COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO I
Quando o tempo começou? Foi Deus quem criou o tempo?
Essas e outras perguntas são feitas por quem deseja entender a dimensão temporal
face a eternidade, quando não existe o tempo. Ate onde podemos alcançar, antes
de Deus criar o Universo e o homem, não existia o tempo como hoje percebemos.
Deus e eterno. Está escrito: “Antes que os montes nascessem, ou que tu
formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus” (SI
90.2). Esse texto mostra-nos que o Senhor sempre existiu fora do tempo, pois
Ele e Deus “de eternidade a eternidade”, ou seja, numa dimensão fora do tempo.
Ha teólogos que entendem que Deus vive no tempo, e não
fora dele. A Bíblia, porem, demonstra que Deus sempre esteve e está fora do
tempo. Se Ele vivesse “no tempo”, não seria eterno. Diz o salmista: “O teu
trono esta firme desde então; tu és desde a eternidade” (SI 93.2). Deus não
esta no tempo, mas e Deus “desde a eternidade”, que e a dimensão onde não há
começo nem fim, nem passado, presente ou futuro. No entanto, ao criar o
Universo a partir do nada (lat. Ex nihilo) e
o homem a partir dos elementos químicos que ha no pó da terra, Deus deu ao
homem a dimensão do tempo antes da Queda. O ser criado teve começo e foi
originalmente programado para ter uma “vida terrena eterna” sem passar pelo
aguilhão da morte. O homem, antes da Queda, viveria numa dimensão que teve começo,
mas que não teria fim. Porem, ao cair na armadilha do Diabo e ter
experimentando o pecado, o ser humano, a partir do ato da desobediência – ou
seja, ao comer do “meio de prova” que Deus colocara diante dele, tendo sido
advertido de que, se desobedecesse, certamente haveria de morrer —, conheceu a
dimensão do tempo em sua abrangência plena: conheceu o passado, o presente e passou
a ter a expectativa incerta do futuro. O ser humano saiu da dimensão da eternidade
e mergulhou na dimensão do tempo com todas as implicações espirituais, morais e
físicas, que alcançariam ao longo de sua
nova situação perante Deus e perante si mesmo.
Assim, a origem do tempo, segundo a Bíblia, está na interferência
de Deus no planeta Terra ao criar o homem. A princípio, seria para o homem
viver para sempre. Todavia, depois da Queda, ele perdeu o direito a vida eterna
e passou a perceber, vislumbrar e experimentar o relacionamento com o tempo. Essa
e a origem do tempo conforme a Palavra de Deus. Há, no entanto, outras explicações
históricas para a origem e o significado do tempo.
A palavra “tempo” na Bíblia pode ser vista tanto no
Antigo Testamento, escrito em hebraico, como no Novo Testamento, escrito em
grego. No hebraico, as palavras mais usadas são yom, com o
sentido de “dia, tempo”, e éth, significando tempo. No grego do
NT, há termos que são mais bem compreendidos quanto ao significado de tempo. São
as palavras kairós, com o sentido de “tempo, tempo fixo ou ponto
no tempo”, e chronos,
que é “tempo” ou “tempo estendido”. As palavras gregas
mostram, definitivamente, certa distinção entre o tempo de uma forma pontual ou
momentos precisos de tempo (kairoi) e o tempo com um intervalo
que tem uma duração (chronos).
Texto extraído da obra “Tempos,
bens e talentos”, editada pela CPAD
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
O tempo é igualitário para
todos. Saber como usá-lo é a chave para a vida plena. No capítulo 5 da epístola
aos Efésios, Paulo inicia o texto com o imperativo “sede”, do
verbo “ser”. No versículo seguinte o apóstolo continua com “andai”,
(v.2). Em seguida, aponta “sabeis” (v.5); e, o ensino continua
com “não sejais” (v.7) e “não comuniqueis” (v.11).
Tudo começa com “ser” imitador (gr: mimêtês), ou seja, praticar a
mimese, procurar ser igual. Enfim, Paulo diz: “vede”! (Gr: blépô)
“prudentemente como andais, [...] remindo o tempo”.
O primeiro objetivo específico
dessa lição é o conceito de tempo. A palavra utilizada por Salomão no texto da
lição (Ec 3.1-8), possui o sentido de “tempo; tempo determinado / exato,
momento; época”. A Septuaginta traduz por kairós. (confira também zeman (Ec
3.1; Ne 2.6). Os outros dois objetivos são: salientar a mordomia e mostrar como
aproveitar o tempo.
I. CONCEITOS IMPORTANTES
No âmbito da gramática, o tempo
refere-se à categoria gramatical que indica o momento em que se realiza a ação.
Pode-se distinguir o tempo absoluto (que é medido com base no falante e em
relação ao momento da enunciação) do tempo relativo (que se mede relativamente
ao já mencionado tempo absoluto).
1. A palavra tempo. O substantivo grego “krónos”
(LXX) tempo (Mt 25.19; Lc 8.27; Jo 7.33; At 1.7; 14.3, 28; 17.30; Rm
16.25; 1ªCo 16.7; Gl 4.4; Hb 5.12; Ap 6.11) - demora, prazo, tempo,
(Ap 2.21; 10.6), [crono, prefixo de vários vocábulos, e. g. cronologia,
cronômetro].
Outros conceitos. S.m. 1. A sucessão dos
anos, dos dias, das horas, etc., que envolve, para
o homem, a noção de presente, passado e futuro. 2. Momento
ou ocasião apropriada (ou disponível) para que uma coisa
se realize. 3. Época. 4. As condições
meteorológicas. 5. Estação, quadra. 6. Gram.
Flexão indicativa do momento a que se refere o estado ou a ação
verbal. 7. Mús. Cada uma das partes, em andamentos
diferentes, em que se dividem certas peças musicais, como a
sonata, a suíte, o quarteto, etc.; movimento. 8. Mús.
