SUBSÍDIO I
AS OBRAS DE MISERICÓRDIA
Misericordioso e piedoso é o Senhor; longânimo e grande em benignidade” (SI
103.8). Misericórdia faz parte do caráter e dos atributos morais de Deus transferíveis
ao homem. Ele não transmite ou reparte seus atributos absolutos, o de onipotência,
onisciência e onipresença, dentre outros, mas Ele transfere seus atributos
relativos para os homens. Sendo misericordioso, Deus quer que seus filhos também
o sejam. “Misericórdia e o princípio eterno da natureza de Deus que o leva a buscar
o bem temporal e a salvação eterna dos que se opuseram à vontade dele, mesmo a
custo do sacrifício próprio”. Se Ele não fosse misericordioso, ninguém
subsistiria ante sua santidade. “As misericórdias do Senhor são a causa de não
sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim” (Lm 3.22).
Bancroft diz que a misericórdia era mais enfatizada no Antigo Testamento,
enquanto a graça é mais apresentada no Novo Testamento. Ele dizia que misericórdia
também é sinônimo da longanimidade de Deus. A misericórdia de Deus é a manifestação
do seu sentimento para com os que se acham angustiados, em miséria, seja pelo
pecado, seja pelo sofrimento. A misericórdia de Deus age no sentido de livrar o
sofredor de seus problemas. A Bíblia diz: “Misericordioso e piedoso é o Senhor;
longânimo e grande em benignidade” (SI 103.8); “Piedoso e benigno é o Senhor, sofredor
e de grande misericórdia” (SI 145.8).
Com essa visão acerca de Deus, a Bíblia mostra-nos que Ele requer de seus filhos
que também sejam misericordiosos, que façam obras que demonstre esse sentimento,
que é fruto do amor cristão, que deve dominar os corações dos que o aceitam
como Salvador. Assim como Deus deseja livrar o que sofre de suas aflições, da
mesma forma, o crente fiel precisa sentir compaixão e misericórdia daqueles que
estão ao seu redor ou de que tem conhecimento, no sentido de não só orar por
eles, como também fazer o que estiver ao seu alcance para minorar a dor alheia.
O salvo precisa cultivar e difundir obras de misericórdia e de amor. São obras
que refletem o amor cristão na prática, ou seja, a caridade. O apóstolo João
escreveu em sua primeira epístola: “Quem, pois, tiver bens do mundo e, vendo o
seu irmão necessitado, lhe cerrar o seu coração, como estará nele o amor de
Deus? Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em
verdade” (1 Jo 3.17,18). João, considerado “o apóstolo do amor”, foi, de fato,
o escritor bíblico que mais discorreu sobre a importância de praticar o amor de
Deus na vida cristã. A exemplo de Tiago, João questiona se “a caridade de Deus”
está naquele que, vendo seu irmão necessitado, fecha o coração. E ele completa
com uma solene exortação, ensinando que não devemos amar apenas “de palavra,
nem de língua, mas por obra e em verdade”.
Um cristão só pode identificar-se com Deus e com Cristo se praticar a misericórdia.
Jesus censurou os fariseus na questão dos dízimos, pois esses se diziam os mais
rigorosos no cumprimento da Lei, a ponto de pagarem os dízimos das coisas mínimas,
como o “endro e o cominho”; mas eles desprezavam, segundo Jesus, “o mais
importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé” (Mt 23.23 –
grifo acrescido). A prática da misericórdia é condição determinante para alguém
alcançar a misericórdia de Deus no Juízo. Tiago diz: “Porque o juízo será sem misericórdia
sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa sobre o juízo”
(Tg 2.13).
Texto extraído da
obra “Tempos, bens
e talentos”, editada pela CPAD
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
A MORDOMIA DAS
OBRAS DE MISERICÓRDIA
INTRODUÇÃO
Em Mateus 22.37-40 podemos
encontrar Jesus falando a respeito do grande mandamento, ao ser indagado ele
declara: “E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração,
e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande
mandamento”. Ele poderia ter parado por aí, todavia, ele complementa sua
fala da seguinte maneira: “E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu
próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os
profetas”. O que Jesus está enfatizando é que é inevitável dissociar o amor
a Deus do amor ao próximo, João compreendeu esta mensagem ao declara em sua
primeira carta ao escrever (1 Jo 4.20,21).
Tendo em vista o caráter amoroso
e misericordioso de Deus, “Misericordioso e piedoso é o Senhor; longânime e
grande em benignidade” (Sl 103.8) o cristão é instado a refletir o mesmo
sentimento, exercendo amor e misericórdia para com todos os homens sem
preconceitos.
I. SIGNIFICADO DE MISERICÓRDIA
Misericórdia é um termo amplo
que se refere a benevolência, perdão e bondade em uma variedade de contextos
éticos, religiosos, sociais e legais. A palavra Misericórdia é a junção
de duas palavras em latim: miseratio (compaixão) + cordis
(coração). Assim, pode-se entender literalmente
misericórdia, como “coração compadecido”.
