SUBSÍDIO I
ELEMENTOS USADOS NA ILUSTRAÇÕES
O profeta Jeremias emprega fatos
da sua vida pessoal para ilustrar a então situação de Judá, como o relato do
cinto de linho, a visita à casa do oleiro e a canga de madeira sobre o pescoço.
Há também ilustrações que não parecem tão claras para o nosso tempo, mas faziam
sentido para os primeiros leitores, como veremos mais adiante.
Na ilustração do
cinto narrada em Jeremias 13.1-11, Deus ordenou que o profeta Jeremias
comprasse um cinto e colocasse na cintura, sem que o objeto encostasse na água.
O cinto é uma peça de roupa íntima, e isso mostra os bons tempos em que os
filhos de Israel viviam na presença de Deus. Jeremias obedeceu à ordemdivina,
mas depois lhe veio uma palavra de Deus mandando-o esconder o cinto numa fenda
da rocha na região do rio Eufrates, na Mesopotâmia, por tempo suficiente até o
cinto apodrecer. Como o cinto apodrecido para nada presta, assim a orgulhosa
Judá, que resistia à palavra de Deus, deveria experimentar a humilhação e a
ruína, recebendo o justo castigo por sua idolatria. A vontade divina era que o
seu povo estivesse ligado a ele assim como o cinto está ligado ao ser humano:
“Porque, como o cinto está ligado aos lombos do homem, assim eu liguei a mim
toda a casa de Israel e toda a casa de Judá, diz o SENHOR, para me serem por
povo, e por nome, e por louvor, e por glória; mas não deram ouvidos” (Jr 13.11).
Esse discurso emprega elementos de conhecimento geral de toda a população e uma
linguagem que todos podiam compreender.
A visita à casa do
oleiro (Jr 18.1-6) é uma passagem literal, e não meramente uma parábola, mas
nada impede de identificarmos a presente seção como tal, pois a parábola pode
ser uma ilustração real ou imaginária. Ofício do oleiro era muito comum no
Antigo Oriente Médio, de modo que a lição transmitida nessa ilustração estava
ao alcance de todos. Jeremias, como qualquer pessoa de sua geração, conhecia
essa ocupação; assim não havia novidade alguma na produção dessa cerâmica. Ele
devia ter visto o oleiro trabalhando diversas vezes, mas Deus o enviou à sua
casa, pois Jeremias precisava estar no lugar certo para receber a mensagem
divina.
A ilustração da
canga de madeira está registrada em Jeremias 27.2-5: “Assim me disse o SENHOR:
Faze umas prisões e jugos e pô-los-ás sobre o teu pescoço” (v. 2). Eram duas
peças de madeira presas com pedaços de couro, conhecidas como canzis ou cangas,
usadas para os bois puxarem carros. O profeta deveria usá-las como ato
simbólico para ilustrar o jugo da Babilônia sobre as nações. Assim como o boi é
dominado pelo jugo, as nações deviam sujeitar-se ao domínio dos caldeus. Seria
inútil tentar livrar-se do tacão de Nabucodonosor. O emprego de figuras e
símbolos é importante porque chama a atenção, e as pessoas dificilmente se
esquecem deles.
O profeta Oseias
em seu discurso profético apresenta inúmeras ilustrações e faz uso de linguagem
metafórica e fácil compreensão na cultura daquela geração, mas que não são
claras para o leitor da atualidade. Veja o seguinte exemplo: “Todos eles são
adúlteros: semelhantes são ao forno aceso pelo padeiro, que cessa de atear o
fogo, desde que amassou a massa até que seja levedada” (Os 7.4). O que isso
quer dizer?
O profeta mostra o
retrato da lascívia e da sensualidade do povo e das autoridades civis e
religiosas. O adultério aqui não é apenas físico, mas diz também respeito à
infidelidade a Javé, à apostasia religiosa generalizada. O rei Jeroboão I,
filho de Nebate, introduziu o fermento, o culto do bezerro (1 Rs 12.28-31),
para levedar a massa, e esperou o fogo aquecer até toda a massa ficar levedada.
O fogo se espalhou rapidamente de modo que todo o Israel estava contaminado pela
prostituição física e espiritual, pela sensualidade e lascívia, pela
idolatria e apostasia. A comparação do forno mostra que ardia neles o desejo
intenso de praticar coisas pecaminosas, o culto idolátrico. Depois dessas
orgias, da cobiça e da multidão dos pecados, vem a ressaca. Logo que o povo se
recupera dela, torna a praticar as mesmas coisas. O profeta afirma que, como o
padeiro que cessa de atear fogo até que a massa fique levedada, da mesma forma
o povo descansa temporariamente até de novo ser vencido pelo poder do mal, até
chegar à levedura.
Segue mais um
exemplo de Oseias: “Dores de mulher de parto lhe virão; ele é um filho
insensato, porque é tempo, e não está no lugar em que deve vir à luz” (Os
13.13). Em muitos lugares na Bíblia, a figura da mulher representa Israel e
também a igreja. A expressão dores
de mulher de parto sempre é usada com frequência na Bíblia
para indicar sofrimento decorrente do juízo divino (Is 13.8; 21.3; Jr 4.31;
13.21; 49.24; Mq 4.9). O profeta está ilustrando o sofrimento de Israel com o
castigo divino com o sofrimento da mulher no parto. Essa parte do versículo é
compreensível hoje.
Mas a segunda
parte diz: “ele é um filho insensato, porque é tempo, e não está no lugar em
que deve vir à luz”. O que isso quer dizer? Que Israel é como um bebê que na
agonia do parto não se esforça para nascer. Oseias apresenta Israel como esposa
infiel e também como filho. Esse filho aqui é insensato porque não se esforça
para nascer no ponto crítico em que a mulher deve dar à luz. Não nascendo,
morre a mãe e morre também o filho. A mulher não pode dar à luz nem o filho faz
a sua parte. Ambos morrem. Isso significa que, para Israel viver, necessita de
novo nascimento, mas Efraim, nome alternativo de Israel usado com frequência em
Oseias, recusou-se a fazê-lo.
