras satânicas. Essa é verdadeira batalha espiritual. E aqui é importante que se diga que conhecer as Escrituras sem a devida obediência e frequentar os cultos sem a genuína conversão não são suficientes. Não obstante, o poder de Deus está disponível aos fiéis para pisar serpentes, e escorpiões, e toda a força do Inimigo” (Lc 10.19).

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

A aula desta semana é uma excelente oportunidade para que seus alunos conheçam o conceito de “batalha espiritual". Neste caso, à medida que você destacar a importância do preparo espiritual, explique quais armas a igreja dispõe para vencer as adversidades que surgem para impedir o crescimento e bom funcionamento da obra de Deus. Para tanto, pesquise na internet ou revistas e leve para a sala de aula imagens ou figuras que representem a armadura de Deus citada por Paulo em Efésios 6.10-18. Sugiro para o seu estudo o Novo Manual de Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos, que traz alguns detalhes sobre a armadura de Deus:

"Paulo se refere à roupa usada pelo soldado. Ele combina a profecia de Isaias sobre a armadura de Deus (Is 59.16,17) com o que se sabe sobre o soldado romano. Por baixo da armadura do soldado estava uma vestimenta básica para 'ficarem firmes’, de modo que a armadura (casaco e saia de couro cobertos com placas de metal) pudesse ajustar-se por cima. Os soldados romanos tinham sandálias pregadas com tachas grandes que firmavam seus pés no chão. Paulo usa a descrição para dizer que o Diabo não poderá derrubar os cristãos se eles forem estritamente honestos, absolutamente justos em seus tratos e não se deixarem perturbar facilmente. Acrescente a isso uma salvação que os capacita a viver segundo o padrão de Deus, com acesso ao que Deus disse e confiança nEle, e o cristão estará bem protegido" (GOWER, Ralph. Novo Manual dos Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 16).

  II. O INIMIGO PROCURA ATINGIR A NOSSA FÉ

1. O Inimigo ataca com a arma do DESPREZO. Diziam: "que fazem estes fracos judeus?" (Ne 4.2). De fato, em nós mesmos somos fracos. Paulo disse: "Quando estou fraco então sou forte" (2 Co 12.9,10). Quando o crente é tentado a se comparar com o inimigo, está em perigo! Foi esta tentação que derrubou Israel. Quando os dez espias disseram “Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós" (Nm 13.31), os israelitas recusaram-se a subir, recusaram-se a dar ouvidos à mensagem de fé transmitida por Calebe, que dizia: "Certamente prevaleceremos contra ela" (Nm 13.30). "O Senhor é conosco, não os temais" (Nm 14.9).  – Ameaças e zombaria tornaram-se a principal estratégia para impedir a reedificação dos muros de Jerusalém. Essa foi a estratégia usada por Sambalate para desestabilizar o povo e impedir o avanço dos trabalhos. De fato, o povo era pouco, desgastado pelas dificuldades, mas, quanto mais fraco o instrumento humano, mais claramente brilha a graça de Deus. A exemplo do apóstolo dos gentios, que disse sentir prazer em suas fraquezas, não que ele se agradava do sofrimento em si, mas se alegrava no poder de Cristo revelado por meio dele. – O caso dos espias é um pouco diferente, por que o desencorajamento partiu de dentro do povo de Deus e não dos inimigos. O relatório dos dez espias foi pecaminoso exagerou os riscos que o povo da terra representavam, procurou suscitar e infundir medo no povo de Israel e, mais do que isso, expressou atitude de falta de fé em Deus e nas suas promessas. Os espias relataram que a terra era boa, no entanto, o povo era forte demais para ser conquistado. Calebe fez calar o povo, isto é, pediu "Silêncio!"  Isso implica que o relatório dos espias provocou reação oral do povo. Calebe concordou com o relatório dos espias, mas chamou o povo a subir e tomar a terra, sabendo que, com a ajuda de Deus, seriam capazes de vencer o povo forte. Josué e Calebe reafirmaram sua avaliação de que a terra era boa e expressaram sua confiança que o Senhor iria livrá-los das mãos dos inimigos.

