SUBSÍDIO I
UM CHAMADO A FAZER A VONTADE DE
DEUS
As pessoas a quem Jesus dirige
essa parábola estavam de fato muito interessadas em obedecer à Lei. Contudo,
não estavam muito preparadas para receber aquele a quem o próprio Deus enviou.
Não se pode fazer apenas parte da vontade de Deus. A obediência à Lei acrescida
à rejeição de Cristo, descamba para o legalismo e, na parábola que estamos
estudando, equivale a um sim meramente verbal, contrariando os fatos e, por
conseguinte, a vontade de Deus.
Sobre o legalismo, Champlin
destaca que “esta expressão, como usada pelos teólogos cristãos, não tem nada
contra a dignidade da lei, muito pelo contrário, fala de abusos dos propósitos
da lei”. Ele destaca também que “muitos judeus convertidos ao
cristianismo, que aceitaram o ensino de que Jesus era o Messias, ainda
continuaram observando a lei pelas duas razões sugeridas, sendo que o judaísmo
nunca promoveu um conceito de justificação pela fé, assim, legalismo, então, é
o uso da lei como uma base de soteriologia e como o guia da vida espiritual, no
lugar da justificação pela fé e a lei do Espírito como o guia da
espiritualidade”.
Pode ser que ao redor dos que
ouviam a parábola, encontravam-se também muitos publicanos, meretrizes e
pecadores que, ao contrário de alguns, não se arrependeram de seus pecados de
forma legítima e autêntica. Eles estavam dispostos a acreditarem em Jesus, mas
não estavam interessados em obedecer a vontade de Deus. Se os primeiros são
legalistas, os segundos são os participantes da graça barata. Como vimos num
tópico anterior, o verdadeiro arrependimento conduz à mudança de atitude. Quem
possui uma fé genuína, fatalmente desejará fazer a vontade de Deus.
Em João 15.14 Jesus é enfático
ao ensinar que nós seremos seus amigos se fizermos o que Ele manda: “Vós sereis
meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando”. Fazer a vontade de Deus era
o eixo sobre o qual girava toda a religião de Israel. A Lei era a sua expressão
clara e escrita. Champlin destaca que “o Senhor Jesus agora desejou acrescentar
outro pensamento precioso: aqueles discípulos especiais de então para diante
dificilmente poderiam ser classificados como meros servos, segundo
ordinariamente se poderia entender, dentro das relações então comuns entre
escravos e senhores, visto que dos servos só se poderia esperar servidão, pelo
contrário, o Senhor Jesus elevou a posição de seus discípulos como seus iguais,
isto é, como seus amigos, seus companheiros”.
Contudo, agora chegamos a uma
revelação plena e perfeita da vontade de Deus através de Jesus Cristo. Ele
anuncia a vinda do Reino e chama à conversão: “Desde então, começou Jesus a
pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus” (Mt 4.17).
Ela passa, afinal, através de sua pessoa. O Pai quer que os homens recebam
aquele que Ele enviou. Não se trata de querer obedecer a Lei sem receber a
Cristo. Também não se trata de desejar a Cristo, mas não querer obedecer a seus
ensinos.
Através desta parábola
precisamos compreender o perigo da indiferença espiritual. Alguns pensam que
podem confessar que amam a Deus com seus lábios mas viver com o coração
distante dele. Pensam poder encontrar a Deus prescindindo de Cristo. Outros há
que vivem na austeridade da Lei, mas não querem receber a Jesus. A marca
indelével da amizade com Deus é a aceitação de Cristo como Filho de Deus, e,
isso é possível, a partir do momento em que O obedecemos.
O fundamento da obediência a
Deus é manifestado no amor ao Senhor Jesus e a sua Palavra: “De todo o meu
coração te busquei; não me deixes desviar dos teus mandamentos. Escondi a tua
palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti” (Sl 119.10-11). O Salmo
119 descreve que as santas escrituras devem guiar nossas vidas. Nos versículos
6 e 22, o salmista destaca que quando seguimos os seus ensinamentos não existem
motivos para nos envergonharmos: “Então, não ficaria confundido, atentando eu
para todos os teus mandamentos. Tira de sobre mim o opróbrio e o desprezo, pois
guardei os teus testemunhos”.
No versículo 7 o salmista
destaca a necessidade do cultivo de um coração íntegro: “Louvar-te-ei com
retidão de coração, quando tiver aprendido os teus justos juízos. Observarei os
teus estatutos; não me desampares totalmente”, e nos versículos 9, 10, 11 e 30
ele fala da observância de uma vida pura e que não se desvia dos mandamentos do
Senhor: “Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua
palavra. De todo o meu coração te busquei; não me deixes desviar dos teus
mandamentos. Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti.
Escolhi o caminho da verdade; propus-me seguir os teus juízos”.
