quinta-feira, 22 de agosto de 2019

LIÇÃO 8: A MORDOMIA DO TEMPO


COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I
Quando o tempo começou? Foi Deus quem criou o tempo? Essas e outras perguntas são feitas por quem deseja entender a dimensão temporal face a eternidade, quando não existe o tempo. Ate onde podemos alcançar, antes de Deus criar o Universo e o homem, não existia o tempo como hoje percebemos. Deus e eterno. Está escrito: “Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus” (SI 90.2). Esse texto mostra-nos que o Senhor sempre existiu fora do tempo, pois Ele e Deus “de eternidade a eternidade”, ou seja, numa dimensão fora do tempo.
Ha teólogos que entendem que Deus vive no tempo, e não fora dele. A Bíblia, porem, demonstra que Deus sempre esteve e está fora do tempo. Se Ele vivesse “no tempo”, não seria eterno. Diz o salmista: “O teu trono esta firme desde então; tu és desde a eternidade” (SI 93.2). Deus não esta no tempo, mas e Deus “desde a eternidade”, que e a dimensão onde não há começo nem fim, nem passado, presente ou futuro. No entanto, ao criar o Universo a partir do nada (lat. Ex nihilo) e o homem a partir dos elementos químicos que ha no pó da terra, Deus deu ao homem a dimensão do tempo antes da Queda. O ser criado teve começo e foi originalmente programado para ter uma “vida terrena eterna” sem passar pelo aguilhão da morte. O homem, antes da Queda, viveria numa dimensão que teve começo, mas que não teria fim. Porem, ao cair na armadilha do Diabo e ter experimentando o pecado, o ser humano, a partir do ato da desobediência – ou seja, ao comer do “meio de prova” que Deus colocara diante dele, tendo sido advertido de que, se desobedecesse, certamente haveria de morrer —, conheceu a dimensão do tempo em sua abrangência plena: conheceu o passado, o presente e passou a ter a expectativa incerta do futuro. O ser humano saiu da dimensão da eternidade e mergulhou na dimensão do tempo com todas as implicações espirituais, morais e físicas, que  alcançariam ao longo de sua nova situação perante Deus e perante si mesmo.
Assim, a origem do tempo, segundo a Bíblia, está na interferência de Deus no planeta Terra ao criar o homem. A princípio, seria para o homem viver para sempre. Todavia, depois da Queda, ele perdeu o direito a vida eterna e passou a perceber, vislumbrar e experimentar o relacionamento com o tempo. Essa e a origem do tempo conforme a Palavra de Deus. Há, no entanto, outras explicações históricas para a origem e o significado do tempo.
A palavra “tempo” na Bíblia pode ser vista tanto no Antigo Testamento, escrito em hebraico, como no Novo Testamento, escrito em grego. No hebraico, as palavras mais usadas são yom, com o sentido de “dia, tempo”, e éth, significando tempo. No grego do NT, há termos que são mais bem compreendidos quanto ao significado de tempo. São as palavras kairós, com o sentido de “tempo, tempo fixo ou ponto no tempo”, e chronos, que é “tempo” ou “tempo estendido”. As palavras gregas mostram, definitivamente, certa distinção entre o tempo de uma forma pontual ou momentos precisos de tempo (kairoi) e o tempo com um intervalo que tem uma duração (chronos).
Texto extraído da obra “Tempos, bens e talentos”, editada pela CPAD

SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

O tempo é igualitário para todos. Saber como usá-lo é a chave para a vida plena. No capítulo 5 da epístola aos Efésios, Paulo inicia o texto com o imperativo “sede”, do verbo “ser”. No versículo seguinte o apóstolo continua com “andai”, (v.2). Em seguida, aponta “sabeis” (v.5); e, o ensino continua com “não sejais” (v.7) e “não comuniqueis” (v.11). Tudo começa com “ser” imitador (gr: mimêtês), ou seja, praticar a mimese, procurar ser igual. Enfim, Paulo diz: “vede”! (Gr: blépô) “prudentemente como andais, [...] remindo o tempo”.
O primeiro objetivo específico dessa lição é o conceito de tempo. A palavra utilizada por Salomão no texto da lição (Ec 3.1-8), possui o sentido de “tempo; tempo determinado / exato, momento; época”. A Septuaginta traduz por kairós. (confira também zeman (Ec 3.1; Ne 2.6). Os outros dois objetivos são: salientar a mordomia e mostrar como aproveitar o tempo.

