sexta-feira, 28 de setembro de 2018

LIÇÃO 14: ENTRE A PÁSCOA E O PENTECOSTES



SUBSÍDIO I

Princípios de um Autêntico Avivamento

Se você me perguntar qual o maior avivamento da história da Igreja Cristã, responder-lhe-ei que é o pentecostal. Não quero, com a minha resposta, desmerecer a reforma de Lutero, na Alemanha, ou a iniciativa de John Wesley, na Inglaterra.
Todavia, quando comparo ambos os movimentos ao pentecostal, vejo-me obrigado a reconhecer que este é maior e mais abrangente do que aqueles. Mas reconheço, igualmente, que sem o labor de Lutero e Wesley, nossos pais-fundadores, Daniel Berg e Gunnar Vingren, nada poderiam ter feito. No Reino de Deus, há uma santa e desejável interdependência. Todos dependemos de todos. Em meio a essas considerações, procuremos uma definição de avivamento.

O que é o avivamento

Quando nos propomos a definir o avivamento de acordo com a história e a tradição da Igreja Cristã, deparamo-nos, logo de início, com um incômodo problema de nomenclatura e semântica. Afinal, a palavra certa é “avivamento” ou “reavivamento”? Costumamos usá-las invariavelmente; temo-las por sinônimos. Todavia, há uma diferença substancial entre ambas.
Avivamento diz respeito a um organismo que, embora não esteja morto, ainda precisa experimentar a vida em sua plenitude. Foi o caso dos discípulos de Cristo. Antes do Pentecostes, não estavam mortos; tinham já o Espírito Santo a dirigir-lhes, inclusive, a escolha do sucessor de Judas Iscariotes. O próprio Jesus já havia assoprado, neles, a promessa do Consolador: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20.22).
Conquanto já vivessem eles como apóstolos e discípulos de Jesus, não haviam sido avivados, pelo Espírito Santo, como Igreja de Cristo. Isso só haveria de acontecer no Dia de Pentecostes, em Jerusalém, conforme o relato de Lucas, no capítulo dois de Atos.
O reavivamento, por seu turno, concerne à igreja que, em consequência de seus pecados e iniquidades, morreu organicamente e, agora, já começa a falecer como organização. Haja vista o ocorrido com a congregação de Sardes, a qual o Senhor Jesus endereça uma carta sobrecarregada de urgências: “Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto. Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus” (Ap 3.1,2, ARA).
Essa igreja, sim, necessitava urgentemente de um reavivamento espiritual, porque sobrevivia apenas no âmbito material. O que a tornava visível era a sua burocracia, membresia e clero.
Na morte de uma igreja, desaparece o ministério e surge o clero; os membros do corpo de Cristo fazem-se logo membresia e clientela; o que era obrigação espiritual desponta, agora, como burocracia pesada e custosa; o que era esperança cristã transforma-se numa mera agenda social e política. Uma igreja, nessas condições, precisa, sim, de um urgente reavivamento.
Portanto, o avivamento coube à Igreja Cristã que, no dia de Pentecostes, passou a viver na força e no poder do Espírito Santo. Ela foi avivada e não reavivada, pois não estava morta; apenas não havia nascido. Quanto ao reavivamento, cabe a igrejas e congregações como a de Sardes que, apesar de já terem experimentado a vida em Cristo, deixaram-se morrer espiritual e ministerialmente. Tais rebanhos carecem de um reavivamento poderoso, para que voltem à vida. Caso contrário, morrerão; logo estarão a cheirar mal.
Embora haja diferenças entre os termos “avivamento” e “reavivamento” podemos, teologicamente, usar um pelo outro, a fim de descrever o movimento do Espírito Santo numa igreja local, objetivando levá-la a experimentar novamente a vida que somente Jesus Cristo pode nos dar.
Portanto, o avivamento ou reavivamento, é a operação sobrenatural do Espírito Santo, na Igreja de Cristo, cujo principal objetivo é reconduzi-la à sua condição primordial de corpo espiritual do Filho de Deus. Essa ação do Espírito Santo só é possível por intermédio destes fatores: retorno à Palavra de Deus, à oração, à santidade, à comunhão e ao serviço cristão.


