SUBSÍDIO I
Ética Cristã e
Vida Financeira
O Senhor é fonte de toda
riqueza, tanto a prata quanto o ouro lhe pertencem (Ag 2.8). As posses e os
bens são concedidos ao homem por meio do nosso Deus. Cada um prestará contas
daquilo que recebeu para administrar (Rm 14.12), inclusive no quesito
financeiro (Mt 25.19). Nas Escrituras, o trabalho enobrece o homem, sendo este
o único meio digno de sobrevivência (Gn 3.19). Apesar dessa assertiva bíblica,
durante a Idade Média, os que escolhiam trabalhar para conseguir sustento eram
considerados cristãos de segunda classe e a espiritualidade monástica do
período medieval, em geral, considerava o trabalho degradante (MCGRATH, 2012,
p. 331).
Essa ideia
deturpada do trabalho perdurou até a Reforma Protestante, em 1517. Somente após
o movimento protestante é que houve uma mudança de paradigma na conceituação do
trabalho. Quem trabalhava era somente a plebe ou o proletariado, enquanto a
nobreza e também o clero sobejavam em benefícios e regalias e eram sustentados
pelos altos impostos infligidos aos trabalhadores. Com a Reforma, o
protestantismo desenvolveu “a concepção de que o trabalho é uma vocação divina,
a qual foi dada a cada ser humano como instrumento de determinação de amor ao
próximo, no sentido de que, cumprindo a vocação, a pessoa humana serve a seu
semelhante” (OLIVEIRA, 2009, p. 174).
A teologia
protestante inverteu o antigo ponto de vista católico e medieval. De uma
percepção do trabalho como algo humilhante para um meio dignificante e glorioso
de louvar a Deus em sua criação e por intermédio dela (MCGRATH, 2012, p. 332).
O trabalho passou a ser entendido como um meio digno e desejado de sustentar a
família, erradicar a pobreza e a miséria, bem como uma oportunidade de exercer
o amor aliviando a dor e a fome do próximo, e ainda uma maneira de propiciar a
manutenção do Reino de Deus na terra.
Vida Financeira
Equilibrada
No livro de Provérbios estão
registradas as palavras de Agur (Pv 30.1). Ele fez dois pedidos ao Senhor, os
quais almejava usufruir antes de sua morte (Pv 30.7). Seu primeiro pedido era
por uma vida íntegra, livre da vaidade e da falsidade (Pv 30.8a). Na segunda
petição, Agur desejou uma vida financeira equilibrada. Ele rogou: “não me dês
nem a pobreza nem a riqueza” (Pv 30.8b). O motivo desse segundo pedido é
explicado em seguida: “para que, porventura, de farto te não negue e diga: Quem
é o Senhor? Ou que, empobrecendo, venha a furtar e lance mão do nome de Deus”
(Pv 30.9). Agur desejava dinheiro suficiente para uma vida digna que não o
levasse a pecar. Ele não queria muito dinheiro para evitar a soberba, mas
também não queria que faltasse para não ser desonesto. Nesse propósito, ele
aspirava apenas à porção necessária para cada dia (Pv 30.8c). E foi exatamente
assim que Cristo nos ensinou a pedir: “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (Mt
6.11).
Desde o início,
Deus tem prometido prosperidade ao seu povo. Tudo começou com Abrão, que
habitava em Ur dos caldeus, quando o Senhor lhe falou: “Sai-te da tua terra, e
da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E
far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu
serás uma bênção” (Gn 12.1,2). As Escrituras asseveram que Abraão creu na
promessa que Deus lhe fizera, e isso lhe foi imputado como justiça (Rm 4.3).
Portanto, a prosperidade é algo bíblico, está nas Escrituras como uma dádiva
divina, algo prometido pela palavra do próprio Deus.
Em contrapartida,
nas Escrituras “ser próspero” não significa “somente ter posses”, pois a
prosperidade unicamente material pode ser danosa. Consciente dessa verdade, o
sábio rei Salomão registrou: “Não esgote suas forças tentando ficar rico; tenha
bom senso! As riquezas desaparecem assim que você as contempla; elas criam asas
e voam como águias pelo céu” (Pv 23.4,5, NVI). Quando Cristo foi interpelado
por alguém que requeria intervenção em um caso de herança, o Senhor lhe
advertiu severamente: “Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de
ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens” (Lc
12.15, NVI). João, ao escrever para Gaio, desejou-lhe prosperidade material e
espiritual (3 Jo 1,2). Assim, nossa riqueza deve ser tal qual é próspera a
nossa alma.
Saúde financeira
A saúde financeira não depende
de quanto ganhamos, mas de como gastamos o que ganhamos. A Palavra de Deus
censura a imprudência de quem vive acima de sua capacidade econômica: “O homem
sensato tem o suficiente para viver na riqueza e na fartura, mas o insensato
não, porque gasta tudo o que ganha” (Pv 21.20, NTLH). Aquele que desobedece a
esse princípio acumula dívidas e vive atribulado. Não raras vezes contrai
empréstimos para saldar outros empréstimos. Torna-se refém dos altíssimos juros
dos cartões de crédito e do cheque especial. Em casos extremos, passa a ser
explorado por agiotas que fazem financiamentos com juros abusivos. Compromete
sua reputação e seu nome figura como mau pagador nos órgãos de proteção ao
crédito. Pela sua insensatez e má administração, quando chega à velhice não tem
onde reclinar a cabeça e nem mesmo condições mínimas de viver dignamente.
Portanto, para uma vida
financeira equilibrada, é preciso bem administrar o orçamento familiar. A
prudência ensina calcular todas as despesas e fazer provisões financeiras para
evitar o empréstimo e a vergonha (Lc 14.28). Outra salutar medida é não se
envolver na aquisição de supérfluos e resistir à tentação de comprar o que não
precisa. Aplicar a remuneração naquilo que é indispensável e não gastar o
dinheiro naquilo que não é pão (Is 55.2) – aquele que observa esses princípios
fica longe das dívidas e escapa da ruína financeira. Será louvado pela sua
família, manterá o bom nome e a boa reputação, e, na velhice, poderá desfrutar
de uma merecedora e digna aposentadoria.