2. O Inimigo ataca com a arma do ESCÁRNIO (Ne 4.3,4; Jr 20.7; SI 79.4). Trata-se de uma arma que os inimigos da obra de Deus têm usado em todos os tempos. Quando os servos de Deus sofrem escarnio, são tentados a ficarem desanimados. Todavia devemos lembrar de que isso e o que os fieis sempre tiveram que suportar (Hb 11.36; Sl 35.15,16; 44.13,14). Nem mesmo Jesus escapou do escarnio (Mt 20.19; 27.29,39). Ele disse: "Se chamaram Belzebu ao pai de família, quanto mais aos seus domésticos?" (Mt 10.25). Isto faz parte da cruz que devemos aceitar quando seguimos a Jesus (Mt 10,38,39; 16.24,25). Os que são carnais procuram escapar do escândalo da cruz (Gl 5.11). – ESCÁRNIO: 1. o que é feito ou dito com intenção de provocar riso ou hilariedade acerca de alguém ou algo; caçoada, troça, zombaria. 2. atitude ou manifestação ostensiva de desdém, de menosprezo, por vezes indignada. – Os inimigos de Israel usaram o escárnio como arma para intimidação e oposição ao projeto de reerguer os muros. A cristo chamaram ‘Belzebu’, a divindade filisteia associada à idolatria satânica, por isso, o nome passou a ser usado para Satanás, o príncipe dos demônios (2Rs 1.2; Lc 11.15). Se o próprio Cristo sofreu escárnio, o mesmo acontecerá com seus seguidores. Se atacaram Jesus com blasfêmias, do mesmo modo amaldiçoarão os servos. Foi essa a advertência de Jesus de que seus discípulos seriam perseguidos (Jo 15.20). De fato, sabemos que temos a chamada para tomarmos a nossa cruz, e isso evoca sofrimento, dor e morte violenta e degradante. Jesus exige total compromisso — até o ponto da morte física. Esse mesmo chamado de devoção a Cristo que envolve vida ou morte é repetido em Mt 16.24; Mc 8.34; Lc 9.23; 14.27. Para aqueles que vão a Cristo com uma fé em que há a renúncia de si mesmo haverá vida eterna e verdadeira.

3. O Inimigo chama a nossa atenção para a imensidade da tarefa. “Vivificarão dos montões de pó as pedras que foram queimadas?" (Ne 4.2). Moises, ao olhar para a dimensão da tarefa para qual Deus o chamava, recusou-se a ir. Quando, porém, Moisés meditou na Palavra de Deus, que Deus iria com ele (Ex 3.12), e que Deus seria com a sua boca (Ex 4.12), Moisés se animou e viu as montanhas tornando-se em campinas (Zc 4.7). Quem faz a obra e Deus (Is 26.12), mas Ele usa instrumentos, ainda que estes sejam pequenos e a tarefa seja grande! – “O livro de Neemias nos mostra que estas palavras acima foram proferidas de forma jocosa por Sambalate. Sambalate era um dos grandes inimigos de Neemias e do povo de Judá que se empenhava em reedificar os muros de Jerusalém. Relembremos rapidamente: No ano de 587 a.C., o exército Babilônico invadiu Judá, matou milhares de pessoas, destruiu diversas casas, arrasou o templo de Jerusalém e colocou fogo as muralhas da cidade de Jerusalém. – Agora era aproximadamente 465 a.C, mais de 120 anos se passaram e as muralhas ainda eram ruinas, montões de pó. Em tese, parecia grande utopia reconstruir uma grande muralha com pouco material, fazendo, na verdade, uma reforma, ou seja, a reutilização padrão do mesmo material, para reerguer uma muralha. – “Acaso terão vidas as pedras queimadas? Vão nascer de novo? Vai ter algum milagre?” Essa era a pergunta escarnecedora de Sambalate. Se pensarmos seriamente, aquelas pedras não prestavam para reerguerem um muro caído há mais de 120 anos. Memórias de algo que já foi glorioso, mas que não havia humanamente mais esperança de que fosse vivificar. Assim como muitos brasileiros que passaram por diversas crises este ano, talvez você também chegue hoje como uma pedra queimada necessitando restauração. E o nosso Deus restaura todas as coisas! – Temos que acreditar que, embora os nossos recursos sejam escassos, como eram os recursos do povo de Judá, ainda podemos ser restaurados e viver tempos de renovo. Precisamos depositar em Deus toda a nossa confiança! As pedras queimadas dos muros de Jerusalém pareciam inúteis, mas Neemias e o povo resolveram confiar no Senhor e não olhar as circunstâncias, nem dar ouvidos para as maledicências desmoralizantes dos inimigos, antes, olharam fixamente para a boa mão do Senhor que tudo supre e tudo fortalece, e de onde provêm os milagres! – Em Cristo nós podemos ter os nossos sonhos restaurados, nossa saúde restituída, nosso casamento renovado, nossa igreja renovada. Em Cristo vivemos uma vida de ressurreição!

