sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

LIÇÃO 2: A NATUREZA DOS ANJOS – A BELEZA DO MUNDO ESPIRITUAL



SUBSÍDIO I

DESENVOLVIMENTO DA ANGELOLOGIA

O desenvolvimento da teologia dos anjos, ou angelologia, deu-se logo no início da história da Igreja, condicionado pelo crescimento das igrejas e da necessidade de esclarecimento de pontos doutrinários da fé cristã. Os principais eventos que motivaram a discussão do assunto foram o problema da influência da angelologia judaica, do imaginário popular quanto à dimensão espiritual, do culto aos anjos e das ideias gnósticas. O resultado foi a afirmação da transcendência absoluta do Deus Criador, dos anjos como criaturas e da distinção entre os anjos de Jesus Cristo e o Espírito Santo.
A tradição judaica influenciou a teologia cristã nos primeiros séculos do cristianismo, em parte porque os escritores do Novo  Testamento estavam vinculados ao mundo judaico e também porque os primeiros pensadores e líderes cristãos ou eram judeus ou haviam estudado segundo a linha do pensamento judaico. Alguns livros apócrifos e pseudoepígrafos trazem informações sobre a crença nos anjos naquele período. Os anjos eram entendidos como ministros de Deus, que executavam os desígnios divino no mundo. Alguns foram nomeados, como Uriel (1 Enoque 75.3). E apareceram sete arcanjos em Tobias 12.15. Em 1 Enoque 20.1-8 apresenta os nomes dos sete arcanjos: Uriel, Rafael, Raquel, Miguel, Saracael, Gabriel e Remiel. Em Apocalipse de Moisés 33-35, os anjos Miguel e Gabriel chegam a ser retratados como intercessores pelos seres humanos diante do trono de Deus.
O conteúdo dos livros apócrifos e pseudoepígrafos estava bem presente no imaginário dos primeiros cristãos, e esses livros tratam de assuntos envolvendo anjos. A ideia de que Jesus era um anjo mais elevado pode ser lida em O Pastor de Hermas (150). A teologia do livro é controversa, pois primeiro trata o Filho de Deus e o Espírito Santo como sendo os mesmos: “quero mostrar-te outra vez tudo o que te mostrou o Espírito Santo, que falou contigo sob a figura da Igreja; porque aquele Espírito Santo é o Filho de Deus” (Parábola IX.1). Segundo, a imagem de Miguel se assemelha à de Jesus. Miguel aparece com poder sobre o povo de Deus e autoridade para pronunciar juízo (Parábola VIII.69). Pela leitura do texto, a identidade do arcanjo Miguel confunde-se com a do Filho de Deus. Essa confusão ainda sobrevive no pensamento de alguns grupos contemporâneos como os adventistas do sétimo dia e as testemunhas de Jeová.
O gnosticismo foi um fenômeno cristão dividido em diversas seitas e escolas de pensamento nos primeiros séculos. Claudio Moreschini, estudioso da história do pensamento pagão e cristão tardio-antigo, em História da filosofia patrística, define gnosticismo como:
Qualquer movimento de pensamento segundo o qual a verdade divina de salvação está contida numa revelação acessível somente a poucos eleitos, os quais podiam obtê-la ou por meio da experiência direta da revelação ou mediante a iniciação à tradição secreta e esotérica de tais revelações (p. 43).
Segundo o gnosticismo, o mundo consiste na dimensão material e na dimensão espiritual, sendo mau tudo aquilo que é material porque é criação de um deus inferior, o Deus de Gênesis, que surgiu da ruptura do domínio maior do Deus verdadeiro, o Pleroma. Além dos seres humanos, uma variedade de seres habita o espaço entre o Pleroma e o mundo material. Os anjos, então, seriam esse tipo de criatura, os demiurgos e as emanações de eones superiores. Alguns nomes ligados à teologia gnóstica incluem Marcião, Valentim, Basilides.
Irineu (130-202) foi o primeiro a sistematizar uma doutrina sobre os anjos, segundo Basilio Studer (DPAC). Em Contras as heresias, Irineu respondeu:

[...] aquele que fez todas as coisas é o Deus único, o único Onipotente, o único Pai, [...] Com o Verbo de seu poder tudo compôs e tudo ordenou por meio da sua Sabedoria; ele que tudo contém e que nada pode conter. Eleé o Artífice, o Inventor, o Fundador, o Criador, o Senhor de todas as coisas e não existe outro fora e além dele, nem a Mãe que eles se arrogam, nem o outro deus que Marcião inventou, nem o Pleroma dos 30 Éões [...] Só umé o Deus Criador que está acima de todo Principado, Potência, Dominação e Virtude [...] ele é o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus dos viventes, anunciado pela Lei, pregado pelos profetas, revelado por Cristo, transmitido pelos apóstolos, crido pela Igreja; ele é o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo [...] O Filho que está sempre com o Pai e que desde o princípio sempre revela o Pai aos Anjos e Arcanjos, às Potestades e Virtudes e a todos a quem Deus quer revelar (Livro II.30.9).

