SUBSÍDIO I
EXORTAÇÃO A VIGILÂNCIA
A vigilância é um tema
significativo no relato da angústia de Jesus no Getsêmani. Jesus disse a Pedro,
João e Tiago, seu irmão: “A minha alma está cheia de tristeza até à morte;
ficai aqui e vigiai comigo” (Mt 26.38). Outra vez, disse a esses três
discípulos, depois de ter orado ao Pai pedindo que, se possível, passasse dele
o cálice: “Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice” (v.39), e a
seguir: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o
espírito está pronto, mas a carne é fraca” (v. 41). O termo grego para “vigiar”
nessas duas passagens é o mesmo, gregoréo,
mas o sentido em cada uma delas difere pelo contexto. No v. 38, indica ficar
despertado, acordado. O Dicionário
exegético do Novo Testamento, de Horst Balz e Gerhard Schneider,
explica que esse verbo “significa em primeiro lugar não dormir” e justifica
esse significado primário pelo fato de Jesus exortar três vezes os seus
discípulos no relato do Getsêmani a permanecerem acordados com ele, e o dicionário
acrescenta ainda que a parábola do servo vigilante (Lc 12.36-38) “deve ser
entendida no sentido de não
dormir” (p. 801). O grifo não é nosso. De fato, o verbo é derivado
de egrégora,
perfeito de egeiro,
“levantar, acordar, despertar”. O apóstolo Paulo usa esse verbo em contraste
com dormir (1 Ts 5.6). A ideia de vigiar e vigilância é figurada. Devemos estar
atentos a tudo sobre as especulações da falsa batalha espiritual.
Mas o v. 41 parece
ser uma reminiscência ao Pai nosso, “não nos induzas à tentação” (Mt 6.13). O
“vigiai” (Mt 26.41) ensina outra coisa, diferente do v. 38, pois lá a ideia é
de ficar despertado, acordado, na companhia de Jesus, no momento tão crucial em
toda a sua vida terrena; mas, aqui, significa estar vigilante e atento para evitar
o fracasso espiritual e ficar distante do pecado. Trata-se de um aviso contra o
vacilo. A advertência é esclarecida pelo próprio Senhor Jesus, “para que não
entreis em tentação”; e mais: “o espírito está pronto, mas a carne é fraca”. E
isso não somente por causa das astúcias de Satanás, mas também por causa da
tendência humana para o pecado.
O “espírito” aqui
não se refere ao Espírito Santo nem ao espírito satânico, mas ao espírito
humano no crente, que adora a Deus em espírito (Jo 4.24); fala línguas em
espírito (1 Co 14.3), ora e canta com o espírito (1 Co 14.14-16). O contraste
bíblico entre carne e espírito revela, muitas vezes, o conflito entre a
santificação e a tendência pecaminosa (Rm 8.5-9; Gl 5.17). Mas o termo “carne”
tem um significado amplo nas Escrituras; é usado de modo geral para toda a
criação, os seres humanos e os animais (Gn 6.13, 17; 1 Co 15.39), para se
referir ao corpo humano (Jó 33.21); ao gado, quando se trata de alimento (Lv
7.19); e também para se distinguir do espírito (Jó 14.22; 1 Co 5.5). Quando
Jesus expressa o contraste: “o espírito está pronto, mas a carne é fraca”, há
quem interprete “carne” aqui como a natureza física considerando o estado de
exaustão dos discípulos, até certo ponto aceitável (Sl 78.39). O contexto parece
indicar o sentido de fraqueza moral e espiritual, pois a vigilância é para não
cair em tentação. Sêneca, senador romano e maior expoente do Estoicismo do
século 1, dizia: Errare
humanum est, “Errar é humano”. Veja que até mesmo dos pagãos
reconheciam a fraqueza moral dos seres humanos.
A vigilância em
Mateus 26.41 significa estar vigilante para manter a fidelidade ao Senhor Jesus
e nunca se apartar dele. Trata-se de uma advertência solene a todos os crentes
em todos lugares e em todas as épocas para viverem atentos em todos os momentos
da vida (Ef 6.18)
Texto extraído da
obra “Batalha
Espiritual”, editada pela CPAD
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Em uma batalha, os soldados se mantêm alerta, ficam
em suas torres, vigiando para não serem pegos de surpresa. Na batalha
espiritual acontece a mesma coisa, devemos permanecer atentos, evitando o
ataque inesperado do inimigo. Na aula de hoje, estudaremos a respeito da
importância de viver em constante vigilância, sobretudo na expectativa da
bendita esperança da igreja, quando a trombeta soar e os mortos em Cristo
ressuscitarem.
