SUBSÍDIO I
Ética Cristã e Redes Sociais
Devido ao avanço tecnológico,
várias mudanças foram inseridas na sociedade. A rede mundial de computadores,
conhecida como internet, conecta o mundo todo. Com o surgimento das redes
sociais, tudo o que acontece é comentado e divulgado de modo instantâneo.
Informações são transmitidas com rapidez surpreendente. Em contrapartida,
vivemos um estágio em que as pessoas se relacionam mais virtualmente do que
presencialmente.
O desenvolvimento das
tecnologias digitais favoreceu o estabelecimento de novas formas de interação
social e, a partir destas, novos paradigmas de relacionamentos. Nesse novo
paradigma, as relações sociais tornaram-se virtuais, o contato e o diálogo
foram se distanciando de seu conceito original e as relações sociais
tornaram-se efêmeras. As publicações nas redes sociais apresentam distorções da
felicidade, criam ilusões e padrões utópicos de vida perfeita. A falsa ideia de
privacidade e anonimato permite extravasar sentimentos e paixões culminando em
relações sociais descartáveis e desastrosas. Estatísticas indicam que mais de
um terço da população mundial está conectada à web e interage por meio de redes
sociais. Dados indicam que as redes sociais transformaram-se em um importante
meio para a divulgação de informações e a propagação de ideologias e todo o
tipo de ativismo.
Diante desses fatos, a igreja
precisa instruir seus membros no uso das novas tecnologias e buscar métodos da
evangelização por meio das redes sociais. O cristão precisa estar consciente de
suas responsabilidades e deveres no mundo virtual. A igreja não pode viver
alienada diante dessa realidade cada vez mais presente na vida dos fiéis. Neste
capítulo, veremos a gênese da comunicação virtual, o conceito, o perigo e o mau
uso das redes sociais, bem como o desafio da igreja hodierna em evangelizar por
meio dessas novas tecnologias. Para tanto, dizem as Escrituras, “rejeitamos as
coisas que, por vergonha, se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando
a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo homem, na
presença de Deus, pela manifestação da verdade” (2 Co 4.2).
I. O CONCEITO DE REDE SOCIAL
As redes sociais podem ser
consideradas de modo genérico como sites de relacionamentos. Como fator
positivo, possibilitam às pessoas se relacionarem virtualmente; todavia, também
oferecem riscos aos seus usuários.
O termo é utilizado para indicar
uma aplicação da rede mundial de computadores (web) cuja finalidade é
relacionar as pessoas. Os que aderem a um site de relacionamentos podem
conectar-se entre si, criar um perfil, adicionar amigos e conhecidos, enviar
mensagens, fazer depoimentos, trocar informações, fotos e vídeos, além de
estabelecer vínculos. A rede social moderna surgiu no início do século XXI e
viabilizou aos usuários encontrar amigos do passado, reencontrar pessoas e
ampliar o círculo social.
As redes sociais não são
satisfatoriamente seguras. Os dados e informações pessoais podem ser invadidos
por terceiros. Entre os principais riscos associados às redes sociais está a
invasão de privacidade, danos à imagem e à reputação, vazamento de informações
e contato com pessoas mal-intencionadas. Além disso, existem muitos perfis
falsos (fakes), comunidades polêmicas, discriminatórias, conteúdos com
imoralidade e preconceitos em geral. Como tudo na Internet e nas tecnologias da
informação, as redes sociais apresentam danos para seus usuários.
II. O PERIGO DA RELAÇÃO
DESCARTÁVEL E AS NOVAS TECNOLOGIAS
A velocidade da informação e a
efemeridade nos relacionamentos virtuais têm provocado sérios danos nas
relações sociais. Quando as novas tecnologias são utilizadas como fuga de
problemas ou como substitutas das relações humanas, o chamado avanço tecnológico
se torna um verdadeiro retrocesso.