Assim, contra a teologia gnóstica escreveram os pais da Igreja, afirmando que o Deus da Bíblia é o verdadeiro e o Criador do mundo material. Portanto, são os anjos criaturas de Deus.
A problemática dos anjos entrou na grande discussão teológica sobre a Trindade, quando se formalizava Deus como três pessoas distintas de uma mesma substância. Assim, a ideia de que Jesus e o Espírito Santo eram um tipo de anjo logo foi refutada. O contexto antiariano deu espaço para diferenciar os anjos de Jesus.
Alguns confundiam o Espírito Santo com anjo. O grupo dos chamados “tropicianos”, em Tmuis, Egito, dizia que o Espírito foi criado do nada e era um anjo superior aos outros.1 Eles usavam Hebreus 1.14 para sustentar essa ideia, classificando o Espírito como um dos “espíritos ministradores”, e também Amós 4.13, Zacarias 1.9 e 1 Timóteo 5.21. Atanásio (296-373) refutou essa ideia, na epístola dirigida a Serapião, bispo de Tmuis, defendendo que o Espírito não é criatura, mas sim uma pessoa que compartilha da mesma substância indivisível do Pai e do Filho: “A santa e bendita Trindade é indivisível e uma em si mesma. Quando se faz menção do Pai, o Verbo também está incluído, como também o Espírito que está no Filho. Se o Filho é citado,o Pai está no Filho, e o Espírito não está fora do Verbo. Pois há uma só graça que se realiza a partir do Pai, por meio do Filho, no Espírito Santo” (Epístola a Serapião sobre o Espírito Santo, livro I 14.4).
Basílio de Cesareia (330-379) explicou que a comunhão entre Pai, Filho e Espírito Santo pode ser vista nos seres criados – todas as coisas visíveis e invisíveis – desde o princípio. Em O Espírito Santo, ele escreveu: “de modo que os espíritos com missão de serviço subsistem pela vontade do Pai, existem pela ação do Filho e se aperfeiçoam pela presença do Espírito” (16.38). A perfeição dos anjos é entendida como “a santidade e sua permanência nela” (16.38). Portanto, Basílio considerou o Espírito como digno de adoração tanto quanto o Pai e o Filho; e foi o Senhor dos anjos quem os aperfeiçoou.
Agostinho de Hipona (354–430) dedicou-se a entender os anjos com o devido cuidado de fundamentar sua doutrina nas Escrituras. Em A Cidade de Deus, ele explica que os anjos foram criados antes de todas as criaturas corpóreas, quando Deus disse “haja luz!” (Gn 1.3). Isso porque as passagens bíblicas contam que as obras do Senhor o louvam, e os anjos estão na lista da criação divina. Além disso, as Escrituras afirmam que os anjos louvaram a Deus no momento em que os astros foram criados. Isso aconteceu no quarto dia; portanto, a criação angelical foi anterior a esse dia. “Diremos, acaso, haverem sido feitos no terceiro dia? Nem pensá-lo. [...] No segundo, porventura? Tampouco” (11, IX). Logo, só poderia ter sido no primeiro dia, “se os anjos fazem parte das obras de Deus realizadas nesses dias, são a luz que recebeu o nome de dia” (11, IX). O pensamento de Agostinho reforça o que já vinha sendo ensinado: que os anjos são criaturas de Deus, no entanto, o momento exato em que essa criação aconteceu não está explícito. Embora esse raciocínio seja compreensível, a origem dos anjos continua sendo uma especulação.
A passagem de Gênesis 6.1-4 era controvérsia, pois muitos interpretavam que os anjos tiveram relações sexuais com os seres humanos. Essa interpretação, como ressalta Bruce Waltke no seu comentário ao livro de Gênesis, não só é antiga como permaneceu nos escritos apocalípticos, no judaísmo rabínico e nos escritos do Novo Testamento (1 Enoque 6.1-7; Testamento de Ruben 5.6) e também nos escritos canônicos (1 Pe 3.19, 20; 2 Pe 2.4; Jd 6, 7). Agostinho, em A Cidade de Deus (25, XXIII), escreveu contra essa tradição, pois a passagem não trata de pecado de anjos, mas sim de uma ação humana. Ele explica que o termo “os filhos de Deus” (v. 2) na Bíblia pode se referir tanto a homens quanto a anjos. Se o problema é que da relação entre “os filhos de Deus” e “as filhas dos homens” nasceram outro tipo de criatura, os gigantes, por isso seriam anjos, Agostinho argumentou que era possível nascerem pessoas de estatura elevada em qualquer época. Além disso, ressaltou que o próprio texto já apontava a prévia existência de gigantes na terra, ou seja, não era nada extraordinário.
Outro tema da angelologia é a hierarquia angelical. Seguindo o raciocínio da proximidade de Deus, embora o texto bíblico não ofereça muitos detalhes sobre a hierarquia dos anjos, Pseudo-Dionísio, o Areopagita (cerca do ano 500 d.C.), em sua obra Hierarquia celeste, elaborou uma das estruturas mais conhecidas na tradição. A ordem seria a seguinte:
·      Primeira hierarquia: Serafim, querubim e tronos;
·      Segunda hierarquia: Dominações, virtudes e potestades;
·      Terceira hierarquia: Principados, arcanjos e anjos.
A primeira hierarquia dos seres superiores abrangeria os que estão mais perto de Deus, e a terceira pertenceria às criaturas que ajudam os seres humanos chegarem a Deus. A ideia é que, ao mesmo tempo que do topo a luz divina ilumina os seres humanos, estes se elevam por meio da purificação. Essa doutrina desenvolvida por Pseudo-Dionísio buscava dar aplicação ao pensamento teológico, a fim de aprimorar a vida espiritual do fiel.
É interessante observar que tradições extrabíblicas fortaleceram determinados pontos da angelologia. Além de algumas crenças da tradição judaica, há também a influência do pensamento filosófico platônico. A cosmologia platônica baseada no princípio da hierarquia de todos os seres criados ajudava a sustentar a doutrina de Pseudo-Dionísio. Era compreensível porque haveria criaturas mais próximas ou mais distantes de Deus. Portanto, os anjos seriam criaturas superiores aos seres humanos.

Texto extraído da obra “Batalha Espiritual”, editada pela CPAD 

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

A definição funcional dos anjos se encontra em Hb. 1.14, de acordo com o autor dessa Epístola, são espíritos ministradores a serviço daqueles que hão de herdar a salvação. Em geral, assumimos que existem poucas passagens bíblicas que nos permitam descrever com propriedade que são os anjos e sua atuação na obra de Deus. Por isso, na aula de hoje, estudaremos um caso específico, o do anúncio do nascimento de Jesus, em seguida, faremos uma incursão bíblica a respeito dos anjos.

I. ANÁLISE TEXTUAL
                                                                 
Lucas narra que no sexto mês, foi enviado um anjo – angelos – um mensageiro a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré. Gabriel, o nome desse mensageiro, deveria se dirigir à Maria, uma virgem – parthenon, uma donzela – que havia sido desposada – emineustemenen, ou melhor, prometida em casamento a José, sendo este da casa de Davi. Ao entrar, o anjo o anjo saldou-a, dizendo: o Senhor é contigo; bendito és tu entre as mulheres. Maria ficou perturbada – dietarachthe, agitada – a respeito do que seria a saudação do anjo. Por isso, disse: não temas, porque achaste graça – charin – foste agraciada. Isso porque no ventre dela iria conceber e dar a luz um filho, no qual poria o nome de Jesus – Iesoun – que quer dizer Jeová Salva. E mais, esse será grande e chamado Filho do Altíssimo – huios hupsistos; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai. Ele reinará – basieluo – estabelecerá o Seu reino, o qual jamais terá fim. Maria ficou surpresa com a mensagem, e questiona: como se fará isso, visto que não conheço – ginoskõ – não tive relação sexual – com homem algum. A maneiro como isso se daria é explicada pelo anjo: descerá sobre ti o Espírito Santo – pneuma hagion – e a virtude – dunamis – poder do Altíssimo para realizar milagres – te cobrirá com a Sua sombra; bem como o próprio Santo – Hagion – que há de ti nascer – será chamado Filho de Deus – huios theós.

II. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL

Esse episódio, segundo o relato de Lucas, aconteceu no sexto mês da gravidez de Isabel (v. 24), e especifica o lugar do ocorrido, detalhando que se deu na cidade da Galileia, isso sugere que seus leitores não eram da Palestina, portanto não estariam familiarizados com tal localização (v. 4.31). De acordo com o texto, maria foi virgem antes da concepção e durante a gravidez (Mt. 1.25), pois nela estava Aquele que foi gerado pelo Espírito Santo, tendo sido ela agraciada (Lc. 1.30), isso é digno de destaque porque mostra que foi recebedora e não doadora da graça, como propõe o credo romano. O Deus doador da graça é o Altíssimo (Gn. 14.18). A causa do espanto de Maria é que ela era ainda virgem – não tinha tido relação sexual. O anjo explica que isso seria resultante de um milagre do Espírito Santo. Isso fez com que ela reconhecesse que não passava de uma serva do Senhor, por isso não cabe qualquer posicionamento elevado, maior do que aquele revelado no texto bíblico, em relação ao papel de Maria na história da salvação. Reconhecemos que ela foi agraciada por Deus, e que foi uma mulher a serviço da salvação providenciada pelo Senhor, mas precisamos ter cuidados para não atribuir a ela uma condição que o texto bíblico não fundamenta. Mais importante, nesse texto lucano, é identificar o personagem principal da narrativa, e esse é Jesus – o Salvador.

III. APLICAÇÃO TEXTUAL

Os anjos – malak em hebraico e angelos em grego – são criaturas espirituais, que podem ou não se tornarem visíveis aos seres humanos – e que se encontram em grandes multidões nos céus (Hb. 12.22; Ap. 5.11), sendo criaturas divinas e dependentes do Senhor. Eles atuam em diversas esferas, tanto no céu quanto na terra, principalmente no louvor a Deus (Sl. 148.2; Ap. 7.11,12). Durante o ministério de Jesus, os anjos atuaram, quando Gabriel anunciou a Zacarias o nascimento de João Batista (Lc. 1.18, 19), e seis meses depois, o nascimento de Jesus a Maria (Lc. 1.26-31). Os anjos também assistiram a Jesus durante seu ministério terreno, especialmente na tentação do deserto na agonia do Getsêmani e em sua ressurreição e ascensão ao céu (Mc. 1.13; Oc. 22.43; Mt. 28.2-6; At. 1.10). Existem hostes angelicais, e pelo que inferimos de algumas passagens bíblicas, uma hierarquia angelical (Ef. 1.20,21), dentre essa os serafins, querubins e arcanjos (Is. 6.2; I Sm. 4.4). Em Jd. 9, encontramos o nome de um arcanjo que é Miguel, e a esse respeito, é preciso ter cuidado para não apresentar nomenclaturas, e categorias angelicais que não encontram respaldo no texto bíblico. Além disso, há igrejas que adoram anjos, como faziam os gnósticos do Sec. I da Era Cristã, a fim de coibir a angelolatria Paulo escreveu a Epístola aos Colossenses (Cl. 2.18), o próprio anjo que apareceu a João em Patmos, renunciou qualquer tipo de adoração (Ap. 22.8).

CONCLUSÃO

Algumas igrejas evangélicas, pela falta de ensinamento bíblico, estão se deixando conduzir por idolatrias a anjos. Esse tipo de adoração não encontra respaldo no texto bíblico, não podemos esquecer a funcionalidade deles, e de deixar de dar glória Aquele que é o Único: Jesus Cristo. Igrejas cristocêntricas, fundamentadas na Palavra de Deus, não se deixam levar por modismos travestidos de espiritualidade, que na verdade não passam de vaidade da carne (Cl. 2.21-23).

José Roberto A. Barbosa
Disponível no Blog subsidioebd.blogspot.com

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

Os anjos estão presentes na Bíblia desde o livro de Gênesis até o livro de Apocalipse, e o número deles é incontável. Eles apareceram a muitas pessoas na história do povo de Deus, trazendo uma missão específica. A presente lição pretende mostrar que eles não são mitos nem lendas, mas seres reais, e continuam atuando na vida da Igreja.
- Estamos sendo treinados para passarmos a eternidade com o Senhor e ao lado destes seres criados para servir, então será muito útil aprendermos tudo o que pudermos a partir das Escrituras sobre os anjos e elas indicam que no céu nos uniremos aos anjos para adorar a Deus ao redor do Seu trono. Apocalipse 4 descreve a primeira cena que João testemunhou em sua visão do céu: “Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro” (Ap 4.4). Os anciãos representam a igreja. O fato de haver lugares permanentes para eles indica que o povo redimido de Deus perpetuamente adorará ali ao lado dos anjos. O escritor de Hebreus diz que os anjos são espíritos ministradores, enviados para servir os que hão de herdar a salvação (Hb 1.14). Deus ordena aos Seus anjos que cuidem dos Seus santos, mas não há apoio escriturístico que apontem anjos governando nem sobre eles ou receberem adoração. Os anjos, como servos de Deus, interferem de tempos em tempos nos assuntos humanos, mas a forma como isso acontece, sabemos muito pouco. Na verdade, a Bíblia não revela tudo o que gostaríamos de saber sobre os anjos. Os anjos são seres espirituais que podem, até certo ponto, assumir forma humana. A maior coisa que podemos aprender dos anjos é sua obediência instantânea e sem questionamentos às ordens de Deus. “A  existência dos anjos, conforme veremos a  partir  de agora,  é  claramente demonstrada pelo ensino, tanto  do  Antigo, quanto do Novo Testamentos. São inúmeros os textos do AT que comprovam a realidade da existência dos anjos: Gn 32:1,2; Jz 6:11ss; 1Rs 19:5; Ne 9:6; Jó  1:6; 2:1;  Sl  68:17; 91:11; 104:4; Is 6:2,3; Dn 8:15-17;  Nos  textos alistados  anteriormente, vemos os anjos em suas funções principais  de  servir e louvar a Yahweh, transmitir  as mensagens  de Deus, obedecer Sua vontade, executar a vontade de Deus, e  também como guerreiros. No contexto do NT, os anjos não são apresentados  simplesmente como “mensageiros de Deus”, mas também como  “ministros aos herdeiros da salvação” (Hb 1:14). Outrossim, a existência dos anjos é apresentada de  maneira inequívoca no NT: Mt  13:39;  13:41; 18:10; 26:53; Mc 8:38; Lc 22:43; Jo  1:51;  Ef 1:21; Cl 1:16; 2Ts 1:7; Hb 1:13,14; 12:22; 1Pe 3:22; 2Pe 2:11; Jd 9; Ap 12:7; 22:8,9.” (CACP). O termo teológico apropriado para esse estudo que ora iniciamos é Angelologia (do grego angelos, “anjo” e logia , “estudo”, “dissertação”). Angelologia, se constitui, portanto, de doutrina específica dentro do contexto daquilo que denominados de Teologia Sistemática, a qual se ocupa em estudar a existência, as características, natureza moral e atividades dos anjos. Iniciaremos, portanto, pelo estudo da existência dos anjos. – Dito isto, convido-o a pensar maduramente a fé cristã!