A palavra hebraica mais utilizada
no Antigo Testamento para significar misericórdia é hesed. Tem
(principalmente) dois significados: um mais legalista no sentido de “cumprir
aquilo que foi acordado” ou dar ao outro aquilo que lhe é devido segundo o
previamente acordado. Num segundo sentido, mais intuitivo, espiritual, assume o
significado de ato gratuito e espontâneo de bondade e amor. Convém ainda notar
que o termo hesed remete a três raízes: hânan, râham
e hâsad que conjuntamente aparecem 369 vezes e os
significados destes três termos no Antigo Testamento (AT) convergem para a tradução como “misericórdia”,
mas devido a riqueza e complexidade semântica aparecem, dependendo do contexto
e tradução como “bondade”, “benignidade”, “solidariedade”,
“graça”, “lealdade”, “agir lentamente”,
“amor constante”, “ter misericórdia de”, “ser
gracioso”, “misericordioso”, “favor”, “sentimento
fraternal e maternal”, “terna misericórdia”, “devoção”
e “generosidade”.
No Novo Testamento a palavra
utilizada é Éléos, que significa diretamente amor, ou seja, no NT
o hesed do Antigo Testamento amplifica seu sentido ao vincular-se
a apenas uma palavra, AMOR.
II. A MORDOMIA DA MISERICÓRDIA CRISTÃ
O pastor Elinaldo Renovato de
Lima declara que “Misericórdia é como o amor, só tem valor se praticada. As
obras de misericórdia são inseridas no contexto das ‘boas obras’, que são
inerentes à vida de todos os salvos em Cristo Jesus, e fazem parte da essência
do cristianismo, que é a pratica do verdadeiro amor”. Renovato,
Elinaldo. Tempo, bens e Talentos. Sendo mordomo fiel e prudente com as
coisas que Deus nos tem dado. Rio de Janeiro: CPAD, 2019. p.135
Em outras palavras as obras de
misericórdia ou boas obras são inevitáveis àqueles que foram chamados por
Cristo. Tiago deixa evidente que o ato de não exercer bondade para com o
próximo se mostra um pecado. “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o
faz, comete pecado” (Tg 4.17).
É fato que não somos salvos por
meio das obras, mas para as boas obras e é neste prisma que Tiago enfatiza que
a fé sem obras é morta (Tg 2.17). Aliás, Tiago vai ser um grande defensor da
atuação do cristã no âmbito social de forma que o cristão torna-se, assim como
o modelo do próprio Cristo um agente de misericórdia e transformação. Ele será
enfático ao dizer que o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez
misericórdia (Tg 2.13), isso porque, como falado anteriormente, é
indissociável o caráter da atitude, ou seja, se somos cristãos, logo,
refletimos e agimos como Cristo e em seus atos misericordiosos. Todavia, parece
que quanto mais crescemos em números, enquanto escrevo estas linhas temos a
noticia da participação de aproximadamente 3 milhões de evangélicos na marcha
para Jesus em são Paulo, menos estamos engajados em socorrer os órfãos e as
viúvas.
O pastor Carlos Queiroz certa
vez escreveu:
Quando pessoas
exercitam algum tipo de religiosidade com indiferença diante da miséria e da
fome do outro, há sinais de ausência de espiritualidade evangélica. Toda a
nossa deficiência espiritual é uma deficiência em nossa capacidade de amar. Por
isso a falta de pão na mesa do pobre pode ser uma denúncia da falta de
espiritualidade no altar dos cristãos. (QUEIROZ, Carlos. Em busca da espiritualidade – O mercado
da fé e o Evangelho da Graça. Viçosa/MG: Editora Ultimato. p.15)
Conforme dito anteriormente não
somos salvos pelas obras, todavia tais obras evidenciam a fé do salvo. Nesse
ponto, Tiago apresenta seu segundo exemplo da necessidade de existir uma
consistência entre palavras e obras e, nesse processo, introduz o argumento da
inseparabilidade entre a ‘fé’ e as ‘obras’ que, necessariamente,
deve se originar dessa consistência. Ele abre essa seção com duas perguntas
retóricas (v.14): ‘Meus irmãos, que aproveita [ou, qual é o benefício] se
alguém disser que tem fé e não tiver as obras?’ Fica claro que Tiago tem em
vista dois ‘benefícios’ especiais que deveriam se originar da ‘fé’. O
primeiro é apresentado na sua segunda pergunta retórica: ‘Porventura, a fé pode
salvá-lo? A fé deveria ser capaz de proporcionar o benefício da salvação àquele
que a possui; se não o fizer, então essa fé é, de certo modo, defeituosa (mas
não uma falsa fé). Porém, a fé deveria também ter uma segunda finalidade:
beneficiar os semelhantes mostrando a bondade de Deus para com eles (vv.15,16).
Essa dupla preocupação por tudo de ‘bom’ que a fé deveria proporcionar
representa uma importante lembrança para a nossa cultura individualista. Fé não
é apenas salvar a alma individual do julgamento eterno, mas também construir
comunidades a fim de mostrar o amor de Deus não só no meio dos próprios
crentes, mas também no mundo em que vivem”. (ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal Novo
Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.1672-73)
Claro que não estamos dizendo
com isso que as obras de misericórdia se manifestam somente em face a pobreza e
questões sociais, embora estejam mais aparentes nestas citadas. Na realidade, partilhamos
da mesma percepção que nosso comentarista que divide as necessidades humanas em
duas áreas.
