SUBSÍDIO I
EXISTE CRISTÃO ENDEMONINHADO?
Os pregadores de libertação baseiam os seus ensinos
nas experiências vindas do campo missionário. A Bíblia fica em segundo plano,
pois eles pinçam as Escrituras aqui e ali, com interpretações peculiares
contrárias à hermenêutica bíblica e aplicando uma exegese ruim. Paulo Romeiro,
em sua obra Evangélicos em Crise, cita diversas fontes desses relatórios
missionários (p. 120-123).
Para justificar a ideia de que um crente, mesmo
cheio do Espírito Santo, pode ser endemoninhado, tais pregadores costumam
apresentar o seguinte argumento: “A palavra traduzida ‘possuído’, na versão
bíblica feita pelo rei Tiago da Inglaterra (KJV), e a palavra grega daimonizomai.
Muitas autoridades em língua grega dizem que esta tradução está errada. Ela
deveria ser traduzida por ‘endemoninhado’ ou ‘ter demônios’” (HAMMOND, 1973, p.
11); “esta palavra ‘possessão’ teologicamente é inadequada e enganosa. A
expressão correta deve ser endemoninhado. O grego usa a palavra daimonizomenos,
significando endemoninhado, ou echon daimonia, significando ‘ter
demônios’ ou ‘estar com demônio’” (ITIOKA, 1991, p. 171). Tudo isso é para
dizer que o espírito imundo pode habitar no corpo do cristão, mas não no
espírito: “enquanto o Espírito Santo pode habitar no espírito, os demônios
podem habitar na carne... Eles se escondem em algum lugar nos cantos”
(MILHOMENS, s/d, p. 54, apud ROMEIRO, 1995, p. 128).
Esses argumentos são de uma fragilidade exegética
assustadora. Poderia ser citada uma lista considerável de dicionários e léxicos
que não sustentam tais ideias, como os léxicos Liddell & Scott e Walter
Bauer’s; o Léxico Grego do Novo Testamento, de Edward Robinson, edição da CPAD,
e o Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, de Verlyn D.
Verbrugge, da Vida Nova, entre muitos outros. Quanto à exegese, Mateus e Marcos
empregam daimonizomai para os endemoninhados gaderenos (Mt
8.28; Mc 5.15) e Lucas utiliza echon daimonia (Lc 8.27). A descrição do
gadareno em Mateus, Marcos e Lucas mostra que ele estava completamente dominado
pelos demônios, e isso evidencia que não há diferença entre “endemoninhado” e
“possuído pelo demônio”.
Outro meio de justificar a ideia de que o crente
pode ser endemoninhado é desenvolvendo uma nova antropologia. Eles argumentam
ainda que o homem “é um espírito - tem alma – e vive num corpo” (HAGIN, 1988,
p. 89). Esse conceito é defendido também pela Confissão Positiva. Partindo
desse falso conceito, afirmam que o Espírito Santo habita no espírito humano,
na salvação, e os espíritos imundos “estão relegados à alma e ao corpo do
cristão” (HAMMOND, 1973, p. 132).
À luz da Bíblia, o ser humano é um ser metafísico e
moral, feito à imagem e semelhança de Deus, constituído de corpo alma e
espírito (Gn 1.26; 2.7; 1 Ts 5.23). Alma e espírito são entidades imateriais,
distintos um do outro, embora inseparáveis. O corpo é o invólucro material da
alma e do espírito, pois existe uma “divisão da alma, e do espírito, e das
juntas e medulas” (Hb 4.12). Isso refere-se às três partes distintas da
constituição humana. Fazer jogo de palavras envolvendo corpo, alma e espírito
para redefinir teologicamente o ser humano, afirmando ser ele um “espírito que
tem alma e habita num corpo”, facilita a manipulação do texto para adulterar o
pensamento bíblico. A constituição bíblica do ser humano contraria o falso
conceito da presença dos demônios no corpo e na alma do cristão.
Outros citam, ainda, passagens bíblicas, como “o
mau espírito da parte de Deus, se apoderou de Saul” (1 Sm 18.10) e fraseologia
similar (1 Sm 19.9), além de Judas Iscariotes (Lc 22.3) e Ananias e Safira (At
5.1-10). Essas três passagens são interpretadas por eles de maneira distorcida.
O argumento sobre o estado espiritual e psicológico de Saul precisa ser
analisado com muito cuidado: “E o Espírito do SENHOR se retirou de Saul, e o
assombrava um espírito mau, da parte do SENHOR” (1 Sm 16.14); “Porém o espírito
mau, da parte do SENHOR, se tornou sobre Saul” (1 Sm 19.9); “o mau espírito, da
parte de Deus, se apoderou de Saul” (1 Sm 18.10). Antes de tudo, convém
salientar que Saul já estava desviado e havia sido rejeitado por Deus (1 Sm
15.23; 16.1). Então, essa passagem não ajuda em nada na possibilidade de um
crente fiel ter demônios. O que aconteceu com Saul é que o Espírito Santo se
apoderou dele por ocasião de sua unção para reinar sobre Israel (1 Sm 10.6, 10;
11.6). Uma vez que “o Espírito do SENHOR se retirou de Saul”, isso indica não
ser ele mais o escolhido para reinar, e dessa forma Deus enviou o “espírito
mau” para o assombrar e o atormentar. Trata-se de um espírito da parte de Deus,
e não de Satanás.
O exemplo de Judas Iscariotes é inconsistente, pois
está escrito que “Satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes” (Lc 22.3, ARA),
mas Jesus havia dito antes que Judas era “um diabo” (Jo 6.70). Assim, “dizer
que ele foi um cristão é forçar demais o texto bíblico, e nem foi essa a
opinião do Senhor sobre ele” (ROMEIRO, 1995, p. 125).
A passagem de Ananias e Safira (At 5.1-11) não
confirma sua doutrina, pois o texto sagrado declara que Ananias e Safira
mentiram ao Espírito Santo, ou seja, mentir à Igreja é mentir a Deus. Não está
escrito que ambos ficaram possessos ou endemoninhados. Eles foram incapazes de
discernir o Espírito Santo na vida da Igreja. O acontecido é que eles não
vigiaram e por isso agiram sob influência de Satanás, mentindo ao Espírito
Santo (v. 3). Isso pode acontecer com um cristão vacilante, e não é possessão
maligna, por isso devemos orar e vigiar, para não cairmos em tentação. Jesus
disse: “o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41). Não está escrito
que Pedro expulsou o “demônio” de Ananias e Safira.