I. OS ANJOS
                                                                 
1. Quem são eles? Os anjos são uma classe de seres criados por Deus, assim como os seres humanos foram também criados. A palavra "anjo" chegou à nossa língua pelo latim angelus, uma transliteração do termo grego angelos, que a Septuaginta empregou para traduzir o hebraico mal'ak, "mensageiro, anjo". Na nossa cultura, quando se fala em anjo, todos entendemos o que isso significa; vêm à nossa mente os seres espirituais e sobrenaturais que habitam o céu. Mas o termo tem significado mais amplo.
 Os anjos foram criados por Deus (Sl 148.2 e 5); O fato de serem criaturas está implícito em 1 Timóteo 6.16. O tempo da criação dos anjos é deixado indefinido na Bíblia, apenas sabemos que quando foram lançados os fundamentos da Terra os anjos já existiam (Jó 38.4,7; Is 14.12); são de uma ordem completamente diferente da dos humanos. Em nenhum lugar a Bíblia afirma que os anjos foram criados à imagem e semelhança de Deus, como foram os humanos (Gn 1.26). Interessante notar que Jesus ensinando sobre nosso estado na ressurreição “Porque na ressurreição nem casam nem são dados em casamento; mas serão como os anjos de Deus no céu” (Mt 22.30) assevera que nós seremos “como os anjos” - espírito, e não anjos.

2. Os gregos e os romanos. O mundo grego usava angelos para um mensageiro ou embaixador em assuntos humanos, alguém que fala ou age em nome de quem o enviou. Foi essa a palavra usada na Septuaginta para traduzir o hebraico mal'ak. Entre os romanos, a ideia não era diferente dos gregos.
 Como expliquei no subtópico anterior, a palavra original correspondente no grego ‘angelos’ é usado tanto para mensageiros humanos (1Rs19.2; Lc 7.24 e 9.52), quanto divinos. O primeiro tipo de anjo mencionado na Bíblia são os querubins, que foram enviados por Deus para proteger a árvore da vida no Gan Éden - Jardim do Éden (Gn 3.24). A Escritura usa várias expressões para descrever os anjos. Eles são chamados de “seres celestiais” (Sl 89.6); “Filhos de Deus” (Jó 1.6; 2.1; 38.7); “Santos” (Sl 89.5); “estrelas da alva” (Jó 38.7), “príncipes” (Dn 10.13); e “principados e potestades” (Ef 3.10).

3. Na Bíblia. O termo mal'ak, na cultura judaica, indicava um ser celeste e espiritual dotado de poderes sobrenaturais e acima de qualquer humano (Sl 103.20; 2 Pe 2.11). Eles pertencem à corte de Javé no céu, onde o louvam e o servem (Is 6.2,3; Ap 5.11; 7.11). Convém nunca perder de vista que essa palavra se aplica também a mensageiros humanos; o profeta Ageu foi chamado de mal'al Yahweh, "o embaixador do SENHOR" (ARC) ou "enviado do SENHOR" (ARA). João Batista é outro exemplo do uso do termo para os humanos (Ml 3.1; Mc 1.2-4).
O termo português ‘anjo’ é derivado do latim ‘angelus’, que por sua vez deriva-se do grego ‘angelos’ (lê-se ‘anguelos’). No hebraico o termo é ‘malak’, que pode ser traduzido por “mensageiro”, o que designa a ideia de ofício de mensageiro. O grego clássico emprega o termo angelos para mensageiro, embaixador em assuntos humanos, que fala e age no lugar daquele que o enviou. No Antigo Testamento, onde o termo malak ocorre 108 vezes, os anjos aparecem como seres celestiais, membros da corte de Yahweh, que servem e louvam a Ele (Ne 9.6; Jó 1.6), são espíritos ministradores  (1Rs 19.5), transmitem a vontade de  Deus (Dn 8.16,17)), obedecem a vontade de Deus (Sl 103.20), executam os propósitos de Deus (Nm 22.22), e celebram os louvores de Deus (Jó 38.7; Sl 148.2). No Novo Testamento, a palavra angelos aparece por 175 vezes, aparecem como representativos do mundo celestial e mensageiros de Deus. Funções semelhantes às do Antigo Testamento são atribuídas a eles, tais como: servem e louvam a Cristo (Fp 2.9-11; Hb 1.6), são espíritos ministradores (Lc 16.22; At 12.7-11; Hb 1.7,14), transmitem a vontade de Cristo (Mt 2.13,20; At 8.26), obedecem a vontade dEle (Mt 6.10), executam os Seus propósitos (Mt 13.39-42), e celebram os louvores de Cristo (Lc 2.13,14). Ali, os anjos estão vinculados a eventos especiais, tais como: a concepção de Cristo (Mt 1.20,21), Seu nascimento (Lc 2.10-12), Sua ressurreição (Mt 28.5,7) e Sua ascensão e Segunda Vinda (At 1.11). Foi Agostinho no século IV d.C. quem desenvolveu o estudo acerca do mundo angelical. Segundo esse Pai da Igreja, os anjos teriam uma natureza puramente espiritual e livre. Comentando o Gênesis, Agostinho definiu as funções destes seres celestes, que seriam responsáveis pela glorificação de Deus e pela transmissão da vontade divina. Agostinho afirmava que os anjos estariam voltados tanto para o mundo espiritual quanto para o mundo visível, no qual interviriam com certa frequência.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Quem são os anjos? O que eles fazem? Essas perguntas podem ser elaboradas na lousa ou em um slide, ou ainda, em um retroprojetor. Iniciar a aula fazendo essas perguntas, levando os alunos à reflexão acerca da identidade das criaturas espirituais que eles conhecem desde a infância. É possível que haja na classe pessoas que ouviram sobre a existência de anjos em outras tradições religiosas, mas nunca tiveram a oportunidade de refletirem de maneira madura sobre o que a Bíblia diz a respeito deles. Esta é uma grande oportunidade de apresentar o que as Escrituras dizem a respeito desses seres espirituais. Aproveite também para mostrar a herança da palavra portuguesa “anjo” pela palavra latina “angelus”. Mostre como exemplo de quanto somos devedores ao idioma que ajudou a fundar o Ocidente: o Latim.

