sexta-feira, 14 de setembro de 2018

LIÇÃO 12: OS PÃES DA PROPOSIÇÃO


SUBSÍDIO I

Uma Breve História do Pão

Nas linhas a seguir, esboçaremos rapidamente a história do pão que, conforme já dissemos, é o mais universal dos alimentos. Nos mais diversos formatos e nos mais variados sabores, é encontrado em todas as sociedades. Feito de trigo, de cevada ou de milho, o pão orna a mesa do rico e não deixa de embelezar a mesa do pobre. Comecemos por estudar essa palavra tão abençoada. 

A origem da palavra “pão”

A palavra “pão”, em português, origina-se do substantivo latino panis que, por seu turno, provém de um termo antiquíssimo: pa, que significa nutrição.
Para os romanos, acostumados ao amanho do trigo, o pão é aquilo que nutre o homem. Acredito que, desse conceito, ninguém discorda. Hoje mesmo, antes de assentar-me a escrever, precisei alimentar-me com uma gostosa fatia de pão integral. A partir daí, ganhei forças e disposição para dar sequência a este trabalho. Senhor, ajuda-me.    

A origem do pão

A história tem o Egito como a primeira padaria do mundo. Ali, às margens do Nilo, onde a fertilidade já era proverbial há cinco mil anos, os trigais espalhavam-se do Alto ao Baixo Egito. E, muito cedo, o egípcio veio a descobrir que o grão do trigo, se esfarinhado, levedado e levado ao forno, transforma-se num alimento nutritivo e delicioso.
No Egito, havia mais de trinta variedades de pães. Ovais, cônicos ou triangulares, eram tidos como a iguaria predileta dos deuses. Conta-se que o Faraó Ramsés III (1194 – 1163 a.C.) teria ofertado aos ídolos mais de duzentos mil pães.
Os padeiros tornaram-se tão requisitados no Egito, que não demoraram a organizar suas guildas e aquilo que, modernamente, chamamos de sindicato. Eram orgulhos de seu ofício; exigentes ao extremo. Às vezes, insuportáveis. Não foi sem motivo que o Faraó, nos dias de José, filho de Jacó, mandou executar o seu padeiro-mor. 
Antes de avançarmos, neste tópico, ressalvamos que há uma leve controvérsia quanto à origem do pão. Para alguns historiadores, este alimento teria surgido não no vale do Nilo, mas no vale entre os rios Tigre e Eufrates. Mas, se perguntarmos a um chinês acerca da proveniência do pão, é bem provável que ele nos responda que este não proveio nem do Egito, nem da Mesopotâmia, mas apareceu no vale do rio Huang He. Não obstante as controvérsias acadêmicas, o certo é que o pão aí está, em nossas mesas, todos os dias. Obrigado, Senhor.

O pão em Israel

Antes mesmo de os israelitas descerem ao Egito, precedidos por José e liderados por Jacó, o pão já fazia parte da dieta hebreia. A primeira referência que aparece, na Bíblia, acerca do pão é feita pelo próprio Deus ao disciplinar Adão: “No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás” (Gn 3.19, ARA). Até aquele momento, o homem não havia precisado amanhar a terra para arrancar dela o seu sustento; vivia da coleta exuberante do Éden. No entanto, a partir do juízo divino, teria ele de trabalhar arduamente, a fim de prover o seu pão diário.
Teria Deus se referido indiretamente ao trigo ao mencionar o pão? Vejamos o significado dessa palavra no idioma original do Antigo Testamento. A palavra hebraicalechem significa, além de pão, alimento, refeição, comida, mantimento e, também, pão sagrado ou da proposição.
Quer direta, quer indiretamente, o Senhor alertava Adão de que, a partir de agora, teria ele de processar arduamente o seu sustento diário. E, nessa proposição, temos bem presente a palavra de Paulo aos irmãos de Tessalônica. Aos desocupados daquela congregação, afirmou energicamente o apóstolo: “Porque, quando ainda convosco, vos ordenamos isto: se alguém não quer trabalhar, também não coma” (2 Ts 3.10, ARA).
Sem trabalho não há pão; a agricultura é a base da riqueza das nações.
Acostumados a uma dieta rica e variada, os hebreus, já no final de sua estadia no Egito (cativeiro escancarado), tiveram de adaptar-se a um cardápio pobre e ralo; subsistência amarga. Nas panelas que lhes dava Faraó, havia carne e peixe; pão não havia. É o que inferimos deste lamento proferido numa das apostasias de Israel no Sinai: “Lembramo-nos dos peixes que, no Egito, comíamos de graça; dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres, das cebolas e dos alhos” (Nm 11.5).
Por que o rei do Egito não lhes dava pão? Alimento destinado à comunhão social egípcia e à liturgia dos templos faraônicos, o pão jamais poderia, no imaginário egípcio, ser destinado a uma sociedade abominável e servil como a hebreia. Então, que o trigo do Nilo fosse trazido a Rá-Atum, a Hathor e a Osíris. Quanto aos filhos de Israel, que se contentassem com o refugo da mesa de seus amos.
De acordo com nossos padrões nutricionais, a dieta descrita no murmúrio hebreu parece rica. Mas, se numa mesa israelita faltasse o pão, nenhuma refeição estaria completa.
Libertos do cativeiro, os israelitas puderam retornar à sua dieta. Como não havia trigo para alimentar toda a multidão que atravessara o mar Vermelho, os levitas houveram por bem reservar o trigo, que ainda tinham e que de alguma maneira produziam, ao uso litúrgico. Para que o povo não viesse a desnutrir-se, proveu-lhes o Senhor o maná; pão dos anjos comungado aos homens.

