sábado, 8 de agosto de 2020

LIÇÃO 6: NEEMIAS RECONSTRÓI OS MUROS DE JERUSALÉM

   

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I

   INTRODUÇÃO

Nesta lição estudaremos como os muros de Jerusalém foram levantados, e como Deus levantou o homem certo para executar esta obra. A obra era de Deus, o qual, como dono da obra, providenciou tudo que era necessário para a sua realização, desde a autorização do rei para o envio de Neemias, até os recursos para custear a construção. – Neemias era o tipo de pessoa que se importava. Ele se importava com as tradições do passado, com as necessidades do presente e com as esperanças do futuro. Ele se importava com sua herança, com a cidade de seus antepassados e com a gloria de seu Deus. Neemias revelou sua preocupação de quatro maneiras diferentes. Ele era o copeiro do rei da Pérsia. Quando Deus tem uma obra a realizar, nunca lhe faltarão instrumentos para fazê-la. Neemias vivia confortavelmente e com honras; porém, não se esquecia de que era israelita, e que os seus irmãos estavam angustiados. Ele estava disposto a utilizar seus bons ofícios para ajudá-los em tudo o que tivesse ao seu alcance, e para saber a melhor maneira de fazê-lo, fez indagações acerca do assunto. Devemos explorar especialmente o que se refere ao estado da Igreja e da fé. Toda a Jerusalém, que não seja a celestial, terá algum defeito que requererá a ajuda e os serviços de seus amigos.

   I. DEUS RESPONDE ÀS ORAÇÕES DE NEEMIAS

1. Deus envia emissário a Neemias. Deus enviou emissário para informar Neemias acerca da situação reinante em Jerusalém. Esta pessoa foi Hanani, irmão de Neemias (Ne 1.2). Hanani contou como os judeus, que haviam retornado a Judá após o cativeiro, estavam em grande miséria. Muros fendidos, e portas queimadas a fogo, eram símbolo de miséria e de desprezo, e faziam dos moradores da cidade vítimas fáceis de assaltantes (Ne 1.3). – O que levaria Neemias a perguntar sobre um remanescente atribulado que vivia a centenas de quilômetros? Afinal, ele era o copeiro do rei e tinha uma vida bem-sucedida e segura. Por certo, não era culpa dele que seus antepassados houvessem pecado contra o Senhor e trazido julgamento sobre a cidade de Jerusalém e sobre o reino de Judá. Um século e meio antes, o profeta Jeremias transmitira a seguinte palavra do Senhor: "Pois quem se compadeceria de ti, o Jerusalém? Ou quem se entristeceria por ti? Ou quem se desviaria a perguntar pelo teu bem-estar?" (Jr 15:5). Neemias era o homem que Deus havia escolhido para fazer exatamente isso! – Neemias perguntou sobre Jerusalém e sobre os judeus que viviam lá, pois era um homem atencioso. Quando nos preocupamos de verdade com as pessoas, queremos saber o que se passa, por mais doloroso que seja. Nas palavras do historiador norte-americano Henry Adams: "A política pratica consiste em ignorar os fatos", mas Aldous Huxley disse: "Os fatos não deixam de existir só porque são ignorados". Fechar os olhos e os ouvidos para a verdade pode ser o primeiro passo em direção a consequências trágicas para nós mesmos e para outros. O que Neemias descobriu sobre Jerusalém e os judeus? As más notícias que recebeu podem ser resumidas em três palavras: remanescente, ruinas e opróbrio. Em vez de ser uma terra habitada por uma nação numerosa, só havia um remanescente do povo em Judá. Aqueles poucos judeus passavam por grandes aflições e lutavam para sobreviver. Em vez de ser uma cidade magnifica, Jerusalém estava em ruinas, e onde antes se vira grande gloria, restava apenas opróbrio. Será que somos como Neemias, ansiosos para saber a verdade até mesmo sobre as piores situações? Nosso interesse procede de uma preocupação verdadeira ou apenas de curiosidade desocupada? Quando lemos cartas de missionários com pedidos de oração, notícias em periódicos cristãos ou mesmo relatórios dos ministérios em nossa igreja, queremos saber dos fatos ou os consideramos um peso? Somos o tipo de pessoa que se importa o suficiente para perguntar? Neemias se importou não somente para perguntar como para chorar e interceder pelo seu povo e pela sua pátria.