1. A Distorção da Felicidade
1. A Distorção da Felicidade
Nas redes sociais em geral, as
pessoas publicam uma vida perfeita e um mundo repleto de felicidade. As redes
estimulam a prática do narcisismo, ou seja, o indivíduo que admira
exageradamente a sua própria imagem e nutre uma paixão excessiva por si mesmo.
Essas pessoas tendem a buscar uma felicidade fútil, em meio a fotos montadas e
a sorrisos falsos. Os usuários editam a própria vida apresentando a si mesmos
como vencedores e vendem a ilusão de que vivem em plena paz e harmonia. As
Escrituras condenam os que se ufanam e vivem em hipocrisia (Is 5.20,21).
A verdadeira felicidade
A Organização Mundial de Saúde
(OMS) define felicidade como “completo bem-estar físico, mental e social”. O “Relatório
Mundial sobre a Felicidade” publicado pela Universidade de Columbia, em 2012,
apontou multiplicidade no conceito:
A felicidade inclui avaliações
sobre a vida de maneira geral e aspectos positivos e negativos de emoções que
afetam o dia a dia de cada um. Alguns fatores são externos como emprego, renda
e saúde. Outros são pessoais, como gênero, educação, saúde mental e idade.
Outros são inter-relacionados: com maior renda é possível ter melhor educação e
sendo mais feliz, a saúde também melhora. (KAHN, Jan. 2013)
O problema desses conceitos é
que eles estão condicionados a algo, a alguém ou a alguma coisa. Quando esses
quesitos não são preenchidos, a felicidade acaba ou não acontece, e se instala
a frustração e, em consequência, a tristeza e o sofrimento. A Bíblia Sagrada
apresenta a felicidade como sendo a alegria que não depende de nenhuma
circunstância (Lc 12.15). Ela é fruto do Espírito, caracterizado por um deleite
e regozijo permanente na vida do cristão (Gl 5.22, Fp 4.4). A tentação de buscar
a felicidade nos bens efêmeros é insensatez e resulta em desgosto (1 Tm 6.8,9).
A verdadeira alegria só pode ser encontrada no temor e na obediência ao
Criador: “Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos!
Pois comerás do trabalho das tuas mãos, feliz serás, e te irá bem” (Sl
128.1,2).
2. O Isolamento e a Solidão
Na década de 1990, pesquisadores
chamaram atenção para o mal social chamado de “paradoxo da internet”. Trata-se
da contradição de alguém ter vários relacionamentos virtuais e, ao mesmo tempo,
ausência real de contato humano. Estudos recentes demonstram que o aumento no
uso da Internet coincide com o aumento da solidão, problema acentuado pelas
redes sociais. O ser humano está sendo integrado à tecnologia e tratado como se
fosse também uma máquina. Essa falta de equilíbrio tem desencadeado crises
emocionais, ansiedade e isolamento (Jr 6.14).
Dependência virtual
Reconhecemos a importância, a
contribuição e os benefícios proporcionados pela internet e as redes sociais.
No entanto, não podemos fechar os olhos diante de seus efeitos colaterais,
como, por exemplo, a dependência virtual. Estudos psicológicos detectaram oito
sinais de uso patológico da rede: (i) incapacidade de controlar o uso da
internet; (ii) necessidade de se conectar mais vezes; (iii) acessar a rede para
fugir dos problemas ou para melhorar o estado de ânimo; (iv) pensar na internet
quando se está off-line; (v) sentir agitação ou irritação ao tentar restringir
o uso; (vi) descuidar do trabalho, dos estudos ou até mesmo dos relacionamentos
pessoais por causa da rede; (vii) sofrer pela abstinência; (viii) mentir sobre
a quantidade de horas que passa conectado e/ou permanecer muito mais tempo do
que o previsto (SAYEG, 2000, p. 153). O usuário enquadrado em alguns dos itens
acima pode estar usando a internet como fuga para problemas psicológicos. O não
tratamento desses sintomas resulta em dependência e isolamento cada vez
maior.