I. ANÁLISE
TEXTUAL
Antes de ser conduzido ao calvário, Jesus seguiu
para o Getsêmani, com a intenção de orar. Mateus registra esse momento difícil
no final do ministério terreno do Senhor, e se encontra no cap. 26, versículos
36 a 41. Nesse texto, é narrado que Jesus chegou ali com seus discípulos,
dando-lhes uma orientação expressa: kathisate autou heos os apelthon ekei
proseuxomai. O Senhor ordena que os discípulos fiquem naquele lugar, enquanto
ele iria mais adiante, para orar (v. 36). Ele levou consigo Pedro e os dois
filhos de Zebedeu, o escritor diz que começou a entristecer-se, lupeisthai em
grego, com a ideia de prantear, como resultado do sofrimento, e também a
angustiar-se, admonein em grego, com o sentido de ficar ansioso ou de sentir
dor (v. 37). Então Jesus disse aos seus discípulos: a minha alma está cheia de
tristeza até a morte, ficai aqui e vigiai comigo. A palavra alma em grego é
psuche, que pode ser traduzida por vida ou pessoa, assim, compreendemos que
Jesus sofreu profunda angústia em sua existência terrena, naquele momento
específico. A tristeza era imensa, a palavra é perilypos, destacando a
intensidade da dor enfrentada pelo Senhor. Diante daquela situação, roga para
que os discípulos vigiem com ele: gregoreite, verbo que se encontra no
imperativo, com o sentido de ficar em alerta, ou mais precisamente, ficar
acordado (v. 38). Mateus diz que Ele foi um pouco adiante, e que prostrou-se
sobre seu rosto e orou: Pater mou, ei dunaton estin, parelthatô ap emo uto
potérion touto. Jesus se dirige ao Pai, o termo em hebraico provavelmente foi
Aba, uma demonstração de intimidade. E pede que que, se possível – ei dunaton
estin – o cálice ou taça – poterion, passasse – parelthatô, o verbo está no
imperativo. Mesmo assim, a vontade que deve prevalecer é a do Pai, pois acrescenta:
ou hos ego thelô ala hos su. Que não prevalecesse seu ego – seu eu – mas a
thelos, vontade do Pai (v.39). Ao retornar da oração, Jesus achou Seus
discípulos adormecidos – katheudontas, que se encontra no presente, portanto,
eles estavam dormindo. Então, se dirigiu a Pedro, e pergunta: houtos ou ischuo
heis hora gregoreo meta ego? O verbo vigiar – gregoreo – é repetido na
indagação de Jesus, e a expressão de espanto, por eles não serem capazes de
vigiar com o Senhor por tão pouco tempo (v. 40). Em seguida, dar uma orientação
aos discípulos, o verbo grego gregoreite mais uma vez aparece no texto:
gregoreite kai proseuchesthe – vigiai e orai – com um propósito: hina me
eiselthe eis peirasmon, para que não entrem – eiserchomai – em tentação ou em
provação. Na verdade, diz o Senhor, o espírito – pneuma – está pronto –
prothumon, ou mais precisamente, o espírito está disposto, mas a carne – sarx –
é fraca – asthenes, a carne fraqueja (v. 41).
II. INTERPRETAÇÃO
TEXTUAL
De acordo com Mateus, antes de Jesus ser crucificado
como o Messias, aconteceu a Páscoa, a celebração da Ceia e os eventos no
Getsêmane, em seguida o Senhor é preso, julgado e condenado pelas autoridades
romanas, por fim é flagelado, crucificado, morte e sepultado, com parte da
trama entre os líderes religiosos. Jesus não ficou surpreso com tudo que
aconteceu, pois Ele mesmo previu Sua crucificação, e destacou tudo que haveria
de ocorrer quando foi ungido em Betânia (Mt. 26.6-13), e sabia que seria traído
por Judas (Mt. 26.14-16). O Getsêmane, cujo significado é “prensa de azeite”,
era um jardim, no Monte das oliveiras, onde o azeite era preparado (v. 36). O
Senhor conduz os discípulos que faziam parte do Seu círculo íntimo – Pedro,
Tiago e João – para partilhar com Ele esse momento de angústia intensa, diante
das agruras da cruz do calvário que O esperavam (v. 37). A dor era profunda,
naquele momento Jesus sentiu tristeza, a sua alma estava angustiada, ao ponto
de morrer. Era uma antecipação do que sobreviria a Ele, por ocasião da
crucificação, quando seria separado do Pai, por levar sobre si a culpa dos
pecados da humanidade (v. 38). Ele prostrou-se sobre o seu rosto, uma
demonstração de humildade na oração, o Senhor estava rendendo Sua vontade
diante do Pai, colocando-se a Sua disposição para enfrentar a maior provação da
Sua vida, pois teria que beber aquele cálice (v. 39). Além disso, naquele
momento tão difícil, ficou sozinho com Seu sofrimento, nenhum dos discípulos
teve disposição de vigiar e orar com o Senhor. É angustiante não ter com quem partilhar
nossas dores, a solidão e o desprezo daqueles que não se identificam com nossas
provações (v. 40). É preciso andar no Espírito, mas não satisfazer as
concupiscências da carne, há uma luta renhida entre a carne e o espírito, e se
não estivemos atentos, poderemos até mesmo negar ao Senhor, quando a hora da
provação chegar, como fez Pedro depois da prisão de Jesus, talvez por isso o
Senhor chamou a atenção especificamente desse discípulo (v.41). Pedro negou
Jesus por três vezes, quando foi identificado como um provável seguidor do
Mestre, mas esse não foi esquecido do Senhor, que lembrou da condição de Pedro,
após Sua ressurreição (Mc. 16.7).