2. Neemias, angustiado, jejua e ora. Deus despertou em Neemias uma profunda angústia pela situação de seu povo, que morava em Judá. Neemias começou a jejuar e a orar. A oração inicial de Neemias está registrada em Neemias 1.5-11. Iniciou seu período de oração no mês de quisleu (dezembro), e Deus, que ouve as orações, fez a resposta chegar no mês de nisã (março) (Ne 2.1). – Essa oração e a primeira de doze registradas no Livro de Neemias (ver 2 :4; 4:4, 9; 5:19; 6:9, 14; 9:5ss; 13:14, 22, 29, 31). O livro começa e termina com orações. Sem dúvida alguma, Neemias era um homem de fé, que dependia inteiramente do Senhor para ajudá-lo a realizar o trabalho para o qual o havia chamado. Nas palavras do escritor escocês George MacDonald: "Em tudo aquilo que o homem faz sem Deus, fracassa miseravelmente ou é ainda mais miseravelmente bem-sucedido". Neemias foi bem-sucedido porque dependeu de Deus. Ao se referir ao ministério da Igreja de hoje, o já falecido Alan Redpath disse: "Há muito trabalho diante dos homens e pouca espera diante de Deus". – A que tipo de Deus oramos quando dirigimos nossas orações ao "Deus dos céus"? Oramos a um Deus "grande e temível" (Ne 1:5; ver também 4:14, 8:6 e 9:3), digno de nosso louvor e adoração. Se estivermos passando por grandes aflições (v. 3) e prestes a iniciar uma grande obra (4:19; 6:3), precisamos do grande poder (1:10), da grande bondade (9:25, 35) e da grande misericórdia (v. 31) de um Deus grande. O Deus que adoramos e grande o suficiente para lidar com os desafios que enfrentamos? Ele também e o Deus que cumpre suas promessas (1:5). O Senhor fez uma aliança com seu povo, Israel, prometendo abençoá-lo ricamente se obedecesse a sua Palavra, mas advertiu que o disciplinaria se desobedecesse (Lv 26; Dt 27 - 30). A cidade de Jerusalém estava em ruinas, e a nação encontrava-se debilitada, pois o povo havia pecado contra o Senhor. – Nossas melhores argumentações em oração são tomadas das promessas de Deus, a Palavra através da qual Ele nos dá esperança. Outros meios podem ser usados, mas a oração eficaz do justo pode muito em seus efeitos. A comunhão com Deus nos preparará melhor para tratarmos com os homens. Quando encomendamos nossas preocupações a Deus, a mente fica livre; sente satisfação e compostura e as dificuldades se desvanecem. sabemos que se o assunto fosse lesivo, Ele poderia impedi-lo facilmente, e tudo que é bom para nós, Ele pode fazer prosperar.

3. Deus responde às orações de Neemias. Como resposta às orações de Neemias, Deus despertou o rei para assumir a responsabilidade do empreendimento. Neemias era copeiro do rei. Certo dia ele apresentou-se diante do rei com semblante triste. Interrogado acerca do motivo de sua tristeza, Neemias relatou a situação da cidade de Jerusalém e de seu povo que ali vivia (Ne 2.2-3). Por inspiração de Deus, o rei perguntou a Neemias: "Que me pedes agora?" (Ne 2.4). Neemias orou ao Deus do céu para que pudesse responder ao rei dentro da direção de Deus. Em um momento, Neemias teve sua chamada para ir a Jerusalém confirmada, e respondeu ao rei: “Peço-te que me envies a Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu a edifique" (Ne 2.5). – Nossas orações devem ser auxiliadas por esforços sérios ou, de outra maneira, enganamo-nos a respeito de Deus. Não estamos limitados de tal maneira que só tenhamos algumas audiências com o Rei dos reis; temos a liberdade de ir a Ele em todos os momentos. Aproximarmo-nos do trono da graça é uma atitude sempre atual. Porém, a sensação do desagrado de Deus e das aflições de seu povo são causa de tristeza para seus filhos, e os prazeres deste mundo não os consolam

4. Deus despertou o rei a atender o pedido de Neemias. Neemias recebeu carta do rei dirigida aos governadores da região e ainda uma carta com ordem para que o necessário para a construção fosse dado a Neemias. Tudo segundo a boa mão de Deus sobre Neemias (Ne 2.8). Deus é verdadeiramente o Deus daquilo que é impossível aos homens. – O rei animou Neemias a pedir o que desejava. Isto lhe deu confiança para falar; muito mais pode nos animar o convite que Cristo nos tem feito para orar, e a promessa que Ele nos tem dado de que tudo irá bem, para ir diretamente ao trono da graça. Neemias orou ao Deus do céu, infinitamente superior a este poderoso monarca. Elevou o seu coração ao Deus que entende a linguagem do coração. Nunca devemos buscar nem esperar a direção, a assistência nem a direção divina, quando empreendemos algo que não seja bom para nós. Houve uma resposta imediata à sua oração, porque a semente de Jacó nunca buscou em vão o seu Deus.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

“Deus trabalha por intermédio de seu povo para realizar até mesmo tarefas consideradas humanamente impossíveis. Ele costuma moldar as pessoas com características de personalidade, experiências e treinamento de modo a prepará-las para o seu ministério, e essas pessoas não costumam sequer ter ideia do que Deus tem reservado para elas. Deus preparou e posicionou Neemias para realizar uma dessas tarefas 'impossíveis' da Bíblia. Neemias era um homem comum em uma posição especial. Ele estava seguro na condição de bem-sucedido copeiro do rei Artaxerxes, da Pérsia. Neemias possuía pouco poder, mas grande influência.

Setenta anos antes, Zorobabel havia planejado a reconstrução do Templo de Deus. Treze anos haviam se passado desde o retorno de Esdras a Jerusalém, que havia ajudado o povo em suas necessidades espirituais. Agora Neemias era necessário.