II. OS SERES CELESTIAIS PARA SERVIR

1. Natureza. Os anjos são criaturas espirituais e invisíveis aos seres humanos. Eles são sobrenaturais e, como os humanos, possuem natureza racional. São em grandes multidões no céu (Hb 12.22; Ap 5.11). Como criaturas, não são autônomos nem independentes; não agem como tal e nunca receberam adoração. A habitação deles é o céu, e eles veem sempre a face do Pai (Mt 18.10). Não possuem corpo físico ou material, mas podem se apresentar na forma humana, quando ocorrem as manifestações angelofânicas. Essas aparições ocasionais são bíblicas (Jz 13.6; Hb 13.2). Os anjos são assexuados, não se reproduzem nem estão sujeitos à morte (Mc 12.25; Lc 20.36).
- É importante ressaltar que os anjos não existem desde a eternidade, eles foram criados por Deus no momento de sua criação (Ne 9.6; Sl 148.2; Cl 1.16). A bíblia não indica com precisão em que parte foram criados, mas podemos entender que isso deve ter acontecido imediatamente após ter criado os céus e antes de ter criado a terra, segundo podemos ver em Jó 38.4-7 e Gn 1,1; 2.1. Não podemos também definir número, mas sabemos que um ‘exercito’ compreende grande quantidade, uma ‘legião’compreende um número grandioso (Dn 7.10; Mt 26.53; Hb 12.22); Segundo Apocalipse 5.11, eles são milhões de milhões e milhares de milhares. Deus certamente criou todos de uma só vez, pois os anjos não tem capacidade de propagar-se como o homem (Mt 22.30). “São seres espirituais – incorpóreos (Hb.1.14). Não tem corpo físico, mas podem assumir forma corpórea (Gn 18.19; Sl 104.4; Hb 1.7; Ef 6.2; Mt 8.16; 12.45; Lc 7.21; Ap 16.14). São imortais – Os anjos não estão sujeitos à dissolução: nunca morrem. A imortalidade dos anjos se deriva de Deus e depende de Sua vontade. Os anjos são isentos da morte, porque assim Deus os fez (Lc 20.35,36). Não se reproduzem conforme sua espécie – As Escrituras em parte alguma ensina que os anjos são seres assexuados. Inferências encontramos referindo-se aos anjos, com o uso de pronomes do gênero masculino (Dn 8.16,17; Lc 1.12,29,30; Ap.12.7; 20.1; 22.8,9). Mas, não obstante, o casamento, a reprodução, não é da ordem ou do plano de Deus. São poderosos – Dotados de poder sobre-humano (Sl 103.20; 2Pd 2;11). São uma classe de seres criados superiores aos homens (Sl 8.5; Hb 2.10). Contudo, esse poder tem seus limites estabelecidos, não são Onipotentes (2Ts 1.7; 2Sm 24.16,17). Veja demonstração de poder dos anjos: At 5.19; 12.7,23; Mt 28.2).” (SOLASCRIPTURA).

2. Ofício. Não é possível descrever todas as atividades dos anjos em tão pouco espaço. A Bíblia mostra a atuação deles nas diversas esferas no céu e na terra. Uma de suas atividades, e a principal delas, é louvar e glorificar a Deus (Sl 148.2; Ap 7.11,12). Eles executam obras em favor de homens e mulheres para socorrer e ajudar nas suas dificuldades, e são eles que levam os salvos ao lar eterno (Lc 16.22).
Apesar de terem vontade, os anjos são, como todas as criaturas, sujeitos à vontade de Deus. Os anjos bons são enviados por Deus para ajudar os crentes (Hb 1.14). A seguir, algumas atividades que a Bíblia atribui aos anjos:
● Eles louvam a Deus (Salmos 148:1,2; Isaías 6:3).
● Eles adoram a Deus (Hb 1.6; Ap 5.8-13).
● Eles se regozijam nos feitos de Deus (Jó 38.6-7).
● Eles servem a Deus (Sl 103.20; Ap 22.9).
● Eles se apresentam perante Deus (Jó 1.6; 2.1).
● Eles são instrumentos dos julgamentos de Deus (Ap 7.1; 8.2).
● Eles trazem respostas às orações (At 12.5-10).
● Eles ajudam a ganhar pessoas para Cristo (At 8.26; 10.3).
● Eles observam a ordem cristã, obra e sofrimento (1Co 4.9; 11.10; Ef 3.10; 1Pd 1.12).
● Eles dão encorajamento em tempos de perigo (At 27.23-24).
● Eles cuidam dos justos no momento da morte (Lc 16.22).
O que a Bíblia diz sobre anjos da guarda? Embora a expressão “anjo da guarda” não ocorre na Bíblia, muitas pessoas acreditam que cada indivíduo recebe um “anjo da guarda” no dia do nascimento ou no dia do batismo. Porém, a Bíblia não diz nada sobre isso. Uma das passagens bíblicas mais conhecidas para defender esta interpretação está registrada no Salmo 34: “O anjo do SENHOR acampa-se ao redor dos que o temem e os livra” (Sl 34.7). Outra passagem encontra-se no Evangelho de Mateus, quando o Senhor Jesus, falando acerca dos pequeninos, declarou: “Vede, não desprezeis a qualquer destes pequeninos; porque eu vos afirmo que os seus anjos nos céus vêem incessantemente a face de meu Pai celeste” (Mt 18.10). Porém, essas passagens não provam nada. Essas passagens não ensinam que cada crente ou criança tem seu próprio “anjo da guarda”, mas, simplesmente expressam o cuidado geral de Deus por Seu povo através dos anjos. Uma interpretação provável para expressão “seus anjos nos céus” é que eles estão prontos para a ação por ordem de Deus. Sabemos que os anjos são “espíritos ministradores” enviados para servir os cristãos (Hb 1.14). Mas se cada pessoa possuiu um anjo da guarda, a Bíblia não diz nada especificamente. A Bíblia fala de um “exército celestial” – Todos os anjos que velam pelo povo de Deus. Assim, neste exato momento, há um pelotão de forças angelicais cuidando de sua vida. Assim, a noção popular de um anjo da guarda para cada crente não tem base Bíblica. Ao invés disso, a Escritura afirma uma verdade ainda mais preciosa: o cuidado de um crente não é a tarefa de apenas um anjo; todo o exército angelical, em consenso, cuida de cada crente e de sua salvação (Gn 32.1-2; 2Rs 6.17; Lc 15.10; 16.22).” (IPBTABUAZEIRO).