Texto extraído da
obra “Batalha
Espiritual”, editada pela CPAD
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Paulo instrui aos crentes de Éfeso, e por extensão,
a todos que ouvem essa Epístola, a tomar toda a armadura de Deus, e que depois
de ter feito tudo, devemos permanecer firmes (Ef. 6.13). Na aula de hoje,
conheceremos as partes da armadura de Deus, essa indumentária é fundamental
para que possamos resistir no dia mal. Inicialmente, destacaremos alguns
aspectos desse texto no grego do Novo Testamento, em seguida, faremos sua
interpretação e aplicação, a fim de que sejamos fortalecidos no poder do
Senhor.
I. ANÁLISE
TEXTUAL
Nosso fortalecimento vem do Senhor, para tanto
devemos tomar – analabete, que se encontra no imperativo – não apenas parte,
mas toda armadura – panoplia – de Deus. Com ela seremos capazes de permanecer
firmes – antistenai – e após ter terminado tudo, finalmente ter cumprido a
tarefa – katergazomai – permanecer firmes (v. 13). O comando militar de Paulo
é: Estai firmes – histemi, não deixe seu território de atuação, não fuja da
guerra. Mas para não fraquejar, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade.
A aletheia, que nessa passagem pode ser também traduzida por confiança naquilo
que foi aprendido. E mais, é preciso também vestir a couraça da justiça –
thoraka tês dikaiosynes – a justiça, tema amplamente abordado por Paulo em suas
epístolas, que provém de Deus (v. 14). Também a tendo os pés preparados no
evangelho da paz – euangeliou tês eirênes. O evangelho é a boa nova de salvação
em Cristo, que nos conduz à paz com e de Deus, resultante do ministério da
reconciliação (v. 15). E em todas as circunstâncias, é preciso estar com o
escudo da fé – ho thureos tês pisteôs. A fé serve de proteção, contra os
ataques do maligno, servindo para apagar todos os dardos – bale, flechas
inflamadas – pepuromena - com fogo lançadas pelo Maligno, com alto poder de
destruição (v.16). E o capacete da salvação – ten perikephalaian tou sôteriou –
que deveria ser usado juntamente com tem machairan tou pneumatos – a espada do
Espírito, que o próprio Apóstolo explica ser a palavra de Deus – rhema Theou. A
palavra – rhema – não apenas uma ideia, mas uma declaração, uma expressão de fé
(v. 17). Além de toda oração – proseuches – e súplicas – deesis – em constante
oração – proseuchomai – em todo tempo – em panti kairô – dependendo do Espírito
– em pneumati, como forma de permanecer alerta – agryonountes – com o sentido
de não dormir no lugar da vigilância, suplicando por todos os santos (v. 18).
Dentre eles, o próprio Paulo, que perde que orem – huper me. Com o um objetivo
específico, para que lhe seja dada a palavra – logos – o tema apropriado – no
abrir e fechar da sua boca. Essa palavra deveria ser ousada – parresia, com
confiança, mas também no sentido de ter abertura para fazê-lo, a fim de
proclamar – gnorizo – o mistério do evangelho – to musterion tou euangeliou (v.
19). Paulo estava preso em Roma, e sabia que era embaixador em cadeias – prebeuo
em halusis. A palavra prebeuo diz respeito ao representante de um reino, e como
tal, esperava poder com ousadia – parresiazomai, verbo no subjuntivo, indicando
possibilidade, para que de maneira apropriada, fosse capaz de falar – lalêsai
(v. 20).
II. INTERPRETAÇÃO
TEXTUAL
Paulo inicia essa seção com um “portanto”,
direcionando para os poderes que vão além da força humana dos inimigos, por
conseguinte, os crentes não podem depender de um armamento material, mas de
toda a armadura de Deus (v. 11), dentre os elementos desse equipamento
espiritual, se encontra a espada do Espírito que está disponível para aqueles
que estão nessa batalha. As metáforas utilizadas pelo Apóstolo nesse texto
remetem aos soldados romanos, com os quais Paulo estava cercado por se
encontrar preso na capital do império. Ele orienta os irmãos das igrejas a
permanecerem firmes, recorrendo aos recursos providos por Cristo: justiça (v.
14), evangelho (v.15), fé (v. 16), salvação e a Palavra de Deus (v. 17). A
proposta desse comandante é a de que estejamos firmes, não saiamos do posto em
que fomos colocados pelo Capitão da Nossa Salvação (v. 14). Nossa batalha leva
em consideração a preparação para a pregação do evangelho, não esquecendo que
esse é tanto uma má notícia – a realidade do pecado – quando uma boa notícia –
a salvação em Cristo (v. 15). Mas precisamos também nos proteger, pois existem
dardos inflamados do Maligno, que são lançados com violência, a fim de causar
estrago em nossas vidas. Para não ser pegos de surpresa, devemos recorrer ao
escudo da fé, com o qual poderemos nos proteger, evitando ser alvos fáceis. A
fé se refere às crenças que fundamentam a doutrina cristã, quanto a fidelidade
do crente, sobretudo diante dos dias difíceis (v. 16,17). Dependamos também da
espada do Espírito, que é tanto uma arma de defesa quanto de ataque, que pode
nos dar o fundamento para a apologética da fé, quanto para evitar que sejamos
atingidos pelas setas do Maligno. Jesus venceu Satanás na tentação por meio da
Palavra de Deus, recorrendo a expressão “está escrito” (Mt. 4.4). Devemos saber
que a Palavra de Deus é espada cortante de dois gumes, poderosa para realizar
os feitos divinos (Hb. 4.12). E mais, estar continuamente em oração, Deus é a
nossa fonte de suprimento, não podemos depender das nossas próprias forças,
muito menos pensar que somos autossuficientes. A oração é uma demonstração de
total dependência de Deus na batalha espiritual. As armas somente podem causar
o efeito necessário se estiverem fundamentadas na oração, sendo essa em Espírito
e em Verdade (Jo. 4.23,24), pois o Espírito de Deus intercede na oração (Rm.