Do início ao fim Neemias orou pedindo a ajuda de Deus. Ele nunca hesitou em pedir que Deus se lembrasse dele, encerrando sua autobiografia com as seguintes palavras: 'Lembra-te de mim, Deus meu, para o bem’. Durante a 'impossível' tarefa, Neemias demonstrou uma capacidade de liderança incomum. Os muros ao redor de Jerusalém foram reconstruídos em tempo recorde, a despeito da resistência e da oposição dos inimigos. Até mesmo os inimigos de Israel admitiram, de má vontade e com temor, que Deus estava com esses construtores. Não apenas isto, mas Deus trabalhou através de Neemias para realizar um despertamento espiritual entre o povo judeu.

Talvez você não tenha as habilidades específicas de Neemias ou até mesmo pense que está em uma posição onde nada pode fazer para Deus; mas existem duas formas através das quais você pode ser útil ao Senhor. Primeiro, seja uma pessoa que fala com Deus. Permita que Ele entre em sua vida e compartilhe-a com Ele – suas preocupações, seus sentimentos e seus sonhos. Segundo, seja uma pessoa que anda com Deus. Coloque em prática aquilo que você aprende nas Escrituras Sagradas. Deus pode ter uma missão 'impossível' para realizar através de sua vida" (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p. 670).

  II. NEEMIAS CHEGA A JERUSALÉM (Ne 2.7-11)

1. Neemias faz levantamento da real situação dos muros. Saiu à noite na companhia de poucos homens, sem dizer a ninguém qual era seu objetivo em Jerusalém (Ne 2.12-16). – A fim de fazer um levantamento das condições da cidade, deslocou-se do oeste para o sul e para o leste, concentrando-se na região Sul de Jerusalém. A situação era exatamente aquela que seu irmão havia relatado: os muros não passavam de escombros e as portas haviam sido queimadas (Ne 2:13; 1:3). Os líderes não devem viver numa utopia. Antes, devem encarar os fatos com honestidade e aceitar tanto as más quanto as boas notícias. Durante a noite, Neemias viu mais coisas do que os habitantes da cidade eram capazes de ver durante o dia, pois não enxergou apenas os problemas, mas também o potencial. E isso o que faz um líder!

2. Neemias declara sua intenção de reedificar os muros. Tendo-se inteirado da verdadeira situação dos muros de Jerusalém, Neemias convocou os judeus, os nobres, os magistrados e todos os que faziam a obra, a juntos reedificarem os muros, para que não mais estivessem em opróbrio, declarando-lhes como a mão de Deus lhe fora favorável, como também as palavras do rei. Então disseram todos: "Levantemo-nos, e edifiquemos. E esforçaram as suas mãos para o bem" (Ne 2.17-18). – A cidade de Jerusalém estava debaixo de condições desesperadoras: insegurança pública, injustiça social, pobreza e extrema miséria e opróbrio. John Maxwell diz que durante os 120 anos que se seguiram depois dos muros terem sido derrubados pelos caldeus (2Cr 36.19), dezenas de milhares de habitantes de Jerusalém literalmente viram aquilo e não fizeram nada. O que o povo precisava era de um líder que os empurrasse, traçasse um plano de ação e os conduzisse por todo o processo de reconstrução. Neemias foi capaz de enxergar o problema e a solução sem nunca ter estado em Jerusalém. Um líder tem a visão do farol alto. Ele enxerga sobre os ombros dos gigantes. O especialista em liderança John Maxwell corretamente afirma que um líder vê mais longe que os outros, vê mais do que os outros e vê antes dos outros.  O povo precisou apenas de 52 dias para reconstruir o muro da cidade que estava arruinado havia 120 anos. O segredo desse sucesso foi a visão e ação do líder. – O Senhor já havia provado seu poder ao tocar o coração do rei que, por sua vez, havia prometido suprir as necessidades daquela empreitada. Foi o peso que Neemias sentia em seu coração por Jerusalém bem como sua experiencia com o Senhor que convenceram os judeus de que era chegada a hora de construir. Os judeus da nobreza demonstraram uma atitude louvável ao aceitar o desafio sem hesitar e dizer: — "Disponhamo-nos e edifiquemos."

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

“Embora Neemias tivesse chegado como governador, com plena autoridade do Império Persa, não fez nada durante três dias e nem contou a ninguém os planos que Deus lhe confiara. Sem dúvida, ele estava esperando em Deus, ao invés de precipitar-se, confiando na sua própria capacidade. Passou, então a fazer uma inspeção cautelosa e cuidadosa nos danos causados nos muros pelos samaritanos e, por certo, calcular as despesas. É muito importante observar que, em vez de criticar os judeus pelos seus problemas e tristezas, ele queria ver esses problemas como eles viam. Daí, ele nada fala, enquanto não compreendesse a situação segundo a sua perspectiva, sentindo o que eles sentiam" (Bíblia de Estudo Pentecostal. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p. 731).