III. APLICAÇÃO
TEXTUAL
Os servos de Deus devem permanecer vigilantes em
relação à vinda do Reino de Deus, e esse já está no meio de nós, ainda que não
seja pleno. Não podemos perder a dimensão escatológica de vista, o interesse
nas coisas deste mundo está cegando espiritualmente muitos cristãos. A próprio
religião pode nos distanciar do Reino de Deus, há líderes religiosos que se
embriagaram com seus cargos, servem apenas suas posições eclesiásticas, estão
distantes da vontade de Deus. Alguns deles utilizam seus cargos a fim de abusar
espiritualmente das pessoas, impondo sobre elas padrões e regras que eles mesmo
não seguem. Paulo também teve que lidar com esse tipo de religiosidade quando
escreveu sua Epístola ao Gálatas. Alguns crentes daquela cidade, incitados
pelos falsos mestres judaizantes, abandonaram o verdadeiro evangelho,
substituindo por um outro, totalmente diferente daquele ensinado por Jesus (Gl.
1.8-9). O abuso do poder religioso tem causado sérios danos, inclusive no
contexto das igrejas evangélicas. Em nome de Deus, muitas pessoas estão sendo
feridas, ovelhas que gemem, maltratadas pelos seus “pastores”. Quando a
religião enfoca apenas a dimensão material, perde a visão do Reino de Deus,
torna-se apenas uma engrenagem, põe em evidências as coisas e esquece das pessoas.
Os cristãos precisam reconhecer que não passam de servos, a liderança
evangélica também deve saber que não é dona do rebanho (At. 20.28; I Co.
4.1,2; I Pe. 5.2). Jesus voltará em breve, essa é uma verdade
bíblica, que muitas igrejas não consideram mais. Certo pastor destacou que
antigamente a expressão JESUS VEM BREVE era bastante comum nos púlpitos das
igrejas evangélicas. Mas aos poucos resolveram colocar apenas JESUS VEM, e
nesses últimos dias, escrevem apenas JESUS. Infelizmente, em algumas igrejas
evangélicas, nem mesmo o nome de JESUS está presente. Evidentemente, não
podemos avaliar o compromisso de uma igreja com Jesus pela presença ou ausência
de uma expressão. Mas essa metáfora nos ajuda a refletir sobre a expectativa
escatológica da igreja. Precisamos manter a vigilância espiritual, compreender
que Jesus virá, por isso devemos viver debaixo dessa verdade. Não sabemos
QUANDO Ele virá, mas sabemos COMO devemos viver. Como o servo prudente da
parábola, quando Cristo voltar devemos ser achados “servindo assim”. Aqueles
que não estão preparados, que não consideram a realidade do Reino, serão
surpreendidos, de modo que o “Dia do Senhor virá como ladrão de noite” (I Ts.
5.2). Sejamos, portanto, cautelosos, cientes da nossa missão, enquanto
despenseiros (I Pe. 4.10). A santificação deve ser o alvo na vida de todo
cristão, considerando que ninguém verá o Senhor, a menos que esteja consagrado
a Deus (Hb. 12.14). E que sejamos bons mordomos, administradores fieis do que
não é nosso (I Pe. 5.2), principalmente nesses tempos trabalhosos (II Tm.
3.1-5).
CONCLUSÃO
A mensagem de Jesus foi enfática: “eis que cedo
venho, guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap. 3.11).
Devemos, portanto, permanecer vigilantes, na expectativa do Vinda do Senhor. Caso
contrário, como o servo mau da parábola, seremos envergonhados, por
desconsiderar a expressas orientações do Senhor. Saibamos, a todo tempo, que
não passamos de despenseiros, e que haveremos de prestar contas do que
recebemos dAquele que nos comissionou para Sua obra.
José Roberto A. Barbosa
Disponível no Blog
subsidioebd.blogspot.com
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
A exortação à vigilância
na presente lição abrange dois aspectos da vida cristã. O primeiro diz respeito
às palavras de Jesus na agonia em Getsêmani, na noite em que Ele foi preso. O
outro aspecto refere-se ao contexto escatológico no sermão profético registrado
nos Evangelhos Sinóticos. A presente lição mostra os aspectos da vigilância na
fé cristã.
O retorno de Cristo, como defendemos em nossa base
de fé, será evidente, sem ambiguidade e visível a todos (Mt 24.27). Este texto
de Mateus nos garante que os verdadeiros seguidores de Cristo não serão
enganados, mas saberão aguardar a chegada do seu Senhor dos céus. Sua vinda
será tão repentina, quanto visível, quanto a isso, vale a exortação (ato
ou efeito de exortar; encorajamento, estímulo, incitação) à vigilância
quanto ao retorno de Jesus diz respeito às diversas vezes em que o Mestre
alertou para a natureza súbita de sua vinda. Mesmo assim, pode-se observar, sem
muito esforço, que grande parte dos crentes está descuidada, envolvida com os
afazeres da vida e não se prepara para aquele grande momento em que Jesus
voltará. É o que veremos no estudo desta lição. Deus tem falado, não só pela
sua Palavra, mas através dos sinais da vinda de Jesus, que está chegando a
hora. – Dito isto, convido-o a pensar maduramente a fé cristã!
I. O
SIGNIFICADO DA VIGILÂNCIA
A vigilância é o ato
ou efeito de vigiar, o estado de quem permanece alerta, de quem procede com
precaução para não correr risco. E isso nos mais diversos aspectos da vida
humana. O verbo “vigiar” aparece na Bíblia no sentido de estarmos atentos em todos
os aspectos da vida cristã.
