COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Nesta lição
estudaremos como os muros de Jerusalém foram levantados, e como Deus levantou o
homem certo para executar esta obra. A obra era de Deus, o qual, como dono da
obra, providenciou tudo que era necessário para a sua realização, desde a
autorização do rei para o envio de Neemias, até os recursos para custear a
construção. – Neemias era o tipo de pessoa que
se importava. Ele se importava com as tradições do passado, com as necessidades
do presente e com as esperanças do futuro. Ele se importava com sua herança,
com a cidade de seus antepassados e com a gloria de seu Deus. Neemias revelou
sua preocupação de quatro maneiras diferentes. Ele era o copeiro do rei da
Pérsia. Quando Deus tem uma obra a realizar, nunca lhe faltarão instrumentos
para fazê-la. Neemias vivia confortavelmente e com honras; porém, não se
esquecia de que era israelita, e que os seus irmãos estavam angustiados. Ele
estava disposto a utilizar seus bons ofícios para ajudá-los em tudo o que
tivesse ao seu alcance, e para saber a melhor maneira de fazê-lo, fez
indagações acerca do assunto. Devemos explorar especialmente o que se refere ao
estado da Igreja e da fé. Toda a Jerusalém, que não seja a celestial, terá
algum defeito que requererá a ajuda e os serviços de seus amigos.
I. DEUS RESPONDE ÀS ORAÇÕES DE NEEMIAS
1. Deus envia
emissário a Neemias. Deus enviou
emissário para informar Neemias acerca da situação reinante em Jerusalém. Esta pessoa
foi Hanani, irmão de Neemias (Ne 1.2). Hanani contou como os judeus, que haviam
retornado a Judá após o cativeiro, estavam em grande miséria. Muros fendidos, e
portas queimadas a fogo, eram símbolo de miséria e de desprezo, e faziam dos moradores
da cidade vítimas fáceis de assaltantes (Ne 1.3). – O que levaria Neemias a perguntar sobre um remanescente
atribulado que vivia a centenas de quilômetros? Afinal, ele era o copeiro do
rei e tinha uma vida bem-sucedida e segura. Por certo, não era culpa dele que
seus antepassados houvessem pecado contra o Senhor e trazido julgamento sobre a
cidade de Jerusalém e sobre o reino de Judá. Um século e meio antes, o profeta Jeremias
transmitira a seguinte palavra do Senhor: "Pois quem se compadeceria de
ti, o Jerusalém? Ou quem se entristeceria por ti? Ou quem se desviaria a
perguntar pelo teu bem-estar?" (Jr 15:5). Neemias era o homem que
Deus havia escolhido para fazer exatamente isso! – Neemias perguntou sobre
Jerusalém e sobre os judeus que viviam lá, pois era um homem atencioso. Quando nos
preocupamos de verdade com as pessoas, queremos saber o que se passa, por
mais doloroso que seja. Nas palavras do historiador norte-americano Henry
Adams: "A política pratica consiste em ignorar os fatos", mas Aldous
Huxley disse: "Os fatos não deixam de existir só porque são
ignorados". Fechar os olhos e os ouvidos para a verdade pode ser o
primeiro passo em direção a consequências trágicas para nós mesmos e para
outros. O que Neemias descobriu sobre Jerusalém e os judeus? As más notícias
que recebeu podem ser resumidas em três palavras: remanescente, ruinas e opróbrio.
Em vez de ser uma terra habitada por uma nação numerosa, só havia um
remanescente do povo em Judá. Aqueles poucos judeus passavam por grandes aflições
e lutavam para sobreviver. Em vez de ser uma cidade magnifica, Jerusalém estava
em ruinas, e onde antes se vira grande gloria, restava apenas opróbrio. Será
que somos como Neemias, ansiosos para saber a verdade até mesmo sobre as piores
situações? Nosso interesse procede de uma preocupação verdadeira ou apenas de
curiosidade desocupada? Quando lemos cartas de missionários com pedidos de oração,
notícias em periódicos cristãos ou mesmo relatórios dos ministérios em
nossa igreja, queremos saber dos fatos ou os consideramos um peso? Somos o tipo
de pessoa que se importa o suficiente para perguntar? Neemias se importou não
somente para perguntar como para chorar e interceder pelo seu povo e pela sua
pátria.
2. Neemias,
angustiado, jejua e ora. Deus despertou em
Neemias uma profunda angústia pela situação de seu povo, que morava em Judá.
Neemias começou a jejuar e a orar. A oração inicial de Neemias está registrada
em Neemias 1.5-11. Iniciou seu período de oração no mês de quisleu (dezembro),
e Deus, que ouve as orações, fez a resposta chegar no mês de nisã (março) (Ne
2.1). – Essa oração e a primeira de doze
registradas no Livro de Neemias (ver 2 :4; 4:4, 9; 5:19; 6:9, 14; 9:5ss; 13:14,
22, 29, 31). O livro começa e termina com orações. Sem dúvida alguma, Neemias
era um homem de fé, que dependia inteiramente do Senhor para ajudá-lo a
realizar o trabalho para o qual o havia chamado. Nas palavras do escritor
escocês George MacDonald: "Em tudo aquilo que o homem faz sem Deus,
fracassa miseravelmente ou é ainda mais miseravelmente bem-sucedido".
