sábado, 22 de setembro de 2018

LIÇÃO 13: AS ORAÇÕES DOS SANTOS NO ALTAR DE OURO


 

SUBSÍDIO I

A Teologia da Oração

Existe, sim, uma teologia da oração. Ela permeia toda a Bíblia; vai do Gênesis ao Apocalipse. Encontra-se na boca dos profetas, nos lábios dos apóstolos e na alma do próprio Cristo. Neste tópico, apesar da exiguidade do espaço de que dispomos, faremos um pequeno esboço dessa teologia, que, embora desconhecida, é preciosa; imprescindível.

A oração, a voz da alma

A palavra “oração”, proveniente do vocábulo latino orationem, comporta ricos enunciados à nossa vida espiritual.
Num primeiro momento, pode ser compreendida como a súplica que o peregrino, assediado por ânsias e almejos, endereça ao Pai Celeste. Nesse sentido, a oração é rogo, pedido e prece. Num segundo momento, a oração pode ser vista como a petição que esse mesmo peregrino, agora já não preocupado consigo, faz em favor do companheiro que desmaia na jornada à Jerusalém Celestial; intercessão amorosa.
Recorramos ao idioma do Antigo Testamento, para vermos como a palavra “oração” foi usada pelo cantor-mor de Israel. No quarto salmo do saltério hebreu, Davi roga ao Senhor num momento de grande e inesperada angústia: “Responde-me quando clamo, ó Deus da minha justiça; na angústia, me tens aliviado; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração” (Sl 4.1, ARA).
O termo utilizado pelo autor sagrado, em sua prece, é o que melhor descreve a atitude do homem que, exilado no mundo, busca a face de Deus. O vocábulo hebraico tĕphillah significa oração, súplica, intercessão e hino. Este último significado encerra muita beleza. Até este momento, humildemente confesso, eu ainda não tinha olhado a oração como um hino que, na angústia, entoamos a Deus. Bem cantou o poeta sacro: “Os mais belos hinos e poesias foram escritos em tribulação, e do céu, as mais lindas melodias, se ouviram na escuridão”.
Sim, querido leitor, a oração é poesia e hino.
Já imaginou se nos fosse possível registrar todas as orações que chegam ao Pai Celeste num só dia? Quantas obras-primas, partidas do mais fundo da alma, não teríamos. Aqui, uma prece em português; cântico mais alto que o de Camões. Ali, uma oração em italiano; poesia mais sublime que a de Dante. Mais além, uma petição em língua alemã; verso mais belo que o de Goethe. Na Rússia, uma intercessão que supera a maravilhosa prosa de Tolstói. Já na China, apesar de todos os empecilhos do regime comunista, ouviríamos confissões que superam a sinceridade de Confúcio e a força de Lao-Tsé.
Entremos a examinar, agora, a língua na qual foi escrito o Novo Testamento. No capítulo cinco de Apocalipse, assistimos à instalação da corte celestial, reunida solenemente para a abertura do livro que, seguro na destra de Deus, encontrava-se sob o poder de sete selos. Quando Jesus, ali identificado como o Leão de Judá, tomou o livro das mãos do Todo-Poderoso, algo ocorreu entre os moradores do Céu, conforme a narrativa de João, o Teólogo: 
Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele que estava sentado no trono; e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos. (Ap 5.7,8, ARA)
Analisemos a palavra grega, usada nessa passagem, para o substantivo “oração”.  Nesse caso, como em outros do Novo Testamento, o autor sagrado utiliza o termo proseuchē; em sua essência, em nada difere do tĕphillah hebreu. Além de seu primordial significado, lembra o próprio lugar da oração. Em português, possuímos também um vocábulo para designar o local consagrado aos rogos e petições: o oratório. Entre nós, evangélicos, o termo é quase desconhecido. Mas, na igreja católica, é bastante comum; descreve as capelinhas e nichos destinados às rezas e veneração de imagens.
No deslinde do vocábulo proseuchē, deveríamos ver, além da preocupação linguística, o chamamento ao lugar das preces e das intercessões, conforme exorta-nos o Senhor Jesus: “Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Mt 6.8, ARA).
Que em cada domicílio evangélico, haja uma capela de oração; nosso quarto. Nesse aposento tão reservado e querido, no qual descansamos e reavemos as forças, depositemo-nos diariamente aos cuidados divinos. Antes de dormirmos e depois de acordamos, conversemos com o Pai; confessemos-lhe as faltas e as transgressões; narremos-lhe o nosso cotidiano; abramos-lhe a alma. Daí, sairemos renovados para mais uma jornada, não de lutas e entreveros, mas de vitórias e triunfos. 