ANDRADE, Claudionor de. Adoração, Santidade e Serviço: Os Princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018. 

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Na última lição deste trimestre, veremos que, das festividades do Antigo Testamento, as duas mais emblemáticas para o crente em Jesus Cristo são a Páscoa e o Pentecostes. Tendo em vista esses dois marcos da verdadeira fé, afirmou o evangelista norte-americano Stanley Jones (1884-1973): “A vida do cristão começa no Calvário, mas o trabalho eficiente no Pentecostes”. Sem a Páscoa não pode haver Pentecostes. E, sem o Pentecostes, a Páscoa perde a sua eficácia. Isso significa que duas são as experiências indispensáveis ao discípulo de Jesus: a salvação e o batismo com o Espírito Santo. Através do Evangelho completo, podemos reviver a experiência da Igreja Primitiva, que apregoava ousadamente que Jesus Cristo salva, batiza com o Espírito Santo, cura as enfermidades, opera sinais e maravilhas e, em breve, virá nos buscar.
No Antigo Testamento encontramos três festas: a Páscoa, celebrada junto à dos Ázimos ou Asmos; a Festa das Colheitas ou Semanas que, a partir do domínio Grego, recebeu o nome de Pentecostes, cujo significado é cinquenta dias depois (da Páscoa); e a festa dos Tabernáculos ou Cabanas (Ex 23.14-17; 34.18-23). Desde que Israel partiu do Egito em cerca de 1445 a.C., o povo hebreu (posteriormente chamado “judeus”) celebra a Páscoa todos os anos, na primavera (em data aproximada da sexta-feira santa). No Antigo Testamento podemos ver tipos e figuras de Cristo sendo morto, como no animal que Deus mata para fazer as vestes de peles para Adão e sua mulher, nos milhões de animais sacrificados ao longo da história de Israel e no cordeiro pascal; todos são apenas figuras ou sombras do Cordeiro que viria. Quando Jesus é chamado de Cordeiro de Deus em João 1.29 e 36, é uma referência ao fato de que Ele é o sacrifício perfeito e definitivo pelo pecado. Para podermos compreender quem Cristo era e o que Ele fez, precisamos começar no Velho Testamento, onde encontramos as profecias sobre a vinda de Cristo como “expiação do pecado” (Is 53.10). Na verdade, o sistema de sacrifícios estabelecido por Deus no Velho Testamento preparou o terreno para a vinda de Jesus Cristo – o perfeito sacrifício que Deus providenciou como expiação pelos pecados de Seu povo (Rm 8.3; Hb 10). Na verdade, o sacrifício do cordeiro da páscoa e o processo de marcar com sangue as ombreiras e as vergas da porta das casas para o anjo da morte passar pelas pessoas que estavam “cobertas pelo sangue” (Êx 12.11-13) é um lindo retrato do trabalho expiatório de Cristo na cruz.

I. CRISTO, NOSSA PÁSCOA
                                
Tanto para os cristãos quanto para os judeus, a Páscoa é considerada a primeira grande festa da Bíblia Sagrada. Se, por um lado, celebra a libertação nacional de Israel; por outro, simboliza a redenção humana através de Jesus Cristo.
No antigo Israel encontramos três grandes festas de peregrinação: a Páscoa (ou festa dos pães ázimos), o Pentecostes  (ou festa das semanas) e Tabernáculos (ou festa das tendas).

1. Definição. A palavra “páscoa” origina-se do vocábulo hebraico pesah que, etimológica e tipologicamente, pode ser definida como a passagem da escravidão à liberdade. Essa interpretação cabe tanto à nação hebreia como ao crente em Jesus Cristo. Conhecida também como a festa dos pães ázimos, a Páscoa é a mais importante festividade da Bíblia Sagrada, porque marca a primeira aliança formal entre Deus e o seu povo (Êx 24.7,8).  
Muito se discute a respeito da palavra hebraica pessah (pronuncia-se pessar). Sua etimologia normalmente é buscada na palavra passah (saltar, pular). Há quem sugira ligação com o acádio pašâhu (acalmar, apaziguar). Outros defendem que seja a transcrição de uma palavra egípcia que significa “golpe”, uma referência a décima praga (em Ex 1,1 é dito que Yahweh desferirá “ainda mais um golpe sobre Faraó”).