8.26,27).
III. APLICAÇÃO
TEXTUAL
Os crentes estão em uma batalha espiritual, e é
preciso destacar o significado desse adjetivo “espiritual”, que muito embora
pareça óbvio, é esquecido por algumas pessoas. Não estamos em uma luta contra
pessoas, como supõem alguns evangélicos, sobretudo nesses últimos tempos, nos
quais se semeia o ódio com tanta ousadia. Paulo lembrou, com bastante
propriedade, que nossa luta não é “contra carne e sangue”. Não há fundamento
bíblico para odiar as pessoas, ainda que essas não concordem conosco, ou mesmo
não vivam a partir dos padrões que consideramos corretos. Antes devemos orar
por elas, e estar cientes que há algo mais amplo, uma força mundana, que
controla os interesses deste mundo tenebroso. Diante dessa realidade, cabe a
nós os que cremos em Cristo, buscar as armas necessárias, que não se tratam de
armas materiais, não devemos incentivar à luta armada, muito menos o porte de
armas. Dependemos de Deus, a base da nossa fé é evidenciada na oração, por
intermédio da qual lubrificamos os equipamentos da armadura de Deus. A oração
deixou de fazer parte do cotidiano de muito crentes, a principal razão é o
pragmatismo moderno, que aliena as pessoas de uma vida na presença de Deus. A
partir da oração, devemos nos revestir de toda a armadura de Deus, não apenas
de parte dela, pois é possível que Satanás encontre os pontos frágeis, pois
cada pessoa tem o seu “calcanhar de Aquiles”, uns é o dinheiro, para outros, o
sexo, e ainda, para alguns é o poder. Os instrumentos que compõem toda a
armadura de Deus são: a couraça da justiça, essa diz respeito a convicção que
temos de que fomos justificados por Deus, por intermédio do sacrifício vicário
de Jesus. Os calçados da preparação do evangelho da paz, não disseminamos a
guerra com quem quer que seja, anunciamos as boas notícias de que Cristo é o
Príncipe da paz. O escudo da fé, não apenas o conjunto de crenças, mas a
fidelidade a Deus, principalmente diante das adversidades. O capacete da
salvação, para não termos dúvidas de que fomos alcançados pela graça
maravilhosa de Deus, ainda que não fôssemos merecedores. A espada do Espírito,
que é própria Palavra de Deus, pois existem muitos ensinamentos falsos tentando
adentrar a Igreja, precisamos ser proativos ao recorrer à Palavra de Deus,
manejando-a com sabedoria, interpretando apropriadamente os textos.
CONCLUSÃO
A batalha espiritual na qual estamos não se trata
de uma guerra humana, por isso não podemos recorrer as armas físicas. Antes
devemos depender de toda a armadura de Deus. Assim como a armadura de Saul não
serviu a Davi, também as armas humanas não são apropriadas para a Igreja. Por
isso devemos recorrer às armas espirituais: os calçados do evangelho da paz, o
escudo da fé, o capacete da salvação, a espada do Espírito, e principalmente,
da oração.
José Roberto A. Barbosa
Disponível no Blog
subsidioebd.blogspot.com
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
A presente lição é a continuação da anterior.
Lá vimos que existe uma batalha espiritual e invisível entre os crentes em
Jesus e o reino das trevas. Aqui, vamos estudar como o apóstolo Paulo usou os
instrumentos bélicos do sistema da época como metáfora. Essa ilustração é um
recurso didático importante porque facilita a compreensão dos cristãos para o
bom combate.
Na última lição foi exposto que Paulo em Efésios
6.12 indica claramente que o conflito com Satanás é espiritual e, portanto,
nenhum arma física pode ser usada efetivamente contra ele e seus demônios. Não
temos uma lista de táticas específicas que ele vai usar. No entanto, a passagem
é bem clara ao dizer que quando seguimos todas as instruções fielmente, vamos
poder resistir ao poder do mal e ter vitória, qualquer que seja a sua ofensa.
No versículo 13 está o motivo pelo qual devemos nos revestir de toda a
armadura de Deus: “...para que possais resistir no dia mau.” A
pergunta é: como resistir, opor-se, fazer face ao diabo? Em Efésios 6.14-17,
Paulo passa a dizer que o crente deve resistir ao diabo revestindo-se da
armadura de Deus.
I. A GUERRA
Segundo o Dicionário Teológico Beacon, guerra é
“o recurso das nações para tratar de resolver diferenças pela força das armas.
As guerras sempre são produtos da pecaminosidade humana, seja por instigação
imediata ou causa indireta”. Mas a legitimidade da guerra pode depender de sua
motivação.
As guerras são o resultado do egoísmo, avareza e
poder do homem, resultando na miséria daqueles que estão envolvidos direta e
indiretamente. Muitas atrocidades são cometidas na guerra, mesmo quando a causa
é "justa". Na Bíblia, Deus nos aconselha a ter paz com todos os
homens (Rm 12.18). Devemos promover a paz, mas também precisamos estar
conscientes que sempre haverá conflitos; Jesus alertou que no fim dos tempos
haveriam muitas guerras e rumores de guerras (Mt 24.6-7).