ANDRADE, Claudionor de. Adoração, Santidade e Serviço: Os Princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018. 

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

No Antigo Testamento, o incenso era a oferenda mais preciosa e excelente que se podia oferecer ao Senhor. Ali, no limiar do lugar Santíssimo, o sacerdote entrava, com temor e tremor, para adorar a Deus com um incenso preparado exclusivamente àquela ocasião.
Hoje, o sacrifício mais sublime que devemos oferecer ao Senhor são as orações, súplicas e ação de graças. Por esse motivo, o Senhor Jesus recomenda-nos a entrar em nosso quarto, fechar a porta, e, no segredo de nossos aposentos, oferecer clamores e ação de graças ao Pai Celeste (Mt 6.6-13). 
No pátio do Tabernáculo estava o altar sobre o qual se ofereciam todos os sacrifícios animais, agora Moisés recebe a ordem para construir um segundo altar (Êx 30.1-10). Este altar não se destinava a oferecer sacrifícios animais, mas apenas a queimar incenso, foi chamado o altar de incenso. Também denominava-se altar de ouro, e altar interior. Neste altar, o incenso era queimado e subia perante Deus como cheiro suave. Na dispensação da graça não há altar, incenso, templo ou fogo próprio para queimar o incenso e fazê-lo subir, porém, há as orações dos remidos, que sobem e chegam até o trono de Deus, tal qual o incenso aromático determinado a Moisés: “E havendo tomado o livro, os quatro animais e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos” (Ap 5.8). O incenso da Nova Aliança é mais precioso do que o incenso preparado com as especiarias de Sabá. As orações dos santos, postas sobre o altar de ouro, com muito incenso, levadas pela mão do anjo até diante de Deus, enchem os céus de aromas santificadores, onde outros incensos, os de Sabá, não poderiam chegar. 

I. O LUGAR SANTÍSSIMO

Para se oferecer o incenso ao Senhor, três coisas eram necessárias: o lugar, o altar e a cerimônia. Apenas o sumo sacerdote estava autorizado a conduzir esse ato de adoração.
1. O Lugar Santo. No Lugar Santo, ficavam três mobílias: o candelabro, à esquerda de quem entrava; a mesa dos pães da proposição, à direita; e, no limiar, entre o Lugar Santo e o Santíssimo, bem em frente ao véu que os separava, estava o altar do incenso (Êx 26.35). Há algo muito importante que devemos considerar. Embora o altar de incenso estivesse no Lugar Santo, era considerado também parte da mobília do Santo dos Santos juntamente com a arca da aliança (Hb 9.1-10). 
Desde que o Lugar Santo era o lugar de comunhão com Deus e do ministério do Sacerdote na adoração de Deus, o Altar de Incenso e o seu incenso nos ensina da importância do agrado de Deus com reverência em nossa adoração e comunhão. A presença do Altar de Incenso nesta parte do Tabernáculo nos ensina que um coração puro faz a nossa adoração e as nossas orações a Deus aceitáveis diante de Deus. Essa pureza de coração que agrada a Deus não vem dos exercícios da nossa 'religiosidade' mas do Espírito Santo conformando-nos à imagem de Cristo. Ele não somente nos move à uma obediência maior da Palavra de Deus mas, ajuda-nos a orar segundo a vontade de Deus (Rm 8.26). No foco da salvação e na vida cristã, não podemos agradar o Pai sem a Pessoa de Cristo (Jo 14.6) e não há participação em Cristo sem a operação do Espírito Santo (Jo 3.5; II Ts 2.13, 14; Tt 3.5). Tudo isso operado pela Palavra de Deus (a salvação - Rm 10.17; a vida Cristã - Jo 17.17)” (leia mais em:PALAVRAPRUDENTE).