2. Cerimônia pascoal. No capítulo 12 de Êxodo, a cerimônia pascoal é detalhada com rígidas recomendações, a fim de que os hebreus jamais se esquecessem de seu real significado (Êx 12.12). No décimo dia do primeiro mês, cada família hebreia tomava um cordeiro, ou cabrito, macho de um ano e sem defeito, para imolá-lo no décimo quarto dia (Êx 12.6). O sacrifício deveria ser comido reverentemente com pães ázimos e ervas amargas (Êx 12.8). 
Falar de origem da Páscoa é entrar no campo das suposições, pois não há dados suficientes que ajudam a esclarecer sobre essa celebração no período pré-mosaico. Todavia, os textos do Antigo Testamento fornecem indicações que a Páscoa, em suas origens, foi um ritual ou cerimônia que incluía as seguintes características:
a) O ritual era realizado no seio da família ou clã; não tinha altares, santuários e sacerdotes ou qualquer influência do culto oficial;
b) Era celebrado por pastores nômades ou seminômades;
c) O ato central desse ritual era o sacrifício de um jovem animal do rebanho de cabras ovelhas;
d) A cerimônia ocorria no fim da primavera e início do verão (mês de abril), numa noite de lua cheia;
e) O ritual da celebração pascal incluía as seguintes etapas:
- Retirava-se o sangue do animal,
- Ungia a entrada das cabanas com o sangue do animal,
- Assava a carne do animal,
- Com a carne assada, fazia um grande banquete para a família reunida,
- O banquete oferecido incluía a presença de pães ázimos ou asmos, ervas amargas nascidas no deserto,
- A celebração da Páscoa exigia dos participantes desse ritual as seguintes
posturas:
Ter uma atitude de marcha e pressa,
Usar vestimenta para viagem,
Ter as vestes amarradas na cintura,
Atar as sandálias nos pés,
Ter o cajado de pastor na mão.
f) Parece que o objetivo dessa cerimônia era pedir proteção divina, para a família e o seu rebanho de animais menores contra o exterminador (no hebraico, maxehit - Ex 12.13, 23) ou saqueador, bando de destruição (1 Sm 13.17; 14.15; Pr 18.9). O exterminador maxehit pode ser qualquer tipo de agressor, desgraça, enfermidade, peste ou acidente que poderia ocorrer com qualquer membro da família ou os seus animais.
g) Provavelmente, esse ritual foi celebrado por Abraão, Isaac e Jacó, pois eles eram pastores. A cada ano, na primavera, quando o vento quente do deserto, anunciando o verão, atingia e queimava as parcas pastagens das ovelhas, os pastores, suas famílias, bem como os seus rebanhos eram obrigados a buscar outros lugares para dar de comer as suas ovelhas”. (PORTAL METODISTA)

3. Simbologia. Como já dissemos, a Páscoa simboliza tanto a redenção de Israel como a dos gentios, pois, através de Jesus Cristo, ambos os povos fizeram-se um (1 Co 12.13). Eis por que o Senhor Jesus foi identificado, desde o início de seu ministério, como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29,36; Ap 5.6). Ele é o sacrifício dos sacrifícios. A simbologia redentora da Páscoa ganha vida e expressão na celebração da Santa Ceia (1 Co 11.23-31). Levemos em conta, também, que o Senhor Jesus foi crucificado durante a celebração pascal (Mt 26.2). Ele é o nosso Cordeiro Pascal (1 Co 5.7). 
A Páscoa judaica foi estabelecida por Deus enquanto o povo de Israel ainda vivia no Egito em comemoração ao livramento dos seus primogênitos através do sangue do cordeiro passado nos umbrais das portas dos israelitas. (Êx 12.27). “Celebrar a Páscoa é resgatar os atos salvíficos de Deus no passado, acreditando que Ele possa fazer o mesmo, entre nós, no dia de hoje. A memória do passado salvífico - seja da libertação no Egito, seja da vida e obra de Jesus Cristo - restaura as forças dos/as crentes celebrantes para o testemunho”. (PORTAL METODISTA). Para os cristãos, a Páscoa representa a Ressurreição de Cristo. Para os judeus, representa a libertação da escravidão, do que decorre que ambas culturas celebram a esperança e o surgimento da nova vida.