O apóstolo Paulo corrobora que a
vida moderada é o melhor caminho para fugir dos laços e tentações das riquezas
(1 Tm 6.9,10). A cobiça pelo dinheiro corrompe os homens e os faz desviar da
fé. Percebe-se no texto bíblico que o mal não está no dinheiro, e sim no “amor
ao dinheiro”. O mal está em perder a comunhão com Deus e passar a depositar a
confiança nas riquezas. A Bíblia revela que essa atitude foi empecilho de
libertação na vida de muitos, como nos exemplos do jovem rico (Lc 18.23), de
Judas Iscariotes (Lc 22.3-6), de Ananias e Safira (At 5.1-5), que valorizaram o
dinheiro em detrimento da salvação. Portanto, mesmo que o Senhor nos permita
enriquecer, o salmista nos adverte para não pecarmos: “[...] se as vossas
riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração” (Sl 62.10).
Cuidado com a cobiça
O mais perigoso inimigo do homem
é ele próprio. A sua própria carne e a natureza pecaminosa que nele habita
constituem um inimigo vicioso e enganoso. Existem três espécies de pecado que se
encontram na raiz da queda de qualquer cristão: é o amor pelas mulheres
(imoralidade sexual); o amor pelo dinheiro (o pecado da cobiça); e o amor por
posições (orgulho e apostasia). Comparados com isso os seus inimigos externos
são fáceis de combater. A cobiça vem de uma insegurança com relação à provisão
de Deus e o amor pelo dinheiro. Em Mateus 6.24, Jesus ensinou sobre dois
senhores, dentre os quais devemos escolher um – Deus ou Mamom. Acerca dessa
declaração, Mamom é identificado com o nome do deus pagão da riqueza e da
prosperidade com gravíssimas implicações:
No Targum (paráfrase aramaica do
Antigo Testamento), essa palavra era usada para o lucro desonesto obtido
mediante exploração egoística de outra pessoa. O “mamom” da injustiça de Lucas
16.9 corresponde com exatidão a uma frase aramaica que significa “possessões
adquiridas com desonestidade. (MOUNCE, 1996, p. 70)
Infelizmente, muitos cristãos
têm caído nessa armadilha, apropriando-se daquilo que não é seu. As Sagradas
Escrituras esclarecem que a cobiça, ou a avareza, está no amor ao dinheiro.
Paulo ensina que a cobiça é pecado de idolatria. Nos textos de Colossenses 3.5
e de Efésios 5.5, avareza e cobiça são sinônimos. Esses termos estão ligados
com a ganância de querer ter e ser mais que os outros. Um cristão dominado pela
avareza ou pelo desejo de acumular riquezas é insensato e delira em vãos
pensamentos, Jesus deixou bem claro que “a vida de qualquer não consiste na
abundância do que possui” (Lc 12.15). Lamentavelmente, não são poucos os que acabam
se perdendo por causa da cobiça ao dinheiro, bens materiais e posições
economicamente compensatórias.
O problema da soberba
Ao escrever aos romanos, o
apóstolo dos gentios os advertiu acerca da soberba: “[...] não ambicioneis
coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos”
(Rm 12.16). Os romanos, por viverem na cidade imperial, estavam bem próximos do
esplendor da corte e buscavam ocupar certas posições. A exortação paulina os
instiga a se acomodarem às coisas simples, deixando de ser convencidos, em vez
de lutar na consecução de coisas que eram altas demais para eles (PFEIFFER,
1983, v. 5, p. 56). Matthew Henry considera que “não devemos ambicionar honra e
promoção, nem olhar com respeito o fausto e a dignidade do mundo com qualquer
valor ou desejos excessivos” (2008, vol. 2, p. 391). Nesse sentido, o problema
não está nos altos cargos ou funções, mas no desejo de alguns de serem
superiores aos outros.
Não obstante, a orientação
bíblica por vezes é negligenciada por aqueles que almejam, por meio do acúmulo
das riquezas, alcançar o topo da pirâmide social para vangloriar-se sobre os
demais. A respeito desse procedimento, Tiago reprovou o comportamento de alguns
crentes que estavam praticando o favoritismo e o elitismo na igreja (Tg 2.1-9).
A reprovação de Tiago ainda tem relevância para hoje: “A Igreja não deveria
mostrar parcialidade, nenhum interesse com respeito à beleza externa, à riqueza
material e ao poder ou à influência da pessoa” (DAVIDS, 1997, p. 79). Muitos
conflitos e contendas são gerados na igreja por ações de superioridade
praticadas por parcela da membresia. Deus não se recusa em nos abençoar, mas
não o fará se a nossa motivação for errada. Não seremos atendidos se o nosso
desejo de prosperidade estiver motivado pelo egoísmo e pela soberba (Tg 4.1-3).
Evitando as dívidas
A falha no estabelecimento de
prioridades provoca o endividamento. Quando a família não planeja, acaba
contraindo dívidas acima de suas posses. O lar passa a sofrer privações e se
torna refém do credor (Pv 22.7). O comprometimento da renda familiar acarreta
uma série de outros prejuízos, tais como impaciência, nervosismo e desavenças
no lar. Para evitar essas desagradáveis situações é aconselhável comprar tudo à
vista (Rm 13.8), não ficar por fiador de estranhos (Pv 11.15; 27.13), fugir da
mão dos agiotas (Êx 22.25; Lv 25.36), e ser fiel nos dízimos e nas ofertas (Ml
3.10,11).
O nível de desemprego aliado à
falta de disciplina financeira da população contribuiu com os altos índices de
endividamento e inadimplência das famílias brasileiras. Diante desse cenário
caótico e a fim de não fazer parte desses índices, o crente salvo deve manter
sua disciplina financeira por meio da fidelidade nos dízimos e nas ofertas, no
esmero no planejamento do orçamento familiar e na fuga de todo e qualquer
endividamento. E, depois de fazer todo o possível ao seu alcance, confiar que
Deus suprirá as suas necessidades (Fp 4.7).
BAPTISTA, Douglas. “Valores Cristãos: enfrentando as
questões morais do nosso tempo”, editada pela CPAD.