O Senhor Jesus afirmou que todos os espíritos
demoníacos deixam o corpo da pessoa que se converte ao seu evangelho (Lc
11.24). Tal corpo fica varrido e adornado, como obra do Espírito Santo (v. 25).
A Bíblia, ensina ainda, que o corpo do cristão é templo do Espírito Santo (1 Co
6.19) e que o corpo, a alma e o espírito do cristão “pertencem a Deus” (v. 20).
Temos promessas de Deus de que o maligno não nos toca: “o que de Deus é gerado
conserva-se a sim mesmo, e o maligno não lhe toca” (1 Jo 5.18). O cristianismo
baseia-se na Bíblia, e não em experiências humanas contrárias às Escrituras
Sagradas.
SOARES, Esequias. Batalha Espiritual: o povo de Deus e a Guerra contra as potestades do mal. 1.
ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Neste trimestre estudaremos a
respeito do conceito bíblico de Batalha Espiritual. Esse é um tema que encontra
respaldo escriturístico, mas que precisa ser avaliado à luz dos princípios
hermenêuticos, a fim de evitar excessos bastante comuns ao tratar sobre o
assunto. Na aula de hoje analisaremos o texto de I Pe. 5.5-9, ressaltando a
realidade da luta diante da qual nos encontramos, que não poderá ser
subestimada, sob o risco de perdemos nossa alma.
I. ANÁLISE
TEXTUAL
Na passagem em foco, o autor admoesta aos anciãos
da igreja, em relação aos dias difíceis que se aproximam, encorajando-os a
serem humildes e vigilantes. Uma mensagem inicial é direcionada aos jovens –
neoteroi – para que esses sejam sujeitos aos anciãos – presbyteroi. Nesse caso,
os jovens necessariamente não têm a ver com idade, mas com a relação com os
mais velhos, sobretudo àqueles que estão em liderança. E como se isso não fosse
suficiente, é preciso que sejamos sujeitos – hupotagete – uns aos outros, considerando
que na igreja, a liderança é primordialmente funcional, não tem a pretensão de
ser hierárquica. Pedro orienta ao revestimento em humildade – tapeinophrosune –
que dá ideia também de ascetismo, pois Deus resiste aos soberbos -
huperephanos – aqueles que são prepotentes, que querem se colocar acima dos
outros, mas dá graça aos humildade – tapeinos – aqueles que estão em posição
menos elevada. O imperativo é para que devamos nos humilhar –
tapeinothete, debaixo da potente mão de Deus, esperando que Ele, no tempo
oportuno – kairo, e de acordo com Sua soberana vontade, exalte os humildes. O
melhor é levar até Ele todas nossas ansiedades – merimnan, ciente de que Ele é
Aquele que tem cuidados de nós. E mais, sejamos sóbrios – nepsate – uma virtude
necessária, que deve permanecer atrelada a um outro imperativo: ser vigilante –
gregoresate, tendo em vista que temos um adversário – antidikos, que também
pode ser traduzido como acusador. Esse é o diabo – diabolos - que anda em
derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar – katapiein. Esse
verbo também tem o sentido de devorar, o que implica em maior violência. Para
vencê-lo, devemos, portanto, resistir firmes – steroi, sabendo que as mesmas
aflições – pathematon – também sofrem outros irmãos no mundo.
II. INTERPRETAÇÃO
TEXTUAL
A I Epístola de Pedro foi escrita por volta do ano
64 d. C., possivelmente da cidade de Roma, com o objetivo de oferecer
encorajamento aos cristãos que sofriam perseguição. A orientação de
Pedro é para que as pessoas mais jovens da congregação, que geralmente são mais
resistentes à liderança, sejam sujeitas aos anciãos e para isso cita Pv. 3.34,
a fim de lembra-los que Deus se opõe aos orgulhosos, mas direciona seu favor
àqueles que são humildes (5.5). Na verdade, todos devem ser humildes,
aprendendo a depender de Deus, mesmo nos momentos da adversidade. Devemos
depender da potente mão de Deus que trouxe Israel do Egito (Ex. 3.19; 32.11;
Dt. 4.34; 5.15; Dn. 9.15). Assim como aconteceu com Israel, o cativeiro não
durará para sempre, portanto, sabemos que o período de sofrimento vai passar.
Ainda que estejamos passando por momentos difíceis nos dias atuais, temos a
convicção que no tempo oportuno de Deus, Seu povo será exaltado na eternidade
(5.6). Por isso, devemos lançar sobre Ele toda nossa ansiedade, não temos
motivos para viver preocupados, se confiamos na providência do Senhor (5.7).
Antes, devemos nos manter sóbrios e vigilantes, alertas aos ataques do
Adversário, pois o diabo – representado como um leão – fica à espreita buscando
a quem devorar. A admoestação é de que o diabo deve ser resistido (5.8), esse
não deve ser temido pelos cristãos, pois o Senhor tem dado poder espiritual
para permanecer firme na fé (Ef. 6.12-18). Devemos, portanto, confiar nas
promessas do Senhor, pois Deus tem a palavra final, quando exaltará aqueles que
atualmente são perseguidos (Tg. 4.7). Além disso, é preciso saber que o
sofrimento não é exclusividade de alguns, crentes no mundo inteiro padecem por
causa do nome do Senhor. E mais que isso, o próprio Senhor sofre com aqueles
que são perseguidos por causa do Seu evangelho (5.9).