2. O altar do incenso. Feito de madeira de acácia, o altar de incenso era revestido de ouro, sendo estas as suas medidas: um côvado de comprimento, um de largura e dois de altura (Êx 30.1-10; 37.25-28). Os seus ornatos compunham-se de quatro chifres, bordas, quatro argolas e dois varais; tudo revestido de fino ouro. 
Tinha o formato de uma pequena pilastra truncada, com pequeninos chifres nos quatro cantos. Como os outros objetos no Tabernáculo, era feito de madeira de acácia, revestido de ouro, e possuía argolas laterais através das quais, varais podiam ser colocados para o seu transporte"”.(COLE, Alan, Ph.D. Êxodo, Introdução e Comentário. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. São Paulo, 1963. Pág. 189.). Em relação às suas dimensões: seu comprimento, um côvado; sua largura, um côvado; e altura, dois côvados. Ele era quadrado: meio metro por meio metro de largura e um metro de altura.
O altar do incenso ficava diretamente defronte do véu que ocultava a arca, que estava dentro do santo dos santos; aquele altar estava intimamente associado ao lugar santíssimo, pois a arca, sobre a qual ficava o propiciatório, era o lugar onde Deus se encontrava com Seu povo (Êx 30.6), e, visto como o incenso representa oração (Sl 141:2), o altar do incenso era apropriadamente colocado próximo da arca, ainda que do lado de fora do véu, pois o sacerdote tinha de usá-lo diariamente. Conf. Hb 9:4.(SHEED, Russel. O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. I, pág. 148.)
O altar de ouro, ou o altar do incenso que estava diante do véu que pendia ante a arca do testemunho, tinha um côvado de comprido, um côvado de largo e dois côvados de alto, e era feito de pau de setim revestido de chapas de ouro, e tinha uma cornija em roda, também argolas e varais para o seu transporte e os cornos em cada um dos cantos. Sobre ele se queimava o incenso preparado conforme as prescrições dadas de manhã e à tarde, à luz do candeeiro. Significava a obrigação que o povo tinha de adorar a DEUS, e ao mesmo tempo, que esta adoração lhe era agradável, Ex 30: 1-10, 28:34-37; 40:5; comp. com Hb 9:4, e 1 Rs 6:22; Lv 16: 19. Quando se construiu o templo de Salomão, o novo altar de bronze tinha cerca de quatro vezes mais as dimensões primitivas, 1 Rs 8: 64; 2 Cr 4: 1. Também foi construído um novo altar de ouro, 1 Reiss 7: 48; 2 Cron 4: 19. Eram estes os únicos altares permanentes, em que se deviam oferecer os sacrifícios e o incenso aceitáveis a DEUS, Dt 12: 2, 5, 6, 7.” (Dicionário da Bíblia de John D. Davis)
O ritual sacerdotal incluía a queima do incenso tanto pela manhã, como também à tarde, como estatuto perpétuo ao Senhor, Êx 30.7-8, "7 E Arão queimará sobre ele o incenso das especiarias; cada manhã, quando puser em ordem as lâmpadas, o queimará. 8 Também quando acender as lâmpadas à tardinha, o queimará; este será incenso perpétuo perante o Senhor pelas vossas gerações". "Duas vezes por dia o incenso deveria ser oferecido pelo sacerdote sobre este altar em miniatura, quando viesse verificar o pavio e o azeite das lâmpadas”.(COLE, Alan, Ph.D., op. cit., pág. 199). Assim escreve Mesquita: “Cada tarde, ao acender do candeeiro, seria queimado incenso, enquanto o povo fora orava a Deus, e cada manhã, ao serem apagadas as luzes, novamente era queimado o incenso. Era o incenso da manhã e da tarde por todas as gerações”. (MESQUITA, Antônio Neves de, Dr. em Teologia. Estudo do Livro de Êxodo. Casa Publicadora Batista. Rio de Janeiro-RJ. 1971. Pág. 261)