I. CONCEITOS IMPORTANTES

No âmbito da gramática, o tempo refere-se à categoria gramatical que indica o momento em que se realiza a ação. Pode-se distinguir o tempo absoluto (que é medido com base no falante e em relação ao momento da enunciação) do tempo relativo (que se mede relativamente ao já mencionado tempo absoluto).
1. A palavra tempo. O substantivo grego “krónos” (LXX) tempo (Mt 25.19; Lc 8.27; Jo 7.33; At 1.7; 14.3, 28; 17.30; Rm 16.25; 1ªCo 16.7; Gl 4.4; Hb 5.12; Ap 6.11) - demora, prazo, tempo, (Ap 2.21; 10.6), [crono, prefixo de vários vocábulos, e. g. cronologia, cronômetro].
Outros conceitos. S.m. 1. A sucessão dos anos, dos dias, das horas, etc., que envolve, para o homem, a noção de presente, passado e futuro. 2. Momento ou ocasião apropriada (ou disponível) para que uma coisa se realize. 3. Época. 4. As condições meteorológicas. 5. Estação, quadra. 6. Gram. Flexão indicativa do momento a que se refere o estado ou a ação verbal. 7. Mús. Cada uma das partes, em andamentos diferentes, em que se dividem certas peças musicais, como a sonata, a suíte, o quarteto, etc.; movimento. 8. Mús. Andamento. 9. Mús. Duração de cada uma das unidades do compasso. (Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa - Nova Fronteira, 1988. p. 629).
Do latim tempus, a palavra tempo é a grandeza física que permite medir a duração ou a separação das coisas mutáveis/sujeitas a alterações (ou seja, o período decorrido entre o estado do sistema quando este apresentava um determinado estado e o momento em que esse dito estado registra uma variação perceptível para o observador).
Esta grandeza, cuja unidade básica é o segundo (para referência), permite ordenar os sucessos em sequências, estabelecendo assim um passado, um presente e um futuro. O tempo dá lugar ao princípio de causalidade, que é um dos axiomas do método científico.
No entanto, a ideia de passado, presente e futuro diz respeito a um tempo singular, ocorrendo somente uma única vez. Ou seja, uma pessoa vivencia uma situação agora, no entanto não a sente, uma vez que ela se tornou algo do passado.
Uma declaração feita por Albert Einstein (1879-1955) foi que passado presente e futuro é trata-se de “uma ilusão”, ou seja, estas três etapas se tratam de projeções mentais, existem apenas na consciência humana.
Ainda segundo Einstein, o tempo e o espaço são independentes, sendo o tempo um fluxo infinito de movimentos e de mudanças. A cronologia permite datar os momentos em que ocorrem determinados acontecimentos. Trata-se de uma linha de tempo onde se pode representar graficamente os momentos históricos em pontos e os processos em segmentos.
2. O tempo na Bíblia e na Teologia. Existem inúmeras palavras hebraicas e gregas na Bíblia que denotam os vários aspectos do tempo. Os termos mais importantes são os hebraicos yom, dia, tempo, e ‘eth, tempo Gn 18.10; e os gregos kairós, tempo, tempo fixo ou ponto no tempo; e khrónos, tempo, tempo estendido. As palavras gregas mostram, definitivamente, certa distinção entre o tempo de uma forma pontual ou momentos precisos no tempo (), e o tempo como um intervalo que tem uma duração khrónos. Cristo usou essas duas palavras quando disse aos seus discípulos; “Não vos pertence saber os tempos [] ou as estações []” (At 1.7), e parece que estava fazendo a distinção entre períodos de tempo, como a Era da Igreja e o Milênio, e ocasiões pontuais, como seu retorno e o dia do juízo. (Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD, 2007. pp 1917-1918 com adaptações).
Deus e o tempo. Na Bíblia, Deus é revelado como o Criador do tempo, e como alguém que age no tempo. Ele criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo. Mesmo antes da criação o tempo aparece como se Ele e o Filho tivessem planejado nossa redenção e a registrado em seu livro (Sl 40.7), Depois da segunda vinda de Cristo o tempo irá continuar e os redimidos estarão vivendo e reinando eternamente com Deus, literalmente, “para todo o sempre” (Ap 11.15; 22.5). O uso do termo “dia”, para cada um dos seis passos da criação, não vai contra a aplicação do tempo a Deus e suas ações, mesmo sabendo que “um dia para o Senhor e como mil anos, e mil anos, como um dia” (2ªPe 3.8; Sl 90.4). Deus pode estender nosso tempo e examinar meticulosamente cada momento (da mesma maneira como podemos escrever um livro sobre a experiência de um momento) ou comprimi-lo de tal forma que mil anos pareça um dia (como podemos resumir um milênio em uma sentença). Porém, isso não nega a existência do tempo; serve apenas para revelar sua importância. (Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD, 2007. pp 1917-1918 com adaptações).
3. O tempo aiôn, aiônos. O idioma grego possui outra palavra para “tempo”. É utilizado, por exemplo, em Lucas (1.55): “Como falou a nossos pais, Para com Abraão e a sua posteridade, para sempre”; em João 4.14 diz: “Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna”; por Paulo: “Conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; A sua justiça permanece para sempre” (2ªCo 9.9).
A Septuaginta utiliza no Salmo 112.9; Gn 13.15; Dt 5.29; Js 4.7; etc. Salomão utiliza em Provérbios (8.23) “Desde a eternidade fui ungida, desde o princípio, antes do começo da terra”.
- 1. tempo muito longo, eternidade; no passado, tempos antigos, eras há muito passadas Lc 1.70; desde que o mundo começou Jo 9.32.