1. Necessidade humanas, se
encaixam as ações de combate a pobreza, fome e outros males produzidos na
sociedade. Quem faz obras de misericórdia em prol dos carentes,
necessitados e vulneráveis sociais está fazendo ao próprio Cristo (Mt
25.35,36), pois assim as Escrituras afirmam: “E, respondendo o Rei, lhes
dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos
irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25.40).
2. Necessidade espirituais,
os homens estão separados de Deus e cumpre ao cristão levar a palavra que
transforma e salva o pecador.
Tanto a pregação da palavra como
uma ação transformadora na sociedade são responsabilidade do cristão e são
urgentes. Não pode existir dualismos, corpo, alma e espírito precisam alcançar
misericórdia e somente aqueles que foram alcançados pela misericórdia divina
pode manifestá-la. Há uma negligência flagrante, por parte de muitas igrejas,
na pregação do Evangelho. Isso é falta de misericórdia. A Bíblia mostra que
Deus “amou o mundo”, e não um grupo seleto e privilegiado. Ele quer
salvar a todos em Jesus Cristo.
O nosso Deus é amor, longânimo e
misericordioso. Ele não tem “prazer na morte do ímpio” (Ez 33.11). A
ordem do Senhor Jesus é muito clara: “Ide por todo o mundo, pregai o
evangelho a toda criatura” (Mc 16.15; cf. Pv 24.11). E não somente na área
da pregação, mas também na ação social. Que possamos resplandecer as boas obras
entre os homens, afim de que Deus seja glorificado (Mt 5.16)
III. CUIDADOS NA
PRÁTICA DAS BOAS OBRAS
Um princípio fundamental que
devemos avaliar para sabermos se estamos ou não praticando boas obras, são as
nossas intenções. Jesus advertiu severamente aos seus discípulos para que se
guardassem de “exercer a justiça diante dos homens, como o fim de serdes
vistos por eles” (Mt 6.1) e para que não fizéssemos nada pensando em
recompensa (Mt 6.3). O que nos deve motivar à práticas das boas obras é nosso
desejo de obedecer a Deus, que o seu nome seja glorificado (Mt 5.16) e que seu
reino seja estabelecido. “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra
coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Co 10.31). As obras de
misericórdia devem ser feitas com humildade e sem buscar a glória para quem as
pratica. Elas são parte da prática do amor cristão, que, segundo Jesus, deve
ser estendido até mesmo ao inimigo (Mt 5.44). [RENOVATO, Elinaldo. Lições Bíblicas: Tempo,
bens e Talentos. Sendo mordomo fiel
e prudente com as coisas que Deus nos tem dado. Rio de Janeiro:
CPAD, 2019. p. 80.
Contudo, é importante salientar
que mesmo trabalhando sempre para a glória de Deus, ele prometeu nos
recompensar de uma forma justa no dia do seu juízo (Ec 12.14; Mt 16.27; 1ªCo
15.58; Hb 6.10; 1ªPe 1.17; Ap 14.13; 22.12).
CONCLUSÃO
Não somos salvos pelas boas obras, mas as
praticamos porque somos salvos (Mt 5.16). Precisamos testemunhar nossa fé ao
mundo por meio das boas obras. Logo, devemos realizar as obras de misericórdias
no âmbito material e espiritual. O nosso Deus amou o ser humano por inteiro.
Este tem necessidade no corpo e na alma. As obras de misericórdias são o
testemunho bíblico da nossa fé.
Bp. Edson Amorim [EBD
IEADTC]
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos que Deus
requer de seus filhos obras de misericórdias como o fruto do amor cristão. Os
servos de Deus, portanto, devem expressar a virtude da misericórdia divina.
Esse sentimento é o que deve dominar o coração dos cristãos: “Misericordioso e
piedoso é o Senhor; longânimo e grande em benignidade” (Sl 103.8) [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019.
Lição 11, 15 Setembro, 2019]
“O dicionário nos dá a
seguinte definição: “Misericórdia é tratar com compaixão um inimigo”. Roberto
Haldane diz que misericórdia é uma perfeição adorável de Deus, pela qual Ele Se
compadece e alivia os miseráveis. O homem está numa condição de miséria por
causa de sua rebelião contra Deus e merece punição. A misericórdia implica que
o pecador não tem nada a dizer em sua defesa própria. Entendemos o significado
de misericórdia quando o acusado joga-se à misericórdia do juiz. Isto significa
que ele é culpado e não tem mérito com que apelar à lei. Esta é a condição
exata em que nós nos achamos diante do tribunal de Deus. A misericórdia é a
nossa única esperança. Podemos rogar por justiça diante dos homens, mas
rogarmos por justiça a Deus (rogarmos que nos dê o que merecemos) é o mesmo que
pedirmos uma vaga na região dos condenados ao inferno.” (PALAVRAPRUDENTE).
Misericórdia é um atributo moral e um importante
aspecto da bondade e amor de Deus (Ef 2.3-5). “Se a graça de Deus vê o homem
como culpado diante de Deus e, portanto, necessitado de perdão, a misericórdia
de Deus o vê como um ser que está suportando as consequências do pecado, que se
acha em lastimável condição, e que, portanto, necessita do socorro divino.