Neemias foi bem-sucedido porque dependeu de Deus. Ao se referir ao ministério
da Igreja de hoje, o já falecido Alan Redpath disse: "Há muito trabalho
diante dos homens e pouca espera diante de Deus". – A que tipo de Deus
oramos quando dirigimos nossas orações ao "Deus dos céus"? Oramos a
um Deus "grande e temível" (Ne 1:5; ver também 4:14, 8:6 e 9:3),
digno de nosso louvor e adoração. Se estivermos passando por grandes aflições
(v. 3) e prestes a iniciar uma grande obra (4:19; 6:3), precisamos do grande
poder (1:10), da grande bondade (9:25, 35) e da grande misericórdia (v. 31) de
um Deus grande. O Deus que adoramos e grande o suficiente para lidar com os
desafios que enfrentamos? Ele também e o Deus que cumpre suas promessas (1:5).
O Senhor fez uma aliança com seu povo, Israel, prometendo abençoá-lo ricamente
se obedecesse a sua Palavra, mas advertiu que o disciplinaria se desobedecesse
(Lv 26; Dt 27 - 30). A cidade de Jerusalém estava em ruinas, e a nação
encontrava-se debilitada, pois o povo havia pecado contra o Senhor. – Nossas
melhores argumentações em oração são tomadas das promessas de Deus, a Palavra
através da qual Ele nos dá esperança. Outros meios podem ser usados, mas a
oração eficaz do justo pode muito em seus efeitos. A comunhão com Deus nos
preparará melhor para tratarmos com os homens. Quando encomendamos nossas
preocupações a Deus, a mente fica livre; sente satisfação e compostura e as
dificuldades se desvanecem. sabemos que se o assunto fosse lesivo, Ele poderia
impedi-lo facilmente, e tudo que é bom para nós, Ele pode fazer prosperar.
3. Deus responde
às orações de Neemias. Como resposta às
orações de Neemias, Deus despertou o rei para assumir a responsabilidade do
empreendimento. Neemias era copeiro do rei. Certo dia ele apresentou-se diante
do rei com semblante triste. Interrogado acerca do motivo de sua tristeza,
Neemias relatou a situação da cidade de Jerusalém e de seu povo que ali vivia (Ne
2.2-3). Por inspiração de Deus, o rei perguntou a Neemias: "Que me pedes agora?"
(Ne 2.4). Neemias orou ao Deus do céu para que pudesse responder ao rei dentro
da direção de Deus. Em um momento, Neemias teve sua chamada para ir a Jerusalém
confirmada, e respondeu ao rei: “Peço-te que me envies a Judá, à cidade dos sepulcros
de meus pais, para que eu a edifique" (Ne 2.5). – Nossas orações devem ser auxiliadas por esforços sérios
ou, de outra maneira, enganamo-nos a respeito de Deus. Não estamos limitados de
tal maneira que só tenhamos algumas audiências com o Rei dos reis; temos a
liberdade de ir a Ele em todos os momentos. Aproximarmo-nos do trono da graça é
uma atitude sempre atual. Porém, a sensação do desagrado de Deus e das aflições
de seu povo são causa de tristeza para seus filhos, e os prazeres deste mundo
não os consolam
4. Deus despertou
o rei a atender o pedido de Neemias. Neemias recebeu carta
do rei dirigida aos governadores da região e ainda uma carta com ordem para que
o necessário para a construção fosse dado a Neemias. Tudo segundo a boa mão de
Deus sobre Neemias (Ne 2.8). Deus é verdadeiramente o Deus daquilo que é
impossível aos homens. – O rei animou Neemias
a pedir o que desejava. Isto lhe deu confiança para falar; muito mais pode nos
animar o convite que Cristo nos tem feito para orar, e a promessa que Ele nos
tem dado de que tudo irá bem, para ir diretamente ao trono da graça. Neemias
orou ao Deus do céu, infinitamente superior a este poderoso monarca. Elevou o
seu coração ao Deus que entende a linguagem do coração. Nunca devemos buscar
nem esperar a direção, a assistência nem a direção divina, quando empreendemos
algo que não seja bom para nós. Houve uma resposta imediata à sua oração,
porque a semente de Jacó nunca buscou em vão o seu Deus.
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“Deus trabalha por intermédio de seu povo para realizar até
mesmo tarefas consideradas humanamente impossíveis. Ele costuma moldar as
pessoas com características de personalidade, experiências e treinamento de
modo a prepará-las para o seu ministério, e essas pessoas não costumam sequer ter
ideia do que Deus tem reservado para elas. Deus preparou e posicionou Neemias
para realizar uma dessas tarefas 'impossíveis' da Bíblia. Neemias era um homem
comum em uma posição especial. Ele estava seguro na condição de bem-sucedido
copeiro do rei Artaxerxes, da Pérsia. Neemias possuía pouco poder, mas grande
influência.
Setenta anos antes, Zorobabel havia planejado a reconstrução
do Templo de Deus. Treze anos haviam se passado desde o retorno de Esdras a
Jerusalém, que havia ajudado o povo em suas necessidades espirituais. Agora Neemias
era necessário.
Do início ao fim Neemias orou pedindo a ajuda de Deus. Ele
nunca hesitou em pedir que Deus se lembrasse dele, encerrando sua autobiografia
com as seguintes palavras: 'Lembra-te de mim, Deus meu, para o bem’. Durante a
'impossível' tarefa, Neemias demonstrou uma capacidade de liderança incomum. Os
muros ao redor de Jerusalém foram reconstruídos em tempo recorde, a despeito da
resistência e da oposição dos inimigos. Até mesmo os inimigos de Israel
admitiram, de má vontade e com temor, que Deus estava com esses construtores.
