sábado, 15 de agosto de 2020

LIÇÃO 7: O POVO DE DEUS DEVE SEPARAR-SE DO MAL

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I

   INTRODUÇÃO

Nesta lição iremos estudar os preparativos que os judeus fizeram para pôr os alicerces da nova forma de vida que eles iniciaram em Jerusalém depois dos anos no cativeiro em Babilônia. Ali eles viveram espalhados pelo vasto território daquele reino, e agora iriam viver uma vida comunitária, conforme os ritos da lei. – Os judeus a princípio prepararam o altar para a adoração ao Senhor, lançaram os alicerces do templo e construíram os muros para sua proteção, entretanto agora é necessária uma nova adaptação aos costumes do povo escolhido do Senhor. Pois ele exige de seu povo uma vida santa, irrepreensível que esteja sempre atento ao seu mandado, pois o seu jugo é suave e o seu fardo é leve.

   I. SOMENTE OS JUDEUS RETORNARIAM A JUDÁ

Para uma pessoa ser considerada apta para fazer parte do grupo que iria transferir-se para Jerusalém, exigia-se que desse prova de sua linhagem, que provasse ser realmente de Israel. Na primeira triagem foram excluídas 652 pessoas. Até alguns filhos de sacerdotes cujos nomes não foram achados nos registros das genealogias, foram rejeitados como imundos (Ed 2.59-62). Os judeus mestiços, nascidos de casamentos mistos, durante o cativeiro em Babilônia, não fariam parte do grupo de judeus que retornariam a Judá. Somente aqueles que comprovassem a sua ascendência puramente judaica fariam parte daquele grupo. Deus não aceita mistura do seu povo com o povo do mundo. Não pode haver comunhão da luz com as trevas.

A história de Israel registrava uma amarga experiencia neste sentido. Quando os Israelitas, libertados pela mão do Senhor, se preparavam para ir a Canaã, um grande povo de "mistura", não israelita, queria acompanha-los. Foi exatamente essa gente que durante o trajeto pelo deserto foi fonte inspiradora de murmuração (Nm 11.4).