Pode-se definir a misericórdia divina como a bondade ou amor de Deus
demonstrado para com os que se acham na miséria ou na desgraça,
independentemente dos seus méritos. Em Sua misericórdia Deus se revela um Deus
compassivo, que tem pena dos que se acham na miséria e está sempre pronto a
aliviar a sua desgraça.” (Louis Berkhof, Teologia Sistemática, Editora
Cultura Cristã). É um atributo moral de Deus que pode ser repetido pelo homem,
e deve ser expressado por todo aquele que experimentou o novo nascimento! Ter
misericórdia por alguém, desejar amenizar seu sofrimento, sentir-se triste com
a miséria de outra pessoa e querer ajudar, é o sentimento natural para a nova
criação. Um cristão que não mostra misericórdia nem compaixão pelos
necessitados demonstra que nunca respondeu à grande misericórdia de Deus e,
como uma pessoa não redimida, somente receberá o castigo rigoroso e total no
inferno (Mt 5.7). A misericórdia triunfa sobre o juízo. A pessoa cuja vida é
caracterizada pela misericórdia está preparada para o dia do juízo e escapará
de todas as acusações que: a justiça rigorosa poderá apresentar contra ela
porque, ao mostrar misericórdia para com os outros, ela dá prova genuína de que
recebeu a misericórdia dc Deus. Vamos pensar maduramente nossa fé?
I. SIGNIFICADO
DE MISERICÓRDIA
1. Definição. A palavra “misericórdia” vem do latim (misericordia) e
significa “compaixão suscitada pela miséria alheia”; “indulgência, graça,
perdão”. No Antigo Testamento, o termo está presente em textos como:
“Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha
vida; e habitarei na Casa do Senhor por longos dias” (Sl 23.6). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019.
Lição 11, 15 Setembro, 2019]
A palavra hebraica mais geralmente empregada para
esta perfeição divina é “chesed”; “racham” é outro termo
hebraico, às vezes traduzida por “terna misericórdia”. No Novo
Testamento temos o termo grego “eleos”. “Quando Moisés viu Deus de
costas, ele também ouviu uma proclamação que definia o Deus de Israel como
Misericordioso: “Senhor, o Senhor Deus, misericordioso e piedoso, tardio em
irar-se e grande em beneficência e verdade; Que guarda a beneficência em
milhares; que perdoa a iniquidade, e a transgressão e o pecado…” (Ex. 34:6). No
entanto, sempre que observamos as raízes das palavras em Hebraico, podemos
encontrar conexões incríveis! Por exemplo, o verbo LeRachem (לרחם), que
significa ter misericórdia ou pena, está conectado com outras palavras, como
“querido” ou “amado” (Rachim – רחים), que claro significa que para o povo
semita alguém que você ama é caracterizado pela misericórdia. Você não pode
amar sem ser misericordioso. O mais intrigante é que a raiz da palavra
misericórdia também está conectada com a gravidez. Em Hebraico, o útero, órgão
que abriga o embrião desde a sua concepção até o nascimento, é chamado de
Rechem (רחם). Então o milagre da concepção e proteção do embrião é definido em
termos de misericórdia. - Eli Lizorkin-Eyzenberg” (CACP.ORG).
“A expressão misericórdia tem origem latina, é
formada pela junção de miserere (ter compaixão), e cordis (coração). "Ter
compaixão do coração", significa ter capacidade de sentir aquilo que a
outra pessoa sente, aproximar seus sentimentos dos sentimentos de alguém, ser
solidário com as pessoas.” (SIGNIFICADOS).
2. Misericordioso. A palavra “misericordioso”, no grego, tem o sentido de
“entranhas de misericórdia ou de bondade”. A expressão indica o sentimento que
vem do íntimo, “das entranhas”, do “coração”. Ela mostra que servimos a um Deus
de misericórdia, longanimidade e benignidade (Sl 103.8). Essas são qualidades
morais de Deus. Quem se identifica com Ele, por meio do Espírito Santo, deve manifestar
tais qualidades morais (Gl 5.22). [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 11, 15 Setembro, 2019]
O Novo Testamento apresenta uma maneira de viver que
é inseparável da misericórdia de Deus - “Sede misericordiosos como o Pai é
misericordioso” (Lc 6.36). Os filhos de Deus devem portar a indelével marca
do caráter moral divino. Uma vez que Deus é amoroso, gracioso e generoso - até
mesmo para com aqueles que são seus inimigos — devemos ser como ele (Mt
5.44-45; Ef 5.1-2). Gálatas 5.22-23 traças as atitudes piedosas que
caracterizam a vida somente daqueles que pertencem a Deus pela fé em Cristo e
possuem o Espírito de Deus. O Espírito produz o fruto que consiste de nove
características ou atitudes as quais estão, de modo insolúvel, ligadas umas às
outras e são ordenadas aos cristãos ao longo de todo o Novo Testamento. Assim,
ser misericordioso, aos moldes de Deus, é característica única daquele que já
experimentou o novo nascimento. Se você é insensível à dor e sofrimento alheio,
reavalie a sua salvação. Ser misericordioso é a marca do cristão! No antigo
oriente, quando as pessoas queriam se referir ao ‘coração’, ao centro das
emoções, usavam o termo ‘entranhas’; órgãos que ficam na barriga e no
peito, como os intestinos, o fígado, o coração (2Sm 20.10; At 1.18; Sl 71.6; Jn
1.17; Gn 43.30; Sl 5.9; 62.4; Is 16.11; Cl 3.12).
