quinta-feira, 5 de setembro de 2019

LIÇÃO 10: A MORDOMIA DAS FINANÇAS



SUBSÍDIO I

A MORDOMIA DAS FINANÇAS

Desde que surgiu o dinheiro ou a moeda como meio de troca para a aquisição de bens e serviços, o chamado “vil metal” tem ocupado lugar proeminente na vida da maioria das pessoas. No princípio da humanidade, as pessoas trocavam mercadoria por mercadoria. Quem tinha peixe e não tinha frutas procurava trocar peixe por verdura, mas quem tinha verdura não queria trocar por peixe, e sim por trigo; não raro, quem tinha trigo não queria trocar nem por peixe nem por verdura, mas por roupas. Era o chamado “escambo direto”, onde se desenvolviam as trocas diretas de mercadorias. Era um sistema rudimentar de economia, em que as transações tornavam-se, por vezes, demoradas e difíceis, quando os interesses dos negociantes não se harmonizavam.
Quando chegaram ao Brasil, os europeus usaram o escambo ou troca direta com os nativos. Trocavam espelhos, colares e outros bens por madeira preciosa, como o pau-brasil, animais exóticos, peles de animais, entre outras coisas, que tinham muito valor na Europa. Diante das dificuldades das trocas diretas, as pessoas usavam a imaginação em busca de soluções mais praticas. Descobriram que alguns produtos eram escassos e de interesse da maioria das pessoas. Assim, houve um tempo em que o sal, em sua forma bruta, era procurado e havia interesse do produto por praticamente todas as pessoas. Então, o sal passou a ser uma espécie de mercadoria-moeda. Quem tivesse sal poderia trocar por quaisquer produtos de seu interesse pessoal. As pessoas também aceitavam que o pagamento de seus serviços fosse feito em sal. Daí se originou a palavra salário. Ainda hoje, quando um produto ou serviço e caro, alguém diz que o mesmo e salgado.
O gado foi usado como “uma das primeiras mercadorias usadas como padrão para comparar os valores dos demais artigos”. As pessoas perguntavam: “Esse produto vale quantas cabeças de gado?”; algumas dessas mercadorias tinham inconvenientes por serem perecíveis, perderem peso, etc. Outras mercadorias também serviram para meio comum de troca, tais como conchas, ouro, prata, cobre e outros minérios por seu valor intrínseco, por serem cobiçados pelas pessoas e por serem raros e usados para satisfazer a vaidade de muitos. Os metais, fossem eles em pedaços ou lingotes, eram bem aceitos como meio de troca. Eram leves e não se desgastavam. Depois, os metais foram cunhados com efígie de governos e confiados a pessoas que os guardavam e emitiam recibos em papel, que podiam servir para resgatar o metal depositado.
Tempos depois, com a evolução da economia, surgiu o papel moeda, que evoluiu para o que hoje conhecemos como meio de troca, a moeda fiduciária, o credito bancário e, mais recentemente, até a chamada criptomoeda. Em resumo, a moeda, ou o dinheiro em espécie, ou em papel, títulos, ou créditos fazem parte da economia moderna. O movimento dos recursos monetários e a base das finanças das nações. Tanto as nações como as pessoas nem sempre souberam lidar com o dinheiro por causa da má administração dos recursos econômicos e financeiros. Por outro lado, por haver “o amor ao dinheiro”, que e “a raiz de toda espécie de males” (1 Tm 6.10), países como o Brasil tornaram-se antros de corrupção desenfreada. Os cristãos precisam ser exemplo de referência na administração das finanças, as quais lhe são concedidas pela bondade e misericórdia de Deus. Reflitamos agora em alguns aspectos da mordomia das finanças por parte dos que valorizam a Bíblia como sua regra de fé e prática.

Texto extraído da obra “Tempos, bens e talentos”, editada pela CPAD 

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II
A MORDOMIA DAS FINANÇAS

INTRODUÇÃO
O equilíbrio financeiro que foge dos extremos da riqueza e da pobreza possibilita uma vida desprovida de preocupações desnecessárias. Os que se dedicam de modo desordenado em busca do enriquecimento são traspassados de muitas aflições (1ªTm 6.9,10) e, no outro extremo, os que negligenciam suas finanças estarão fadados a uma vida de miséria (Pv 28.19).
No texto acima, o vocábulo utilizado traduzido por “amor ao dinheiro”, é o vocábulo filargiría. Só utilizado uma única vez no NT. Também utilizado pelo autor do livro de 4º Macabeus.
A saúde financeira não depende de quanto ganhamos, mas de como administramos o que ganhamos. A Palavra de Deus censura a imprudência de quem vive acima de sua capacidade econômica: “Tesouro desejável e azeite há na casa do sábio, mas o homem insensato os esgota” (Pv 21.20). Aquele que desobedece a esse princípio acumula dívidas e vive atribulado.