A Bíblia diz: "Estreita e a porta, e apertado, o caminho que leva a vida" (Mt 7.14). Não é lucro, e, sim, grave prejuízo, alguém querer facilitar a entrada de "mistura de gente", dando maior ênfase a QUANTIDADE do que a QUALIDADE. Jesus disse: "Necessário vos e nascer de novo" (Jo 3.7). – Em sua maior parte, os hebreus mostravam-se muito cuidadosos com seus registros genealógicos. Mas na tempestade do cativeiro babilónico, algumas famílias perderam os seus registros. Talvez alguns poucos judeus descuidados nunca os tivessem mantido em ordem. Isso só poderia resultar em registros maus na cultura dos hebreus. “Os judeus de sangue puro eram chamados de 'manjares finos', mas os outros eram chamados de ‘massa misturada'... Usualmente supõe-se que essa consciência racial e essa busca pela pureza não tenha existido senão a partir aas reformas de Esdras (9.1-10.44) e de Neemias (13.23-31). As grandes listas de nome dos livros de Esdras, Neemias e I Esdras subentendem a estrita observância de registros genealógicos durante o exílio. Essa preocupação deve ter sido mantida ao mínimo na Palestina, mas era evidente que tal interesse era forte fora da Palestina, especialmente entre gente conservadora como aqueles que retornaram a Jerusalém’. Aqueles a que faltavam confirmações genealógicas formavam uma classe mista, com muitos casamentos com os pagãos. Portanto, eles formavam uma classe de prestígio secundário. O texto à nossa frente, pois, está falando sobre gente da massa misturada, também chamada de mischehen, os ilegítimos, aqueles cujos pais ou cujas mães eram pagãos, embora tivessem parte da descendência hebreia. – Seis clãs, três de leigos e três sacerdotais, compunham o grupo dos duvidosos, e essa gente pobre meramente foi acrescentada à lista anterior. Muitos deles provavelmente descendiam de prosélitos, não sendo hebreus de nascimento, nem pelo lado paterno nem pelo lado materno. Provinham de cinco cidades babilônias que não foram designadas. Os leigos duvidosos tiveram permissão de viver em comunidades hebreias de Judá, mas os sacerdotes duvidosos apresentavam outro problema. De fato, eles não podiam participar das funções sacerdotais, por receio de contaminar ou poluir o culto sagrado (vs. 62). – Houve um total de seiscentos e cinquenta e duas pessoas que voltaram à Palestina, às quais faltava a autenticação genealógica. – A exclusão de um sacerdote não-autorizado poderia ser revertida pelo uso do Urim e do Tumim (vs. 63), uma forma de adivinhação efetuada pelo sumo sacerdote, que poderia dizer: “Este homem, embora sem a genealogia apropriada, é um sacerdote puro e verdadeiro, e pode participar dos cultos sagrados’. Talvez isso não acontecesse com grande frequência, mas era um modo de permitir que alguns poucos sacerdotes não-autorizados tivessem o direito de exercer seus ofícios. – Os sacerdotes duvidosos não tinham o direito de participar dos sacrifícios, o principal sustento alimentar da casa sacerdotal (vs. 63). Portanto, ter sido excluído do sacerdócio não era degradante apena social e espiritualmente, mas também envolvia um prejuízo financeiro. O pobre sacerdote teria de sair do ministério e conseguir um emprego secular para sustentar a sua família. – Com certeza isso tudo tem a ver com a nossa vida espiritual, pois não podemos nos apresentar ao Senhor de qualquer maneira e nem ministrar a ele de maneira duvidosa, temos que ser santos para anunciarmos o evangelho de um Deus que é Santíssimo. Nunca devemos estar na presença do Senhor atrás de vantagens financeiras ou bens materiais como temos presenciado nesses dias através dos meios de comunicação que descaradamente estão assaltando a fé das pessoas usando o evangelho para esses fins. Que o Senhor tenha misericórdia do seu povo e o livre desses lobos devoradores.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Para iniciar a lição desta semana e fundamental que seus alunos compreendam qual era a significação teológica da restauração da comunidade judaica. Para lhe auxiliar nessa tarefa, leve em conta o seguinte fragmento textual:

“Qual era a significação teológica da restauração da comunidade judaica, conforme está apresentada em Esdras e Neemias? Este primeiro, toma a forma de listas genealógicas extensas (Ed 2.1-70; 8.1-14; Ne 7.5-65), cujo propósito era pelo menos duplo: (1) legitimar aqueles que voltaram, identificando-os com os ancestrais tribais, e (2) demonstrar por essa ligação que o exílio, embora traumático e terrivelmente destruidor, não cortara a linhagem da promessa que originou-se em Abraão e continuaria para sempre. Havia nestas listas as linhagens dos sacerdotes, levitas e outros funcionários religiosos (Ed 2.36-54; 8.1-14; Ne 7.39-56), pois o reino teocrático, como reino de sacerdotes, era um povo de adoradores que expressava a vassalagem na forma relacionada ao culto.

As genealogias dão a entender que a mesma nação que fora desarraigada tão violentamente da terra da promessa voltaria. E ainda que não fossem as mesmas pessoas, eram os seus descendentes, castigados e de número muito reduzido. Neemias conhecia muito bem o penhor do Senhor dado a Moisés (Dt 30.2-4) que, mesmo que o desobediente fosse exilado nos confins da terra, Ele os ajuntaria e os traria de volta ao lugar habitado pelo seu nome (Ne 1.8-10). Neemias também sabia que seria quase como um novo começo, pois o povo restaurado seria apenas um remanescente (nis'arim, Ne 1.3). É de tal começo humilde que Esdras também sabia que a comunidade restaurada tinha de surgir novamente (Ed 9.15)" (ZUCK, Roy B. Teologia do Antigo Testamento. Rio de janeiro, CPAD, 2009, p. 214).