Andamento. 9. Mús. Duração de cada uma das unidades do
compasso. (Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa - Nova Fronteira, 1988.
p. 629).
Do latim tempus, a
palavra tempo é a grandeza física que permite medir a duração ou a separação
das coisas mutáveis/sujeitas a alterações (ou seja, o período decorrido entre o
estado do sistema quando este apresentava um determinado estado e o momento em
que esse dito estado registra uma variação perceptível para o observador).
Esta grandeza, cuja unidade
básica é o segundo (para referência), permite ordenar os sucessos em
sequências, estabelecendo assim um passado, um presente e um futuro. O tempo dá
lugar ao princípio de causalidade, que é um dos axiomas do método científico.
No entanto, a ideia de passado,
presente e futuro diz respeito a um tempo singular, ocorrendo somente uma única
vez. Ou seja, uma pessoa vivencia uma situação agora, no entanto não a sente,
uma vez que ela se tornou algo do passado.
Uma declaração feita por Albert
Einstein (1879-1955) foi que passado presente e futuro é trata-se de “uma
ilusão”, ou seja, estas três etapas se tratam de projeções mentais, existem
apenas na consciência humana.
Ainda segundo Einstein, o tempo
e o espaço são independentes, sendo o tempo um fluxo infinito de movimentos e
de mudanças. A cronologia permite datar os momentos em que ocorrem determinados
acontecimentos. Trata-se de uma linha de tempo onde se pode representar
graficamente os momentos históricos em pontos e os processos em segmentos.
2. O tempo na
Bíblia e na Teologia. Existem inúmeras palavras hebraicas e gregas na Bíblia que denotam os
vários aspectos do tempo. Os termos mais importantes são os hebraicos yom, dia,
tempo, e ‘eth, tempo Gn 18.10; e os gregos kairós, tempo, tempo
fixo ou ponto no tempo; e khrónos, tempo, tempo estendido. As palavras
gregas mostram, definitivamente, certa distinção entre o tempo de uma forma
pontual ou momentos precisos no tempo (), e o tempo como um intervalo que tem
uma duração khrónos. Cristo usou essas duas palavras quando disse aos
seus discípulos; “Não vos pertence saber os tempos [] ou as estações []”
(At 1.7), e parece que estava fazendo a distinção entre períodos de tempo, como
a Era da Igreja e o Milênio, e ocasiões pontuais, como seu retorno e o dia do
juízo. (Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD, 2007. pp 1917-1918 com adaptações).
Deus e o tempo. Na Bíblia, Deus é revelado como
o Criador do tempo, e como alguém que age no tempo. Ele criou o mundo em seis
dias e descansou no sétimo. Mesmo antes da criação o tempo aparece como se Ele
e o Filho tivessem planejado nossa redenção e a registrado em seu livro (Sl
40.7), Depois da segunda vinda de Cristo o tempo irá continuar e os redimidos
estarão vivendo e reinando eternamente com Deus, literalmente, “para todo o
sempre” (Ap 11.15; 22.5). O uso do termo “dia”, para cada um
dos seis passos da criação, não vai contra a aplicação do tempo a Deus e suas
ações, mesmo sabendo que “um dia para o Senhor e como mil anos, e mil anos,
como um dia” (2ªPe 3.8; Sl 90.4). Deus pode estender nosso tempo e examinar
meticulosamente cada momento (da mesma maneira como podemos escrever um livro
sobre a experiência de um momento) ou comprimi-lo de tal forma que mil anos
pareça um dia (como podemos resumir um milênio em uma sentença). Porém, isso
não nega a existência do tempo; serve apenas para revelar sua importância.
(Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD, 2007. pp 1917-1918 com adaptações).
3. O tempo aiôn, aiônos. O idioma grego possui outra
palavra para “tempo”. É utilizado, por exemplo, em Lucas (1.55): “Como
falou a nossos pais, Para com Abraão e a sua posteridade, para sempre”;
em João 4.14 diz: “Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá
sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte
para a vida eterna”; por Paulo: “Conforme está escrito: Espalhou,
deu aos pobres; A sua justiça permanece para sempre” (2ªCo 9.9).
A Septuaginta utiliza no Salmo
112.9; Gn 13.15; Dt 5.29; Js 4.7; etc. Salomão utiliza em Provérbios (8.23) “Desde
a eternidade fui ungida, desde o princípio, antes do começo da terra”.
- 1. tempo
muito longo, eternidade; no passado, tempos antigos, eras há muito
passadas Lc 1.70; desde que o mundo começou Jo 9.32.
II. A MORDOMIA DO TEMPO
“E ele, chamando-o,
disse-lhe: Que é isto que ouço de ti? Dá contas da tua mordomia, porque já não
poderás ser mais meu mordomo” (Lc 16.2).
Nesse texto de Lucas, a palavra
utilizada para “mordomia” é oikonomía (daí, economia) oikós = casa = nómos =
norma. Já a palavra “mordomo” é é administrador ou “mordomo”.
Talvez não traduzam muito bem o Grego oikonoméô (cf. 12-42), mas não é fácil
achar uma tradução melhor, pois atualmente já não exista este cargo, (embora o
“feitor” escocês, ainda exista, e realize a mesma função).
1. Remindo o tempo. O tempo é um bem que não podemos
recuperar. O ensino bíblico nos aponta “como” administrá-lo. No texto aos
Efésios (5.15-16), Paulo aconselha atentar akribôs = cuidadosamente,
acuradamente usufruir o tempo.
Andar, peripatéô literalmente andando
em redor, dando voltas, ir, andar. ecsagorádzô redimir
(lit. ‘comprar de volta’) libertar. Gálatas 3.13; 4.5., provavelmente,
aproveitar o tempo ao máximo Ef 5.16; Cl 4.5.