1.
Vigiar, estar alerta. A palavra que mais aparece no Novo Testamento grego para “vigiar”
é o verbo gregoréo, “vigiar, estar alerta, ser vigilante”, que aparece 22
vezes. A ideia principal dessa vigilância é escatológica (Mt 24.42,43; 25.13),
e isso se mostra nas passagens paralelas de Marcos e Lucas. Mas, quando Jesus
disse a Pedro, Tiago e João: “ficai aqui e vigiai comigo” (v.38), isso
significa que Ele queria que seus discípulos ficassem acordados e continuassem
a orar ou, talvez, se protegessem de alguma intromissão enquanto oravam. Mas
gregoréo é usado para denotar uma vigilância mais geral (1Co 16.13; Cl 4.2; 1Pe
5.8).
O verbo “vigiar” segundo o Aurélio quer dizer:
“observar atentamente; estar atento a; tomar cuidado” (FERREIRA, 2004, p.
2061). No hebraico o verbo é “shamar” que significa: “vigiar, guardar”. No
grego o termo é “gregoreo” que significa literalmente “vigiar” e é encontrado
em 1 Ts 5.6,10 e em mais 21 outros lugares nos quais ocorre no Novo Testamento
(por exemplo, em 1 Pe 5.8). É usado acerca de: (a) “manter-se
acordado” (Mt 24.43; 26.38.40.41): (b) “vigilância espiritual” (At 20.31; 1 Co
16.13; Cl 4.2; 1 Ts 5.6.10; 1 Pe 5.8; Ap 3.2.3; 16.15) (VINE, 2002, p. 323 –
acréscimo nosso). A palavra “vigiar” tem conotação exortativa, visando chamar a
atenção dos ouvintes a estarem prontos para o retorno do Messias.
2.
Vigiar, guardar, cuidar. É o verbo grego agrypnéo, “manter-se acordado, vigiar, guardar,
cuidar”, e só aparece quatro vezes no Novo Testamento, duas delas no sentido
escatológico no sermão profético (Mc 13.33; Lc 21.36). O vocábulo é usado para
indicar a vigilância nas orações e súplicas (Ef 6.18) e apresenta ainda a ideia
de cuidar ou velar: “Obedecei a vossos pastores e sujeitai-vos a eles; porque
velam por vossa alma” (Hb 13.17).
A noção presente no verbo grego agrypnéo é
de um cuidado constante e sem descanso, por isso mesmo é usado para falar sobre
a necessidade de estamos alertas quanto aos fatos relacionados ao futuro
(escatológicos) como também, é usado para falar acerca do cuidado pastoral.
3.
Vigiar, ser sóbrio. É o verbo nepho, literalmente “ser sóbrio”, mas que aparece no
sentido figurado de vigilância combinado com gregoréo (1Ts 5.6; 1Pe 5.8). Seu
uso no sentido próprio pode ser visto em outras partes do Novo Testamento (1Ts
5.8; 2Tm 4.5; 1Pe 1.13). Existe ainda o verbo eknepho, que só aparece uma vez
no Novo Testamento (1Co 15.34), traduzido por “vigiar”, na ARC; por “tornar à
sobriedade”, na ARA e na Nova Almeida Atualizada; e por “despertar” na TB.
Sóbrio: grego: νηφω nepho, literalmente:
livre da influência de intoxicantes; metaforicamente: calmo e sereno de
espírito; ser moderado, controlado; lúcido, com plena capacidade de avaliar.
Diversas vezes Jesus chamou a atenção dos seus seguidores quanto à importância
de estarem vigilantes para o seu retorno (Mt 24.22; 25.13; Mc 13.33,35; 37; Lc
21.36; Ap 3.3; 16.15). Muitas dessas exortações se percebem através das
parábolas, tais como: das dez virgens (Mt 25.1-13); do senhor que confiou o
cuidado das coisas que lhe pertenciam aos seus servos, prometendo voltar em
breve (Mc 13.34-37); dos servos que aguardam o seu senhor quando voltar das
bodas (Lc 12.36-37). “O chamado à vigilância, no entanto, não foi dirigido
apenas a eles, mas a todos nós (Mc 13.37)” (ADEYEMO, 2010, pp. 1222,1223).
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Prezado(a)
professor(a), a aula desta semana trata a respeito da importância da vigilância
no viver diário do cristão. É relevante explicar aos seus alunos que devemos
estar alerta quanto à Segunda Vinda do Senhor Jesus, pois não sabemos o dia e
nem a hora que Ele há de retornar para buscar a Sua Igreja. Para auxiliá-lo (a)
na compreensão deste aspecto, leia para a classe o significado do conceito
abaixo: “Escatologia – O termo escatologia (gr. eschatos, ‘últimos’; logos,
‘raciocínio’), significando ‘a teologia das últimas coisas’, tem sido usado
desde o século XIX para designar a divisão da teologia sistemática que lida com
tudo o que era profeticamente futuro na época em que foi escrito, isto é,
profecias que já se cumpriram, como também profecias que ainda não se
cumpriram. Importantes assuntos de profecia incluem predições com relação a
Jesus Cristo, tanto em sua primeira vinda como na segunda, Israel, os gentios,
Satanás, cristianismo, os santos de todas as eras, a futura Grande Tribulação,
o estado intermediário, a ressurreição dos mortos, o reino milenial, o juízo
final e o estado eterno. Estes temas podem ser classificados como a revelação
divina do programa quádruplo de Deus para: (1) Israel, (2) os gentios, (3) a
igreja e (4) Satanás e seus anjos caídos” (Dicionário
Bíblico Wycliffe. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 662).