III. APLICAÇÃO
TEXTUAL
Os cristãos estão envolvidos em uma batalha
espiritual, e essa não pode ser subestimada. É preciso, no entanto, evitar
qualquer tipo de extremos, se por um lado alguns crentes descreem no poder das
hostes celestiais do Adversário, por outro lado, outros exageram na
supervalorização desse poder. Há evangélicos que veem o diabo em toda esquina,
certos pregadores falam mais a respeito do Satanás do que de Jesus. Em alguns
cultos, ao invés de se pregar a Palavra de Deus, fala-se apenas no poder do
diabo, e quando há prática de exorcismo, entrevista-se o Inimigo sem atentar
para a verdade bíblica de que é o pai da mentira (Jo. 8.44). Precisamos ter
cautela com esse tipo de ensinamento, resultante de uma teologia deformada, que
apregoa doutrinas como mapeamento espiritual, maldição hereditária e de crentes
endemoninhados. Tais crenças vieram da Teologia da Prosperidade, da Confissão
Positiva e do Domínio, e se espalharam pelos arraiais neopentecostais, ou
melhor, pseudopentecostais. A doutrina do mapeamento espiritual não tem base
bíblica, e geralmente está fundamentada em versículos descontextualizados ou em
interpretações equivocadas da Bíblia. Em relação à maldição hereditária,
costuma-se citar Ex. 20.5, mas esse texto se refere às gerações, principalmente
às pessoas de uma família, que vivem debaixo de um jugo de pecado, mas não se
aplica aos crentes, pois Cristo se fez maldição por nós (Gl. 3.13). Sobre
crentes endemoninhados, devemos saber que o maligno não pode tocar naqueles que
tiveram um encontro com Cristo (I Jo. 5.18), e mais, aquele que está em nós é
maior do que aquele que está no mundo (I Jo. 4.4).
CONCLUSÃO
Esse é o momento de alertar aos evangélicos que se
deixam controlar por uma crença equivocada em uma falsa doutrina da batalha espiritual.
Na mesma medida em que reconhecemos que essa batalha é real, precisamos também
considerar que Cristo é maior, e que não devemos nos deixar manipular por
lideranças que se aproveitam dessas doutrinas falsas para causar insegurança
espiritual nas pessoas. Consoante ao exposto, devemos saber que o diabo precisa
ser resistido, mas que devemos depender da direção divina (Jd. 1.9).
José Roberto A. Barbosa
Disponível no Blog
subsidioebd.blogspot.com
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
A Batalha Espiritual é o
tema do trimestre que estamos iniciando. Basta uma olhada na leitura diária
para confirmar a menção do assunto nas Escrituras. Mas existe uma onda
extravagante que surgiu na década de 1960 e que tenta se passar por batalha
espiritual. A presente lição apresenta o equilíbrio doutrinário que servirá
como ajuda para ninguém subestimar o assunto.
Iniciando o primeiro trimestre deste novo ano,
refletiremos acerca de um assunto importante, no entanto, ignorado: “Batalha
Espiritual”. Não podemos ignorar, subestimar ou supervalorizar a Batalha
Espiritual; ela é real, mas requer cuidados e conhecimento bíblico para não
incorrermos em superstição e erros teológicos que soam como heresia, tais como
“maldição hereditária”, “mapeamento espiritual” e “crentes endemoninhados”. “Precisamos
nos guardar contra dois perigos extremos. Não podemos tratá-lo com muita
leviandade, para não subestimar seus perigos. Por outro lado, também não
podemos nos interessar demais por ele.”(Millard J. Erickson-
INTRODUÇÃO A TEOLOGIA SISTEMÁTICA- Pág. 200). Precisamos de uma
visão bíblica e equilibrada sobre o tema e saber que a verdadeira Batalha
Espiritual consiste na luta contínua da Igreja contra o reino das trevas: com a
pregação do Evangelho! – Dito isto, convido-o a pensar maduramente a fé
cristã!
I. A BATALHA
ESPIRITUAL
A autêntica batalha
espiritual tem fundamentos bíblicos, mas nem tudo o que se diz ser batalha
espiritual tem sustentação nas Escrituras.
1.
Conceito de Batalha Espiritual. A Bíblia afirma "que todo o mundo está no maligno" (1 Jo
5.19). Assim, existem seres malignos e espirituais que desde o princípio
conspiram contra Deus e contra a humanidade para a destruição e o caos no
mundo. Primordialmente, os demônios existem; eles são reais e manifestam-se de
várias maneiras, em princípio, nas pessoas possessas, e tais espíritos precisam
ser expulsos. Por conseguinte, os cristãos se opõem a essas forças malignas
pela pregação do evangelho, a oração e o poder da Palavra de Deus. A essa
oposição dos crentes denominamos "batalha espiritual”.
- Há uma ‘moda’ atualmente no meio evangélico
nacional ‘gerando’ novas doutrinas como nunca houve na história da Igreja.
Entre muitas novidades está o Movimento de Batalha Espiritual, que emprega todas
as suas forças em especular uma nova cosmovisão sobre a esfera espiritual,
especialmente sobre os demônios, e como enfrentar este mundo de espíritos.
Claramente se vê na Bíblia que existe uma batalha espiritual sendo travada
entre os servos de Deus e os servos do diabo e que todos os crentes estão
envolvidos nesta batalha. Segundo João 10.10, é o diabo quem governa as forças
espirituais em rebelião contra Deus. Devemos resistir ao adversário mas não
precisamos ter medo dele, porque Deus é mais forte que todos os nossos
inimigos.
“Não existe explicitamente o termo "batalha
espiritual" na Bíblia, ou pelo menos na versão que busquei, mas isso não
quer dizer que o crente não esteja em uma constante guerra no mundo espiritual,
a qual é travada em oração. Esta passagem é um exemplo: Saúda-vos Epafras, que
é dos vossos, servo de Cristo, combatendo sempre por vós em orações, para que
vos conserveis firmes, perfeitos e consumados em toda a vontade de Deus (Cl
4.12). Estamos empenhados em uma batalha espiritual - se quiser usar o termo -
em todos os aspectos da vida cristã, seja em nossas orações, quando invadimos
com elas as regiões celestiais para lutarmos contra seres espirituais, seja na
labuta diária para testemunharmos de Cristo.” (RESPONDI)
2.
Uma realidade bíblica. O tema principal da Primeira Epístola do apóstolo Pedro é o sofrimento
do crente por causa do nome de Jesus. Esse sofrimento resulta da nossa contínua
luta espiritual contra o pecado e contra o indiferentismo religioso. Mas, ao
encerrar a sua epístola, o apóstolo esclarece que tudo isso parte de Satanás e
seus agentes: “Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em
derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (v.8).