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Ao
final da exposição de toda a lição, proponha aos alunos uma atividade prática de
obras de misericórdia. As possibilidades são inúmeras: (1) arrecadar alimentos
para quem precisa; (2) doar sangue; (3) arrecadar roupas para quem precisa; (4)
visitar os enfermos no hospital e nas casas; (5) identificar a necessidade
concreta de um irmão ou uma irmã, e mobilizar uma ação a fim de resolver tal
necessidade. Enfim, essas são algumas sugestões, mas as necessidades e as
possibilidades de fazer a diferença na vida das pessoas são de perder de vista.
O importante, que após a aula, seus alunos sintam-se mobilizados a agir. Lembre
que na perspectiva cristã, o amor não deve ser demonstrado somente por
palavras, mas principalmente, pelas obras.
II. A
MORDOMIA DA MISERICÓRDIA CRISTÃ
A misericórdia é como o amor, pois ela só tem
valor se for praticada. As obras de misericórdia estão inseridas no contexto
das “boas obras” inerentes à vida de todos os salvos em Cristo Jesus.
1. Obras de misericórdia na
prática. Na parábola do Bom
Samaritano (Lc 10.25-37), Jesus respondeu a um “um doutor da lei” acerca da
vida eterna. Ele diz que, diante de um homem assaltado, caído à beira do
caminho, três personagens se destacam: primeiro, um sacerdote, que, vendo o
homem caído, “passou de largo” (Lc 10.31); depois, um levita, que ignorou o
enfermo; por fim, um samaritano, que cuidou do homem, e o levou a uma
hospedaria. Veja a pergunta de Jesus ao doutor da Lei: “Qual, pois, destes três
te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?”. O
doutor da lei respondeu: “O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois,
Jesus: Vai e faze da mesma maneira” (Lc 10.36,37). Nosso Senhor mostrou que a
misericórdia não deve ser apenas um “sentimento”, mas uma ação diretiva: “Vai e
faze da mesma maneira”. [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 11, 15 Setembro, 2019]
No texto citado de Lucas 10.25-37, Jesus responde a
um questionamento de um intérprete da Lei, um escriba que supostamente era um
especialista na lei de Deus. Ele havia perguntado ao Mestre: “que farei para
herdar a vida eterna?” (v. 25); Esta mesma pergunta é feita por vários
outros inquiridores (Lc 18.18-23; Mt 19.16-22; Jo 3.1-15). Naqueles dias, com
base no SI 139.21-22, a opinião prevalecente entre os escribas e fariseus era
que os próximos de urna pessoa eram apenas os justos. O pensamento comum era de
que, os ímpios, os gentios e especialmente os samaritanos, deveriam ser odiados
porque eram inimigos de Deus. Jesus ensina ao escriba, que a misericórdia é
temperada com um amor genuíno (Lc 6.27-36; Mt 5.44-48). Note aqui que, um
entendimento equivocado de um texto bíblico (Sl 139.21-22), levou aqueles
doutores a entenderem que a hostilidade para com os ímpios era uma virtude, e
de fato, anularam o segundo grande mandamento. Na parábola contada por Jesus,
temos um sacerdote, um levita e um samaritano; Os levitas eram da tribo de
Levi, mas não descendentes de Arão. Eles ajudavam os sacerdotes nos trabalhos
do templo. O samaritano levava em seu alforje óleo e vinho (10.34), levado pela
maioria dos viajantes, em pequenas quantidades, como um tipo de estojo de
primeiros socorros. O vinho era anticéptico; o óleo era calmante e curativo.
Este homem desprezado pelos judeus, dispensou a quantia equivalente ao salário
de dois dias de trabalho, que era mais do que suficiente para que o homem
ficasse hospedado até se recuperar. Um Denário era o valor de um dia de salário
do soldado romano (O Denário da época de Jesus foi cunhado por Tibério. Em um
lado havia uma imagem de seu rosto; do outro lado, havia a imagem dele sentado
no seu trono em vestes sacerdotais. Os judeus consideravam tais imagens como
idolatria, proibida pelo segundo mandamento (Êx 20.4), o que tornava essa
taxação e essas moedas duplamente ofensivas). Com esta narrativa, Jesus inverte
a pergunta do escriba, que achava que deveria ser iniciativa dos outros
mostrarem-se próximos dele. A resposta de Jesus deixa claro que cada um tem a
responsabilidade de ser um próximo, especialmente daqueles que estão em
necessidade.
2. Somos criados para as boas
obras. O apóstolo Paulo
ensinou aos crentes de Éfeso que a salvação não vem pelas obras, “porque pela
graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. [...]