Davi tinha um desejo profundo de
conhecer e obedecer ao Senhor, e o fervor deste desejo está evidenciado no Salmo
119.5-4 e a excelência deste desejo pode ser notada na ênfase das expressões
“vivifica-me”, “ensina-me” e “faze-me atinar”. Moody destaca que “o perigo
confrontando o salmista fá-lo pedir força e conforto. Ele percebe que a
vivificação que ele deseja vem da compreensão dos ensinamentos de
Deus”. No Salmo 119.33-40 o salmista usa a expressão “ensina-me e o
seguirei” e na sequência pede pela orientação de Deus para que sua vida seja
afastada da insensatez.
A obediência deve estar ligada à
vontade de Deus. Para sair da indiferença espiritual, o ser humano precisa
receber aquele que Deus enviou ao mundo. A pessoa de Cristo separa de forma
bastante clara a humanidade perdida, composta até mesmo por religiosos que
dizem fazer a vontade de Deus, mas não a fazem, e aqueles que serão admitidos
no Reino. O caminho é o do arrependimento com a consequente mudança de atitude,
em direção à obediência a Deus.
Texto extraído da
obra: As Parábolas
de Jesus: As
verdades e princípios divinos para uma vida abundante. 1. ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2018
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Tempos difíceis, esses nos quais
vivemos, antecipados por Paulo, em sua Epístola a Timóteo (II Tm. 3.1-5). As
pessoas estão se tornando cada vez mais indiferentes a fé cristã, o número de desigrejados
cresce assustadoramente. Diante desse contexto, faz-se necessário considerar o
perigo da indiferença espiritual, tendo em vista que nos arraiais evangélicos,
como entre os religiosos dos tempos de Jesus, essa era uma prática bastante
comum.
I. UMA
PARÁBOLA, DOIS FILHOS
Em resposta à indagação dos religiosos do seu
tempo, Jesus conta uma parábola a respeito de dois filhos. A pergunta que lhe
foi feita foi a respeito da autoridade, e mais especificamente, em relação à
mensagem de João Batista, e autoridade do próprio Cristo (Mt. 21.28). Nessa
parábola, Jesus conta que um homem tinha dois filhos, e que esse se dirigiu ao
primeiro, a fim de que fosse trabalhar na vinha, esse respondeu negativamente,
dizendo “não quero”. Depois, se arrependendo, resolveu ir, e fazer o trabalho
que havia se negado. O segundo filho, no entanto, disse que iria: “eu vou
senhor, e não foi”. Como costumava fazer, Jesus responde à pergunta com outra
pergunta: “Qual dos dois fez a vontade do pai?” (v. 31). Os próprios religiosos
reconheceram que fora o primeiro. Ao que Jesus concluiu: “os publicanos e as
meretrizes entram adiante de vós no Reino de Deus” (v. 31). A mensagem de Jesus
nessa parábola, como em outras que proferiu, é uma crítica à hipocrisia
religiosa. As pessoas religiosas tendem a se acharem muito boas aos olhos de
Deus. E mais que isso, elas se colocam acima dos demais pecadores, ou para ser
mais assertivo, elas não se consideram pecadoras. A palavra do Senhor é
enfática ao declarar que aqueles que reconhecem seus pecados, e se arrependem
diante de Deus, entrarão no Seu Reino. Os religiosos, por sua vez, ficarão de
fora, pois são incapazes de perceber sua miserabilidade espiritual.
II. ENTRE O
DIZER E O FAZER
Há um pensamento clássico na filosofia analítica, difundido
também no contexto da Linguística, ao afirmar que: “dizer é fazer”. Isso mostra
que quando fazemos uma afirmação, nos comprometemos com essa, ainda que não
venhamos a por em prática. No caso desses dois filhos, o primeiro diz que não
iria, sua afirmação, no entanto, foi negada pela sua prática, pois acabou se
arrependendo, e fazendo a vontade do seu pai. O último, ainda que tenha dito
que iria para a vinha, ficou apenas na promessa, não cumprindo o que dissera. É
fundamental, como bem ressaltou Paulo Freire, “diminuir a distância entre o que
se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a
tua prática”. Essa abordagem, na verdade, expressa o que já se encontra na
Bíblia, na Epístola de Tiago, ao destacar a necessidade de praticar aquilo que
ensinamos (Tg. 2.10), caso contrário, nossas vidas serão marcadas pela
dubiedade. Existem muitos cristãos que são irreconhecíveis no trato cotidiano,
agindo totalmente diferente de quando estão no convívio da igreja. O próprio
Jesus ensinou aos seus discípulos que o falar desses deveria ser “sim, sim;
não, não” (Mt. 5.37). A sinceridade deve ser uma característica de todo
cristão, não podemos viver de maneira diferente daquilo que nosso Mestre nos
ensinou, e em conformidade com Sua palavra (Jo. 8.47).