- Lemos em Efésios 6.11-12 que nossa luta não é
contra seres humanos. A verdadeira batalha é contra forças espirituais malignas
que têm autoridade sobre este mundo - o Adversário que destruir o homem e que
permanece no ataque mesmo quando uma pessoa se converte. Em Apocalipse 12.4,
encontramos uma referência à primeira batalha espiritual que foi travada: “E
a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre
a terra”; João se refere à Satanás quando rebelou-se contra Deus e arrastou
consigo a terça parte dos anjos. Desde então, nós vemos, através da Bíblia,
Satanás fazendo guerra contra Deus e o Seu povo: “Então ele me mostrou o
sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do anjo do Senhor, e Satanás estava
à sua mão direita, para se lhe opor” (Zc 3.1).
- “A batalha espiritual é nossa luta contra tudo
que nos afasta de Deus. Os nossos três grandes inimigos são:
•O diabo – ele governa as forças espirituais em rebelião
contra Deus (Jo 10.10)
•O mundo – o mundo está amaldiçoado por causa do pecado, é
dominado pelo diabo e tem muitas tentações (1Jo 5.19)
•Nossa velha natureza – todos temos certa tendência para
pecar e precisamos lutar contra esses desejos errados (Gl 5.16-17)
Esses três inimigos podem atuar
juntos ou separados contra nós. Não podemos culpar tudo apenas no diabo. Mesmo
quando somos influenciados ou tentados, se pecarmos, a responsabilidade é
nossa. A Bíblia diz que devemos:
•Resistir ao diabo – rejeitando suas mentiras e declarando a
verdade da Bíblia (Tg 4.7)
•Não nos contaminar com o mundo – escolhendo obedecer a Deus
e não aos padrões do mundo (1Jo 2.15-17)
•Mudar nossos pensamentos – submetendo tudo a Deus, para que
Sua vontade se torne nossa vontade (Rm 12.2; 2Co 10.4-5)” (O que a Bíblia fala sobre batalha espiritual?
Disponível em: https://www.respostas.com.br/o-que-a-biblia-fala-sobre-batalha-espiritual/.
Acesso em: 31 Dez, 2018)
3. O
que não é Batalha Espiritual. O que geralmente se chama de "batalha espiritual" por alguns
é um modelo não bíblico e nocivo à fé cristã. Os mentores dessa doutrina pinçam
a Bíblia aqui e ali e adaptam as passagens selecionadas para ajustá-las às suas
próprias experiências. Trata-se de uma cosmovisão abrangente de culturas
antigas como a da Mesopotâmia e do Egito, influenciada pela magia e pelo
ocultismo.* Era na época um mundo cheio de forças ocultas em que os homens
viviam procurando se proteger de deuses e demônios malévolos. É uma estrutura
muito próxima do ocultismo contemporâneo com a doutrina dos espíritos
territoriais, maldição hereditária ou de família com os rituais de libertação.
- Exposto o que é batalha espiritual como aparece
nas Escrituras, precisamos entender o que ela não é, e faremos isso expondo um
pouco sobre o Movimento de Batalha Espiritual.
No imaginário brasileiro o diabo goza de um certo
“carisma”, vemos isso em literaturas produzidas e encenadas. O novelista Aguinaldo
Silva chegou a dizer o seguinte: “No Brasil, as pessoas acreditam que o
diabo realmente interfere em nossa vida, mais até do que os santos.” (Revista
Veja, 11 de agosto de 1999, pág. 142); e esse imaginário é materializa-se
no espiritualismo. Mas não está restrito ao mundo não alcançado pelo Evangelho,
nos círculos evangélicos há hoje, uma supervalorização do mundo angelical, há
Assembleias de Deus, por exemplo, onde é reservada uma cadeira no púlpito,
destacada das demais, para o ‘anjo da igreja’! É comum encontrarmos “cultos de
libertação”, de “poder” e seminários sobre batalha espiritual. É fácil
encontrar irmãos que já ‘devoraram’ o livro ‘Este Mundo Tenebroso’ (Ed.
Vida), de Frank Peretti.
- “A esta ênfase dada aos demônios, pelo menos
aqui no Brasil, atribuímos a responsabilidade a um pastor norte americano
chamado C. Peter Wagner. Ele é autor de trinta livros e é a atual autoridade no
campo de guerra espiritual. Em seu livro intitulado Oração de Guerra (Ed.
Unilit), ele nos conta como foi originado este movimento de guerra espiritual.
Peter Wagner é representante do Movimento de Crescimento da Igreja, fundado por
Donald MacGavran, em 1955. Em 1980 começou a interessar-se sobre as dimensões
espirituais do crescimento eclesiástico. Em 1989, percebeu que o evangelismo
funciona melhor quando é realizado através de oração e que Deus tem dotado
certos indivíduos que se mostram incomunmente poderosos no ministério da
intercessão. Pensando sobre a ideia de como conciliar evangelismo e
intercessão, Peter Wagner reuniu um grupo de cinquenta intercessores para
orarem em um hotel, localizado em frente do local onde seria o segundo
congresso de Lausanne. Durante esta intercessão, Peter Wagner diz que recebeu
de Deus o que denominou de “parábola viva”. Ele deu esse nome a um
acontecimento durante a intercessão. Uma das intercessoras, Juana Francisco,
foi acometida de uma crise asmática, rapidamente levaram-na às pressas para o
hospital. Esperando a recuperação da amiga no hospital, outras duas
intercessoras, Mary Lance e Cidy Jacobs, tiveram uma mensagem que logo
identificaram como sendo de Deus. Juana Francisco havia sido atacada por um
espírito da macumba. Recebendo a revelação, as duas intercessoras fizeram uma
oração quebrando o poder do demônio enquanto, no mesmo momento, Bill Bright,
estava com a enferma orando em prol da cura. O que aconteceu foi que no mesmo
momento a mulher ficou boa. Peter Wagner interpretou este episódio como sendo
uma lição de Deus ao Seu povo. A partir daí ele tomou para si os seguintes
princípios:
• (1) A evangelização do mundo é uma questão de vida ou
morte;
• (2) A chave para a evangelização do mundo consiste em
ouvirmos a Deus e obedecermos àquilo que tivermos ouvido. “Elas sabiam que Deus
queria que a maldição fosse anulada, pelo que entraram em ação”;
• (3) Deus usará a totalidade do corpo de Cristo para
completar a tarefa da evangelização do mundo.