  II. OS JUDEUS NÃO ACEITARAM A AJUDA DOS SAMARITANOS

1. Quem eram os samaritanos? Os samaritanos eram uma mistura de gente, na sua maioria de origem pagã. Este povo apareceu depois do ano 721 a.C., quando o reino de Israel foi derrotado pelo exército de Sargão II e as dez tribos do Norte levadas cativas para a Assíria. Por ordem do rei da Assíria foram trazidos povos de Babel, de Cuta, de Ava, de Hamate, de Sefarvaim, e habitaram cidades de Samaria em lugar dos sacerdotes; e tomaram Samaria em herança, e habitaram em suas cidades (2 Rs 17.24).

Posteriormente, o rei da Assíria enviou-lhes um sacerdote dos israelitas para ensinar ao povo da terra o temor de Deus. Assim, os samaritanos temiam o Senhor, mas também serviam a seus deuses (2 Rs 17.33). Aceitaram o ensino do sacerdote israelita, mas não deixaram a idolatria (2 Rs 17.34-41). Representam muito bem uma vida na carne, da qual a idolatria é uma expressão (Gl 5.20). – Esse assunto já foi abordado na lição 4, entretanto faz-se necessário reprisar alguns aspectos desse estudo, pois é de grande relevância para os dias atuais. – Os que são chamados inimigos de Judá e de Benjamim e a gente da região ((Ed 4. 1, 4) eram os descendentes de povos que, depois de os assírios terem derrotado o Reino do Norte de Israel e levado para o exílio a maioria da população masculina, tinham sido importados para a área da Palestina ao norte da Judéia e contraído casamentos mistos com os que haviam permanecido (como descrito em 2Rs 17.24). Houve uma sucessão de tais importações, uma delas feita por Esar-Hadom (v. 2; também mencionada em 2Rs 19.39, e que reinou na Assíria entre 681 - 669 a.C.), e outra por Assurbanipal (v. 10), (669 - 627 a.C.). A comunidade assim formada adorava a Javé (v. 2), mas era caracterizada por crenças e práticas que não se harmonizavam com isso. Mais tarde, tornaram-se conhecidos como os “samaritanos”.

2. Os samaritanos ofereceram cooperação aos judeus. Quando os judeus começaram a construção do Templo, os samaritanos ofereceram-se para cooperar (Ed 4.1). Os judeus, porém, rejeitaram firmemente a proposta (Ed 4.1-3). Igualmente quando da construção dos muros, a cooperação dos samaritanos foi recusada (Ne 6.2,3).

Esta atitude é bíblica, pois a Bíblia manda que nós devemos nos afastar daqueles que não tem a sã doutrina (1 Tm 6.3-5: Tt 3.10; 2 Jo 10,11). Igualmente devemos nos afastar daqueles que tem uma vida irregular (2 Pe 3.17; 1 Tm 6.20-21; 2 Ts 3.6,14) como também daqueles que causam divisões (Rm 16.17,18; 2 Pe 2.10,13,18; Jd 12,18,19). – Os samaritanos pediram aos líderes dos judeus que lhes permitissem cooperar na reconstrução do templo de Jerusalém (v. 2), afirmando que não havia diferenças essenciais entre as respectivas práticas religiosas. Mas os líderes dos judeus rejeitaram o seu pedido (v. 3), sem dúvida porque consideravam que esses seus vizinhos estavam completamente enganados em relação às suas práticas religiosas (2 Rs 17.32-34) e que permitir essa cooperação conduziria à contaminação da fé dos judeus. Os vizinhos do Norte ficaram indignados com essa recusa e realizaram uma campanha de oposição aos judeus que fez estes abandonarem por um período a obra de reconstrução do templo (v. 4,5).