II. JESUS NO
GETSÊMANI
Depois que Jesus instituiu a
Ceia do Senhor, Ele seguiu com os seus discípulos para o jardim de Getsêmani.
Em oração, o Senhor Jesus rogou ao Pai, três vezes, para que passasse dEle
“esse cálice”.
1.
Getsêmani. O
lugar é assim identificado em Mateus (v.36) e Marcos (14.32). Lucas se refere
ao local como “àquele lugar” (22.40) e João registrou: “o outro lado do ribeiro
Cedrom, onde havia um jardim” (18.1, Nova Almeida Atualizada). O nome
“Getsêmani” vem de um termo aramaico que parece significar “prensa de azeite”.
Era uma área localizada no sopé do monte das Oliveiras, onde o Senhor Jesus
costumava se reunir com os discípulos e para onde se retirou na noite em que
foi preso (Lc 22.39; Jo 18.2).
Getsêmani significa “lagar de azeite”. O Getsêmani
era um jardim onde Jesus e seus discípulos se reuniam. Também foi o lugar onde
Jesus orou antes de ser preso. O jardim do Getsêmani era um olival no monte das
oliveiras, perto da cidade de Jerusalém. Jesus e seus discípulos gostavam de se
reunir nessa zona. Depois da Última Ceia, Jesus foi para o Getsêmani para orar
com seus discípulos, se preparando para o sofrimento que estava prestes a
suportar (Mateus 26:36). (RESPOSTAS.COM).
2. A
angústia de Jesus. O Senhor Jesus, durante todo o tempo do seu ministério, encarava
a sua morte de maneira serena (Mt 16.21; 17.22,23; 20.17-19; 26.1,2 e passagens
paralelas em Marcos e Lucas). Alguns estudiosos do Novo Testamento se perguntam
por que só agora “começou a entristecer-se e a angustiar-se muito” (v.37) a
ponto de dizer: “A minha alma está cheia de tristeza até à morte” (v.38)? O seu
pavor não era a morte, mas o ser separado do Pai ao assumir os pecados de toda
a humanidade na cruz (2Co 5.21), pois Ele já estava decidido quanto a isso (Mc
10.33,34) e tinha consciência de que a sua morte era a vontade do Pai (Jo
12.27). Esse era o momento mais crucial para a humanidade, pois estava em jogo
a salvação dos pecadores.
No jardim do Getsêmani, afastando-Se dos discípulos
e ficando apenas com Pedro e os dois filhos de Zebedeu a Seu lado foi orar.
Quando Ele ficou sozinho, mais tarde, “adiantando-se um pouco, prostrou-se
sobre o seu rosto, orando…” (Mt 26.39). Qual foi a Sua oração?“ Meu Pai, se
possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como
tu queres” (v. 39). Jesus não recebeu resposta. “É verdade que Jesus usou a
condicional “se possível” na oração do Getsêmani. Mas não era possível, a bem
do pecador, afastar de Jesus o cálice da salvação. Desde o Jardim do Éden, desde
a queda, “não havendo derramamento de sangue, não há perdão de pecados” (Hb
9.22, NTLH). Nossa redenção não é por meio de coisas perecíveis como prata ou
ouro, “mas pelo precioso sangue de Cristo, como um cordeiro sem mancha e sem
defeito”, planejada antes da criação do mundo (1Pe 1.18-21). É o sangue de
Jesus que nos purifica de todo pecado (1Jo 1.7). Todo o processo depende de
Jesus, dependia da cruz. Jesus não podia falhar -- e não falhou.”. (ULTIMATO).
Não há nenhuma insinuação nem no Salmo 22, nem nos Evangelhos, de que Cristo
orou para ser poupado do mero ato de morrer. O que ele temia era o Pai esconder
Seu rosto dEle. Lembremos que 700 anos antes, Isaías previu o real motivo da
cruz: "Ele foi traspassado por causa das nossas transgressões, foi
esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava
sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados". Jesus, perfeito Deus e
perfeito homem, que nunca pecou e nem poderia pecar por não ter a mesma
natureza pecaminosa que herdamos de Adão, seria feito pecado na cruz. É
importante frisar que ter ficado passivo ou satisfeito e contente com a
aproximação de tal separação, não teria sido uma demonstração de fé, mas
pecado. O cálice da morte a respeito do qual Ele orou para ser libertado foi,
não a morte física, mas a separação de Sua alma humana da luz do semblante de
Deus. Ele não obteve resposta, no entanto, Sua oração foi "ouvida" em
Seu Pai o fortalecer, de modo a manter a Sua fé inabalável e sem oscilar,
durante todo o teste e sofrimento.