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
A Ética Crista também tem a ver com mordomia, isto
é, o uso apropriado dos bens materiais. Somos responsáveis pela propriedade que
Deus permite que chegue até nós. Na lição de hoje estudaremos a respeito desse
importante assunto, destacando, a princípio, os fundamentos bíblicos para a
propriedade, em seguida, mostraremos que o trabalho é uma benção divina, desde
que seja honesto, e por fim, que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males,
e que o contentamento deve ser a meta de todo cristão.
1. TRABALHO E FINANÇAS
O trabalho é uma ordenança divina, antes mesmo da
queda o homem já trabalhava, por causa do pecado esse se tornou pesaroso (Gn.
3.19). Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento encontramos passagens bíblicas
que ressaltam a importância do trabalho (Pv. 21.25; 22.13; II Ts. 3.10). O
trabalho possibilita a mobilidade social, bem como a educação e melhor salário.
Mas é preciso considerar que a empregabilidade, e mesmo a ascensão social
depende de fatores diversos. É preciso que haja justiça, e que os políticos
trabalhem, a fim de favorecer a democratização dos recursos. Algumas pessoas
não conseguem trabalhar, e muito menos administrar as finanças, por causa de
situações adversas pelas quais passam, e quem em alguns casos estão além do
controle. Os cristãos devem buscar ser exemplo no seu trabalho, com o objetivo
de suprir suas necessidades, e principalmente da sua família (Fp. 4.7), mas
também para contribuir com o reino de Deus (Ml. 3.7-10), e para ajudar os que
têm necessidade (II Co. 9.7). É importante também evitar dívidas, sobretudo
àquelas desnecessárias, impostas pela demanda consumista, que conduz as pessoas
à ganância, e a desequilíbrio financeiro (Is. 55.2).
2. OS MALES
DO CONSUMISMO
A princípio, faz-se necessário distinguir o que
seja “consumo” e “consumismo”. No primeiro caso, as pessoas adquirem somente
aquilo que lhes é necessário para a sobrevivência. Em relação ao consumismo a
pessoa gasta tudo aquilo que tem, e até o que não tem, em produtos supérfluos.
Esse consumo exagerado, em muitos casos, é produto das provocações dos meios de
comunicação de massa, especialmente, da propaganda da televisão. Os canais
televisivos cobram quantias exorbitantes aos anunciadores dos produtos, os
quais, incitam as pessoas a adquirirem os seus produtos, criando necessidades
que, na verdade, não existem. As implicações sociais do consumismo são
terríveis, pois podem gerar violência na medida em que as pessoas distanciadas
de Deus acabam cometendo atrocidades a fim de satisfazer a vontade de possuir um
determinado produto. A indústria trouxe o desenvolvimento, num modelo de
economia liberal, que hoje leva ao consumismo alienado de produtos
industrializados. Uma outra consequência danosa do consumismo é a destruição do
meio ambiente, algo que não pode ser desconsiderado, mesmo pelos cristãos, pois
somos mordomos da criação de Deus (Gn. 2.8,19,20; Ex. 23.11)
3. NA BUSCA PELO CONTENTAMENTO
A maior riqueza de um cristão é a piedade (gr.
eusebeia), uma vida dedicada a Deus, através de momentos de oração e meditação
na Palavra. Existem muitos cristãos que, por causa do desejo de ficarem ricos,
estão se afastando da fé. Paulo adverte quanto ao amor ao dinheiro, ressaltando
que o amor a esse é a raiz de toda espécie de males (I Tm. 6.9,10). Essa
mensagem confronta diretamente a famigerada teologia da ganância, que está se
infiltrando em muitas igrejas evangélicas. A espiritualidade do obreiro não deve
ser identificada pelo total de bens que conseguiu acumular. De nada adianta ser
rico na terra, ajuntar tesouros nos bancos, e não ser rico para Deus (Lc.
12.21). Há lideranças nas igrejas que se tornaram escravas do dinheiro, são
obreiros fraudulentos que não conseguem ver outra coisa, a não ser a lã das
ovelhas. Até mesmo os ricos da igreja devem ser ensinados a não colocar sua fé
nos bens materiais que possuem, mas em Deus que abundantemente nos dá todas as
coisas (I Tm. 6.17). Os bens não podem ser usados apenas para satisfação
pessoal, devem servir também para fazer o bem ao próximo, é assim que se
enriquece em boas obras (I Tm. 6.18).
CONCLUSÃO
O tesouro do cristão não está na terra, pois ele
não coloca a sua fé no que tem, mas em quem Deus é (Mt. 6.19-24). Mamom é o
deus deste século, e tem seu altar estabelecido no meio dos homens. O crente
aprendeu a viver contente em todas as circunstâncias, e sabe tanto ter
abundância quanto passar por privação (Fp. 4.13). A piedade, demonstrada
através do contentamento, é grande fonte de lucro para o cristão (I Tm. 6.6).
Os obreiros desta geração não podem esquecer essa importante verdade bíblica,
que está sendo deturpada por uma teologia equivocada, que busca apenas as
riquezas terrenas, e que nada tem a ver com as Escrituras.
Prof. Ev. José
Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog
subsidioebd
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
O Senhor é a fonte de toda
riqueza e tanto a prata quanto o ouro pertencem a Ele (Ag 2.8). Logo, as posses
e os bens são concedidos ao ser humano por meio do nosso Deus. Assim, cada um
prestará contas de tudo o que recebeu nesta vida para administrar (Rm 14.12),
inclusive na esfera financeira (Mt 25.19). Nesta lição, veremos como podemos
gerir melhor as nossas finanças.