I. TUDO O QUE TEMOS VEM DE DEUS

O homem sensato deve ter consciência que o trato com o dinheiro e os bens merece um cuidado especial, pois a soberba tem feito muitos se tornarem ricos materialmente, porém almas miseráveis espirituais. Cristo alertou à Igreja em Laodicéia: “Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas” (Ap 3.17-18). O mais perigoso inimigo do homem é ele próprio. A sua própria carne e a natureza pecaminosa que nele habita constituem um inimigo vicioso e enganoso.
Existem três espécies de pecado que se encontram na raiz da queda de qualquer cristão, são eles:
- O amor pelas mulheres (imoralidade sexual);
- O amor pelo dinheiro (o pecado da cobiça);
- O amor por posições (orgulho e apostasia).
Comparados com isso os seus inimigos externos são fáceis de combater. A cobiça vem de uma insegurança com relação à provisão de Deus e o amor pelo dinheiro. Em Mt 6.24, Jesus ensinou sobre dois senhores, dentre os quais devemos escolher um - Deus ou Mamom. (aramaico) riqueza, posses Lc 16.9, 11. Personificado ‘mamoná’ Mt 6.24; Lc 16.13.
1. Deus é o dono de tudo. O dinheiro ou os bens do qual pensamos que somos donos não é realmente nosso. É sempre aquilo que temos da parte de Deus “Porque tudo vem de ti, e do que é teu to damos” (1ºCr 29:14), e não somos mais do que mordomos dele. Não o podemos levar conosco quando morremos. Se o manusearmos incorretamente, mostramos que não estamos prontos para usar as verdadeiras riquezas celestiais que doutra forma nos serão dadas como nossa possessão permanente. “Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25.34).
Na mordomia do dinheiro ou das finanças, o cristão deve ter consciência de que Deus é quem nos dá todas as coisas, tanto em bênçãos espirituais como materiais. Todas as pessoas no mundo pertencem a Deus, mas os que são seus servos também são seus filhos e possuem direitos a essa condição.
2. O trato com o dinheiro. No livro de Provérbios estão registradas as palavras de Agur (Pv 30.1). Ele fez dois pedidos ao Senhor, os quais almejava usufruir antes de sua morte (Pv 30.7). Seu primeiro pedido era por uma vida íntegra, livre da vaidade e da falsidade (Pv 30.8a). Na segunda petição, Agur desejou uma vida financeira equilibrada. Ele rogou: “não me dês nem a pobreza nem a riqueza” (Pv 30.8b). O motivo desse segundo pedido é explicado em seguida: “para que, porventura, de farto te não negue e diga: Quem é o Senhor? Ou que, empobrecendo, venha a furtar e lance mão do nome de Deus” (Pv 30.9). Agur desejava dinheiro suficiente para uma vida digna que não o levasse a pecar. Ele não queria muito dinheiro para evitar a soberba, mas também não queria que faltasse para não ser desonesto. Nesse propósito, ele aspirava apenas à porção necessária para cada dia (Pv 30.8c). E foi exatamente assim que Cristo nos ensinou a pedir: “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (Mt 6.11). (Valores Cristãos - Enfrentando as questões morais de nosso tempo. Baptista, Douglas. Rio de Janeiro: RJ. CPAD, 2018).
3. Cuidado com a falsa prosperidade. A fé, deve captar nossas conjecturas e as racionalizar coerentemente, sem escravizá-las a métodos de lógica imperfeitos. Ela oferece um salto qualitativo que faz o investigador compreender o que os materialistas desprezam previamente. A nossa prosperidade é acima de tudo, um “estado”, é um “sentir-se” atendido em suas necessidades. É cantar na ausência de prosperidade como o poeta Davi: “O Senhor é o meu pastor, nada me faltará” (Sl 23.1).
Desde o início, Deus tem prometido prosperidade ao seu povo. Tudo começou com Abrão, que habitava em Ur dos caldeus, quando o Senhor lhe falou: “Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção” (Gn 12.1,2). As Escrituras asseveram que Abraão creu na promessa que Deus lhe fizera, e isso lhe foi imputado como justiça (Rm 4.3). Portanto, a prosperidade é algo bíblico, está nas Escrituras como uma dádiva divina, algo prometido pela palavra do próprio Deus.
Em contrapartida, nas Escrituras “ser próspero” não significa “somente ter posses”, pois a prosperidade unicamente material pode ser danosa. Consciente dessa verdade, o sábio rei Salomão registrou: “Não te fatigues para enriqueceres; e não apliques nisso a tua sabedoria. Porventura fixarás os teus olhos naquilo que não é nada? porque certamente criará asas e voará ao céu como a águia” (Pv 23.4,5). Quando Cristo foi interpelado por alguém que requeria intervenção em um caso de herança, o Senhor lhe advertiu severamente: “E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui” (Lc 12.15). João, ao escrever para Gaio, desejou-lhe prosperidade material e espiritual (3ªJo 1,2). Assim, nossa riqueza deve ser tal qual é próspera a nossa alma.

II. COMO O CRISTÃO DEVE GANHAR DINHEIRO

O apóstolo Paulo corrobora que a vida moderada é o melhor caminho para fugir dos laços e tentações das riquezas (1ªTm 6.9,10). A cobiça pelo dinheiro corrompe os homens e os faz desviar da fé. Percebe-se no texto bíblico que o mal não está no dinheiro, e sim no “amor ao dinheiro”. O mal está em perder a comunhão com Deus e passar a depositar a confiança nas riquezas. A Bíblia revela que essa atitude foi empecilho de libertação na vida de muitos, como nos exemplos do jovem rico (Lc 18.23), de Judas Iscariotes (Lc 22.3-6), de Ananias e Safira (At 5.1-5), que valorizaram o dinheiro em detrimento da salvação. Portanto, mesmo que o Senhor nos permita enriquecer, o salmista nos adverte para não pecarmos: “[...] se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração” (Sl 62.10).
1. Trabalhando honestamente. Ganhar dinheiro não é pecado, e sim uma necessidade indispensável. Trabalhar de modo honesto para o sustento seu e de sua família é uma atitude altruísta. Aqueles que deliberadamente não trabalham e os que sobrevivem de maneira desonesta são reprovados e condenados pelas Escrituras Sagradas.
A bênção do SENHOR é que enriquece; e não traz consigo dores” (Pv 10.22). Salomão utiliza o vocábulo berakhá. Nos tempos antigos, a bênção tinha uma característica mútua. Não somente os poderosos conferiam bênçãos sobre seus inferiores (cf. Melquisedeque sobre Abraão em Gn 14.18), como também os inferiores sobre os poderosos (cf. Jacó sobre Faraó em Gn 47.7-10. Os homens correspondem às bênçãos divinas ao abençoar à divindade, i.é, por meio de reconhecer seu poder mediante o louvor, trabalho, adoração. Daí, barak significa, de um lado, “abençoar” e, do outro lado, “louvar”, “bendizer”. (Dicionário Internacional de Teologia. p. 286).
2. Fugindo das práticas ilícitas. Existem pessoas tão pobres, tão pobres, que a única coisa que elas possuem é dinheiro” (Autor desconhecido) Grande parte das frustrações financeiras tem a ver com o desejo imoral de querer ter o que não é seu, de querer ser quem você não é. Isto não é uma referência ao desejo de ter uma vida melhor ou ter alguém como referência e exemplo de vida. E sim, à ganância e à inveja. Conviver com pessoas de classe social mais elevada do que a sua pode provocar, inconscientemente, este sentimento. O mal é que desejar possuir, em pouco tempo, o que o outro, provavelmente, levou anos para construir. Às vezes, o contrário também acontece. O rico inveja o pobre pela paz que ele tem e pelo amor sincero que recebe. Paz e amor não é possível comprar em nenhuma moeda.
Muitos caíram na armadilha das práticas ilícitas, apropriando-se daquilo que não é seu. As Sagradas Escrituras esclarecem que a cobiça, ou a avareza, está no amor ao dinheiro. Paulo ensina que a cobiça é pecado de idolatria. Nos textos de Colossenses 3.5 e de Efésios 5.5, avareza e cobiça são sinônimos. Esses termos estão ligados com a ganância de querer ter e ser mais que os outros. Um cristão dominado pela avareza ou pelo desejo de acumular riquezas é insensato e delira em vãos pensamentos, Jesus deixou bem claro que “a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui” (Lc 12.15). Não são poucos os que acabam se perdendo por causa da cobiça ao dinheiro, bens materiais e posições economicamente compensatórias.
3. Fugindo da avareza. A palavra se refere ao desejo desordenado e totalmente absorvente de possuir bens materiais. A avareza é um desejo dominante em relação ao dinheiro; e a cobiça, o mesmo desejo dominante em relação às posses de outrem. O décimo mandamento (Ex 20.17; Dt 5.21) lida, de modo expressivo, com este pecado, enquanto que outros mandamentos tratam de vícios a ele relacionados. Jesus admoestou quanto ao poder das riquezas (Lc 12.15; Mt 6.19-24; 19.16-22; etc.).
O autor dos livros de Samuel registrou: “Porém seus filhos não andaram pelos caminhos dele, antes se inclinaram à avareza, e aceitaram suborno, e perverteram o direito.” (1ºSm 8.3). A palavra avareza betsa‘, possui o sentido de lucro ilícito (cf. Pv 15.27; Is 57.17).
Na lista de vícios oferecida por Paulo (Rm 1.29ss., 1ªCo 5.11; 6.9; 2ªCo 12.20; G1 5.19; Ef 4.31; 5.3; Cl 3.5ss.), o destaque da avareza vem logo depois dos pecados sexuais. Isso se confirma nos ensinamentos e na experiência dos cristãos desde a igreja primitiva. A lista dos “sete pecados mortais” formulada por Gregório, o Grande, incluía a avareza. Em sua essência, a avareza é o mesmo pecado da idolatria (Cl 3.5). O desejo de possuir as coisas de maneira fácil consome as pessoas, moldando a vida humana de reverso ao que Deus quer fazer.
Na carta aos Romanos (1.29), Paulo usa o vocábulo pleonecsía, que possui o sentido de: avareza, insaciabilidade, ambição Mc 7.22; Lc 12.15; Rm 1.29; 2ªCo 9.5; Ef 4.19; 5.3; C1 3.5; 1ªTs 2.5; 2ªPe 2.3,14.
O príncipe falto de entendimento é também um grande opressor, mas o que odeia a avareza prolongará seus dias” (Pv 28.16); “Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, a afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria” (Cl 3.5).