Naquela mesma conferência de
Lausanne, em Manila, foram abordados os temas de espíritos territoriais e da
intercessão espiritual em nível estratégico. O interesse sobre o assunto
cresceu e foi organizado um grupo de pessoas que se interessavam por guerra
espiritual. Peter Wagner tornou-se o líder deste grupo que posteriormente foi
denominado de “Rede de Guerra Espiritual”. Entre os membros deste grupo podemos
mencionar Larry Lea, John Dawson, Cindy Jacobs e Edgardo Silvoso.” (Batalha Espiritual. Disponível em: http://www.cacp.org.br/batalha-espiritual/.
Acesso em: 31 Dez, 2019)
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Após introduzir a lição e “apresentar” o pastor
Esequias Soares, mostre aos alunos os objetivos da presente lição. Diga a eles
que, como introdução ao estudo deste trimestre, o objetivo da presente aula é
conceituar a expressão “Batalha Espiritual”, pontuar as falsas crenças da
“pseudobatalha espiritual” e desconstruí-las por meio das Escrituras Sagradas.
A lição desta semana está estruturada nesse tripé.
II. PRINCIPAIS
CRENÇAS DA PSEUDOBATALHA ESPIRITUAL
As inovações mais
chocantes que se pregam por aí são o mapeamento espiritual, a maldição
hereditária e a ideia de que um salvo pode ser possuído pelos demônios.
1.
Mapeamento espiritual. A doutrina consiste na crença de que Satanás designou seus
correligionários para cada país, região ou cidade. O evangelho só pode
prosperar nesses lugares quando alguém, cheio do Espírito Santo, expulsar esse
espírito maligno. Em decorrência, surgiu a necessidade de uma geografia
espiritual, o mapeamento espiritual. Os espíritos territoriais são
identificados por nomes que eles mesmos teriam revelado, com as respectivas
regiões que eles supostamente comandam. Essas pessoas acreditam que tudo isso
se baseia na Bíblia (Dn 10.13,20; Mc 5.10).
- Os adeptos do Movimento de Batalha Espiritual
adotam um método muito comum - o mapeamento espiritual de cidades, regiões,
países. Segundo pensam, a igreja precisa conhecer a região onde está plantada,
conhecer a história do lugar onde se deseja evangelizar e descobrir o espírito
territorial que governa aquela região. Esse levantamento é necessário para que
o demônio que governa ali seja amarrado. Segundo um artigo publicado em um site
deste movimento, ‘mapeamento espiritual’ é definido assim: “Mapeamento
espiritual é o processo em que se comparam as informações e dados de uma região
ou pessoas, colocando-as sobre um mapa ou gráfico. As informações colhidas são
usadas na guerra espiritual com o fim de arrancar as pessoas das mãos do
inimigo. O mapeamento espiritual é como uma grande luz lançada numa região
escura. Permite-nos ver a estratégia do inimigo, e expõe os planos ocultos de
Satanás para aquela região ou algum grupo especial. "Pois nada está
oculto, senão para ser manifesto; e nada se faz escondido, senão para ser
revelado" (Mc 4.22).” (SEMEAR).
Não há nas Escrituras respaldo teológico para este
ensino; Não encontramos Jesus falando ou ensinando sobre isto. O que nos cabe
fazer é obedecer integralmente suas ordens pregando o evangelho integral do
Senhor Jesus Cristo a toda criatura, crendo que ele é poderoso para a salvação
de todo aquele que nele crê, como também para expulsar da vida dos homens toda
sorte de espíritos malignos. “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as
nações, batizando-os em nome do Pai, e do filho, e do Espírito Santo;
ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado.” (Mt
29.18,19); “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura”
(Mc 16.15).
2. A
maldição hereditária. A doutrina resume-se nisso: se uma pessoa tem problemas com adultério,
pornografia, divórcio, alcoolismo ou tendências suicidas é porque, no passado,
alguém de sua família, não importa se avós, bisavós ou tataravós, teve esse
problema. Desse modo, a pessoa afetada pela maldição hereditária deve, em
primeiro lugar, descobrir em que geração seus ancestrais deram lugar ao Diabo.
Uma vez descoberta a tal geração, pede-se perdão por ela, e, dessa forma, a
maldição de família será desfeita. É uma espécie de perdão por procuração,
muito parecido com o batismo pelos mortos praticado pelos mórmons. Os que
defendem essa doutrina pinçam as Escrituras em busca de sustentação bíblica (Êx
20.5; Dt 5.9; Is 8.19).
“Uma das distorções doutrinárias mais difundidas
entre o povo de Deus ultimamente é o ensino das “maldições hereditárias”, conhecido
também como “maldição de família ou “pecado de geração”. Estes conceitos
circulam bastante através da televisão, rádio, literatura e seminários nas
igrejas. Muitos líderes, ministérios e igrejas, antes sólidos e confiáveis,
acabaram sucumbindo a mais esse ensino controvertido e importado dos Estados
Unidos. Os pregadores da maldição afirmam que se alguém tem algum problema
relacionado com alcoolismo, pornografia, depressão, adultério, nervosismo,
divórcio, diabete, câncer e muitos outros, é porque algum antepassado viveu
aquela situação ou praticou aquele pecado e transmitiu tal pecado ou maldição a
um descendente.A pessoa deve então orar a Deus a fim de que lhe seja revelado
qual é a geração no passado que o está afetando. Uma vez que se saiba qual, pede-se
perdão por aquele antepassado ou pela geração revelada e o problema estará
resolvido, isto é, estará desfeita a maldição.” (CACP).
A quebra de maldições hereditárias tem o objetivo de
elucidar as causas espirituais de problemas vividos por alguém como consequência
de ‘herança’ espiritual, tais como Alcoolismo, pornografia, depressão, ou
problemas de gênero, e aponta o caminho para anular pactos malignos que pesam
sobre indivíduos, famílias e até cidades inteiras, conduzindo à libertação
espiritual definitiva. Um dos textos bíblicos mais usados pelos pregadores da
maldição hereditária para defender este ensino é Êxodo 20.4-6
“É verdade que os filhos que repetem os pecados
de seus pais têm toda a possibilidade de colher o que seus pais colheram. Os
pais que vivem no alcoolismo têm grande possibilidade de ter filhos
alcoólatras. Os que vivem blasfemando, ou na imoralidade e vícios, estão
estabelecendo um padrão de comportamento que, com grande probabilidade, será
seguido por seus filhos, pois “aquilo que o homem semear, isso também ceifará”
(Gl 6.7). Isso poderá suceder até que uma geração se arrependa, volte-se para
Deus e entre num relacionamento de amor com ele através de Jesus Cristo.