Porque somos [...] criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus
preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.8,10). Assim, devemos praticar as
boas obras porque somos salvos, e fomos alcançados pela graça de Deus: “[...]
os que creem em Deus procurem aplicar-se às boas obras; estas coisas são boas e
proveitosas aos homens” (Tt 3.8). Dentre as boas obras, podemos listar algumas
obras de misericórdia:” [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 11, 15 Setembro, 2019]
As boas obras
não podem gerar a salvação, mas seguem imediatamente a salvação e são o
resultado dos frutos concedidos por Deus e evidências deles (Jo 15.8; Fp
2.12-13; 2Tm 3.17; Tt 2.14; Tg 2.16-26). Como a salvação, a santificação do
cristão e as boas obras foram ordenadas antes que o tempo tivesse início, para
que andemos nelas, ou seja, coloquemos em prática.
2.1. Na área das necessidades
humanas. Quem faz obras de
misericórdia em prol dos carentes, necessitados e vulneráveis sociais está
fazendo ao próprio Cristo (Mt 25.35,36), pois assim as Escrituras afirmam: “E,
respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um
destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25.40).” [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019.
Lição 11, 15 Setembro, 2019]
Em Mateus 25.40, “um destes meus pequeninos
irmãos”, refere-se em particular a outros discípulos. Alguns aplicariam
isso à nação de Israel; outros às pessoas necessitadas em geral. Mas note que
este texto é a sequencia do que está no versículo 34, Jesus está elogiando
especificamente os "que estiverem à sua direita" pela maneira
como receberam seus emissários. Em Gálatas 6.10, Paulo diz que toda a vida do
cristão fornece o privilégio único por meio do qual ele pode servir a outros em
nome de Cristo, principalmente aos da família da fé - nosso
amor pelos irmãos na fé é a prova principal de nosso amor por Deus. “A Bíblia diz que cada crente deve ter misericórdia de outras pessoas,
porque Deus tem misericórdia dele(Mateus 5:7).
Para isso, precisamos ver os outros como pessoas iguais a nós, com problemas e
dificuldades mas com valor. Peça a Deus para tornar seu coração sensível a
outras pessoas, sentindo misericórdia de seu sofrimento. Se você se sentir
zangado, irritado ou ameaçado por alguém, lembre-se que essa pessoa é humana
como você e que também precisa de misericórdia (Oséias 6:6).” (RESPOSTAS)
2.2. Na área das necessidades
espirituais. As necessidades espirituais
do homem são tão urgentes, que Deus enviou o seu Filho para salvá-lo de sua
miséria (Jo 3.16). Esse ato nos lembra quando o profeta Jonas entristeceu-se
por causa da compaixão de Deus pelo povo de Nínive. Eis, porém, o que o Senhor
lhe respondeu: “[...] e não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive,
em que estão mais de cento e vinte mil homens, que não sabem discernir entre a
sua mão direita e a sua mão esquerda, e também muitos animais?” (Jn 4.11). Isso
prova, conforme as palavras de Tiago, que “a misericórdia triunfa no juízo” (Tg
2.13). [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 11, 15 Setembro, 2019]
Uma pessoa que não mostra misericórdia nem compaixão
pelos necessitados demonstra que nunca respondeu à grande misericórdia de Deus
e, como uma pessoa não redimida, somente receberá o castigo rigoroso e total no
inferno (Mt 5.7). A pessoa cuja vida é caracterizada pela misericórdia está
prepararia para o dia do juízo e escapará de todas as acusações que a justiça
rigorosa poderá apresentar contra ela porque, ao mostrar misericórdia para com
os outros, ela dá prova genuína de que recebeu a misericórdia de Deus.
2.3. Na área da evangelização e
das missões. As Escrituras
Sagradas mostram que a obra de evangelização e missões é central no Evangelho:
“Não dizeis vós que ainda há quatro meses até que venha a ceifa? Eis que eu vos
digo: levantai os vossos olhos e vede as terras, que já estão brancas para a
ceifa” (Jo 4.35; cf Mc 6.34). É muito clara a necessidade espiritual do mundo.
Infelizmente, o investimento na obra missionária ainda é muito pequeno. De um
modo geral, gastamos mais com outros empreendimentos e objetos pessoais do que
investimos em missões e na evangelização das almas perdidas. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019.
Lição 11, 15 Setembro, 2019]
“O centro das boas novas
anunciadas por Jesus Cristo, que é a suma da esperança e da fé dos crentes do
Antigo Testamento, é a apresentação do Deus das misericórdias. Deus se compraz
em mostrar misericórdia para com os pecadores arrependidos. Deus revela-se
misericordioso sempre que invocado, pela fé, por homens e mulheres ruborizados
pelo pecado, impotentes frente ao mal e incapazes de fiados em justiça própria,
consertar a própria vida. A misericórdia da parte de Deus é uma ação criadora,
que transforma a realidade, que cria nova oportunidade, nova vida, novas
energias para continuarmos seguindo em frente.” (ULTIMATO). A única maneira que o mundo tem para enxergar a salvação e
ter acesso às infinitas misericórdias de Deus é através da Igreja. Cientes
disto, o cristão deve exercer misericórdia também com a obra missionária.