3. Os samaritanos procuraram aparentar-se com os judeus. Casaram com as filhas dos judeus, e deram filhas aos judeus em casamento. Alguns caíram nesta armadilha (Ed 9.1,2). Este assunto é tão sério e importante que merece um estudo em separado, o que iremos fazer na lição número 12. – Os samaritanos é uma figura dos mundanos querendo se aparentar com os crentes para tirar proveito. Alguns preferem as jovens da igreja e às vezes até vão a frente dizer aceitar a Jesus para esse fim, sendo simplesmente para aparentar santidade e tragar as ovelhas do aprisco. Infelizmente muitos ainda caem nessa armadilha dando lugar ao inimigo de nossas almas. Que possamos ter o máximo cuidado, pois os samaritanos estão a todo momento com esse intento para fazer estragos no arraial dos santos. Vigiemos!

4. Os samaritanos tornaram-se inimigos dos judeus:

a. Os samaritanos invejaram os judeus. Antes de os judeus terem chegado a Jerusalém, os samaritanos tinham uma certa liderança na região. Quando os Judeus chegaram e começaram a sacrificar ao único Deus verdadeiro e a adorá-lo, então a atenção dos habitantes da região passou para os judeus, e os Samaritanos perderam a sua posição privilegiada, e encheram-se de inveja (Jo 11.47; 12.19). Isto sempre foi assim. Os fariseus tinham inveja de Jesus, os sacerdotes tinham inveja da Igreja, etc. (At 5.17,13,45; 17.5). – Os samaritanos em seu espírito de inveja tentaram de todas as maneiras infiltrar-se para desvirtuar o projeto do povo de Deus, estas pessoas se ofereceram para ajudar na reconstrução. Queriam observar o que os judeus estavam fazendo. Esperavam impedir que Jerusalém se tornasse, novamente, uma cidade forte. Os judeus, porém, perceberam a artimanha deles. Tal associação com incrédulos teria levado o povo de Deus a transigir na fé. Os crentes devem esperar oposições quando fizerem a obra de Deus. Os incrédulos e as forças espirituais do mal estão sempre trabalhando contra Deus e contra o seu povo.

b. Os samaritanos imaginaram que se conseguissem associar-se aos judeus gozariam do mesmo prestigio que estes. Quando os judeus não aceitaram nada da parte dos samaritanos, o ódio velado transformou-se em inimizade declarada. – Os samaritanos na realidade não simplesmente tornaram-se inimigos dos judeus, eles eram totalmente inimigos. O que eles queriam mesmo era atrapalhar o trabalho do Senhor em todos os aspectos, inclusive no âmbito espiritual. Quando viram que a bênção do Senhor era sobre o povo judeu, que o rei o ajudava nos seus projetos, logo se achegaram para obter vantagens. Mas graças a Deus que sempre tem atalaias que estão sobre a torre vigiando e tocando a trombeta para avisar o povo da emboscada do inimigo.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

A restauração da adoração. O remanescente do povo era mais que apenas uma entidade étnica ou nacional – era o povo vassalo do Senhor eleito e redimido por Ele para servi-Lo como luz para as nações. Nessa função, eles tinham de modelar os propósitos soberanos e salvíficos divinos e mediá-los para o mundo. Isto está de acordo com o tema central do concerto mosaico em que Israel tem de assumir a responsabilidade de ser um reino sacerdotal e um povo santo (Êx 19.4-6).

A demonstração mais clara do caráter teocrático da comunidade foi o compromisso fiel ao concerto e a prática dos seus termos, uma prática indissoluvelmente ligada ao sistema de adoração nacional com lugares santos, pessoas santas e tempos santos. Era Israel em adoração que melhor modelava o domínio do Senhor sobre todos os aspectos da vida humana. Da mesma maneira que a destruição do Templo e de seus ministérios sinalizava o verdadeiro começo do exílio, assim a reconstrução e renovação dos seus ministérios efetivaria o restabelecimento do povo de Deus ao papel de redenção. A comunidade sem adoração não tinha a função efetiva.