II. A MORDOMIA DO TEMPO

E ele, chamando-o, disse-lhe: Que é isto que ouço de ti? Dá contas da tua mordomia, porque já não poderás ser mais meu mordomo” (Lc 16.2).
Nesse texto de Lucas, a palavra utilizada para “mordomia” é oikonomía (daí, economia) oikós = casa = nómos = norma. Já a palavra “mordomo” é é administrador ou “mordomo”. Talvez não traduzam muito bem o Grego oikonoméô (cf. 12-42), mas não é fácil achar uma tradução melhor, pois atualmente já não exista este cargo, (embora o “feitor” escocês, ainda exista, e realize a mesma função).
1. Remindo o tempo. O tempo é um bem que não podemos recuperar. O ensino bíblico nos aponta “como” administrá-lo. No texto aos Efésios (5.15-16), Paulo aconselha atentar akribôs = cuidadosamente, acuradamente usufruir o tempo.
Andar, peripatéô literalmente andando em redor, dando voltas, ir, andar. ecsagorádzô redimir (lit. ‘comprar de volta’) libertar. Gálatas 3.13; 4.5., provavelmente, aproveitar o tempo ao máximo Ef 5.16; Cl 4.5.
2. Contar o tempo. Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios” (Sl 90.12). Uma consequência que parte da natureza do pecado, é o fato de que o humano dificilmente reconhece o relacionamento que existe entre a mortalidade e o pecado, porque vivem para o momento atual. Nesse texto o autor se inclui entre aqueles que precisam desta lição. Ele reflete sobre a efemeridade da vida. Outro autor bíblico reflete para afirmar: “Vaidade de vaidades, diz o pregador, tudo é vaidade” (Ec 12.7). Em resumo, tudo é efêmero!
3. A prestação de contas. De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau” (Ec 12.13-14).
Dois conselhos são expostos pelo sábio: teme yarê’ temer, tributar reverência, ter medo, intimidar, alarmar; e, guarda sharâ guardar, proteger, cuidar, observar, conservar, manter; vigiar; reter; precaver-se, acautelar-se, ter cuidado. O humano prestará contas do tempo que lhe foi concedido para administrar.
A filosofia e o tempo. Aristóteles (384-322 a.C.) lutou com o problema do tempo. A fim de expressar a passagem do tempo, ele argumentava: “Devemos usar números”. Será que os números e o ato de contar vêm antes ou depois dos objetos contáveis? Podemos ter aritmética sem coisas para contar, sem a criação? De outro modo não poderíamos ter o próprio tempo, pois ele mesmo deve ser “contado”. Aristóteles decidiu, portanto, que a contagem, a matemática e o tempo são números finitos que não existiam antes da criação. Ele não percebeu que o ato de contar e a matemática também são possíveis, assim como a teórica possibilidade de contar, e que o tempo, portanto, pode ser uma mera possibilidade do antes e depois e que sua sucessão e inteiramente separada dos números finitos da criação.
Immanuel Kant (1724-1804 d.C.) complicou o quadro filosófico quando argumentou, de outro angulo, contra a existência eterna do tempo. Deus e infinito. Se o tempo e o espaço também são infinitos - como devem ser se são eternos - então temos três infinitos. Mas isso seria impossível porque duas ou mais coisas não podem ser todas infinitas. Logo, Deus deve ser infinito, e o tempo e o espaço, finitos. Segue-se então que não existe tempo ou espaço para Deus. O tempo e o espaço são categorias finitas, e tudo aquilo que conhecemos em termos de tempo e espaço representam conhecimento finito. Como Deus é atemporal e infinito, não estando limitado ao espaço, e o homem conhece as coisas apenas segundo sua categoria de tempo e espaço, de acordo com Kant segue-se que Deus não poderá nunca ser conhecido porque existe uma separação completa entre seu reino de conhecimento e o nosso. (Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD, 2007. pp 1917-1918 com adaptações).

III. COMO APROVEITAR O TEMPO.

O Antigo Testamento vê perfeito propósito na vida que vem da supervisão providencial de Deus, que determina tempos e estações. Cada aspecto da vida tem seu “tempo”: a chuva (Lv 26.4), a queda dos inimigos de Deus (Dt 32.35), a concepção (2ºRs 4.16s.). Daí a grande necessidade de “visão das épocas” (1ºCr 12.32; cf. 8.5). A sabedoria envolve o conhecimento dos “tempos” (Et 1.13). O sábio mantém um ponto de vista: os “tempos” da vida não podem ser conhecidos inteiramente (Ec 9.l) mas, em “todo tempo” (Ec 9.8) a pessoa deve estar contente.