3. A composição do incenso. O incenso destinado ao altar de ouro não podia ser usado indistintamente; era de uso exclusivo do Senhor (Êx 30.38). Esta era a sua composição: estoraque, ônica e gálbano (Êx 30.34-36). A receita do perfume não constituía nenhum segredo. Todavia, se alguém o reproduzisse para uso profano seria punido severamente. 
Neste texto de Êxodo encontramos a mais antiga receita de perfume que se tem conhecimento. Sua composição é descrita em Êx 30.34-38. Sobre a composição do incenso nos escreve Mesquita:
Estoraque, ônica, e gálbano, incenso puro, e sal puro e santo. A fórmula era propriedade divina e ninguém podia usar dela em casa. O estoraque é uma resina comum da Arábia e que produz grande fumaça ao ser queimada, tendo a propriedade de ser microbicida É usado em medicina. A ônica não é muito conhecida, mas supõe-se ser a blatta bysantina, uma espécie de concha marinha muito comum no Mar Vermelho e que desprende grande cheiro ao ser queimada, O gálbano é muito conhecido dos perfumistas; quando queimado só, tem um cheiro desagradável; mas, combinado com outras especiarias, tem um cheiro ativo e agradável e em conjunto desenvolve as propriedades dos outros elementos com que entra em combinação”.(MESQUITA, Antônio Neves de, Dr. em Teologia., op. cit., pág. 261)
Note que havia um cuidado todo especial na preparação do incenso, com uma fórmula minuciosa dada pelo Senhor, e que não podia ser alterada em hipótese alguma. Caso a fórmula do incenso fosse adulterada, se tornava “incenso estranho” perante o Senhor, “isto é, não preparado da maneira prescrita, ou então oferecido impropriamente” (SHEDD Russel, op. cit., pág. 148). A fórmula do incenso também não podia ser copiada para uso pessoal, sob pena de excomunhão, ou seja quem assim o fizesse seria banido do meio do povo de Deus.

4. A cerimônia. O incenso só podia ser queimado com as brasas do altar de bronze (Lv 16.12). E, já de posse destas, o sacerdote aproximava-se do altar de ouro para queimar o incenso no altar de ouro. Dessa forma, a nuvem do incenso cobria o propiciatório, mostrando à Casa de Israel o favor divino (Lv 16.13). Observemos que, antes de achegar-se ao altar de ouro, o sacerdote tinha de passar, necessariamente, pelo altar de bronze. Isso significa que, sem o sangue de Cristo, jamais teremos acesso ao trono da graça (Hb 9.12). 
O encargo de queimar incenso estava confiado aos sacerdotes e nenhum estranho poderia oferecê-lo ou queimá-lo. A Bíblia assim registra a penalidade para quem desrespeitasse a ordem divina: “O homem que fizer tal como este [isto é, que misturar incenso] para cheirar, será extirpado de seu povo” (Êx 30.38).
Observe o texto de Números 16.17, “Tomou, pois, cada qual o seu incensário, e nele pôs fogo, e nele deitou incenso; e se puseram à porta da tenda da revelação com Moisés e Arão”. De acordo com este texto, notamos que o incenso até poderia ser oferecido em outros lugares, fora do Altar do Incenso, mas teria que ser queimado nos recipientes apropriados (do hebraico “mahtãh”), e somente pelos sacerdotes. Note o comentário de Cole:
É claro que, como demonstrado em Números 16.17, o incenso poderia ser oferecido à parte de qualquer altar, sendo queimado nos incensários; este altar específico, todavia, só poderia ser usado para o incenso”.(COLE, Alan, Ph.D. op. cit., pág. 199.)

SUBSÍDIO DIDÁTICO
                               
Professor(a), o livro de Levítico está intrinsecamente ligado ao Tabernáculo. Por isso, é importante que você e seus alunos conheçam bem as divisões e todo o mobiliário do lugar que simbolizava a presença de Deus. Sugerimos que reproduza a imagem abaixo no PowerPoint e apresente para sua classe.