O pão na Grécia

O trigo começou a ser processado como pão, na Grécia, quando as várias famílias helenas, chegadas do Leste, por volta do século XII a.C, instalaram-se naquelas paragens, que, ainda hoje, são acariciadas pelos ventos elísios. Para aquela gente de terra pobre e mente rica, os cereais eram considerados um dom dos deuses. Ou, mais propriamente, de uma deusa que, embora gentil e prestativa, era malcomportada e vingativa.
Filha de Cronos e de Reia, Deméter saiu pelo mundo, na companhia de Dionísio, a ensinar os homens a plantar e a colher. Por isso, reverenciavam-na como a divindade responsável pela agricultura. Em Roma, ela receberia outro nome: Ceres; daí a palavra cereal.
Por que os egípcios, gregos e romanos atribuíam o seu sustento a deuses nulos e inúteis, e não ao Todo-Poderoso? Que eles não ignoravam a existência de Deus, todos o sabemos. Pelo menos os gregos, conforme a narrativa lucana, haviam consagrado um altar ao Deus Desconhecido. Mas, tendo eles os moradores de Heliópolis (morada dos deuses egípcios) e do monte Olimpo (albergue das divindades gregas) como mais acessíveis, pois eram estes tão dissolutos e imorais quanto aqueles, ignoravam os benefícios que, diariamente, recebiam do Senhor.
Em seu discurso em Listra, o apóstolo Paulo, depois de ser confundido com o deus Mercúrio, deixou bem patente aos moradores daquela antiga cidade da Licaônia, que a subsistência de todos os seres humanos depende unicamente do Deus Único e Verdadeiro, e não dos ídolos que, a bem da verdade, não passam de coisas bizarras e grotescas:
Senhores, por que fazeis isto? Nós também somos homens como vós, sujeitos aos mesmos sentimentos, e vos anunciamos o evangelho para que destas coisas vãs vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que há neles; o qual, nas gerações passadas, permitiu que todos os povos andassem nos seus próprios caminhos; contudo, não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas, enchendo o vosso coração de fartura e de alegria. (At 14.15,16, ARA)
Dizendo isto, relata ainda Lucas, “foi ainda com dificuldade que impediram as multidões de lhes oferecerem sacrifícios”. Que provação para Barnabé e Paulo. Como tinham suficiente maturidade, não se deixaram enredar pelo marketing do Diabo.
Em seu discurso, o apóstolo elaborou, rápida e profundamente, o que podemos chamar de teologia do pão.

ANDRADE, Claudionor de. Adoração, Santidade e Serviço: Os Princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018. 