Não apenas isto, mas Deus trabalhou através de Neemias para realizar um
despertamento espiritual entre o povo judeu.
Talvez você não tenha as habilidades específicas de Neemias
ou até mesmo pense que está em uma posição onde nada pode fazer para Deus; mas existem
duas formas através das quais você pode ser útil ao Senhor. Primeiro, seja uma
pessoa que fala com Deus. Permita que Ele entre em sua vida e compartilhe-a com
Ele – suas preocupações, seus sentimentos e seus sonhos. Segundo, seja uma
pessoa que anda com Deus. Coloque em prática aquilo que você aprende nas
Escrituras Sagradas. Deus pode ter uma missão 'impossível' para realizar
através de sua vida" (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p. 670).
II. NEEMIAS CHEGA A JERUSALÉM (Ne 2.7-11)
1. Neemias faz
levantamento da real situação dos muros. Saiu à noite na companhia de poucos homens, sem dizer a ninguém qual era
seu objetivo em Jerusalém (Ne 2.12-16). – A fim de fazer um
levantamento das condições da cidade, deslocou-se do oeste para o sul e para o
leste, concentrando-se na região Sul de Jerusalém. A situação era exatamente
aquela que seu irmão havia relatado: os muros não passavam de escombros e as
portas haviam sido queimadas (Ne 2:13; 1:3). Os líderes não devem viver numa
utopia. Antes, devem encarar os fatos com honestidade e aceitar tanto as más
quanto as boas notícias. Durante a noite, Neemias viu mais coisas do que os
habitantes da cidade eram capazes de ver durante o dia, pois não enxergou
apenas os problemas, mas também o potencial. E isso o que faz um líder!
2. Neemias declara
sua intenção de reedificar os muros. Tendo-se
inteirado da verdadeira situação dos muros de Jerusalém, Neemias convocou os
judeus, os nobres, os magistrados e todos os que faziam a obra, a juntos
reedificarem os muros, para que não mais estivessem em opróbrio,
declarando-lhes como a mão de Deus lhe fora favorável, como também as palavras
do rei. Então disseram todos: "Levantemo-nos, e edifiquemos. E esforçaram
as suas mãos para o bem" (Ne 2.17-18). – A cidade de Jerusalém estava debaixo de condições
desesperadoras: insegurança pública, injustiça social, pobreza e extrema
miséria e opróbrio. John Maxwell diz que durante os 120 anos que se seguiram
depois dos muros terem sido derrubados pelos caldeus (2Cr 36.19), dezenas de
milhares de habitantes de Jerusalém literalmente viram aquilo e não fizeram
nada. O que o povo precisava era de um líder que os empurrasse, traçasse um plano
de ação e os conduzisse por todo o processo de reconstrução. Neemias foi capaz
de enxergar o problema e a solução sem nunca ter estado em Jerusalém. Um líder
tem a visão do farol alto. Ele enxerga sobre os ombros dos gigantes. O
especialista em liderança John Maxwell corretamente afirma que um líder vê mais
longe que os outros, vê mais do que os outros e vê antes dos outros. O povo precisou apenas de 52 dias para
reconstruir o muro da cidade que estava arruinado havia 120 anos. O segredo
desse sucesso foi a visão e ação do líder. – O Senhor já havia provado seu
poder ao tocar o coração do rei que, por sua vez, havia prometido suprir as
necessidades daquela empreitada. Foi o peso que Neemias sentia em seu coração
por Jerusalém bem como sua experiencia com o Senhor que convenceram os judeus
de que era chegada a hora de construir. Os judeus da nobreza demonstraram uma
atitude louvável ao aceitar o desafio sem hesitar e dizer: —
"Disponhamo-nos e edifiquemos."
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“Embora Neemias tivesse
chegado como governador, com plena autoridade do Império Persa, não fez nada
durante três dias e nem contou a ninguém os planos que Deus lhe confiara. Sem dúvida,
ele estava esperando em Deus, ao invés de precipitar-se, confiando na sua
própria capacidade. Passou, então a fazer uma inspeção cautelosa e cuidadosa nos
danos causados nos muros pelos samaritanos e, por certo, calcular as despesas.
É muito importante observar que, em vez de criticar os judeus pelos seus
problemas e tristezas, ele queria ver esses problemas como eles viam. Daí, ele
nada fala, enquanto não compreendesse a situação segundo a sua perspectiva,
sentindo o que eles sentiam" (Bíblia de Estudo Pentecostal. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1995,
p. 731).