  III. NEEMIAS INICIA O LEVANTAMENTO DOS MUROS

1. O plano de Neemias. Ver capítulo 3. Neemias dividiu a tarefa de construção em partes, tendo cada parte uma porta. Simultaneamente, lado a lado, haveria pessoas encarregadas de levantar o muro ao longo de toda a sua extensão, muitas delas edificando o pedaço do muro que ficava em frente à sua própria casa. Havia também grupos encarregados de levar entulho, trazer material, etc. O coração do povo se inclinou a trabalhar (Ne 4.6). E logo já era possível notar que os muros cresciam e as roturas começavam a ser tapadas (Ne 4.7). – Neemias enfrentou um grande desafio e demonstrou uma grande fé num grande Deus, mas não teria feito muita coisa se não tivesse havido grande dedicação da parte daqueles que o ajudaram a reconstruir os muros. Com o tipo de humildade apropriada a um líder piedoso, Neemias deu todo o crédito ao povo quando escreveu; "Assim, edificamos o muro [...] porque o povo tinha ânimo para trabalhar" (Ne 4:6). O humorista inglês Jerome K. Jerome disse: "Gosto do trabalho, é algo que me fascina. Posso passar horas vendo gente trabalhando". Quando se trata da obra do Senhor, não há lugar para espectadores nem para aqueles que elegem a si mesmos conselheiros e críticos; mas, sempre há espaço para trabalhadores. Ao estudar este capítulo, você descobrirá princípios que se aplicam a todo o trabalho humano, especialmente ao trabalho de edificação da igreja. – Neemias foi um líder que planejou seu trabalho e que colocou seu plano em prática, e a forma como ele o fez serve de exemplo para nós. Este capítulo cita o nome de trinta e oito trabalhadores e identifica quarenta e dois grupos diferentes. Havia muitos outros trabalhadores cujos nomes Neemias não citou, mas que, ainda assim, foram importantes. Cada trabalhador, quer seu nome tenha sido mencionado quer não, foi designado para um lugar e recebeu uma tarefa.

2. A tática de Neemias. A tática de Neemias de engajar todos os judeus na obra de edificação do muro é um exemplo muito importante a ser seguido pelas igrejas em seu trabalho de evangelização. Neemias tinha um plano que aproveitava todos os que quisessem trabalhar, designando a cada um a sua função. Assim também o pastor da igreja deve, na direção do Espírito Santo, orientar os crentes a entregarem-se a Deus para realizarem a obra do Senhor. Trabalhar para o Senhor enche o coração dos crentes de grande alegria. – Quatro verdades são dignas de destaque aqui: (1) o motivo do apelo por ajuda – o patriotismo (2.17b). Neemias mexe com o brio do povo. Ele move o povo ao sentimento do patriotismo. Ele abre seus olhos para a realidade em que viviam. Neemias mostra que não podemos nos conformar com o caos, com a crise, com o opróbrio. Mas Neemias também chama o povo para trabalhar. Jamais a reforma teria sido feita se o povo não se envolvesse. Cada um precisa fazer sua parte. Não adianta culpar os outros e apenas ver o que eles precisam fazer. John Maxwell diz que os líderes não apenas sabem aonde estão indo; eles também levam pessoas com eles. (2) a natureza do apelo por ajuda – o esforço pessoal (2.17b). Neemias mostrou o exemplo pessoal. Ele não disse “vá e construa”, mas “vinde e construamos!” O líder precisa estar na frente. Neemias não tem interesses pessoais. Ele deixou seu posto, sacrificou-se. Só gente abnegada pode liderar um povo a se levantar e agir. De igual modo, Neemias também mostrou a forca da unidade. A união nos protege contra o desencorajamento. A união nos ajuda a enfrentar uma oposição hostil e combinada. (3) o encorajamento para apelo por ajuda – a mão de Deus e as palavras do rei (2.18). Neemias mostra a ajuda do céu. Deus está nesse negócio. Ele é o maior interessado na restauração da Sua Igreja. O maior encorajamento para fazer a obra de Deus está no próprio Deus. Neemias mostra também a ajuda da terra. O mesmo rei que mandou paralisar a obra, agora envia Neemias para fazer a obra, patrocina a viagem de Neemias e lhe dá os recursos. (4) o sucesso do apelo por ajuda – a resposta do povo (2.18). A resposta do povo foi pronta, prática e unânime. John Maxwell destaca sete princípios usados por Neemias para lidar com o povo: simplificação, participação, delegação, motivação, preparação, cooperação e comemoração. E acrescenta: “Nenhuma grande tarefa é realizada sem que haja pessoas para concretizá-la e um líder para conduzi-la”.

Ao nos familiarizarmos com as diversas pessoas citadas em Neemias 3, logo pensamos: "Mas isso é igual a igreja de hoje!" As circunstâncias mudam, mas a natureza humana é praticamente a mesma. Deus usa todo tipo de pessoa. Este capítulo cita governantes e sacerdotes (vv. 1, 12-19), homens e mulheres (v. 12), artífices profissionais (vv. 8, 32) e, até mesmo, pessoas de fora da cidade (vv. 2, 5, 7). Há um lugar e uma tarefa para cada pessoa. – Os líderes devem dar o exemplo (v. 1). Se havia pessoas na cidade que deveriam estar ocupadas eram os sacerdotes, pois, nesse projeto, o que estava em jogo era a glória do Senhor. O fato de o sumo sacerdote usar suas mãos consagradas para realizar trabalhos braçais mostra que considerava as obras nos muros um ministério para o Senhor. "Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus" (1 Co 10:31). Eliasibe colocou outros sacerdotes para trabalhar na Porta das Ovelhas, no canto nordeste da cidade. Uma vez que era por ali que os sacrifícios entravam em Jerusalém, os sacerdotes devem ter se interessado de modo especial por essa parte do projeto.