Cessou aí toda a maldição. Não deve ser esquecido também que o autor da
maldição ou punição é Deus e que ela é a manifestação da sua ira. Note que, no
final do versículo cinco do capítulo vinte de Êxodo, a Palavra de Deus declara
que a maldição viria apenas sobre aqueles que aborrecem a Deus, algo que não se
passa com o cristão.” (CACP).
Jesus veio para libertar de toda maldição do pecado
(Rm 5.15). Isso significa que, quando uma pessoa se converte, pode ser
libertado de qualquer maldição hereditária. Assim, o crente tem poder para
tratar de qualquer problema espiritual e viver na liberdade de Jesus.
3.
“Crentes endemoninhados”. Esses pregadores ensinam que “o homem é um espírito que tem alma e
habita num corpo” (Kenneth Hagin). Partindo desse falso conceito teológico,
afirmam que o Espírito Santo habita no espírito humano no processo de salvação;
e que os espíritos imundos “estão relegados à alma e ao corpo do cristão”. Os
promotores dessa doutrina costumam apelar para o estado psicológico de Saul
depois que ele se afastou de Deus (1 Sm 16.14; 18.10; 19.9), o caso de Judas
Iscariotes (Lc 22.3), além de Ananias e Safira (At 5.3).
- Este último ponto é o ensino mais polêmico desse
Movimento e que tem criado raízes na mente de muitos crentes: um cristão pode
ter demônios? Já tive a oportunidade de presenciar reuniões onde as pessoas
eram chamadas a colocar as mãos sobre suas cabeças e ordenarem a expulsão de
espíritos malignos. Alguns teólogos também passaram, nos últimos anos, a aderir
a tal posição e muitos deles reconhecem que o assunto é controvertido. De
qualquer forma, a Bíblia Sagrada tem a palavra final sobre esta questão ou
sobre qualquer outro assunto relacionado com a vida espiritual e o cristão.
“Merrill F. Unger, um autor lido e seguido por
várias pessoas que hoje desenvolvem ministérios de libertação espiritual no
Brasil, reconhece a dificuldade de se tratar do assunto, ao declarar: A verdade
da questão é que as Escrituras em nenhum lugar declaram que um verdadeiro
crente não pode ser invadido por Satanás ou seus demônios. Naturalmente, a
doutrina deve sempre ter precedência sobre a experiência. Nem pode a
experiência jamais oferecer base para a interpretação bíblica. Apesar disso, se
experiências consistentes chocam com uma interpretação, a única conclusão
possível é de que há alguma coisa errada, ou com a própria experiência ou com a
interpretação da Escritura que vai contra ela. Certamente a Palavra inspirada
de Deus nunca contradiz a experiência válida. Aquele que procura a verdade com
sinceridade deve estar preparado para consertar sua interpretação a fim de
trazê-la em conformidade com os fatos como eles são. (Merrill F. Unger, What
Demons Can Do To Saints (O que os Demônios Podem fazer aos Santos) (Chicago,
E.U.A., Moody Press,1991), p. 69.)” (CACP).
Estas declarações trazem alguns problemas, ele
afirma que a Bíblia não é clara quanto um cristão poder ser possuído por
espíritos malignos. Se a Bíblia não afirma com clareza (o que não é verdade),
como pode alguém então ensinar sobre aquilo que não está claro na Palavra de
Deus? A Bíblia não ensina que um cristão pode ficar possesso ou ser habitado
por um demônio; há inúmeros casos de crentes sendo atacados, oprimidos de
várias maneiras por demônios, mas não possuídos por eles (Veja Paulo e o
espinho na carne - 2Co 12.7).
SUBSÍDIO APOLOGÉTICO
“[Sobre o Mapeamento Espiritual] “É verdade, ‘o
príncipe do reino da Pérsia’ impediu, por três semanas, que o anjo
(presumivelmente, Gabriel) viesse até Daniel (Dn 10.12,13). No entanto, Daniel
estava aspirando à visão profética, e jamais pensou em ‘amarrar’ o ‘espírito
territorial’ da Pérsia. Nem o anjo o instruiu para empreender tal ‘batalha’. Na
verdade, em lugar algum da Bíblia sugere-se a ideia de que certos demônios
tenham autoridade específica sobre certas cidades ou territórios e que devam
ser ‘amarrados’. [...] Paulo nunca tentou ‘amarrar espíritos territoriais’ para
ensinar o evangelho ao mundo de sua época, portanto, por que deveríamos fazê-lo?”
(HUNT, Dave. Em Defesa da Fé Cristã:
Respostas a perguntas difíceis. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, pp. 223-24)
III. VAMOS À
BÍBLIA
Ninguém tem o
direito de fazer o que quiser com a Bíblia. Vejamos, portanto, o que Bíblia
ensina nas passagens reivindicadas pelos líderes defensores dessa inovação:
1.
Sobre o mapeamento espiritual. As duas passagens de Daniel falam sobre o “príncipe do reino da Pérsia”
(Dn 10.13) e o “príncipe da Grécia” (v.20). São citações fora de contexto, pois
se trata de guerra angelical, e não há indícios da presença humana. O gadareno
"rogava-lhe muito que os não enviasse para fora daquela província"
(Mc 5.10) porque Jesus havia mandado os tais espíritos para o abismo: “E
rogavam-lhe que não os mandasse para o abismo” (Lc 8.31). Essa é a razão de
pedirem para ficar na região; não se refere, portanto, a espíritos
territoriais. Assim, fica claro que se trata de uma doutrina baseada numa
interpretação equivocada.