1. Ao longo dos
séculos. Desde a batalha dos israelitas
contra Ai, por volta de 1400 a.C. (Js 8.21-26), até Massada, em 73 d.C., a
Bíblia registra cerca de 20 batalhas principais. Pessoas de todas as
civilizações antigas – egípcia, assíria, babilônica, grega e romana – estavam
acostumadas com a presença dos sol dados no meio do povo. E a palavra profética
anuncia guerras até o fim dos tempos (Dn 9.26).
A guerra nunca é uma boa coisa, mas às vezes é
necessária. Em um mundo cheio de pessoas pecadoras (Rm 3.10-18), a guerra é
inevitável. Às vezes a única forma de evitar que pecadores causem dano ainda
maior a pessoas inocentes é através da guerra. Deus mesmo fez uso deste artifício
humano para dar cabo ao Seu magnífico plano redentor. Uma passada rápida pelas
páginas do Antigo Testamento, vemos o SENHOR ordenando aos israelitas: “Vinga
os filhos de Israel dos midianitas” (Nm 31.2). Moisés declara em
Deuteronômio 20.16-17: “Porém, das cidades destas nações que o SENHOR, teu
Deus, te dá em herança, não deixarás com vida tudo o que tem fôlego. Antes,
como te ordenou o SENHOR, teu Deus, destruí-las-ás totalmente...” Além
disso, 1 Samuel 15.18 diz: “Enviou-te o SENHOR a este caminho e disse: Vai,
e destrói totalmente estes pecadores, os amalequitas, e peleja contra eles, até
exterminá-los.” Destas passagens, então, compreendemos que o SENHOR não é
contra toda a guerra (Ml 3.6, Tg 1.17). (Veja mais sobre O que a Bíblia diz sobre a guerra?, aqui)
2. Os antigos. Os antigos encaravam a guerra como algo sagrado; esse era
o contexto da época. Era usual oferecer sacrifícios antes da partida das tropas
militares para a batalha a fim de invocar, das divindades, proteção e vitória
(Jr 51.27). Essa prática era também generalizada em Israel (1 Sm 13.10-12; Sf
1.7). Deus permitia e, às vezes, até ordenava a guerra no período do Antigo
Testamento (1 Sm 23.2-4).
Na antiguidade, as guerras eram encaradas como
embates entre os deuses dos povos mitigantes. Deus chamou o povo à guerra
várias vezes, lutando com eles, por causa da degradação moral do povo inimigo
(Dt 1.30). Há muitas histórias bélicas, sobretudo durante a conquista da Terra
Prometida, onde a violência é protagonista e surpreendentemente justificada
como vontade de Deus. Ela aparece até mesmo em orações, como O Salmo 136, que é
muito bonito e canta a história de Deus no meio do seu povo. Esse salmo nos diz
que Deus “feriu reis famosos; matou reis poderosos; Seon reis dos amorreus e
Og rei de Basã... porque eterno é seu amor!” (Sl 136,17-20).
3. Sentido
metafórico. O tema sobre a guerra não
aparece no Novo Testamento. A guerra é, em si mesma, incompatível com o
espírito cristão. Jesus nos ensinou: “Bem-aventurados os pacificadores, porque
eles serão chamados filhos de Deus” (Mt 5.9). A guerra aparece nas Escrituras
no sentido figurado para ilustrar a luta contra a morte (Ec 8.8), da mesma forma
que ilustra a maldade dos ímpios (Sl 55.21). Na presente lição, o enfoque é
metafórico, representando a nossa luta espiritual contra os inimigos da nossa
salvação (2 Co 10.3; 1 Tm 1.18).
Por causa da maldade humana, a guerra é um problema
real de nosso mundo. Por esse motivo, nas Escrituras, as guerras listadas foram
bem reais e sangrentas, e muitas vezes, ordenadas por Deus. As Escrituras se
referem a Deus como “Senhor dos Exércitos” e narra muitas batalhas. No
Novo Testamento, Jesus encontrou com soldados romanos que estavam cumprindo
ordens e não os censurou por matar, disse apenas que deveriam se contentar com
seu salário e não se corromper (Lc 3.14). Em Mateus 8.5-10 e Atos 10 lemos
sobre a fé de soldados que não foram recriminados por Jesus por terem matado
ninguém.
“Metáfora é uma figura de linguagem que produz
sentidos figurados por meio de comparações implícitas. Ela pode dar um duplo
sentido à frase. Com a ausência de uma conjunção comparativa. Também é um
recurso expressivo” (Wikipédia). Em se tratando de
metáforas, As Escrituras se valem delas e de uma forma tão rica de sentido, e
que, quando analisadas com cuidado, lançam luz especial sobre nossa compreensão
de assuntos espirituais.
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Para
enriquecer a sua exposição do primeiro tópico seria interessante fazer uma
pesquisa sobre a guerra ao longo da história do mundo. Por meio de sites
confiáveis ou de revista especializada, tenha acesso a um resumo sobre o
contexto das guerras, principalmente a primeira e segunda mundiais. A ideia é
que essa exposição tenha maior objetividade quando você se encontrar munido de
conhecimentos básicos sobre a guerra. Avalie a possibilidade de compartilhar a
sua pesquisa com a classe, seja em forma de artigo, resumos ou resenhas.
II. A METÁFORA
BÍBLICA
“Guerra”, “batalha”, “luta”, “combate”,
“peleja” são termos do dia a dia para indicarmos, muitas vezes, um debate ou
discussão e, também, para nos referirmos às dificuldades da vida. Mas a
metáfora aqui se aplica na defesa e no combate espiritual, na pregação e no
ensino da Palavra.
1. A armadura* do
soldado romano. A sociedade
contemporânea do apóstolo Paulo conhecia com abundância de detalhes toda a
armadura do soldado romano. Efésios é uma das quatro epístolas da primeira
prisão de Paulo, juntamente com Filipenses, Colossenses e Filemom (v.20; Ef
3.1; 4.1; Fp 1.13; Cl 4.3; Fm 9,10,13,23). Assim, o apóstolo escreveu aos
efésios de sua prisão domiciliar em Roma, vigiada pela guarda pretoriana (At
28.16,30,31). Paulo convivia com esses soldados diariamente e conhecia com
detalhes a armadura daqueles que o vigiavam.