II. AS ORAÇÕES DOS SANTOS

As orações dos santos, qual incenso precioso, são inimitáveis em seus efeitos. Eis por que não podemos relaxar quanto à nossa comunhão com Deus.
O principal simbolismo ligado ao incenso é a oração feita a Deus, "Suba a minha oração, como incenso, diante de ti, e seja o levantar das minhas mãos como o sacrifício da tarde!", Sl 141.2. O perfume característico produzido pela queima do incenso subia às narinas de Deus, da mesma maneira que sobem aos céus as orações do justo. É dentro deste contexto que temos a visão de João em Apocalipse, quando ele vê o anjo com um incensário na mão com as orações dos santos para oferecer sobre o Altar de ouro que está diante do Trono de Deus, "3 Veio outro anjo, e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para que o oferecesse com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que está diante do trono. 4 E da mão do anjo subiu diante de Deus a fumaça do incenso com as orações dos santos", Ap 8.3-4”. (leia mais em: (ALTAR DO INCENSO).

1. A receita para uma oração perfeita: nosso incenso. O Senhor Jesus, no Sermão da Montanha, entregou a seus discípulos o modelo de uma oração perfeita (Mt 6.9-13). Ele exorta-nos também a não imitarmos os gentios e hipócritas, pois estes imaginam que, pelo seu muito falar, serão ouvidos (Mt 6.7). Portanto, fechemo-nos em nosso quarto, e, ali, no lugar santíssimo, falemos com o Pai Celeste (Mt 6.5,6). E, dessa forma, entraremos com ousadia e confiança no trono da graça (Hb 4.16). Pode haver incenso mais excelente do que a oração dos santos? Além do mais, todas as nossas súplicas chegarão aos céus por intermédio do Espírito Santo, que intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26). 
ORAÇÃO - Tesouro de Conhecimentos Bíblicos - Emílio Conde – CPAD - O termo grego que significa orar é “proseucho-mai”. Denota a oração em geral, e pode ser empregado sem mais qualificação. A oração deve ser espontânea, deve vir do âmago do coração, mas Jesus nos ensinou como orar: “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dá hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; e não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre, Amém” (Mt 6.9-13). Esta oração se compõe de seis petições, sendo três para a honra de Deus e três para as nossas necessidades. A primeira petição é a reformulação do Terceiro Mandamento; declara de modo positivo o que aquele mandamento afirmava de modo negativo. Ao assim fazer, não somente exclui o tomar o nome do Senhor em vão, mas garante aquilo que se subentende no Primeiro e no Segundo Mandamentos, a respeito de outros deuses e de imagens de escultura (Êx 20.3-6). A quarta petição relembra a descida do maná, fornecido por Deus (Êx 16.15). O pão é “e-piousios”, cotidiano. Indica a provisão para as necessidades imediatas, bem como a no reino vindouro, simbolizado pelo banquete messiânico. Do mesmo modo, a quinta e a sexta petições pelo perdão e pela libertação da tentação aplicam-se também aos Dez Mandamentos. O exemplo de Jesus a respeito da oração é decisivo. Ele nos indicou o fundamento da oração e o cuidado providencial de Deus. Ele ensinou os discípulos como deviam orar, e como não deviam orar. Assegurou-lhes a certeza da resposta de Deus a uma oração reta. Associou a oração a uma vida de obediência. Também nos anima a sermos persistentes e mesmo importunos na oração. Procurou os lugares retirados para orar, e fez uso da oração intercessora na súplica, conhecida pela designação de Oração Sacerdotal (Jo 17.1-26). A oração é a chave da vitória. Consiste na manutenção do contato com o Criador. Isto significa que Deus existe, que pode ouvir-nos, que criou todas as coisas, que preserva e governa todas as suas criaturas e dirige as ações delas. Ele não se escraviza às leis que ordena; pode produzir resultados suspendendo as leis da natureza ou operando por meio delas; pode dirigir os corações e as mentes mais eficientemente do que possamos fazer. Deus estabeleceu tanto a oração como a sua resposta, pois tem um plano traçado desde a criação, pela sua constante presença no universo mantendo-o e dirigindo-o. A oração é a principal fonte de socorro do homem que em suas aflições clama por Deus. Por isso, Ele exige que o ser humano ore, para ter direito ao suprimento de suas necessidades. A oração bem aceita é a dirigida pelos justos, mas a dos ímpios lhe é abominável (Pv 15.29). Somente os que têm os pecados apagados podem se aproximar de Deus em oração. Aqueles que se revelam contra a autoridade divina não são aceitos antes de renunciarem a seus pecados e receberem o perdão. A oração é a comunhão dos filhos com o Pai que está nos céus, e consiste em adoração, ação de graças, confissão de pecados e petições (Ne 1.4-11). Deus responde a qualquer tipo de oração que lhe é feita de conformidade com as diretrizes por Ele estabelecidas; compreende os pássaros quando a Ele se dirigem pedindo alimento, e atende também as orações dos seus eleitos (Sl 65.2). Tiago afirma que “a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tg 5.16). Cristo também declara: ‘‘Tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, isso vos farei” (Jo 14.13). O povo de Deus sabe que Ele responderá de acordo com o bem de seus filhos. O apóstolo João confirma esta assertiva: “Esta é a confiança que temos nele, que se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve” (1 Jo 5.14). A oração deve ser feita em nome de Jesus, porque o pecador não pode se aproximar de Deus em seu próprio nome. Reconheçamos que não temos merecimentos para irmos à presença do Criador, a não ser somente em nome do que nos lavou e purificou em seu sangue. A oração é dirigida à Trindade em sua plenitude, pois a bênção apostólica assim determina: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com vós todos. Amém” (2 Co 13.13). O segredo da vitória está numa vida de íntima comunhão com Deus através da oração A oração é a principal fonte de socorro do homem que em suas aflições clama por Deus. A oração feita por um justo pode muito em seu efeito”. (A PAZ DO SENHOR)