3. Relações Sociais Efêmeras
Segundo o sociólogo polonês
Zygmunt Bauman (1925-2017), a sociedade vive um momento de frouxidão nas
relações sociais. Bauman chama esse fenômeno social de “modernidade líquida”.
Os tempos são “líquidos” porque tudo muda tão rapidamente. Nada é feito para
durar, para ser “sólido”. Nas redes sociais, com apenas um clique é possível
bloquear, deletar e excluir pessoas. E com outro clique pode aceitar, comentar
e curtir outras pessoas. Essa situação representa um declínio das sólidas
relações humanas, uma vez que, por meio das tecnologias, a amizade, o amor e o
respeito entre as pessoas são facilmente descartáveis (Ec 1.2).
O efeito paradoxal
A maior parte das pessoas busca
nas redes sociais aproximação com outras pessoas. Mas, em total paradoxo, os
relacionamentos virtuais tendem a ter maior importância que os relacionamentos
reais. É comum, por exemplo, pessoas caminharem “conectadas” absortas e
cabisbaixas pelas ruas, alienadas do mundo real. Quase ninguém mais conversa
sem o uso da internet. Nos restaurantes, famílias inteiras ou grupo de amigos,
acessam a internet e não dialogam entre si, exceto por monólogos ou sobre o que
estão vendo nas redes sociais. Esse fenômeno também é observado nas escolas, no
âmbito do trabalho e até de maneira insana e irresponsável no trânsito urbano.
Tal comportamento é um retrocesso, pois torna as relações humanas superficiais,
transitórias e irrelevantes. Faz-se necessário e imprescindível corrigir essas
distorções, especialmente em nossa vida privada, junto de nossa família e de
nossos amigos. A sensatez é primordial, uma vez que todo excesso é extremamente
danoso ao ser humano.
4. A Falsa Sensação de
Privacidade
Diversos usuários das redes
sociais iludem-se com a sensação de privacidade e ficam expostos a toda espécie
de constrangimentos. Comentários pessoais, sentimentos de foro íntimo, fotos e
vídeos comprometedores saem da área do privado e se tornam públicos. Essa
sensação de privacidade também favorece a prática do pecado viral (algo que se
espalha rápido como um vírus). Pode ser desde a reprodução e retransmissão de
pornografia até a divulgação de notícias falsas e difamatórias (2 Tm 2.22; Pv
16.28).
A indecorosa prática do “nudes”
A possibilidade de manter a
identidade real oculta é um dos fatores que impulsionam o uso equivocado da
internet. Algumas pessoas sentem-se à vontade para extravasar seus impulsos
sexuais ilícitos sem medo de repercussão. A fantasia do anonimato e a falta de
inibição estimulam a prática da imoralidade. Uma conduta deplorável tem sido a
postagem de “nudes” (imagens da pessoa nua).
Segundo pesquisas divulgadas por
sites especializados, mais de 50% das mulheres com acesso a redes sociais já
enviaram, ao menos, uma foto de nudes e mais de 42% dos homens já realizaram
tal prática (TRIBUNA DO CEARÁ, out. 2016). A postagem da imagem de “nudes”
acontece no âmbito privado, mas, em vários casos, quem recebe as imagens salva
as fotos e as compartilha nas redes sociais, tornando-as de domínio público.
Tal atitude pode ser responsabilizada criminalmente; no entanto, nenhuma
condenação poderá reparar o dano moral causado. Os que tiveram suas fotos
divulgadas passaram e passam por diversos infortúnios, tais como o bullying,
automartírio, abalos psicológicos e alguns chegam inclusive ao extremo de
cometer o suicídio. O ideal mesmo é não compartilhar nenhuma imagem íntima nem
sua e nem de terceiros, primeiro por ser uma prática imoral (Gl 5.19) e segundo
por ser uma conduta antiética.