Não é surpreendente, então, que o primeiro evento da vida pós-exílica de Judá fosse a celebração da Festa dos Tabernáculos, uma celebração que obviamente precedeu a e construção do Templo (Ed 3.1-7). Como foi adequado que a Festa dos Tabernáculos, que comemorava a provisão de Deus para o povo no deserto do Sinai, fosse agora a ocasião de alegrar-se pelo cuidado divino durante os 70 anos do deserto exílico na Babilônia. Dezesseis anos depois, tendo se concluído a construção do templo, o povo comemorou novamente a provisão graciosa do Senhor em um grandioso e esplendoroso culto de dedicação na virada do ano através da observância da Páscoa (6.16-22)" (ZUCK, Roy B. Teologia do Antigo Testamento. Rio de Janeiro, CPAD, 2009, p.214).

  III. DEUS EXIGE SANTIDADE DO SEU POVO

Em toda a história do povo de Deus, observa-se que Ele, para manifestar--se no meio do seu povo, exige plena santidade. Deus espera que seu povo esteja sempre em comunhão com Ele, vivendo separado do mal.

1. Retornando do cativeiro, Israel separou-se do mal (2 Co 6.17; 7.1). Por isso a bênção de Deus os acompanhou, e eles conseguiram concluir a construção do Templo e reconheceram que “DEUS FIZERA ESTA OBRA" (Ne 6.16). – Em 2 Co 6.14-18 Paulo exorta os crentes a não formarem parcerias com os incrédulos porque isso poderia enfraquecer seu compromisso e integridade, ou os padrões cristãos. Seria uma má combinação. Anteriormente Paulo explicou que isso não significava isolar-se dos incrédulos (1 Co 5.9,10), Paulo até exorta os cristãos a permanecerem com seus cônjuges incrédulos (1 Co 7.12,13). Ele queria que os crentes fossem ativos em seu testemunho a respeito de Cristo aos incrédulos, não se envolvendo em relações pessoais ou em negócios que pudessem leva-los a comprometer sua fé. Os crentes devem fazer tudo o que estiver a seu alcance para evitar situações que possam força-los a dividir sua lealdade. Pois aqueles que descobriram a luz de Deus não podem ter nenhuma comunhão ou indulgência para com as trevas (1 Co 10.20,21).

2. Quando Josué se preparou para passar o Jordão, ele disse ao povo: "SANTIFICAI-VOS porque amanhã fará o Senhor maravilhas no meio de vós" (Js 3.5). – Antes de entrar na Terra Prometida os israelitas deveriam realizar uma cerimônia de purificação. Ela costuma ser feita antes da realização de um sacrifício ou, como neste caso, antes de testemunharem um grande ato de Deus. A lei explicava que a pessoa poderia ficar imunda por vários motivos – ao comer certos alimentos (Lv 11), ao dar à luz (Lv 12), ao contrair doenças (Lv 13, 14), ao tocar em um cadáver (Mn 19.11-22). Deus usava esta variedade de sinais externos sobre a imundícia para ilustrar que o resultado do pecado torna a pessoa imunda. A cerimônia de purificação mostrava a importância de aproximar-se de Deus com o coração puro. Assim como os Israelitas, precisamos do perdão de Deus antes de nos aproximarmos dEle. Portanto, se pedirmos que Deus opere sinais e maravilhas em nosso meio, devemos verificar se nosso coração é puro e se nossos desejos estão sob a orientação do Espírito Santo.