III. UM CHAMADO
À COERÊNCIA ESPIRITUAL
A condição humana, por causa da queda, tem
dificuldade para ser coerente. Há pessoas que não conseguem se firmar,
principalmente por causa das pressões sociais. Existem muitas ideologias na sociedade,
cada uma delas nos impulsiona para um lado. Não é difícil cair em algum
extremo, a fim de agradar a algum posicionamento humano. Mas devemos saber que
somos chamados para viver a partir da Palavra de Deus. Ela é nosso prumo, e o
norte das nossas decisões, a bússola que nos conduz à eternidade. Diante das
pressões deste tempo, e das adversidades com as quais precisamos lidar, devemos
manter nossos olhos fitos no Autor e Consumador da nossa fé (Hb. 12.2). Para
não se deixar levar por nossa mera religiosidade, devemos levar cativo nosso
entendimento a Cristo (II Co. 10.4). Se assim fizermos, não cairemos no pecado
da autojustiça, estamos cientes de que fomos agraciados, e de que nada fizemos
para ser salvos (Ef. 2.8,9). Muitos evangélicos, por causa da sua
religiosidade, pensam que são especiais pelo que fazem, não pelo que Cristo fez
por elas. Não temos do que nos gloriar, a não ser no Senhor Jesus Cristo, que
nos redimiu por meio do Seu sangue (II Co. 10.17). Os crentes não são melhores
que os demais pecadores, o próprio Paulo se colocou como um dos principais (I
Tm. 1.15). A condenação está bem próxima da porta do céu, isso descreveu John
Bunyan, em seu O Peregrino. Tenhamos cuidado, para não fazer como o filho mais
novo da parábola.
CONCLUSÃO
Há cristãos que pensam fazer a vontade Deus, até O
chamam de Senhor, mas o coração está longe dEle (Mt. 7.21). Essa parábola
contada por Jesus é um alerta, principalmente para aqueles que estão na
religião, mas que não levam sua fé a sério. A indiferença espiritual está
matando muitos cristãos, e o mais perigoso, alguns que estão no púlpito das
igrejas. É necessário se congregar na igreja, viver em comunhão com os irmãos,
adorar a Deus em espírito e em verdade. Mas é preciso também ter cuidado para
não transformar a prática igrejeira em algo meramente formal, destituído de
sinceridade espiritual.
José Roberto A. Barbosa
Disponível no Blog
subsidioebd.blogspot.com
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje
estudaremos uma parábola conhecida como a “parábola dos dois filhos” (Mt
21.28-32). Uma das curiosidades desta parábola é que ela ocorre apenas em
Mateus. Ela ensina grandes lições e retrata o perigo da indiferença espiritual
e a necessidade de obedecer a vontade de Deus a fim de que possamos ser
participantes do Reino. Conforme aprenderemos, quando se fala de obediência ao
Senhor, não bastam apenas palavras, pois o que realmente conta é se realmente
praticamos aquilo que professamos.
A Parábola dos Dois Filhos é registrada
exclusivamente no Evangelho de Mateus 21.28-32. Embora seja uma das parábolas
mais curtas, ela possui um ensinamento primordial para todos os cristãos. Neste
estudo bíblico conheceremos a explicação e o significado da Parábola dos Dois
Filhos e entenderemos o valor das nossas atitudes, acima das nossas palavras.
Palavras têm poder, mas não acompanhadas de ações, enfraquecem e se tornam
nulas. Vejamos o exemplo dos dois filhos desta parábola.
I. INTERPRETANDO
A PARÁBOLA DOS DOIS FILHOS
1. O contexto da
parábola. A parábola traz à cena um
proprietário em busca de trabalhadores para a sua vinha que, desta vez, na
narrativa, são seus próprios filhos (v.28). Essa pequena porção bíblica que
cabe em poucos versículos, se não for devidamente estudada, pode passar
despercebida das pessoas “escondendo” o quanto há de trabalho a ser realizado,
sua duração ou sua retribuição, concentrando-se na reação contrastante dos dois
filhos ao pedido do pai. O primeiro filho diz que não vai obedecer, mas, ao
final, arrepende-se e o faz, ao passo que o segundo diz que vai obedecer e não
o faz (vv.29,30). O filho que diz que será obediente à vontade do pai, nessa
parábola, representa Israel, que não fez a vontade de Deus (Rm 10.21). Enquanto
isso, o filho que diz que não vai obedecer, representa os publicanos e os
pecadores, que, por se arrependerem de seus pecados, têm o direito de entrar no
Reino de Deus antes dos judeus (v.31).
Antes de qualquer coisa, para falarmos sobre o
significado da Parábola dos Dois Filhos, é importante entendermos melhor o que
antecede a narrativa de Jesus. Antes dessa parábola, ainda no capítulo 21,
alguns eventos importantes são descritos, desde a Entrada Triunfal até a
purificação do Templo. Considerando então esse contexto, podemos notar no
versículo 23 os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo (ou membros do
Sinédrio) desafiando a autoridade de Jesus. Claro que com tudo que havia
acontecido anteriormente, principalmente em relação à purificação do Templo, os
líderes judeus não estavam nada satisfeitos. Por isso eles foram interrogar a
Jesus perguntado com que autoridade Ele tinha feito aquilo. O objetivo deles
era buscar uma maneira de comprometer o Senhor. Mas com muita sabedoria, Jesus
disse que também faria uma pergunta a eles. Caso eles respondessem tal
pergunta, então Jesus também responderia o que lhe fora perguntado. “O
significado da Parábola dos Dois Filhos fica bastante claro quando se percebe
que os dois filhos e seus comportamentos representam dois grupos de pessoas. O
primeiro filho que inicialmente disse não ao pai, mas depois se arrependeu e
foi trabalhar em sua vinha, representa os publicanos e as prostitutas. Essas
eram pessoas excluídas e consideradas indignas perante a religiosidade judaica.