III. NEEMIAS INICIA O LEVANTAMENTO
DOS MUROS
1. O plano de
Neemias. Ver capítulo 3. Neemias
dividiu a tarefa de construção em partes, tendo cada parte uma porta. Simultaneamente,
lado a lado, haveria pessoas encarregadas de levantar o muro ao longo de toda a
sua extensão, muitas delas edificando o pedaço do muro que ficava em frente à
sua própria casa. Havia também grupos encarregados de levar entulho, trazer
material, etc. O coração do povo se inclinou a trabalhar (Ne 4.6). E logo já
era possível notar que os muros cresciam e as roturas começavam a ser tapadas
(Ne 4.7). – Neemias enfrentou um grande desafio
e demonstrou uma grande fé num grande Deus, mas não teria feito muita coisa se
não tivesse havido grande dedicação da parte daqueles que o ajudaram a reconstruir
os muros. Com o tipo de humildade apropriada a um líder piedoso, Neemias deu
todo o crédito ao povo quando escreveu; "Assim, edificamos o muro [...]
porque o povo tinha ânimo para trabalhar" (Ne 4:6). O humorista inglês
Jerome K. Jerome disse: "Gosto do trabalho, é algo que me fascina. Posso
passar horas vendo gente trabalhando". Quando se trata da obra do Senhor, não
há lugar para espectadores nem para aqueles que elegem a si mesmos conselheiros
e críticos; mas, sempre há espaço para trabalhadores. Ao estudar este capítulo,
você descobrirá princípios que se aplicam a todo o trabalho humano,
especialmente ao trabalho de edificação da igreja. – Neemias foi um líder que
planejou seu trabalho e que colocou seu plano em prática, e a forma como ele o fez
serve de exemplo para nós. Este capítulo cita o nome de trinta e oito
trabalhadores e identifica quarenta e dois grupos diferentes. Havia muitos
outros trabalhadores cujos nomes Neemias não citou, mas que, ainda assim, foram
importantes. Cada trabalhador, quer seu nome tenha sido mencionado quer não,
foi designado para um lugar e recebeu uma tarefa.
2. A tática de
Neemias. A tática de Neemias de engajar
todos os judeus na obra de edificação do muro é um exemplo muito importante a
ser seguido pelas igrejas em seu trabalho de evangelização. Neemias tinha um plano
que aproveitava todos os que quisessem trabalhar, designando a cada um a sua
função. Assim também o pastor da igreja deve, na direção do Espírito Santo,
orientar os crentes a entregarem-se a Deus para realizarem a obra do Senhor.
Trabalhar para o Senhor enche o coração dos crentes de grande alegria. – Quatro verdades são dignas de destaque aqui: (1) o
motivo do apelo por ajuda – o patriotismo (2.17b). Neemias mexe
com o brio do povo. Ele move o povo ao sentimento do patriotismo. Ele abre seus
olhos para a realidade em que viviam. Neemias mostra que não podemos nos
conformar com o caos, com a crise, com o opróbrio. Mas Neemias também chama o
povo para trabalhar. Jamais a reforma teria sido feita se o povo não se
envolvesse. Cada um precisa fazer sua parte. Não adianta culpar os outros e
apenas ver o que eles precisam fazer. John Maxwell diz que os líderes não
apenas sabem aonde estão indo; eles também levam pessoas com eles. (2) a
natureza do apelo por ajuda – o esforço pessoal (2.17b). Neemias
mostrou o exemplo pessoal. Ele não disse “vá e construa”, mas “vinde e
construamos!” O líder precisa estar na frente. Neemias não tem interesses
pessoais. Ele deixou seu posto, sacrificou-se. Só gente abnegada pode liderar
um povo a se levantar e agir. De igual modo, Neemias também mostrou a forca da
unidade. A união nos protege contra o desencorajamento. A união nos ajuda a
enfrentar uma oposição hostil e combinada. (3) o encorajamento para apelo
por ajuda – a mão de Deus e as palavras do rei (2.18). Neemias
mostra a ajuda do céu. Deus está nesse negócio. Ele é o maior interessado na restauração
da Sua Igreja. O maior encorajamento para fazer a obra de Deus está no próprio Deus.
Neemias mostra também a ajuda da terra. O mesmo rei que mandou paralisar a
obra, agora envia Neemias para fazer a obra, patrocina a viagem de Neemias e
lhe dá os recursos. (4) o sucesso do apelo por ajuda – a
resposta do povo (2.18). A resposta do povo foi pronta, prática e unânime.
John Maxwell destaca sete princípios usados por Neemias para lidar com o povo: simplificação,
participação, delegação, motivação, preparação, cooperação e comemoração. E
acrescenta: “Nenhuma grande tarefa é realizada sem que haja pessoas para
concretizá-la e um líder para conduzi-la”.
Ao nos familiarizarmos
com as diversas pessoas citadas em Neemias 3, logo pensamos: "Mas isso é
igual a igreja de hoje!" As circunstâncias mudam, mas a natureza humana é praticamente
a mesma. Deus usa todo tipo de pessoa. Este capítulo cita
governantes e sacerdotes (vv. 1, 12-19), homens e mulheres (v. 12), artífices profissionais
(vv. 8, 32) e, até mesmo, pessoas de fora da cidade (vv. 2, 5, 7). Há um lugar
e uma tarefa para cada pessoa. – Os líderes devem dar o exemplo (v. 1). Se
havia pessoas na cidade que deveriam estar ocupadas eram os sacerdotes, pois, nesse
projeto, o que estava em jogo era a glória do Senhor. O fato de o sumo
sacerdote usar suas mãos consagradas para realizar trabalhos braçais mostra que
considerava as obras nos muros um ministério para o Senhor. "Portanto,
quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória
de Deus" (1 Co 10:31). Eliasibe colocou outros sacerdotes para trabalhar
na Porta das Ovelhas, no canto nordeste da cidade. Uma vez que era por ali que
os sacrifícios entravam em Jerusalém, os sacerdotes devem ter se interessado de
modo especial por essa parte do projeto.