“A guarda pretoriana (latim: Praetoriani) era o
grupo de legionários experientes encarregados da proteção do pretório
(praetorium), parte central do acampamento de uma legião romana, onde ficavam
instalados os oficiais. Com a tomada do poder por Otaviano, transformou-se na
guarda pessoal do imperador”. (Wikipédia).
Paulo viveu numa época dominada pelo maior e mais
poderoso exército da Antiguidade. As legiões romanas estavam presentes na sua
vida desde sua cidade natal, que era província romana, até Jerusalém, para onde
foi completar seus estudos, pois ali estava sediada a mais eficiente legião
romana,a terceira. Durante suas viagens missionárias, ele circulou entre
militares pelas cidades que passava e teve a convivência com muitos deles, nas
prisões a que se submeteu e em todas anunciou o evangelho. O soldado romano
quando saia à guerra estava totalmente equipado para enfrentar o inimigo. Tinha
sobre si a armadura e as armas para se proteger contra o inimigo, assim, Paulo
usa algo bem conhecido em seus dias para ensinar verdades espirituais. “Portanto,
usem cada peça da armadura de Deus para resistir ao inimigo sempre que ele
atacar e, quando tudo estiver acabado, vocês ainda estejam de pé.” (Ef
6.13)
2. A armadura de
Deus (v.13). Mesmo depois de tomar toda a
armadura de Deus, o apóstolo nos exorta a ficarmos firmes. Depois da vitória, o
soldado romano permanecia em pé e vitorioso. Paulo acrescenta: “tendo cingidos
os vossos lombos com a verdade” (v.14.a). Isso significa usar a verdade como
cinturão (Is 11.5). Essas metáforas são apropriadas, pois usam as coisas da
vida diária, conhecidas de todos, para esclarecer verdades espirituais.
“Três mil anos atrás […] as mulheres (e os
homens) usavam roupas bem soltas. Para realizar trabalhos físicos precisavam
segurar a roupa e prendê-la com um cinturão. Só assim poderiam movimentar-se
livremente. Esse cinturão por cima da roupa era uma preparação necessária para
o trabalho pesado e também para esforços prolongados. O ato de cingir-se ou de
prender a roupa com o cinturão era também um fator psicológico para o trabalho.
Da mesma forma que colocar um avental, roupa de faxina, roupa de ginástica,
roupa para pintar ou roupa para cuidar do jardim, ou até mesmo arregaçar as
mangas, o ato de colocar o cinturão significava preparar-se para o trabalho.
Esse ato preparatório e a roupa apropriada incentivavam a atitude de “Vamos
lá!” em relação à tarefa do momento. O cinturão é um símbolo da força mental e
física que é adquirida quando se entra na arena do trabalho”. (GEORGE,
Elizabeth. Bela aos olhos de Deus. Campinas, SP: Editora United Press, 2002. p.
117).
Como se pode notar, não falta nada nessa armadura.
Ela é completa. De fato, sendo uma armadura de Deus, as partes componentes
desta armadura não tem absolutamente nada por acaso. “E havendo feito tudo,
ficar firmes” - A palavra grega significa, trabalhar, produzir ou produzir;
e depois trabalhar, acabar, vencer. A idéia parece ser que eles deveriam superar
ou vencer todos os seus inimigos e, assim, permanecer firmes. Toda a linguagem
aqui é tirada da guerra; e a ideia é que todo inimigo deve ser subjugado - não
importa quão numerosos ou formidáveis eles possam ser. Segurança e triunfo só
poderiam ser procurados quando todo inimigo fosse morto.
John Wesley comentando “tendo cingidos os vossos
lombos com a verdade” (v.14a), escreve: “E os seus pés calçados com a
preparação do evangelho - Que isto esteja sempre pronto para dirigir e
confirmar você em cada passo. Esta parte da armadura, para os pés, é
necessária, considerando a jornada que temos que percorrer; que corrida correr.
Nossos pés devem estar tão calçados que nossos passos não escorreguem. Para
ordenar nossa vida e nossa conversa corretamente, somos preparados pela bênção
do evangelho, a paz e o amor de Deus reinando no coração, Colossenses 3: 14-15
. Por isso só podemos trilhar os caminhos brutos, superar nossas dificuldades e
resistir até o fim”.
3. A couraça da
justiça (v.14). É uma armadura
defensiva em forma de um manto de ferro feito de couro, tiras de metal ou
escamas de bronze (1 Sm 17.5). Sua função é proteger o pescoço, o peito, os
ombros, o abdome e as costas. Dependendo da época e da civilização, a couraça
chegava até a coxa. O apóstolo Paulo usa a couraça como metáfora para ilustrar
a defesa espiritual como “couraça da justiça” (v.14), um abrigo contra as
feridas morais e espirituais e uma proteção da justiça de Cristo imputada ao
pecador; é a “couraça da fé” (1 Ts 5.8).
“Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos
lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça” - Há aqui uma
referência óbvia a duas passagens de Isaías (Is 11.5 e 59.17). A verdade e a
justiça são praticamente idênticas ou, pelo menos, inseparáveis. Portanto, eles
são comparados com o cinto forte, e o peitoral continua com ele, formando a
armadura do corpo. Talvez a "verdade" seja tomada como o cinto porque
é o único vínculo da sociedade e do caráter individual. Mas estando nos dois
juntos os homens estarão "armados e fortes em honestidade". Em 1Ts
5.8, a metáfora é diferente e talvez menos exata. O peitoral é o "peitoral
da fé e do amor" - o que aqui é o escudo. John Wesley comenta: “Tendo
seus lombos cingidos - Que possam estar prontos para todo movimento. Com a
verdade - não apenas com as verdades do evangelho, mas com a "verdade nas
partes interiores"; pois sem isto todo o nosso conhecimento da verdade
divina será apenas um cinto fraco "no dia do mal". Então nosso Senhor
é descrito, Isaías 11: 5 . E como um homem cingido está sempre pronto para
prosseguir, isso parece intimar um coração obediente, uma vontade pronta. Nosso
Senhor acrescenta aos lombos cingidos, as luzes acesas, Lucas 12:35 ; mostrando
que observar e obedecer prontamente são os companheiros inseparáveis da fé e do
amor. E tendo na couraça da justiça - A justiça da pureza imaculada, na qual
Cristo nos apresentará sem defeito perante Deus, através do mérito do seu
próprio sangue. Com esta couraça nosso Senhor é descrito, Isaías 59:17 . No
peito é a sede da consciência, que é guardada pela justiça. Nenhuma armadura
para as costas é mencionada. Estamos sempre para enfrentar nossos inimigos”.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
Para este tópico é importante conhecer melhor o
termo “Justiça”: “Justiça de Deus.
[Do hb. tsadik; do gr. dikaios; do lat. justitia] Atributo 64 Lições Bíblicas
/Professor Janeiro/Fevereiro/Março - 2019 III – OUTRAS ARMAS USADAS COMO
ILUSTRAÇÃO O apóstolo Paulo não foi exaustivo ao elencar os instrumentos
bélicos de sua geração. Aqui vamos apresentar os demais elementos apresentados
na sua lista. moral e básico de Deus, manifestado pela fidelidade com que o
Supremo Ser trata seus propósitos e decretos. É a sua fidelidade com a própria
natureza. A justiça de Deus entra em ação todas as vezes que a sua santidade é
agredida. Sua justiça e santidade acham-se intimamente associadas; não se pode
abstrair uma da outra sem violar sua inefável natureza. Justiça Original.
Condição moral e espiritual que o ser humano recebeu de Deus quando de sua
criação. O homem era naturalmente bom. Tendia a executar o que era reto e
justo. Mas o pecado afetou-lhe a natureza de forma flagrante e quase que
irremediável. Aceitando porém a Cristo, os descendentes de Adão e Eva são, não
somente justificados, como transformados pelo Espírito de Deus. A regeneração
faz com que readquiramos a justiça original e passemos a viver sob o mando da
justiça de Cristo. Este ensino encontra-se na maioria das epístolas paulinas
(Ef 4.24; Rm 8.29; 2 Co 3.18)” (ANDRADE, Claudionor de Corrêa. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro:
CPAD, 1998, pp.197-98).
III. OUTRAS
ARMAS USADAS COMO ILUSTRAÇÃO
O apóstolo Paulo não foi exaustivo ao elencar
os instrumentos bélicos de sua geração. Aqui vamos apresentar os demais
elementos apresentados na sua lista.
1. Os calçados
(v.15). O termo hebraico naal,
“sandália, sapato”, e o seu correspondente grego na Septuaginta e no Novo
Testamento, hypodema, “sandália”, vem do verbo hypodeo, “atar debaixo”, e diz
respeito ao calçado formado por uma sola de couro que se amarra ao pé com
correias ou cintas. Era uma peça do vestuário usada pela população civil (Jo
1.27; At 7.33). No caso do soldado, porém, era necessário para segurança e
prontidão na marcha (Is 5.27). Isso, na linguagem figurada, remete a agilidade
e prontidão na obra da evangelização e na pregação do evangelho da paz.
Adam Clarke comenta: “Seus
pés calçados - κνημιδες , ou grevas, já foram descritas; eles foram
considerados de importância essencial na antiga armadura; se os pés ou as pernas
estiverem gravemente feridos, um homem não poderá resistir a seu adversário,
persegui-lo, se for derrotado, ou fugir dele, se tiver o pior da luta. Para que
o apóstolo tenha obediência ao Evangelho em geral, não pode haver dúvida; mas
ele parece ter mais do que isso, uma prontidão para publicar o Evangelho: pois,
quão belos nas montanhas são os pés daquele que anuncia boas novas, que anuncia
a paz; que traz boas novas do bem, que anuncia a salvação; que diz a Sião: O
teu Deus reina! Isaías 52: 7; Romanos 10:15 . Os israelitas foram ordenados a
comer a páscoa com os pés calçados, para mostrar que estavam prontos para a
jornada. E nosso Senhor ordena que seus discípulos sejam calçados com
sandálias, para que eles possam estar prontos para ir e publicar o Evangelho,
como os israelitas deveriam ir para possuir a terra prometida. Todo cristão
deve considerar-se em sua jornada de uma terra estranha para seu próprio país,
e não apenas ficar a todo momento preparado para prosseguir, mas estar a todo
momento em progresso real em direção à sua casa”..
2. O escudo da fé
(v.16). O escudo era o principal
instrumento bélico de defesa na guerra. Trata-se de uma peça fabricada a partir
de vários materiais e em formatos diversificados. Os israelitas tinham dois
tipos: o primeiro, sinna, “proteção” em hebraico, uma peça que cobria o corpo
inteiro de forma oval ou retangular, usada pela infantaria pesada (2 Cr 25.5);
e, o segundo, magen, usado pelos arqueiros (2 Cr 17.17). O escudo é símbolo de
proteção nas Escrituras. É usado de maneira figurada desde o Antigo Testamento
para mostrar Deus como o protetor dos seus (Gn 15.1; Dt 33.9; 2 Sm 22.3); é
comparado à salvação e à verdade de Deus (2 Sm 22.36; Sl 18.35; 91.4). O
apóstolo Paulo usa a figura do escudo como proteção para “apagar todos os
dardos inflamados do maligno” (v.16), tais como calúnia, malícia,
concupiscência, ira, inveja e toda a sorte de desobediência. Esse escudo nos
protege das setas malignas (Sl 91.5).