Mas embora com seu modo de viver inicialmente recusavam os mandamentos de Deus,
por fim elas se arrependiam e passavam a fazer a sua vontade. Por outro lado,
aqueles religiosos judeus agiam como o segundo filho. Aparentemente eles
concordavam em seguir a Palavra de Deus, mas no final o resultado real era
apenas a desobediência. No versículo 31, Jesus deixa isso bem claro ao dizer
que aqueles desprezados pecadores, estavam entrando no Reino de Deus antes
daqueles que insistiam em manter uma imagem aparentemente irrepreensível, mas
fatalmente corrompida. Estes últimos diziam que obedeciam a Deus, mas não
estavam obedecendo. Seu falso “sim” nada mais era do que um verdadeiro “não”.
Já o espontâneo “não” dos pecadores rejeitados, era o início de um “sim” de
arrependimento.” (ESTILOADORAÇÃO)
2. O assentimento
puramente verbal. Em algumas
versões do texto grego, a ordem do pedido do pai aos filhos aparece diferente,
iniciando de forma invertida, isto é, primeiramente o que disse que aceitaria,
mas não foi e, posteriormente, o que não aceitou, mas arrependeu-se e foi.
Assim, no versículo 30, a resposta – “Eu vou, senhor” –, que não passa de um
assentimento puramente verbal, e está aqui em contraste com a recusa indelicada
do primeiro filho. Porém, como já sabemos, apesar desta concordância imediata
do segundo filho em ir, na prática, transforma-se em nada, pois ele não
obedece, de fato, à ordem do pai.
O homem em seu estado natural é rebelde e
dificilmente ostenta uma disciplina consciente, obediência sem necessidade de
ordens e que não se rebele contra seus superiores. Todos os eventos históricos
da humanidade envolve, direta ou indiretamente, a rebeldia. A parábola dos dois
filhos trabalha a questão da obediência e da desobediência. No contexto em que
Jesus utiliza a parábola, a cena era comum nos dias do Seu Ministério na terra,
quando o Mestre era frequentemente pressionado pelos fariseus, que buscavam
ocasião de acusá-lo diante do povo e das leis judaicas. O segundo filho desta
parábola revela a princípio, uma atitude de prontidão quanto ao pedido do pai.
“Sim, senhor!” Foi o que ele respondeu quando solicitado a trabalhar na vinha.
Apesar de uma prontidão aparente, porém, suas ações posteriores demonstraram
não estar em linha com as palavras proferidas. Apesar de dizer que ia, acabou
não indo, frustrando totalmente as expectativas do pai. Vemos então que as boas
palavras que não são acompanhadas de ações concretas se convertem em
hipocrisia. Na verdade, o que vem primeiro é a hipocrisia que gera palavras
agradáveis, mas totalmente destituídas de verdadeiras e puras intenções.
3. A negação
verbal. Apesar de o primeiro filho
oferecer ao pai uma resposta negativa – “Não quero” –, e de ter se recusado a
obedecer à ordem num primeiro momento, o texto esclarece com uma adversativa,
“mas” seguida do verbo grego metamelomai (que ocorre apenas cinco vezes em o
Novo Testamento), cujo significado refere-se a “arrepender-se”, “estar
arrependido mais tarde”, demonstrando que essa negação verbal não representa a
verdade, pois o filho, arrependido, foi trabalhar.