3. A união dos
judeus ficou ameaçada. Apesar da boa
organização, a união necessária para a realização daquela grande obra estava
ameaçada. Surgiu um problema entre os pobres e os ricos. Neemias tomou
conhecimento do problema e sabiamente o resolveu, e a obra prosseguiu. Este tópico
será retomado na lição número 8. – No meio de uma
"grande obra" (4:19), para um "grande Deus" (1:5), ouviu-se
entre os judeus um "grande clamor" (5:1). Não estavam clamando contra
os samaritanos, os amonitas ou os árabes, mas contra seu próprio povo! Judeus
estavam explorando seus compatriotas, e a situação econômica havia se tornado tão
desesperadora que até mesmo as esposas (que costumavam manter-se caladas)
participavam dos protestos. O povo estava fatigado com o trabalho árduo,
esgotado pelo contínuo assédio dos inimigos, pobre e sem as condições mínimas
de sobrevivência, sem dinheiro para os impostos e fazendo empréstimos,
trabalhando no muro em vez de no campo pelo alimento. Além de tudo isso, havia
reclamações contra a terrível exploração e extorsão feita pelos judeus ricos
que não estavam ajudando, mas forçavam as pessoas a vender suas casas e seus
filhos, sem que tivessem qualquer perspectiva de resgatá-los no futuro. Em
condições normais, a lei oferecia a esperança do livramento desses moços mediante
a remissão das dívidas, o que acontecia a cada sete anos, ou no 50º ano do
Jubileu (Lv 25), O costume da redenção tornava possível "comprar de
volta" o indivíduo escravo em qualquer momento, mas a situação financeira
desesperadora desses tempos fazia com que isso parecesse impossível. O
compromisso dos nobres e magistrados com o projeto de reedificação era ínfimo
(Ne 3.5), enquanto a lealdade deles a Tobias e a outros adversários aumentava
ainda mais as atitudes oportunistas, colocando-os muito próximos da posição dos
inimigos. Eles haviam se tornado os adversários internos. De acordo com a lei
mosaica, os judeus eram proibidos de cobrar juros de seus irmãos quando lhes
concediam empréstimos de dinheiro, alimentos ou qualquer outra coisa. Se a
pessoa era miserável, eles deviam considerar o empréstimo como uma doação. Se a
pessoa tivesse condições de pagar mais tarde, teria que ser livre de juros (Lv
25.36-37; Dt 23.19-20). Essa generosidade era a marca dos piedosos (Sl 15.5; Jr
15.10; Pv 28.8). Neemias denunciou com severidade justificada a conduta iníqua
de vender um irmão por meio da usura. Ele contrastou essa atitude à sua própria
de redimir com o próprio dinheiro alguns dos judeus exilados, que por causa de
dívidas tinham perdido a liberdade na Babilônia. Neemias estabeleceu o exemplo
ao novamente; emprestar dinheiro, mas sem cobrar juros. Para remediar o mal que
eles haviam causado, os culpados de usura deviam devolver a propriedade
confiscada àqueles que não podiam pagar os empréstimos de volta, bem como
devolver os juros cobrados (Lc 19. 2-10). A consciência dos culpados foi tocada
pelas palavras de Neemias, tanto que o temor, vergonha e contrição os fizeram
jurar pelo resgate das dívidas e restauração das propriedades e dos juros,
inclusive libertando os escravos. Esse cancelamento das dívidas promoveu a
união de ambos os lados do compromisso. Neemias clamou pela ira de Deus para
todo aquele que não cumprisse o seu compromisso de abrir mão das dívidas. O
povo concordou e agiu de acordo com o prometido. Note, que mesmo debaixo da
visível mão operosa do Senhor no meio do povo, há aqueles que se aproveitam do
próximo mais necessitado, isso é o mesmo em qualquer época e cultura. Hoje,
quando enfrentamos essa pandemia, podemos contemplar desvios de verbas que
deveriam salvar vidas, omissão dos poderes, omissão do povo, enfim,
necessitamos, a exemplo de Neemias, nos posicionar e denunciar com severidade
justificada, e mais, clamando a Deus pela ira de Deus sobre todo aquele culpado
por tantas vítimas que não tiveram um leito para amenizar seu sofrimento,
porque o dinheiro foi para o bolso de alguém. Pense nisto!
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
"Neemias convocou
uma assembleia com os líderes judeus. Ele lhes contou como Deus o tinha
convocado para realizar essa missão, e como o Senhor tinha agido sobre o rei
para que o ajudasse, não apenas ao dar-lhes a autoridade como governador, mas também
ao tornar disponíveis a ele os materiais necessários para realizar o trabalho.
Este fervoroso apelo recebeu uma resposta rápida. Impressionados com o zelo de
Neemias, os líderes judeus responderam imediatamente. Levantemo-nos e
edifiquemos. Assim, foi preparado o cenário para um notável feito a ser
realizado" (Comentário Bíblico
Beacon. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, pp. 514-15).
IV. O LEVANTAMENTO DOS MUROS
PROVOCOU GRANDE OPOSIÇÃO
1. Iniciada a
edificação dos muros, Sambalate e
Tobias indignaram-se grandemente, e usaram várias estratégias para fazerem
parar a obra. Todavia, Neemias e seus liderados, ajudados pelo Senhor,
conseguiram vencer todos os obstáculos que se levantaram, e trabalharam sem
cessar até à conclusão do muro. As diferentes formas de ataque dos inimigos dos
judeus, e como Neemias conseguiu vencê-Los, será assunto da Lição 9 deste
trimestre.