1. Use o tempo para Deus. O tempo é algo precioso. O tempo é valioso, é dito até que “tempo é dinheiro”. Logo, desperdiçar o tempo não é uma coisa saudável, nem para as finanças, nem para a vida social e muito menos para a vida espiritual. O cristão é chamado a perceber e a viver a dimensão do tempo em uma realidade cujo sentido deve ser mais pleno de significado, mais do que o simples suceder das horas e dos dias. O que deve marcar o ritmo do tempo para o cristão é o seu encontro pessoal com Deus, Senhor do tempo e da eternidade. O salmista Davi escreveu: “Por isso, todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder achar; até no transbordar de muitas águas, estas não lhe chegarão” (Sl 32.6. ACF).
O apóstolo recomenda: “Portanto, convém-nos atentar, com mais diligência, para as coisas que já temos ouvido, para que, em tempo algum, nos desviemos delas” (Hb 2.1).
O termo “ouvir”, nas Escrituras, é empregado em dois sentidos distintos: exprimir a capacidade de entendermos sons e expressar a nossa disponibilidade em obedecer à voz de alguém. Assim sendo, a maior necessidade em relação à voz de Deus é não somente escutá-la, mas sim obedecê-la.
2. Use o tempo para você mesmo. A frenética correria dos nossos dias nos impede de perceber e mesmo de viver a vida com inteireza. Nunca temos a sensação de estarmos plenamente presentes em lugar algum. Há sempre um compromisso, um encontro, uma atividade, uma ansiedade em “stand by”, há sempre uma preocupação para daqui a pouco. Sem falar nas muitas metas que nos impomos ou que pesam sobre os nossos ombros. Coisas que devemos alcançar para, inclusive, justificar a nossa existência. Está escrito: “Não sejas demasiadamente ímpio, nem sejas louco; por que morrerias fora de teu tempo?” (Ec 7.17. ACF).
Investir em tempo para si implica, em primeiro lugar, saber “desconectar”, saber apagar o ruído mental e estabelecer uma união delicada, mas autêntica, com nossas necessidades, com nossos pensamentos, medos e vazios para tomar decisões sobre nossa vida. Porque dedicar tempo para si não quer dizer que precisamos sair de férias sempre que o estresse nos asfixiar, que um simples passeio irá solucionar o mal-estar que, dia após dia, nos persegue.
Isto não significa ser egoísta. Quando dedicamos os nossos momentos livres para fazer o que agrada aos outros, curiosamente, revigoramos mais e melhor as nossas forças. Eis aqui também uma manifestação dos grandes paradoxos do amor: quando nos decidimos a não fazer apenas o que nos agrada para nos dedicarmos aos demais parece que estaríamos atirando fora a nossa alegria. Na verdade, porém, somente quando o fazemos é que a encontramos mais forte e duradoura.
Há quem se orgulhe de dizer que nunca tirou férias. E o fazem esperando que formem um conceito de si mesmo como de uma pessoa muito laboriosa, tanto que se dedica a trabalhar, anos e anos, sem uma interrupção sequer. Outros, talvez menos radicais, até admitem a necessidade de dedicar um tempo para o descanso, porém, não sabem exatamente como descansar ou o que fazer com o tempo livre.
É preciso considerar, porém, que o descanso, mais que um direito já quase universalmente reconhecido pelas leis trabalhistas, é também um dever. Trata-se de uma necessidade para cuidarmos da saúde, garantindo uma melhor qualidade de vida para nós e para os que nos estão próximos. Além disso, a família e as pessoas que dependem do nosso trabalho muito podem beneficiar-se dessa pausa periódica, na qual recuperamos as forças, para depois retornar às atividades habituais, com o ânimo renovado e novas disposições para trabalhar mais e melhor.
3. Use tempo para sua família. A família é um elemento-chave não apenas para a “sobrevivência” dos indivíduos, mas também para a proteção e a socialização de seus componentes, transmissão do capital cultural, do capital econômico e da propriedade do grupo, bem como das relações de gênero e de solidariedade entre gerações. Representando a forma tradicional de viver e uma instância mediadora entre indivíduo e sociedade, a família operaria como espaço de produção e transmissão de pautas e práticas culturais e como organização responsável pela existência cotidiana de seus integrantes, produzindo, reunindo e distribuindo recursos para a satisfação de suas necessidades básicas.
Sempre reserve um tempo de qualidade para você e sua família. Um passeio, uma viajem, um elogio, uma brincadeira no parque, uma visita à escola, uma ida ao cabeleireiro com a esposa, uma brincadeira descontraída, etc. A família é o lugar para amarmos e sermos amados.