2. Contar o tempo. “Ensina-nos a contar os
nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios” (Sl 90.12). Uma
consequência que parte da natureza do pecado, é o fato de que o humano dificilmente
reconhece o relacionamento que existe entre a mortalidade e o pecado, porque
vivem para o momento atual. Nesse texto o autor se inclui entre aqueles que
precisam desta lição. Ele reflete sobre a efemeridade da vida. Outro autor
bíblico reflete para afirmar: “Vaidade de vaidades, diz o pregador, tudo é
vaidade” (Ec 12.7). Em resumo, tudo é efêmero!
3. A prestação de contas. “De tudo o que se tem ouvido,
o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é
o dever de todo o homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até
tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau” (Ec 12.13-14).
Dois conselhos são expostos pelo
sábio: teme yarê’ temer, tributar reverência, ter medo, intimidar,
alarmar; e, guarda sharâ guardar, proteger, cuidar, observar, conservar,
manter; vigiar; reter; precaver-se, acautelar-se, ter cuidado. O humano
prestará contas do tempo que lhe foi concedido para administrar.
A filosofia e o tempo. Aristóteles (384-322 a.C.) lutou
com o problema do tempo. A fim de expressar a passagem do tempo, ele
argumentava: “Devemos usar números”. Será que os números e o ato de
contar vêm antes ou depois dos objetos contáveis? Podemos ter aritmética sem
coisas para contar, sem a criação? De outro modo não poderíamos ter o próprio
tempo, pois ele mesmo deve ser “contado”. Aristóteles decidiu, portanto,
que a contagem, a matemática e o tempo são números finitos que não existiam
antes da criação. Ele não percebeu que o ato de contar e a matemática também
são possíveis, assim como a teórica possibilidade de contar, e que o tempo,
portanto, pode ser uma mera possibilidade do antes e depois e que sua sucessão
e inteiramente separada dos números finitos da criação.
Immanuel Kant (1724-1804 d.C.)
complicou o quadro filosófico quando argumentou, de outro angulo, contra a
existência eterna do tempo. Deus e infinito. Se o tempo e o espaço também são
infinitos - como devem ser se são eternos - então temos três infinitos. Mas
isso seria impossível porque duas ou mais coisas não podem ser todas infinitas.
Logo, Deus deve ser infinito, e o tempo e o espaço, finitos. Segue-se então que
não existe tempo ou espaço para Deus. O tempo e o espaço são categorias
finitas, e tudo aquilo que conhecemos em termos de tempo e espaço representam
conhecimento finito. Como Deus é atemporal e infinito, não estando limitado ao
espaço, e o homem conhece as coisas apenas segundo sua categoria de tempo e
espaço, de acordo com Kant segue-se que Deus não poderá nunca ser conhecido
porque existe uma separação completa entre seu reino de conhecimento e o nosso.
(Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD, 2007. pp 1917-1918 com adaptações).
III. COMO APROVEITAR O TEMPO.
O Antigo Testamento vê perfeito
propósito na vida que vem da supervisão providencial de Deus, que determina
tempos e estações. Cada aspecto da vida tem seu “tempo”: a chuva (Lv
26.4), a queda dos inimigos de Deus (Dt 32.35), a concepção (2ºRs 4.16s.). Daí
a grande necessidade de “visão das épocas” (1ºCr 12.32; cf. 8.5).
A sabedoria envolve o conhecimento dos “tempos” (Et 1.13). O sábio
mantém um ponto de vista: os “tempos” da vida não podem ser conhecidos
inteiramente (Ec 9.l) mas, em “todo tempo” (Ec 9.8) a pessoa deve estar
contente.
1. Use o tempo para Deus. O tempo é algo precioso. O tempo
é valioso, é dito até que “tempo é dinheiro”. Logo, desperdiçar o tempo
não é uma coisa saudável, nem para as finanças, nem para a vida social e muito
menos para a vida espiritual. O cristão é chamado a perceber e a viver a
dimensão do tempo em uma realidade cujo sentido deve ser mais pleno de
significado, mais do que o simples suceder das horas e dos dias. O que deve
marcar o ritmo do tempo para o cristão é o seu encontro pessoal com Deus,
Senhor do tempo e da eternidade. O salmista Davi escreveu: “Por isso, todo
aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder achar; até no transbordar de
muitas águas, estas não lhe chegarão” (Sl 32.6. ACF).
O apóstolo recomenda: “Portanto,
convém-nos atentar, com mais diligência, para as coisas que já temos ouvido,
para que, em tempo algum, nos desviemos delas” (Hb 2.1).
O termo “ouvir”, nas
Escrituras, é empregado em dois sentidos distintos: exprimir a capacidade de
entendermos sons e expressar a nossa disponibilidade em obedecer à voz de
alguém. Assim sendo, a maior necessidade em relação à voz de Deus é não somente
escutá-la, mas sim obedecê-la.
2. Use o tempo para você mesmo. A frenética correria dos nossos
dias nos impede de perceber e mesmo de viver a vida com inteireza. Nunca temos
a sensação de estarmos plenamente presentes em lugar algum. Há sempre um
compromisso, um encontro, uma atividade, uma ansiedade em “stand by”, há
sempre uma preocupação para daqui a pouco. Sem falar nas muitas metas que nos
impomos ou que pesam sobre os nossos ombros. Coisas que devemos alcançar para,
inclusive, justificar a nossa existência. Está escrito: “Não sejas
demasiadamente ímpio, nem sejas louco; por que morrerias fora de teu tempo?”
(Ec 7.17. ACF).
Investir em tempo para si
implica, em primeiro lugar, saber “desconectar”, saber apagar o ruído
mental e estabelecer uma união delicada, mas autêntica, com nossas
necessidades, com nossos pensamentos, medos e vazios para tomar decisões sobre
nossa vida. Porque dedicar tempo para si não quer dizer que precisamos sair de
férias sempre que o estresse nos asfixiar, que um simples passeio irá
solucionar o mal-estar que, dia após dia, nos persegue.