3. O
cálice. A expressão usada por Jesus: “Meu Pai, se é possível, passa de mim este
cálice” (v.39) deve ser entendida à luz do Antigo Testamento. O cálice ou copo
aparece com frequência na Bíblia e mui especialmente na sua aplicação
metafórica. É usada para indicar uma situação miserável (Sl 11.6) e também de
felicidade (Sl 16.5; 23.5). Da mesma forma, indica a manifestação da ira de
Deus (Sl 75.8; Is 51.17). Essa linguagem aparece no Novo Testamento (Ap 14.10;
1Co 10.16). O Senhor Jesus se referia ao cálice da ira de Deus como castigo da
separação do Pai no momento da cruz (Mt 27.46; Mc 15.34). Estava chegando a
hora de ser submerso na maldição, por nós, pecadores (Gl 3.13).
Essa ira de Deus simbolizada pelo cálice, estava
destinado a todos nós. O ato de Jesus verter este cálice, desviou de nós a
santa e justa ira de Deus e direcionou a Cristo na sua morte na cruz. Foi esse
o cálice que Jesus bebeu, e agora nos proporciona outro cálice: “Tomarei o
cálice da salvação e invocarei o nome do SENHOR” (Sl 116.13) e também nos
diz que: “Este cálice é a nova aliança em meu sangue, derramado em favor de
vós” (Lc 22.20). O cálice da ira de Deus foi tomado por Cristo, por isso
lemos no evangelho: “Podeis beber o cálice que eu bebo, ou ser batizados com
o batismo com que sou batizado?" (Mc 10.38). No livro O verdadeiro
Evangelho, do pastor Paul Washer, ele nos trás uma ilustração do que aconteceu
conosco: “Imagine uma represa de dez mil metros de altura e dez mil metros
de largura transbordando, e você está a dez metros dela. De repente essa
represa desmorona e todo aquele turbilhão de água furioso está vindo em direção
a você de forma violenta e destruidora. No entanto, a dez segundos de lhe
atingir, o chão se abre e engole toda aquela água. Isso foi o que Deus fez por
você. Isso foi o que Deus fez por nós. Cristo levou sobre si a ira de Deus
contra o pecado para nos justificar”. Quando o comentarista afirma: “O
Senhor Jesus se referia ao cálice da ira de Deus como castigo da separação do
Pai no momento da cruz”, eu quero entender que “castigo da separação do
Pai no momento da cruz”, ele quis dizer o mesmo chão que se abriu e engoliu
toda aquela água que vinha contra nós, porque se não for isso, corre risco de
termos aqui uma falsa afirmativa, já que cálice, muitas vezes é símbolo da
retribuição divina ou da ira de Deus.
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“[...] É importante observar o uso de uma
condicional de primeiro tipo na expressão ‘se é possível’ (Mt 26.39). Isto
normalmente sugere que se supõe que a condição é cumprida – isto é, que era
possível evitar o ‘cálice’ que Jesus tinha em mente. Esta interpretação recebe
o apoio de Hebreus 5.7, que observa que quando Jesus ‘oferecendo com grandes lágrimas,
orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que
temia’. A morte biológica não causava terror a Jesus. Ela não causa terror em
nós. Como Jesus carregou nossos pecados e sentiu a ira de Deus em nosso lugar,
nós também fomos libertados. Nem a morte biológica nem a espiritual têm
qualquer influência sobre aqueles que, por meio de Cristo, receberam a vida
eterna” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007,
pp. 83,84).
III. EXORTAÇÃO
À VIGILÂNCIA
Depois de uma breve
explicação sobre Jesus no Getsêmani, retornamos ao tema da lição. Entendemos
que o ponto central dessa seção do Evangelho de Mateus (26.36-41) é a exortação
à vigilância, apesar de outros temas serem importantes aqui.
1. No
contexto escatológico. A exortação à vigilância é um dos pontos centrais do sermão profético
porque não se sabe o dia e a hora da vinda de Jesus (Mt 24.36; Mc 13.32). O
ensino do Senhor nas diversas parábolas desse discurso escatológico dá muita
ênfase à necessidade de os crentes estarem atentos. Apesar de ser vedada aos
humanos a data da segunda vinda de Jesus, a Bíblia indica os sinais que
precederão a vinda de Cristo em Mateus 24 e Lucas 21. Os acontecimentos de hoje
nos mostram o cumprimento das profecias bíblicas, sinalizando que essa vinda
está próxima. Se os cristãos da primeira hora deviam estar vigilantes quanto ao
grande evento, o que não diremos nós, que somos a Igreja da última hora? Por
isso devemos estar ainda mais firmes e atentos, continuamente.
Ninguém sabe a data quando Jesus voltará. É
impossível prever quando esse dia será porque acontecerá quando não estivermos
à espera (Mt 24.36). Se alguém diz que sabe quando vai acontecer, está
enganado. Se alguém disser que Jesus já voltou, não devemos acreditar porque
quando acontecer o mundo todo saberá (Mc 13.21-22).
“Três pontos sobre a doutrina da segunda vinda
são absolutamente claros. Primeiro, a volta de Jesus será evidente, sem ambiguidade,
visível a todos. O Senhor mesmo explica: “Assim como o relâmpago sai do Oriente
e se mostra no Ocidente, assim será a vinda do Filho do homem” (Mt 24.27, NVI).