CONCLUSÃO

Todos os acontecimentos, têm seu lugar definido na ordem do tempo” Gerhard von Rad (1901-1971) Teólogo alemão. “O evento é inconcebível sem seu tempo, e vice- versa”; “Deus está intimamente ligado ao tempo”; “... o próprio relacionamento dEle com os homens exige uma ordenação do tempo para o cumprimento de Seus propósitos” diz Henry Wheeler Robinson (1872-1945) Teólogo inglês. O Pregador toma este conceito do tempo, que permeia todo o Velho Testamento e faz dele a base de seu otimismo. “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu” (Ec 3.1). Use “seu” tempo com sabedoria.

Prof. Nicolas Oliveira [EBD IEADTC] 

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

Segundo a Bíblia, a origem do tempo está na intervenção de Deus ao criar o planeta Terra e o ser humano. No plano original, o ser humano foi criado para viver infinitamente. Mas, após a Queda, ele perdeu o direito à imortalidade e passou a experimentar um relacionamento finito com o tempo, onde passado, presente e futuro trazem a dimensão temporal da vida terrena. Assim, o ser humano percebe que sua existência é efêmera. Portanto, nesta lição estudaremos o conceito de tempo, sua mordomia e proveito. 
Platão, o maior de todos os gregos, definiu, ou alguém pode melhor dizer, descreveu o tempo como a imagem em movimento da eternidade. Essa é uma fraseologia agradável, mas não é muito informativa. Todavia, ela não é inteiramente destituída de significado, pois declara que há uma diferença entre tempo e eternidade, e que a eternidade é uma realidade da qual o tempo é somente uma imagem.” (Tempo e Eternidade por Gordon Haddon Clark. Disponível em: http://www.monergismo.com/textos/tempo/tempo_eternidade_clark.pdf. Acesso em: 19 Ago, 2019). “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, redimindo o tempo, porquanto os dias são maus” (Ef 5.15,16) – Paulo descreve a valiosidade do tempo e afirma que não administrá-lo corretamente é loucura. O tempo não tem somente um princípio, mas um fim; há um futuro, um presente e um passado – sendo a realidade, o presente - o passado não existe mais e o futuro não se desenhou.
O início do tempo, segundo o relato de Gênesis, começou com a criação. ‘Três coisas básicas para o universo criado são: espaço, matéria e tempo. O espaço consiste de três dimensões –– comprimento, largura e altura. Estas são as três dimensões básicas que nos são familiares. A matéria consiste de energia, moção e fenômeno. O tempo consiste de futuro, presente e passado. Este universo foi criado por Deus para Sua glória (Gênesis 1:1; João 1:3; Colossenses 1:16). A essência de Deus não pode ser compreendida, mas Sua existência não pode ser negada (veja Romanos 1:19,20; Apocalipse 4:11). O propósito de Deus na criação está sendo presentemente completado. “Porque dele, e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém” (Romanos 11:36). Por favor, observe que o verso não diz “das”, “por” ou “para” as pessoas. Todas as coisas estão se movendo para a sua consumação para que “ Deus possa ser tudo em todos” (1 Coríntios 15:28). O princípio da criação, portanto, inclui o princípio do tempo” (Eternidade e Tempo, por W. E. Best. Capítulo 1 - Eternidade e Tempo Devem Ser Distinguidos. Disponível em: http://www.monergismo.com/textos/tempo/tempo_1_best.htm. Acesso em: 19 Ago, 2019).
O Tempo é uma Criação de Deus. “Chamou Deus à luz Dia e às trevas, Noite. Houve tarde e manhã, o primeiro dia.” (Gênesis 1:5 RA) O Tempo está submisso à soberania de Deus. Isso significa que não há lugar para o acaso, para a coincidência. Há um Deus que está no controle de tudo. O Tempo é dirigido pela sabedoria de Deus. Deus não apenas está no controle. Ele também dirige com sabedoria o tempo e a história. O Tempo acentua em nós a sede da eternidade. Ao mesmo tempo que devemos usar com sabedoria o tempo que temos aqui, temos em nosso coração a aspiração de um tempo sem cortes, sem rupturas. Somos órfãos da eternidade. Deus colocou em nosso coração esse anseio. O tempo revela a nossa limitação e a grandeza de Deus. Deus habita na eternidade, o que afirma a sua transcendência. Ele está acima de nós. Por outro lado, Ele é o Senhor da nossa história e age nela. É a sua imanência. A Bíblia diz que o homem é como neblina, como relva, como um sonho, para acentuar a brevidade e a fragilidade da vida humana. Diz também, que Deus é de eternidade em eternidade; Ele é o EU SOU. Mil anos para Ele é como um dia e um dia como mil anos.” (Tempo e Eternidade - Eclesiastes 3:1-15. Por Kléber Nobre de Queiroz. Disponível em: http://www.monergismo.com/textos/tempo/tempo_eternidade_kleber.htm. Acesso em: 19 Ago, 2019). – Vamos pensar maduramente a fé cristã?