“Havia diferentes tipos de escudos usados pelos
soldados romanos. Havia um pequeno e redondo usado principalmente pelos
gladiadores – usado em lutas de combate onde as pessoas ficavam próximas uma
das outras. O outro tipo de escudo era conhecido como SCUTUM (latim para
escudo). Esse escudo era grande e retangular, tinha 1,5 metros de altura e
pesava entre 5-7 kg. Esse escudo era feito de madeira dura com metais nas
bordas e grossas camadas de couro na frente. Antes de marcharem para a batalha
os escudos eram molhados para que os dardos inflamados fossem extintos. O
exército romano usava uma tática na qual os soldados com os escudos iam à
frente, formando um muro, e atrás deles iam os arqueiros. Dessa forma eles
conseguiam proteger o maior número de soldados e matar o maior número de
adversários até o combate chegar no um-a-um. Os escudos romanos foram de
extrema importância: * De acordo com Políbio ‘o escutum deu aos soldados
romanos uma vantagem sobre seus inimigos cartagineses durante as Guerras
Púnicas: "Seus braços também dão aos homens tanto a defesa como a confiança
devido o tamanho do escudo." Vários relatos históricos mostram a
importância do escudo no exército romano. Não só servia para defesa como também
amedrontava os inimigos. [...]Fé é a plena certeza, a garantia da fidelidade de
Deus para com suas promessas. Essa plena certeza se torna uma convicção tão
séria e tão profunda que passa a ser o que guia os seus passos. Fé é não
duvidar da fidelidade Deus! Você tem a plena certeza de que Ele é o maior
tesouro, que nEle há o maior prazer e por isso você não mais procura alegria em
outros lugares. Fé é um escudo que cobre todo o nosso ser – assim como o escudo
cobria todo o corpo! Satanás está constantemente lançando seus dardos
inflamados contra nós, querendo fazer com que nós acreditemos que há mais prazer
nas coisas que ele oferece, nas mentiras e cobiças. Foi assim que ele atacou
Jesus – prometeu coisas grandes, mas Jesus usou o escudo da fé e se defendeu
crendo nas promessas de Deus (Mt.4:1-11)! Toda vez que nós pecamos, cremos na
mentira do maligno de que Deus não é verdadeiro.” (Gustavo
Barros, A ARMADURA DO CRISTÃO parte VI – O ESCUDO DA FÉ (v.16). Disponível
em: http://solideogloriacampinas.blogspot.com/2011/08/armadura-do-cristao-parte-vi-o-escudo_21.html. Acesso em:25 Fev, 2019)
3. O capacete da
salvação e a espada do Espírito (v.17). O capacete era
uma cobertura para a cabeça feita de metal e internamente acolchoada para o
conforto do usuário e a proteção eficiente da cabeça. No Antigo Testamento, a
salvação é o capacete que Deus usa na batalha (Is 59.17). Parece que Paulo
segue nessa linha em outro lugar: “tendo por capacete a esperança da salvação”
(1 Ts 5.8). A espada literal é uma arma de ataque, mas no sentido figurado é um
símbolo de guerra, julgamento divino e autoridade ou poder (Lv 26.25; Jr 12.12;
Rm 13.4). A expressão paulina “espada do Espírito” refere-se à Bíblia, pois as
Escrituras Sagradas vieram do Espírito Santo (2 Pe 1.21). Por isso, Paulo
completa dizendo, “que é a Palavra de Deus”. Isso significa que a Bíblia é a
Palavra de Deus, como ela própria se declara (Mc 7.13; Hb 4.12).
O capacete romano de modelo complexo protegia a
cabeça do soldado e também o fazia parecer mais alto e imponente. A espada do
Espírito e arma de defesa e de ataque para o cristão. E a Palavra especifica
que precisamos desembainhar numa determinada situação para combater um golpe
desferido contra nós e desarmar nosso oponente, fazendo-a penetrar nele. Para
ter a Palavra precisa a mão, o cristão deve conhecer intimamente toda a Bíblia
e saber manejá-la, usá-la bem. “Em 1Ts 5.8 Paulo explica que está falando do
capacete da esperança da salvação. É interessante notar que durante as jornadas
o soldado não usava o pesado capacete. Portanto tomar o capacete significava
dizer que uma batalha já ia começar. Um soldado usava o capacete na esperança
de se salvar dos ataques hostis. A esperança da salvação é bíblica e de grande
valia nos momentos sombrios em que somos alvejados por Satanás. O mesmo Paulo
diz em Rm 8.1: “PORTANTO, agora nenhuma condenação há para os que estão em
Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” A certeza
da salvação é uma garantia de Deus para aqueles que “agora” estão em Cristo
Jesus. Ao entrar em um ônibus estou predestinado ao destino descrito no seu
itinerário. Se no decurso da viagem eu resolver descer e ficar, logicamente não
vou chegar ao lugar predestinado. Mas agora eu devo ter a certeza da minha
salvação – pelos méritos de Cristo na cruz. (1Pe 2.24). [...] A espada é a
única a arma ofensiva do conjunto militar citado por Paulo. Há uma diferença
significativa entre falar as minhas palavras e proferir a Palavra de Deus. O
mundo veio a existir pelo poder de sua palavra. Ela é afiada e penetrante. Pode
alcançar as recâmaras mais íntimas da alma humana – a divisão da alma e do
espírito. E esta espada como diz Paulo – é do Espírito. Apenas ele convence o
ser humano do pecado, da justiça e do juízo. (Jo 16.8) “Porque a palavra de
Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e
penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta
para discernir os pensamentos e intenções do coração”. (Hb 4:12) Devemos
potencializar a proclamação desta palavra por todos os meios, e o seu fruto
será gerado pelo meigo Espírito Santo.” (Adriano Alves, Os 6
itens da armadura de Deus e o seu significado. Disponível em: https://www.pastoradrianoalves.com.br/2018/04/os-6-itens-da-armadura-de-deus-e-o-seu.html. Acesso em: 25 Fev, 2019).
