SUBSÍDIO I
A Teologia da Oração
Existe, sim, uma teologia da
oração. Ela permeia toda a Bíblia; vai do Gênesis ao Apocalipse. Encontra-se na
boca dos profetas, nos lábios dos apóstolos e na alma do próprio Cristo. Neste
tópico, apesar da exiguidade do espaço de que dispomos, faremos um pequeno
esboço dessa teologia, que, embora desconhecida, é preciosa; imprescindível.
A oração, a voz da alma
A palavra “oração”, proveniente
do vocábulo latino orationem,
comporta ricos enunciados à nossa vida espiritual.
Num primeiro momento, pode ser
compreendida como a súplica que o peregrino, assediado por ânsias e almejos,
endereça ao Pai Celeste. Nesse sentido, a oração é rogo, pedido e prece. Num
segundo momento, a oração pode ser vista como a petição que esse mesmo
peregrino, agora já não preocupado consigo, faz em favor do companheiro que
desmaia na jornada à Jerusalém Celestial; intercessão amorosa.
Recorramos ao idioma do Antigo
Testamento, para vermos como a palavra “oração” foi usada pelo cantor-mor de
Israel. No quarto salmo do saltério hebreu, Davi roga ao Senhor num momento de
grande e inesperada angústia: “Responde-me quando clamo, ó Deus da minha
justiça; na angústia, me tens aliviado; tem misericórdia de mim e ouve a minha
oração” (Sl 4.1, ARA).
O termo utilizado pelo autor
sagrado, em sua prece, é o que melhor descreve a atitude do homem que, exilado
no mundo, busca a face de Deus. O vocábulo hebraico tĕphillah significa
oração, súplica, intercessão e hino. Este último significado encerra muita
beleza. Até este momento, humildemente confesso, eu ainda não tinha olhado a
oração como um hino que, na angústia, entoamos a Deus. Bem cantou o poeta
sacro: “Os mais belos hinos e poesias foram escritos em tribulação, e do céu,
as mais lindas melodias, se ouviram na escuridão”.
Sim, querido leitor, a oração é
poesia e hino.
Já imaginou se nos fosse
possível registrar todas as orações que chegam ao Pai Celeste num só dia?
Quantas obras-primas, partidas do mais fundo da alma, não teríamos. Aqui, uma
prece em português; cântico mais alto que o de Camões. Ali, uma oração em
italiano; poesia mais sublime que a de Dante. Mais além, uma petição em língua
alemã; verso mais belo que o de Goethe. Na Rússia, uma intercessão que supera a
maravilhosa prosa de Tolstói. Já na China, apesar de todos os empecilhos do
regime comunista, ouviríamos confissões que superam a sinceridade de Confúcio e
a força de Lao-Tsé.
Entremos a examinar, agora, a
língua na qual foi escrito o Novo Testamento. No capítulo cinco de Apocalipse,
assistimos à instalação da corte celestial, reunida solenemente para a abertura
do livro que, seguro na destra de Deus, encontrava-se sob o poder de sete
selos. Quando Jesus, ali identificado como o Leão de Judá, tomou o livro das
mãos do Todo-Poderoso, algo ocorreu entre os moradores do Céu, conforme a
narrativa de João, o Teólogo:
Veio, pois, e tomou o livro da
mão direita daquele que estava sentado no trono; e, quando tomou o livro, os
quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do
Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que
são as orações dos santos. (Ap 5.7,8, ARA)
Analisemos a palavra grega,
usada nessa passagem, para o substantivo “oração”. Nesse caso, como em
outros do Novo Testamento, o autor sagrado utiliza o termo proseuchē; em sua
essência, em nada difere do tĕphillah hebreu.
Além de seu primordial significado, lembra o próprio lugar da oração. Em
português, possuímos também um vocábulo para designar o local consagrado aos
rogos e petições: o oratório. Entre nós, evangélicos, o termo é quase
desconhecido. Mas, na igreja católica, é bastante comum; descreve as capelinhas
e nichos destinados às rezas e veneração de imagens.
No deslinde do vocábulo proseuchē, deveríamos ver,
além da preocupação linguística, o chamamento ao lugar das preces e das
intercessões, conforme exorta-nos o Senhor Jesus: “Tu, porém, quando orares,
entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto;
e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Mt 6.8, ARA).