O cristão, como filho de Deus, dEle recebe todas as
coisas, incluindo o dinheiro, que deve ser utilizado de maneira correta,
sensata e temente a Deus, para glória do Seu Nome. É por esta razão que a vida
do cristão deve ser equilibrada e satisfeita com aquilo que Deus colocou em
nossas mãos. Todas as áreas de nossa vida estão norteadas pelas regras
estabelecidas por Deus em sua Palavra, tudo visando o nosso bem-estar;
Inclusive a forma como gastamos nosso dinheiro e a administração dos bens
amealhados ao longo da vida. As riquezas podem ser uma bênção ou podem se
tornar uma maldição, a maneira como desfrutamos dela é que dirá; administrando
de modo judicioso, para glória de Deus e expansão do seu reino, com gratidão
pelos bens adquiridos, seremos recompensados pelo Senhor. Certamente, o
equilíbrio e a bênção na vida financeira começam pelo reconhecimento de quem
Deus é – “a fonte de toda riqueza e tanto a prata quanto o ouro pertencem a
Ele” (Ag 2.8). A forma como empregamos nosso dinheiro também
demonstra a realidade de nosso amor por Deus. Devemos honrar a Deus com aquilo
que produzimos, com integridade – “Dai a César o que é de César e a Deus o
que é de Deus” (Mc 12.17) e com alegria e gratidão. Que possamos utilizar
nossos recursos financeiros de modo honesto, como verdadeiros mordomos de nosso
Senhor Jesus Cristo. Saiba-se que a avareza é uma forma de idolatria (Cl 3.5).
Que os princípios que vamos estudar hoje nos orientem na manutenção ou
recuperação de uma vida financeira equilibrada!
I. UMA
TEOLOGIA PARA A VIDA FINANCEIRA
O equilíbrio financeiro foge dos extremos da
riqueza e da pobreza, e ainda possibilita uma vida desprovida de preocupações
desnecessárias.
1. Vida financeira
equilibrada. No livro de
Provérbios estão registradas as palavras de Agur (Pv 30.1). Ele fez dois
pedidos ao Senhor pelos quais almejava usufruir antes de sua morte (Pv 30.7). O
primeiro pedido foi por uma vida íntegra, livre da vaidade e da falsidade (Pv
30.8a). O segundo foi uma vida financeira equilibrada: "não me dês nem a
pobreza nem a riqueza" (Pv 30.8b). O motivo desse segundo pedido é
explicado no versículo nove: "para que, porventura, de farto te não negue
e diga: Quem é o SENHOR? Ou que, empobrecendo, venha a furtar e lance mão do
nome de Deus". Agur desejava dinheiro suficiente para uma vida digna que
não o levasse a pecar. ELe não queria muito dinheiro, objetivando, assim,
evitar a soberba; mas também não desejava que Lhe faltasse para não ser
desonesto. Nesse propósito, ele apenas aspirava à porção necessária para cada
dia (Pv 30.8c). Foi exatamente isso que Cristo nos ensinou a pedir: "o pão
nosso de cada dia dá-nos hoje" (Mt 6.11).
Equilíbrio financeiro não depende do quanto
ganhamos, mas de como administramos aquilo que está em nossas mãos; e isso não
tem sido fácil, principalmente, nestes dias, marcados pelo consumismo,
pelo materialismo, pelo viver na moda, pela procura de status, ou seja: uma
vida apoiada sobre falsos valores e em aparências. “Vai ter com a formiga, ó
preguiçoso; olha para os seus caminhos, e sê sábio. Pois ela, não tendo chefe,
nem guarda, nem dominador, Prepara no verão o seu pão; na sega ajunta o seu
mantimento”(Pv 6.6-8) - Este texto nos fala de inteligência, integridade e
iniciativa - atitudes que Deus valoriza e quer ver reproduzidas em nosso
caráter.
“Muitos têm ficado em situação difícil, por causa
do uso irracional do cartão de crédito — na verdade, cartão de débito. As
dívidas podem provocar muitos males, tais como falta de tranquilidade (causando
doenças); desavenças no lar; perda de autoridade e independência. Devemos
lembrar: “O rico domina sobre os pobres, e o que toma emprestado é servo do que
empresta” (Pv 22.7). Outro problema é o mau testemunho caloteiro perante os ímpios,
quando o crente compra e não paga.
b) Evitar extremos. De um lado, há os
avarentos, que se apegam demasiadamente à poupança, em detrimento do bem-estar
dos familiares. São os “pães-duros”. De outro lado, há os que gastam tudo o que
ganham, e compram o que não podem, às vezes para satisfazer o exibicionismo a
insensatez da concorrência com os vizinhos e conhecidos, à mania de esbanjar, a
inveja de outros, ou por mera vaidade. Isso é obra do Diabo” (3º Trimestre de 2002. Título: Ética Cristã —
Confrontando as questões morais. Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima. Lição
11: O cristão e as finanças. Data: 15 de setembro de 2002).
2. O perigo do amor do
dinheiro. O apóstolo Paulo
confirma que a vida moderada é o melhor caminho para fugir dos Laços e das
tentações das riquezas (1 Tm 6.9). É fato que a cobiça pelo dinheiro corrompe
os homens e os faz desviar da fé (1Tm 6.10). Entretanto, o texto bíblico mostra
que o mal em si não está no dinheiro e sim no "amor do dinheiro". O
mal está em perder a comunhão com Deus e passar a depositar a confiança nas
riquezas. A Bíblia revela que essa atitude foi empecilho de libertação na vida
de muitos, como nos exemplos do jovem rico (Lc 18.23), de Judas Iscariotes (Lc
22.3-6) de Ananias e Safira (At 5.1-5) que valorizaram o dinheiro em detrimento
da salvação. Portanto, mesmo que o Senhor nos permita enriquecer, o salmista
nos adverte quanto ao pecado em relação às riquezas: "se as vossas
riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração" (SI 62.10).
Amor ao dinheiro é o que chamamos de ‘Avareza’.
O avarento não passa de um escravo do vil metal - “Porque o amor ao dinheiro
é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e
se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1Tm 6.9,10). Notemos que não
há nas Escrituras uma proibição quanto o enriquecimento, mas há inúmeras
advertências quanto à ambição, cobiça, exploração, usura e à avareza. Ao longo
das Escrituras encontramos muitos servos que foram abastados, possuíram grandes
riquezas, como Abraão e seus filhos depois dele, Jó, Davi, Salomão entre
outros, e nenhum deles foi repreendido por isso. Notemos, também, que o
problema real não é o dinheiro, mas o estado pecaminoso que nos encontramos,
nos levando à ganância e à ambição desenfreada (cf. Pv 28.20). O dinheiro mal
usado fatalmente fará o crente cair em tentação e cilada - "Mas os que
querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências
loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína”. (1Tm 6.9).
Por isso, solenemente Paulo adverte: "o amor ao dinheiro é raiz de
todos os males” (1Tm 6.10). Em 1Tm 6.7-11 o apóstolo Paulo alerta seu filho
na fé Timóteo que há um perigo que nos rodeia que devemos tomar redobrado
cuidado, esse perigo é a ganância. Que é o desejo de ficar rico sem qualquer
escrúpulo. A Bíblia nos alerta é que quem é dominado por esse desejo é
levado a ruína e a perdição (1Tm 6. 9).
“Observe como essa ruína e perdição ocorrem. Em
primeiro lugar Paulo diz que essa cobiça é uma tentação, ou seja, procede de
Satanás, pois Deus não tenta ninguém e nem pode ser tentado: “Ninguém, ao ser
tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal
e ele mesmo a ninguém tenta” (Tg 1.13). Deus prova os seus servos e provação é
diferente de tentação (cf. Gn 22).
Em segundo lugar, Paulo nos diz que
isso é uma cilada, uma armadilha para derrubar os incautos. Essa tentação leva
a uma cilada que leva a muitas concupiscências insensatas e perniciosas, ou
seja, o senso moral fica totalmente ofuscado como resultado da paixão que o
domina [2]. A pessoa passa a agir de forma impensada, pois é dominada por um
desejo incontrolável, tal pessoa perde o senso, ou seja, é dominado por uma
concupiscência insensata (sem senso, que perdeu a razão). Outro detalhe que
Paulo nos chama a atenção é que essa concupiscência é perniciosa. Esse termo
quer dizer que é algo prejudicial, nocivo, ruinoso; perigoso. É como se a
pessoa estivesse com uma febre muito grave, acompanhada de delírios, e amiúde
mortal.
Em terceiro lugar, Paulo fala que tal
desejo leva a pessoa à morte; morte essa que pode ser tanto espiritual quanto
física, pois a pessoa é afogada na ruína e perdição. Paulo está dizendo que tal
pessoa está em total decadência e desgraça. Esse é o preço pago pela
ganância. Um exemplo disso é o Mister Colibri, onde milhares de
pessoas pensam que irão ficar ricas ou até mesmo milionárias da noite para o
dia ganhando cerca de 240% de lucro ao mês. Isso não existe, mas tem pessoas
cegas pela ganância que não conseguem ver isso.” (Silas Alves Figueira, ‘Quando a ganância nos
domina’. Disponível em: http://www.napec.org/heresias-igreja/quando-a-ganancia-nos-domina/.
Acesso em: 29 maio, 2018)
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
No contexto do mundo atual, em relação às coisas que
movem o mundo, o dinheiro se destaca como algo eticamente difícil de ser
administrado. A mordomia cristã implica instruir ao cristão quanto ao modo
ético, decente e correto de lidar com o dinheiro. O dinheiro está diretamente
ligado aos bens materiais. O cristianismo é, também, feito com coisas materiais
e o dinheiro faz parte desse contexto, A doutrina da mordomia bíblica objetiva
equilibrar esses dois elementos importantes do cristianismo, o material e o
espiritual. Para que haja esse equilíbrio das partes, a mordomia, nada mais é,
do que administrar adequadamente o dinheiro. Ela se preocupa com os métodos de
aquisição, sua posse e a utilização do mesmo nas várias atividades da vida material.
A administração do dinheiro pessoal ou público deve ser feita com critérios e
responsabilidade. A subsistência das pessoas está diretamente ligada à
aquisição de dinheiro. As organizações sociais e religiosas, os governos e
outras instituições dependem do dinheiro para seu funcionamento. Administrá-lo
correta e honestamente é de vital importância para o funcionamento de qualquer
organização e para a consciência das pessoas (CABRAL, Elienai. Mordomia Cristã: Aprenda como servir
melhor a Deus. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp. 114-115).
II. MEIOS HONESTOS PARA GANHAR DINHEIRO
Ganhar dinheiro não é pecado, mas uma
necessidade indispensável. Trabalhar de modo honesto para o sustento de sua
família é uma atitude altruísta.
1. Trabalho e emprego. Desde a queda no Éden, o homem precisa empregar esforços
para obter os bens de que necessita para sobreviver. Disse Deus: "No suor
do teu rosto, comerás o teu pão..."(Gn 3.19a). Assim, o trabalho passou a
ser um meio legítimo para prover o sustento humano. O Senhor Jesus ensinou que
"digno é o trabalhador do seu salário" (Lc 10.7 - ARA). Quando
escreveu aos irmãos de Tessalônica, Paulo enfatizou que o trabalho é um meio
digno de ganhar dinheiro (1Ts 2.9). Porém, no afã de obter o seu salário, o
cristão não pode envolver-se com meios ilícitos ou criminosos (Pv 11.1; 20.10),
nem tampouco explorar ou extorquir seu semelhante (Am 2.6). A responsabilidade
individual de trabalhar para o próprio sustento é tão relevante que a Bíblia
condena o preguiçoso (Pv 21.25; 22.13) e ainda assevera: "Se alguém não
quiser trabalhar, não coma também" (2Ts3.10).
“A ética bíblica nos orienta que devemos
trabalhar com afinco para fazermos jus ao que percebemos. Desde o Gênesis,
vemos que o homem deve empregar esforço para obter os bens de que necessita.
Disse Deus: “No suor do teu rosto, comerás o teu pão…” (Gn 3.19a). O apóstolo
Paulo escreveu, dizendo: “Porque bem vos lembrais, irmãos, do nosso trabalho e
fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós,
vos pregamos o evangelho de Deus” (1Ts 2.9); “e procureis viver quietos, e
tratar dos vossos próprios negócios, e trabalhar com vossas próprias mãos, como
já vo-lo temos mandado” (1Ts 4.11). “Se alguém não quiser trabalhar, não coma
também”(2Ts 3.10). Daí, o preguiçoso que recebe salário está usando de má fé,
roubando e insultando os que trabalham. O cristão não dever recorrer a meios ou
práticas ilícitas para ganhar dinheiro, como o jogo, o bingo, a rifa, loterias,
e outras formas “fáceis” de buscar riquezas. Em Provérbios, lemos: “O homem
fiel abundará em bênçãos, mas o que se apressa a enriquecer não ficará sem
castigo” (Pv 28.20). O cristão também não deve frequentar casas de jogos, como
cassinos e assemelhados. Esses ambientes estão sempre associados a outros tipos
de práticas desonestas, como prostituição e drogas. O trabalho diuturno deve
ser normal para o cristão. A preguiça não condiz com a condição de quem é
nascido de novo. Jesus deu o exemplo, dizendo: “Meu Pai trabalha até agora, e
eu trabalho também” (Jo 5.17). O livro de Provérbios é rico em exortações
contra a preguiça e o preguiçoso (Pv 6.9-11).” (3º Trimestre de
2002. Título: Ética Cristã — Confrontando as questões morais. Comentarista:
Elinaldo Renovato de Lima. Lição 11: O cristão e as finanças. Data: 15 de
setembro de 2002).
2. Escolarização e Mobilidade
Social. A sociedade é
formada por classes sociais. A possibilidade de um cidadão trocar de classe é
denominada "mobilidade social". Um dos meios disponíveis para isso é
a escolarização, ou seja, a educação acadêmica. A escolarização proporciona a
capacitação profissional e o acesso a níveis superiores de ensino. Os que
alcançam maior escolarização possuem maior probabilidade de encontrar empregos
com bons salários. No entanto, o cristão precisa tomar cuidado na busca de seu
aprimoramento intelectual para não ser enredado por meio de filosofias e vãs
sutilezas (Cl 2.8). Precisa também ter em mente que não devemos buscar
conhecimento por vanglória ou para nos considerar melhor que outros (Fp 2.3).
Assim, o padrão bíblico está em usarmos a escolarização e a ascensão social
para servir melhor o Reino de Deus (Fp 2.4,21; 1Co 10.32,33).
“O termo mobilidade social significa o
deslocamento de indivíduos ou grupos entre posições socioeconômicas diferentes.
Em sociedades regidas pelos regimes de castas ou estamentos, essa mobilidade é
praticamente inexistente, uma vez que a posição social do indivíduo está
estabelecida desde o seu nascimento e não pode ser alterada. Nas sociedades
ocidentais modernas – onde o capitalismo é o modo de produção predominante – a
mobilidade entre diferentes classes sociais é mais frequente. Tal mobilidade
pode se dar em dois sentidos: de forma ascendente (quando há um aumento nos
ganhos financeiros e, consequentemente, um maior acesso a bens e serviços) ou,
no sentido contrário, de forma decrescente.” (Camila Betoni,
‘Mobilidade social’. Disponível em: https://www.infoescola.com/sociologia/mobilidade-social/.
Acesso em: 29 maio, 2018)
Ainda segundo Camila Betoni, Mestre em Sociologia
Política (UFSC, 2014), “o número de pessoas que transitam entre uma classe e
outra torna-se um importante indicador do grau de democracia de um país” (Mobilidade Social). Assim, teoricamente,
há a possibilidade de ascendermos socialmente, e o meio para alcançarmos isso é
sem dúvida a educação de boa qualidade, esta, aliás, não está acessível a
todos.
“Houve algum progresso nos últimos anos, que
ajudou a reduzir a desigualdade. Segundo o IBGE, 47,4% das pessoas com mais de
25 anos atingiram um nível de instrução superior ao do pai e 51,4% ao da mãe.
Mas os dados também revelam que persistem as dificuldades de progredir nos
estudos para aqueles que nascem em famílias menos instruídas. Entre aqueles
cujos pais não tinham instrução, 63,6% se mantiveram no mesmo nível ou
conseguiram apenas começar o ensino fundamental, sem chegar à conclusão. Apenas
4% dos filhos de pais analfabetos completaram o ensino superior, o equivalente a
um milhão de pessoas. Já dos que têm pais com ensino superior, 69,1%
completaram o curso universitário. Em geral, quanto maior a instrução, maior o
rendimento do trabalho do pai, e o filho entra no mercado de trabalho mais
tarde. Quanto mais precária a situação profissional dos pais, mais as crianças
precisam contribuir para o orçamento da família. A maioria dos filhos de
agricultores, 59,6%, começou a trabalhar antes dos 13 anos, geralmente na mesma
atividade do pai, e tem menos tempo para estudar. Por outro lado, 37% dos
profissionais de ciências e artes entram no mesmo ramo dos pais depois dos 20
anos e podem estudar mais. Da população pesquisada, 73,9% começaram a trabalhar
até os 17 anos; sendo que um terço começou ainda criança, com menos de 13 anos” (Educação
ainda é grande barreira à mobilidade social. Disponível em: https://www.forumensinosuperior.org.br/cms/index.php/noticias/item/educacao-ainda-e-grande-barreira-a-mobilidade-social.
Acesso em: 29 maio, 2018)
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
As Escrituras dizem muitas coisas sobre a
importância do trabalho. Em primeiro lugar, nossos esforços no
trabalho são capazes de glorificar a Deus.
Em segundo lugar — é relacionado ao primeiro ponto — seja o que for que façamos
nesta terra, incluindo o nosso comportamento no trabalho, será um testemunho
para as outras pessoas. Por essa razão, Deus espera que sejamos diferentes, que
nos salientemos no contexto do mundo em que vivemos e que façamos o nosso
trabalho sem murmurações.
O terceiro ponto é complexo. A Bíblia deixa claro que nosso trabalho é um dos
veículos que Deus utiliza para suprir as necessidades. O seu intento é que a
nossa produtividade nos traga recompensas significativas, tanto tangíveis, como
intangíveis. Em seu plano, a preguiça e a falta de produtividade resultam
naturalmente em necessidades. Deus quer que estejamos em uma posição tal, que
possamos desfrutar dos resultados do nosso trabalho. Podemos ter a certeza de
que Ele seria capaz de nos conceder tudo aquilo de que necessitamos, sem
qualquer esforço da nossa parte.
Existem alguns exemplos em que Ele faz exatamente
isto, quando sabe tratar-se de uma situação apropriada. Contudo Deus não pretende
dar-nos um tipo de provisão diária, de tal forma que venhamos logo a tê-la como
certa. A passagem em Mateus diz: 'Buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua
justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas'. A palavra 'primeiro'
implica uma ordem de prioridades. O nosso relacionamento com Deus deve ter a
máxima prioridade — mas não é a única prioridade (SALE, Frederick Jr. Você & Deus no Trabalho: A ética
profissional do cristão, 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, p. 31).