3. O anjo do Senhor visita o acampamento israelita. Antes de iniciar a conquista de Canaã, Josué recebeu a visita de um anjo. Josué então lhe perguntou: "Que diz meu Senhor ao seu servo?" E a resposta que recebeu foi: "Descalça os sapatos de teus pés, porque o lugar em que estás é santo!” (Js 5-13-15). – Este era um anjo diferente, o chefe do exército do Senhor. Alguns dizem que ele tinha aparência de Deus em forma humana. Como sinal de respeito, Josué tirou suas sandálias. Embora fosse o líder de Israel, estava subordinado a Deus, o Líder absoluto. Temor e respeito são as atitudes corretas para com o Todo -Poderoso. Como podemos mostrar nossa reverência a Deus? Através de nossas atitudes e ações. Devemos reconhecer o poder, a autoridade e o amor profundo do Senhor e nossas ações precisam ser exemplo de nossas atitudes para com as pessoas. O respeito a Deus é tão importante hoje, como foi nos dias de Josué, embora o ato de tirar os sapatos não seja mais o nosso modo cultural de demonstrar isto.

4. Israel é derrotado pela pequena cidade de Ai. Quando Josué, com o rosto em terra, perguntou ao Senhor o porquê daquela derrota, o Senhor respondeu: "SANTIFICAI-VOS para amanhã" (Js 7.11.13). "Anátema há no meio de vós, Israel; diante dos vossos inimigos não podereis suster-vos, até que tireis o anátema do meio de vós" (Js 7.13). O pecado descoberto, foi desarraigado, e então disse a Josué: "Levanta-te e sobe a Ai. Olha que te tenho dado na tua mão o rei de Ai, e seu povo e a sua cidade, e a sua terra" (Js 8.1). Deus exige santificação de seu povo para poder operar no meio dele. – O pecado de Acã não foi apenas o de guardar alguns dos bens capturados, mas sua explícita desobediência ao comando do Senhor para que todo elo com Jericó fosse destruído. Seu pecado foi a indiferença ao mal e à idolatria da cidade, não apenas um desejo por dinheiro e roupas. O Senhor não protegeria o exército de Israel novamente até que o pecado fosse removido e o povo voltasse a obedecer-lhe sem reservas. Deus não fica contente ao fazermos o que é certo apenas parte do tempo. Ele quer que façamos o que é certo em todo o momento. Estamos debaixo de suas ordens para eliminar quaisquer pensamentos, práticas ou possessões que dificultem nossa devoção para com Ele. Os israelitas praticaram ritos de purificação como aqueles mencionado 3.5 quando se preparavam para cruzar o rio Jordão. Tais atitudes estimulavam as pessoas a se aproximarem de Deus e constantemente lembrar-lhes de seus pecados e da necessidade de serem santos.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

"Elpisateé um imperativo aoristo que estabelece e resume o curso que os cristãos devem seguir. Em vista de nossa identidade como cristãos, nós somos os eleitos de Deus, estrangeiros em nossa sociedade. Desta maneira, nossas esperanças, nossas expectativas, não devem estar concentradas em nada que este mundo possa oferecer. Riqueza, fama, aceitação, até mesmo sobrevivência – tudo isto é sem significado quando comparado com a herança que será nossa quando Cristo vier. Se não esperarmos por nada aqui, se todas as expectativas estiverem fixas na Segunda Vinda, então nada que aconteça pode nos levar a agir de maneira que possa implicar negação de nosso Senhor. 'Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver' (Cl 1.15). A santidade aqui é a pureza moral. Assim como a atitude de fixar nossa esperança na graça que será nossa nos fortalece para vivermos na sociedade como estrangeiros, fixar a nossa esperança nele nos separa do poder daquelas 'concupiscências que havia em [nossa] ignorância' (1.14)" (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p. 521).

  IV. DEVEMOS MANTER UMA VIDA DE SEPARAÇÃO DO MAL

1. Os judeus mantiveram-se separados dos samaritanos. Se os judeus tivessem aberto a porta para uma união com os samaritanos, estes, provavelmente, ter-se-iam mostrado afáveis e pacíficos no início, mas teriam perturbado a união que havia entre os judeus. Teriam participado do culto dos judeus, e afastado a presença do Senhor, uma vez que Deus não se une à idolatria. Vale a pena manter a separação com o mundo. – Quem sabe se o caso não se repetiria como aconteceu nos termos dos midianitas quando os israelitas fizeram as pazes com esse povo e a mistura não deu outro resultado senão o pecado contra o Senhor e por causa disso veio uma grande destruição sobre o povo, 24 mil foram destruídos da praga que caiu sobre Israel por causa do pecado. Por isso, o povo de Deus deve manter-se separado das práticas mundanas e procurar sempre estar santo diante do Senhor!  