4. O Inimigo usa contra nós os BOATOS e as MENTIRAS. Os samaritanos espalhavam calúnias contra Neemias, dizendo que ele planejava constituir-se rei (Ne 2.19;6.5,6). Tudo isto para amedrontar os judeus e assim atingi-los em sua fé em Deus. Neemias respondeu: "De tudo que dizes, coisa nenhuma sucedeu, mas tu, do teu coração o inventas" (Ne 6.8). Paulo escreveu: "Tornando-nos recomendáveis em tudo... por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama" (2 Co 4.4-8). Jesus aconselhou aqueles que sofrerem acusações mentirosas a alegrarem-se a exultarem, e a não atentarem para o que se fala deles (Mt 5.11,12). – A visão das credenciais de Neemias e a sua mensagem motivacional reavivaram o ânimo abatido do povo a começar a construção apesar do escárnio amargo de homens influentes, Sambalate, Tobias e Gesém, o arábio. Sambalate escreve uma carta aberta que sugeria que a intenção de Neemias de promover uma revolta era de conhecimento geral, que chegaria ao rei da Pérsia, se ele não comparecesse ao lugar de encontro requisitado, tu e os judeus intentais revoltar-vos. Se fosse verdadeira, essa informação teria trazido as tropas persas contra os judeus. Apesar de Judá ter uma tradição de quebrar alianças com os reis soberanos, nessa ocasião esse não era o caso. Artaxerxes havia comandado a reedificação do muro baseado no seu relacionamento de confiança com Neemias. Uma vez concluído o projeto, o rei esperava que Neemias retomasse a Susã. Alegações de que Neemias estava fortificando a cidade para se tornar rei violariam gravemente a confiança do rei persa, se não provocassem urna guerra. A trama era uma tentativa de intimidar Neemias, onde seria criada uma barreira entre Neemias e Artaxerxes caso ele não fosse ao encontro de seus inimigos — um encontro que acabaria na sua morte.

5. O Inimigo usa como arma a ASTUCIA. Os samaritanos convidaram os judeus para juntos se congregarem nas aldeias; porém intentavam fazer mal a Neemias. Insistiram na proposta, mas o convite foi repetidamente recusado por Neemias: "Estou fazendo uma grande obra, [...] não poderei descer" (Ne 6.3). – Sabendo que não podiam impedir o projeto de Neemias tendo êxito numa campanha militar aberta, decidiram derrotá-lo por meio do engano, enviam-lhe mensagem chamando-o para uma reunião no vale de Ono, localizado ao sul de Jope, na extremidade ocidental de Judá, ao longo do litoral marítimo. Como Neemias sabia que eles o estavam atraindo para uma cilada, ele enviou representantes, que podiam ter sido mortos ou presos para um pedido de resgate.