III. COMO
ADMINISTRAR O DINHEIRO
A mordomia das finanças é de responsabilidade
de todos os membros da família. A má gestão financeira provoca endividamento e
constrangimentos desnecessários.
1. Fidelidade na Casa do
Senhor. A boa
administração financeira tem início com a fidelidade do cristão na entrega dos
dízimos e das ofertas. O dízimo era praticado antes da Lei (Gn 14.18-20),
requerido no período da Lei (Ml 3.7-10) e permaneceu em vigor na Nova Aliança
(Mt 23.23; Lc 11.42). É mandamento da Lei e da Graça - da antiga e da nova
dispensação. Entregar os dízimos significa devolver ao Senhor a décima parte de
todos os nossos rendimentos. Já a oferta é extra ao dízimo. Tanto um quanto
outro devem ser dados com alegria (2 Co 9.7), amor, altruísmo e voluntariedade.
O sentimento que deve predominar no coração do crente no momento da entrega
solene é o da gratidão a Deus: "O povo se alegrou com tudo o que se fez
voluntariamente; porque de coração íntegro deram eles liberalmente ao SENHOR;
também o rei Davi se alegrou com grande júbilo." (1Cr 29.9-ARA).
“Mordomo quer dizer, literalmente, ecônomo, isto
é, aquele que é incumbido da direção da casa, o administrador. É aquela pessoa
a quem é entregue tudo quanto o senhor possui para ser cuidado e desenvolvido.
É aquele a quem o senhor incumbe o governo daquilo que lhe é mais precioso."
– Walter Kachel – Lições de Mordomia. A mordomia cristã é é um princípio bíblico
- “Assim, se vocês não forem dignos de confiança com as riquezas deste mundo
ímpio, quem lhes confiará as verdadeiras riquezas?” (Lc 16.11),
considerando que Deus é dono de tudo (1 Cr 29.11), precisamos ser fiéis em tudo
- “Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um seja
encontrado fiel” (1Co 4.2). Diante disso, como contribuir para o reino de
Deus?
1. Sacrificalmente, isto é, algo que custo alguma coisa para
você: 2 Co 8.2, Pv 11.24-25
2. Alegremente: 2 Co 9.7
3. Voluntariamente, não por que é "lei": 2 Co 8.3,
9.7
4. Regularmente (pelo menos uma vez por mês): 1 Co 16.2
5. Começar pelo dízimo (10% da renda total): Ml 3.8, 10-11,
Lc 11.42
2. Estabelecendo
prioridades. A Bíblia ensina
que o dinheiro serve de proteção (Ec 7.12 - ARA). Contudo, o dinheiro somente
será uma bênção se a família souber administrar os rendimentos. Estipular
prioridades e metas a serem atingidas é o caminho mais fácil para aplicar
habilidosamente os recursos e evitar o desperdício (Pv 21.5). As metas devem ser
estabelecidas, obviamente, de acordo com as condições financeiras da família. O
planejamento evita aplicação do dinheiro em atividades supérfluas ou
desnecessárias (Is 55.2). Nesse sentido, as prioridades devem ser ordenadas
pela necessidade e urgência de cada situação. Assim, uma administração
transparente e sincera demonstra temor de Deus na aplicação das finanças da
família (l Tm 5.8).
O dinheiro em si é neutro. Tudo depende do uso que
se faz dele. 1 Tm 6.10 ensina que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os
males, e não o dinheiro em si.
“Vivemos em um mundo extremamente capitalista. A
mídia nos sufoca de propagandas e campanhas publicitárias que, em geral,
possuem um objetivo muito claro: gerar necessidade nas pessoas. Desse modo,
compramos o que não precisamos, com o dinheiro que não temos, para agradar as
pessoas e mostrar para a sociedade que somos capazes. Capazes de quê? Antes
de decidir comprar algo, se pergunte: Eu realmente preciso disso? Posso
realmente pagar? Quero mesmo isto?
a) não devemos gastar sem sabedoria. Muitos são compulsivos
e gastam o que não têm, e se tornam prisioneiros. “Por que gastar dinheiro
naquilo que não é pão e o seu trabalho árduo naquilo que não satisfaz?” (Is
55.2).
b) O crente deve honrar seus compromissos. A nossa palavra
tem de ter valor; tem de ter valor de documento.
c) economizar para alcançar. Além de orar e pedir ao Senhor,
o crente deve aprender a planejar (economizar) para alcançar seus objetivos.
Pare com os gastos desnecessários! Coloque seus propósitos diante do Senhor.
d) Cuidado com os empréstimos.“...o que toma emprestado é servo do que empresta. ” (Pv
22.7,26,27)” (SÉRIE MORDOMIA NA FAMÍLIA. Disponível em: http://www.batistadopovo.org.br/PortalIBP/licoes/9193-mordomia-nas-financas.
Acesso em: 29 maio, 2018)
Se não houver planejamento para o uso do dinheiro e
impulsivamente gastá-lo, não demora muito, problemas chegarão. Muitos não estão
dizimando ou ofertando porque se enredaram com dívidas – muitas vezes
desnecessárias. Se estiver endividado, sair dessa situação começa com um bom
planejamento. Em seguida, coloque-se diante do Senhor com o propósito de não
contrair mais dívidas e ore por isso. Se necessário, procure ajuda do seu
pastor ou de sua liderança na execução do seu planejamento. Dizimar é muito
importante para a manutenção e progresso da obra do Senhor, mas se você estiver
endividado e for necessário fazer a escolha: ‘dizimar ou pagar dívida’, opte
por honrar com seus credores, nisto você estará honrando o Nome do Senhor.
Pagar dívidas é um dever; dizimar é "opcional". A doação financeira
sacrificial faz parte do chamado de Deus para todos os cristãos e não podemos
negligenciar esse chamado, adoramos à Deus quando devolvemos o dízimos e
ofertamos. No entanto, se for realmente impossível pagar a dívida e continuar a
dizimar ao mesmo tempo, não seria errado diminuir a doação, ou temporariamente
parar por completo, e quitar as dívidas – não voltando a se enredar nelas.