Isto não significa ser egoísta.
Quando dedicamos os nossos momentos livres para fazer o que agrada aos outros,
curiosamente, revigoramos mais e melhor as nossas forças. Eis aqui também uma
manifestação dos grandes paradoxos do amor: quando nos decidimos a não fazer
apenas o que nos agrada para nos dedicarmos aos demais parece que estaríamos
atirando fora a nossa alegria. Na verdade, porém, somente quando o fazemos é
que a encontramos mais forte e duradoura.
Há quem se orgulhe de dizer que
nunca tirou férias. E o fazem esperando que formem um conceito de si mesmo como
de uma pessoa muito laboriosa, tanto que se dedica a trabalhar, anos e anos,
sem uma interrupção sequer. Outros, talvez menos radicais, até admitem a
necessidade de dedicar um tempo para o descanso, porém, não sabem exatamente
como descansar ou o que fazer com o tempo livre.
É preciso considerar, porém, que
o descanso, mais que um direito já quase universalmente reconhecido pelas leis
trabalhistas, é também um dever. Trata-se de uma necessidade para cuidarmos da
saúde, garantindo uma melhor qualidade de vida para nós e para os que nos estão
próximos. Além disso, a família e as pessoas que dependem do nosso trabalho
muito podem beneficiar-se dessa pausa periódica, na qual recuperamos as forças,
para depois retornar às atividades habituais, com o ânimo renovado e novas
disposições para trabalhar mais e melhor.
3. Use tempo para sua família. A família é um elemento-chave
não apenas para a “sobrevivência” dos indivíduos, mas também para a proteção e
a socialização de seus componentes, transmissão do capital cultural, do capital
econômico e da propriedade do grupo, bem como das relações de gênero e de
solidariedade entre gerações. Representando a forma tradicional de viver e uma
instância mediadora entre indivíduo e sociedade, a família operaria como espaço
de produção e transmissão de pautas e práticas culturais e como organização
responsável pela existência cotidiana de seus integrantes, produzindo, reunindo
e distribuindo recursos para a satisfação de suas necessidades básicas.
Sempre reserve um tempo de
qualidade para você e sua família. Um passeio, uma viajem, um elogio, uma
brincadeira no parque, uma visita à escola, uma ida ao cabeleireiro com a
esposa, uma brincadeira descontraída, etc. A família é o lugar para amarmos e
sermos amados.
CONCLUSÃO
“Todos os acontecimentos, têm
seu lugar definido na ordem do tempo” Gerhard von Rad (1901-1971) Teólogo
alemão. “O evento é inconcebível sem seu tempo, e vice- versa”; “Deus
está intimamente ligado ao tempo”; “... o próprio relacionamento dEle
com os homens exige uma ordenação do tempo para o cumprimento de Seus
propósitos” diz Henry Wheeler Robinson (1872-1945) Teólogo inglês. O
Pregador toma este conceito do tempo, que permeia todo o Velho Testamento e faz
dele a base de seu otimismo. “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo
para todo o propósito debaixo do céu” (Ec 3.1). Use “seu” tempo
com sabedoria.
Prof. Nicolas Oliveira [EBD IEADTC]
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
Segundo a Bíblia, a origem do tempo está na
intervenção de Deus ao criar o planeta Terra e o ser humano. No plano original,
o ser humano foi criado para viver infinitamente. Mas, após a Queda, ele perdeu
o direito à imortalidade e passou a experimentar um relacionamento finito com o
tempo, onde passado, presente e futuro trazem a dimensão temporal da vida
terrena. Assim, o ser humano percebe que sua existência é efêmera. Portanto,
nesta lição estudaremos o conceito de tempo, sua mordomia e proveito.
“Platão, o maior de todos os gregos, definiu, ou
alguém pode melhor dizer, descreveu o tempo como a imagem em movimento da
eternidade. Essa é uma fraseologia agradável, mas não é muito informativa.
Todavia, ela não é inteiramente destituída de significado, pois declara que há
uma diferença entre tempo e eternidade, e que a eternidade é uma realidade da
qual o tempo é somente uma imagem.” (Tempo e Eternidade por Gordon
Haddon Clark. Disponível em: http://www.monergismo.com/textos/tempo/tempo_eternidade_clark.pdf. Acesso em: 19 Ago, 2019). “Portanto, vede prudentemente
como andais, não como néscios, mas como sábios, redimindo o tempo, porquanto os
dias são maus” (Ef 5.15,16) – Paulo descreve a valiosidade do tempo e
afirma que não administrá-lo corretamente é loucura. O tempo não tem somente um
princípio, mas um fim; há um futuro, um presente e um passado – sendo a
realidade, o presente - o passado não existe mais e o futuro não se desenhou.
O início do tempo, segundo o relato de Gênesis,
começou com a criação. ‘Três coisas básicas para o universo criado são:
espaço, matéria e tempo. O espaço consiste de três dimensões –– comprimento,
largura e altura. Estas são as três dimensões básicas que nos são familiares. A
matéria consiste de energia, moção e fenômeno. O tempo consiste de futuro,
presente e passado. Este universo foi criado por Deus para Sua glória (Gênesis
1:1; João 1:3; Colossenses 1:16). A essência de Deus não pode ser compreendida,
mas Sua existência não pode ser negada (veja Romanos 1:19,20; Apocalipse 4:11).
O propósito de Deus na criação está sendo presentemente completado. “Porque
dele, e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele
eternamente. Amém” (Romanos 11:36). Por favor, observe que o verso não diz
“das”, “por” ou “para” as pessoas. Todas as coisas estão se movendo para a sua
consumação para que “ Deus possa ser tudo em todos” (1 Coríntios 15:28). O
princípio da criação, portanto, inclui o princípio do tempo” (Eternidade
e Tempo, por W. E. Best. Capítulo 1 - Eternidade e Tempo Devem Ser
Distinguidos. Disponível em: http://www.monergismo.com/textos/tempo/tempo_1_best.htm. Acesso em: 19 Ago, 2019).
“O Tempo é uma Criação de Deus. “Chamou Deus à
luz Dia e às trevas, Noite. Houve tarde e manhã, o primeiro dia.” (Gênesis 1:5
RA) O Tempo está submisso à soberania de Deus. Isso significa que não há lugar
para o acaso, para a coincidência. Há um Deus que está no controle de tudo. O
Tempo é dirigido pela sabedoria de Deus. Deus não apenas está no controle. Ele
também dirige com sabedoria o tempo e a história. O Tempo acentua em nós a sede
da eternidade. Ao mesmo tempo que devemos usar com sabedoria o tempo que temos
aqui, temos em nosso coração a aspiração de um tempo sem cortes, sem rupturas.
Somos órfãos da eternidade. Deus colocou em nosso coração esse anseio. O tempo
revela a nossa limitação e a grandeza de Deus. Deus habita na eternidade, o que
afirma a sua transcendência. Ele está acima de nós. Por outro lado, Ele é o
Senhor da nossa história e age nela. É a sua imanência. A Bíblia diz que o
homem é como neblina, como relva, como um sonho, para acentuar a brevidade e a
fragilidade da vida humana. Diz também, que Deus é de eternidade em eternidade;
Ele é o EU SOU. Mil anos para Ele é como um dia e um dia como mil anos.” (Tempo
e Eternidade - Eclesiastes 3:1-15. Por Kléber Nobre de Queiroz. Disponível
em: http://www.monergismo.com/textos/tempo/tempo_eternidade_kleber.htm. Acesso em: 19 Ago, 2019). – Vamos pensar maduramente a fé
cristã?
I. CONCEITOS
IMPORTANTES
1. A palavra tempo. Tempo significa “série ininterrupta e eterna de
instantes. Medida arbitrária da duração das coisas. Época determinada”. Ele “é
a duração dos fatos, é o que determina os momentos, os períodos, as épocas, as
horas, os dias, as semanas, os séculos etc.”. Nesse sentido, a palavra tempo
pode ter significados variados, dependendo do contexto em que é empregada. O tempo
também é sinônimo de época, período, prazo, tempo musical, tempo verbal etc.
“A palavra tempo tem origem no latim. Ela é
derivada de tempus e temporis, que significam a divisão da duração em instante,
segundo, minuto, hora, dia, mês, ano, etc. Os latinos usavam aevum para
designar a maior duração, o tempo. A palavra idade, por exemplo, surgiu de
aetatis, uma derivação de aevum.” (Origem da palavra Tempo. Disponível
em: https://www.dicionarioetimologico.com.br/tempo/. Acesso em: 19 Ago, 2019).
2. O tempo na Bíblia e na
Teologia. Deus criou o
tempo. Ele o formou com o objetivo de estabelecer ciclos para suas obras
criadas (Gn 1.14). Nesse aspecto, o homem também buscaria o seu Criador no
tempo (At 17.26,27). Assim, sem a dimensão do tempo, o homem não compreenderia
sua origem, começo, nem muito menos, o conceito de “eternidade”. A Bíblia
emprega significados variados, sentidos reais e metafóricos, do tempo. Vejamos:
No relato de Gênesis 1.14, temos que Deus criou os
"luzeiros, o sol, a lua e as estrelas" para proporcionarem
luz, mas, sobretudo, para servirem de marcadores de sinais, estações, dias e
anos.
2.1. No princípio — a eternidade. No Gênesis,
o livro das origens de todas as coisas, o primeiro capítulo inicia dizendo: “No
princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). No hebraico, a expressão “no
princípio” é bereshit, “princípio de tudo”. A maioria dos estudiosos da Bíblia
concorda que esse “princípio” é indefinido, pois é o “tempo de Deus”, ou o seu
kairós. João 1.1,2 expressa esse mesmo princípio.
Em Gênesis 1.1, encontramos a primeira palavra do
texto bíblico que dá nome ao livro, ‘Bereshit’; o significado dessa
palavra é ‘um tempo indefinido’; não há como definir a duração desse
princípio, o que temos de certo é que, conquanto Deus exista eternamente (SI
90.2), o "princípio" marcou o começo do universo no tempo e no
espaço. João usou a mesma palavra no sentido absoluto para referir-se ao
princípio do tempo-espaço material do universo. Já o termo grego ‘Kairós’ descreve
o tempo de Deus, também indefinido, não pode ser mensurado - “para o Senhor
um dia é como mil anos e mil anos como um dia” (2Pe 3.3).
2.2. Yom. A palavra hebraica
que corresponde ao dia natural de 24 horas. Ou seja, cada dia da semana, do
mês, do ano. É o dia a dia no qual Deus nos concede viver. A mordomia do tempo
insere-se nesse tempo de Yom, o dia natural.
“Uma análise cuidadosa da palavra hebraica para
“dia” e do contexto no qual ela aparece em Gênesis nos leva a concluir que
“dia” significa um período literal de 24 horas. A palavra hebraica yom
traduzida na palavra "dia" pode significar mais de uma coisa. Pode se
referir ao período de 24 horas que a terra leva para girar ao redor do seu eixo
(ex: "há 24 horas em um dia"). Pode se referir ao período da luz do
dia entre o nascer e o pôr do sol (ex: "é muito quente durante o dia, mas
melhora um pouco à noite"). Também pode se referir a um período de tempo
não específico (ex: "durante os dias do meu avô…"). Dessa mesma forma
a palavra yom (traduzida como "dia") pode significar mais de uma
coisa no original. É usada para se referir a um período de 24 horas em Gênesis
7:11. É usada para se referir à luz do dia entre o nascer e o pôr do sol em
Gênesis 1:16. Também é usada para se referir a um período de tempo não
específico em Gênesis 2:4. Portanto, o que essa palavra significa em Gênesis
1:5-2:2 quando é usada juntamente com números ordinais (ex: "primeiro
dia", "segundo dia", "terceiro dia", "quarto
dia", "quinto dia", "sexto dia" e o "sétimo
dia")? Esses "dias" são períodos de 24 horas ou não? Será que
"yom" como é usado aqui pode significar um período de tempo não
específico? Como podemos diferenciar? Podemos determinar como "yom"
deve ser interpretado em Gênesis 1:5-2:2 simplesmente ao examinar o contexto no
qual encontramos a palavra e então ao fazer uma comparação desse contexto com o
seu uso no resto das Escrituras. Ao fazer isso, deixamos as Escrituras se
interpretarem. Ken Ham, do ministério Cristão chamado Answers in Genesis,
escreveu um bom artigo sobre o assunto. Sr. Ham escreveu: "A palavra
hebraica para dia (yom) é usada 2301 vezes no Velho Testamento. Fora de Gênesis
1, yom + número ordinal (usado 410 vezes) sempre indica um dia comum, quer
dizer, um período de 24 horas. As palavras ‘tarde’ e ‘manhã’ juntas (38 vezes)
sempre indicam um dia comum. Yom + ‘tarde’ ou ‘manhã’ (23 vezes cada) sempre
indica um dia comum. Yom + ‘noite’ (52 vezes) sempre indica um dia comum". (Gênesis
capítulo 1 significa dias literais de 24 horas? Disponível em:https://www.gotquestions.org/Portugues/dias-24-horas.html.
Acesso em: 19 Ago, 2019).
2.3. Chronos. É o termo grego para “tempo”, que pode ser medido,
contado e definido. Na teologia é considerado o “tempo do homem”, isto é, o
tempo cronológico. Além de incluir o “dia” de 24 horas, também refere-se a semanas,
meses, anos, décadas etc. É o tempo que pode ser medido, dividido, analisado ou
estudado. Nesse sentido, o salmista escreveu: “Ensina-nos a contar os nossos
dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio” (Sl 90.12,14).
“Chronos – “Tempo”, “período de tempo”, “espaço
de tempo, longo ou breve”. Chronos serve inicialmente para a designação formal
de um espaço de tempo, ou ponto de tempo, refere-se ao tempo cronológico ou
sequencial que pode ser medido. Ele controlava o tempo desde o nascimento até a
morte, um pensamento Grego era que Chrono representava o tempo que faltava para
a morte, uma vez que era impossível fugir do mesmo, todos seriam mais cedo ou
mais tarde vencidos (devorados).” (Kairós e chronos, um entendimento
sobre o tempo de Deus. Disponível em: http://www.logosdoreino.com.br/kairos-e-chronos-um-entendimento-sobre-o-tempo-de-deus/. Acesso em: 19 Ago, 2019)
2.4. Kairós. É “o tempo de Deus”, que só pode ser definido por Ele
mesmo. O apóstolo Pedro revelou que, para Deus, o tempo não pode ser avaliado
com as mesmas categorias humanas de medição: “Mas, amados, não ignoreis uma
coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos, como um dia” (2Pe
3.8 — grifos meus). Jesus também ensinou que não se pode definir o tempo de
Deus (Kairós). “E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações
que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder” (At 1.7).
“Kairós – “Tempo”, especialmente um “ponto no
tempo”, “momento”, “tempo oportuno”, “oportunidade favorável”, “ponto justo”,
“medida certa”, “lugar apropriado”, “aquilo que é conveniente apropriado ou
decisivo”. Na teologia passou a ser usado para descrever a forma qualitativa do
tempo ou “o tempo de Deus”, o tempo que não pode ser medido, é o tempo da
oportunidade, livre do peso das cargas que se passam e da ansiedade das coisas
que acontecem antes do tempo, ele se manifesta sempre no presente, instante
após instante; Kairós marca os momentos que se tornam inesquecíveis, ainda que
tenham sido breves, os gregos acreditavam que com o Kairós poderiam enfrentar o
cruel e tirano Chronos. Quando se fala em Kairós se quer indicar que alguma
coisa aconteceu tornando possíveis ou impossíveis certas coisas.” (Kairós
e chronos, um entendimento sobre o tempo de Deus. Disponível em: http://www.logosdoreino.com.br/kairos-e-chronos-um-entendimento-sobre-o-tempo-de-deus/. Acesso em: 19 Ago, 2019).
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Uma
das coisas mais importantes no processo ensino-aprendizagem é a didática do
professor, ou da professora, isto é, a arte de transmitir o conteúdo específico
aos alunos. Assim, a fim de expor o presente tópico, sugerimos que você
reproduza o esquema abaixo, conforme a sua possibilidade. Exponha os conceitos
bíblicos de tempo, em seguida, aplique-os com o auxílio do esquema.
II. A
MORDOMIA DO TEMPO
1. Remindo o tempo. O tempo é o único bem que não podemos recuperar. Por
isso, a Palavra de Deus exorta-nos: “Portanto, vede prudentemente como andais,
não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo, porquanto os dias são maus”
(Ef 5.15,16). Segundo o relatório “2018 Global Digital”, o Brasil está entre os
três países do mundo em que a população passa, em média, mais de nove horas do
dia navegando na Internet. É um dos dois únicos países onde o tempo médio
diário, gasto nas redes sociais, supera as três horas e meia, portanto, bem
acima da média mundial. Remir o tempo significa não desperdiçá-lo. [Lições
Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 8, 25 Agosto, 2019]
“A palavra grega para "tempo" utilizada
em Efésios 5.16 indica um período fixo, mensurado e demarcado; com o artigo
definido "o" refere-se, provavelmente, ao tempo de vida de alguém
como cristão. Nós devemos fazer tom que a maior parte do nosso tempo nesta
terra ímpia seja usada para cumprir os propósitos de Deus, aproveitando toda
oportunidade para a adoração proveitosa e para o serviço. Devemos estar cientes
da brevidade da vida (SI 39.4-5; 89.46-47; Tg 4.14,17)” (Bíblia de Estudo
McArthur. SBB. Nota textual Efésios 5.16; pág1609). “O dicionário diz que
remir é obter novamente, é voltar a conseguir. Remir o tempo é o mesmo que
utilizá-lo com sabedoria, aproveitando cada minuto de forma inteligente.” (SOMBRADOONIPOTENTE).
2. Contar o tempo. O salmista escreveu: “Ensina-nos a contar os nossos
dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio” (Sl 90.12). Será possível
contar os dias? Entender que são limitados, finitos e terrenos é
conscientizar-se do nosso limite humano. Não somos, pois, seres infinitos.
Nosso Senhor declarou assim: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã,
porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal” (Mt
6.34). Aprendamos, pois, contar o tempo que Deus nos deu!
O Salmista exorta para que avaliemos o uso do tempo
à luz da brevidade da vida, com um coração sábio. A sabedoria repudia a
independência e se concentra na soberania e revelação de Deus. Para ver textos
semelhantes sobre a brevidade e os fardos da vida, confira Jó 6.11; 7.7; 14.13;
16.21-22; Sl 90.12; Ec 2.3. Contar o tempo é “saber qual a vontade de Deus
para nossas vidas e não sair por aí tentando fazer tudo ao mesmo tempo, porque
Deus não tem compromisso com o que Ele não manda fazer. Antes de assumir um
compromisso na igreja, é melhor buscar a vontade de Deus para nossas vidas, até
porque, prometer e não cumprir é coisa de político e não de cristão” (SOMBRADOONIPOTENTE).
3. A prestação de contas. Um dia nos apresentaremos diante de Deus, a fim de
prestar contas dos bens espirituais e materiais que Ele nos concedeu. Tudo o
que administramos com relação ao nosso corpo — as faculdades físicas e
emocionais —, daremos conta a Deus. Sim, o Criador nos cobrará acerca do que
fizemos com o nosso tempo.
“Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se
contém, o mundo e os que nele habitam” (Sl 24.1). O Eterno é soberano de
todas as coisas, e nós somos apenas mordomos, postos para administrar os bens
que Deus nos dá, e dos quais prestaremos conta, seja de pessoas ou de coisas. “A
mordomia é a aplicação prática do serviço cristão quanto às coisas de Deus.
Como Deus é dono de tudo e está no controle de tudo, nós só administramos as
coisas de tal maneira que agrade a Deus. .... É nossa obrigação sermos fiéis e
organizados no trabalho que fazemos para Deus, pois um dia prestaremos contas a
Deus pela nossa mordomia.” (APAZDOSENHOR).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“TEMPO E TEMPO
Deus
nos deu o tempo. Ele não vive no tempo. O tempo é nosso, da humanidade. É um
dom de Deus a cada ser humano. Ora, se o tempo é um dom que Deus nos concedeu,
concluímos que, como dom, devemos saber como administrá-lo. Deus nos cobra por
tudo que fazemos de errado, inclusive a má administração do nosso tempo. Por
isso o apóstolo Paulo disse: ‘Remindo o tempo porquanto os dias são maus’.
Existem
muitas pessoas as quais pensam que o tempo é de Deus. De certa forma, estão
certas. Quem criou esta dimensão e nos colocou nela foi Deus. Mas Deus fez o
tempo para nós. O tempo é nosso. O tempo é dádiva, é próprio da humanidade. Ela
deve saber como aproveitá-lo, como usufruir dele o máximo que puder, sem erros;
se não desvalorizará as suas próprias almas.
Pensemos
nisso um pouco mais e no sentido da individualidade” (DANIEL, Silas. Reflexões
sobre a Alma e o Tempo: Uma teologia de chrónos e kairós. Rio de Janeiro:
CPAD, 2001, p.124).
III. COMO APROVEITAR BEM O TEMPO
1. Use o tempo para Deus. O crente e, especialmente, os obreiros, precisam reservar
tempo para Deus. São momentos da vida devocional diária, oração e estudo
Palavra, que não podem faltar em nossa vida piedosa.
1.1. Na oração. Na Bíblia, os homens de Deus que se destacaram na vida
devocional sempre deram valor à oração, (a) Davi e Daniel oravam três vezes ao
dia (Sl 55.16,17; Dn 6.10,11); (b) Jesus orava diariamente (Mt 26.41-44). Ou
seja, o ensino acerca de uma vida vigorosa de oração permeia as Escrituras.
Não é apenas orar antes de fazer uma refeição, nem
nos momentos de culto ou reuniões na igreja. O crente tem que ir além, tem que
ser mais do que manter um momento regular devocional. O apóstolo Paulo exorta
os crentes para que se dediquem à oração! Estamos acostumados a orar somente
quando estamos precisando dos favores divinos, quando enfrentamos dificuldades.
A mordomia do tempo na oração exige de nós que estejamos diante de Deus com o
fim único de orar, dedicar-nos à oração é algo que a maioria de nós talvez,
jamais tenhamos feito.
1.2. Na leitura da
Palavra. A Bíblia
declara que Davi tinha prazer em ler a Palavra de Deus (Sl 119.97) e escondê-la
em seu coração (Sl 119.11). Todo crente que ama a Deus tem prazer em meditar na
palavra divina. O obreiro do Senhor precisa ler e estudar a Bíblia diariamente
para a edificação pessoal, bem como o preparo na doutrina, ensino, exortação,
orientação e advertências a Igreja de Cristo.