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Os pães da proposição ficavam num dos lugares mais nobres e reservados do Tabernáculo. Ali, em frente ao candelabro de ouro, eram iluminados durante toda a noite. A simbologia é claramente cristológica: a luz do Evangelho mostra ao pecador faminto que somente Cristo pode saciar-nos plenamente. Nesta lição, veremos como Deus foi didático a Israel ao mostrar-lhe a suficiência de sua Palavra nos pães da proposição. 
É útil estudar sobre o tabernáculo e suas peças por que não apenas o Novo Testamento ensina-nos de Cristo, mas, o Velho Testamento também. Como já sabemos, o Tabernáculo possuía duas divisões, sendo a primeira o Lugar Santo, onde haviam três das sete peças de móveis feitas para o tabernáculo: o Candelabro (Êx. 37:17:23), a Mesa dos Pães (Êx. 37:10-16) e o Altar do Incenso (Êx. 30:1-8). Na mesa eram postos os pães da proposição, em número de doze (um para cada uma das doze tribos), que eram apresentados quentes cada sábado (Êx 25.30). Era uma oferta de ação de graças, e o seu nome provinha de ser posto esse pão continuamente diante da face do Senhor. Aqueles pães só podiam ser comidos legitimamente pelos sacerdotes, e unicamente no pátio do lugar santo (Lv 24.9). Todavia, uma exceção foi feita por Aimeleque, quando ele deu a Davi e aos seus companheiros os pães da proposição, que tinham sido retirados de diante do Senhor (1 Sm 21.1 a 6 – Mt 12.4). “Estes pães têm o nome 'Hapanim' (faces) derivado do fato de que possuem "duas faces". Eram moldados em forma de uma matsá grossa e quadrada, com ambos extremos dobradas para cima... D'us ordenou: "Que haja pães sobre a mesa constantemente!" A mesa nunca podia ficar vazia. Por conseguinte, os pães novos eram colocados antes dos velhos serem retirados. (Os pães permaneciam sobre a mesa mesmo quando a nação de Israel viajava.)”(CHABAD

I. OS PÃES DA PROPOSIÇÃO
                                                                 
A fim de que os pães da proposição fossem introduzidos no tabernáculo, Deus ordenou o fabrico de uma mesa especial. Quanto aos pães, deveriam estes ser preparados de acordo com uma receita bastante específica.
1. A mesa dos pães. A mesa que receberia os pães da proposição, feita de madeira de acácia, tinha essas medidas: dois côvados de cumprimento (90 centímetros), um côvado de largura (45 centímetros) e sua altura, um côvado e meio (70 centímetros) (Êx 25.23-30). A mesa, toda revestida de ouro fino, recebeu adornos da altura de quatro dedos, bastante apropriados para conter os pães sagrados. Suas argolas serviam para transportá-la. A madeira de acácia, por ser medicinal, evitava fungos e parasitas que poderiam contaminar os pães sagrados. 
Dentre as três peças do Lugar Santo, a mesa da proposição, chamada também a mesa de madeira de acácia (Ex 25.23; 37.10), a mesa pura (2Cr 13.11), a mesa do Senhor (Ml 1.12) ou simplesmente, a mesa (Hb 9.2). Confeccionada em madeira de acácia (setim) e revestida de ouro. Estes materiais nos lembram para a dupla natureza de Cristo: humana e divina. No templo, a sua importância é notada pois é determinada “a mesa que está perante a face do Senhor” (Ez 41.22). Mesas pela Bíblia representam aceitação e comunhão (II Sm 9.7-13; Lc 22.30). Essa mesa da proposição é de grande importância pois “está perante a face do Senhor.” Quem participa desta mesa tem direito a estar na presença do Senhor. Sabemos que Cristo é o Pão da Vida e por Ele temos ousadia a entrar na presença do Senhor (Hb 10.19-22). Note que as medidas e a sua altura desta mesa eram iguais à arca da propiciação que estava no Lugar Santíssimo, enquanto a sua largura e o seu comprimento eram menores do que às da arca.
A comunhão que temos em Cristo é realmente comunhão com o próprio Deus. Porém, a inteira largura e profundidade dessa comunhão são limitadas por estarmos ainda na carne, nessa peregrinação terrena. Que benção de sermos levados à presença real de Deus por Cristo, e que desafio temos em aprender tudo que podemos das glórias de Deus em Cristo (II Co 3.18; Cl 3.10). Também podemos entender pelas medidas da mesa que a mesa do pão da proposição é limitada. Não são todos os que desejam aproximar a ela que podem, mas somente o sacerdote e a sua família (Mt 12.4; Lv 24.9). Ainda mais, a participação nesta mesa não era para todos os sacerdotes e seus filhos, mas restrita para o sacerdote que ministrava e sua família. Isso claramente representa que a Ceia do Senhor, na mesa do Senhor, como ordenança da igreja seja limitada somente aos membros daquela igreja que está administrando-a (I Co 5.11-13)”. (Extraído de: O Tabernáculo. Disponível em: https://www.palavraprudente.com.br/estudos/calvin_d/tabernaculo/cap18.html. Acesso em: 10 Set, 2018).