2. A oração como sacrifício ao Senhor. O salmista, conhecendo perfeitamente a simbologia do incenso sagrado, assim orou ao Senhor: “Suba a minha oração perante a tua face como incenso, e seja o levantar das minhas mãos como o sacrifício da tarde” (Sl 141.2). Quando nos dedicamos integralmente ao Senhor, toda a nossa vida torna-se uma oferenda a Deus (Ef 5.2; Fp 2.17; 2 Tm 4.6). 
O Altar de Incenso pela sua posição diante do véu que está diante da Arca do Testemunho, diante do Propiciatório, onde Deus Se ajunta com o Sumo sacerdote (30.6) ensina-nos que a oração no culto à Deus pede reverência. Note também que o Altar de Incenso foi carregado com varais forradas de ouro puro (30.4,5). Tudo disso nos ensina que mesmo que por Cristo temos ousadia a entrar na presença de Deus (Hb 10.19; Ef 3.12, “No qual temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nele”), não entramos nEsta Presença Augusta de qualquer jeito. Entramos com louvor à santidade do Seu nome (Mt 6.9, “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome”). E entramos com reverência, pois, invocamos o “Pai” nosso. É relembrada essa devida reverência no culto pela ênfase dada à posição do Altar do Incenso em relação da presença de Deus repetidas vezes (“diante do véu que está diante da arca do testemunho, diante do propiciatório, que está sobre o testemunho, onde Eu me ajuntarei contigo”, 30.6; “diante do testemunho”, 30.36). É relembrada essa reverência exigente pela ênfase dada por Deus nas instruções também: Não oferecerá certas coisas (30.9), e a insistência por Deus de instruir que deve ser “coisa santíssima vos será” (30.36) e “santo será para o Senhor” (30.37)”. (Leia mais em: PALAVRA PRUDENTE)