6. O Inimigo usa como arma as AMEAÇAS. Os inimigos dos judeus ameaçaram guerrear contra eles, a fim de espalharem medo e pânico entre o povo de Deus. Porém, diz Neemias: "Oramos ao nosso Deus e pusemos guarda contra eles!" (Ne 4.9). Os judeus não atacaram os samaritanos, mas defenderam a sua área de trabalho (Ne 4.13-20). – Os judeus demonstraram equilíbrio entre a fé em Deus e a prontidão, encarregando alguns dos construtores de ficarem de guarda. Neemias e os outros homens tinham recebido uma mensagem dizendo que Sambalate havia reunido o exército de Samaria. Na verdade. Deus fez com que a estratégia fosse conhecida, deixando que os judeus mais próximos ficassem cientes; assim, eles contariam aos líderes de Judá. Embora vigilantes, armados e de prontidão, Neemias e os outros a quem liderava ofereceram consistentemente a glória de suas vitórias e êxitos na construção a Deus.

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

O caráter de Neemias revela-se ilibado no material escrito disponível. Ele foi tão dotado e talentoso como qualquer homem dos tempos pós-exílicos. Seu contagioso patriotismo era profundo e intenso e levava os homens a deixar suas colheitas a fim de viajar para Jerusalém e trabalhar na reconstrução do muro. Sua rígida integridade, associada a uma bondosa humildade, fazem com que ele se projete como um notável exemplo de liderança leiga. Sua abnegada prática de recusar qualquer recompensa pelos serviços (Ne 5.14-18) deve ter deixado uma impressão indelével nos pobres de Jerusalém. Sua intensa fé em Deus e genuína piedade eram evidenciadas pelo zelo que dispensava a ética e a parte cerimonial da religião. Acima de tudo, sua devoção ao dever, sua infatigável energia e determinada persistência impulsionaram um grupo de homens que nunca desistiam. Neemias era um homem de ação, não um homem que se sentava para esperar que Deus fizesse com que acontecesse algum evento sobrenatural. A desesperada condição de seu povo exigia, sem demora, que fossem tomadas medidas extremas. Analisando sua obra como um todo, Neemias realmente foi um homem preparado por Deus para agir naquela hora" (Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 1350).

  III. QUAL O SEGREDO DA VITÓRIA DE NEEMIAS E DOS JUDEUS?

1. Os judeus venceram porque tinham certeza de que estavam na vontade de Deus. Neemias disse aos seus inimigos: “O Deus dos céus é o que nos fará prosperar" (Ne 2.20). Neemias sabia que o Senhor o havia enviado para Jerusalém, e que pelejava por eles. Esta certeza nos guarda de precipitações (Pv 29.20), e de falarmos palavras impensadas (SI 106.33; Ec 7.9; Pv 25.11). Podemos assim governar o nosso espírito (Pv 16.32). – Neemias não tinha apenas a permissão do rei e não estava se revoltando, mas ele gozava da proteção de Deus. Os inimigos que tentaram intimidá-los contra o trabalho nada conseguiram pois eles não tinham sido comissionados nem por Deus e nem pelo rei.