I. CONCEITOS IMPORTANTES

1. A palavra tempo. Tempo significa “série ininterrupta e eterna de instantes. Medida arbitrária da duração das coisas. Época determinada”. Ele “é a duração dos fatos, é o que determina os momentos, os períodos, as épocas, as horas, os dias, as semanas, os séculos etc.”. Nesse sentido, a palavra tempo pode ter significados variados, dependendo do contexto em que é empregada. O tempo também é sinônimo de época, período, prazo, tempo musical, tempo verbal etc. 
A palavra tempo tem origem no latim. Ela é derivada de tempus e temporis, que significam a divisão da duração em instante, segundo, minuto, hora, dia, mês, ano, etc. Os latinos usavam aevum para designar a maior duração, o tempo. A palavra idade, por exemplo, surgiu de aetatis, uma derivação de aevum.” (Origem da palavra Tempo. Disponível em: https://www.dicionarioetimologico.com.br/tempo/. Acesso em: 19 Ago, 2019).
2. O tempo na Bíblia e na Teologia. Deus criou o tempo. Ele o formou com o objetivo de estabelecer ciclos para suas obras criadas (Gn 1.14). Nesse aspecto, o homem também buscaria o seu Criador no tempo (At 17.26,27). Assim, sem a dimensão do tempo, o homem não compreenderia sua origem, começo, nem muito menos, o conceito de “eternidade”. A Bíblia emprega significados variados, sentidos reais e metafóricos, do tempo. Vejamos: 
No relato de Gênesis 1.14, temos que Deus criou os "luzeiros, o sol, a lua e as estrelas" para proporcionarem luz, mas, sobretudo, para servirem de marcadores de sinais, estações, dias e anos.
2.1. No princípio a eternidade. No Gênesis, o livro das origens de todas as coisas, o primeiro capítulo inicia dizendo: “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). No hebraico, a expressão “no princípio” é bereshit, “princípio de tudo”. A maioria dos estudiosos da Bíblia concorda que esse “princípio” é indefinido, pois é o “tempo de Deus”, ou o seu kairós. João 1.1,2 expressa esse mesmo princípio. 
Em Gênesis 1.1, encontramos a primeira palavra do texto bíblico que dá nome ao livro, ‘Bereshit’; o significado dessa palavra é ‘um tempo indefinido’; não há como definir a duração desse princípio, o que temos de certo é que, conquanto Deus exista eternamente (SI 90.2), o "princípio" marcou o começo do universo no tempo e no espaço. João usou a mesma palavra no sentido absoluto para referir-se ao princípio do tempo-espaço material do universo. Já o termo grego ‘Kairós’ descreve o tempo de Deus, também indefinido, não pode ser mensurado - “para o Senhor um dia é como mil anos e mil anos como um dia” (2Pe 3.3).
2.2. Yom. A palavra hebraica que corresponde ao dia natural de 24 horas. Ou seja, cada dia da semana, do mês, do ano. É o dia a dia no qual Deus nos concede viver. A mordomia do tempo insere-se nesse tempo de Yom, o dia natural. 
Uma análise cuidadosa da palavra hebraica para “dia” e do contexto no qual ela aparece em Gênesis nos leva a concluir que “dia” significa um período literal de 24 horas. A palavra hebraica yom traduzida na palavra "dia" pode significar mais de uma coisa. Pode se referir ao período de 24 horas que a terra leva para girar ao redor do seu eixo (ex: "há 24 horas em um dia"). Pode se referir ao período da luz do dia entre o nascer e o pôr do sol (ex: "é muito quente durante o dia, mas melhora um pouco à noite"). Também pode se referir a um período de tempo não específico (ex: "durante os dias do meu avô…"). Dessa mesma forma a palavra yom (traduzida como "dia") pode significar mais de uma coisa no original. É usada para se referir a um período de 24 horas em Gênesis 7:11. É usada para se referir à luz do dia entre o nascer e o pôr do sol em Gênesis 1:16. Também é usada para se referir a um período de tempo não específico em Gênesis 2:4. Portanto, o que essa palavra significa em Gênesis 1:5-2:2 quando é usada juntamente com números ordinais (ex: "primeiro dia", "segundo dia", "terceiro dia", "quarto dia", "quinto dia", "sexto dia" e o "sétimo dia")? Esses "dias" são períodos de 24 horas ou não? Será que "yom" como é usado aqui pode significar um período de tempo não específico? Como podemos diferenciar? Podemos determinar como "yom" deve ser interpretado em Gênesis 1:5-2:2 simplesmente ao examinar o contexto no qual encontramos a palavra e então ao fazer uma comparação desse contexto com o seu uso no resto das Escrituras. Ao fazer isso, deixamos as Escrituras se interpretarem. Ken Ham, do ministério Cristão chamado Answers in Genesis, escreveu um bom artigo sobre o assunto. Sr. Ham escreveu: "A palavra hebraica para dia (yom) é usada 2301 vezes no Velho Testamento. Fora de Gênesis 1, yom + número ordinal (usado 410 vezes) sempre indica um dia comum, quer dizer, um período de 24 horas. As palavras ‘tarde’ e ‘manhã’ juntas (38 vezes) sempre indicam um dia comum. Yom + ‘tarde’ ou ‘manhã’ (23 vezes cada) sempre indica um dia comum. Yom + ‘noite’ (52 vezes) sempre indica um dia comum". (Gênesis capítulo 1 significa dias literais de 24 horas? Disponível em:https://www.gotquestions.org/Portugues/dias-24-horas.html. Acesso em: 19 Ago, 2019).
2.3. Chronos. É o termo grego para “tempo”, que pode ser medido, contado e definido. Na teologia é considerado o “tempo do homem”, isto é, o tempo cronológico. Além de incluir o “dia” de 24 horas, também refere-se a semanas, meses, anos, décadas etc. É o tempo que pode ser medido, dividido, analisado ou estudado. Nesse sentido, o salmista escreveu: “Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio” (Sl 90.12,14). 
Chronos – “Tempo”, “período de tempo”, “espaço de tempo, longo ou breve”. Chronos serve inicialmente para a designação formal de um espaço de tempo, ou ponto de tempo, refere-se ao tempo cronológico ou sequencial que pode ser medido. Ele controlava o tempo desde o nascimento até a morte, um pensamento Grego era que Chrono representava o tempo que faltava para a morte, uma vez que era impossível fugir do mesmo, todos seriam mais cedo ou mais tarde vencidos (devorados).” (Kairós e chronos, um entendimento sobre o tempo de Deus. Disponível em: http://www.logosdoreino.com.br/kairos-e-chronos-um-entendimento-sobre-o-tempo-de-deus/. Acesso em: 19 Ago, 2019)
2.4. Kairós. É “o tempo de Deus”, que só pode ser definido por Ele mesmo. O apóstolo Pedro revelou que, para Deus, o tempo não pode ser avaliado com as mesmas categorias humanas de medição: “Mas, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos, como um dia” (2Pe 3.8 — grifos meus). Jesus também ensinou que não se pode definir o tempo de Deus (Kairós). “E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder” (At 1.7). 
Kairós – “Tempo”, especialmente um “ponto no tempo”, “momento”, “tempo oportuno”, “oportunidade favorável”, “ponto justo”, “medida certa”, “lugar apropriado”, “aquilo que é conveniente apropriado ou decisivo”. Na teologia passou a ser usado para descrever a forma qualitativa do tempo ou “o tempo de Deus”, o tempo que não pode ser medido, é o tempo da oportunidade, livre do peso das cargas que se passam e da ansiedade das coisas que acontecem antes do tempo, ele se manifesta sempre no presente, instante após instante; Kairós marca os momentos que se tornam inesquecíveis, ainda que tenham sido breves, os gregos acreditavam que com o Kairós poderiam enfrentar o cruel e tirano Chronos. Quando se fala em Kairós se quer indicar que alguma coisa aconteceu tornando possíveis ou impossíveis certas coisas.” (Kairós e chronos, um entendimento sobre o tempo de Deus. Disponível em: http://www.logosdoreino.com.br/kairos-e-chronos-um-entendimento-sobre-o-tempo-de-deus/. Acesso em: 19 Ago, 2019).


SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Uma das coisas mais importantes no processo ensino-aprendizagem é a didática do professor, ou da professora, isto é, a arte de transmitir o conteúdo específico aos alunos. Assim, a fim de expor o presente tópico, sugerimos que você reproduza o esquema abaixo, conforme a sua possibilidade. Exponha os conceitos bíblicos de tempo, em seguida, aplique-os com o auxílio do esquema.