III. COMO O CRISTÃO DEVE USAR O DINHEIRO

Além de atrapalhar a vida social (Pv 28.25) e de conduzir a outros pecados, a avareza é errada porque dá valor máximo a um bem temporal e porque leva à apostasia (Sl 10.3). No final, será sempre necessário escolher entre Deus e Mamom, como ensinou Jesus (Mt 6.24). Na Idade Média os homens eram ensinados a vencer a avareza por meio da prática da virtude oposta, a de generosidade ou liberalidade. Embora não deixe de ter seu valor (Ef 4.28), essa solução poderá gerar uma atitude legalista. No lugar da avareza deveríamos desejar somente os valores de Deus e deixar que outros valores encontrem seu lugar com referência nele. Nas palavras de Agostinho: “Não permito que esses ocupem minha alma, mas que Deus ocupe todo meu ser”. (Dicionário de Ética Cristã. Carl F. H. Henry (org.); [tradução e atualização Wadislau Martins Gomes] - São Paulo: Cultura Cristã, 2007. p 67).
1. Na Igreja do Senhor. A boa administração financeira tem início com a fidelidade do cristão na entrega dos dízimos e ofertas. O dízimo era praticado antes da lei (Gn 14.18- 20), requerido no período da lei (Ml 3.7-10) e permaneceu em vigor na Nova Aliança (Mt 23.7,10,23; Lc 11.42). É mandamento da Lei e da Graça - da antiga e da nova dispensação. Entregar os dízimos significa devolver ao Senhor a décima parte de todos os rendimentos. A oferta é extra ao dízimo. Tanto um quanto o outro devem ser entregues com alegria (2ªCo 9.7).
O cristão deve entregar com amor, altruísmo e voluntariedade. Deve sentir vontade e gratidão em participar dos dízimos e das ofertas, que é fonte de graça e sinal de comunhão com Deus: “O povo se alegrou com tudo o que se fez voluntariamente; porque de coração íntegro deram eles liberalmente ao Senhor; também o rei Davi se alegrou com grande júbilo” (1ºCr 29.9).
A bênção de contribuir. O cumprimento de metas e a administração das atividades eclesiásticas exigem recursos financeiros. Na maioria das vezes, a soma total do valor monetário recebido pela igreja determinará a expansão de seu crescimento nas várias áreas de atuação. É verdade que as finanças não são o único fator a ser considerado no crescimento e expansão de uma igreja. No entanto, a situação financeira da igreja possibilita ou impede a execução das metas a serem atingidas. Infelizmente, existe na igreja uma parcela lamentável de irmãos que não contribuem na casa de Deus. Alguns alegam que o dízimo e as ofertas fazem parte da Antiga Aliança e que, por conseguinte, estão desobrigados de dizimar e ofertar na Nova Aliança. Outros, cientes da responsabilidade de contribuir, não o fazem por estarem dominados pela mesquinharia, egoísmo e amor ao dinheiro. E outra parte não contribui por falta do ensino pastoral. O ensino precisa ser esclarecedor e convincente sem ser apelativo. O dízimo e as ofertas fazem parte da prática diária e da disciplina cristã.
Os ofertantes e dizimistas devem fazê-lo com amor e altruísmo, extirpando o egoísmo humano. A voluntariedade e gratuidade devem ser buscadas como desejo constante. Não se deve entregar o dízimo ou oferta como um pagamento Deus. A Bíblia ensina que é devolução. O cristão, ao entregar sua contribuição, está fazendo devolução de algo que nunca foi seu, mas que sempre pertenceu a Deus. A entrega não pode ser egoísta ou com interesses e motivações erradas. Jesus redarguiu enfaticamente os escribas e fariseus, que faziam contribuições, porém o seu coração estava longe de Deus. A atitude deles descaracterizava a real finalidade da contribuição. Entregar dízimos e ofertas é confirmação de fé e obediência à Palavra de Deus (Mt 23.23). (Valores Cristãos - Enfrentando as questões morais de nosso tempo. Baptista, Douglas. Rio de Janeiro: RJ. CPAD, 2018. pp 115,156 ).
2. Na sociedade civil. Ganhe tudo o que você puder, pelo bom-senso, aplicando em seus negócios, todo o entendimento que Deus tem dado a você. É surpreendente observar, quão poucos fazem isto; como os homens seguem as mesmas pegadas melancólicas de seus antepassados. Mas o que quer que aqueles que não conhecem a Deus façam, isto não servirá de regra para você. É vergonhoso para um cristão não progredir mais do que eles, no que quer que tenha nas mãos. Você deverá aprender continuamente da experiência de outros, de sua própria experiência, lendo, e refletindo, para fazer tudo que você tiver que fazer, melhor hoje, do que fez ontem. E veja que você pratique o que quer que tenha aprendido, para que você possa fazer o melhor de tudo aquilo que está em suas mãos.
3. Na família. Este é um dos maiores investimentos que um homem deve fazer. Talvez, o único maior. A responsabilidade de administrar as finanças não deve ser somente do marido. A esposa deve saber o que está acontecendo em todos os detalhes. Se as crianças já estão na idade em que possam entender as dificuldades que estão sendo enfrentadas, elas também devem fazer parte da conversa. Assim, poderão contribuir para a recuperação financeira do lar, pois saberão que por um período de tempo, terão que adiar certos projetos e compras. A Bíblia ensina: “E, se alguém prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão de três dobras não se quebra tão depressa” (Ec 4.12).
Talvez o entendimento correto sobre o dinheiro e família seja: tudo é nosso! Seu dinheiro é nosso; meu dinheiro é nosso! Suas dívidas são minhas; minhas dívidas são suas! Suas prioridades são as minhas prioridades! Seus sonhos são os meus sonhos! Essa mentalidade pode ser radical, mas talvez seja a única forma de se construir uma verdadeira família em que as finanças não tragam tristeza, e sim alegria.