A mensagem apocalíptica afirma que Ele “vem com as nuvens, e todo olho o verá,
até mesmo aqueles que o traspassaram” (Ap 1.7). Segundo, a volta de Jesus será
“com poder e muita glória” (Mt 24.30). Ele não levará sobre si as nossas
enfermidades nem será esmagado por causa das nossas iniqüidades. Não será
oprimido nem afligido nem levado ao matadouro. Terceiro, a volta de Jesus será
em dia e hora que ninguém sabe (Mt 24.36). Ele mesmo avisou: “O Filho do homem
virá numa hora em que vocês menos esperam”. No último livro da Bíblia, lê-se
esta declaração pessoal e enfática: “Eis que venho como ladrão!” (Ap 16.15.) A
igreja é qual a noiva à espera do noivo. De repente, ela ouvirá um grito: “O
noivo se aproxima! Saiam para encontrá-lo!” (Mt 25.6.) Enquanto Ele não chega,
tanto a igreja como o Espírito fazem esta pequena oração litúrgica: “Vem,
Senhor Jesus!” (Ap 22.20.)” (ULTIMATO)
2. Na
vida cristã. É o estado de alerta para não cairmos em pecado, para nos
abstermos de tudo aquilo que desagrada a Deus (1Co 16.13; 1Ts 5.6; 1Pe 5.8).
Mas essa vigilância não deixa de ser um exercício contínuo da fé até que Jesus
venha. Ele pode voltar a qualquer momento; os sinais de sua vinda estão aí,
como o avanço da imoralidade e da corrupção (Ap 9.21), a evangelização mundial
por meio de recursos das redes sociais (Mt 24.14) e a posição de Israel no
Oriente Médio (Lc 21.29-31).
Os sinais que prenunciam a volta de Jesus estão se
cumprindo a cada dia - falsos cristos e falsos profetas; apostasia, Doutrinas
de demônios, Perseguição aos crentes, sinais no céu, Guerras e conflitos,
terremotos. A apostasia tem se evidenciado, no meio de igrejas evangélicas, a
ponto de a Bíblia não ser mais referência para a conduta de muitos que se dizem
cristãos. Na natureza, há fenômenos que indicam o cumprimento das previsões
apocalípticas. Na vida moral, certamente, há o maior grau de fatos que
comprovam o aumento da iniquidade humana. Mas a Igreja de Jesus Cristo deve
continuar em oração e vigilância como “coluna e firmeza da verdade” (1Tm 3.15),
aguardando em santificação a volta de Jesus. A vigilância na vida cristã deve
nos levar à santidade. Jesus exortou os discípulos a serem vigilantes. Ele
afirmou: “Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso
Senhor” (Mt 24.42). Por não sabermos a data da segunda Vinda de Jesus,
temos de ter uma conduta ilibada em nosso dia a dia. Temos que aguardar a volta
de Cristo em santidade e com o coração repleto de fé. Precisamos também desejar
a volta de Cristo, como os crentes de Tessalônica. Eles ficaram tão convictos e
anelantes ante a mensagem que os missionários lhes pregaram concernente à
segunda Vinda de Cristo, que entendiam que a mesma ocorreria naqueles dias
enquanto estavam vivos (1Ts 4.15,17).
3.
“Vigiai e orai” (v.41a). O sentido da vigilância aqui difere daquele mencionado no
v.38, em que “vigiar” indica ficar despertado, acordado. Mas aqui significa
estar vigilante para manter a fidelidade ao Senhor Jesus e nunca se apartar
dEle. Isso fica claro pelas palavras seguintes: “para que não entreis em
tentação”. É uma advertência solene a todos os crentes em todos lugares e em
todas as épocas para viverem atentos em todos os momentos da vida (Ef 6.18). O
Comentário Bíblico Beacon diz: “A eterna vigilância é o preço da liberdade.
A palavra vigiai não é
entendida muitas vezes pelos cristãos, pode ser considerado um aviso em estar
atento para não pecar, mais do que isso, estar alerta para não se perder com as
distrações desse mundo, que em um sentido mais amplo nos tornaria aptos com
ações sempre voltadas ao Reino. “Jesus nos disse para vigiar e orar
porque nossa carne é fraca e enfrentamos muitas tentações. Quando vigiamos e
oramos, ficamos mais fortes para resistir à tentação. Na noite em que foi
preso, Jesus foi para o jardim do Getsêmani com seus discípulos para orar. Mas,
enquanto ele orava sozinho, os discípulos adormeceram. Quando voltou, Jesus
repreendeu os discípulos e os avisou que deveriam vigiar e orar, para não
caírem em tentação (Mateus 26:40-41). No entanto, eles adormeceram outras duas
vezes!” (RESPOSTAS).
4. O
espírito e a carne (v.41b). Temos aqui o contraste entre o espírito e a carne, muito comum no
Novo Testamento (Rm 8.5-9; Gl 5.17). Seria esse o sentido aqui? A “carne” é um
termo frequentemente usado nas Escrituras, com variação semântica tão ampla que
não é possível descrever todos os seus significados neste espaço. Aqui essa
palavra pode indicar a fragilidade da nossa natureza física (Sl 78.39), visto
que os discípulos estavam cansados, exaustos e entristecidos; mas também pode
ser uma referência à fraqueza da natureza humana decaída (Ef 2.3), por causa da
associação com a palavra “tentação”. A expressão pode indicar as coisas
simultâneas ou qualquer uma dessas interpretações.