II. A MORDOMIA DO TEMPO

1. Remindo o tempo. O tempo é o único bem que não podemos recuperar. Por isso, a Palavra de Deus exorta-nos: “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo, porquanto os dias são maus” (Ef 5.15,16). Segundo o relatório “2018 Global Digital”, o Brasil está entre os três países do mundo em que a população passa, em média, mais de nove horas do dia navegando na Internet. É um dos dois únicos países onde o tempo médio diário, gasto nas redes sociais, supera as três horas e meia, portanto, bem acima da média mundial. Remir o tempo significa não desperdiçá-lo. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 8, 25 Agosto, 2019]
A palavra grega para "tempo" utilizada em Efésios 5.16 indica um período fixo, mensurado e demarcado; com o artigo definido "o" refere-se, provavelmente, ao tempo de vida de alguém como cristão. Nós devemos fazer tom que a maior parte do nosso tempo nesta terra ímpia seja usada para cumprir os propósitos de Deus, aproveitando toda oportunidade para a adoração proveitosa e para o serviço. Devemos estar cientes da brevidade da vida (SI 39.4-5; 89.46-47; Tg 4.14,17)” (Bíblia de Estudo McArthur. SBB. Nota textual Efésios 5.16; pág1609). “O dicionário diz que remir é obter novamente, é voltar a conseguir. Remir o tempo é o mesmo que utilizá-lo com sabedoria, aproveitando cada minuto de forma inteligente.” (SOMBRADOONIPOTENTE).
2. Contar o tempo. O salmista escreveu: “Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio” (Sl 90.12). Será possível contar os dias? Entender que são limitados, finitos e terrenos é conscientizar-se do nosso limite humano. Não somos, pois, seres infinitos. Nosso Senhor declarou assim: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal” (Mt 6.34). Aprendamos, pois, contar o tempo que Deus nos deu!
O Salmista exorta para que avaliemos o uso do tempo à luz da brevidade da vida, com um coração sábio. A sabedoria repudia a independência e se concentra na soberania e revelação de Deus. Para ver textos semelhantes sobre a brevidade e os fardos da vida, confira Jó 6.11; 7.7; 14.13; 16.21-22; Sl 90.12; Ec 2.3. Contar o tempo é “saber qual a vontade de Deus para nossas vidas e não sair por aí tentando fazer tudo ao mesmo tempo, porque Deus não tem compromisso com o que Ele não manda fazer. Antes de assumir um compromisso na igreja, é melhor buscar a vontade de Deus para nossas vidas, até porque, prometer e não cumprir é coisa de político e não de cristão” (SOMBRADOONIPOTENTE).
3. A prestação de contas. Um dia nos apresentaremos diante de Deus, a fim de prestar contas dos bens espirituais e materiais que Ele nos concedeu. Tudo o que administramos com relação ao nosso corpo — as faculdades físicas e emocionais —, daremos conta a Deus. Sim, o Criador nos cobrará acerca do que fizemos com o nosso tempo.
Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam” (Sl 24.1). O Eterno é soberano de todas as coisas, e nós somos apenas mordomos, postos para administrar os bens que Deus nos dá, e dos quais prestaremos conta, seja de pessoas ou de coisas. “A mordomia é a aplicação prática do serviço cristão quanto às coisas de Deus. Como Deus é dono de tudo e está no controle de tudo, nós só administramos as coisas de tal maneira que agrade a Deus. .... É nossa obrigação sermos fiéis e organizados no trabalho que fazemos para Deus, pois um dia prestaremos contas a Deus pela nossa mordomia.” (APAZDOSENHOR).

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“TEMPO E TEMPO
Deus nos deu o tempo. Ele não vive no tempo. O tempo é nosso, da humanidade. É um dom de Deus a cada ser humano. Ora, se o tempo é um dom que Deus nos concedeu, concluímos que, como dom, devemos saber como administrá-lo. Deus nos cobra por tudo que fazemos de errado, inclusive a má administração do nosso tempo. Por isso o apóstolo Paulo disse: ‘Remindo o tempo porquanto os dias são maus’.
Existem muitas pessoas as quais pensam que o tempo é de Deus. De certa forma, estão certas. Quem criou esta dimensão e nos colocou nela foi Deus. Mas Deus fez o tempo para nós. O tempo é nosso. O tempo é dádiva, é próprio da humanidade. Ela deve saber como aproveitá-lo, como usufruir dele o máximo que puder, sem erros; se não desvalorizará as suas próprias almas.
Pensemos nisso um pouco mais e no sentido da individualidade” (DANIEL, Silas. Reflexões sobre a Alma e o Tempo: Uma teologia de chrónos e kairós. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, p.124).