“O primeiro filho desta parábola, revela, a princípio, uma atitude de
resistência ao pedido do pai. “Não quero!” Foi o que ele respondeu quando
solicitado a trabalhar na vinha. Ao responder dessa forma, demonstra não estar
interessado pelas mesmas coisas que o pai se interessa, além de não querer se
envolver com os negócios da família. A indiferença quanto aos interesses do
pai, na verdade, é exemplo da atitude natural do homem pecador, alienado dos
interesses do Pai Celestial. Portanto, o primeiro filho da parábola é exemplo
do homem pecador, sem Deus, distante e frio quanto a tudo o que é de interesse
do Pai. Ele representa os pecadores dos dias de Jesus e dos nossos dias também,
que estão distantes do Caminho.Porém, algo maravilhoso aconteceu! Depois de um
tempo de reflexão, esse filho, apesar da recusa inicial, arrepende-se de suas
palavras e vai. Ele cumpre a vontade do pai pondo em prática exatamente o que
ele desejava que fosse feito. Ir para a vinha significa cumprir a vontade de
Deus em Seu Reino. Amar o nosso próximo, perdoar nossos devedores, exercer
misericórdia para com os outros, socorrer os aflitos em suas necessidades, além
de tantas outras coisas, são exemplos de como verdadeiramente nos arrependemos
e queremos cumprir o desejo do nosso amoroso Pai.” (IBEMANUEL)
4. Uma adesão
operativa. Vimos que a mesma ordem do pai
obteve respostas diferentes. De fato, os dois filhos representam, de forma
emblemática, dois tipos de atitudes. O primeiro deles representa a adesão
operativa precedida por uma negação que é apenas verbal. De forma inversa, o
segundo tipo de resposta trata-se de um assentimento puramente verbal que não
passa à ação. Por isso, logo após contar essa parábola, Jesus pergunta aos
líderes judeus qual dos dois filhos atendeu à vontade do pai (v.31a). Eles respondem
de forma correta, e o Mestre então lhes diz que os publicanos e as meretrizes
entrariam adiante deles no Reino de Deus (v.31). O Senhor disse isso porque, da
mesma forma que no caso dos filhos, ao longo do ministério de Jesus, muitos
publicanos, meretrizes e pecadores de toda espécie tomaram a atitude da adesão
operativa. Passaram boa parte de suas vidas negando verbalmente a fazer a
vontade de Deus, mas quando tiveram a oportunidade de arrepender-se, acabaram
obedecendo, de fato, ao Senhor. Mais que um assentimento verbal, mais que votos
ou promessas, as Escrituras Sagradas nos exortam a aderirmos, na prática, a
vontade do Pai e a sermos obedientes a Ele. Só assim seremos participantes do
Reino de Deus.
O primeiro filho representa o pecador arrependido,
que resiste à vontade de seu pai, mas que o obedece posteriormente. É o que
realmente agrada a Deus. O segundo filho, pensa que agrada ao pai pelo simples
fato de dizer que ia para a vinha. Porém, sua atitude de não ir revela que o
seu intuito era apenas o de impressionar com palavras. Palavras de pessoas
assim caem no vazio porque não são acompanhadas de ações concretas que
realmente podem agradar ao coração do Pai Celestial.
SUBSÍDIO EXEGÉTICO
“Jesus continua contra-atacando os inimigos com três
parábolas que tratam da rejeição dos líderes de Israel. Mateus introduz estas
parábolas com a expressão: ‘Mas que vos parece?’ (cf. Mt 17.25; 18.12). De
acordo com os profetas, a vinha nas duas primeiras parábolas representa Israel
(Sl 80.8-19; Jr 2.21; Ez 19.10). Na Parábola dos Dois Filhos, o primeiro filho
representa os pecadores arrependidos que agora servem ao Pai, ao passo que o
segundo filho retrata os líderes que honram a Deus com os lábios mas cujo
coração está longe (Is 29.13). Anteriormente Jesus já tinha se associado com os
publicanos e pecadores, e os inimigos lançaram-lhe isso em rosto (Mt 9.9-13).
Agora Ele menciona os pecadores para reprovar os principais sacerdotes e
anciãos. A chamada de João Batista ao arrependimento teve profundo impacto nos
pecadores arrependidos que viviam na periferia da respeitabilidade (veja esp.
Lc 3.10-14; 7.29,30). “O uso do título respeitoso ‘senhor’ (kyrie, Mt 21.30) é
típico de Mateus e provavelmente tem significado duplo para ele e sua
audiência. Nos lábios do filho hipócrita, faz o leitor lembrar das palavras
ditas anteriormente por Jesus: ‘Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará
no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus’
(Mt 7.21). “Previamente em seu ministério, Jesus explicava as parábolas aos
discípulos em particular (Mt 13.13-16,36), mas agora, Ele ousada e diretamente
explica a parábola aos líderes judeus, provavelmente com o propósito de forçar
todos os que ouvem a escolher ou rejeitar: ‘Em verdade vos digo que os
publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no Reino de Deus’ (Mt 21.31).
Jesus deixa aberta a possibilidade de que a elite ‘respeitável’ venha a seguir
os publicanos e pecadores no Reino de Deus, mas considerando o caráter
apocalíptico da parábola, soa friamente como palavras de julgamento final”
(SHELTON, James B. In ARRINGTON, French L.; STRONDAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal. 1.ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.120).
II. QUANDO
AS PALAVRAS NÃO SE COADUNAM COM A PRÁTICA
1.
Palavras estéreis. A
obediência ao Senhor não consiste em proferir palavras estéreis e religiosas,
mas em praticar a verdade revelada na Palavra de Deus de forma concreta e
precisa (Mt 7.21). Os representantes da antiga e longa tradição judaica estavam
ali diante do Mestre para demonstrar de maneira bem clara o que a parábola
retratava, pois não tiveram dificuldade alguma para responder a indagação de
Jesus: “Qual dos dois fez a vontade do pai?” (v.31a). O Senhor coloca-os frente
a frente com a verdade de modo que, ao responderem corretamente, eles
pronunciaram um juízo de condenação contra si próprios, pois o tipo de resposta
que eles dão a Deus os identificam com o filho que contradisse com um não de
fato e um sim apenas dos lábios. Eles estão no grupo dos religiosos que nada
fazem além de pronunciar palavras bonitas, porém, descompromissadas.