CONCLUSÃO

Devemos ser mordomos sábios, prudente e fiéis, manejando os bens concedidos pelo Criador. Nosso reino, nossa sabedoria não é deste mundo: costumes pagãos não têm nada a ver conosco. Não seguimos homens, seguimos a Cristo. O que quer que sua mão encontre o que fazer, faça-o com toda sua força! Não perca mais tempo! Elimine todos os gastos desnecessários! Não cobice mais! Mas empregue tudo que Deus confiou a você, para fazer o bem, todo o bem possível, de toda a maneira e grau possíveis, aos seus familiares da fé, e a todos os homens!
Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o seu senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o sustento a seu tempo? ” (Mt 24.45).

Prof. Nicolas Oliveira [EBD IEADTC]

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

Os cristãos devem ser referência na administração das finanças que Deus, bondosamente lhes concedeu. Nesta aula, refletiremos acerca de alguns aspectos da mordomia financeira com base na Bíblia Sagrada - como nossa única regra de fé e prática. Veremos que o dinheiro pode ser bênção ou maldição, e que tudo depende do uso que fazemos dele. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 10, 8 Setembro, 2019]
Para uma boa administração financeira, o cristão deve partir do princípio da Soberania de Deus; O Senhor é a fonte de toda riqueza e tanto a prata quanto o ouro pertencem a Ele (Ag 2.8). Logo, possuir bens e riquezas são uma concessão ao ser humano e assim devem ser administradas, para a máxima glória daquele que é o verdadeiro dono de tudo! Cada um prestará contas de tudo o que recebeu nesta vida para administrar (Rm 14.12), inclusive na esfera financeira (Mt 25.19). Nesta lição, veremos como podemos gerir melhor as nossas finanças. Vamos pensar maduramente nossa fé?