3. A oração dos santos na Grande Tribulação. No período da Grande Tribulação, logo após o Arrebatamento da Igreja, haverá um grande número de mártires (Ap 9.9-17). Todos estes, apesar da perseguição do Anticristo, atuarão como fiéis testemunhas de Jesus Cristo. As orações desses santos serão recebidas nos céus como incenso de grande valor (Ap 5.8; 8.3). Ninguém pode deter o poder de um santo que, no oculto de seu quarto, roga a intervenção do Santo dos Santos (Tg 5.16). Irmãos, “Orai sem cessar” (1 Ts 5.17). 
Incenso representa e purifica as orações dos santos, pecadores redimidos, que são apresentadas pelos vinte e quatro anciãos. As orações de todos os santos ajudam a trazer à terra os julgamentos de Deus, que convocam os rebeldes ao arrependimento e defendem parcialmente a justiça de Deus. As orações dos santos representam uma parte notável na iniciação dos julgamentos (Ap 8.3-4). Apocalipse 5.8: “Tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos”: “Num trecho cheio de símbolos baseados no Velho Testamento, encontramos mais dois. Harpas foram usadas no louvor dos judeus no templo (Salmo 43:4; 81:2), e o incenso fazia parte integral do serviço a Deus no tabernáculo (Êxodo 30:1-9) e no templo (1 Reis 7:48-50). Nesta cena, em que os anciãos se prostram diante do Santo dos Santos celestial, eles vêm com suas harpas e taças de incenso. O significado do incenso é explicado: são as orações dos santos. Embora o altar do incenso tenha ficado do lado de fora do véu, ele pertencia ao Santo dos Santos (Hebreus 9:3-4) porque o aroma passava pelo véu e chegava à presença de Deus. Aqui entendemos que o incenso representava as orações dos santos chegando a Deus (veja Salmo 141:2).” (Estudos da Bíblia).
Orar sem cessar significa ter sempre o coração voltado para Deus e para as coisas de Deus. Orar cria intimidade com Deus e ajuda em todas as situações da vida. Orar sem cessar é estar sempre consciente da presença de Deus e convidá-lo a participar de sua vida. Leia mais sobre “por que precisamos orar sem cessar” aqui.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

A oração modelo do crente
Devemos dar atenção a cada detalhe da oração modelo, que Jesus prefaciou com estas palavras: ‘Portanto, vós orareis assim’ (Mt 6.9). Embora seja sempre recomendável repetir a oração do Pai Nosso, é muito importante que, quando orarmos, nos deixemos guiar pelos princípios providos por nosso Senhor nessa e em outras orações. A palavra ‘assim’ é tradução do vocabulário grego boutos, e deveria ser entendido como ‘desta maneira’. Jesus estava dizendo: ‘Deixem-se guiar por estes princípios gerais quando forem orar’” (BRANDT, Robert L; BICKET, Zenas J. Teologia Bíblica da Oração: O Espírito nos ajuda a orar. 6.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, pp. 196,197).

CONCLUSÃO

Zacarias, pai de João Batista, ao ser escolhido para queimar o incenso sagrado na Casa de Deus, teve uma experiência que retrata ricamente por que o incenso, na Bíblia, simboliza a oração dos santos. Foi ali, no lugar Santíssimo, se levarmos em consideração Hebreus 9.2, que teve a sua oração respondida (Lc 1.5-23). Sua experiência com o Senhor foi completa. Ele viu o anjo, ouviu deste o anúncio profético sobre a vinda do Messias, e, finalmente, sua velhice foi consolada com a promessa de um filho, que seria o precursor do Filho de Deus. 
Zacarias era um Sacerdote da casa de Abias, que passou a denominar a sua descendência, a partir do reinado de Davi, na divisão das ordem sacerdotais em 24 seções. O rei Davi tinha dividido os sacerdotes em vinte e quatro turnos, e a ordem de Abais, à qual Zacarias pertencia, era a oitava da fila. Cada turno era chamado a ministrar no templo em apenas duas ocasiões durante o ano, cada uma delas com duração de uma semana. Tendo cada turno cerca de mil sacerdotes, é evidente que seria impossível a cada um deles entrar no Santo Lugar e queimar o incenso sobre o altar de ouro mais de uma vez na vida. Entretanto, este era o dia de Zacarias. Tanto a vida de Zacarias quanto a de Isabel eram agradáveis a Deus. Eles eram submissos à Sua vontade e obedeciam a Sua Palavra (Lc 1.6).
Depois que Zacarias entregou seu problema ao Senhor, ele simplesmente continuou a fazer o serviço que Deus lhe confiara. Ele não parou de orar e abandonou o barco porque sua situação parecia sem esperança. E nós também não devemos. Nosso Deus é o Deus do impossível! Ele Se deleita em fazer coisas impossíveis por nós quando sabe que daremos a Ele toda a glória. É muito mais fácil desistir e fugir das situações difíceis, no entanto, normalmente isso só agrava o problema. Deus quer que levemos a Ele em oração todas as nossas dificuldades, buscando na Palavra encorajamento e direção e, então, esperemos pacientemente Ele agir.” (Bible.Org).

“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16).

Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

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