3. A ação dos anjos durante o ministério de Jesus. Sua participação já começa antes mesmo do nascimento de Jesus, quando o anjo Gabriel anunciou a Zacarias o nascimento de João Batista (Lc 1.18,19), e seis meses depois, o nascimento de Jesus a Maria (vv. 26-31). Os anjos assistiram a Jesus durante todo o seu ministério terreno, na tentação do deserto, na agonia do Getsêmani, na sua ressurreição e na ascensão ao céu (Mc 1.13; Lc 22.43; Mt 28.2-6; At 1.10).
“● Em seu nascimento
1. Previsão. Gabriel predisse o nascimento de Jesus (Mt 1.20; Lc 1.26-28).
2. Anúncio. Um anjo anunciou o nascimento de Jesus aos pastores e foi acompanhado em seu louvor por uma multidão de anjos (Lc 2.8-15).
Durante sua vida
1. Alerta. Um anjo alertou José e Maria a que fugissem para o Egito, escapando, assim, da ira de Herodes (Mt 2.13-15).
2. Direção. Um anjo orientou a família para retornar a Israel após a morte de Herodes (Mt 2.19-21).
3. Ministração. Anjos ministraram a Jesus após sua tentação no deserto (Mt 4.11) e seu conflito no Getsêmani (Lc 22.43).
4. Defesa. Jesus disse que havia legiões de anjos preparadas para defendê-lo se ele os chamasse (Mt 26.53).
Após sua ressurreição
1. Na pedra. Um anjo rolou para longe a pedra que fechava a entrada do sepulcro de Jesus (Mt 28.1-2).
2. Anúncio. Anjos anunciaram a ressurreição para as mulheres na manhã do domingo de Páscoa (Mt 28.5,6; Lc 24.5-7).
3. Ascensão. Anjos estavam presentes na ascensão de Jesus (At 1.10-11).
Na Segunda Vinda de Jesus
1. Arrebatamento. A voz do arcanjo será ouvida no arrebatamento da Igreja (1Ts 4.16).
2. Segunda Vinda. Os anjos vão acompanhá-lo na Segunda Vinda (Mt 25.31; 2Ts 1.7).
3. Juízo. Os anjos vão separar o joio do trigo na Segunda Vinda (Mt 13.39-40).” (MUNDOCRISTÃO)

SUBSÍDIO DOUTRINÁRIO

“Esses seres angelicais executam as obras de Deus tanto no julgamento dos inimigos do povo de Deus como também dos crentes quando estes desobedecem a Deus. Eles revelam e comunicam a mensagem de Deus aos seres humanos. Há inúmeros fatos dessa natureza nas Escrituras, como o anúncio a Zacarias sobre o nascimento de João Batista e a Maria, sobre o nascimento do Senhor Jesus. Esses mensageiros celestiais assistiram os apóstolos Pedro e Paulo e o próprio Senhor Jesus. Foram eles que anunciaram às mulheres a ressurreição de Jesus e estiveram presentes na sua ascensão. [...] A Bíblia mostra diversas vezes os anjos socorrendo os servos e servas de Deus em suas lutas e dificuldades” (Declaração de Fé das Assembleias de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.87).

III. AS HOSTES ANGELICAIS

A Bíblia menciona as categorias angelicais sem apresentar detalhes de sua natureza; somente se manifesta em alguns casos, como veremos a seguir.
1. Ás hierarquias angelicais. O apóstolo Paulo inclui nessas hierarquias duas duplas de seres: "tronos e dominações" e "principados e potestades" (Cl 1.16). Alguns acham que a primeira dupla seja uma referência às "coisas visíveis"; e as outras duas, às "coisas invisíveis". Uma tentativa sem sucesso. Os tronos estão localizados no céu (Dn 7-9; Ap 4.4), mas a literatura pseudoepígrafa dos antigos rabinos tem os tronos como seres celestes. A maioria dos expositores do Novo Testamento reconhece o termo "tronos" nesse contexto como classificação angelical. As dominações se referem aos poderes celestes (Ef 1.20,21). A explicação sobre os principados e potestades foi dada na lição passada.
A única referência clara a uma hierarquia é Apocalipse 12.7, que mostra que o arcanjo Miguel tem outros anjos debaixo de seu comando. No entanto, não há dúvidas de que encontramos na Bíblia evidências da existência de uma hierarquia entre os anjos, isto é, se acham organizados de forma hierárquica, numa forma de graduação, de autoridade. Essa graduação‚ destacada pelo tipo de atividade que os anjos exercem em todo o Universo e na presença de Deus. Paulo aponta diretamente para isto quando usa a expressão “principados e potestades“. Essa designação indica a existência de certos anjos que ocupam lugares de autoridade no mundo angélico. Paulo emprega essa expressão tanto para se referir aos anjos caídos como para se referir aos anjos de Deusm sendo que, em duas ocasiões ele fala de anjos maus, isto é, demônios (Ef 6.12; Cl 2.13); e em outras duas ele fala dos santos anjos de Deus (Ef 3,10; Cl 1.16). O apóstolo Pedro também emprega essa mesma expressão para se referir aos anjos do Senhor (1Pd 3.22). Não confunda essa hierarquização com o assunto estudado na lição anterior sobre espíritos territoriais. Nos últimos tempos muitas heresias surgiram relacionadas à hierarquia dos anjos. Os propagadores dessas heresias defendem a ideia de que existem seres angelicais que se ocupam em uma organização hierárquica territorial. Nas Escrituras encontramos três classes ou tipos de anjos:
Querubins: anjos dotados de grande poder e majestade. São frequentemente mencionados em conexão com a adoração a Deus e a revelação de sua glória (Êx 25.18; 2Sm 22.11; Sl 18.10; 80.1; 99.1; Is 37.16; Hb 9.5).
Serafins: anjos que parece próxima à classe dos querubins. São mencionados apenas pelo profeta Isaías. Os serafins são descritos pelo profeta com uma riqueza de detalhes que revela seu serviço em torno do trono de Deus (Is 6.2,6).
Arcanjo: apenas Miguel é mencionado na Bíblia pertencente a esta classe (Jd 9). Alguns estudiosos acreditam que possa haver mais arcanjos, enquanto outros afirmam que apenas Miguel ocupa esse posto. Ele é retratado na Bíblia como um comandante do exército celestial a serviço de Deus, ou seja, ele ocupa o posto mais elevado na hierarquia dos anjos (Dn 10.13-21; Jd 9; Ap 12.7).

2. Serafins e querubins. São outras duas categorias de anjos sobre as quais a Bíblia revela algo mais do que as categorias anteriores. O termo serafim significa "flamejante, brilhante, refulgente". Os serafins são criaturas sobrenaturais associadas à glória de Javé e representam a presença, a grandeza e a majestade divinas (Is 6.2). Os querubins simbolizam a transcendência de Deus, o qual "habita entre os querubins" (1 Sm 4.4). Eles são representados como criaturas aladas colocadas no propiciatório da Arca do Concerto (Êx 25.18-20:37.7-9).
O vocábulo serafim deriva do "saraph" e significa ardente, refulgente ou brilhante, nobres ou afogueados. Esta classe de anjos aparece uma só vez na Bíblia em Isaías 6.1-3. Nesta escritura, os serafins estão intimamente ligados ao serviço de adoração e louvor ao Senhor. Nesse serviço, eles promovem, proclamam e mantém a santidade de Deus. Na visão de Isaías, os serafins são representados como tendo seis asas. As asas de cada serafim tinham funções específicas. Com duas asas cobriam o rosto, numa atitude de reverência perante o Senhor. Com as outras duas asas cobriam os pés, falando de santidade no andar diante de Deus, e com as duas últimas asas, eles voavam. Essa visão de seres alados não significa que todos os anjos, obrigatoriamente, têm de Ter asas. As asas desses serafins tinham por objetivo mostrar ao profeta a capacidade de movimento e locomoção dos anjos para realizarem a vontade de Deus. É uma forma materializada que os seres espirituais usam para serem compreendidos, porque, de fato, os anjos são incorpóreos.
Querubins - Essa classe de anjos criados por Deus se destaca pela ligação que eles têm com o trono de Deus. A palavra querubim, no original hebraico "querub" , tem o sentido de guardar, cobrir. Eles aparecem pela primeira vez na Bíblia em Gn 3.24 no Jardim do Éden para guardar a entrada oriental a fim de que o homem que havia pecado contra o seu Criador não tivesse acesso ao caminho da árvore da vida. 0 que aprendemos acerca dos querubins ‚ que eles possuem uma posição elevada na corte celestial e estão diretamente ligados ao trono de Deus (I Sm 4.4; II Rs 19.15; Sl 80.1; 99.1; Is 37.16). Em Ezequiel 10, os querubins aparecem cheios de olhos e o trono de Deus está acima deles. A ligação dos querubins com o trono de Deus nos ensina que eles guardam o acesso á presença de Deus. Só nos é possível entrar no Santo dos Santos ou " Lugar Santíssimo " com o sangue da aliança em nossas vidas (Hb 10.19-22)”. (PIBMILIONARIOS);

3. Arcanjos. Esse termo significa chefe ou líder dos anjos. Essa palavra só aparece duas vezes na Bíblia, em: "com voz de arcanjo" (1 Ts 4.16) e "mas o arcanjo Miguel, quando contendia..." (Jd 9). Os tratados de teologia costumam incluir Gabriel como arcanjo. Miguel e Gabriel são os únicos anjos mencionados por nome na Bíblia. O nome "Miguel", mikhael em hebraico, significa "quem é semelhante a Deus?"; e "Gabriel", gvriel, "varão de Deus". As Escrituras Sagradas revelam existir mais seres no céu, da mesma natureza e com a mesma posição de arcanjo: "e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia" (Dn 10.13). Veja que a expressão "um dos primeiros príncipes" mostra existirem outros como Miguel.
A palavra "arcanjo" representa a mais elevada posição na hierarquia angelical. O prefixo "arc", do grego "arch", sugere tratar-se de um chefe, um príncipe, um primeiro- ministro. Entre os livros apócrifos, existe o livro de Enoque, que apresenta sete arcanjos, a saber: Uriel, Rafael, Raquel, Saracael, Miguel, Gabriel e Remiel. Mas o único nome dessa lista que aparece nos livros canônicos da Bíblia que usamos é o do arcanjo Miguel (Jd 9). Esse arcanjo se destaca biblicamente como uma espécie de administrador e protetor dos interesses divinos em relação a Israel) (Jd 9; Dn 12.1). O arcanjo Miguel ‚ denominado "príncipe dos filhos de Israel" porque é o guardião dessa nação. Na visão apocalíptica e escatológica (futura) que João teve na Ilha de Patmos, o arcanjo Miguel surgirá como o grande comandante dos exércitos celestiais contra as milícias satânicas, representadas pelo dragão, símbolo de Satanás (Ap 12.7-12). Na vinda pessoal de Jesus Cristo, na primeira fase de convocação dos remidos do Senhor, a escritura não dá nome ao arcanjo, mas declara que a voz do arcanjo será ouvida pelos mortos santos, os quais ressuscitarão e se levantarão de suas sepulturas para ir ao encontro do Senhor nos ares (I Ts 4.16)”. (PIBMILIONARIOS).