I. TUDO O QUE TEMOS VEM DE DEUS

1. Deus é dono de tudo. Tudo o que há no planeta pertence a Deus, tanto o mundo quanto seus habitantes (Sl 24.1). Há os que são filhos de Deus por criação e há os que são seus filhos por adoção através da fé em Jesus (Jo 1.12). Assim, podemos afirmar que os não-crentes recebem dádivas por permissão de Deus; nós, seus filhos por adoção em Jesus Cristo, temos convicção de que tudo o que temos vem diretamente dEle, conforme Davi expressou: "Porque tudo vem de ti, e da tua mão to damos" (1 Cr 29.14). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 10, 8 Setembro, 2019]
Quando o Salmista escreve que “ao SENHOR pertence aterra e tudo o que nela se contém”, ele fala sobre Seu domínio universal, Sua peculiaridade e Sua soberania, principalmente no Antigo Testamento, onde era tomado no sentido de descartar todas as falsificações pelos assim chamados deuses das nações (Êx 19.5: Dt 10.14; Sl 50.12; 89.11; 1Co 3.21,23). João escreve: “Deste modo, conhecemos quem são os filhos de Deus e quem são os filhos do Diaboquem não pratica a justiça não procede de Deus, nem tampouco aquele que não ama seu próprio irmão...” (1Jo 3.10), desse modo, não devemos afirmar que todos são filhos de Deus, por criação ou por adoção; “Filho de Deus” é um ‘status’ conquistado na cruz por Cristo e só recebe esse status aquele que nele crê – “Mas a todos quantos o receberamdeu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, ou seja, aos que creem no seu Nome” (Jo 1.12). Portanto, a frase “Há os que são filhos de Deus por criação e há os que são seus filhos por adoção através da fé em Jesus (Jo 1.12” não é correta. O fato de os não regenerados gozarem das provisões de Deus reflete o que conhecemos como ‘graça comum’, que se refere à graça de Deus que é comum a toda a humanidade. Ela é comum porque seus benefícios se estendem a todos os seres humanos sem distinção “...Ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos” (Mt 5.44,45)”.
O princípio da honra a Deus (Pv 3.9-10) - Certamente, o equilíbrio e a bênção na vida financeira começam pelo reconhecimento de quem Deus é. Honramos alguém quando tratamos essa pessoa conforme as expectativas dela, fazendo o que ela deseja, como ela quer. A forma como empregamos nosso dinheiro também demonstra a realidade de nosso amor por Deus. Devemos honrar a Deus com aquilo que produzimos, com integridade – “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mc 12.17) e com alegria e gratidão.” (ULTIMATO).
2. O trato com o dinheiro. Se tudo o que temos vem de Deus, precisamos lidar com o dinheiro de modo especial. Isso é necessário, pois muitos se tornaram materialmente ricos, mas espiritualmente miseráveis, como Jesus revelou a situação dos crentes de Laodiceia (Ap 3.17). Em Apocalipse, nosso Senhor deixou claro que o crente pode pensar estar rico aos próprios olhos, mas invariavelmente desgraçado, miserável, pobre, cego e nu diante dos olhos do Senhor. A história do mundo mostra que a busca por dinheiro e riquezas materiais levou muitas pessoas a cometerem perversidades, violências e crimes inomináveis. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 10, 8 Setembro, 2019]
Na busca por riquezas e bem estar material, as pessoas estão dispostas a sacrificar coisas importantes como consciência limpa e o bom nome, cometendo torpezas e coisas contrárias à fé cristã; de fato, o cristão deveria estar imune a essa tentação, já que compreende tudo como uma dádiva de Deus, já os irregenerados possuem uma perspectiva errada dos valores de Deus (Pv 11.1; 16.11). Para ilustrar isso, veja o seguinte relato: “Dizem que o autor de Sherlock Holmes, certa ocasião, escreveu um bilhete para oito de seus amigos, e era só uma brincadeira. O bilhete dizia: “Tudo foi descoberto. Fuja rapidamente”. Em menos de vinte e quatro horas, seis deles haviam fugido do país. Se você recebesse um bilhete como esse no seu trabalho, o que faria?” (ULTIMATO).
O apóstolo Paulo confirma que a vida moderada é o melhor caminho para fugir dos laços e das tentações das riquezas (1Tm 6.9). É fato que a cobiça pelo dinheiro corrompe os homens e os faz desviar da fé (1Tm 6.10). Entretanto, o texto bíblico mostra que o mal em si não está no dinheiro e sim no “amor do dinheiro”. O mal está em perder a comunhão com Deus e passar a depositar a confiança nas riquezas. A Bíblia revela que essa atitude foi empecilho de libertação na vida de muitos, como nos exemplos do jovem rico (Lc 18.23), de Judas Iscariotes (Lc 22.3-6), de Ananias e Safira (At 5.1-5) que valorizaram o dinheiro em detrimento da salvação. Portanto, mesmo que o Senhor nos permita enriquecer, o salmista nos adverte quanto ao pecado em relação às riquezas: “se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração” (Sl 62.10).” (LIÇÕES BÍBLICAS CPAD – ADULTOS. 2º Trimestre de 2018; Título: Valores cristãos — Enfrentando as questões morais de nosso tempo. Comentarista: Douglas Baptista. Lição 10: Ética Cristã e Vida Financeira, 3 de Junho de 2018).
Muitos têm ficado em situação difícil, por causa do uso irracional do cartão de crédito — na verdade, cartão de débito. As dívidas podem provocar muitos males, tais como falta de tranquilidade (causando doenças); desavenças no lar; perda de autoridade e independência. Devemos lembrar: “O rico domina sobre os pobres, e o que toma emprestado é servo do que empresta” (Pv 22.7). Outro problema é o mau testemunho caloteiro perante os ímpios, quando o crente compra e não paga. b) Evitar extremos. De um lado, há os avarentos, que se apegam demasiadamente à poupança, em detrimento do bem-estar dos familiares. São os “pães-duros”. De outro lado, há os que gastam tudo o que ganham, e compram o que não podem, às vezes para satisfazer o exibicionismo a insensatez da concorrência com os vizinhos e conhecidos, à mania de esbanjar, a inveja de outros, ou por mera vaidade. Isso é obra do Diabo” (3º Trimestre de 2002. Título: Ética Cristã — Confrontando as questões morais. Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima. Lição 11: O cristão e as finanças. Data: 15 de setembro de 2002)
3. Cuidado com a falsa prosperidade. Precisamos ter cuidado para não sermos enganados pelas armadilhas da já conhecida "Teologia da Prosperidade". Esta ensina que todo crente deve ser rico, porque, diz essa teologia, "somos filhos do Rei". Isso não passa de propaganda enganosa e distorção da graça de Deus. Ora, as Escrituras mostram que Jó foi um servo fiel a Deus (Jó 1.1), mas, embora muito rico, veio certa vez a experimentar a pobreza. Mas nem por isso abandonou a Deus, apesar de todo o sofrimento que experimentou. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 10, 8 Setembro, 2019]
Os ensinos da chamada ‘Teologia da Prosperidade’ induzem as pessoas ao erro e enchem suas mentes com falsas esperanças. Não pregam apenas uma vida prospera mas também uma vida sem problemas físicos como evidências públicas da verdadeira fé e do novo nascimento. É importante esclarecer que o problema da teologia da prosperidade não é a crença na atualidade dos dons de cura ou na possibilidade de Deus abençoar seus filhos materialmente, dando-lhes em abundância, pois os crentes verdadeiros também crêem assim; O grande problema dessa teologia é fazer destas coisas o cerne e o núcleo principal da doutrina cristã.


SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Inicie a aula desta semana fazendo a reflexão sobre o “valor” do dinheiro para o crente. Isso é importante, pois o crente precisa ter uma noção ampla acerca do “valor” que a Bíblia dá ao dinheiro. De modo geral, as Escrituras Sagradas mostram o lado positivo e negativo do dinheiro. Do lado positivo, as necessidades que o dinheiro pode suprir; do negativo, a avareza, a soberba e o egoísmo que o apego a ele pode promover. Conclua essa reflexão expondo o seguinte versículo: “Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1 Tm 6.10).