2. Os pães da proposição. Os pães da proposição eram preparados todos os sábados pelos coatitas (1 Cr 9.32). Em sua composição, usava-se a flor da farinha de trigo (Lv 24.5). Ou seja, a parte mais fina e nobre deste produto. Depois de cozidos, eram postos em duas fileiras sobre a mesa, sendo entremeados por incenso (Lv 24.6,7). Doze pães, um para cada tribo de Israel.
Pão da proposição (em hebraico: lechem haPānīm לחם הפנים, literalmente: "Pão da Presença"), em um contexto bíblico ou judaico, refere-se aos bolos ou pães que estavam sempre presentes em uma mesa especialmente dedicada, no Templo de Jerusalém, como uma oferenda a Deus. (WIKIPÉDIA). O Dicionário Strong’s diz que “O pão da proposição significa literalmente “as faces apresentadas”” (# 6440). Este “pão sagrado” (1Sm 21.4-6) e “pão contínuo” (Nm 4.7) significa a aceitação de Deus por todos que comem e deleitam-se com Cristo (Jo 6.31-40; 10.9). O pecador arrependido que confia pela fé na vitória de Cristo sobre o pecado e a morte como a sua vitória pode com “rosto descoberto” entrar e sair e achar pastagens (Jo 10.9,10; 2Co 3.18). Graças a Deus pela aberta comunhão com Deus por Jesus Cristo.

3. A simbologia dos pães. Os pães da proposição simbolizavam a presença sempre providencial de Deus no meio de seu povo (Jr 32.38). Desta forma, os israelitas deveriam saber que o homem não vive só de pão, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus (Mt 4.4). Quanto ao pão estar acompanhado de incenso, significa isso que a presença do Senhor sempre vem acompanhada pelas orações dos santos (Ap 5.8; 8.3,4). Os pães da proposição, ou da presença, representam ainda a Palavra de Deus, que, através do Evangelho, alimenta o mundo faminto (Jo 1.1). 
Os doze pães, um para cada tribo de Israel, representados ou revelados diante do Senhor. O número doze que aparece aqui é símbolo da totalidade e autoridade apostólica. A mesa e os pães eram considerados uma coisa só, a comunhão de Cristo com sua Igreja, eis aqui outros símbolos da mesa de ouro ou dos pães da proposição:
a)- União da família sacerdotal: A Igreja e Cristo, um só Corpo, um só pão. Cristo sustenta a sua Igreja e a apresenta ao Pai continuamente (Jd 24,25).
b)- Centro da alimentação sacerdotal: Os pães foram comidos pelos sacerdotes em cada sábado, onde eram substituídos por outros novos. A Igreja é um sacerdócio que se reúne ao redor de Jesus Cristo (Sl 133).
c)- Os pães eram redondos e tinham um buraco no meio e foram assados no fogo: O pão redondo (sem começo e fim) revela o memorial eterno do intenso sofrimento (fogo) de Cristo o Pão da Vida, que foi transpassado (buracos no meio) na Cruz do Calvário (Jo 19.34-37). A melhor farinha: obtida de grãos inteiros do trigo, tinha que ser triturado até virar pó. Representam as tribulações, provações e sofrimentos do Senhor Jesus Cristo que foi esmagado e triturado para tornar-se nosso Pão da Vida. Na farinha não havia impureza, significa que não havia nenhuma impureza em Sua humanidade perfeita e sem pecado (Jo 12.24).
1. A Bíblia chama esses pães sobre a mesa de vários nomes que demonstram verdades de Cristo e de sua Igreja:
• Pão da Presença - “revelação” (1 Co 11.26).
• Pão de Deus (ERA) - “amor” (Lv 21.21).
• Pão Contínuo - (ERA) - “fidelidade” (2 Cr 2.4).
• Pão Presente - “comunhão” (Mt 18.20).
• Pão da Face - “glória” (2 Co 4.6).
• Pão da Ordem - “santidade” (1 Co 11.34).
• Pão do Memorial - “gratidão” (1 Co 26).
• Pão Transpassado - “vitória” (Jo 20.20).
Os doze pães representam as doze tribos de Israel que descansavam sobre a Mesa (Cristo) o verdadeiro “shabat” descanso. O pleno descanso somente é encontrado em sua obra consumada no Calvário. Eis aqui o significado e a mensagem que traz cada tribo de Israel, revelada na “mesa do Senhor”: Zebulon “Graça” (Ef 2.8); Ruben “Visão” (Ef 1.18); Dã “Confissão” (1 Jo 1.9); Manasses “Perdão” (Cl 1.14); Leví “Comunhão” (1 Jo 1.7); Simeão “Obediência” (Jo 8.51); Aser “Bem-Aventurança” (Mt 5.3-11); José “Vitória” (1 Jo 5.4); Issacar “Galardão” (Hb 11.6); Naftali “Conquista” (Hb 11.34); Gade “Prosperidade” (Dt 28.11) e Judá “Triunfo ou Louvor” (2 Cr 20.27). (Pr Antonio Romero Filho. A mensagem dos 12 pães asmos sobre a Mesa de Ouro do Senhor. Disponível em: http://christiannewsbrasil.blogspot.com/2015/12/a-mensagem-dos-12-paes-asmos-sobre-mesa.html. Acesso em: 10 Set, 2018).