3. A união dos judeus ficou ameaçada. Apesar da boa organização, a união necessária para a realização daquela grande obra estava ameaçada. Surgiu um problema entre os pobres e os ricos. Neemias tomou conhecimento do problema e sabiamente o resolveu, e a obra prosseguiu. Este tópico será retomado na lição número 8. – No meio de uma "grande obra" (4:19), para um "grande Deus" (1:5), ouviu-se entre os judeus um "grande clamor" (5:1). Não estavam clamando contra os samaritanos, os amonitas ou os árabes, mas contra seu próprio povo! Judeus estavam explorando seus compatriotas, e a situação econômica havia se tornado tão desesperadora que até mesmo as esposas (que costumavam manter-se caladas) participavam dos protestos. O povo estava fatigado com o trabalho árduo, esgotado pelo contínuo assédio dos inimigos, pobre e sem as condições mínimas de sobrevivência, sem dinheiro para os impostos e fazendo empréstimos, trabalhando no muro em vez de no campo pelo alimento. Além de tudo isso, havia reclamações contra a terrível exploração e extorsão feita pelos judeus ricos que não estavam ajudando, mas forçavam as pessoas a vender suas casas e seus filhos, sem que tivessem qualquer perspectiva de resgatá-los no futuro. Em condições normais, a lei oferecia a esperança do livramento desses moços mediante a remissão das dívidas, o que acontecia a cada sete anos, ou no 50º ano do Jubileu (Lv 25), O costume da redenção tornava possível "comprar de volta" o indivíduo escravo em qualquer momento, mas a situação financeira desesperadora desses tempos fazia com que isso parecesse impossível. O compromisso dos nobres e magistrados com o projeto de reedificação era ínfimo (Ne 3.5), enquanto a lealdade deles a Tobias e a outros adversários aumentava ainda mais as atitudes oportunistas, colocando-os muito próximos da posição dos inimigos. Eles haviam se tornado os adversários internos. De acordo com a lei mosaica, os judeus eram proibidos de cobrar juros de seus irmãos quando lhes concediam empréstimos de dinheiro, alimentos ou qualquer outra coisa. Se a pessoa era miserável, eles deviam considerar o empréstimo como uma doação. Se a pessoa tivesse condições de pagar mais tarde, teria que ser livre de juros (Lv 25.36-37; Dt 23.19-20). Essa generosidade era a marca dos piedosos (Sl 15.5; Jr 15.10; Pv 28.8). Neemias denunciou com severidade justificada a conduta iníqua de vender um irmão por meio da usura. Ele contrastou essa atitude à sua própria de redimir com o próprio dinheiro alguns dos judeus exilados, que por causa de dívidas tinham perdido a liberdade na Babilônia. Neemias estabeleceu o exemplo ao novamente; emprestar dinheiro, mas sem cobrar juros. Para remediar o mal que eles haviam causado, os culpados de usura deviam devolver a propriedade confiscada àqueles que não podiam pagar os empréstimos de volta, bem como devolver os juros cobrados (Lc 19. 2-10). A consciência dos culpados foi tocada pelas palavras de Neemias, tanto que o temor, vergonha e contrição os fizeram jurar pelo resgate das dívidas e restauração das propriedades e dos juros, inclusive libertando os escravos. Esse cancelamento das dívidas promoveu a união de ambos os lados do compromisso. Neemias clamou pela ira de Deus para todo aquele que não cumprisse o seu compromisso de abrir mão das dívidas. O povo concordou e agiu de acordo com o prometido. Note, que mesmo debaixo da visível mão operosa do Senhor no meio do povo, há aqueles que se aproveitam do próximo mais necessitado, isso é o mesmo em qualquer época e cultura. Hoje, quando enfrentamos essa pandemia, podemos contemplar desvios de verbas que deveriam salvar vidas, omissão dos poderes, omissão do povo, enfim, necessitamos, a exemplo de Neemias, nos posicionar e denunciar com severidade justificada, e mais, clamando a Deus pela ira de Deus sobre todo aquele culpado por tantas vítimas que não tiveram um leito para amenizar seu sofrimento, porque o dinheiro foi para o bolso de alguém. Pense nisto!

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

"Neemias convocou uma assembleia com os líderes judeus. Ele lhes contou como Deus o tinha convocado para realizar essa missão, e como o Senhor tinha agido sobre o rei para que o ajudasse, não apenas ao dar-lhes a autoridade como governador, mas também ao tornar disponíveis a ele os materiais necessários para realizar o trabalho. Este fervoroso apelo recebeu uma resposta rápida. Impressionados com o zelo de Neemias, os líderes judeus responderam imediatamente. Levantemo-nos e edifiquemos. Assim, foi preparado o cenário para um notável feito a ser realizado" (Comentário Bíblico Beacon. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, pp. 514-15).

  IV. O LEVANTAMENTO DOS MUROS PROVOCOU GRANDE OPOSIÇÃO

1. Iniciada a edificação dos muros, Sambalate e Tobias indignaram-se grandemente, e usaram várias estratégias para fazerem parar a obra. Todavia, Neemias e seus liderados, ajudados pelo Senhor, conseguiram vencer todos os obstáculos que se levantaram, e trabalharam sem cessar até à conclusão do muro. As diferentes formas de ataque dos inimigos dos judeus, e como Neemias conseguiu vencê-Los, será assunto da Lição 9 deste trimestre.