Quantos missionários estão ‘gastando’ suas vidas e sacrificando a vida de seus
familiares no Campo, e em sua imensa maioria, padecendo necessidades? A
misericórdia é um santo antídoto contra as mais variadas enfermidades que
grassam em nosso mundo, e ela deve ser manifestada no amor por Missões, por
aqueles que estão na ponta da linha levando o Evangelho.
2.4. A falta de misericórdia
pelos pecadores. Há uma negligência
flagrante, por parte de muitas igrejas, na pregação do Evangelho. Isso é falta
de misericórdia. A Bíblia mostra que Deus “amou o mundo”, e não um grupo seleto
e privilegiado. Ele quer salvar a todos em Jesus Cristo. O nosso Deus é amor,
longânimo e misericordioso. Ele não tem “prazer na morte do ímpio” (Ez 33.11).
A ordem do Senhor Jesus é muito clara: “Ide por todo o mundo, pregai o
evangelho a toda criatura” (Mc 16.15; cf. Pv 24.11). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019.
Lição 11, 15 Setembro, 2019]
O ensino das Escrituras é que Deus não tem nenhum
prazer em ver o pecador sendo entregue à morte por causa de seus pecados, mas
seu desejo era que ele se arrependa e viva (2Pe 3.9). A resposta divina para os
questionamentos humanos é "arrependa-se e seja salvo". Aqui
temos uma mistura de compaixão e de exigência da santidade de Deus. O
arrependimento e o perdão são oferecidos a todos.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“[...]
Em Efésios 2.10, Paulo se refere às boas obras como indispensáveis à salvação –
‘não como sua razão ou seus meios, no entanto, mas como sua [necessária]
consequência e evidência’. Tito 2.14 apresenta o melhor comentário: Cristo ‘se
deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda iniquidade e purificar para si um
povo seu especial, zeloso de boas obras’. Assim como em Cristo fomos predestinados
à adoção (1.4), também em Cristo fomos predestinados a fazer boas obras.
Em Efésios 2.1-10, o texto
termina com a frase ‘para que andássemos nelas’. Esse parágrafo começa com
pessoas ‘andando’ (peripateo) na morte das transgressões e do pecado
(2.1-2) e estas terminam ‘andando’ (peripateo) nas boas obras que,
antecipadamente, Deus planejou para todos os que foram redimidos em Cristo.
Assim o forte contraste entre uma vida sem Cristo e uma vida em Cristo está
completo. É um contraste entre duas formas de vida (no pecado ou pela graça), e
entre dois senhores (Satanás ou Deus)” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento.
Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.1217-218).
III. CUIDADOS NA PRÁTICA DAS BOAS
OBRAS
1. As boas obras devem
glorificar a Deus. No Sermão do
Monte, Jesus disse: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que
vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus” (Mt
5.16 – grifo meu). Por isso, as obras de misericórdia devem ser feitas com
humildade e sem buscar a glória para quem as pratica. Assim, o Senhor ensinou
como devemos ajudar o necessitado: “Quando, pois, deres esmola, não faças tocar
trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para
serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu
galardão” (Mt 6.2). [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 11, 15 Setembro, 2019]
Uma vida piedosa dá um testemunho convincente do
poder salvador de Deus e isso lhe traz glória (1Pe 2.12). Jesus mostra como a
justiça dos fariseus era deficiente ao expor a hipocrisia deles nas questões de
atos de caridade (Mt 6 1-4). A palavra ‘hipócrita’ tem sua origem no teatro
grego, descrevendo um personagem que usava uma máscara. O termo, conforme usado
no Novo Testamento, normalmente descreve uma pessoa não regenerada que engana a
si mesma, eles já receberam a recompensa. Sua recompensa é que eles eram vistos
pelos homens, e nada mais. Deus não recompensa a hipocrisia, mas a pune (Mt
23.13-23).
2. As obras de misericórdia são
obras de amor. Elas são parte da
prática do amor cristão, que, segundo Jesus, deve ser estendido até mesmo ao
inimigo (Mt 5.44). Nesse sentido, o apóstolo expressa esse ensino: “Portanto,
se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber;
porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça” (Rm 12.20).
Somente com a graça de Deus, e na força do Espírito Santo, o cristão pode
cumprir o mandamento de amar o inimigo. [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 11, 15 Setembro, 2019]
Quando no sermão do monte, Jesus ensina - “amai os
vossos inimigos... para que vos tomeis filhos do vosso Pai celeste” -
claramente que o amor de Deus se estende até mesmo aos seus inimigos. Podemos
ver esse amor universal de Deus manifesto em bênçãos concedidas a todos de
maneira indiscriminada. Os teólogos chamam isso de graça comum, o que não é a
mesma coisa que o amor eterno de Deus pelos seus eleitos (Jr 31.3), mas
trata-se, de qualquer maneira, de boa vontade sincera (cf. SI 145.9). Quando
fazemos o bem aos nossos inimigos, amontoaremos “brasas vivas sobre a sua
cabeça”. ‘Amontoar brasas’ refere-se a um costume antigo dos egípcios no qual
uma pessoa que quisesse demonstrar público arrependimento carregava uma panela
de brasas vivas sobre a cabeça. As brasas simbolizavam a dor ardente de sua
vergonha e culpa. Quando os cristãos ajudam seus inimigos com amabilidade, esse
procedimento causa vergonha para essas pessoas pelo seu ódio e animosidade (Pv
25.21-22).