A mensagem era direta aos fariseus que mascaravam
uma obediência a Deus, fingindo cumprir Seus mandamentos, porém, era tudo da
boca pra fora, em verdade eles se rebelavam contra Deus, já que não aceitavam
Seu Filho e nem a pregação de João Batista que foi o precursor de Jesus. Quando
a gente recebe uma ordem, e ordem já subentende autoridade superior, temos
algumas alternativas, podemos dizer que não vamos cumpri-la e realmente não
cumprir, ou podemos dizer que vamos cumprir a ordem e não cumprir, ou dizer que
não vamos cumpri-la e acabar cumprindo a ordem recebida. A outra alternativa é
ficar com cara de paisagem, fingindo não ter entendido nada.
2.
O arrependimento conduz à prática.
Muitas pessoas dizem-se arrependidas, por isso, precisamos compreender o verdadeiro
sentido da expressão “arrepender-se”. Em 2 Coríntios 7.9 o apóstolo Paulo
diferencia categoricamente a mera tristeza, estar “contristado”, do
arrependimento ativo, isto é, estar “contristado segundo Deus”. O caso de
Judas, por exemplo, pelo visto não passara de mero remorso (Mt 27.3-5). Na
parábola contada por Jesus, o primeiro filho se arrependeu tanto por ter se
recusado obstinadamente a obedecer ao seu pai que, imediatamente, foi e
obedeceu. A tristeza segundo Deus opera o arrependimento, e o arrependimento
produz mudança de atitude, ou seja, conduz à prática.
Uma ordem exige a continuação de alguma coisa,
ninguém dá uma ordem que não gere alguma consequência. Até mesmo a ordem de
ficar parado e não fazer nada gera consequência. Jesus estava ensinando,
principalmente aos fariseus, a importância de obedecer a Deus, de ser sincero
diante Dele e fazer Sua vontade. O arrependimento é caracterizado pela ação –
pelos frutos conhecereis (Mt 7.18).
A rebeldia foi plantada no coração do homem ainda
no jardim do Éden, foi por rebeldia que aconteceu a trágica conversa de Eva com
a serpente e satanás sabe da natureza rebelde dos seres humanos e joga isso
contra nós, quanto mais nos rebelamos contra a vontade de Deus, mas agradamos o
diabo e mais seremos tentados. Obedecer a Deus é sinal de inteligência e
maturidade cristã. Deus quer exatamente o que todos os pais e mães deste mundo
querem: ter filhos obedientes, que ouvem o bom conselho e se desviem do mal. O problema
é que nossa natureza pecaminosa aponta em direção oposta, na direção da
rebeldia, mas é bem melhor obedecer do que depois sofrer as consequências da
desobediência. A respeito da questão da obediência a Bíblia é bem clara, veja:
“Tem porventura o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que
se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o
sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros.” (1Sm 15.22).
Obedecer é melhor do que sacrificar. A queixa de Jesus a respeito dos
religiosos da Sua época era a hipocrisia, eles pregavam uma coisa e faziam
outra, eles chamavam Deus de Senhor, mas não faziam Sua vontade: “E por que me
chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?”(Lc 6.46). Não adianta
fingir obedecer, a consequência da desobediência será facilmente identificável
e trará consigo as dores inerentes ao pecado de rebelião.
3.
Palavras e ações devem se coadunar.
Os discípulos de Cristo são chamados a manifestarem um estilo de vida, na qual
as palavras e as ações se coadunam, isto é, não se contradizem, pois expressam
uma coisa só. No Sermão do Monte, Jesus ensina aos seus discípulos que o falar
destes deve ser: “Sim, sim; não, não” (Mt 5.37b). Infelizmente, a prática de
falar e não agir em conformidade é um triste reflexo do decaído e mau caráter
humano. Jesus, porém, exige honestidade o tempo todo. Como discípulos dEle e
cidadãos do Reino, Ele requer uma equivalência entre aquilo que dizemos e
aquilo que vivemos (Sl 15.1-5). Não pode haver um padrão duplo na vida dos
discípulos do Mestre, ou seja, dizer uma coisa e fazer outra e vice-versa (Tg
1.25; 2.12).
Não adianta bater no peito na igreja e sair de lá
correndo pra bater pernas ligeiras no caminho do pecado. Não adianta ir à igreja
orar e fazer tudo errado, a igreja somos nós, não é pedra, cimento e tijolo, a
Igreja é o ser humano lavado pelo sangue de JESUS, perdoado, restaurado e
feliz. Nunca vi um filho rebelde ser feliz nesta vida, nunca vi um coração
rebelado conseguir descanso. A desobediência é uma tragédia em nossas vidas,
mas tem jeito, tem solução. Primeiro precisamos aprender com Jesus que ensinou:
“Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de
procedência maligna.” (Mt 5.37). O começo é ter palavra, quem não honra a
palavra empenhada não tem crédito nem no Armazém Paraíba. Segundo é entregar
seu coração ao Espírito Santo de Deus, porque somente o Deus/Consolador é capaz
de moldar caráter, transformar vidas, mudar o curso do futuro e nos dar o fim
que desejamos.