2. O muro foi concluído (Ne 6.15). Esta vitória teve grande repercussão. Até os inimigos tiveram de reconhecer que "O NOSSO DEUS FIZERA ESTA OBRA" (Ne 6.16). – “A Bíblia nos diz para amarmos o próximo e, também, nossos inimigos – isso porque, provavelmente, os dois costumam ser as mesmas pessoas." Essas palavras de Gilbert Keith Chesterton sem dúvida se aplicavam a situação de Neemias. Sua chegada a Jerusalém representou uma ameaça para Sambalate, Tobias e seus companheiros (2:10), os quais desejavam que os judeus continuassem fracos e dependentes. Uma Jerusalém forte colocaria em perigo o equilíbrio do poder na região e privaria Sambalate e seus amigos de sua influência e riqueza. – Quando as coisas estão indo bem, devemos nos preparar para enfrentar dificuldades, pois o inimigo não quer ver a obra do Senhor progredir. Enquanto o povo de Jerusalém estava conformado com sua triste sina, o inimigo os deixou em paz. Mas quando os judeus começaram a servir ao Senhor e a glorificar o nome de Deus, o inimigo entrou em ação. – A oposição não e apenas prova da bênção de Deus, mas também uma oportunidade de crescimento. As dificuldades no cumprimento do trabalho fizeram aflorar o que havia de melhor em Neemias e em seu povo. Satanás quis usar esses problemas como armas para destruir a obra do Senhor, mas Deus usou-os como instrumentos para edificar seu povo. "Deus teve somente um Filho sem pecado, mas nunca teve um filho sem tribulações", disse Charles Spurgeon. – Quando Sir James Thornhill estava pintando a parte interna da cúpula da catedral de São Paulo em Londres, ao terminar uma parte do trabalho, deu um passo para trás a fim de contemplar o que havia feito. Se tivesse recuado mais um passo, teria caído do andaime e talvez até morrido. Ao ver essa situação, um amigo pegou um de seus pinceis e passou tinta numa parte da pintura. A vida do artista foi salva, pois ele se lançou para frente a fim de proteger seu trabalho. Quando o retrato de nossa vida ou de nosso Ministério não se parece exatamente com aquilo que desejamos, talvez o Grande Artista esteja nos salvando de algo bem pior e nos preparando para algo muito melhor. – Os capítulos 4 e 6 descrevem pelo menos nove táticas diferentes empregadas pelo inimigo na tentativa de interromper o trabalho nos muros. Primeiro, atacaram os judeus com zombaria (4:1-6) e conspirações de guerra (vv. 7-9). Como resultado, os trabalhadores enfrentaram dificuldades internas: desânimo (v. 10), medo (vv. 11-23) e egoísmo (5:1-19). Quando os ataques contra o povo não funcionaram, os inimigos começaram a atacar seu líder, Neemias. Tentaram usar de transigência (6:1-4), maledicência (vv. 5-9), ameaças (vv. 10-14) e intrigas (vv. 17-19), mas nenhum desses recursos funcionou. Neemias estava "firme e inabalável" e liderou o povo de modo que concluíram as obras em cinquenta e dois dias! – A história começou com a declaração: "Então orei" (Ne 2:4). Na sequência lemos: "Cheguei a Jerusalém" (v. 11). O próximo elo da cadeia é: "Fortaleceram as mãos para a boa obra" (v. 18), seguido das declarações: "Edificamos o muro" (4:6) e "Assim trabalhávamos na obra" (v. 21). Chegamos, assim, ao final desta parte da história: "Acabou-se, pois, o muro" (6:15). Essas palavras, porém, marcam um novo começo, pois Neemias deveria proteger a obra que realizou. O restante do livro mostra como fez isso.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

"Os inimigos do pequeno remanescente dos judeus opunham-se à reconstrução dos muros de Jerusalém. Neemias e o povo foram alvos de zombaria, de ameaça de uso da força, de desânimo de medo. O capítulo três do livro de Neemias revela como se pode vencer a oposição à obra de Deus. (1) A zombaria foi vencida pela oração e determinação. (2) A ameaça da força foi vencida pela oração e apropriadas medidas de segurança. (3) O desânimo e o medo foram vencidos pela fé dos dirigentes piedosos, pelo seu incentivo" (Bíblia de Estudo Pentecostal. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p. 733).

  V. O MURO FOI SOLENEMENTE INAUGURADO

1. Para a dedicação dos muros foram convocados todos os levitas, a fim de dedicarem os muros com alegria, com louvores, com canto, com saltério, com alaúdes e com harpas (Ne 12.27). Purificaram-se os sacerdotes e os levitas, e logo purificaram todo o povo, e as portas, e o muro (Ne 12.30).