III. A REDE SOCIAL A SERVIÇO DO
REINO DE DEUS
A igreja de Cristo precisa ser
consciente quanto ao potencial das redes sociais e deve usá-la na propagação do
Reino de Deus. Mas para evangelizar nas mídias não basta postar mensagens de
cunho cristão; é indispensável o bom testemunho do usuário na rede de
computadores.
1. O Bom Testemunho nas Redes
Sociais
Cristo ensinou que o cristão é a
luz do mundo (Mt 5.14) e que essa luz deve resplandecer por meio das boas obras
a fim de glorificar o nosso Pai que está nos céus (Mt 5.16). Desse modo, para o
bom testemunho nas redes sociais, o cristão não deve postar comentários
negativos ou fazer pré-julgamento das pessoas. Deve tomar todo cuidado e
precaução com fotos e vídeos que publicar, sejam pessoais, sejam de terceiros.
Avaliar o conteúdo, a coerência, o vocabulário e a ética cristã das mensagens
antes de postar, comentar ou curtir. Paulo nos ensina a fazer de tudo para
ganhar as pessoas para Cristo (1 Co 9.22).
Importância da boa reputação
O requisito de boa reputação é
fator preponderante na evangelização, tanto a pessoal (corpo a corpo) quanto a
virtual (internet). O bom caráter e a idoneidade daquele que evangeliza deve
ser testemunhado pelos não crentes. Espera-se dos cristãos que desfrutem de um
viver reto e íntegro, por meio da oração e santificação no Espírito Santo. Se
isso não for observado, a evangelização será inócua, quem evangeliza será
difamado e envergonhado, a igreja colocada em descrédito e o evangelho de Jesus
vilipendiado:
Um viver incoerente,
contraditório com os valores morais e éticos do evangelho, certamente
inviabilizaria toda e qualquer possibilidade de ser reconhecido como um líder
cristão, como um instrumento de bênção nas mãos de Deus. Um viver incompatível
com o evangelho apenas revela o profundo abismo existente entre o homem e Deus.
(EMAD, 2005, p. 241)
Somos servos de Deus e estamos
sendo observados. Se quisermos testemunhar de Cristo e seu evangelho,
precisamos vigiar nossa conduta. Portanto, é inadmissível que aqueles que usam
as redes sociais para provocar constrangimentos, estimular o preconceito e a
discriminação, enviar ou receber “nudes”, curtir e compartilhar imagens, vídeos
e mensagens com conteúdo lascivo ou duvidoso possam ter autoridade moral ou
espiritual para evangelizar alguém. Quanto à necessidade de evangelizar corretamente,
Paulo nos alertou: “se o faço de boa mente, terei prêmio; mas, se de má
vontade, apenas uma dispensação me é confiada” (1 Co 9.17)
2. O Uso Correto da
Evangelização Digital
A Internet é uma grande aliada
na divulgação do evangelho, porém alguns cuidados são necessários para
não tornar a mensagem inócua. As postagens não podem ser grandes e os vídeos
não podem ser demorados. A mensagem precisa ser clara, concisa e objetiva.
Antes de compartilhar as imagens, deve-se verificar a veracidade bíblica daquela
mensagem e o seu teor teológico. Em lugar de postagens com frases de efeito ou
de autoajuda, devem-se priorizar os versículos bíblicos. Ao reproduzir áudios e
vídeos, deve-se verificar se não existe algo que possa causar escândalos ou
intolerância religiosa. Também não se deve atacar a ninguém, apenas anunciar e
confessar a Cristo (1 Co 1.23,24).