II. COMO O CRISTÃO DEVE GANHAR DINHEIRO

1. Trabalhando honestamente. Desde o Gênesis, após a Queda, o homem emprega esforço para obter os bens de que necessita. O Criador disse: "No suor do teu rosto, comerás o teu pão" (Gn 3.19a). O apóstolo Paulo recomendou: "E procureis viver quietos, e tratar dos vossos próprios negócios, e trabalhar com vossas próprias mãos, como já vo-lo temos mandado" (1 Ts 4.11). Assim, por trabalho honesto entendemos todo o tipo de atividade que sustenta e dignifica o ser humano. Entretanto, há trabalhos que o degradam e humilham. Por isso, ao cristão sincero não convém atividades correlacionadas com a bebida alcoólica, drogas, prostituição, aborto etc. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 10, 8 Setembro, 2019]
O sábio disse algo interessante: “O preguiçoso mete a mão no prato e não quer ter o trabalho de a levar à boca” (Provérbios 26:15). Ter a preguiça instalada em nossa vida nos faz ter uma vida financeira destruída. O servo de Deus deve ser um trabalhador atuante, comprometido, que resiste à preguiça de fazer mal feito, de não ser responsável, de não fazer seu papel! A preguiça têm destruído a vida de muitos jovens e de muitos cristãos, pois deixaram com que ela dominasse suas vidas e, assim, se tornaram doentes financeiramente.” (ESBOCANDOIDEIAS).
2. Fugindo das práticas ilícitas. O cristão não deve recorrer a meios ou práticas ilícitas para ganhar dinheiro, tais como jogo do bicho, do bingo, rifa, loterias, e outras formas "fáceis" de se angariar riquezas. Em Provérbios, lemos: "O homem fiel abundará em bênçãos, mas o que se apressa a enriquecer não ficará sem castigo" (Pv 28.20). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 10, 8 Setembro, 2019]
Ganhar dinheiro não é pecado, mas uma necessidade indispensável. Trabalhar de modo honesto para o sustento de sua família é uma atitude altruísta. “A ética bíblica nos orienta que devemos trabalhar com afinco para fazermos jus ao que percebemos. Desde o Gênesis, vemos que o homem deve empregar esforço para obter os bens de que necessita. Disse Deus: “No suor do teu rosto, comerás o teu pão…” (Gn 3.19a). O apóstolo Paulo escreveu, dizendo: “Porque bem vos lembrais, irmãos, do nosso trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, vos pregamos o evangelho de Deus” (1Ts 2.9); “e procureis viver quietos, e tratar dos vossos próprios negócios, e trabalhar com vossas próprias mãos, como já vô-lo temos mandado” (1Ts 4.11). “Se alguém não quiser trabalhar, não coma também”(2Ts 3.10). Daí, o preguiçoso que recebe salário está usando de má fé, roubando e insultando os que trabalham. O cristão não dever recorrer a meios ou práticas ilícitas para ganhar dinheiro, como o jogo, o bingo, a rifa, loterias, e outras formas “fáceis” de buscar riquezas. Em Provérbios, lemos: “O homem fiel abundará em bênçãos, mas o que se apressa a enriquecer não ficará sem castigo” (Pv 28.20). O cristão também não deve frequentar casas de jogos, como cassinos e assemelhados. Esses ambientes estão sempre associados a outros tipos de práticas desonestas, como prostituição e drogas. O trabalho diuturno deve ser normal para o cristão. A preguiça não condiz com a condição de quem é nascido de novo. Jesus deu o exemplo, dizendo: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (Jo 5.17). O livro de Provérbios é rico em exortações contra a preguiça e o preguiçoso (Pv 6.9-11).” (3º Trimestre de 2002. Título: Ética Cristã — Confrontando as questões morais. Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima. Lição 11: O cristão e as finanças. Data: 15 de setembro de 2002).
3. Fugindo da avareza. Avareza é o amor ao dinheiro. É uma escravidão ao vil metal. Diz a Bíblia: "Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (1 Tm 6.9,10). Deus não condena a riqueza em si, mas a ambição, a cobiça e a avareza que ela desperta. Abraão e Jó eram homens ricos, porém, fiéis a Deus. O que Deus condena é a ganância, a ambição desenfreada por riquezas (Pv 28.20). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 10, 8 Setembro, 2019]
Quando Paulo escreve sua primeira carta a Timóteo, ele ensina que “os querem ficar ricos caem em tentação” (1Tm 6.9), usando o termo "querem" para referir-se a um desejo consciente e racional que descreve claramente a motivação dos que são culpados de avareza e que estão constantemente caindo em tentação. Os gananciosos são compulsivos — sempre caem nas ciladas do pecado por causa do desejo que os consume de adquirir cada vez mais. Essa ganância pode levar estas pessoas a sofrerem o fim trágico da destruição e do inferno.  O dinheiro em si mesmo não é mau, uma vez que é uma dádiva de Deus (Dt 8.18). Paulo condena somente o amor ao dinheiro (Mt 6.24) que é tão característico dos falsos mestres .

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“A prosperidade no Antigo Testamento está intimamente relacionada com o trabalho. A ideia de prosperar e enriquecer por outros meios que não seja o trabalho é completamente estranha à Escritura. Ainda no paraíso, coube como tarefa ao primeiro homem cuidar do jardim, vigiando-o e lavrando-o (Gn 2.5). A teologia do Antigo Testamento refuta a prática que transforma Deus em uma espécie de gênio da lâmpada. O Deus do Antigo Concerto faz prosperar, mas Ele o faz através do trabalho. O livro de Deuteronômio diz que o Senhor ‘é o que te dá força para adquirires poder’ (Dt 8.18). A palavra hebraica koach traduzida como ‘força’ nessa passagem significa vigor e força humana. A referência é claramente ao esforço humano como resultado do seu trabalho. Por outro lado, a palavra ‘poder’, traduzida do hebraico chayil, nessa mesma passagem mantém a ideia de eficiência, fartura e riqueza. A ideia aqui é que prosperidade e trabalho são como as duas faces de uma mesma moeda. Onde um está presente o outro também deve estar” (GONÇALVES, José. A Prosperidade à Luz da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, p.22).