SUBSÍDIO DIDÁTICO
                               
Professor(a), para iniciar o primeiro tópico da lição faça a seguinte indagação: “O que significa a palavra Páscoa?” Ouça os alunos com atenção e explique que significa “passar por”. Utilizando o quadro abaixo, explique o significado dessa celebração para os egípcios, judeus e cristãos. Conclua enfatizando que a Páscoa nos fala do sacrifício de Cristo, nosso Cordeiro Pascal.

II. O PENTECOSTES, A FESTA DAS PRIMÍCIAS

Sem a Páscoa não pode haver Pentecostes. Isto significa que, sem a experiência pascal, as primícias não têm qualquer significado diante de Deus. O sangue do Cordeiro é imprescindível à nossa redenção (Hb 10.18).
1. Definição. A festa de Pentecostes, celebrada 50 dias após a Páscoa, recebe as seguintes designações: festa das colheitas, das semanas, das primícias (Êx 34.22,26). Enquanto a Páscoa era uma cerimônia doméstica, o Pentecostes era uma celebração pública, na qual toda a nação louvava a Deus por sua suficiência; era também o momento de se exercer a misericórdia e o serviço social (Dt 16.10; Rt 2.1-3). 
Pentecostes não é o nome próprio da segunda festa do antigo calendário bíblico, no Antigo Testamento (Ex 23.14-17; 34.18-23). Originalmente, essa festa é referida com vários nomes:
    Festa da Colheita ou Sega - no hebraico hag haqasir. Por se tratar de uma colheita de grãos, trigo e cevada, essa festa ganhou esse segundo nome. Provavelmente, hag haqasir Festa da Colheita é o nome original (Ex 23.16).
    Festa das Semanas - no hebraico, hag xabu´ot. A razão desse nome está no período de duração dessa celebração: sete semanas. O início da festa se dá, cinqüenta dias depois da Páscoa, com a colheita da cevada; o encerramento acontece com a colheita do trigo (Dt 34.22; Nm 28.26; Dt 16.10).
    Dia das Primícias dos Frutos - no hebraico yom habikurim. Este nome tem sua razão de ser na entrega de uma oferta voluntária, a Deus, dos primeiros frutos da terra colhidos naquela sega (Nm 28.26). Provavelmente, a oferta das primícias acontecia em cada uma das três tradicionais festas do antigo calendário bíblico. Na primeira, Páscoa, entregava-se uma ovelha nascida naquele ano; na segunda, Colheita ou Semanas, entregava-se uma porção dos primeiros grãos colhidos; e, finalmente, na terceira festa, Tabernáculos ou Cabanas, o povo oferecia os primeiros frutos da colheita de frutas, como uva, tâmara e figo, especialmente.
    Festa de Pentecostes. As razões deste novo nome são várias: (a) nos últimos trezentos anos do período do Antigo Testamento, os gregos assumiram o controle do mundo, impondo sua língua, que se tornou muito popular entre os judeus. Os nomes hebraicos - hag haqasir e hag xabu´ot - perderam as suas atualidades e foram substituídos pela denominação Pentecostes, cujo significado é cinqüenta dias depois (da Páscoa). Como o Império Grego assumiu o controle do mundo, em 331 anos antes de Jesus, é provável que o nome Pentecostes ganhou popularidade a partir desse período.” (‘A festa de Pentecostes no Antigo Testamento’. Estudo produzido pelo prof. Tércio Machado Siqueira, professor de Antigo Testamento da FaTeo. Disponível em: http://portal.metodista.br/fateo/materiais-de-apoio/estudos-biblicos/a-festa-de-pentecostes-no-antigo-testamento. Acesso em: 24 Set, 2018)