SUBSÍDIO BÍBLICO-DIDÁTICO
                               
Prezado(a) professor(a), antes de falar a respeito da mesa e dos pães da proposição no Tabernáculo, é importante conversar com seus alunos e explicar a importância do pão na alimentação dos hebreus. Para auxiliá-lo no trabalho de pesquisa, leia os textos abaixo. Pão – “A alimentação da maioria dos hebreus era simples. Pão, azeitonas, queijo, frutas e vegetais formavam a dieta fixa. Carne só era comida em raras ocasiões. O pão era um alimento tão básico que se tornou sinônimo da própria vida. ‘Comer pão’ equivalia a ‘fazer uma refeição’. Os egípcios não podiam ‘comer pão’ com os hebreus (Gn 43.31,32). ‘Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano’ (Lc 11.3) era uma oração para a provisão diária do alimento. O pão era algo tão básico que Jesus se referiu a si mesmo como o ‘Pão da vida’ (Jo 6.35). O pão parece ter sido sempre partido, e nunca cortado com uma faca, o que fez surgir a frase ‘partir o pão’, usada em Atos 20.7 para descrever o serviço de comunhão” (GOWER, Ralph. Novo Manual dos Usos & Costumes dos Tempos Bíblicos. 2.ed. Rio de Janeiro, 2012, pp. 47,48,52).