Evangelizar é comunicar
No decorrer da história da
humanidade, Deus tem se revelado e se comunicado com o ser humano. O escritor
aos Hebreus assevera que Deus falou antigamente aos pais, pelos profetas, e a
nós falou-nos nestes últimos dias pelo seu Filho (Hb 1.1). Desse modo, o ápice
da comunicação divina acontece na Encarnação do Verbo Divino: “o Verbo se fez
carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória” (Jo 1.14). Jesus Cristo é o
encontro mais pleno alcançado entre Deus e o homem. Ao revelar sua mensagem aos
escolhidos, Deus desejou que ela fosse compartilhada com todos: “Ide, portanto,
fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e
do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho
ordenado” (Mt 28.19, ARA). Portanto, evangelizar não é simplesmente anunciar
uma doutrina, mas é comunicar-se com o outro, isto é, “entrar em diálogo,
relacionar-se, viver em comunhão com Deus para poder testemunhar com
autenticidade Àquele em quem se crê e entrar em comunhão com outras pessoas”
(SILVA, 2015, p. 12). Sob essa perspectiva, as redes sociais tornam-se um campo
fértil para a comunicação do evangelho.
Resultados promissores
Em 2011, a Global Media Outreach (Alcance
Global pela Mídia) divulgou que mais da metade das pessoas que se decidem por
Cristo na internet posteriormente compartilham sua fé com outros internautas.
Desses convertidos on-line, 34% afirmam ler a Bíblia Sagrada diariamente. O
estudo denominado de “Índice do Crescimento Cristão” ouviu mais de 100.000
pessoas ao redor do mundo. Segundo Walt Wilson, presidente da instituição,
desde a sua fundação, em 2004, mais de 15 milhões de pessoas já se decidiram
por Cristo. A eficácia da evangelização pode ser resumida em três processos bem
simples: (i) levá-los ao Salvador — páginas web que ajudem a encontrar Jesus;
(ii) alimentá-los na fé — websites de discipulado e guias para recém-conversos;
e, (iii) conectá-los à Igreja — conduzir o convertido a frequentar uma igreja
local. Para isso, explica Wilson, não basta ter uma página na internet,
transmitir cultos e comunicar-se pelas web rádios. O resultado se obtém por
meio do discipulado e a comunicação com o novo convertido; essas ações são tão
imprescindíveis quanto o evangelismo (ARAGÃO, Dez. 2011).
BAPTISTA, Douglas. “Valores Cristãos: enfrentando as
questões morais do nosso tempo”, editada pela CPAD.
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
As redes sociais, através do avanço da internet
nesses últimos anos, passaram a fazer parte da vida cotidiana das pessoas. Mas
nem todos sabem usar com sabedoria, sobretudo com ética, essas ferramentas
tecnológicas. Diante dessa realidade, estudaremos, nesta última lição, a
respeito da importância do uso moderado, e mais importante, da sabedoria
espiritual para que esses recursos possam está a serviço, e não contra o reino
de Deus, que sejam usados para a glória dEle, não contra Ele, e por sua vez,
contra nós mesmos.
1. INTERNET E REDES SOCIAIS
Desde a difusão da internet, comumente conhecida
como a Rede Mundial de Computadores, as pessoas passaram a ter contato com as
mídias sociais, que estão cada vez mais próximas da maioria da
população. Ferramentas como Facebook, Instagram, Twitter e YouTube
são facilmente identificadas, até mesmo pelos símbolos que as representam.
Qualquer pessoa pode se apropriar de uma dessas mídias nos dias atuais, basta
tão somente fazer um perfil, e a partir de então, poderá postar textos, imagens
e/ou vídeos. Por meios desses recursos, essas pessoas materializam suas
identidades e, às vezes, acabam por se excederem em suas postagens. É preciso
considerar as implicações que a postagem de conteúdos podem ter na vida daqueles
que as divulgam. Isso porque o compartilhamento rápido e fácil pode difundir
uma informação em segundos, fazendo com que essa seja viralizada. As palavras
de Salomão, no livro de Provérbios, se aplicam muito bem em relação ao uso
indevido das redes sociais. A postagem depois de feita nem sempre pode ser
apagada, e quando isso acontece pode ser que já tenha sido compartilhada (Ec.