IV. JESUS E O ARCANJO MIGUEL

O ministério dos anjos em relação a Jesus vem desde o anúncio do seu nascimento até a sua ascensão ao céu. Miguel é anjo e se inclui também nesse ministério.
1. A identidade de Miguel. As Escrituras falam muito pouco a respeito desse anjo. O seu nome aparece cinco vezes na Bíblia, como "príncipes" (Dn 10.13,21; 12.1), arcanjo (Jd 9) e combatente contra Satanás e seus anjos (Ap 12.7). Alguns grupos religiosos ensinam que Miguel é o próprio Jesus Cristo. Esse pensamento não nos surpreende, pois um desses grupos é arianista. O que nos chama a atenção é o fato de outros grupos cristãos, que afirmam crer na Trindade, confundam o Criador com a criatura.
Esclarecendo o termo ‘arianismo’: doutrina de Ário 250-336, um professor do início do século 4 d.C., de Alexandria (Egito), que afirmava ser Cristo a essência intermediária entre a divindade e a humanidade, negava-lhe o caráter divino e ainda desacreditava a Santíssima Trindade. O Arianismo, então, é a crença de que Jesus era um ser criado com atributos divinos, mas não era divindade em Si mesmo. Hoje, existem seitas que advogam esse ensino e que afirmam que sempre que Miguel é mencionado na Bíblia, refere-se à Pessoa de Jesus como Comandante dos exércitos celestiais em direta disputa com Satanás e os anjos maus. (Leia mais sobre este assunto aqui). Judas 9 é a única passagem das Escrituras que mostra ser Miguel um arcanjo. “O termo grego ἀρχ (gr. arch) significa, “chefe, líder” ou “cabeça”. Isto mostra que Miguel é um líder dos anjos. Seu nome em hebraico é מִֽיכָאֵ֗ל (Michael), significa ‘Quem é semelhante a Deus?’. O hebraísta Heinrich Friedrich Wilhelm Gesenios, declara que a tradição rabínica afirma ser Miguel “um dos sete arcanjos”. Esses arcanjos aparecem na literatura rabínica apocalíptica, em que esses nomes são apresentados no livro pseudoepífrafo de Enoque: Uriel, Rafael, Raquel, Miguel, Saracael, Gabriel e Remiel (1Enoque 20.2-8; Tob 12:15)”. (CACP).

2. Uma diferença abissal. Não é verdade que o Senhor Jesus Cristo seja o mesmo Miguel, pois há uma diferença abissal entre ambos: Jesus é Deus, o Criador e transcendente, Miguel é anjo, portanto, criatura (Jo 1.1-3; Cl 1.16,17; Jd 9). Jesus é adorado até pelos anjos, e isso inclui o próprio Miguel; no entanto, Miguel, sendo anjo, não pode ser adorado (Hb 1.6; Ap 19.10; 22.8,9).  Jesus é o Senhor dos senhores, e Miguel é príncipe (Ap 17.14; Dn 10.13,21). Não se deve, portanto, confundir o Criador com a criatura.” [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 2, 13 Jan, 2019]
Distinções entre Jesus e Miguel:
● Jesus é chamado de Filho, mas Miguel não, por ser ele anjo;
● Jesus é Criador (Jo1.3; Ap 1.18), Miguel é criatura que obedece ao Criador (Mt 26.53; Cl 1.16);
● Jesus é adorado por Miguel (Hb 1.6), Miguel não pode ser adorado (Ap 22.8-9);
● Jesus, é o Senhor dos senhores (Ap 17.14), Miguel é um dos príncipes (Dn 10.13);
● Jesus é Rei dos reis (1Tm 6.15), Miguel é príncipe dos judeus (Dn 12.1).
Jesus não é o Arcanjo Miguel. A Bíblia em nenhum lugar identifica Jesus como Miguel (ou como qualquer outro anjo). Hebreus 1:5-8 estabelece uma clara distinção entre Jesus e os anjos: "Pois a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei Pai, e ele me será Filho? E, novamente, ao introduzir o Primogênito no mundo, diz: E todos os anjos de Deus o adorem. Ainda, quanto aos anjos, diz: Aquele que a seus anjos faz ventos, e a seus ministros, labareda de fogo; mas acerca do Filho: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; e: Cetro de equidade é o cetro do seu reino." A hierarquia dos seres celestiais é esclarecida nessa passagem – os anjos adoram a Jesus, o qual, como Deus, é o único digno de adoração. Nenhum anjo é jamais adorado nas Escrituras; portanto, Jesus (digno de adoração) não pode ser Miguel ou qualquer outro anjo (não digno de adoração). Os anjos são chamados de filhos de Deus (Gênesis 6:2-4; Jó 1:6, 2:1, 38:7), mas Jesus é o Filho de Deus (Hebreus 1:8, Mateus 4:3-6). O Arcanjo Miguel talvez seja o maior de todos os anjos. Miguel é o único anjo na Bíblia que é chamado de "Arcanjo" (Judas versículo 9). O Arcanjo Miguel, porém, é apenas um anjo. Ele não é Deus. A clara distinção no poder e autoridade de Miguel e de Jesus pode ser vista através da comparação de Mateus 4:10, onde Jesus repreende Satanás, com Judas, versículo 9, onde o Arcanjo Miguel "não se atreveu a proferir juízo infamatório" contra Satanás e chama o Senhor para repreendê-lo. Jesus é Deus encarnado (João 1:1,14). O Arcanjo Miguel é um anjo poderoso, mas ainda só um anjo.” (Is Jesus Michael the archangel? Disponível em: https://www.gotquestions.org/Jesus-Michael-Archangel.html. Acesso em: 4 Jan, 2019)

SUBSÍDIO DOUTRINÁRIO

“A Bíblia afirma com frequência que Jesus é Deus: ‘No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus’ (Jo 1.1); ‘Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade’ (Cl 2.9). [...] As suas obras revelam também a sua divindade. Ele é o absoluto soberano e criador de todas as coisas. Ele é a fonte de vida, autor do novo nascimento, habita nos fiéis, dá a vida eterna, inspirou também os profetas e apóstolos, perdoa pecados, é adorado pelos humanos, pelos anjos, na terra e no céu. Possui títulos divinos, como “Eu Sou”, o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, e o Senhor dos Senhores” (Declaração de Fé das Assembleias de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.51).

CONCLUSÃO

A Bíblia traz muitas informações acerca dos anjos e, apesar das inúmeras referências bíblicas, ainda muito pouco sabemos a respeito de quem eles são e do que fazem. A diferença entre os anjos e os humanos está, entre outras, no fato de que a nós o Criador deu a capacidade reprodutiva e, para tal, quando criou o ser humano, criou um casal que geraria outros da mesma espécie. Os anjos não se reproduzem.
A Escritura ensina que anjos ministram aos santos (Hb 1.14), e que algumas pessoas “hospedaram anjos sem saber” (Hb 13.2). Em nenhum lugar nas Escrituras somos encorajados a procurar evidências de anjos na vida cotidiana, além do que, Paulo adverte os crentes a não se tornarem adoradores de anjos (Cl 2.18). “Os anjos não dormem, não tiram férias. Eles são ministros. São feitos ventos. Eles agem diuturnamente. O diabo tenta se fazer de anjo para enganar as pessoas. Eles estão ao nosso redor. Eles nos vigiam, nos guardam. Eles estão perto de nós. O mundo está povoado deles. Eles são milhões de milhões. Eles são guerreiros. Eles são adoradores. Eles trabalham em nosso favor. Eles são em maior número que os nossos adversários. Estamos do lado do vencedor!” (Rev. Hernandes Dias Lopes)

Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

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