2. O cerimonial. Em santa convocação, na qual todos deveriam apresentar-se a Deus de forma jubilosa, Israel apresentava a Deus as primícias de suas colheitas (Dt 16.11). A cerimônia tinha início no exato instante em que a foice punha-se a ceifar a seara (Lv 23.21; Dt 16.9). No momento mais solene, o adorador “movia o molho perante o Senhor” (Lv 23.11). 
Enquanto a Páscoa era uma festa caseira, Colheita ou Semanas ou Pentecostes era uma celebração agrícola, originalmente, realizada na roça, no lugar onde se cultivava o trigo e a cevada, entre outros produtos agrícolas. Posteriormente, essa celebração foi levada para os lugares de culto, particularmente, o Templo de Jerusalém. Os muitos relatos bíblicos não revelam, com clareza, a ordem do culto, mas é possível levantar alguns passos dessa liturgia:
    a cerimônia começava quando a foice era lançada contra as espigas (Dt 16.9). É bom lembrar que deveria ser respeitada a recomendação do direito de respigar dos pobres e estrangeiros (Lv 23.22; Dt 16.11);
    a cerimônia prosseguia com a peregrinação para o local de culto (Ex 23.17);
   o terceiro momento da festa era a reunião de todo o povo trabalhador com suas famílias, amigos e os estrangeiros (Dt 16.11). Essa cerimônia era chamada de "Santa Convocação" (Lv 23.21). Ninguém poderia trabalhar durante aqueles dias, pois eram considerados um período de solene alegria e ação de graças pela proteção e cuidado de Deus (Lv 23.21);
    no local da cerimônia, o feixe de trigo ou cevada era apresentado como oferta a Deus, o Doador da terra e a Fonte de todo bem (Lv 23.11).
    Os celebrantes alimentavam-se de parte das ofertas trazidas pelos agricultores;
    As sete semanas de festa incluíam outros objetivos, além da ação de graças pelos dons da terra: reforçar a memória da libertação da escravidão no Egito e o cuidado com a obediência aos estatutos divinos (Dt 16.12).
Observação: Era ilegal usufruir da nova produção da roça, antes do cerimonial da Festa das Colheitas (Lv 23.14).” (‘A festa de Pentecostes no Antigo Testamento’. Estudo produzido pelo prof. Tércio Machado Siqueira, professor de Antigo Testamento da FaTeo. Disponível em: http://portal.metodista.br/fateo/materiais-de-apoio/estudos-biblicos/a-festa-de-pentecostes-no-antigo-testamento. Acesso em: 24 Set, 2018)

3. A simbologia. Para nós, pentecostais, as primícias representam as almas que, através do evangelismo e das missões, apresentamos ao Senhor Jesus Cristo. Aliás, Ele mesmo comparou o ganhar almas ao semear e ao ceifar (Mt 13.1-8,37; Jo 4.35). 
O Pentecostes foi a primeira vez que os discípulos receberam o Espírito Santo e pregaram o evangelho completo. Também marcou o início da expansão da igreja, que continua até hoje. O Pentecostes no Velho Testamento era um símbolo apontando para o Pentecostes do Novo Testamento. Naquele dia, os discípulos fizeram a primeira grande “colheita” do evangelho (At 2.40-41). Também nesse dia foi anunciado aos judeus a nova Lei de Deus: a lei da graça a da salvação em Jesus.” (O que Respondi. Disponível em: https://www.respostas.com.br/o-que-e-o-pentecostes/. Acesso em: 24 Set, 2018)