“E Jesus lhe respondeu, dizendo: Está escrito que
nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus” (Lc 4.4) -
Para um relacionamento pessoal e verdadeiro com Deus é necessários que tenhamos
um tempo de estudo das Escrituras e dediquemos todo esforço para que esse
estudo seja eficaz. “Decida também seu horário diário para ler a Bíblia e
quanto tempo você vai dedicar a isso. Se você tem pouco tempo, leia um ou dois
capítulos por dia. Se você tem mais tempo, você pode ler um pouco mais. A
Bíblia é um livro de conteúdo espiritual, por isso, também é importante tirar
um pouco de tempo para orar e procurar entender o que você está lendo”. (RESPOSTAS)
2. Use o tempo para você mesmo. O apóstolo Paulo exortou a Timóteo a cuidar de si
mesmo em primeiro lugar (1Tm 4.16). O apóstolo João desejou ao destinatário de
sua terceira carta que tudo fosse bem em toda as coisas (3Jo v.2). Assim, além
de cuidar da vida espiritual, a Palavra de Deus mostra que é importante cuidar
da parte emocional, buscando o equilíbrio interior, que tanto beneficia a mente
e o corpo.
O cuidado consigo mesmo envolve a santidade, pelo
menos se aplicarmos o texto referenciado. As prioridades de um líder piedoso
resumem-se em sua santidade pessoal e em seu ensino público. Todas as
exortações de Paulo no texto citado correspondem a uma dessas duas categorias.
“A oração de João por Gaio é significativa. A condição espiritual de Gaio
era tão excelente que João orou para que a sua saúde física tivesse o mesmo
vigor que a sua vida espiritual. Nas cartas antigas, era costume perguntar
sobre a saúde do destinatário, mas João adaptou essa convenção de uma maneira
singular para ressaltar a condição espiritual vibrante de Gaio.” (Bíblia
de Estudo McArthur. SBB. Nota textual a 3 Jo 2; p. 1769).
3. Use tempo para sua família. Há líderes que têm tempo para a igreja, para viagens,
seminários, conferências e convenções, mas deixam sua família em segundo ou
terceiro plano. Há casos de casamentos destruídos por falta de valorização do
cônjuge para com a sua família. Ora, não podemos deixar de priorizá-la. Um dos
recursos necessários para a edificação de sua família é o culto doméstico (Dt
6.7; 11.19). Pense nisso! Que o conselho de Paulo possa calar fundo em nossa
alma: “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus e principalmente dos da sua família,
negou a fé e é pior do que o infiel” (1Tm 5.8).
A maioria das pessoas naturalmente cumprem esse
dever, por isso os crentes, que têm o mandato e o poder de Deus para cumpri-lo
e não o fazem, comportam-se de maneira pior do que os pagãos. Nosso trabalho na
Obra do Senhor é importantíssimo e requer dedicação e tempo, isso é bíblico.
Mas também, nossa família merece um zelo especial, cuidado e dedicação tal qual
aquele que dedicamos à Obra do Senhor, isso também é bíblico! São muitos os
líderes que, equivocados com a ideia de que estão servindo a Deus esquecem de
sua família, deixando-a totalmente à deriva. As programações da igreja não
devem preterir nossa família. Uma boa administração do tempo nos ajudará nesse
sentido.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“APROVEITE CORRETAMENTE O SEU TEMPO
[...]
Quando o tempo é bem aproveitado, ele se torna satisfatoriamente extenso para
os que o achavam curto por ser veloz e prazerosamente veloz para quem não
gostava dele por achá-lo extenso.
Uma
indagação interessante e oportuna seria: ‘Como aproveitar bem o meu tempo?’ A
resposta óbvia seria: fazendo o que gosto e o que me faça progredir.
Fazer
o que não gostamos é ruim demais. Quando faço o que não gosto, faço malfeito e
perco o meu tempo, angustio a vida. Todavia, se doso bem o tempo medido com o
tempo vivido, e este último é vivenciado intensamente no que gosto de fazer,
tudo se encontra no seu devido lugar e não há mais insatisfação.
Existe
ainda uma contraposição: não é verdadeira a afirmativa de que há coisas que
fazemos e devemos fazer mesmo sem gostar? Sim, por causa da necessidade.
Primeiro a obrigação (no sentido de dever, mesmo que sem prazer); depois os
trabalhos que eu gosto de fazer (dever com prazer ou coisas que são boas para
mim, mesmo que não sejam tão imprescindíveis) e, por fim, o lazer. Quando não
seguimos essa regra, a relação entre tempo medido e tempo vivido não é satisfatória”
(DANIEL, Silas. Reflexões sobre a Alma e o Tempo: Uma teologia de
chrónos e kairós. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, p.134).
CONCLUSÃO
Após a Queda, o homem passou a experimentar as
agruras e os pesares da ação do tempo. Veio a envelhecer, enfermar-se e,
finalmente, morrer. Mas, agora, em Cristo, somos exortados a remir o tempo,
aproveitando-o de modo a glorificar a Deus e a honrá-lo enquanto estivermos na
Terra, com os nossos olhos voltados para “Sião”. Ali, junto ao Pai Celeste e ao
Cordeiro, desfrutaremos plenamente da vida eterna. A morte não terá poder sobre
nós.
O tempo anda curto para todos, nestes dias
precisamos gastá-lo eficazmente se não seremos deixados para traz... É vital
aprendermos a administrá-lo corretamente para a máxima glória de Deus, usando o
melhor do no nosso tempo para Deus, dedicando-nos à Obra do Reino, à nossa
família, e ao modo como andamos neste mundo tenebroso. Diante de tantos
compromissos inadiáveis e das lutas que enfrentamos diariamente, a Bíblia nos
adverte a respeito do tempo e diz: “Portanto, vede prudentemente como andais,
não como néscios, mas como sábios, Remindo o tempo; porquanto os dias são
maus.” (Ef 5.15-16).
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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