III. COMO O CRISTÃO DEVE UTILIZAR O DINHEIRO

1. Na Igreja do Senhor. Na igreja há várias maneiras pelas quais o cristão pode e deve contribuir, de modo positivo e abençoado, para a manutenção da Obra do Senhor. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 10, 8 Setembro, 2019]
Muitos têm seus trabalhos, são bem sucedidos, mas se esquecem de honrar a Deus com suas finanças. O sábio observa bem isso: “Honra ao SENHOR com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão fartamente os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares” (Provérbios 3:9-10). Honramos a Deus sendo bons pagadores, mas honramos também a Deus separando parte do que Ele nos deu para investir em Sua obra, na ajuda a pessoas necessitadas, no crescimento de Seu reino, coisas essas que são nossas missões como crentes. É triste ver que muitos têm esquecido esse princípio por causa da avareza! Tudo que temos, apesar de trabalharmos, vêm de Deus como bênção (Veja Deuteronômio 8:17-18). Por isso, devemos honrá-lo com parte dessas bênção de acordo com a vontade Dele mostrada na Palavra!” (ESBOCANDOIDEIAS).
1.1. Contribuindo com os dízimosEntregar os dízimos para a manutenção material da Obra do Senhor é uma das maiores expressões de gratidão a Deus e amor por sua causa na Terra (Ml 3.8-12). Como já vimos, no Novo Testamento, o dízimo não foi abolido, pois Jesus trouxe a maneira correta de sua entrega (Mt 23.23). 0 Novo Testamento também revela que o cuidado dos órfãos e das viúvas é "a verdadeira religião" (Tg 1.27). Assim, a mordomia do dízimo é de fundamental importância à vida da igreja. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 10, 8 Setembro, 2019]
Considerando que Deus é dono de tudo (1Cr 29.11), precisamos ser fiéis em tudo - “Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um seja encontrado fiel” (1Co 4.2). Os sacerdotes do Antigo Testamento eram sustentados pelos dízimos das colheitas e dos animais, bem como pelas ofertas financeiras (Nm 18.8-24; cf. G n 14.18-21). Baseado nisso, Paulo defende que aqueles que dedicam sua vida à Obra do Reino, vivam do evangelho, isso diz respeito a ganhar a vida pregando as boas-novas.
Desde que a missão principal da igreja é espiritual (1Tm 3.15), não é surpresa que as igrejas do Novo Testamento usassem seu dinheiro para espalhar o evangelho. Exemplos deste emprego dos fundos arrecadados incluem o sustento financeiro de homens que pregavam o evangelho (1Co 9.1-15; 2Co 11.8; Fp 4.10-18), e dos que serviam como presbíteros (1Tm 5.17-18). Também, para acudir os santos necessitados. Quando os cristãos pobres necessitavam de assistência, o dinheiro da oferta era usado para acudir àquelas necessidades (At 4.32-37; 6.1-4).
1.2. Contribuindo com ofertas alçadasO crente fiel deve contribuir com ofertas alçadas (levantadas), de modo voluntário, como prova de sua gratidão a Deus pelas bênçãos recebidas. Com esses recursos (dízimos e ofertas), a igreja mantém a evangelização, as missões, o sustento de obreiros, o socorro aos necessitados (viúvas, órfãos, carentes etc.), bem como o patrimônio físico da obra do Senhor e outras necessidades. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 10, 8 Setembro, 2019]
Uma oferta alçada era uma oferta que era levantada simbolicamente diante do altar no templo. Isso representava a dedicação da oferta a Deus. Em traduções mais modernas, a oferta alçada é traduzida simplesmente como “oferta” ou “oferta voluntária””. (RESPOSTAS). É comum ouvirmos hoje esse termo – ofertas alçadas – no entanto, da forma descrita no Antigo Testamento não é válida para os cristãos. Devemos ser generosos nas nossas contribuições para as coisas de Deus, e lembrar que, a afirmativa de alguns: ‘já devolvo o dízimo’, para eximir-se das ofertas voluntárias, demonstra tão somente a avareza que ainda reina no seu interior.
2. Na sociedade civil.
2.1. Evitando dívidas fora do seu alcanceMuitos têm ficado em situação difícil por causa do uso irracional do cartão de crédito. As dívidas podem provocar muitos males, tais como falta de tranquilidade (causando doenças); desavenças no lar; perda de autoridade e independência. Devemos lembrar que "o rico domina sobre os pobres, e o que toma emprestado é servo do que empresta" (Pv 22.7). Outro problema é o mau testemunho perante os ímpios quando o crente compra e não paga. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 10, 8 Setembro, 2019]
- “O mercado produz e tenta convencê- lo: “Você tem de comprar. Faça em 12 vezes sem juros. Alguns recebem uma carta dizendo que são clientes preferenciais. E, pior, acreditam mesmo serem preferenciais. É ordem do Senhor não devermos cousa alguma a ninguém, exceto o amor (Rm 13.8). As dívidas desgastam nossas emoções, nosso tempo, nossa família, nossa vida espiritual (cf. 2Rs 4.1-7). Por isso:
Evite financiamentos e empréstimos, especialmente para bens de consumo (Pv 18.9)
Hoje, se você financia um bem em 12 vezes, você paga em média 70% a mais do que ele vale. Em outras palavras, está jogando dinheiro fora. Os financiamentos para compra de imóvel e de bens duráveis devem ser analisados criteriosamente e submetidos a Deus, em oração.
Evite cartões de crédito - O pastor batista, Vernie Russel Jr., de Norfolk (EUA), disse que o cristão não pode servir ao Master (Senhor) e ao Mastercard ao mesmo tempo. Cuidado com os seus cartões de crédito (ou de dívida?). Se você não consegue conviver bem com eles, é melhor não tê-los.” (ULTIMATO).
2.2. Evitando os extremos. De um lado, há os avarentos que se apegam demasiadamente à poupança, em detrimento do bem-estar dos familiares. Estes não se importam em ver os filhos passarem necessidade, pois o seu desejo de "poupar" e de entesourar para o futuro é irrefreável. De outro, há os que gastam além de suas possibilidades, contraindo dívidas que perturbam a harmonia do lar. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 10, 8 Setembro, 2019]
Vivemos em um mundo extremamente capitalista. A mídia nos sufoca de propagandas e campanhas publicitárias que, em geral, possuem um objetivo muito claro: gerar necessidade nas pessoas. Desse modo, compramos o que não precisamos, com o dinheiro que não temos, para agradar as pessoas e mostrar para a sociedade que somos capazes. Capazes de quê?  Antes de decidir comprar algo, se pergunte: Eu realmente preciso disso? Posso realmente pagar? Quero mesmo isto?
a) não devemos gastar sem sabedoria. Muitos são compulsivos e gastam o que não têm, e se tornam prisioneiros. “Por que gastar dinheiro naquilo que não é pão e o seu trabalho árduo naquilo que não satisfaz?” (Is 55.2).
b) O crente deve honrar seus compromissos. A nossa palavra tem de ter valor; tem de ter valor de documento.
c) economizar para alcançar. Além de orar e pedir ao Senhor, o crente deve aprender a planejar (economizar) para alcançar seus objetivos. Pare com os gastos desnecessários! Coloque seus propósitos diante do Senhor.
d) Cuidado com os empréstimos.“...o que toma emprestado é servo do que empresta. ” (Pv 22.7,26,27)” (SÉRIE MORDOMIA NA FAMÍLIA. Disponível em:http://www.batistadopovo.org.br/PortalIBP/licoes/9193-mordomia-nas-financas. Acesso em: 29 maio, 2018)
2.3. Tendo controle da renda. É importante que se faça um orçamento familiar, observando o quanto a pessoa ganha, gasta e, se possível, reserva para imprevistos. Em nosso país, grande parte das pessoas recebe apenas o denominado “salário mínimo", uma renda que não garante nem o mínimo previsto em lei. Entretanto, o crente em Jesus deve conter-se dentro dos limites de sua renda, seja ela grande ou pequena, para não ser vítima de um mal maior. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 10, 8 Setembro, 2019]
- Se você não planejar o uso do seu dinheiro e gastar conforme seus impulsos, terá problemas. Se estiver endividado, sair dessa situação começa com um bom planejamento. Em seguida, coloque-se diante do Senhor com o propósito de não contrair mais dívidas e ore por isso. Se necessário, procure ajuda do seu pastor ou de sua liderança na execução do seu planejamento.
2.4. Não fique por fiador. Outro cuidado importante é não ficar por fiador. A Bíblia desaconselha isso (cf. Pv 11.15; 17.18; 20.16; 22.26; 27.13). Muito menos forneça cheque para alguém usá-lo em seu nome. Previna-se! [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 10, 8 Setembro, 2019]
 Fiador garante o pagamento de alguma obrigação caso a pessoa que fez o contrato não o honre. Na prática, se a pessoa não pagar, quem deverá pagar é o fiador. Não há proibição na Bíblia quanto a ser fiador, podemos agir assim se há confiança. Mas temos muitos textos que exortam sobre o perigo de nos colocarmos como fiador de alguém. Caso você seja solicitado para fiar alguém, e não deseje fazê-lo, não invente desculpas ou mentiras. Esclareça à pessoa as suas convicções e o que você pensa sobre o assunto.
2.5. Fugindo do agiota. É verdadeira maldição quem cai na mão dessas pessoas, pois elas cobram "usura" ou lucros extorsivos. Esse tipo de atividade é ilícito. Um cristão não deve praticar a agiotagem, que é o empréstimo de dinheiro de modo clandestino. Além de ser ilegal, a Bíblia condena essa prática (cf. Êx 22.25; Lv 25.36). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 10, 8 Setembro, 2019]
Agiotagem é o mesmo que usura, cobrar juros abusivos. “Existem vários tipos de juros. No caso desta pergunta, pensamos que seja cobrar uma taxa por algum dinheiro emprestado. Jesus não condenou a prática de cobrar juros; mas não demonstrou apreciação pela prática da usura (Mt 6.19-21). Há um Senhor mais alto a quem devemos servir (Mt 6.24). Mateus 5.25,26 nos mostra que Jesus preferia atitudes amigáveis e hospitaleiras como fatores para ajudar na solução de problemas surgidos entre credores e devedores em lugar de coerção legal. No entanto, todos os cristãos devem pagar impostos nos países onde vivem. Essa é uma dívida legal e apropriada, conforme Romanos 13.6A usura está intimamente ligada à cobrança excessiva de juros e, por isso, constitui crime no Direito Penal brasileiro; aquele que pratica a usura é popularmente conhecido como agiota. Tal expressão se refere não somente ao particular, mas também às pessoas jurídicas que especulam indevidamente e ultrapassam o máximo da taxa de juros prevista legalmente, praticando crime contra o sistema financeiro nacional (Lei nº 7.492/86)” (ICP).
2.6. Pagar os impostos. "Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra” (Rm 13.7). O cristão não deve ser sonegador, pois isso não glorifica a Deus. Ainda que muitos aleguem que os governos não aplicam bem o dinheiro arrecadado, desviando-o para outras finalidades, o cristão precisa comportar- se como cidadão dos céus no trato com o dinheiro. É mandamento bíblico que paguemos os impostos (Mt 22.17-21). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 10, 8 Setembro, 2019]
Por mais que odiemos os impostos, por mais que acreditemos que o sistema tributário seja corrupto e injusto, por mais que acreditemos que nosso dinheiro poderia ser investido em coisas muito melhores – sim, a Bíblia nos ordena a pagar nossos impostos. Romanos 13:1–7 deixa claro que devemos nos submeter ao governo. O único caso em que podemos desobedecer ao governo é quando nos diz para fazer algo que a Bíblia proíbe. A Bíblia não proíbe o pagamento de impostos. De fato, a Bíblia nos encoraja a pagar impostos. Portanto, devemos nos submeter a Deus e à Sua Palavra - e pagar nossos impostos”. (GOTQUESTIONS)