O conflito entre o Arcanjo Miguel e o príncipe do
reino da Pérsia (10.13). No capítulo dez do livro de Daniel, dois príncipes das
milícias satânicas são identificados: “o príncipe do reino da Pérsia” (v.13) e
o “príncipe da Grécia” (v.20). Estes príncipes não eram homens comuns, mas
anjos satânicos. Estes anjos caídos só foram derrotados depois que Deus enviou
Miguel, o príncipe de Israel (v.21). O anjo que falava com o profeta explicou
que o príncipe da Pérsia estava impedindo que a mensagem de Deus fosse
entregue. O propósito de Satanás era impedir que Daniel recebesse a revelação
do Senhor. “A narrativa no evangelho de Mateus menciona somente o pedido dos
demônios para que fossem enviados aos porcos. Mas o evangelho de Marcos fala do
desejo prévio dos demônios de que não fossem enviados para fora do país, ou
seja, daquele território geográfico. Lucas menciona que os demônios não
desejavam ser expulsos e lançados no abismo — uma referência ao hades. O ponto
básico é que os demônios queriam evitar o tormento, conforme mencionado em
Mateus 8.29. Alguns estudiosos explicam que na região de Decápolis se
concentravam os judeus helenizados, apóstatas. Não temos aqui informação
suficiente para delinearmos o campo de ação dos demônios. Podemos concordar que
deve haver uma hierarquia baseada no poder desses seres espirituais. Contudo, o
texto bíblico enfatiza a soberania de Jesus sobre quaisquer classes demoníacas.
Enquanto os exorcistas afirmavam que precisavam saber os nomes das entidades
manifestadas, notamos que o Senhor Jesus apenas ordenou uma vez a toda legião,
e não houve necessidade que identificasse um por um.” (CACP)
2.
Sobre a maldição hereditária. No segundo mandamento do Decálogo, Deus afirma visitar “a maldade dos
pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem” (Êx
20.5; Dt 5.9). Essas palavras não podem se aplicar à doutrina da maldição
hereditária porque, quando alguém se converte a Cristo, deixa de aborrecer a
Deus; logo, essa passagem bíblica não pode se aplicar aos crentes (Rm 5.8-10),
pois estes se tornam nova criatura, “as coisas velhas já passaram; eis que tudo
se fez novo” (2 Co 5.17). O que eles fazem com a expressão “espíritos
familiares” é uma fraude. O termo usado na Bíblia hebraica é ov, ou ovoth,
plural, “médium, espírito, espírito de mortos, necromante e mágico” (Lv 19.31;
20.6). Isso está muito longe de serem espíritos que passam de pai para filhos.
Para entender Êxodo 20.5 é preciso ter em mente que
o Senhor estava falando com Israel enquanto povo. Com o povo, o Senhor lidava
coletivamente. A passagem se refere ao fato de que se Israel fosse idólatra,
geração após geração, em algum momento a punição chegaria, como de fato
ocorreu. A chave para esse versículo é: “Daqueles que me odeiam.” O
texto fala de idolatria e não oferece qualquer base para alguém afirmar que herdamos
maldições espirituais de nossos antepassados em qualquer área das dificuldades
humanas. A narrativa do Antigo Testamento nos informa que sempre que a nação de
Israel esteve num relacionamento de amor com Deus, ela não podia ser
amaldiçoada. Vemos a prova disso em Números 23:7, 8, quando Balaque pediu a
Balaão que amaldiçoasse a Israel. A resposta de Balaão aparece no versículo 23:
“Pois contra Jacó não vale encantamento, nem adivinhação contra Israel”. Por
outro lado, sempre que a nação quebrou a aliança de amor com Deus, ela ficou
exposta a maldição, calamidades e cativeiro. (Leia mais sobre
esse tema aqui)
3. Sobre
a possibilidade de o cristão ser possesso. É bom lembrar que Saul já estava
desviado nessa época (1 Sm 15.23); além disso, a Bíblia não fala de demônio,
mas que “o assombrava um espírito mau da parte do SENHOR” (1 Sm 16.14). Quem
foi que disse que Judas Iscariotes era crente? Foi Jesus quem disse: “Não vos
escolhi a vós os doze? E um de vós é um diabo. E isso dizia ele de Judas
Iscariotes” (Jo 6.70,71). E, quanto a Ananias e Safira, a Bíblia declara que
eles mentiram ao Espírito Santo, e não que ficaram possessos. O crente em Jesus
tem a promessa de Deus de que "o maligno não lhe toca" (1 Jo 5.18).
- Quando um Cristão recebe Cristo como seu Senhor e
Salvador pessoal, o Espírito Santo entra no corpo do Cristão, na sua alma e no
seu espírito. Deus toma a vida do Cristão para Ele, e como resultado, os
demônios não podem ocupar o mesmo lugar que o Espírito Santo. Satanás sabe
disto, e é por isso que ele tenta arduamente seduzir a pessoa antes disso e ter
seus demônios ou influências demoníacas controlando ou afetando esta pessoa. “Os
cristãos são habitados pelo Espírito Santo Rm 8.9-11 - “vós, porém, não estais
na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se
alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele. 10 – e, se cristo
está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o
espírito vive por causa da justiça. 11 – e, se o Espírito daquele que dentre os
mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dentre os mortos
ressuscitou a cristo também vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu
Espírito que em vós habita.” I Co 3.16 – “não sabeis vós que sois o templo de
Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? I Co 6.19 – “ou não sabeis que o
vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de
Deus, e que não sois de vós mesmos?.” Certamente o Espírito Santo não
permitiria que um demônio possuísse a mesma pessoa em quem ele habita. É
impensável que Deus permitiria que um de seus filhos, alguém que ele adquiriu
com o sangue de Cristo, fosse habitado pelo diabo. I Pe 1.18-19 – “sabendo que
não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa
vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, 19 – mas com o
precioso sangue de cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, e
tornou uma nova criatura.” II Co 5.17 – “assim que, se alguém está em cristo,
nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.”,
poderia ser possuído por um demônio? Não. Como seguidores de
cristo, estamos em guerra com satanás e seus demônios, mas não de dentro de nós
mesmos. Em (I Jo 4:4) lemos: “filhinhos, vós sois de Deus e tendes vencido os
falsos profetas, porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está
no mundo.” Quem é o ser que em nós habita? O Espírito Santo. Quem é o que está
no mundo? Satanás e seus demônios. Portanto, o crente tem vitória sobre o mundo
dos demônios e o caso de possessão demoníaca de um seguidor de Jesus não pode
ser defendido biblicamente. Em vista da forte evidência bíblica de que um
cristão não possa ser possuído por demônios, alguns intérpretes da bíblia usam
o termo “demonização” para se referir a um demônio tendo controle sobre um
cristão. Alguns argumentam que, embora um cristão não possa ser possuído por
demônios, ele ainda pode ser demonizado. Normalmente, a descrição de
demonização é praticamente idêntica à descrição da possessão demoníaca. Assim,
temos o mesmo problema. Mudar a terminologia não muda o fato de que um demônio
não pode habitar ou assumir o controle total de um cristão. Influência e
opressão demoníaca são realidades para os cristãos, sem dúvida, mas
simplesmente não é bíblico dizer que um cristão pode ser demonizado ou possuído
por um demônio” (CACP).