II. A PALAVRA DE DEUS, O PÃO DA VIDA

O povo de Israel, desde o início de sua história, sempre teve uma convivência cerimonial e tipológica com o pão (Gn 14.18-20). Quer no tabernáculo quer fora do tabernáculo, o pão sempre simbolizou a presença de Deus entre o seu povo.
1. A Palavra de Deus é vida. Durante a peregrinação de Israel no Sinai, os israelitas conscientizaram-se de que nem só de pão vive o homem, mas da Palavra de Deus (Dt 8.3). Durante 40 anos, Deus os sustentou com o maná, o pão que descia dos céus, a cada manhã (Êx 16.31-35). Portanto, a presença divina era perceptível tanto no lugar Santo do Tabernáculo quanto no arraial. Todos sabiam que, apesar das asperezas do deserto, o Senhor jamais os abandonaria naquela árdua caminhada. 
Como já definido, os pães da proposição lembravam que Israel era formado de 12 tribos e as representava. O incenso que era colocado sobre os pães e posteriormente queimado (sacudiam o incenso do pão e queimavam o incenso), simbolizava a inteira consagração de Israel ao Senhor. Lendo Hebreus 9.24, entendemos que estes eram símbolos de Cristo. Jesus está diante do Pai representando-nos continuamente. Ao voltar para o Reino dos Céus levou Consigo a natureza humana. A mesa e os pães são tipo de Jesus, o Pão da Vida (Jo 6.32-33), assim como o altar do incenso representa a Cristo, como nosso intercessor e o Castiçal, representa a Cristo como a luz do mundo.
Os Pães da Proposição eram uma figura de Cristo como o pão da vida (João 6:32-33), a comida espiritual do povo de Deus. Cristo está sempre diante da face do Pai. O Incenso revelava a morte de Cristo como sendo de cheiro suave a Deus (Efésios 5:2). Assim como o pão fora feito de trigo que havia sido moído e assado, assim também o sofrimento de Cristo o capacitou para tornar-se o pão das nossas almas. O fato de haver doze pães demonstrava a identificação de Cristo para com Seu povo (ex: as doze tribos).” (Pr Ron Crisp. A Mesa dos Pães. Disponível em: https://www.palavraprudente.com.br/estudos/ron_c/guiaexodo/cap28.html. Acesso em: 10 Set, 2018)
Na verdade, pão significa "suprimento", "alimentação". Devemos lembrar que "pão" no Velho Testamento, sempre foi símbolo de suprimento alimentar, Gn 28.20, "Fez também Jacó um voto, dizendo: Se Deus for comigo e me guardar neste caminho que vou seguindo, e me der pão para comer e vestes para vestir". Ver ainda Gn 47.12; Dt 8.9; Sl 132.15. Foi por esta razão que Jesus ordenou a seus discípulos que orassem pedindo, não somente refeições diárias, mas o "pão-nosso" de cada dia, Mt 6.11, "o pão nosso de cada dia nos dá hoje"”.(Pr. José Antônio Corrêa. O LUGAR SANTO A MESA E OS PÃES ÊX 25.26-30. Disponível em: http://ibvir.com.br/tabernaculo/tabernaculo_a_mesa_e_os_paes.htm. Acesso em: 10 Set, 2018)
"Várias vezes na Escritura, a palavra de Deus é comparada com alimento que deve ser assimilado. Ezequiel, como João, experimentou uma profecia doce-amarga (Ezequiel 2:8; 3:1-3). Da mesma forma, Jeremias teve de consumir a palavra divina (Jeremias 15:16). O primeiro efeito da comunicação profética foi doce como o mel à boca, e trouxe deleite indizível a João ao ver que as predições passadas estavam prestes a cumprir-se. Foi-lhe doce ao paladar compreender que finalmente o domínio da terra passaria de Satanás para Cristo, e que uma era perversa estava prestes a terminar e uma nova era a começar. Mas então o apóstolo meditou no efeito do juízo sobre as multidões sem Deus, e pensou na ira final sob as sete taças e nos terrores do Senhor que em breve sobreviriam aos ímpios. Ao meditar no destino final dos perdidos, a angústia apertou-lhe o coração. O que lhe era doce ao paladar teria um efeito amargo para os habitantes rebeldes da terra. Sua comissão foi renovada e João teve de sair, profetizando para as multidões a respeito do juízo vindouro. O mesmo princípio está em vigor, nesta era da graça, para todos os pregadores. Uma mensagem dada por Deus deve ser recebida e absorvida em seu próprio ser. A verdade de segunda mão e não experimentada nunca é dinâmica. Tanto a doçura como a amargura de um evangelho revelado por Deus devem fazer parte do treinamento espiritual dos arautos. A verdade que eles têm deleite em receber exige a morte da vida do ego e o sabor amargo das durezas e desapontamentos de ser testemunhas verdadeiras".(SHEED, Russel. O Novo Dicionário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. II, pág. 613.).

2. A Palavra de Deus é o nosso sustento diário. Além do pão, Deus proporcionava cotidianamente ao seu povo água, direção, proteção e iluminação (Êx 13.21; 15.22-27; 17.1-16). Por conseguinte, os israelitas eram sustentados, orientados e protegidos pelo Senhor a cada dia. À semelhança de Davi, eles podiam declarar que o Senhor era o seu pastor; nada lhes faltava (Sl 23.1). 
Estes pães também nos lembram da Palavra de Deus agindo em nossas vidas. Observe que a Palavra de Deus deve ser também ingerida pelos filhos de Deus (“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. Jr 15.16). Note que esta mesma Palavra pode ser amarga em nosso ventre, em virtude de seu poder corretivo (Ap 10.10).