Que em cada domicílio
evangélico, haja uma capela de oração; nosso quarto. Nesse aposento tão
reservado e querido, no qual descansamos e reavemos as forças, depositemo-nos
diariamente aos cuidados divinos. Antes de dormirmos e depois de acordamos,
conversemos com o Pai; confessemos-lhe as faltas e as transgressões;
narremos-lhe o nosso cotidiano; abramos-lhe a alma. Daí, sairemos renovados
para mais uma jornada, não de lutas e entreveros, mas de vitórias e
triunfos.
ANDRADE,
Claudionor de. Adoração,
Santidade e Serviço: Os
Princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico. 1 ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2018.
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
No Antigo Testamento, o incenso era a oferenda mais
preciosa e excelente que se podia oferecer ao Senhor. Ali, no limiar do lugar Santíssimo,
o sacerdote entrava, com temor e tremor, para adorar a Deus com um incenso
preparado exclusivamente àquela ocasião.
Hoje, o sacrifício mais sublime que devemos
oferecer ao Senhor são as orações, súplicas e ação de graças. Por esse motivo,
o Senhor Jesus recomenda-nos a entrar em nosso quarto, fechar a porta, e, no
segredo de nossos aposentos, oferecer clamores e ação de graças ao Pai Celeste
(Mt 6.6-13).
No pátio do Tabernáculo estava o altar sobre o qual
se ofereciam todos os sacrifícios animais, agora Moisés recebe a ordem para
construir um segundo altar (Êx 30.1-10). Este altar não se destinava a oferecer
sacrifícios animais, mas apenas a queimar incenso, foi chamado o altar de
incenso. Também denominava-se altar de ouro, e altar interior. Neste altar, o
incenso era queimado e subia perante Deus como cheiro suave. Na dispensação da
graça não há altar, incenso, templo ou fogo próprio para queimar o incenso e
fazê-lo subir, porém, há as orações dos remidos, que sobem e chegam até o trono
de Deus, tal qual o incenso aromático determinado a Moisés: “E havendo
tomado o livro, os quatro animais e os vinte e quatro anciãos prostraram-se
diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso,
que são as orações dos santos” (Ap 5.8). O incenso da Nova Aliança é mais
precioso do que o incenso preparado com as especiarias de Sabá. As orações dos
santos, postas sobre o altar de ouro, com muito incenso, levadas pela mão do
anjo até diante de Deus, enchem os céus de aromas santificadores, onde outros
incensos, os de Sabá, não poderiam chegar.
Para se oferecer o incenso ao Senhor, três
coisas eram necessárias: o lugar, o altar e a cerimônia. Apenas o sumo
sacerdote estava autorizado a conduzir esse ato de adoração.
1. O Lugar Santo. No Lugar Santo, ficavam três mobílias: o candelabro, à
esquerda de quem entrava; a mesa dos pães da proposição, à direita; e, no
limiar, entre o Lugar Santo e o Santíssimo, bem em frente ao véu que os
separava, estava o altar do incenso (Êx 26.35). Há algo muito importante que
devemos considerar. Embora o altar de incenso estivesse no Lugar Santo, era
considerado também parte da mobília do Santo dos Santos juntamente com a arca
da aliança (Hb 9.1-10).
“Desde que o Lugar Santo era o lugar de comunhão
com Deus e do ministério do Sacerdote na adoração de Deus, o Altar de Incenso e
o seu incenso nos ensina da importância do agrado de Deus com reverência em
nossa adoração e comunhão. A presença do Altar de Incenso nesta parte do Tabernáculo
nos ensina que um coração puro faz a nossa adoração e as nossas orações a Deus
aceitáveis diante de Deus. Essa pureza de coração que agrada a Deus não vem dos
exercícios da nossa 'religiosidade' mas do Espírito Santo conformando-nos à
imagem de Cristo. Ele não somente nos move à uma obediência maior da Palavra de
Deus mas, ajuda-nos a orar segundo a vontade de Deus (Rm 8.26). No foco da
salvação e na vida cristã, não podemos agradar o Pai sem a Pessoa de Cristo (Jo
14.6) e não há participação em Cristo sem a operação do Espírito Santo (Jo 3.5;
II Ts 2.13, 14; Tt 3.5). Tudo isso operado pela Palavra de Deus (a salvação -
Rm 10.17; a vida Cristã - Jo 17.17)” (leia mais em:PALAVRAPRUDENTE).
2. O altar do incenso. Feito de madeira de acácia, o altar de incenso era
revestido de ouro, sendo estas as suas medidas: um côvado de comprimento, um de
largura e dois de altura (Êx 30.1-10; 37.25-28). Os seus ornatos compunham-se
de quatro chifres, bordas, quatro argolas e dois varais; tudo revestido de fino
ouro.
“Tinha o formato de uma pequena pilastra
truncada, com pequeninos chifres nos quatro cantos. Como os outros objetos no
Tabernáculo, era feito de madeira de acácia, revestido de ouro, e possuía
argolas laterais através das quais, varais podiam ser colocados para o seu
transporte"”.(COLE, Alan, Ph.D. Êxodo, Introdução e Comentário.
Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. São Paulo, 1963. Pág. 189.). Em
relação às suas dimensões: seu comprimento, um côvado; sua largura, um côvado;
e altura, dois côvados. Ele era quadrado: meio metro por meio metro de largura
e um metro de altura.
“O altar do incenso ficava diretamente defronte
do véu que ocultava a arca, que estava dentro do santo dos santos; aquele altar
estava intimamente associado ao lugar santíssimo, pois a arca, sobre a qual
ficava o propiciatório, era o lugar onde Deus se encontrava com Seu povo (Êx
30.6), e, visto como o incenso representa oração (Sl 141:2), o altar do incenso
era apropriadamente colocado próximo da arca, ainda que do lado de fora do véu,
pois o sacerdote tinha de usá-lo diariamente. Conf. Hb 9:4”.(SHEED,
Russel. O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. I, pág.
148.)
“O altar de ouro, ou o altar do incenso que
estava diante do véu que pendia ante a arca do testemunho, tinha um côvado de
comprido, um côvado de largo e dois côvados de alto, e era feito de pau de
setim revestido de chapas de ouro, e tinha uma cornija em roda, também argolas
e varais para o seu transporte e os cornos em cada um dos cantos. Sobre ele se
queimava o incenso preparado conforme as prescrições dadas de manhã e à tarde,
à luz do candeeiro. Significava a obrigação que o povo tinha de adorar a DEUS,
e ao mesmo tempo, que esta adoração lhe era agradável, Ex 30: 1-10, 28:34-37;
40:5; comp. com Hb 9:4, e 1 Rs 6:22; Lv 16: 19. Quando se construiu o templo de
Salomão, o novo altar de bronze tinha cerca de quatro vezes mais as dimensões
primitivas, 1 Rs 8: 64; 2 Cr 4: 1. Também foi construído um novo altar de ouro,
1 Reiss 7: 48; 2 Cron 4: 19. Eram estes os únicos altares permanentes, em que
se deviam oferecer os sacrifícios e o incenso aceitáveis a DEUS, Dt 12: 2, 5,
6, 7.” (Dicionário da Bíblia de John D. Davis)
“O ritual sacerdotal incluía a queima do incenso
tanto pela manhã, como também à tarde, como estatuto perpétuo ao Senhor, Êx
30.7-8, "7 E Arão queimará sobre ele o incenso das especiarias; cada
manhã, quando puser em ordem as lâmpadas, o queimará. 8 Também quando acender
as lâmpadas à tardinha, o queimará; este será incenso perpétuo perante o Senhor
pelas vossas gerações". "Duas vezes por dia o incenso deveria ser
oferecido pelo sacerdote sobre este altar em miniatura, quando viesse verificar
o pavio e o azeite das lâmpadas”.(COLE, Alan, Ph.D., op. cit., pág.
199). Assim escreve Mesquita: “Cada tarde, ao acender do candeeiro,
seria queimado incenso, enquanto o povo fora orava a Deus, e cada manhã, ao
serem apagadas as luzes, novamente era queimado o incenso. Era o incenso da
manhã e da tarde por todas as gerações”. (MESQUITA, Antônio Neves
de, Dr. em Teologia. Estudo do Livro de Êxodo. Casa Publicadora Batista. Rio de
Janeiro-RJ. 1971. Pág. 261)
3. A composição do
incenso. O incenso
destinado ao altar de ouro não podia ser usado indistintamente; era de uso
exclusivo do Senhor (Êx 30.38). Esta era a sua composição: estoraque, ônica e
gálbano (Êx 30.34-36). A receita do perfume não constituía nenhum segredo.
Todavia, se alguém o reproduzisse para uso profano seria punido
severamente.
Neste texto de Êxodo encontramos a mais antiga
receita de perfume que se tem conhecimento. Sua composição é descrita em Êx
30.34-38. Sobre a composição do incenso nos escreve Mesquita:
“Estoraque, ônica, e gálbano, incenso puro, e sal
puro e santo. A fórmula era propriedade divina e ninguém podia usar dela em
casa. O estoraque é uma resina comum da Arábia e que produz grande fumaça ao
ser queimada, tendo a propriedade de ser microbicida É usado em medicina. A
ônica não é muito conhecida, mas supõe-se ser a blatta bysantina, uma espécie
de concha marinha muito comum no Mar Vermelho e que desprende grande cheiro ao
ser queimada, O gálbano é muito conhecido dos perfumistas; quando queimado só,
tem um cheiro desagradável; mas, combinado com outras especiarias, tem um
cheiro ativo e agradável e em conjunto desenvolve as propriedades dos outros
elementos com que entra em combinação”.(MESQUITA, Antônio Neves de,
Dr. em Teologia., op. cit., pág. 261)
Note que havia um cuidado todo especial na
preparação do incenso, com uma fórmula minuciosa dada pelo Senhor, e que não
podia ser alterada em hipótese alguma. Caso a fórmula do incenso fosse
adulterada, se tornava “incenso estranho” perante o Senhor, “isto é,
não preparado da maneira prescrita, ou então oferecido impropriamente” (SHEDD
Russel, op. cit., pág. 148). A fórmula do incenso também não podia ser
copiada para uso pessoal, sob pena de excomunhão, ou seja quem assim o fizesse
seria banido do meio do povo de Deus.
4. A cerimônia. O incenso só podia ser queimado com as brasas do altar de
bronze (Lv 16.12). E, já de posse destas, o sacerdote aproximava-se do altar de
ouro para queimar o incenso no altar de ouro. Dessa forma, a nuvem do incenso
cobria o propiciatório, mostrando à Casa de Israel o favor divino (Lv 16.13).
Observemos que, antes de achegar-se ao altar de ouro, o sacerdote tinha de
passar, necessariamente, pelo altar de bronze. Isso significa que, sem o sangue
de Cristo, jamais teremos acesso ao trono da graça (Hb 9.12).
O encargo de queimar incenso estava confiado aos
sacerdotes e nenhum estranho poderia oferecê-lo ou queimá-lo. A Bíblia assim
registra a penalidade para quem desrespeitasse a ordem divina: “O homem que
fizer tal como este [isto é, que misturar incenso] para cheirar, será extirpado
de seu povo” (Êx 30.38).
Observe o texto de Números 16.17, “Tomou, pois,
cada qual o seu incensário, e nele pôs fogo, e nele deitou incenso; e se
puseram à porta da tenda da revelação com Moisés e Arão”. De acordo com
este texto, notamos que o incenso até poderia ser oferecido em outros lugares,
fora do Altar do Incenso, mas teria que ser queimado nos recipientes
apropriados (do hebraico “mahtãh”), e somente pelos sacerdotes. Note o
comentário de Cole:
“É claro que, como demonstrado em Números 16.17,
o incenso poderia ser oferecido à parte de qualquer altar, sendo queimado nos
incensários; este altar específico, todavia, só poderia ser usado para o
incenso”.(COLE, Alan, Ph.D. op. cit., pág. 199.)
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor(a), o livro
de Levítico está intrinsecamente ligado ao Tabernáculo. Por isso, é importante
que você e seus alunos conheçam bem as divisões e todo o mobiliário do lugar
que simbolizava a presença de Deus. Sugerimos que reproduza a imagem abaixo no
PowerPoint e apresente para sua classe.
II. AS
ORAÇÕES DOS SANTOS
As orações dos santos, qual incenso precioso,
são inimitáveis em seus efeitos. Eis por que não podemos relaxar quanto à nossa
comunhão com Deus.
“O principal simbolismo ligado ao incenso é a
oração feita a Deus, "Suba a minha oração, como incenso, diante de ti, e
seja o levantar das minhas mãos como o sacrifício da tarde!", Sl 141.2. O
perfume característico produzido pela queima do incenso subia às narinas de
Deus, da mesma maneira que sobem aos céus as orações do justo. É dentro deste
contexto que temos a visão de João em Apocalipse, quando ele vê o anjo com um
incensário na mão com as orações dos santos para oferecer sobre o Altar de ouro
que está diante do Trono de Deus, "3 Veio outro anjo, e pôs-se junto ao
altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para que o
oferecesse com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que está
diante do trono. 4 E da mão do anjo subiu diante de Deus a fumaça do incenso
com as orações dos santos", Ap 8.3-4”. (leia mais em: (ALTAR DO INCENSO).
1. A receita para uma oração
perfeita: nosso incenso. O Senhor Jesus, no
Sermão da Montanha, entregou a seus discípulos o modelo de uma oração perfeita
(Mt 6.9-13). Ele exorta-nos também a não imitarmos os gentios e hipócritas,
pois estes imaginam que, pelo seu muito falar, serão ouvidos (Mt 6.7).
Portanto, fechemo-nos em nosso quarto, e, ali, no lugar santíssimo, falemos com
o Pai Celeste (Mt 6.5,6). E, dessa forma, entraremos com ousadia e confiança no
trono da graça (Hb 4.16). Pode haver incenso mais excelente do que a oração dos
santos? Além do mais, todas as nossas súplicas chegarão aos céus por intermédio
do Espírito Santo, que intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Rm
8.26).
“ORAÇÃO - Tesouro de Conhecimentos Bíblicos -
Emílio Conde – CPAD - O termo grego que significa orar é
“proseucho-mai”. Denota a oração em geral, e pode ser empregado sem mais
qualificação. A oração deve ser espontânea, deve vir do âmago do coração, mas
Jesus nos ensinou como orar: “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás
nos céus, santificado seja o teu nome; Venha o teu reino, seja feita a tua
vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dá hoje; e
perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; e
não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o
poder, e a glória, para sempre, Amém” (Mt 6.9-13). Esta oração se compõe de
seis petições, sendo três para a honra de Deus e três para as nossas
necessidades. A primeira petição é a reformulação do Terceiro Mandamento;
declara de modo positivo o que aquele mandamento afirmava de modo negativo. Ao
assim fazer, não somente exclui o tomar o nome do Senhor em vão, mas garante
aquilo que se subentende no Primeiro e no Segundo Mandamentos, a respeito de
outros deuses e de imagens de escultura (Êx 20.3-6). A quarta petição relembra
a descida do maná, fornecido por Deus (Êx 16.15). O pão é “e-piousios”,
cotidiano. Indica a provisão para as necessidades imediatas, bem como a no
reino vindouro, simbolizado pelo banquete messiânico. Do mesmo modo, a quinta e
a sexta petições pelo perdão e pela libertação da tentação aplicam-se também
aos Dez Mandamentos. O exemplo de Jesus a respeito da oração é decisivo. Ele
nos indicou o fundamento da oração e o cuidado providencial de Deus. Ele
ensinou os discípulos como deviam orar, e como não deviam orar. Assegurou-lhes
a certeza da resposta de Deus a uma oração reta. Associou a oração a uma vida
de obediência. Também nos anima a sermos persistentes e mesmo importunos na
oração. Procurou os lugares retirados para orar, e fez uso da oração
intercessora na súplica, conhecida pela designação de Oração Sacerdotal (Jo
17.1-26). A oração é a chave da vitória. Consiste na manutenção do contato com
o Criador. Isto significa que Deus existe, que pode ouvir-nos, que criou todas
as coisas, que preserva e governa todas as suas criaturas e dirige as ações
delas. Ele não se escraviza às leis que ordena; pode produzir resultados
suspendendo as leis da natureza ou operando por meio delas; pode dirigir os
corações e as mentes mais eficientemente do que possamos fazer. Deus
estabeleceu tanto a oração como a sua resposta, pois tem um plano traçado desde
a criação, pela sua constante presença no universo mantendo-o e dirigindo-o. A
oração é a principal fonte de socorro do homem que em suas aflições clama por
Deus. Por isso, Ele exige que o ser humano ore, para ter direito ao suprimento
de suas necessidades. A oração bem aceita é a dirigida pelos justos, mas a dos
ímpios lhe é abominável (Pv 15.29). Somente os que têm os pecados apagados
podem se aproximar de Deus em oração. Aqueles que se revelam contra a
autoridade divina não são aceitos antes de renunciarem a seus pecados e
receberem o perdão. A oração é a comunhão dos filhos com o Pai que está nos
céus, e consiste em adoração, ação de graças, confissão de pecados e petições
(Ne 1.4-11). Deus responde a qualquer tipo de oração que lhe é feita de
conformidade com as diretrizes por Ele estabelecidas; compreende os pássaros
quando a Ele se dirigem pedindo alimento, e atende também as orações dos seus
eleitos (Sl 65.2). Tiago afirma que “a oração feita por um justo pode muito em
seus efeitos” (Tg 5.16). Cristo também declara: ‘‘Tudo o que pedirdes ao Pai em
meu nome, isso vos farei” (Jo 14.13). O povo de Deus sabe que Ele responderá de
acordo com o bem de seus filhos. O apóstolo João confirma esta assertiva: “Esta
é a confiança que temos nele, que se pedirmos alguma coisa, segundo a sua
vontade, ele nos ouve” (1 Jo 5.14). A oração deve ser feita em nome de Jesus,
porque o pecador não pode se aproximar de Deus em seu próprio nome.