3. Evitando as dívidas. A falha no estabelecimento de prioridades provoca o
endividamento. Quando a família não planeja suas compras acaba por contrair
dívidas acima de suas posses, assim, o lar passa a sofrer privações e se torna
refém do credor, pois "o que toma emprestado é servo do que empresta"
(Pv 22.7). O comprometimento da renda familiar acarreta uma série de outros
prejuízos, tais como: impaciência, nervosismo e desavenças no lar. Para evitar
essas desagradáveis situações é aconselhável comprar tudo à vista (Rm 13.8),
não ser fiador de estranhos (Pv 11.15; 27.13), fugir dos agiotas (Êx 22.25; Lv
2536) e ser fiel nos dízimos e nas ofertas (Ml 3.10,11).
Muitos têm ficado em situação difícil, por causa do
uso irracional do cartão de crédito (que aliás, é comprar o que não precisa com
o dinheiro que não tem). Perdemos o sono, a tranquilidade, a saúde; aparecem as
desavenças no lar e toda sorte de problemas que nos desafiam a continuar... Foi
por isso que o sábio escreveu: “O rico domina sobre os pobres, e o que toma
emprestado é servo do que empresta” (Pv 22.7). Quantos de nós estamos
escravizados pelo banco, pagando altas taxas de juros pelo cheque especial,
pela dívida do cartão de crédito, pela agiotagem? Ou aquele bem adquirido quando
não poderíamos comprá-lo? E não somente escravizados, mas dando o mau
testemunho de ‘caloteiro’ perante os ímpios, comprando e não
pagando. Portanto devemos:
a) Evitar extremos. De um lado, há os avarentos, que se
apegam demasiadamente à poupança, em detrimento do bem-estar dos familiares.
São os “pães-duros”. De outro lado, há os que gastam tudo o que ganham, e
compram o que não podem, às vezes para satisfazer o exibicionismo a insensatez
da concorrência com os vizinhos e conhecidos, à mania de esbanjar, a inveja de outros,
ou por mera vaidade. Isso é obra do Diabo.
b) Comprar à vista, se possível. Faz bem quem só compra à
vista. Se comprar a prazo, é necessário, que o crente avalie sua renda e,
quanto vai se comprometer com a prestação assumida, incluindo os juros. É
importante que se faça um orçamento familiar em que se observe quanto ganha, o
que vai gastar (após pagar o dízimo do Senhor), e sempre procurar ficar com
alguma reserva para imprevistos.
c) Não ficar por fiador. Outro cuidado importante, é não
ficar por fiador. A Bíblia desaconselha isso (Pv 11.15; 17.18; 20.16; 22.26;
27.13). Outro perigo é fornecer cheque para alguém utilizar em seu nome.
Conheço casos de irmãos que ficaram em aperto por isso. É importante fugir do
agiota. É verdadeira maldição quem cai na não dessas pessoas, que cobram
“usura” ou juros extorsivos (Êx 22.25; Lv 25.36).
d) Pagar os impostos. Em Romanos 13.7, lemos: “Portanto, dai
a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a
quem temor, temor; a quem honra, honra” (Rm 13.7). A sonegação de impostos
acarreta prejuízo para toda a nação. O cristão não deve ser contrabandista pois
isso não glorifica a Deus” (3º
Trimestre de 2002. Título: Ética Cristã — Confrontando as questões morais.
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima. Lição 11: O cristão e as finanças.
Data: 15 de setembro de 2002).
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Quando Abraão foi ao encontro de Melquisedeque,
após a guerra dos reis orientais, entregou-lhe o dízimo de tudo. Pois como bom
administrador que era, sabia muito bem: todos os seus haveres, de fato, não lhe
pertenciam; tinham por dono o próprio Deus. Se Deus era o proprietário de tudo,
deveria o patriarca consagrar-lhe uma parte de sua imensa riqueza, a fim de que
o sumo sacerdote pudesse sustentar o culto ao Todo-Poderoso. Foi na entrega do
dízimo a Melquisedeque que teve Abraão uma nova revelação do caráter de Deus.
Naquele momento, conscientiza-se ele: tanto ele quanto a sua progênie estavam
ordenados por Deus a ser uma nação santa, profética e sacerdotal. Não foi
simplesmente um ato de doação; foi um encontro experimental do patriarca com o
Senhor.
A mordomia exercida por Abraão é um perfeito modelo
para os seus filhos na fé. Todas as vezes que entregamos o nosso dízimo à casa
do tesouro, aprofundamos a nossa crença na providência de Deus (ANDRADE,
Claudionor de. As Disciplinas da Vida
Cristã: Como alcançar a verdadeira espiritualidade, 1.ed. Rio de Janeiro:
CPAD, 2008, p. 107).
CONCLUSÃO
O cristão deve trabalhar honesta e diligentemente
para suprir o sustento de sua família. Ele deve administrar bem seus recursos a
fim de não pecar contra Deus e não expor a sua família ao vexame moral e
privações. Devemos, em primeiro lugar, confiar que Deus suprirá todas as nossas
necessidades (Fp 4.7); em segundo, fazer todo o possível ao nosso alcance para
bem administrar os recursos que Deus nos deu.
O cristão não foi chamado para acumular riquezas,
mas para dar tanto quanto Deus o dirige a fazê-lo. Deus é a fonte de tudo
aquilo que foi colocado em nossas mãos, e deve ser honrado com isso. Os Seus
benefícios ultrapassam os custos. "E isto afirmo: aquele que semeia
pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará.
Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por
necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria. Deus pode fazer-vos abundar
em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência,
superabundeis em toda boa obra" (2Co 9.6-8).
“Para que a generosidade seja manifesta
exteriormente, o coração deve antes estar enriquecido de amor e compaixão
sinceros para com o próximo. Dar de nós mesmos e daquilo que temos, resulta em:
(1) Suprir as necessidades dos nossos irmãos mais pobres; (2) louvor e AÇÕES de
graças a Deus (v.12) e (3) amor recíproco da parte daqueles que recebem a ajuda”.
Para conhecer mais leia Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p.1782.
“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua
palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou
chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16)
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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