3. Obras de quem é salvo. Tiago diz que as obras dos salvos devem ser a expressão da
fé, a qual, sem elas, de nada aproveita. Ele exemplifica esse ensino
referindo-se ao caso de um irmão ou irmã, carentes, sendo despedidos de mãos
vazias. Neste caso, nenhum proveito se materializa. E conclui: “Assim também a
fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma” (Tg 2.17; cf. 2.14-20; Mt
5.16). Segundo Tiago, as boas obras é o testemunho da fé perante os homens. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019.
Lição 11, 15 Setembro, 2019]
“Contemplar a
misericórdia de Deus enche a alma redimida de humildade e louvor, duas virtudes
de grande valor à vista de Deus. E o que Deus valoriza, certamente deve ser
buscado por nós. Se Deus despreza o orgulho, devo buscar a humildade. Se Deus
apraz-Se com um espírito de gratidão, devo buscar um espírito de gratidão. É
natural buscarmos as coisas estimadas pelos homens; é sobrenatural buscarmos as
coisas aprovadas por Deus. O mundo admira um espírito de orgulho e de autossuficiência
e, portanto, são homens como Napoleão e outros valentes de guerra que são
heróis para o mundo. Mas é o espírito quieto e humilde que é de grande preço à
vista de Deus. 1 Pedro 3:4. E nada nos fará mais humildes e gratos que a
contemplação da misericórdia de Deus. A misericórdia nos faz relembrar nosso
estado de miséria como filhos da ira. Misericórdia explica nossa salvação. Sem
misericórdia seríamos consumidos pela ira da justiça divina.” (PALAVRAPRUDENTE). Assim como a compaixão professada sem ações é falsa, o
tipo de fé que carece de obras é uma mera profissão vazia, e não a genuína fé
que salva.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“As Obras São a Evidência da Fé [Tiago] (2.14-19). Nesse ponto, Tiago apresenta seu segundo exemplo da necessidade
de existir uma consistência entre palavras e obras e, nesse processo, introduz
o argumento da inseparabilidade entre a ‘fé’ e as ‘obras’ que, necessariamente,
deve se originar dessa consistência. Ele abre essa seção com duas perguntas retóricas
(v.14): ‘Meus irmãos, que aproveita [ou, qual é o benefício] se alguém disser
que tem fé e não tiver as obras?’ Fica claro que Tiago tem em vista dois ‘benefícios’
especiais que deveriam se originar da ‘fé’. O primeiro é apresentado na sua
segunda pergunta retórica: ‘Porventura, a fé pode salvá-lo? A fé deveria ser capaz
de proporcionar o benefício da salvação àquele que a possui; se não o fizer,
então essa fé é, de certo modo, defeituosa (mas não uma falsa fé). Porém, a fé
deveria também ter uma segunda finalidade: beneficiar os semelhantes mostrando
a bondade de Deus para com eles (vv.15,16).
Essa
dupla preocupação por tudo de ‘bom’ que a fé deveria proporcionar representa
uma importante lembrança para a nossa cultura individualista. Fé não é apenas
salvar a alma individual do julgamento eterno, mas também construir comunidades
a fim de mostrar o amor de Deus não só no meio dos próprios crentes, mas também
no mundo em que vivem” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio
de Janeiro: CPAD, 2003, pp.1672-73).
CONCLUSÃO
Não somos salvos pelas boas obras, mas as praticamos porque somos salvos (Mt
5.16). Precisamos testemunhar nossa fé ao mundo por meio das boas obras. Logo,
devemos realizar as obras de misericórdias no âmbito material e espiritual. O
nosso Deus amou o ser humano por inteiro. Este tem necessidade no corpo e na
alma. As obras de misericórdias são o testemunho bíblico da nossa fé. [Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 11, 15 Setembro, 2019]
Tiago
escreve em 2.19: “Crês, tu, que Deus é um só?” - uma referência clara à
passagem mais conhecida pelos seus leitores judeus: a Shemmah (Dt 6.4-5), a
doutrina mais básica do Antigo Testamento; e ele continua: “Fazes bem. Até
os demônios creem e tremem”. Até os anjos caídos afirmam a unicidade de
Deus e tremem diante das implicações dessa unicidade. Isso é importante para
nós porque esclarece que a ortodoxia somente, não é prova suficiente de que
somos salvos! Os demônios são, em essência, ortodoxos em sua doutrina (Mt
8.29-30; Mc 5.7; Lc 4.41; At 19.15). Eles conhecem a verdade acerca de Deus, de
Cristo e do Espírito, mas odeiam tanto a verdade como ao Deus Trino. Logo, a fé
verdadeira é demonstrada através da prática das boas obras, do exercício
daquilo para o que fomos preparados. É preciso exercitarmos o dom de
misericórdia, o dom de mostrar interesse por aqueles que sofrem dor e passam
por dificuldades, como também a capacidade de perdoar rapidamente (Mt ,5.7; Rm
12,8).
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário