quinta-feira, 8 de agosto de 2019

LIÇÃO 6: A MORDOMIA DA ADORAÇÃO



SUBSÍDIO I

A igreja local é uma comunidade de adoração a Deus. Nela, os salvos em Cristo Jesus unem-se e reúnem-se para render culto ao Rei dos reis e Senhor dos Senhores. No culto a Deus, sempre se destacou o papel da adoração como atitude de exaltação, de louvor e de gratidão pelas bênçãos derramadas sobre seu povo. No Antigo Testamento, o culto a Deus teve início nos primórdios do relacionamento do homem com seu Criador. De início, vemos que, ao desobedecer a voz de Deus, o primeiro casal perdeu uma excelente oportunidade de exaltar ao Criador, preferindo ouvir a voz estranha do Maligno. A consequência foi a tragédia provocada pelo pecado ao longo dos séculos, resultado direto do afastamento do homem da presença de Deus.
Tempos depois da criação, quando Adão e Eva já tinham filhos, Caim, o primogênito, foi tentado a oferecer a Deus um culto que não lhe agradou, enquanto Abel, seu irmão, foi aceito por Deus ao oferecer um sacrifício aprovado pelo Senhor. Aquela altura, os irmãos, certamente, já tinham uma idade juvenil, pois um era agricultor, e o outro era voltado para a atividade pastoril (cf. Gn 4.2). Ambos ofereceram sacrifícios a Deus daquilo que consideravam o melhor de suas respectivas atividades. Deus aceitou a oferta de Abel, mas rejeitou a de Caim. Por isso, por amarga inveja do irmão, Caim matou Abel, cometendo o primeiro homicídio. Uma tragédia em meio à oferta de sacrifício ou de um culto a Deus (Gn 4.1-8).
O Senhor dá mais valor ao que está no coração do homem diante do altar do que para aquilo que ele oferece. Ele não aceitou o sacrifício ou o culto de Caim porque viu o seu interior e as intenções com que se apresentava. Diz o texto da primeira epístola de João, relativo ao episódio do primeiro homicídio: “Não como Caim, que era do maligno e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas” (1 Jo 3.12). Caim foi movido por sentimentos maus contra seu justo irmão. Ele “era do Maligno”, ou seja, não tinha comunhão com Deus; antes, seguia as propostas do Diabo em seu coração cheio de pecado. Em segundo lugar, o texto diz que “as suas obras eram más”, e ele teve inveja do seu irmão a ponto de matá-lo: “[...] Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas”. Deus não aceita falsa adoração e nem culto movido por sentimentos de interesse pessoal e carnal.
Quando o povo de Israel passou pelo Egito, o culto a Deus foi grandemente prejudicado. Com sua saída do Êxodo, o Tabernáculo, que Deus mandou construir, centralizou o culto divino. Tudo no Tabernáculo tinha sentido espiritual. Não havia cânticos ou música, mas, tempos depois, quando Davi foi rei em Israel, o culto teve marcante presença de louvor e adoração com música, além de instrumentos musicais dos mais diversos. Já com Salomão, o Templo em Jerusalém foi estabelecido como o lugar único e santificado para o culto a Deus. A adoração a Deus era desenvolvida com muita reverência e santidade tanto no Tabernáculo como no Templo em Jerusalém.
Infelizmente, porém, o povo de Israel, que era tão galardoado por Deus com tão grandes sinais, prodígios e maravilhas em sua história, deu lugar à desobediência e passou a oferecer um culto semelhante ao de Caim, ou seja, com sacrifícios certos, porém com motivação e sentimentos errados, além de misturar a adoração a Deus com culto a deuses estranhos, numa idolatria que provocou a ira de Deus. E o resultado disso foi o sofrimento, os juízos nos cativeiros pelos quais Israel passou na Assíria e em Babilônia. O culto foi praticamente interrompido. O livro de Salmos mostra-nos essa situação: “Junto aos rios da Babilônia nos assentamos e choramos, lembrando-nos de Sião. Nos salgueiros, que há no meio dela, penduramos as nossas harpas. Porquanto aqueles que nos levaram cativos nos pediam uma canção; e os que nos destruíram, que os alegrássemos, dizendo: Cantai-nos um dos cânticos de Sião. Mas como entoaremos o cântico do Senhor em terra estranha?” (SI 137.1-4). No período pós-exílio, o culto a Deus voltou a ser realizado com Esdras e Neemias, que restauraram o Templo e a cidade.
No Novo Testamento, o culto a Deus continuou no Templo e nas sinagogas. No Antigo Testamento, a adoração era centralizada em Deus, pois não se conhecia a pessoa de Jesus Cristo e nem a ação poderosa e marcante do Espírito Santo na vida dos adoradores. No entanto, com a morte de Cristo, sua ascensão e a descida do Espírito Santo, podemos dizer que a adoração mudou tanto o foco quanto a forma de praticá-la. No AT, só se podia oferecer culto ou sacrifícios no Tabernáculo ou no Templo. No NT, Jesus trouxe outra forma mais profunda e espiritual de adoração. Ele disse à mulher de Samaria: “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem” Jo 4.23). Essa é a grande diferença do culto neotestamentário. A mordomia da adoração é realizada “em espírito e em verdade”, e não no ritualismo e no simbolismo do culto na Antiga Aliança.

Texto extraído da obra “Tempos, bens e talentos”, editada pela CPAD  

SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
A essência da verdadeira adoração é o amor. O mandamento de Deus é que o amemos acima de todas as coisas, de todo o coração (Dt 6.5; Mt 22.36,37) e que em tudo o obedeçamos (Dt 10.12,13). Este mandamento foi dado por Deus em virtude de ele querer de nós reciprocidade: Ele nos ama e por isto quer ser amado por nós (Dt 10.15; 11.1). Além de amar, e expressar esse amor, a verdadeira adoração consiste também em servir a Deus, obedecê-lo em tudo, e proclamar entre as nações o seu Nome (Sl 96.1,2; At 1.8).
Adorar a Deus consiste em amá-lo acima de todas as coisas, e expressar consciente e deliberadamente esse amor de modo a exaltá-lo por sua natureza, por seus atributos, e por suas obras como Criador, Sustentador, Redentor, e Pai; e, ao mesmo tempo, manifestar-lhe louvor, agradecimento, dependência, submissão e disposição para servi-lo e para imitar em nosso viver o Seu caráter revelado em Jesus Cristo, e para proclamar entre as nações o seu Nome, anunciando as boas novas de salvação.

I. O QUE É ADORAÇÃO

Vejamos os conceitos usuais da bíblia, teologia e de uso comum.
1. Conceito Bíblico. Abraão foi o primeiro a citar palavra adoração na Bíblia. “... Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali; e havendo adorado, tornaremos a vós” (Gn 22,5). Decidido a obedecer à ordem recebida do Senhor, ele levou o seu próprio filho para ser sacrificado. Abraão reconhecia a autoridade e a soberania do Senhor sobre qualquer pessoa ou circunstância por isso, apesar da ordem ser “oferece-o ali em holocausto” (Gn 22,2), Abraão declara “... iremos... e havendo adorado, tornaremos...”. Ele não disse “e havendo sacrificado, tornaremos”, mas sim, “havendo adorado”. O sacrifício, em si, não era a adoração, mas fazia parte dela.
No Antigo Testamento, a palavra hebraica shaha significa “curvar-se diante” ou “prostrar-se diante” de Deus. Há ainda a palavra abad, que traz os sentidos de “adorar”, “trabalhar” ou “servir” a Deus (cf. 2ºRs 10.18-23). Essa é a perspectiva de adoração da Antiga Aliança.
O Novo Testamento registra o verbo grego proskuneo 59 vezes. Ela significa “prostrar-se” ou “adorar” ou “prestar homenagem a alguém” ou “venerar” ou “ser reverente” ou “beijar a mão”. Há também o verbo (prosekúnesa), que passou a significar “prostrar-se como sinal de reverência”, “prestar homenagem”. Nesse sentido, a narrativa da adoração dos magos a Jesus fundamenta a perspectiva de adoração da Nova Aliança (Mt 2.2,11). Há também a palavra latreía que emprega o sentido de “serviço” de adoração no culto (Êx 12.25,26; Hb 8.5; 9.9; 13.10). Há também a palavra leitourgia, que significava “serviço prestado em favor do povo”.
2. Conceito Teológico. A adoração comunitária é uma antecipação da reunião do povo de Deus no céu. As grandiosas cenas de adoração celestial em Apocalipse são tanto do presente quanto do futuro: nós direcionamos toda a nossa atenção para o trono; cantamos sobre a obra de Cristo; somos sinceros e diretos em nossa devoção a Deus.
3. Uso Comum da Palavra. Nosso culto, como manifestação da adoração a Deus tem 4 partes: louvor, restauração, proclamação e resposta. Em Isaías 6, por exemplo, Isaías comparece diante de Deus e o adora; então ele confessa seu pecado e busca restauração; Deus então proclama sua palavra a Isaías; finalmente, Isaías responde com seu compromisso a Deus. Esse também é um padrão do evangelho: nos aproximamos de Deus com admiração, vemos nosso pecado, ouvimos as boas novas e respondemos em fé e obediência.

II. COMO ADORAR A DEUS

Em um mundo que vive em função do prazer, externado pelo lazer, entretenimento e irreverência e distração, o como podemos definir a adoração? Duas frases na bíblia nos chamam a atenção.
1. “Em espírito e em verdade” (Jo 4.23). A expressão verdade é interessante, pois sua origem é tríade, pois há 3 fontes distintas para ela: Do grego (aletheia), do latim (veritas) e do hebráico (emunah):
Nosso conceito de verdade é a junção dessas três palavras. Aletheia se refere ao que aos fatos do presente, ou seja, a realidade; veritas se refere aos fatos do passado, ou seja, a linguagem; emunah se refere às ações e as coisas futuras, ou seja, à confiança-esperança.
Deus gosta da verdade, pois como declara Paulo “Nada pode contra a verdade, senão a verdade” (2ªCo 13.8). Na armadura Cristã, que Paulo cita em Efésios 6 a primeira peça da qual, como cristão devemos nos equipar, é o cinto da verdade, sem o qual as demais peças da armadura não se sustentam.
Quando Cristo fala a mulher Samaritana sobre a adoração em verdade era nisto que ele estava pensando. Adore Pelo que Deus já fez, pelo que Ele está fazendo e pelo que Ele ainda fará.
2. “Culto racional” (Rm 12.1). O termo refere-se ao culto lógico. Porém vivemos uma época em que a banalização do mundo invadiu os templos e os cultos; Há uma ausência de sentimentos corretos ao cultuar e busca errada de recompensas para tentar agradar a Deus.
O Novo testamento apresenta o culto como um modelo de vida a ser seguido, como um ato de excelência para Deus e ao próximo. Para haver um culto racional 8 princípios devem observados em Romanos 12:
- Deve ser voluntário: “Entreguem seu corpo a Deus” v.1. O salmista expressa: “Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário” (Sl 51.12), que numa tradução mais livre “Torna-me disposto a Obedecer”. O voluntariado diz respeito a necessidade que temos de livremente oferecermos, sem exigência externa, mas com piedade interior.
- Deve ser em gratidão: “... por causa de tudo que ele fez por vocês” (v.1). Os atos do culto cristão são expressões de gratidão por tudo o que Deus proporciona, gerando manifestações de arrependimento pelos atos pecaminosos cometidos e alegria pelo perdão recebido e proximidade com o trono da misericórdia, como declara Hebreus 13.15, são sacrifícios de Louvor.
- Deve ser em Sacrifício. Nem sempre o culto prestado é como queremos, mas sempre é com sacrifício e honestidade. Pautado naquilo que somos e temos. Sacrifício diz respeito a abrir mão do que você quer e confiar naquilo que Deus pode fazer, lançando sobre Ele as tuas ansiedades.
- Deve ser vivo. Deus exige vida sincera de quem o adora. Não posso adorar apenas de corpo, mas com a vida no altar. A vida é mais do que 2 horas semanais, é todo o tempo que você vive. Veja Isaias 1.11-17.
- Deve ser santo. Não há aproximação sem vida santa diante de Deus. A santidade nos habilita a andar com Deus. A santidade é caminhada e não um estado tácito. Cada dia que caminhamos, mais parecidos com Jesus devemos nos tornar. Veja 1ªPe 1.15.
- Deve ser agradável. Não é de qualquer forma que agradamos a Deus, mas em espírito e em verdade. Pois Deus ama ao coração sincero e contrito.
- Deve ser em transformação. Se não há mudanças profundas na sua vida, você nunca foi um altar vivo de Deus. Veja João antes da conversão (Lucas 9.54) e após a conversão (1ªJo 2.1).
- Deve ser em renovação. Se a sua mente ainda é carnal, Deus ainda não está assentado sobre seu coração, mas antes o orgulho. “Se o mundo controla nossa maneira de pensar, somos ‘conformados’, mas se Deus controla nossa maneira de pensar somos Transformados” (W. Wiersbe). Como diz Paulo: “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas” (2ªCo 5.17). Portanto, Deve ser Lógica essa transformação como um ato pessoal, diário em forma de devoção, adoração e serviço a Deus e ao próximo.

III. A PRÁTICA DA ADORAÇÃO - Gestos e Atitudes na Adoração a Deus

Resumo de um sermão doutrinário ministrado em 26.04.2018 em Autran Nunes 1:
O culto tem sido considerado, pela maioria dos cristãos, como o ato central de identidade cristã através da história. Quando você comparece diante de uma autoridade, se preocupa em como se comportar, não se atrasando, vestindo-se adequadamente, escolhendo palavras e cuidando do tom de voz. Será que diante do Rei dos reis não deveríamos ter ainda maior respeito? Claro que sim, pois Jesus merece sempre o melhor.
Culto é uma celebração a Deus e não uma atividade para entretenimento.
Nosso culto é uma antecipação do que vamos fazer no céu. O culto pode incluir vários propósitos: adoração, evangelização, instrução, consolação, Edificação, consagração, intercessão, gratidão.
O culto cristão é uma resposta humana à revelação divina. Deus toma a iniciativa e o povo responde. Com essa resposta estabelece-se o “diálogo” no seu culto. A parte mais importante do culto cristão é “Deus”, que se revela soberano, criador e santo. Deus é tanto o sujeito como o objeto do culto (Ele é o motivo do culto ou da minha adoração).
O culto, portanto, é a minha vida consagrada a Deus como sacrifício de gratidão a Deus pelos seus feitos e por quem Ele é em nós. Nossa reunião será sempre a imagem do culto que somos a Deus. Só adoramos se tivermos comunhão. Deve ser “Em espírito” Jo 4.23-24. Pelo espírito de Deus somos capacitados para cultuá-lo com nosso espírito, alma e corpo (1ªTs 5.23)
Como Ter Um Culto Relevante? Alguns princípios são importantes para termos um culto que agrada a Deus e nos leva a sermos abençoados por Ele.
- Oração: Culto sem oração, não é culto (Mt 21.13). O propósito do culto é falar com Deus e ouvir sua voz. Um culto verdadeiro é cheio de oração!
- Silêncio: Respeite a casa de Deus (Hc 2.20) Salomão já dizia que há “... tempo de estar calado e tempo de falar” (Ec 3.7). Durante o culto é desnecessário conversar com a pessoa que está ao lado.
- Concentração: Concentre-se em Deus (2ªCo 10.5) Para melhor aproveitamento do culto é preciso que todos estejam atentos num foco para a mensagem. Cada um deve esquecer um pouco as coisas que estão lá fora para ouvir palavra e estarem conexão à presença de Deus.
- Reflexão: Não saia sem aprender a palavra de Deus (Rm 12.1). Quando vamos ao culto, devemos aprender alguma coisa útil para a vida. Muitas pessoas não conseguem lembrar o que o pregador falou mesmo logo após o culto.
- Alegria: Saia do Culto alegre e agradecido (Ne 12.43) Seja alegre pelo que Deus tem dado; Seja alegre pela Salvação; Seja Alegre em Ofertar; Seja alegre em Devolver.
Que Ação Deveu ter ao Entrar na Casa de Deus?
Decência e ordem são requisitos para o culto que oferecemos a Deus. “Mas faça-se tudo decentemente e com ordem” (1ªCo 14.40).
Quando vier ao culto:
1. Sempre que possível chegue no Horário de início.
2. Não se esqueça de cumprimentar aos irmãos. “A paz do Senhor”.
3. Dobre seus joelhos e ore em antes de tudo.
4. Esteja em oração e reflexão antes de começar o culto.
5. Não entre no templo durante a oração ou leitura da Bíblia.
6. Evite conversar durante o culto.
7. Desligue o celular ou no mínimo coloque no silencioso. Se realmente precisar atender, saia do templo.
8. Não leia revista, jornal e nem mesmo a Bíblia enquanto o pregador ou dirigente estiver falando a menos que esta peça para ler. Não acesse a internet no culto!
9. Siga as orientações do dirigente do culto: Levante-se ou sente-se quando for pedido. Se esforce para cantar com alegria, mesmo que a música não seja conhecida.
10. Evite sair, antes de terminar o culto. Aguarde a benção apostólica!
11. Ajude as crianças a entenderem a seriedade do que está sendo feito no culto. Ensinando-as a prestar a devida atenção assentadas junto com os pais, quando possível for.
12. Seja receptivo aos visitantes cumprimentando-os, se assentando junto e compartilhando a Bíblia e hinário.
O Que a Verdadeira Adoração Gera? Quando a adoração é feita com a ideia de que assim se conseguirá benefícios da parte de Deus, deixou de ser adoração porque isso se torna uma tentativa de usar Deus para fazer aquilo que queremos. A adoração verdadeira é aquela feita porque Deus é o que é, e não querendo algo em troca. No entanto, pela misericórdia de Deus a verdadeira adoração produz:
1. Santificação. Diante do Deus Santo sentimos o nosso pecado e ele nos incomoda a ponto de nos levar a querer outra maneira de viver, distanciada do pecado. Na adoração compreendemos a verdade revelada no que o apóstolo Pedro escreveu: “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver” (1ªPe 1.15). Quem afirma adorar a Deus e não é incomodado pelo pecado, prova que não está adorando em verdade. Sua adoração está sendo um ato exterior e sem nenhum valor. Dessa forma a adoração deve levar o crente a abandonar a mentira, a falsidade, a desonestidade, a fornicação e todas as outras coisas condenadas pelo Deus Santo (Gl 5.19-21).
2. Humildade. Diante da misericórdia de Deus que deu seu Filho para nossa salvação; do seu poder, compreendemos a nossa finitude e nos humilhamos (1ªPe 5.6).
3. Segurança. A adoração ao Todo-poderoso nos coloca na dependência dele, seguros de que se Ele deu o seu Filho para nossa redenção, nos deixa só e tem cuidado de nós (1ªPe 5.7; Rm 8.31-39).
4. Amor aos perdidos. A verdadeira adoração motiva o crente a testemunhar de Jesus, pois seu coração é inundado pelo mesmo amor que Deus tem pelos perdidos. O crente reconhece que tem responsabilidade de anunciar aos outros o poder de Deus que, em Jesus, o tirou das trevas para a sua maravilhosa luz (1ªPe 2.9).

CONCLUSÃO

Para que possamos viver uma verdadeira adoração, devemos superar a cultura hedonista que tem predominado nossa vida comum, marcado pelo lazer, entretenimento, irreverência e distração. Para isso precisamos de uma vida verdadeira e em espiritualidade, apresentando a Deus em comunidade nosso culto racional, que gera mudanças em nosso interior e se refletem nos nossos comportamentos exteriores.
Que possamos viver, portanto, uma vida de adoração, celebrando a Deus pela vida recebida e a cada dia experimentos a antecipação da reunião celestial, como diz o apóstolo Paulo que possamos rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele (2ªTs 2.1)

Pr. Samuel Cardoso [EBD IEADTC] 

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO
No Antigo Testamento só se podia oferecer culto no Tabernáculo ou no Templo. No Novo, e do ponto de vista espiritual, Jesus Cristo aprofundou o sentido de adoração, conforme a narrativa do evangelista declara: “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem” (Jo 4.23). Nesta lição, veremos que, diferente do Antigo Testamento, a mordomia da adoração no Novo se realiza “em espírito e em verdade”. Assim, a adoração não está mais centrada no ritualismo ou no simbolismo da Antiga Aliança, mas em Cristo.
O fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre" (Cat Maior da IPB); viver em comunhão eterna com deus e louvar a Deus; “A fim de sermos para louvor da sua glória” (Ef 1.12; 1Pe 2.5). É uma entrega total de vida (Corpo, Alma e Espírito) para Deus. Na Bíblia podemos ver que através da adoração o homem pode manter um profundo relacionamento com o Senhor. Quando adoramos a Deus estamos estabelecendo um relacionamento entre nós e o Criador. A Bíblia diz que podemos adorá-lo com nossa vida, serviço, culto, reverência, oração, oferta, louvor etc. Essa adoração deve ser dada apenas e exclusivamente a Deus, sem reservas e de todo o coração (Ex 20.5; Dt 6.4,5). – Vamos pensar maduramente a fé cristã?

I. O QUE É ADORAÇÃO

Adoração vem do latim Adorationem. No sentido etimológico significa “culto ou veneração que se presta a uma divindade”. Para o cristão, adoração é a veneração elevada que se presta ao Deus Único, que subsiste em três pessoas distintas na Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. 
O termo ‘adoração’ provém do vocábulo adorare (ad oris, para a boca); gesto reverencial de tocar com a mão direita a pessoa ou objeto sagrado e cobrir a boca com a mão esquerda; é o ato de adorar, prestar homenagem e tributo ou fazer reverência a uma pessoa ou a uma divindade. Adoração é atribuir honra a alguém que é digno. O dever supremo daqueles feitos à imagem de Deus é “atribuir dignidade” àquele em quem vivemos, nos movemos e temos a nossa existência (At 17.28).
1. No Antigo Testamento. No Antigo Testamento, a palavra hebraica shaha ocorre mais de 100 vezes, e significa “curvar-se diante” ou “prostrar-se diante” de Deus. Há ainda a palavra abad, que traz os sentidos de “adorar”, “trabalhar” ou “servir” a Deus (cf. 2Rs 10.18-23). Essa é a perspectiva de adoração da Antiga Aliança. O livro do Êxodo revela que Deus mandou Moisés, Arão, Nadabe e Abiú, e os setenta anciãos, subirem ao monte e inclinarem-se de longe como sinal de reverência e adoração ao Eterno (24.1).
Há vários termos bíblicos que podem assumir o significado de adoração, por exemplo: Abad (hebraico), Shachah (hebraico e aramaico). O terno hebraico shachah aparece 170 vezes no Antigo Testamento; significa inclinar-se, cair diante de, prostrar-se, ajoelhar-se.
2. No Novo Testamento. O Novo Testamento registra o verbo grego proskuneo 59 vezes. Ela significa “prostrar-se” ou “adorar” ou “prestar homenagem a alguém” ou “venerar” ou “ser reverente” ou “beijar a mão”. Há também o verbo (prosekúnesa), que passou a significar “prostrar-se como sinal de reverência”, “prestar homenagem”. Nesse sentido, a narrativa da adoração dos magos a Jesus fundamenta a perspectiva de adoração da Nova Aliança (Mt 2.2,11).
No grego do Novo testamento, os principais termos usados são: ‘proskuneo’ (ocorre 59 vezes) formada de pros (para) e kuneo (beijar), significa literalmente “beijar a mão ou o piso diante de”; reverenciar ou homenagear; ato de prostrar-se aos pés; prestar homenagem ou tributo divino (Mt 4.10, Jo 4.20-21, Hb 1.6); beijar denota contato, aproximação, relação; ‘sebomai’ (ocorre 8 vezes), formado por sebas (temor) e latreia (culto). “proskunein” (Esta palavra, com suas variadas formas, aparece 10 vezes nos versículos de Jo 4.20-24) foi utilizada para traduzir a palavra hebraica shachah na Septuaginta (a Bíblia grega de Paulo e o autor de Hebreus), e também transmitia o mesmo conceito. Com este termo, Jesus anulou a validade do culto tradicional da mulher de Sicar e seus conterrâneos samaritanos. Tanto o local como a preocupação com o templo não tinha mais importância alguma. Enquanto a mulher argumentava que era o monte Gerezim (local perto de Sicar onde durante séculos passados os samaritanos adoravam e ofereciam seus sacrifícios), Jesus declarou que somente "em espírito e verdade" os verdadeiros adoradores adorarão o Pai (Jo 4.23). A salvação vem dos judeus, (provavelmente as numerosas profecias do A. T. a seu respeito estavam sendo indicadas pelo Senhor) portanto eles adoraram o que conheciam. A revelação do A. T. foi dada a Israel (cf. Rm 9.4). Os samaritanos, como os atenienses (At 17.23), adoravam um deus desconhecido.
3. Outras palavras relativas a adoração. No Novo Testamento, a palavra grega latreía emprega o sentido de “serviço” de adoração no culto (Êx 12.25,26; Hb 8.5; 9.9; 13.10). Dessa palavra vem o termo idolatria, ou adoração a ídolos, prática condenada por Deus. Há também a palavra leitourgia, ou liturgia, que significava serviço prestado em favor do povo. Atualmente, a palavra liturgia refere-se à forma de organização do culto e seu desenvolvimento. Cada denominação cristã tem uma “liturgia” em que a adoração a Deus se destaca como a essência do culto. 
O culto implica também em serviço (latreia) usado por Jesus para responder ao diabo (Mt 4.10). Este segundo termo é empregado frequentemente na Septuaginta (90 vezes), especialmente em Êxodo, Deuteronômio, Josué e Juízes, mas apenas uma vez nos profetas (Ez 20.32). Moisés, várias vezes, pediu a permissão da parte de Faraó para deixar os israelitas partirem para servir (latreuein) a Deus. Trata-se de cultuar e oferecer atos de adoração que agradem ao Deus da aliança (Ex 4.23; 8.1; 20; 9.1). O significado central deste termo surge de latron ("ordenado", no grego secular foi usado para indicar um trabalho pago e, mais tarde, um trabalho não pago). Mantém a ideia de servir. Tanto no A.T. como no N.T. a relação entre o homem e Deus não deixa de ser a de servir como escravo (ābad em hebraico; douleuō em grego). Na carta aos Hebreus, que tem uma ligação mais estreita com o A.T., quatro referências (das seis) tratam do culto judaico no templo, (At 8.5; 9.9; 10.2; 13.10). Nos outros dois casos, notamos que a razão pela qual Jesus se ofereceu por nós foi para que tenhamos consciências limpas, para podermos servir (latreuein) ao Deus vivo (9.14). Hebreus acrescenta que somente os que "têm graça" (lit.12.28) podem agradar a Deus pelo seu "serviço", oferecendo culto com reverência e santo temor. A profetisa Ana, uma viúva de 84 anos, servia (latreousa) ao Senhor no templo, numa adoração de jejuns e orações, noite e dia (Lc 2.37). Com muita naturalidade, Paulo emprega latreia, "culto", "serviço religioso", para descrever o corpo entregue a Deus como sacrifício vivo, santo e agradável (Rm 12.1). Veremos, a seguir, como o culto relacionado com o templo e sacrifícios no A. T. foi transformado em adoração consumada pelo sacrifício de Jesus Cristo. Somente pelas misericórdias de Deus podemos oferecer tal adoração que agrade a Deus. A vida corporal representa toda a potencialidade e a capacidade do homem, inclusive sua inteligência, energia, experiência e dedicação. Uma vez ofertado integralmente, o corpo santificado como sacrifício a Deus, será aceito como culto genuíno (gr. logikēn). Reconhecemos a raiz de latreia em nosso vocábulo "idolatria" (serviço a um ídolo). Foram os israelitas rebeldes que cultuaram (latreuein) as hostes do céu (At 7.42). Espíritos rebeldes (demônios) dão realidade ao culto a ídolos, que em si, nada são (I Co 10.19). Deus revela Sua ira contra todos os que idolatram a criatura mais do que o Criador (Rm 1.25). O Senhor reivindica a totalidade do "serviço" (latreia) dos seres a quem Ele dá vida A rebelião do pecado humano enquadra-se nesta realidade: o homem serve no sentido de adorar (latreuein) o que não é Deus. João nos proporciona uma descrição da multidão que veio da grande tribulação, tendo purificado suas vestes no sangue de Jesus. A atividade da referida multidão extraterrestre concentra-se numa frase: "servem ou adoram a Deus (latreuousin) de dia e de noite" (Ap 7.15). É possível que este vocábulo inclua mais do que cantar ao acompanhamento de harpas (Ap 14.2, 3), sendo que latreia significa "o serviço religioso" todo, em volta do templo e seus ritos (Rm 9.4). Mas nunca devemos esquecer a exclusividade, pois Jesus declarou: "Só a ele (Deus) darás culto" (latreuseis, Mt 4.10; Lc 4.8). Os atos e ritos que expressam adoração devem ser exclusivamente dirigidos a Deus. Inadmissível ao Senhor da Glória seria um culto prestado aos ídolos por um cristão, mesmo que este afirme que em seu coração está realmente adorando ao Deus único (1 Co 10.20).” (EBDAREIABRANCA)

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Esse tópico tem o objetivo de explicar o conceito da palavra “adoração”. Para lhe ajudar nesse propósito, sugerimos que leve em conta, quando da preparação de sua aula, o seguinte texto: “O propósito da adoração é estabelecer ou dar expressão a um relacionamento entre a criatura e a divindade. A adoração é praticada prestando-se reverência e homenagem religiosa a Deus (ou a um deus) em pensamento, sentimento ou ato, com ou sem a ajuda de símbolos e ritos. [...] A adoração pura expressa a veneração sem fazer alguma petição, e pressupõe a auto-renúncia e a entrega sacrificial a Deus. Estritamente falando, a adoração é a ocupação da alma com o próprio Deus, e não inclui a oração por necessidades e ação de graças pelas bênçãos” (Dicionário Biblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.31).
II. COMO ADORAR A DEUS
1. “Em espírito e em verdade”. Após ouvir de modo atencioso e reverente a palavra de Jesus, a mulher samaritana ficou impressionada e o reconheceu como profeta (Jo 4.19). Nosso Senhor declarou duas coisas importantes sobre a verdadeira adoração. Primeiro, onde se deve adorar a Deus; em segundo lugar, como se deve adorá-lo.
A ideia de adorar o Senhor "em espírito e em verdade" vem da conversa de Jesus com a mulher no poço em João 4:6-30. Na conversa, a mulher estava discutindo com Jesus lugares para adorar, dizendo que os judeus adoravam em Jerusalém, enquanto os samaritanos adoravam no monte Gerizim. Jesus acabara de revelar que sabia sobre seus muitos maridos, bem como o fato de que o homem atual com quem morava não era seu marido. Isso a deixou desconfortável, então ela tentou desviar a Sua atenção da sua vida pessoal a assuntos de religião. Jesus recusou-se a Se distrair de Sua lição sobre a verdadeira adoração e dirigiu-se ao ponto principal: "Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores" (João 4:23). A lição geral sobre adorar o Senhor em espírito e em verdade é que a adoração de Deus não se limita a uma única localização geográfica e nem é necessariamente regulada pelas provisões temporárias da lei do Antigo Testamento. Com a vinda de Cristo, a separação entre judeus e gentios já não era relevante, nem a centralidade do templo na adoração. Com a vinda de Cristo, todos os filhos de Deus ganharam acesso igual a Deus através dEle. A adoração tornou-se uma questão de coração, não de ações externas, e passou a ser dirigida pela verdade em vez de cerimônia” (GOTQUESTIONS)
1.1. Onde adorar a Deus? Para a mulher samaritana o lugar correto de adoração era o monte de Samaria. Mas para os judeus, era Jerusalém. Entretanto, nosso Senhor revelou claramente que chegaria um tempo em que o essencial da adoração não seria o lugar geográfico, pois “os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4.23,24). 
A luz da vinda de Jesus como o Messias e o Salvador, os adoradores serão identificados, não por um determinado santuário ou local, mas por seu culto ao Pai por meio do Filho. Com a vinda de Cristo, as distinções anteriores entre verdadeiros e falsos adoradores baseados em localizações desapareceram. Os verdadeiros adoradores são todos aqueles que adoram a Deus de coração por meio do Filho em qualquer lugar (Fp 3.3). Em João 4.23,24, Jesus não está falando de um elemento desejável na adoração, mas do que é absolutamente necessário - em espírito e em verdade. A palavra "espírito" não se refere ao Espírito Santo, mas ao espírito humano. Jesus está dizendo que a pessoa deve adorar não simplesmente em conformidade externa a ritos e lugares religiosos (externamente), mas interiormente ("em espírito"), com atitude correta do coração. A referência à "verdade" diz respeito à adoração a Deus consistente com a Escritura revelada e centrada no "Verbo que se fez carne", que, cm última análise, revelou o Pai (14.6).
1.2. A atitude do adorador. Além de adorar “em espírito”, o cristão deve adorar “em verdade” (Jo 4.24). Nem todo hino ou cântico ou apresentação musical é adoração a Deus. Atualmente, a partir da influência do chamado “movimento gospel”, as músicas têm sido usadas de forma a exaltar “artistas” ou “levitas”. Isso é uma visão deturpada da adoração. Multidões se ajuntam em templos, estádios ou praças, para assistirem “shows gospel”, onde a humildade e a contrição estão longe do propósito original da adoração. Ora, a verdadeira adoração é “em espírito e em verdade”, e para a glória de Deus. Somente Ele é o centro da adoração!
A verdadeira adoração deve ser "em espírito", isto é, engajando todo o coração. A menos que haja uma verdadeira paixão por Deus, não há adoração em espírito. Ao mesmo tempo, a adoração deve ser "em verdade", isto é, devidamente informada. A menos que tenhamos conhecimento do Deus que adoramos, não há adoração em verdade. Ambos são necessários para uma adoração satisfatória e que honre a Deus. O espírito sem verdade leva a uma experiência superficial e excessivamente emocional que pode ser comparada a estar sob a influência da uma droga. Assim que a emoção acabar, quando o fervor esfria, o mesmo acontece com a adoração. A verdade sem espírito pode resultar em um encontro seco e sem paixão que pode facilmente levar a uma forma de legalismo sem alegria. A melhor combinação de ambos os aspectos da adoração resulta em uma alegre apreciação de Deus que é bem informada pelas Escrituras. Quanto mais conhecemos Deus, mais o apreciamos. Quanto mais o apreciamos, mais profunda é a nossa adoração. Quanto mais profunda a nossa adoração, mais Deus é glorificado” (GOTQUESTIONS).
Naqueles dias, tanto os judeus quanto os samaritanos perderam o foco da verdadeira adoração. Davam mais importância ao lugar e às cerimônias que ao estado do coração dos adoradores. O entendimento deles era que, quem cumprisse os rituais da maneira correta estaria bem com Deus, mesmo se não fosse feito pelas razões certas nem com sinceridade. Adorar a Deus era apenas um ritual. Jesus voltou a centrar a atenção naquilo mais importava: o coração. O grande mandamento é amar a Deus com tudo que somos (Mt 22.37-38). Essa é a verdadeira adoração.
2. Com o “culto racional”. Paulo escreveu aos cristãos de Roma acerca de apresentarmo-nos a Deus em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o nosso culto racional (Rm 12.1). O culto racional significa cultuar a Deus “com razão de ser” motivados espiritualmente, portadores de uma sinceridade profunda: “glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1Co 6.20). O objetivo do culto racional é este: “para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2). 
Sob a antiga aliança Deus aceitava os sacrifícios de animais mortos. Entretanto, devido ao sacrifício final de Cristo, os sacrifícios do Antigo Testamento já não têm mais qualquer efeito (Hb 9.11-12). Para aqueles em Cristo, a única adoração aceitável é oferecer a si mesmo completamente ao Senhor. Debaixo do controle de Deus, o corpo ainda não redimido do cristão pode e deve ser rendido a ele como um instrumento de justiça (Rm 6.1,13; 8.11-13). A luz de todas as riquezas espirituais que os cristãos desfrutam exclusivamente como o fruto das misericórdias de Deus (Rm 11.33,36), segue-se logicamente que eles elevem a Deus a sua mais elevada forma de culto. Culto racional significa adoração consciente, com amor, mas também com entendimento. No Antigo Testamento, as regras de adoração centravam muito em ações exteriores e muitas pessoas se esqueciam que nada disso tinha valor sem um coração voltado para Deus (Romanos 9:30-32). No Novo Testamento, a adoração começa no coração, que depois se reflete na vida e nas ações exteriores.

SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ

“A Verdadeira adoração não tem a ver necessariamente com canções, instrumentos, grupos musicais ou corais. A essência da adoração é uma vida inteiramente ligada a Deus. É ter uma relação íntima com Ele. É falar, pensar, agir, cantar e viver em total sintonia com sua vontade e sua Palavra (1 Sm 15.22). Adoração é viver com Ele, por Ele e para Ele. É em tudo glorificá-Lo. É ter o desejo constante de agradá-Lo, de fazê-Lo sorrir e de exalar um cheiro suave e agradável ao Senhor em todo o tempo. É ser amante de Cristo, amá-Lo pelo que Ele é, e não apenas pelo que Ele pode fazer.
[...] A adoração não está presa a rituais, nem a fórmulas, nem a expressões esteriotipadas e pré-determinadas pelo tempo, estilo pessoal, ou espaço. [...] A adoração deve envolver todo o nosso coração, a nossa alma, o nosso entendimento e toda a nossa força (Mt 22.37)” (SILVA, Edvanderson. Adoração sem Limites: Um coração aos pés de Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, pp.20-21).
III. GESTOS E ATITUDES NA ADORAÇÃO A DEUS

1. Ajoelhar-se e prostrar-se. São gestos de profunda reverência diante de Deus. Salomão, na inauguração do Templo, em Jerusalém, diante de todo o povo, se pôs de joelhos, adorando a Deus: “Sucedeu, pois, que, acabando Salomão de fazer ao Senhor esta oração e esta súplica, estando de joelhos e com as mãos estendidas para os céus, se levantou de diante do altar do Senhor” (1Rs 8.54). Jesus prostrou-se diante do Pai em súplica (Mt 26.39). 
Proskyneo significando “prostrar-se”, “prestar homenagem a alguém”, “venerar”, “beijar a mão”, “fazer reverência a”, “adorar”,(Mt 2.2,8,11; 4.9; Mc 5.6; 15.19; Lc 4.7,8; Jo 4.20-22 etc). Essas palavras são constantemente traduzidas pela palavra “adoração”, denotando o valor daquele que recebe honra ou devoção especial.'' (PFEIFFER, p. 31). Adorar envolve mais do que palavras e pensamentos; envolve todo o nosso ser, nossas atitudes.
2. Louvar e cantar. Davi introduziu o uso de instrumentos musicais, do cântico coral e congregacional no culto a Deus. Ele mandou selecionar e preparar 4.000 cantores oficiais, que se revezavam em turnos (1Cr 23.5,6), acompanhados com instrumentos musicais e dirigidos por 288 maestros (1Cr 25.7). Na Igreja de Cristo, a adoração a Deus também se expressa com cânticos e hinos de caráter espiritual. O apóstolo Paulo nos exorta a praticar a verdadeira adoração de forma consciente e profunda: “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração” (Cl 3.16 — grifo meu). 
Se adoração transmite a ideia de nos prostrarmos ou nos curvarmos diante de Deus, louvor fala de nos levantarmos perante Ele. Quando louvamos, erguemos nossas cabeças e cantamos ou damos graças a Deus por aquilo que Ele é e tem feito. Podemos encontrar essas duas ideias unidas no mesmo versículo: “E todo o povo respondeu: Amém! Amém! E, levantando as mãos, inclinaram-se e adoraram o SENHOR, com o rosto em terra” (Ne 8.6). Observe que eles louvaram erguendo suas mãos e proclamando o “amém”; e adoraram inclinando-se com o rosto em terra. Em 2 Crônicas 7.3, essas duas ideias estão apresentadas na ordem inversa: “Os filhos de Israel... se encurvaram com o rosto em terra sobre o pavimento, e adoraram, e louvaram o SENHOR, porque Ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre”. A verdadeira adoração congregacional é regulamentada em 1 Coríntios 11-14. Qualquer membro era livre para participar conforme o Espírito dispusesse (1 Co 14.26), principalmente quando procurasse ministrar aos outros através de seu dom espiritual ou carismático (1 Pe 4.10ss.). Uma mulher que orasse ou profetizasse deveria ter a sua cabeça coberta (1 Co 11.5). Uma mensagem em uma língua incompreensível deveria ser interpretada, e toda profecia deveria estar sujeita aos profetas na congregação (1 Co 14.27,33). Adoração envolve um espírito de gratidão, esta gratidão a Deus é uma atitude tão básica na vida do Crente que foi ensinada pelo Senhor desde o Antigo testamento. (Lv 7.11,12; Sl 116.17, Jn 2.9).
3. Glorificar a Deus. Ao longo das Escrituras Sagradas, aprendemos que devemos glorificar a Deus com a inteireza do nosso ser (1Ts 5.23). Ora, se nós somos templo do Espírito Santo, significa que Ele habita em nós, logo. Deus não aceita nada menos que o todo do nosso ser, isto é, “vosso corpo” e “vosso espírito” (1Co 6.19,20).
O salmista lembra-nos de que a nossa adoração deve ser expressa da seguinte maneira: “Oferece a Deus sacrifício de louvor e paga ao Altíssimo os teus votos” (Sl 50.14). A Palavra de Deus nos ensina que quem oferece sacrifício de louvor a Deus, o glorifica (Sl 50.23). É um privilégio glorificar a Deus e apresentar-nos diante dEle.
Tendo concluído todas as exortações iniciadas em 1Ts 4.1 e, especificamente, as dos versículos 16-22, a bênção final de Paulo reconheceu a fonte para obedecê-las e cumpri-las todas. Não é possível ser santificado em todas essas maneiras com a força humana (Zc 4.6; 1Co 2.4-5; Ef 3.20-21; Cl 1.29). Somente o "próprio” Deus (Rm 15.33; 16.20; Fp 4.9; Hb 13.20) pode separar-nos do pecado para a santidade "em tudo". O corpo do cristão pertence ao Senhor, é um membro de Cristo e templo do Espírito Santo. Todo ato de fornicação, adultério ou qualquer outro pecado é cometido pelo cristão no santuário, o Santo dos Santos, onde Deus habita. No Antigo Testamento, o sumo sacerdote entrava lá apenas uma vez por ano, e somente após uma extensiva limpeza, caso contrário ele seria morto (Lv 16). Fomos adquiridos pelo precioso sangue de Cristo por esta razão, o propósito supremo do cristão é adorar a Deus – “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31). A liberdade cristã, bem como o comportamento mais comum, é ser conduzido de maneira a honrar a Deus (Ez.36.23). Oferecer a Deus sacrifícios de ações de graças é o sacrifício que sempre o agrada (Sl 51.17; Hb 13.15).
SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ

“Muitas coisas foram ditas sobre o que acontece quando somos cheios com o Espírito – muitas coisas estranhas e controversas, de fato. Mas a Palavra de Deus diz que quando o Espírito de Deus se faz presente em nosso meio, começamos a cantar. Nós admoestamos uns aos outros com salmos, hinos e cânticos espirituais. O verdadeiro cântico de adoração nasce, em primeiro lugar, desta verdade: o Espírito Santo de Deus veio para viver em seus filhos. Afinamos nossos corações para cantar seu louvor porque Ele é o Único que faz a perfeita afinação.
Esta é a própria confirmação de que Deus está entre nós. Martinho Lutero uma vez escreveu: ‘O Diabo odeia a música porque ele não suporta a alegria. Satanás pode escarnecer, mas não pode rir; ele pode zombar, mas não pode cantar’. Talvez Lutero estivesse pensando neste surpreendente versículo: ‘Então, a nossa boca se encheu de riso, e a nossa língua, de cânticos; então, se dizia entre as nações: Grandes coisas fez o Senhor a estes’ (Sl 126.2)” (JEREMIAH, David. O Desejo do meu Coração: Vivendo Cada Momento na Maravilha da Adoração. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, pp.129-30). 

CONCLUSÃO

Na mordomia da adoração, precisamos saber que Deus não vê apenas o gesto exterior como expressão de louvor, mas também a motivação do coração (1Sm 16.7). Oremos como Davi orou: “Senhor, tu me sondaste e me conheces. Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento” (Sl 139.1,2). 
“O SENHOR vê o coração...” O conceito hebraico de "coração" incorpora as emoções, a vontade, o intelecto e os desejos. A vida de um homem irá refletir o seu coração (Mt 12.34-15). Em meio ao formalismo no culto ao Senhor, o salmista conclama seu povo: “Oferece a Deus sacrifícios de ações de graças e cumpre os teus votos para com o Altíssimo” (Sl 50.14). Comprometa-se com Deus! Aí, sim, a maravilhosa e conhecida promessa do Salmo 50 repousará sobre os que adoram a Deus: “Invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br


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