III. COMO APROVEITAR BEM O TEMPO

1. Use o tempo para Deus. O crente e, especialmente, os obreiros, precisam reservar tempo para Deus. São momentos da vida devocional diária, oração e estudo Palavra, que não podem faltar em nossa vida piedosa.
1.1. Na oração. Na Bíblia, os homens de Deus que se destacaram na vida devocional sempre deram valor à oração, (a) Davi e Daniel oravam três vezes ao dia (Sl 55.16,17; Dn 6.10,11); (b) Jesus orava diariamente (Mt 26.41-44). Ou seja, o ensino acerca de uma vida vigorosa de oração permeia as Escrituras. 
Não é apenas orar antes de fazer uma refeição, nem nos momentos de culto ou reuniões na igreja. O crente tem que ir além, tem que ser mais do que manter um momento regular devocional. O apóstolo Paulo exorta os crentes para que se dediquem à oração! Estamos acostumados a orar somente quando estamos precisando dos favores divinos, quando enfrentamos dificuldades. A mordomia do tempo na oração exige de nós que estejamos diante de Deus com o fim único de orar, dedicar-nos à oração é algo que a maioria de nós talvez, jamais tenhamos feito.
1.2. Na leitura da Palavra. A Bíblia declara que Davi tinha prazer em ler a Palavra de Deus (Sl 119.97) e escondê-la em seu coração (Sl 119.11). Todo crente que ama a Deus tem prazer em meditar na palavra divina. O obreiro do Senhor precisa ler e estudar a Bíblia diariamente para a edificação pessoal, bem como o preparo na doutrina, ensino, exortação, orientação e advertências a Igreja de Cristo. 
E Jesus lhe respondeu, dizendo: Está escrito que nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus” (Lc 4.4) - Para um relacionamento pessoal e verdadeiro com Deus é necessários que tenhamos um tempo de estudo das Escrituras e dediquemos todo esforço para que esse estudo seja eficaz. “Decida também seu horário diário para ler a Bíblia e quanto tempo você vai dedicar a isso. Se você tem pouco tempo, leia um ou dois capítulos por dia. Se você tem mais tempo, você pode ler um pouco mais. A Bíblia é um livro de conteúdo espiritual, por isso, também é importante tirar um pouco de tempo para orar e procurar entender o que você está lendo”. (RESPOSTAS)
2. Use o tempo para você mesmo. O apóstolo Paulo exortou a Timóteo a cuidar de si mesmo em primeiro lugar (1Tm 4.16). O apóstolo João desejou ao destinatário de sua terceira carta que tudo fosse bem em toda as coisas (3Jo v.2). Assim, além de cuidar da vida espiritual, a Palavra de Deus mostra que é importante cuidar da parte emocional, buscando o equilíbrio interior, que tanto beneficia a mente e o corpo.
O cuidado consigo mesmo envolve a santidade, pelo menos se aplicarmos o texto referenciado. As prioridades de um líder piedoso resumem-se em sua santidade pessoal e em seu ensino público. Todas as exortações de Paulo no texto citado correspondem a uma dessas duas categorias. “A oração de João por Gaio é significativa. A condição espiritual de Gaio era tão excelente que João orou para que a sua saúde física tivesse o mesmo vigor que a sua vida espiritual. Nas cartas antigas, era costume perguntar sobre a saúde do destinatário, mas João adaptou essa convenção de uma maneira singular para ressaltar a condição espiritual vibrante de Gaio.” (Bíblia de Estudo McArthur. SBB. Nota textual a 3 Jo 2; p. 1769).
3. Use tempo para sua família. Há líderes que têm tempo para a igreja, para viagens, seminários, conferências e convenções, mas deixam sua família em segundo ou terceiro plano. Há casos de casamentos destruídos por falta de valorização do cônjuge para com a sua família. Ora, não podemos deixar de priorizá-la. Um dos recursos necessários para a edificação de sua família é o culto doméstico (Dt 6.7; 11.19). Pense nisso! Que o conselho de Paulo possa calar fundo em nossa alma: “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus e principalmente dos da sua família, negou a fé e é pior do que o infiel” (1Tm 5.8). 
A maioria das pessoas naturalmente cumprem esse dever, por isso os crentes, que têm o mandato e o poder de Deus para cumpri-lo e não o fazem, comportam-se de maneira pior do que os pagãos. Nosso trabalho na Obra do Senhor é importantíssimo e requer dedicação e tempo, isso é bíblico. Mas também, nossa família merece um zelo especial, cuidado e dedicação tal qual aquele que dedicamos à Obra do Senhor, isso também é bíblico! São muitos os líderes que, equivocados com a ideia de que estão servindo a Deus esquecem de sua família, deixando-a totalmente à deriva. As programações da igreja não devem preterir nossa família. Uma boa administração do tempo nos ajudará nesse sentido.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“APROVEITE CORRETAMENTE O SEU TEMPO
[...] Quando o tempo é bem aproveitado, ele se torna satisfatoriamente extenso para os que o achavam curto por ser veloz e prazerosamente veloz para quem não gostava dele por achá-lo extenso.
Uma indagação interessante e oportuna seria: ‘Como aproveitar bem o meu tempo?’ A resposta óbvia seria: fazendo o que gosto e o que me faça progredir.
Fazer o que não gostamos é ruim demais. Quando faço o que não gosto, faço malfeito e perco o meu tempo, angustio a vida. Todavia, se doso bem o tempo medido com o tempo vivido, e este último é vivenciado intensamente no que gosto de fazer, tudo se encontra no seu devido lugar e não há mais insatisfação.
Existe ainda uma contraposição: não é verdadeira a afirmativa de que há coisas que fazemos e devemos fazer mesmo sem gostar? Sim, por causa da necessidade. Primeiro a obrigação (no sentido de dever, mesmo que sem prazer); depois os trabalhos que eu gosto de fazer (dever com prazer ou coisas que são boas para mim, mesmo que não sejam tão imprescindíveis) e, por fim, o lazer. Quando não seguimos essa regra, a relação entre tempo medido e tempo vivido não é satisfatória” (DANIEL, Silas. Reflexões sobre a Alma e o Tempo: Uma teologia de chrónos e kairós. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, p.134).

CONCLUSÃO

Após a Queda, o homem passou a experimentar as agruras e os pesares da ação do tempo. Veio a envelhecer, enfermar-se e, finalmente, morrer. Mas, agora, em Cristo, somos exortados a remir o tempo, aproveitando-o de modo a glorificar a Deus e a honrá-lo enquanto estivermos na Terra, com os nossos olhos voltados para “Sião”. Ali, junto ao Pai Celeste e ao Cordeiro, desfrutaremos plenamente da vida eterna. A morte não terá poder sobre nós. 
O tempo anda curto para todos, nestes dias precisamos gastá-lo eficazmente se não seremos deixados para traz... É vital aprendermos a administrá-lo corretamente para a máxima glória de Deus, usando o melhor do no nosso tempo para Deus, dedicando-nos à Obra do Reino, à nossa família, e ao modo como andamos neste mundo tenebroso. Diante de tantos compromissos inadiáveis e das lutas que enfrentamos diariamente, a Bíblia nos adverte a respeito do tempo e diz: “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, Remindo o tempo; porquanto os dias são maus.” (Ef 5.15-16).

Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

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