III. UM
CHAMADO A FAZER A VONTADE DE DEUS
1.
A impossibilidade da obediência à Lei.
As pessoas a quem Jesus dirige essa parábola estavam de fato muito interessadas
em obedecer à Lei, já que apenas ouvi-la de nada adiantava (Rm 2.13). Contudo,
elas não estavam igualmente preparadas nem para receber Aquele a quem o próprio
Deus enviara e muito menos para aceitar que a Lei já havia cumprido o seu papel
e um novo concerto estava sendo instituído (Jo 1.11; Mt 26.28; Gl 3.23-25; Hb
8.13). Talvez as pessoas desconhecessem que não se pode praticar apenas uma
parte da vontade de Deus (Tg 2.10). Assim, a obediência a uma parte da Lei,
acrescida da rejeição a Cristo, terminavam descambando para o legalismo e, na
parábola que estamos estudando, tais atitudes equivalem a um “sim” meramente
verbal, contrariando os fatos e, por conseguinte, a vontade de Deus (Jo
5.39-47).
Gálatas 2.15-21 – “Os homens são aceitos por Deus,
não por causa de suas obras, mas através de um simples ato de confiança em
Jesus Cristo. Diz Martinho Lutero: `Se o artigo da justificação for alguma vez
perdido, então toda a verdadeira doutrina ficará perdida´”(A Mensagem de
Gálatas, John Stott). “...porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne,
isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e
no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado…”. Aqui Paulo está
falando que a Lei de Deus não pode ser um meio de salvação porque a nossa carne
está enferma. Por mais que nos esforcemos para ser obedientes, seremos
pecadores. Unicamente Jesus pode, através do seu sacrifício substitutivo na
cruz, livrar-nos da condenação eterna.
2.
A fé desobediente.
Certamente que entre os que ouviam a parábola, encontravam-se também muitos publicanos,
meretrizes e pecadores que, ao contrário dos outros, alinhavam-se aos
religiosos que não se arrependeram de seus pecados de forma legítima e
autêntica. Eles estavam dispostos a receber algo de Jesus, mas não estavam
interessados em obedecer a vontade de Deus. Se os religiosos são legalistas,
estes segundos são os participantes do que poderíamos chamar de “graça barata”.
Porém, como vimos anteriormente, o verdadeiro arrependimento conduz à mudança
de atitude. Quem possui uma fé genuína, sem dúvida, desejará cumprir a vontade
de Deus, ou seja, “escutará” suas palavras (Jo 8.47).
Em Hebreus a desobediência é comparada a
incredulidade (Hb 3.18-19). Como essas duas coisas estão tão intimamente
relacionadas? Paulo explica em Romanos 3.31 que é justamente a fé que permite
que guardemos a lei de Deus. Então, não há possibilidade de existir algo como
“uma fé desobediente”. Mas por outro lado, existem aqueles que desejam apenas
obedecer aos seus próprios desejos. “Esta era a posição do judeu e do
judaizante. Paulo os descreve como `procurando estabelecer a sua própria
justiça´ (Rm 10.3). “Esta tem sido a religião do povo comum, antes e depois deles. É a religião
que se encontra nas ruas, hoje. De fato, é o princípio fundamental de cada
sistema religioso e moral no mundo, exceto no Cristianismo do Novo Testamento.
É um princípio popular porque é lisonjeiro. Ele diz ao homem que, se ele tão
somente conseguir melhorar um pouco o seu comportamento e se ele se esforçar um
pouquinho mais, conseguirá obter a sua própria salvação” (A Mensagem de
Gálatas, John Stott).
3.
O discípulo faz a vontade de Deus.
Em João 15.14, Jesus é enfático ao ensinar que nós seremos seus amigos se
fizermos o que Ele manda. Fazer a vontade de Deus era o eixo sobre o qual,
supostamente, girava toda a religião de Israel. A Lei, ensinada pelos líderes
religiosos da nação, era a expressão clara e escrita dessa vontade. Contudo,
agora chegamos a uma revelação plena e perfeita da vontade de Deus através de
Jesus Cristo (Hb 1.1-4). Ele anuncia a vinda do Reino e chama à conversão (Mt
4.17). Por isso, a vontade de Deus passa, afinal, através da Pessoa de Cristo
Jesus. O Pai quer que os homens recebam aquEle que Ele enviou, pois quem
recebê-lo receberá o próprio Pai (Mt 10.40; Rm 10.9). Não é possível obedecer à
Lei sem receber a Cristo, pois Ele é o cumprimento da Lei (Rm 10.4). Também não
se trata de desejar a Cristo, mas não querer obedecer a seus ensinos, pois os
que realmente desejam a Ele e querem ser seus amigos, obedecem ao que Ele manda
(Jo 15.14).