2. O muro foi concluído
(Ne 6.15). Esta vitória teve grande repercussão.
Até os inimigos tiveram de reconhecer que "O NOSSO DEUS FIZERA ESTA
OBRA" (Ne 6.16). – “A Bíblia nos diz
para amarmos o próximo e, também, nossos inimigos – isso porque, provavelmente,
os dois costumam ser as mesmas pessoas." Essas palavras de Gilbert Keith
Chesterton sem dúvida se aplicavam a situação de Neemias. Sua chegada a Jerusalém
representou uma ameaça para Sambalate, Tobias e seus companheiros (2:10), os
quais desejavam que os judeus continuassem fracos e dependentes. Uma Jerusalém
forte colocaria em perigo o equilíbrio do poder na região e privaria Sambalate
e seus amigos de sua influência e riqueza. – Quando as coisas estão indo bem,
devemos nos preparar para enfrentar dificuldades, pois o inimigo não quer ver a
obra do Senhor progredir. Enquanto o povo de Jerusalém estava conformado com
sua triste sina, o inimigo os deixou em paz. Mas quando os judeus começaram a
servir ao Senhor e a glorificar o nome de Deus, o inimigo entrou em ação. – A
oposição não e apenas prova da bênção de Deus, mas também uma oportunidade de
crescimento. As dificuldades no cumprimento do trabalho fizeram aflorar o que
havia de melhor em Neemias e em seu povo. Satanás quis usar esses problemas
como armas para destruir a obra do Senhor, mas Deus usou-os como instrumentos
para edificar seu povo. "Deus teve somente um Filho sem pecado, mas nunca
teve um filho sem tribulações", disse Charles Spurgeon. – Quando Sir James
Thornhill estava pintando a parte interna da cúpula da catedral de São Paulo em
Londres, ao terminar uma parte do trabalho, deu um passo para trás a fim de
contemplar o que havia feito. Se tivesse recuado mais um passo, teria caído do
andaime e talvez até morrido. Ao ver essa situação, um amigo pegou um de seus
pinceis e passou tinta numa parte da pintura. A vida do artista foi salva, pois
ele se lançou para frente a fim de proteger seu trabalho. Quando o retrato de
nossa vida ou de nosso Ministério não se parece exatamente com aquilo que
desejamos, talvez o Grande Artista esteja nos salvando de algo bem pior e nos
preparando para algo muito melhor. – Os capítulos 4 e 6 descrevem pelo menos
nove táticas diferentes empregadas pelo inimigo na tentativa de interromper o
trabalho nos muros. Primeiro, atacaram os judeus com zombaria (4:1-6) e conspirações
de guerra (vv. 7-9). Como resultado, os trabalhadores enfrentaram
dificuldades internas: desânimo (v. 10), medo (vv. 11-23) e egoísmo
(5:1-19). Quando os ataques contra o povo não funcionaram, os inimigos
começaram a atacar seu líder, Neemias. Tentaram usar de transigência (6:1-4),
maledicência (vv. 5-9), ameaças (vv. 10-14) e intrigas (vv.
17-19), mas nenhum desses recursos funcionou. Neemias estava "firme e
inabalável" e liderou o povo de modo que concluíram as obras em cinquenta
e dois dias! – A história começou com a declaração: "Então orei" (Ne
2:4). Na sequência lemos: "Cheguei a Jerusalém" (v. 11). O próximo
elo da cadeia é: "Fortaleceram as mãos para a boa obra" (v. 18),
seguido das declarações: "Edificamos o muro" (4:6) e "Assim
trabalhávamos na obra" (v. 21). Chegamos, assim, ao final desta parte da
história: "Acabou-se, pois, o muro" (6:15). Essas palavras, porém,
marcam um novo começo, pois Neemias deveria proteger a obra que realizou. O
restante do livro mostra como fez isso.
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
"Os inimigos do pequeno remanescente dos judeus opunham-se à reconstrução dos muros de Jerusalém. Neemias e o povo foram alvos de zombaria, de ameaça de uso da força, de desânimo de medo. O capítulo três do livro de Neemias revela como se pode vencer a oposição à obra de Deus. (1) A zombaria foi vencida pela oração e determinação. (2) A ameaça da força foi vencida pela oração e apropriadas medidas de segurança. (3) O desânimo e o medo foram vencidos pela fé dos dirigentes piedosos, pelo seu incentivo" (Bíblia de Estudo Pentecostal. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p. 733).
V. O MURO FOI SOLENEMENTE
INAUGURADO
1. Para a
dedicação dos muros foram convocados todos os levitas, a fim de dedicarem os
muros com alegria, com louvores, com canto, com saltério, com alaúdes e com
harpas (Ne 12.27). Purificaram-se
os sacerdotes e os levitas, e logo purificaram todo o povo, e as portas,
e o muro (Ne 12.30).
2. O ato de
dedicação incluiu duas procissões ao longo dos muros, as quais pararam diante
da Casa de Deus, onde houve sacrifícios (Ne 12.30,38,40). A alegria de Jerusalém era tão grande, que o som da festa
podia ser ouvido de longe (Ne 12.43). – Os
judeus estavam acostumados a ter trabalhadores e vigias nos muros de Jerusalém,
mas, nessa ocasião, Neemias e Esdras escolheram pessoas para adorar a Deus nos muros.