Reconheçamos que não temos merecimentos para irmos à presença do Criador, a não
ser somente em nome do que nos lavou e purificou em seu sangue. A oração é
dirigida à Trindade em sua plenitude, pois a bênção apostólica assim determina:
“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito
Santo seja com vós todos. Amém” (2 Co 13.13). O segredo da vitória está numa
vida de íntima comunhão com Deus através da oração A oração é a principal fonte
de socorro do homem que em suas aflições clama por Deus. A oração feita por um
justo pode muito em seu efeito”. (A PAZ DO SENHOR)
2. A oração como sacrifício ao
Senhor. O salmista,
conhecendo perfeitamente a simbologia do incenso sagrado, assim orou ao Senhor:
“Suba a minha oração perante a tua face como incenso, e seja o levantar das
minhas mãos como o sacrifício da tarde” (Sl 141.2). Quando nos dedicamos
integralmente ao Senhor, toda a nossa vida torna-se uma oferenda a Deus (Ef
5.2; Fp 2.17; 2 Tm 4.6).
“O Altar de Incenso pela sua posição diante do
véu que está diante da Arca do Testemunho, diante do Propiciatório, onde Deus
Se ajunta com o Sumo sacerdote (30.6) ensina-nos que a oração no culto à Deus
pede reverência. Note também que o Altar de Incenso foi carregado com varais
forradas de ouro puro (30.4,5). Tudo disso nos ensina que mesmo que por Cristo
temos ousadia a entrar na presença de Deus (Hb 10.19; Ef 3.12, “No qual temos
ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nele”), não entramos nEsta
Presença Augusta de qualquer jeito. Entramos com louvor à santidade do Seu nome
(Mt 6.9, “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome”). E
entramos com reverência, pois, invocamos o “Pai” nosso. É relembrada essa
devida reverência no culto pela ênfase dada à posição do Altar do Incenso em
relação da presença de Deus repetidas vezes (“diante do véu que está diante da
arca do testemunho, diante do propiciatório, que está sobre o testemunho, onde
Eu me ajuntarei contigo”, 30.6; “diante do testemunho”, 30.36). É relembrada
essa reverência exigente pela ênfase dada por Deus nas instruções também: Não
oferecerá certas coisas (30.9), e a insistência por Deus de instruir que deve
ser “coisa santíssima vos será” (30.36) e “santo será para o Senhor” (30.37)”.
(Leia mais em: PALAVRA PRUDENTE)
3. A oração dos santos na Grande
Tribulação. No período da
Grande Tribulação, logo após o Arrebatamento da Igreja, haverá um grande número
de mártires (Ap 9.9-17). Todos estes, apesar da perseguição do Anticristo,
atuarão como fiéis testemunhas de Jesus Cristo. As orações desses santos serão
recebidas nos céus como incenso de grande valor (Ap 5.8; 8.3). Ninguém pode
deter o poder de um santo que, no oculto de seu quarto, roga a intervenção do
Santo dos Santos (Tg 5.16). Irmãos, “Orai sem cessar” (1 Ts 5.17).