2. A Bíblia mostra exemplos de servos de Deus que duvidaram se valia a pena manter a linha de separação do mal.

a. O salmista Asafe escreveu no Salmo 73: "Na verdade que em vão tenho purificado meu coração e lavado as minhas mãos na inocência (Sl 73.13). Ficou profundamente perturbado, mas Deus o ajudou a encontrar a resposta. "Até que entrei no santuário de Deus; então entendi o fim deles" (v. 17). O salmista ficou tranquilo: "Todavia estou de contínuo contigo, tu me seguraste pela minha mão direita. Guiar-me-ás com teu conselho e depois me receberás cm glória" (vv. 23,24). Asafe entendeu que valia a pena servir ao Senhor. – Asafe era o líder de um dos coros levíticos no reinado de Davi. Ele reuniu os Salmos 73 a 83, mas pode não ter escrito todos eles. Neste caso Asafe explica que, até entrar no santuário de Deus, não podia entender a justiça que permitia que o ímpio prosperasse, enquanto o justo suportava o sofrimento. Mas quando percebeu que um dia a justiça seria feita, reconheceu a sabedoria de Deus. Ele percebeu que o rico deposita sua esperança, alegria e confiança em suas riquezas; ele vive em um mundo de sonhos, que existe somente em sua mente. Asafe declarou sua confiança na presença e na direção de Deus. Do nascimento até à morte, estejamos continuamente sob o controle dEle. Mas também temos a esperança da ressurreição. Embora nossa coragem e forças possam falhar, sabemos que um dia seremos ressuscitados para o servirmos para sempre. Ele é a nossa segurança; devemos apegar-nos a Ele.  

b. Malaquias respondeu aos que diziam ser inútil servir o Senhor (Ml 3.15), dizendo: "[...] Há um memorial escrito diante dele, para os que temem ao SENHOR e para os que se lembram do seu nome. E eles serão meus, diz o SENHOR dos Exércitos, naquele dia que farei, serão para mim particular tesouro; poupá-los-ei como um homem poupa a seu filho que o serve" (Ml 3.16,17). Vale a pena servir ao Senhor! – Os versículos 13-15 do capítulo 3 de Malaquias descrevem a atitude arrogante do povo em relação a Deus. Quando perguntamos: “Para que é útil servir ao Senhor?” realmente perguntamos: “Que bem isto faz para mim?” e assim demonstramos que o nosso enfoque é egoísta. Nossa pergunta deveria ser: “Que bem isto faz ao Senhor?” Devemos servir a Deus porque Ele é nosso Pai e merece nossa gratidão. Com certeza Deus se lembrará daqueles que permanecerem fieis a Ele, aqueles que o amam, temem, honram e respeitam. O tesouro especial de Deus é constituído por aqueles que lhes são fiéis. Assim se cumpre a promessa que Ele faz a seu povo, em sua aliança (Êx 19.5). De acordo com 1 Pedro 2.9, os crentes são a verdadeira propriedade do Senhor. Você já comprometeu sua vida com Deus e faz dEle a sua segurança?