2. O ato de dedicação incluiu duas procissões ao longo dos muros, as quais pararam diante da Casa de Deus, onde houve sacrifícios (Ne 12.30,38,40). A alegria de Jerusalém era tão grande, que o som da festa podia ser ouvido de longe (Ne 12.43). – Os judeus estavam acostumados a ter trabalhadores e vigias nos muros de Jerusalém, mas, nessa ocasião, Neemias e Esdras escolheram pessoas para adorar a Deus nos muros. O entusiasmo do povo no culto de consagração foi tanto que seus clamores e cânticos puderam ser ouvidos "até de longe" (v. 43). – O povo já havia sido consagrado (caps. 8 - 10); era chegada a hora de consagrar o trabalho que haviam feito. Essa e a ordem correta a seguir, pois de que adiantam muros e portas consagrados sem pessoas consagradas? Observe que o texto enfatiza o louvor jubiloso de todo o povo. O cântico e citado oito vezes neste capitulo; as ações de graças, seis vezes; o regozijo, sete vezes; e os instrumentos musicais, três vezes. – A sequência do culto de consagração foi singular. Os líderes e cantores se dividiram em dois grupos, tendo Esdras a frente de um deles e Neemias (seguindo o coral) na direção do outro. É bem provável que as procissões tenham partido da Porta do Vale, marchando em direções opostas. O grupo de Esdras (12:31-37) foi para o sul dirigindo-se à Porta do Monturo e, depois, a Porta da Fonte e a Porta das Águas, na parte leste dos muros da cidade. O grupo de Neemias foi para o norte (vv. 38, 39), passando a Porta Velha, a Porta de Efraim, a Porta do Peixe e a Porta da Guarda. Os dois grupos encontraram-se na área do templo onde o culto culminou com a oferta de sacrifícios ao Senhor. – Por que Esdras e Neemias organizaram um culto de consagração como esse? Por que não reunir todos na área do templo, deixar os levitas cantarem, oferecerem sacrifícios e, depois, o povo voltar para casa? – Para começar, tratava-se da consagração dos muros e das portas. Nada mais certo, portanto, que o povo visse e tocasse aquilo que estava sendo dedicado ao Senhor. Lembro-me de participar do culto de consagração do edifício de educação crista de uma igreja realizado dentro do templo dessa igreja, não no edifício em si. A certa altura do culto, deveríamos ter saído do templo e marchado pelo novo edifício cantando louvores a Deus. Enquanto eu ministrava a Palavra, senti como se estivesse realizando uma cerimônia de casamento a um casal de noivos que não estava presente! – Havia, porém, outro motivo para que se realizasse um culto de consagração tão incomum: o povo estava testemunhando ao mundo que os observava, que Deus havia feito sua obra e que somente ele deveria ser glorificado. O inimigo havia dito que os muros seriam tão frágeis que até uma raposa poderia derruba-los (Ne 4:3), mas lá estava o povo marchando sobre os muros! Um testemunho e tanto a gentios incrédulos do poder Deus e da realidade da fé. Foi mais uma oportunidade de provar a essas pessoas como "por intervenção de nosso Deus e que fizemos esta obra" (6:16). – Ao marchar sobre os muros, o povo pode ver os resultados de seu trabalho e se dar conta, mais uma vez, de que a obra não havia sido realizada por apenas uma pessoa. Por certo, Neemias fora seu líder e precisavam dele; mas "o povo tinha animo para trabalhar" (4:6). Várias pessoas e famílias trabalharam em partes diferentes dos muros (cap. 3), mas ninguém era "dono" daquela parte onde havia trabalhado. Os muros pertenciam a Deus.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

"Depois do conserto dos muros, os judeus se congregam junto a uma das portas da cidade e ouvem Esdras lê algumas das leis que Deus lhes dera por intermédio de Moisés. Ele lê desde o amanhecer até ao meio-dia. O que ele lê possivelmente são seleções dos cinco primeiros livros da Bíblia, ou talvez Deuteronômio, que é um resumo da lei. Durante ou após essa leitura, doutores da lei andam entre a multidão 'explicando o sentido, faziam que, lendo entendessem'. Talvez eles estivessem traduzindo a lei do hebraico, idioma em que ela está escrita, ao aramaico, idioma que os judeus aprenderam no exílio" (Manual Bíblico Entendendo a Bíblia. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, p. 174).

  VI. OS MUROS TRAZEM ENSINO SIMBÓLICO IMPORTANTE

1. A bíblia fala da salvação como um muro. “Aos teus muros chamarás salvação, e às tuas portas louvor" (Is 60.18). E ainda, "Uma forte cidade temos, a quem Deus pôs a salvação por muro e antemuros" (Is 26.1). – Os muros e os portões da cidade referem-se à proteção divina que o Senhor lhes dispensará, contra qualquer tipo de violência ou destruição. O remanescente redimido cantou louvores a Deus por causa da obra concluída em Jerusalém, a cidade inexpugnável deles.