Incenso representa e purifica as orações dos santos,
pecadores redimidos, que são apresentadas pelos vinte e quatro anciãos. As
orações de todos os santos ajudam a trazer à terra os julgamentos de Deus, que
convocam os rebeldes ao arrependimento e defendem parcialmente a justiça de
Deus. As orações dos santos representam uma parte notável na iniciação dos
julgamentos (Ap 8.3-4). Apocalipse 5.8: “Tendo cada um deles uma harpa e
taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos”: “Num trecho
cheio de símbolos baseados no Velho Testamento, encontramos mais dois. Harpas
foram usadas no louvor dos judeus no templo (Salmo 43:4; 81:2), e o incenso
fazia parte integral do serviço a Deus no tabernáculo (Êxodo 30:1-9) e no
templo (1 Reis 7:48-50). Nesta cena, em que os anciãos se prostram diante do
Santo dos Santos celestial, eles vêm com suas harpas e taças de incenso. O
significado do incenso é explicado: são as orações dos santos. Embora o altar
do incenso tenha ficado do lado de fora do véu, ele pertencia ao Santo dos
Santos (Hebreus 9:3-4) porque o aroma passava pelo véu e chegava à presença de
Deus. Aqui entendemos que o incenso representava as orações dos santos chegando
a Deus (veja Salmo 141:2).” (Estudos
da Bíblia).
Orar sem cessar significa ter sempre o coração
voltado para Deus e para as coisas de Deus. Orar cria intimidade com Deus e
ajuda em todas as situações da vida. Orar sem cessar é estar sempre consciente
da presença de Deus e convidá-lo a participar de sua vida. Leia mais sobre “por que precisamos orar sem cessar” aqui.
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“A oração modelo do
crente
Devemos
dar atenção a cada detalhe da oração modelo, que Jesus prefaciou com estas
palavras: ‘Portanto, vós orareis assim’ (Mt 6.9). Embora seja sempre
recomendável repetir a oração do Pai Nosso, é muito importante que, quando
orarmos, nos deixemos guiar pelos princípios providos por nosso Senhor nessa e
em outras orações. A palavra ‘assim’ é tradução do vocabulário grego boutos,
e deveria ser entendido como ‘desta maneira’. Jesus estava dizendo:
‘Deixem-se guiar por estes princípios gerais quando forem orar’” (BRANDT,
Robert L; BICKET, Zenas J. Teologia Bíblica da Oração: O Espírito nos
ajuda a orar. 6.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, pp. 196,197).
CONCLUSÃO
Zacarias, pai de João Batista, ao ser escolhido
para queimar o incenso sagrado na Casa de Deus, teve uma experiência que
retrata ricamente por que o incenso, na Bíblia, simboliza a oração dos santos.
Foi ali, no lugar Santíssimo, se levarmos em consideração Hebreus 9.2, que teve
a sua oração respondida (Lc 1.5-23). Sua experiência com o Senhor foi completa.
Ele viu o anjo, ouviu deste o anúncio profético sobre a vinda do Messias, e,
finalmente, sua velhice foi consolada com a promessa de um filho, que seria o
precursor do Filho de Deus.
Zacarias era um Sacerdote da casa de Abias, que
passou a denominar a sua descendência, a partir do reinado de Davi, na divisão
das ordem sacerdotais em 24 seções. O rei Davi tinha dividido os sacerdotes em
vinte e quatro turnos, e a ordem de Abais, à qual Zacarias pertencia, era a
oitava da fila. Cada turno era chamado a ministrar no templo em apenas duas
ocasiões durante o ano, cada uma delas com duração de uma semana. Tendo cada
turno cerca de mil sacerdotes, é evidente que seria impossível a cada um deles
entrar no Santo Lugar e queimar o incenso sobre o altar de ouro mais de uma vez
na vida. Entretanto, este era o dia de Zacarias. Tanto a vida de Zacarias
quanto a de Isabel eram agradáveis a Deus. Eles eram submissos à Sua vontade e
obedeciam a Sua Palavra (Lc 1.6).
“Depois que Zacarias entregou seu problema ao
Senhor, ele simplesmente continuou a fazer o serviço que Deus lhe confiara. Ele
não parou de orar e abandonou o barco porque sua situação parecia sem
esperança. E nós também não devemos. Nosso Deus é o Deus do impossível! Ele Se
deleita em fazer coisas impossíveis por nós quando sabe que daremos a Ele toda
a glória. É muito mais fácil desistir e fugir das situações difíceis, no
entanto, normalmente isso só agrava o problema. Deus quer que levemos a Ele em
oração todas as nossas dificuldades, buscando na Palavra encorajamento e
direção e, então, esperemos pacientemente Ele agir.” (Bible.Org).
“Achando-se as tuas palavras, logo as
comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo
teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16).
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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