3. A Palavra de Deus é o nosso sustento específico. Na mesa do Tabernáculo, havia, como já vimos, doze pães distribuídos em duas fileiras, sendo um pão para cada tribo de Israel (Lv 24.6). Entre as fileiras de pães, o incenso (Lv 24.7). O que isso significa? Antes de tudo, que Deus alimenta o seu povo tanto coletiva quanto individualmente. Ele conhece perfeitamente nossas necessidades (Sl 103.14; Mt 6.8). O que podemos inferir desta lição? Deus tem uma comida personalizada para mim, para você e para cada servo seu em particular. 
Cristo é o Pão (Jo 6.35, 48, 53-58, 63). Para o mundo e para nós mesmos morremos, mas por Ele vivemos (Gl 2.20).
Não é por acaso que o Senhor ao instituir a sua Ceia, coloca como um dos elementos, o pão, que simboliza o Seu corpo que foi partido na cruz, e que deve ser ingerido por todos aqueles que foram regenerados pela sua graça, Mt 26.26, "Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, abençoando-o, o partiu e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo". Embora seja a Ceia uma ordenança para manter a união e comunhão do povo de Deus, também nos fala de alimento espiritual! É por esta razão que Jesus no Evangelho de João afirma que a sua carne é "comida" e seu sangue é "bebida", "55 Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. 56 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. 57 Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim".”.(Pr. José Antônio Corrê. O LUGAR SANTO A MESA E OS PÃES ÊX 25.26-30. Disponível em: http://ibvir.com.br/tabernaculo/tabernaculo_a_mesa_e_os_paes.htm. Acesso em: 10 Set, 2018)

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

“Em Levítico 24.5-9 somos instruídos com relação à fabricação do pão, tipo de farinha, quantidade, o arranjo do pão sobre a mesa, bem como quem deve comê-lo. Os pães deveriam ser feitos de farinha fina e são símbolo de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (Jo 6.35). A Palavra de Deus é o Pão da Vida para nós. A cada sábado era colocado pão fresco na Mesa da Proposição, doze pães em duas pilhas organizadas contendo seis cada. Bem-aventurados são aqueles que diariamente se alimentam da Palavra. Quando se ajuntarem no Dia do Senhor, encontrarão um novo suprimento de Pão da Vida esperando por eles. O pão que se retirava da mesa seria comido por Arão e seus filhos em um lugar santo. Tomar tempo para alimentar a alma com a Palavra Viva é essencial à nossa experiência. ‘Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti’ (Sl 119.11). Muitas vezes o salmista usa a palavra ‘Selá’ para lembrar-nos de meditar na Palavra” (SPRECHER, Alvin. Tabernáculo no Deserto: O lugar do seu encontro com Deus. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, p. 115,116).

III. JESUS CRISTO, O PÃO QUE DESCEU DO CÉU

Os pães da proposição são o mais perfeito símbolo do Senhor Jesus Cristo, pois a sua missão, neste mundo, foi (e sempre será) alimentar-nos com a Palavra de Deus (Jo 1.1).
1. Jesus, o pão da vida. O Senhor Jesus, através de sua palavra, revela-se como a água e o pão da vida (Jo 4.13,14; 8.32; Ap 7.17). Certa vez, Ele foi tão claro acerca de sua missão redentora, que levou alguns de seus discípulos mais chegados a escandalizarem-se com o seu discurso (Jo 6.48-60). O Senhor Jesus, como o pão vivo, não se limitou a ficar no santuário, mas, encarnando-se, trouxe a presença do Pai Celeste a toda a humanidade (Mt 1.23; Hb 1.3). 
““Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome...” (Jo 6.35) A fome é uma dramática realidade que assola o mundo ainda hoje. Apesar da abundância de pão, muitos ainda morrem de fome. Há fome física e espiritual. O pão da terra não satisfaz a alma. Aqueles que comem desse pão voltam a ter fome. Os banquetes da terra, as aventuras sexuais, os prazeres da vida e as riquezas deste mundo não podem preencher o vazio que existe dentro de você. Na verdade, Deus colocou a eternidade em seu coração. Há um vazio em sua alma com o formato de Deus. Nada, nem ninguém, pode dar sentido à sua vida. Por isso, Jesus veio ao mundo como o Pão da vida. Ele é o Pão vivo que desceu do céu. Aquele que comer deste pão nunca mais terá fome, para sempre. Jesus satisfaz plenamente sua mente, sua emoções e sua vontade. Ele traz refrigério para seu corpo e descanso para sua alma. Nele você encontra provisão abundante para o tempo e para a eternidade. Você, que está faminto, venha agora mesmo para Jesus, o Pão da vida. Entre na sala do banquete. Há pão com fartura na casa do Pai. Há vida abundante no banquete de Deus à sua espera. Jesus oferece a você perdão e vida eterna!” (Jesus, o Pão que satisfaz. Disponível em: http://www.ipb.org.br/blog/21/api-view?page=24&blog=835. Acesso em: 10 Set, 2018)

2. Jesus, o pão de nossa comunhão com o Pai. Jesus, como o pão vivo que desceu do céu, não precisa ser trocado todos os sábados, como os pães da proposição (Lv 24.8). Nosso Salvador, além de ser um sumo sacerdote infinitamente superior a Arão, é o pão divino; e, do próprio sábado é Senhor (Mt 12.8; Jo 6.41; Hb 7.17-25). Aliás, Jesus Cristo é o próprio tabernáculo de Deus. Ao encarnar-se, tornou-se semelhante a nós (Jo 1.14; Hb 9.11,12). E, com a sua morte e ressurreição, fez-nos acessível o trono da graça, no qual, hoje, entramos ousadamente (Hb 4.16). 
O pão e o vinho são sinais de uma realidade espiritual. Antes de tudo, os sinais são o pão e o vinho; os quais representam o mantimento espiritual que recebemos do corpo e sangue de Cristo. Porque como no Batismo, ao regenerar-nos, Deus, nos incorpora a Sua Igreja e nos faz Seus por adoção, assim também temos dito que com este desempenha o papel de um zeloso pai de família proporcionando-nos continuamente o alimento com o qual nos conserva e mantém naquela vida que nos gerou com Sua Palavra; Agora bem, o único sustento de nossas almas é Cristo, e por isso nosso Pai Celestial nos convida para que venhamos a Ele, para que alimentados com este sustento possuamos dia após dia maior vigor até chegar por fim à imortalidade no céu. E como este mistério de nos unirmos com Cristo é por sua natureza incompreensível, Ele nos mostra a figura e imagem com sinais visíveis mui próprios de nossa débil condição. Mais ainda; como se nos desse um presente, nos dá tal segurança disso, como se O víssemos com os nossos próprios olhos; porque esta semelhança tão familiar: que nossas almas são alimentadas com Cristo, exatamente igual o pão e o vinho natural alimentam nossos corpos, penetra nos entendimentos, por mais rudes que sejam(Porque Cristo instituiu a Ceia. Disponível em: http://www.ibrmec.com.br/artigos/a-santa-ceia-do-senhor-e-os-beneficios-conferidos-por-ela/. Acesso em: 10 Set, 2018)

3. Dai-lhes vós de comer. Hoje, ao proclamarmos o Evangelho, outra coisa não fazemos senão alimentar os famintos com a Palavra de Deus (Mt 28.18-20; Lc 9.13). Portanto, evangelizemos e façamos missões enquanto há tempo. A fome espiritual nunca foi tão acentuada como nos dias de hoje (Am 8.11,12). 
Quando Jesus ordenou: “dai-lhes, vós mesmos, de comer.” Ele estava afirmando que o que eles possuíam era o suficiente para ser multiplicado e repartido à multidão; acontece que eles desconheciam o que o Senhor era capaz de fazer com tão pouco (cinco pães de cevada e dois peixes) para tantos (cinco mil homem, exceto mulheres e crianças)”. (Ultimato). Precisamos compreender que neste momento existem multidões famintas esperando ser “alimentadas” com este Pão da Vida, e nós temos essa responsabilidade e privilégio de poder “distribuir” esse “Pão” a essas multidões por meio do “semear a boa semente do Evangelho”. Sejamos obedientes!
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

“Jesus é a Palavra (Verbo) viva. A Bíblia é a Palavra escrita. Jesus é o ‘pão da vida’ e em Mateus 4.4 Ele disse: ‘Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus’. Portanto, comemos a sua carne ao receber à Palavra de Deus” (Bíblia de Estudo Pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p. 1584).

CONCLUSÃO

No Antigo Testamento, apenas o sumo sacerdote e seus filhos tinham direito de comer dos pães da proposição. A única exceção foi Davi e seus homens (Mc 2.25,26). Através de Cristo, porém, temos acesso não somente aos pães da proposição como também ao lugar mais santo do tabernáculo. E, todas as vezes que nos reunimos para celebrar a Ceia do Senhor, lembramo-nos de que Jesus é a presença eterna do Pai entre nós (1 Co 11.23,24). Ele é o pão da vida. Amém. 
Cristo é o Pão (Jo 6.35, 48, 53-58, 63). Para o mundo e para nós mesmos morremos, mas por Ele vivemos (Gl 2.20). Temos comido de Cristo?
“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16),

Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

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