4. O
homem segundo a Bíblia. Jesus disse que “um espírito não tem carne nem ossos” (Lc 24.39). Se o
espírito não tem carne nem ossos, logo se conclui que não é verdade que o homem
seja um espírito. A Bíblia declara que Deus formou “o homem do pó da terra e
soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gn
2.7). Isso mostra que o ser humano é uma combinação do pó da terra com o sopro
de Deus. O Senhor Jesus se fez homem, pois “o verbo se fez carne” (Jo 1.14).
Segundo o Pr Elienai Cabral, em seu artigo ‘A
tricotomia do homem’, publicado no Portal CPAD News, “O homem é um ser
tricótomo (1Ts 5.23; Hb 4.12). O termo tricotomia significa “aquilo que é
dividido em três” ou “que se divide em três tomos”. Em relação ao homem, o
termo tricotomia refere-se às três partes do seu ser: corpo, alma e espírito.
Há divergência neste ponto entre alguns teólogos. Há aqueles que entendem o
homem como apenas um ser dicótomo, ou seja, que se divide em duas partes: corpo
e alma (ou espírito). Os defensores da dicotomia do homem unem alma e espírito
como sendo uma e a mesma coisa. Entretanto, parece-nos mais
aceitável o ponto de vista da tricotomia. Esse conceito da tricotomia crê que o
homem é uma triunidade composta e inseparável. Só a morte física é capaz de
separar as partes: o corpo de sua parte imaterial” (CPAD NEWS).
Teologicamente diz-se que o homem é a Imago dei (a Imagem de Deus no Homem). O
fato de ser o homem à imagem de Deus significa que ele é semelhante a Deus e o
representa. Cuidado é requerido ao entender o homem como “carne”. O corpo se
constitui de elementos químicos, porém, sem os elementos divinos, ele é de
ínfimo valor.
SUBSÍDIO BÍBLICO
“Entre estes dois momentos na narrativa está a
estranha conversa entre Jesus e o endemoninhado, nos versículos 6 a 12. [...]
No versículo 10 (‘E rogava-lha muito que os não enviasse para fora daquela província’),
então, de novo no versículo 12 (‘E todos aqueles demônios lhe rogaram dizendo:
Manda-nos para aqueles porcos, para que entremos neles’). A imagem está densamente
acondicionada, com referências repetidas à submissão e humilhação.
Entrosado com a imagem de mesura está o fato de quem
o demônio tenta ameaçar e dominar Jesus, deixando escapar o nome e o título do
Senhor (v.7) e afirmando ser chamado por ‘Legião’, [...] porque somos muitos’
(v.9). Talvez mais distintivo seja o uso que o demônio faz da linguagem de
libertação ao se dirigir a Jesus: ‘Conjuro-te por Deus que não me atormente’
(v.7). Esta expressão é frase técnica usada por exorcistas no desempenho do
exorcismo (e.g., At 19.13). Que estranho que tal linguagem fosse usada por um
demônio! E que esquisito que Jesus concedesse o pedido do demônio, no versículo
13. Estas imagens são fundidas num tipo de quebra-cabeça narrativo: Há algo
mais do que os olhos percebem, mas o quê?
Esse ‘algo mais’ é a batalha pela alma humana. Na
luta entre o povo da cidade, o homem e o demônio, está claro quem até agora tem
vencido. O poder selvagem do endemoninhado é compendiado nas correntes
quebradas e neste animal humano que se esquiva da sociedade, dilacera a própria
carne e à noite uiva de agonia num cemitério.
O ponto é que Jesus não vê um animal humano, mas um
ser humano, que foi saqueado por este espírito maligno e violento” (STRONSTAD,
Roger; ARRINGTON, French L. (Eds.) Comentário
Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp. 214-15).
CONCLUSÃO
Há necessidade de
equilíbrio para que os exageros dessas aberrações doutrinárias não levem o
crente ao ceticismo, porque a batalha espiritual existe e ninguém deve
subestimá-la. Os fatos estão registrados na Bíblia, e nenhum cristão ousa negar
essa realidade. Por outro lado, os crentes devem ter maturidade suficiente para
não entrar no fanatismo, mas discernir entre o que é verdadeiramente espiritual
e o que é manipulação esotérica.
Há uma guerra sendo travada no mundo espiritual com
reflexos na vida real e todos os crentes estão alistados para combater neste
conflito, de forma involuntária, pelo simples fato de terem assentido com fé ao
Evangelho. Satanás e o mundo lutam violentamente contra nós externamente, e
nossa carne se opõe a nós internamente. “Há dois lados nesta batalha cósmica
das eras. “O inimigo é Satanás, o campo de batalha é a nossa mente, e a questão
é a nossa caminhada cristã. Nós não vivemos em um mundo neutro. Existem forças
hostis em operação nele, um ser maligno com uma hoste de serviçais que se opõem
a Deus e ao homem.” (Paul W. Powell, The Great Deceiver: Seeing Satan for What He Is
(Nashville, TN: Broadman Press, 1988), p. 9). A boa notícia é que na cruz,
Jesus derrotou o diabo, o mundo e o pecado. Jesus até derrotou a morte, quando ressuscitou.
Por isso, a vitória é nossa (1Jo 5.4-5). O nascido de Deus não pode ser
derrotado pelo diabo, não pode ser possuído por ele, nem precisa sair
identificando governantes espirituais antes de evangelizar. A ordem do Mestre
é: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome
do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas
que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a
consumação dos séculos” (Mt 28.19,20).
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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