O entusiasmo do povo no culto de consagração foi tanto que seus clamores e cânticos
puderam ser ouvidos "até de longe" (v. 43). – O povo já havia sido
consagrado (caps. 8 - 10); era chegada a hora de consagrar o trabalho que
haviam feito. Essa e a ordem correta a seguir, pois de que adiantam muros e
portas consagrados sem pessoas consagradas? Observe que o texto enfatiza o louvor
jubiloso de todo o povo. O cântico e citado oito vezes neste capitulo; as ações
de graças, seis vezes; o regozijo, sete vezes; e os instrumentos musicais, três
vezes. – A sequência do culto de consagração foi singular. Os líderes e
cantores se dividiram em dois grupos, tendo Esdras a frente de um deles e
Neemias (seguindo o coral) na direção do outro. É bem provável que as procissões
tenham partido da Porta do Vale, marchando em direções opostas. O grupo de
Esdras (12:31-37) foi para o sul dirigindo-se à Porta do Monturo e, depois, a
Porta da Fonte e a Porta das Águas, na parte leste dos muros da cidade. O grupo
de Neemias foi para o norte (vv. 38, 39), passando a Porta Velha, a Porta de
Efraim, a Porta do Peixe e a Porta da Guarda. Os dois grupos encontraram-se na área
do templo onde o culto culminou com a oferta de sacrifícios ao Senhor. – Por
que Esdras e Neemias organizaram um culto de consagração como esse? Por que não
reunir todos na área do templo, deixar os levitas cantarem, oferecerem sacrifícios
e, depois, o povo voltar para casa? – Para começar, tratava-se da consagração dos
muros e das portas. Nada mais certo, portanto, que o povo visse e tocasse
aquilo que estava sendo dedicado ao Senhor. Lembro-me de participar do culto de
consagração do edifício de educação crista de uma igreja realizado dentro do
templo dessa igreja, não no edifício em si. A certa altura do culto, deveríamos
ter saído do templo e marchado pelo novo edifício cantando louvores a Deus.
Enquanto eu ministrava a Palavra, senti como se estivesse realizando uma cerimônia
de casamento a um casal de noivos que não estava presente! – Havia, porém,
outro motivo para que se realizasse um culto de consagração tão incomum: o povo
estava testemunhando ao mundo que os observava, que Deus havia feito sua obra e
que somente ele deveria ser glorificado. O inimigo havia dito que os muros
seriam tão frágeis que até uma raposa poderia derruba-los (Ne 4:3), mas lá
estava o povo marchando sobre os muros! Um testemunho e tanto a gentios incrédulos
do poder Deus e da realidade da fé. Foi mais uma oportunidade de provar a essas
pessoas como "por intervenção de nosso Deus e que fizemos esta obra"
(6:16). – Ao marchar sobre os muros, o povo pode ver os resultados de seu
trabalho e se dar conta, mais uma vez, de que a obra não havia sido realizada
por apenas uma pessoa. Por certo, Neemias fora seu líder e precisavam dele; mas
"o povo tinha animo para trabalhar" (4:6). Várias pessoas e famílias
trabalharam em partes diferentes dos muros (cap. 3), mas ninguém era
"dono" daquela parte onde havia trabalhado. Os muros pertenciam a
Deus.
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
"Depois do
conserto dos muros, os judeus se congregam junto a uma das portas da cidade e
ouvem Esdras lê algumas das leis que Deus lhes dera por intermédio de Moisés.
Ele lê desde o amanhecer até ao meio-dia. O que ele lê possivelmente são
seleções dos cinco primeiros livros da Bíblia, ou talvez Deuteronômio, que é um
resumo da lei. Durante ou após essa leitura, doutores da lei andam entre a
multidão 'explicando o sentido, faziam que, lendo entendessem'. Talvez eles
estivessem traduzindo a lei do hebraico, idioma em que ela está escrita, ao
aramaico, idioma que os judeus aprenderam no exílio" (Manual Bíblico Entendendo a Bíblia. 1. ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2011, p. 174).
VI. OS MUROS TRAZEM ENSINO
SIMBÓLICO IMPORTANTE
1. A bíblia fala
da salvação como um muro. “Aos teus muros
chamarás salvação, e às tuas portas louvor" (Is 60.18). E ainda, "Uma
forte cidade temos, a quem Deus pôs a salvação por muro e antemuros" (Is
26.1). – Os muros e os portões da
cidade referem-se à proteção divina que o Senhor lhes dispensará, contra
qualquer tipo de violência ou destruição. O remanescente redimido cantou
louvores a Deus por causa da obra concluída em Jerusalém, a cidade inexpugnável
deles.