2. Os judeus venceram pela oração. Neemias era homem de oração. Com frequência lê-se sobre como Neemias orava: "Ouve, ó nosso Deus; Lembra-te de mim para o bem; Lembra-te, meu Deus, de Tobias e Sambalate" (Ne 4.4; 6.14; 13.29). Aquele que ora, coloca a sua dificuldade diante do Senhor que QUER e PODE RESOLVÊ-LA! O mesmo Deus que nos exortou a orar, também prometeu nos responder às orações (Jó 22.27; SI 50.15; 46.1; Mt 7.7,8,11). – A dependência de Neemias no seu Deus soberano nunca foi tão evidente como nessa oração registrada no capítulo 4. Outras orações de Neemias são tão profundas e dependentes de Deus como a do capítulo 1.5-11; nessa oração temos uma das confissões e intercessões mais tocantes diante de Deus da Escritura (veja também Ed 9.6-15; Dn 9.4-19). Depois de 70 anos de cativeiro na Babilônia, Deus cumpriu a sua promessa de fazer o seu povo voltar para a Terra Prometida. A promessa parecia estar falhando, e Neemias apelou ao caráter de Deus e à sua aliança como os fundamentos pelos quais ele deveria intervir e cumprir suas promessas para o seu povo.

3. Devemos também orar (1 Ts 5.17). “Orai sem cessar..."Jesus deixou-nos o mesmo ensino. Falou-nos da necessidade de perseverarmos na oração, usando para isso uma parábola (Lc 18.1). Paulo exortou aos efésios a perseverarem em "oração e súplica no Espírito" (Ef 6.18) e aos colossenses ele escreveu: "Perseverai em oração" (Cl 4.2). O que é então, perseverança em oração?

a. É impedir que alguma coisa nos estorve a orar, encontrando-nos apenas na oração. Precisamos de uma espécie de autodisciplina, ou de controle sobre nós próprios. Marta não dispunha tempo para ficar aos pés de Jesus, porque estava ocupada (Lc 10.38-42). Quando começamos a orar aparecem muitos obstáculos, mas devemos ser vitoriosos. Temos que ter vitória também em nossos pensamentos, porque o Inimigo quer nos impedir de orar, fazendo-nos pensar em outras coisas.

b. É persistir em orar, ainda que o Diabo procure tornar pesada e difícil a oração. Daniel orou 21 dias, e veio a resposta! E, então, ele soube que a resposta demorara, porque os espíritos malignos tinham impedido a resposta (Dn 10.11-14). Jesus mostrou a mesma verdade na parábola sobre a viúva (Lc 18.1-6).

c. É orar até que venha a resposta! Devemos orar "até que..." (Is 62.8; Lc 24.49). Jesus orou três vezes sobre mesma a coisa (Mt 26.44), e Paulo também orou três vezes, até que Deus lhe respondeu (2 Co 12.8,9). Elias orou 7 vezes, para que chovesse, e choveu (1 Rs 18.43-45) E os discípulos perseveraram em oração até que o fogo caiu (At 1.14; 2.1-4).