3. Devemos viver conforme a vontade do Senhor. “Para que, no tempo que vos resta na carne, não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de Deus" (1 Pe 4.2). Qual seria então a vontade de Deus para conosco? A Bíblia diz: "Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação" (1 Ts 4.3). Já observamos que santificação significa uma vida que se abstém das coisas que não agradam a Deus, conforme a Palavra: "Apartai-vos, diz o Senhor, e não toqueis nada imundo" (2 Co 6.17), e: "Aperfeiçoando a vossa santificação no temor de Deus" (2 Co 7.1). Devemos sempre muito desejar ser-lhe agradáveis (2 Co 5.9), andando dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo (Cl 1.11), guardando seus mandamentos, e fazendo o que é agradável à sua vista (1 Jo 3.22). – "Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação" (1 Ts 4.3). Embora vivessem numa sociedade onde o pecado sexual era comum e aceitável, os apóstolos não transigiam com a verdade e a santidade de Deus. Não rebaixaram os padrões morais para acomodá-los às ideias e tendências daquela sociedade. Sempre que se deparavam com baixo padrões morais em alguma igreja repreendiam-na e procuravam corrigi-la. Considerando padrões a baixa moralidade que prevalece em nossos dias, precisamos de dirigentes do tipo dos apóstolos, para conclamar a igreja a obedecer aos padrões divinos de retidão. Portanto ser santificado é o resultado de se viver a vida cristã. O Espírito Santo opera em nós, tornando-nos conforme a imagem de Cristo (Rm 8.29)

4. Bênçãos acompanham os que vivem conforme a vontade de Deus! Deus garante, aos que assim vivem, plena vitória contra os ataques do Diabo. O crescimento espiritual deles está garantido (Cl 1.6,10). O Espírito Santo tem plena liberdade para atuar em suas vidas, e eles tornam-se preparados para serem usados por Deus em sua obra (2 Tm 2.19-21). E, acima de tudo, aqueles que vivem segundo a vontade de Deus, estão preparados para o arrebatamento! ALELUIA! VALE A PENA VIVER NA VONTADE DE DEUS! (Hb 12.15; 13.5,23). – A Palavra de Deus não se destina apenas à nossa informação, destina-se à nossa transformação! Tornar-se um cristão significa começar um relacionamento inteiramente novo com Deus, não apenas virar uma nova página na vida ou determinar fazer corretamente. Os novos crentes têm um propósito, direção, atitude e comportamento mudados. Eles não estão mais procurando servir a si mesmos; estão dando frutos para Deus. Como as Boas Novas estão alcançando outros através de sua vida? Devemos lembrar também que Deus não é somente um pai que disciplina, mas também um treinador exigente que nos força aos nossos limites e exige que a nossa vida seja disciplinada. Embora possamos não nos sentir fortes o bastante para irmos em frente até à vitória, poderemos ser vencedores quando seguirmos a Cristo e recorrermos à sua força. Assim poderemos usar nossa força crescente para ajudar aqueles que, embora sejam fracos, estejam lutando à nossa volta.

SUBSÍDIO DE VIDA CRISTÃ

"Os cristãos são chamados a cooperar com os propósitos e o poder santificadores de Deus. Tem de haver a disposição de abandonar os caminhos malignos e impuros; de ser separado de tudo que pode impedir o desenvolvimento da vida semelhante à de Cristo. A santificação não é a separação de um eremita ou recluso, pois Jesus se misturou com os pecadores. Todavia, em seu caráter e padrão, Ele estava 'separado' dos pecadores. (Hb 7.26). O desejo do Senhor para seus seguidores e que continuem envolvidos no mundo ao mesmo tempo e que permanecem livres de seus malefícios.

O sucesso na vida crista, em grande extensão, depende de nossa disposição em nos entregarmos a Deus em total sacrifício de nós mesmos. O cristão que leva a santidade a sério e considerado um 'escravo' da justiça; um 'sacrifício vivo' para Deus; um utensilio doméstico puro" (Guia Cristão de Leitura da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p. 490).

REFERÊNCIAS

CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo: Hagnos, 2001, p. 1738

BÍBLIA, Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

LIÇÕES BÍBLICAS. Edição Especial Jovens e Adultos, 3º Trimestre 2020 - Lição 7. Rio de Janeiro: CPAD, 16 Agosto, 2020.

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.


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