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

“Pentecostes Pentecostes era a segunda das três grandes festas de Israel (Dt 16.16). A palavra grega Pentecostes (pentkostes) significa ‘quinquagésimo’, referindo-se ao quinquagésimo dia depois da oferta de manjares durante a Festa dos Pães Asmos. Outro título pelo qual esta festa é conhecida é a Festa das Semanas, que se refere a sete semanas após a oferta das primícias; a Festa da Colheita (Êx 23.16), referindo-se à conclusão das colheitas de grãos; o dia das primícias (Nm 28.26), falando das primícias de uma colheita terminada, e mais tarde os judeus a chamaram solenemente de assembleia, que foi aplicado ao encerramento da festa da estação da colheita. Embora as Escrituras não afirmem especificamente seu significado histórico, elas parecem indicar basicamente uma festa da colheita. A hora avaliada do Pentecostes é o quinquagésimo dia ‘no dia imediato ao sábado’ ou ‘ao seguinte dia do sábado’ (Lv 23.11,15), uma sentença que é cronologicamente problemática. Na época das primícias, os israelitas trariam ao sacerdote seus primeiros frutos, e ele os ofereceria ao Senhor agitando os molhos (Lv 23.9-14; Nm 18.12,13; Dt 26). Esta parece ter sido uma oferta de gratidão antecipada pela bênção que o Senhor concederia às colheitas. No Pentecostes, 50 dias depois das primícias, o sacerdote tomaria um molho das primícias da sega, e dois pães levedados, e os moveria perante o Senhor. Isto marcaria o final da colheita. As outras cerimônias ligadas a esta festa estão descritas em Levítico 23.15-22. Em Números 28.26, o Pentecostes é chamado tanto de Festa das Semanas como de Festa das Primícias. Esta Festa das Primícias não deve ser confundida com as primícias oferecidas durante os dias dos pães asmos” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 7.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, pp. 1500,1501).

III. O DIA DE PENTECOSTES

Se o Senhor Jesus Cristo não tivesse sido imolado como o nosso Cordeiro Pascal, aquele dia de Pentecostes, em Jerusalém, não teria qualquer sentido para nós, gentios. Todavia, a Páscoa de Cristo tornou real o Pentecostes do Espírito.
1. Cristo, o Cordeiro Pascal. O Senhor Jesus foi crucificado durante a Páscoa (Mt 26.2). Mas, ao terceiro dia, eis que Ele ressurgiu de entre os mortos, recebendo toda a autoridade nos céus e na terra (Mt 28.1-8). Ele é as primícias dos mortos, por ser Ele mesmo a ressurreição e a vida (Jo 11.25; 1 Co 15.20-23). Já ressurreto e prestes a ascender ao céu, o Senhor Jesus prediz a grande colheita que viria através da descida do Espírito Santo (At 1.8). Portanto, os discípulos deveriam esperar em Jerusalém a chegada do Consolador (Lc 24.49). 
Há uma relação direta entre a Páscoa celebrada pelos judeus no Egito e a consumação da obra de Cristo. No Egito, Deus ordenou que seu povo sacrificasse um cordeiro e que marcasse a porta de suas casas com o seu sangue. Desse modo, Deus os livraria da morte (Êx 12). Hoje, através do sangue de Jesus Cristo derramado na cruz, nós também somos livrados da morte. Deus, ao “passar por cima”, vê sobre nós o sangue de seu Filho perfeito (Cl 1.20), de modo que nenhuma condenação há sobre nós (Rm 8.1).

2. O Pentecostes do Espírito Santo. Passados cinquenta dias, desde a morte de Cristo, ocorrida na Páscoa, eis que os discípulos recebem o Espírito Santo em pleno dia de Pentecostes (At 2.1-4). Cheios do Espírito, falaram noutras línguas, enunciando aos peregrinos que visitavam Jerusalém, as grandezas de Deus (At 2.7-11).
Nesta festa dois pães eram trazidos para oferta de movimento. Esta festa tem o seu cumprimento na história humana no dia de Pentecostes com o derramamento do Espírito Santo sobre a Igreja, no seu início. Os dois pães apresentados são um simbolismo dos judeus e gentios, que são unidos através do Espírito Santo para formarem a Igreja do Senhor. Esta era uma festa de agradecimento a Deus pelo início da colheita do trigo.