d. É uma prova de que o Espirito de oração opera em nós (Zc 12.10; Rm 8.26; Ef 6.18; Jd 20). O Espírito Santo ora, em nós, enquanto trabalhamos; enquanto nos ocupamos de nossas tarefas diárias. O Espírito Santo não se preocupa acerca da posição de nosso corpo, isto é, se estamos ajoelhados, deitados ou em pé. Isto é o segredo de estarmos sempre orando! Dá liberdade ao Espírito – e Ele levar-te-á para esta gloriosa vida de oração. Aleluia. A VITÓRIA É NOSSA, PELO SANGUE DE JESUS. Amém. – A ordem de orar sem cessar não significa orar repetida e continuamente, sem parar (Mt 6.7-8), mas orar com persistência (Lc 11.1-13; 18.1-8) e com regularidade (Ef 6.18; Fp 4.6; Cl 4.2,12). Orar sempre é um tema comum nas epístolas de Paulo (Rm 1.9; 12.12; Ef 6.18; 1Ts 5.17; 2Ts 1.11). À luz das aflições e dificuldades da vida, e da evidência da aproximação do castigo, jamais devemos esmorecer, mas buscar à Deus em oração. Paulo assim escreve aos Efésios: “com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos” (Ef 6.18). Esse versículo introduz o caráter geral da vida de oração de um cristão: 1) "toda oração e súplica" concentra-se na variedade; 2) "em todo o tempo" concentra-se na frequência (Rm 12.12; Fp 4.6; 1Ts 5.17); 3) "no Espírito" concentra-se na submissão, à medida que nos ajustamos à vontade de Deus (Rm 8.26-27); 4) "vigiando" concentra-se no modo (Mt 26.41; Mc 13.35); 5) "toda perseverança" concentra-se na persistência (Lc 11.9; 18.7-8); e 6) "todos os santos" concentra-se nos alvos (1Sm 12.23). – Perseverança na oração é uma prova de que o Espírito de oração opera em nós. Já foi esclarecido nesse subtópico que orar no Espírito, com a inicial maiúscula em referência à 3ª pessoa da Trindade, é orar em submissão ao Espírito Santo, o ente divino que aperfeiçoa nossas orações e as faz chegar diante de Deus. Assim, não está claro a que o comentarista se refere com Espírito de oração. Também cabe aqui ressaltar que, a exemplo do que recomenda Judas, “Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima, ''orando no Espírito Santo,” (Jd 20), onde orando no Espírito Santo não é um chamado a algum tipo de êxtase na oração, mas um simples chamado a orar consistentemente na vontade e no poder do Espírito, como alguém que ora no nome de Jesus Cristo (Rm 8.26-27). – “Dentre as práticas devocionais, sem dúvida alguma, a oração é uma das mais importantes. Pela oração falamos com Deus, suplicamos o seu favor e intercedemos pelos homens. A oração é mais do que um deleite, ela é um dever. Para Cristo, a oração deve ser marcada pela perseverança, mas, também pela tarefa diligente. Para Jesus orar é vital, é oxigenar a vida espiritual, é manter acesa a chama da esperança. Para instruir os seus discípulos, Jesus usou métodos relevantes, simples, objetivos e revolucionários. O seu ensino causava grande impacto, pois criava situações, cujas imagens atingiam o coração dos seus ouvintes. Para ensinar que a oração é o instrumento medidor da fé, o Senhor Jesus conta a “parábola do juiz iníquo” (Lc 18. 1-8).

SUBSÍDIO DE VIDA CRISTÃ

O fato e que Deus se comprometeu a ouvir e responder as orações de seu povo. Somos informados uma vez após a outra — e Jesus nos lembra — que o que Deus quer fazer em nós e por nós, de alguma maneira, depende de pedirmos a Ele que faça isso (Mt 7.7,8; Tg 4.2). A oração é o meio concedido por Deus de admiti-lo em nossa vida e necessidades. Em sua palavra, Ele nos fez inúmeras promessas e comprometeu-se a cumpri-las quando as levamos a sério (por exemplo, 2 Cr 7.14; Sl 50.15; Jr 33.3). A verdadeira oração começa quando começamos a aceitar a Deus em sua Palavra.

Jesus não só nos chama a desfrutar suas bençãos, mas também nos envolve em uma batalha espiritual para a qual precisamos de uma armadura e de armas. A oração é uma das armas (Ef 6.14-20). Observamos como ela funciona quando os cristãos primitivos, no livro de Atos, reagiram aos ataques do Diabo com oração (4.23,24; 12.54). E por meio da oração que colaboramos com o Senhor na execução de seus planos para o mundo. Assim, a oração não é apenas um passatempo prazeroso; ela também funciona e combate" (Guia Cristão de Leitura da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p. 591).

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Francisco. Especial Lição 9: Como vencer as oposições à obra de Deus. Disponível em: https://auxilioebd.blogspot.com. Acesso em 29.08.2020.

BÍBLIA, Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

FOULKES, Francis. Efésios: introdução e comentário. Série Cultura Bíblica: São Paulo: Vida Nova, 2011. p. 146.

LIÇÕES BÍBLICAS. Edição Especial Jovens e Adultos, 3º Trimestre 2020 - Lição 9. Rio de Janeiro: CPAD, 30 Agosto, 2020.

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