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“VIVA DE ACORDO COM AS SUAS POSSIBILIDADES O que seria necessário para que você fosse economicamente livre? A resposta óbvia é, naturalmente, viver sem dívidas. Igualmente óbvios são os obstáculos – reais e perceptíveis – que impedem que muitos de nós façamos isso. Quantas das seguintes frases você declararia, se fosse honesto a respeito de seus hábitos financeiros?
1. Controlar despesas é algo que consome muito tempo.
2. Eu não quero, realmente, modificar os meus hábitos.
3. Gosto de viver além das minhas possibilidades.
4. Usar cartão de crédito é mais fácil que controlar o orçamento.
5. Minha esposa e eu nos desentendemos quando tentamos controlar o nosso orçamento.
Embora o ensino básico do controle do orçamento esteja fora do intuito deste livro, há centenas de recursos disponíveis pela internet e em livrarias, que poderão lhe ajudar a vencer esses obstáculos comuns, criar e controlar um orçamento e manter intactos os seus relacionamentos.
A melhor maneira de ser financeiramente livre é comprometer-se com este princípio simples: não compre o que você não tem como pagar” (TOLER, Stan. Qualidade total de vida. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, pp.66-67).

CONCLUSÃO

O dinheiro pode ser uma bênção ou uma maldição. Isso depende muito do uso que fazemos dele. Se o fizermos para a glória de Deus, com gratidão pelos bens adquiridos, seremos recompensados pelo Senhor. Que usemos os recursos financeiros de modo honesto, como verdadeiros mordomos de nosso Senhor Jesus Cristo! Que o Senhor nos ensine a usar os recursos como bênção! [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 10, 8 Setembro, 2019]
O cristão não foi chamado para acumular riquezas, mas para dar tanto quanto Deus o dirige a fazê-lo. Deus é a fonte de tudo aquilo que foi colocado em nossas mãos, e deve ser honrado com isso. Os Seus benefícios ultrapassam os custos. "E isto afirmo: aquele que semeia pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará. Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria. Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra" (2Co 9.6-8).
Para que a generosidade seja manifesta exteriormente, o coração deve antes estar enriquecido de amor e compaixão sinceros para com o próximo. Dar de nós mesmos e daquilo que temos, resulta em: (1) Suprir as necessidades dos nossos irmãos mais pobres; (2) louvor e AÇÕES de graças a Deus (v.12) e (3) amor recíproco da parte daqueles que recebem a ajuda”. Para conhecer mais leia Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p.1782.

Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

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