2. O muro da salvação fala da divina proteção que beneficia aqueles que se abrigam dentro dele. Observamos que o levantamento dos muros foi resultado de um despertamento. O crente despertado sente uma imperiosa necessidade de conservar-se dentro dos muros de salvação, onde ele é protegido pela excelente grandeza do poder de Deus. E pode dizer como Paulo: “Eu sei em quem tenho crido, e estou certo que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia" (2 Tm 1.12). – O apóstolo Paulo não tinha medo algum da perseguição nem da morte por pregar o evangelho num ambiente hostil porque tinha plena confiança de que Deus havia selado sua glória e bênção futuras – ‘sei em quem tenho crido’; "Sei" aqui descreve a certeza do conhecimento íntimo que Paulo tinha da salvação — sendo o objeto desse conhecimento o próprio Deus. A forma do verbo grego traduzido por "tenho crido" refere-se a algo que começou no passado e tem resultados contínuos. Esse "saber" equivale ao "conhecimento da verdade" (1Tm 2.4). A vida de Paulo no tempo e na eternidade fora entregue ao seu Senhor. Ele vivia com confiança e ousadia inabaláveis por causa da verdade revelada acerca do poder e da fidelidade de Deus, bem como de sua própria experiência de um relacionamento inquebrantável com o Senhor (Rm 8.3 1-39). Paulo esperava com firme confiança que Deus o preservaria no caminho da fé ‘até aquele Dia’, também chamado "o dia de Cristo" (1Pd 1.10), em que os cristãos estarão diante d o tribunal e serão recompensados (1Co 3.13; 2Co 5.10; 1Pd 1.5). Você goza de tranquilidade e paz no espírito por saber que sua salvação está garantida?

3. O muro da salvação é uma permanente linha divisória entre o reino de Deus e o reino deste mundo. Fronteiras deste mundo foram muitas vezes alteradas, porém a fronteira entre o reino da Luz e o reino das Trevas continua inalterada. A Bíblia diz: "Eu, o Senhor, não mudo" (Ml 3.6). O reino de Deus e o reino deste mundo são inteiramente irreconciliáveis. "Que comunhão tem a luz com as trevas?" (2 Co 6.14). "Ninguém pode servir [...] a Deus e a Mamom" (Mt 6.24).

O fato de o muro da salvação ser uma divisa entre o reino de Deus e o mundo, não significa que há uma "proibição" pela qual o crente não tem "direito" de fazer o que quer. O crente é livre! Todavia, a mesma linha divisória representada pelo muro da salvação, passa também DENTRO DO NOSSO CORAÇÃO! Por isso Paulo escreveu: "A não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo" (Gl 6.14). E podemos, assim, fazer nossas as palavras de Paulo: "O que para mim era ganho, reputei-o perda por Cristo!" (Fp 3.7). Finalmente, a salvação transforma o crente de tal forma que ele começa a querer aquilo que o Senhor quer, e passa a orar: "Seja feita a TUA vontade" (Mt 6.10). O segredo de uma vida cheia do Espírito Santo é: "Quem crer em mim COMO DIZ A ESCRITURA, rios de água viva correrão do seu ventre" (Jo 7.38). – É interessante fazer uma ressalva aqui quanto ao texto de Gl 6.14, onde o apóstolo Paulo utiliza o termo ‘gloriar-me’, a palavra grega usada é uma expressão básica de louvor, bem diferente da nossa palavra ‘glória’ em português, a qual, necessariamente, inclui o aspecto de orgulho. Paulo se gloriava e se regozijava no sacrifício de Jesus Cristo, isto é uma expressão de louvor e adoração à Cristo por causa da obra do Calvário! (Rm 8.1-3; 1Co 2.2; 1Pe 2.24). É importante também explicar que, ao utilizar o termo ‘mundo’, o apóstolo faz referência ao sistema mau e satânico (1Jo 2.15-16; 5.19). Esse sistema corrupto, sob domínio de Satanás, que se levanta e se opõe ao reino de Deus, Paulo diz que estava ‘crucificado para mim, e eu, para o mundo’. O mundo está morto espiritualmente para os cristãos, e nós estamos mortos para o mundo (Gl 2.20; Rm 6.2-10). O Cristão que se regozija por estar seguro de sua salvação não pode ao mesmo tempo, se comprometer com as políticas deste mundo mau e diabólico, com suas pautas anticristãs! – Nada nesse mundo caído pode nos atrair, note bem, refiro-me ao sistema mau e corrupto e suas pautas antibíblicas, que como Paulo, ‘o que, para mim, era lucro... considerei perda’. "Lucro" aqui é "ganho", e "perda" é prejuízo. Paulo usou a linguagem dos negócios para descrever a transação espiritual ocorrida quando Cristo o redimiu. Todas as suas credenciais religiosas judaicas que ele achava que eram ganhos, na verdade, eram sem valor e condenatórias (Lc 18.9-14). Portanto, ele as contabilizou como prejuízo e sem valor algum quando viu as glórias de Cristo (Mt 13.44-45; 16.25-26). – De igual forma, o cristão convicto deve ter como prioridade aquilo que é prioritário no reino de Deus. A dádiva do Espírito Santo é a fonte de vida espiritual e eterna.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Francisco. Especial Lição 6: Neemias reconstrói os muros de Jerusalém. Disponível em: https://auxilioebd.blogspot.com. Acesso em 07.08.2020

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento: Neemias, p. 2.  Rio de Janeiro: CPAD, 2010.

LIÇÕES BÍBLICAS. Edição Especial Jovens e Adultos, 3º Trimestre 2020 - Lição 6. Rio de Janeiro: CPAD, 09 Agosto, 2020.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. Antigo Testamento v. II, Históricos, p. 613. Santo André: Geográfica, 2010.

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