“Jesus Cristo veio ao mundo para viver e morrer. Na sua vida a sua
obediência à lei foi perfeita. Na sua morte ele sofreu pela nossa
desobediência. Na terra ele viveu a única vida de obediência imaculada para com
a lei que já foi vivida. Na cruz ele morreu porque nós transgredimos a lei, uma
vez que a penalidade para a desobediência à lei era a morte. Portanto, tudo de
que precisamos para ser justificados é reconhecer o nosso pecado e a nossa
incapacidade, arrepender-nos dos nossos anos de autoafirmação e justiça
própria, e colocar toda a nossa confiança em Jesus Cristo para nos salvar” (A Mensagem de
Gálatas, John Stott). É a fé em Jesus que nos torna capazes, com o auxílio do
Espírito Santo, de obedecermos o que a Lei requeria. Em Romanos 7.5, Paulo
descreveu a vida na carne. Agora, ele descreve uma vida que segue em sentido
oposto: a vida em novidade de espírito (Rm 7.6). A pessoa controlada pelo
Espírito não está condenada pela Lei porque o seu passado foi perdoado. Pelo
Espírito, o cristão recebe permissão para fazer aquilo que a Lei requer até que
ocorra a sua esperada ressurreição final em glória (v. 1-11). O Espírito nos
faz filhos de Deus (v. 12-17) e assegura a nós uma maravilhosa esperança futura
(v. 18-30)
SUBSÍDIO PEDAGÓGICO
“A qualidade da Educação Cristã, quando ela é
encarada como uma ação intencional, torna o desígnio bíblico do ‘assim falai e
assim procedei’ (Tg 2.12), uma preocupação legítima. Devemos perseguir esse
modelo, pois do nosso Senhor Jesus Cristo ‘aprendemos que o bom ensino implica
em ajudar o aluno a assumir responsabilidades pelo que pensa e vive’. Assim, a
práxis bíblica não só torna-se uma realidade no âmbito escolar dominical, como
elimina aquilo que o mesmo David coloca: ‘Numa onda em direção à credibilidade
cognitiva, nosso ensino da Bíblia tem-se centralizado no ‘saber’ e não no
‘ser’, e ao fazê-lo, optou por programas que informam a mente sem formar o
caráter’.
Essa denúncia dá conta de explicar o porquê de
nossos alunos estarem tão desmotivados nas classes dominicais. O educador
cristão que trabalha somente no plano cognitivo, ou seja, enchendo a mente dos
educandos, sem importar- -se com mudanças comportamentais, operacionais e
ativas na vida deles, demonstra algo sintomático em sua própria vida, ou seja,
inconsistência entre o que os seus lábios dizem e o que a sua vida demonstra.
Com essa ação, diz Roy Zuck, o educador ‘desliga’ os educandos e vira-os em
direção contrária àquela da prática- -teoria-prática cristã” (CARVALHO, César
Moisés. Uma Pedagogia para a Educação
Cristã. 4.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.332).
CONCLUSÃO
Por intermédio da parábola que estudamos hoje
precisamos compreender o perigo da indiferença espiritual. Alguns pensam que
podem confessar que amam a Deus com seus lábios e, ao mesmo tempo, viverem com
o coração distante dEle. Pensam poder encontrar a Deus prescindindo de Cristo.
Outros há que supostamente vivem na austeridade da Lei, mas não querem receber
a Jesus. A obediência deve estar ligada à vontade de Deus. Para sair da
indiferença espiritual, o ser humano precisa receber aquEle que Deus enviou ao
mundo. A Pessoa de Cristo separa de forma bastante clara a humanidade perdida,
composta até mesmo por religiosos que dizem fazer a vontade de Deus, mas não a
fazem, daqueles que serão admitidos no Reino. O caminho é arrepender-se
demonstrando isso com a consequente mudança de atitude, em direção à obediência
a Deus.
Entendo que a vida cristã possui altos e baixos, no
entanto, não há possibilidade de haver um crente, nascido de Deus, cheio do
Espírito Santo, que haja como o segundo filho da parábola, isso porque, seria
um contracenso. Paulo fala em Romanos 8.2 que “Porque a lei do Espírito da
vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte”. A lei do
Espírito é uma referência ao Espírito Santo, que potencializa o nosso espírito
renovado. O propósito da vinda de Cristo foi fazer que a justiça da Lei se
cumprisse em nós. O cristão cumpre integralmente a exigência da Lei — o amor
(Rm 13.8-10). Ou seja, estamos sob a Lei, mas estamos em Cristo e caminhamos
segundo o Espírito.
Existem no mundo dois tipos de pessoas: os que
buscam a face do Senhor e os que vivem como se Ele não existisse. O primeiro
grupo é selado, o segundo é nosso alvo de evangelismo. O primeiro busca agradar
Aquele que o alistou para a guerra, o segundo está sem poder enxergar o perigo
que correm. O primeiro grupo obedece, o segundo grupo, pode até estar em nosso
meio, mas não é capaz de responder com obediência.
“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a
tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome
sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16).
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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