“Os discípulos precisavam ficar acordados e orar
porque em breve seriam provados. A palavra carne aqui se refere à natureza
humana. O contraste entre a natureza dos discípulos e a força do Senhor é
impressionante. Já que a carne é fraca, todo filho de Deus precisa de poder sobrenatural
(Rm 8.3,4)” (BIBLIOTECABIBLICA).
W. Hendriksen diz que a palavra “carne”, no sentido que lhe é atribuído
na expressão “a carne é fraca”, indica a natureza humana considerada do
prisma de sua fragilidade e necessidades, tanto físicas quanto psíquicas (Is
40.6-8). J. MacArthur diz que o próprio Cristo também estava familiarizado com
o sentimento das fraquezas humanas (Hb 4.15). Essas fraquezas, no entanto, devem
ser subjugadas à vontade divina. Então ao dizer que “o espírito está pronto,
mas a carne é fraca”, basicamente Jesus estava dizendo que o espírito está
sempre disposto, mas a carne, com suas debilidades naturais, não acompanha essa
disposição. Isso ficou muito claro no comportamento dos discípulos. Este texto
não é somente escatológico, mas ele é para agora, é para refletirmos como está
nosso relacionamento com Deus. Com as tribulações da vida temos tido o cuidado
de buscar a Deus sempre? Ou somente quando estamos necessitados? O nosso Deus
Pai está de braços abertos esperando nossa súplica, nossa oração para que Ele
na sua infinita glória derrame suas bênçãos sobre nós e sobre nossos
familiares.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Iniquidade e esfriamento do amor. Em Mateus 24.12,
Jesus mencionou mais dois alarmantes sinais, um decorrente do outro: ‘E por se
multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará’. E o que assusta, neste
duplo sinal, é mais uma vez a palavra ‘muitos’, cujo significado é ‘quase
todos’. Não foi por acaso que Jesus ensinou: ‘Entrai pela porta estreita,
porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos
são os que entram por ela’ (Mt 7.13). A cada dia, a aceitação da verdade da
Palavra de Deus torna-se mais difícil. Doutrinas que outrora, ao serem
ensinadas, geravam temor, têm levado muitos crentes a fazerem questionamentos.
Vemos que os mensageiros mais conservadores — mas conservadores do ponto de
vista bíblico (2 Tm 1.13,14) — são vistos por muitos como extremistas,
descontextualizados ou politicamente incorretos. Isso, com certeza, é reflexo
do dúplice sinal em questão. O amor ao mundo faz-nos perder o amor a Deus (Tg
4.4; 1 Jo 2.15- 17). E muitos líderes, à semelhança de Demas (2 Tm 4.10),
perderão a visão espiritual, nesses últimos dias. Os cultos, que deveriam ter
como objetivos o louvor a Deus e a exposição da Palavra (1 Co 14.27), se
transformarão — como já vem ocorrendo — em programas de auditório, shows, com
muito entretenimento e pouco ou nenhum quebrantamento de espírito na presença
do Senhor. Esse sinal indica que, nos últimos dias, o mundo se tornará tão
religioso, e a igreja — quer dizer, uma boa parte dela — tão mundana, que não
saberá onde começa um e termina o outro. Sabendo que tudo isso aconteceria,
Jesus alertou: ‘Vigiai, pois, a todo tempo, orando, para que possais
escapar...’ (Lc 21.36, ARA). E, como escapar? O caminho é dar ouvidos à Palavra
de Deus e se arrepender, a fim de que o nosso amor não se esfrie (Ap 2.4,5)”
(ZIBORDI, Ciro S, Et al. Teologia
Sistemática Pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, pp. 493-94).
CONCLUSÃO
O enfoque no relato do Getsêmani é a vigilância
e por essa razão não entramos em outros pontos do texto. Finalizamos dizendo
que, na tentação do deserto, o Senhor Jesus recusou o domínio do mundo sem o
Pai, mas aqui Ele aceita sofrer e morrer por nós com Deus. A experiência de
Jesus e dos seus discípulos no jardim nos ensina que cada cristão tem o seu
Getsêmani e cada um de nós deve-se submeter à vontade do Pai.
Naquela noite no Getsêmani, os discípulos de Jesus
estavam numa verdadeira batalha entre seu espírito pronto e sua carne fraca. O
espírito de cada um deles estava disposto a atender ao pedido de Jesus e
permanecer alerta em oração; mas a fraca carne estava conduzindo-os ao sono, e
assim, de certa forma, tornando-os vulneráveis aos desejos de Satanás.
Certamente não iríamos querer espontânea e voluntariamente “pular” em pecados,
sabendo que o salário do pecado é a morte, mas não podemos resistir cair nele porque
a nossa carne não é forte o suficiente para resistir. Nós nos colocamos em
situações ou preenchemos nossas mentes com paixões sensuais, e isso nos leva a
pecar; somos seres caídos e fracos como já antes mencionei. A única forma de
sermos fortes em meio às tentações é estarmos verdadeiramente em Cristo; a Cruz
como meio e Cristo como a fonte de nossa esperança por meio da graça dada por
Deus Pai (Ef 1.4). Fomos chamados para sermos santos e irrepreensíveis diante
de Deus. E ser santo é ser separado para Deus e do mundo.
“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a
tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome
sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16)
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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