2. O muro da
salvação fala da divina proteção que beneficia aqueles que se abrigam dentro
dele. Observamos que o levantamento
dos muros foi resultado de um despertamento. O crente despertado sente uma
imperiosa necessidade de conservar-se dentro dos muros de salvação, onde ele é
protegido pela excelente grandeza do poder de Deus. E pode dizer como Paulo:
“Eu sei em quem tenho crido, e estou certo que é poderoso para guardar o meu depósito
até àquele dia" (2 Tm 1.12). – O
apóstolo Paulo não tinha medo algum da perseguição nem da morte por pregar o
evangelho num ambiente hostil porque tinha plena confiança de que Deus havia
selado sua glória e bênção futuras – ‘sei em quem tenho crido’; "Sei" aqui
descreve a certeza do conhecimento íntimo que Paulo tinha da salvação — sendo o
objeto desse conhecimento o próprio Deus. A forma do verbo grego traduzido por
"tenho crido" refere-se a algo que começou no passado e tem
resultados contínuos. Esse "saber" equivale ao "conhecimento da verdade" (1Tm 2.4). A
vida de Paulo no tempo e na eternidade fora entregue ao seu Senhor. Ele vivia
com confiança e ousadia inabaláveis por causa da verdade revelada acerca do
poder e da fidelidade de Deus, bem como de sua própria experiência de um
relacionamento inquebrantável com o Senhor (Rm 8.3 1-39). Paulo esperava com
firme confiança que Deus o preservaria no caminho da fé ‘até aquele Dia’, também chamado "o dia de Cristo" (1Pd 1.10),
em que os cristãos estarão diante d o tribunal e serão recompensados (1Co 3.13;
2Co 5.10; 1Pd 1.5). Você goza de tranquilidade e paz no espírito por saber que
sua salvação está garantida?
3. O muro da
salvação é uma permanente linha divisória entre o reino de Deus e o reino deste
mundo. Fronteiras deste mundo foram
muitas vezes alteradas, porém a fronteira entre o reino da Luz e o reino das
Trevas continua inalterada. A Bíblia diz: "Eu, o Senhor, não mudo"
(Ml 3.6). O reino de Deus e o reino deste mundo são inteiramente irreconciliáveis.
"Que comunhão tem a luz com as trevas?" (2 Co 6.14). "Ninguém
pode servir [...] a Deus e a Mamom" (Mt 6.24).
O fato de o muro
da salvação ser uma divisa entre o reino de Deus e o mundo, não significa que
há uma "proibição" pela qual o crente não tem "direito" de
fazer o que quer. O crente é livre! Todavia, a mesma linha divisória representada
pelo muro da salvação, passa também DENTRO DO NOSSO CORAÇÃO! Por isso Paulo
escreveu: "A não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o
mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo" (Gl 6.14). E podemos,
assim, fazer nossas as palavras de Paulo: "O que para mim era ganho,
reputei-o perda por Cristo!" (Fp 3.7). Finalmente, a salvação transforma o
crente de tal forma que ele começa a querer aquilo que o Senhor quer, e passa a
orar: "Seja feita a TUA vontade" (Mt 6.10). O segredo de uma vida
cheia do Espírito Santo é: "Quem crer em mim COMO DIZ A ESCRITURA, rios de
água viva correrão do seu ventre" (Jo 7.38). – É interessante fazer uma ressalva aqui quanto ao
texto de Gl 6.14, onde o apóstolo Paulo utiliza o termo ‘gloriar-me’, a
palavra grega usada é uma expressão básica de louvor, bem diferente da nossa
palavra ‘glória’ em português, a qual, necessariamente, inclui o aspecto de
orgulho. Paulo se gloriava e se regozijava no sacrifício de Jesus Cristo, isto
é uma expressão de louvor e adoração à Cristo por causa da obra do Calvário!
(Rm 8.1-3; 1Co 2.2; 1Pe 2.24). É importante também explicar que, ao utilizar o
termo ‘mundo’, o apóstolo faz referência ao sistema mau e satânico (1Jo
2.15-16; 5.19). Esse sistema corrupto, sob domínio de Satanás, que se levanta e
se opõe ao reino de Deus, Paulo diz que estava ‘crucificado para mim, e eu,
para o mundo’. O mundo está morto espiritualmente para os cristãos, e nós
estamos mortos para o mundo (Gl 2.20; Rm 6.2-10). O Cristão que se regozija por
estar seguro de sua salvação não pode ao mesmo tempo, se comprometer com as
políticas deste mundo mau e diabólico, com suas pautas anticristãs! – Nada
nesse mundo caído pode nos atrair, note bem, refiro-me ao sistema mau e
corrupto e suas pautas antibíblicas, que como Paulo, ‘o que, para mim, era
lucro... considerei perda’. "Lucro" aqui é "ganho",
e "perda" é prejuízo. Paulo usou a linguagem dos negócios para
descrever a transação espiritual ocorrida quando Cristo o redimiu. Todas as
suas credenciais religiosas judaicas que ele achava que eram ganhos, na
verdade, eram sem valor e condenatórias (Lc 18.9-14). Portanto, ele as
contabilizou como prejuízo e sem valor algum quando viu as glórias de Cristo
(Mt 13.44-45; 16.25-26). – De igual forma, o cristão convicto deve ter como
prioridade aquilo que é prioritário no reino de Deus. A dádiva do Espírito
Santo é a fonte de vida espiritual e eterna.
REFERÊNCIAS
BARBOSA,
Francisco. Especial Lição 6: Neemias reconstrói os muros de Jerusalém.
Disponível em: https://auxilioebd.blogspot.com. Acesso em 07.08.2020
HENRY, Matthew. Comentário
Bíblico Antigo Testamento: Neemias, p. 2.
Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
LIÇÕES BÍBLICAS. Edição
Especial Jovens e Adultos, 3º Trimestre 2020 - Lição 6. Rio de Janeiro:
CPAD, 09 Agosto, 2020.
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