3. As primícias da Igreja Cristã. Nesse momento, levanta-se Pedro com os demais apóstolos e proclama o Evangelho de Cristo. E, como resultado de sua mensagem, quase três mil pessoas convertem-se (At 2.41). Dessa forma, as primícias da Igreja Primitiva são apresentadas a Deus Pai. 
“Enquanto todos os apóstolos pregaram naquele dia (veja 2:4,7,15,37), temos o relato somente da mensagem de Pedro
- Ele explicou o sinal das línguas como cumprimento da profecia de Joel (2:14-21)
- Ele negou a acusação de que eles estavam embriagados
- Ele disse que estava sendo cumprida a profecia de Joel sobre o derramamento do Espírito Santo (veja Joel 2:28-32)
Deus prometeu, através de Joel, derramar seu Espírito sobre toda a carne, revelando sua vontade por profecias e visões
Ele predisse sinais de julgamento (sangue, fogo, escuridão)
Ele falou que aqueles que invocassem o nome de Senhor seriam salvos (veja Romanos 10:12-13, onde Paulo cita esta parte da profecia para mostrar que os gentios seriam salvos junto com os judeus)
- Baseando sua mensagem nas profecias do Velho Testamento sobre o Cristo, Pedro pregou sobre a morte, ressurreição e ascensão de Jesus (2:22-36)
- Jesus foi aprovado por Deus e rejeitado pelos judeus (2:22-23)
Pedro afirmou que os milagres de Jesus mostraram que Deus o aprovou
Ele disse que Deus tinha entregue Jesus para ser crucificado
Mas o povo tinha culpa: Os judeus o crucificaram "por mãos de iníquos"
- Jesus foi ressuscitado pelo Pai (2:24)
 - A ressurreição cumpriu a profecia feita por Davi quase 1.000 anos antes (2:25-31; veja Salmo 16:8-11)
Esta profecia predisse que Jesus morreria com confiança que o Pai o ressuscitaria
A morte não conseguiu vencer Jesus-
Pedro mostrou que Davi não tinha profetizado sobre si mesmo, porque ele morreu e não ressuscitou
Davi profetizou sobre um dos seus descendentes, falando da ressurreição de Cristo
- Pedro afirmou que Jesus foi ressuscitado e exaltado à destra do Pai (2:32-35)
Os apóstolos foram testemunhas de Cristo ressuscitado
Jesus foi exaltado e então derramou o Espírito Santo
- Na conclusão da sua mensagem, Pedro afirmou que o mesmo Jesus que foi crucificado pelos judeus foi ressuscitado e exaltado pelo Pai para ser Senhor e Cristo (2:36)” (Lição 2 Pedro Prega no Dia de Pentecostes. Disponível em: https://www.estudosdabiblia.net/b03_3.htm. Acesso em: 24 Set,2018)

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

“O dia de Pentecostes é comemorado cinquenta dias após a Páscoa. Originalmente era celebrada a festa da colheita (Lv 23.15,16). No Novo Testamento também é comemorada a entrega da Lei a Moisés, no Sinai. Três fenômenos ocorreram conjuntamente e concorreram para que a descida do Espírito Santo no Pentecostes se constituísse um evento único e inquestionável: 1) o vento veemente e impetuoso; 2) as línguas visíveis de fogo que pousaram sobre cada um dos crentes e 3) falavam em ‘outras línguas’. Não há qualquer registro desses três acontecimentos, em conjunto, em qualquer outro momento” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 9.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 709).

CONCLUSÃO

Sem a Páscoa, o Pentecostes seria impossível. E, sem o Pentecostes, a Páscoa não seria eficaz. Não podemos esquecer nossas raízes pentecostais. Que jamais deixemos de proclamar que Jesus Cristo batiza com o Espírito Santo e com o fogo (Lc 3.16). Somente assim, dentro em breve, apresentaremos uma grande colheita, ao Senhor da Seara, em nosso país, na América Latina, na África, na Europa. Enfim, até aos confins da terra. 
A festividade judaica do Dia de Pentecostes assume novo significado em At 2, pois é o dia no qual o Espírito Santo prometido desce em poder e torna possível o avanço do evangelho até aos confins da terra. A profecia de Joel 2.23 prediz a “chuva temporã” e a “serôdia”, e o mesmo está dito em Tg 5.7,8: “Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia. Sede vós também pacientes, fortalecei os vossos corações; porque já a vinda do Senhor está próxima”. Como é notório, muitas inovações, modismos e práticas descabidas e antibíblicas vêm afetando o genuíno movimento pentecostal, é urgente voltarmos sempre ao cenáculo para receber mais poder (Ef 5.18), mas igualmente, manter a sã doutrina do Senhor (Tt 2.1,7; 1Tm 4.16).

“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16).

Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

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