4. A outra lista
(vv. 18,19). Oração e súplica vêm permeadas
entre esses elementos da armadura de Deus e permanecem juntas a essas armas
espirituais, que sem a oração seriam inúteis. A oração deve ser em todo o tempo
e com súplica no Espírito e vigilância (Mt 26.41; Fp 4.6; 1 Ts 5.17). As
virtudes gêmeas, vigilância e perseverança, aparecem na instrução para orarmos
uns pelos outros. Quando um homem da estatura espiritual do apóstolo Paulo pede
a oração da Igreja em seu favor e pelo seu ministério (v.20), isso mostra que
não existe super-homem na Igreja. Todos nós somos dependentes do Senhor Jesus e
contamos com a oração uns dos outros.
Paulo, um homem de oração (Ef. 1.15-23; 3.14-21),
termina esta grande seção de sua carta para os cristãos de Éfeso com uma
exortação para que se dediquem a oração. Sem a oração, toda a armadura seria
inútil para os filhos de Deus. As orações gerais e as petições específicas no
Espírito devem ser feitas por todos os cristãos e em todas as ocasiões, o que
significa que eles devem manter-se orando em todo tempo. Eles devem lembrar-se
ainda de que, além das orações, perseverança e paciência são essenciais. O
apóstolo Paulo não se envergonhou de pedir aos outros cristãos que orassem para
que ele tivesse a coragem e oportunidade de anunciar o evangelho. Mesmo estando
na prisão, ele queria continuar a ser uma testemunha fiel do Senhor. Paulo era
um embaixador em cadeias do evangelho de Cristo em Roma. Sua oração era para
que ele pudesse falar livremente, como convém falar um embaixador do Rei dos
reis.
SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ
“Deus quer trazer fé aos nossos olhos e aos nossos
ouvidos, uma realização viva do que seja a Palavra de Deus, do que o Senhor
Deus quer dizer e do que podemos esperar se crermos. Estou certo de que o
Senhor deseja colocar diante de nós um fato vivo que, pela fé, deve pôr em ação
um princípio que está dentro de nossos corações, a fim de que Cristo destrone
todo o poder de Satanás.
É isso que eu penso. O Reino dos Céus está dentro de
nós, dentro de cada crente. O Reino dos Céus é Cristo, é a Palavra de Deus.
O Reino dos Céus deve superar todas as demais
coisas, até sua própria vida. Tem que ser manifestado de maneira tal que
compreendas que mesmo a morte de Cristo traz à lume a vida de Cristo.
O Reino dos Céus é a vida de Jesus, é o poder do
Altíssimo. O Reino dos Céus é puro, é santo. Não tem doenças, nem imperfeição”
(WIGGLESWORTH, Smith. Devocional.
Série: Clássicos do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003,
pp.72-73).
CONCLUSÃO
Os crentes precisam dessa armadura de Deus
ainda hoje. Isso porque bem sabemos que os inimigos da Igreja não são agentes
humanos. Estão por trás deles os demônios, liderados pelo seu maioral, o Diabo.
Os recursos espirituais apresentados aqui são importantes e poderosos para
expelir todas as forças do mal.
A armadura de Deus tem papel fundamental na batalha
espiritual. Com ela, estamos protegidos dos mais diversos tipos de ataques do Diabo
e de seus agentes.
“O diabo é um inimigo real que está ativo hoje em
dia e continuará ativo até o sua total e permanente derrota, quando ele será
lançado no lago de fogo (Apocalipse 20:10).
Contudo, neste meio tempo nós não
estamos desprotegidos. Deus nos deu Sua armadura para que sejamos capazes de
resistir ao diabo. Conforme João nos assegura:
1 João 4:4: "Filhinhos, sois de
Deus, e já os tendes vencido; porque maior é O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE
ESTÁ NO MUNDO."
E Romanos 8:35-36: "Quem nos separará
do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou
a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos
entregues à morte todo o dia; Somos reputados como ovelhas para o matadouro.”
Fome, perseguição, etc. Muitas coisas negativas! Contudo a passagem não para aí
Romanos 8:37-39: "Mas em todas
estas coisas [isto é, fome, espada, nudez etc.], somos mais do que vencedores,
por aquele que nos amou. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida,
nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o
porvir, Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá
separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor."
Deus não prometeu que não teríamos
perseguições. Todavia, mesmo na perseguição somos mais que vencedores por Ele
que nos ama. A vida que Ele tem para você não é uma vida oprimida pelo diabo.
Esta era a vida que tínhamos antes de acreditarmos. O que Ele tem para você é
uma vida mais do que abundante. 2 Coríntios diz:
2 Coríntios 2:14: "E graças a
Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo, e por meio de nós manifesta em
todo o lugar a fragrância do seu conhecimento."
Deus sempre lhe fará triunfar, se
buscar em Sua palavra. Contudo, uma vez mais devemos deixar claro que não
significa que “dias maus” não virão; sabemos por Sua palavra que tais dias
virão porque existe um inimigo. Todavia, mesmo assim, se fizer o que a palavra
diz (sede sóbrios e vigilantes, revista-se da armadura de Deus resistindo ao
diabo e obedecendo a Deus) Deus lhe conduzirá ao triunfo!” (Anastasios Kioulachoglou, Disponível em: http://www.jba.gr/Portuguese/A-Armadura-de-Deus.htm. Acesso em: 25 Fev, 2019)
“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a
tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome
sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16)
Francisco Barbosa
Disponível
no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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