5.1-7). Há cristãos que não medem as consequências de suas postagens nas redes
sociais, não conseguem fazer a distinção entre o público e o privado. Existem
fotos e vídeos que são de conhecimento familiar, e não podem ir a público, sob
o risco de macular nossa imagem. Além disso, é preciso ter cuidado para que as
redes sociais não se transformem em instrumento para a ostentação. As disputas
e querelas devem ser evitadas nesse meio, para que o evangelho não venha
a ser desqualificado. Muitos casamentos cristãos também estão em risco, por
causa do envolvimento de um dos cônjuges em relacionamentos virtuais, é preciso
manter a vigilância a esse respeito, deixando claro que “se encontra em um
relacionamento sério” e que é "casado", de preferência ter sempre uma
foto com o cônjuge.
2. O RISCO
DOS RELACIONAMENTOS DESCARTÁVEIS
Como declarou John Donne (1572-1631), clérigo e
poeta britânico, “nenhum homem é uma ilha”. Essa verdade pode ser atestada no
livro de Gênesis, no qual encontramos a narrativa de que “não é bom que o homem
esteja só” (Gn. 1.28,29). Com o advento das redes sociais, se tornou possível
ter não apenas amigos reais, mas também virtuais. Há pessoas que não têm 5
amigos reais, mas chegam a 5.000 mil nas redes sociais. E esses amigos, podem
ser descartados rapidamente, basta que a pessoa cancele sua conta. O perigo é o
de fundamentar os relacionamentos reais nos parâmetros dos relacionamentos
virtuais. Sobretudo nos dias atuais, os quais Zygmunt Bauman (1925-2017)
denominou de “tempos líquidos”. Em seu clássico Modernidade Líquida destacou
que os relacionamentos entre as pessoas estão cada vez mais descartáveis. As redes
sociais expressam esse tipo de relacionamento, muitas pessoas vivem sozinhas,
não tem companhias reais, e por isso, se tornam dependentes dos relacionamentos
virtuais. Através dessas, querem impressionar os outros, maquiam sua imagem,
não apenas com cosméticos, também com uma identidade falseada. Os ambientes
virtuais se tornam o rio de narciso, a personagem da mitologia que contemplou
demasiadamente seu rosto, e ficou abismado com sua beleza, e por isso mesmo
veio a definhar. As redes sociais podem ensejar as pessoas a deixarem de ver os
outros e contemplarem apenas a elas mesmas.. A Palavra de Deus nos orienta a
amar a Deus e ao próximo como a nós mesmos, mas há pessoas que estão amando
mais a elas mesmas (Mc. 12.30,31).
3. ÉTICA NAS REDES SOCIAIS
A ética nas redes sociais é um desafio, sobretudo
os cristãos devem dar exemplo, para evitar escândalo. Alguns cuidados devem ser
tomados, precauções devidas, para não denegrir a imagem própria, bem como a dos
outros. Estamos em uma época de muitas notícias forjadas, informações que
circulam rapidamente, sem que tenha sua veracidade atestada. Por isso, os
cristãos devem ser cautelosos, não devem compartilhar informações, sem antes
ter convicção da sua veracidade. Fotos em ambientes que possam causar escândalo
não devem ser postadas, evidentemente os cristãos devem avaliar os lugares para
os quais podem ir, e mais ainda, se podem ou não postar fotos e vídeos em
determinados contextos. É nesse particular que se aplica a declaração de Paulo:
“todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convém, todas as
coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma” (I Co.
6.12). Postagens com trajes indevidos, roupas que causem escândalos, não podem
cair na rede. Vídeos familiares, ou mesmo fotos íntimas, podem cair nas mãos de
pessoas sem escrúpulos, que podem denegrir a imagem de alguém. As redes sociais
devem ser usadas para nossa formação intelectual, e inclusive
bíblico-teológica. Existem vários sites e vídeos disponíveis da internet que
servem para a edificação dos cristãos. E preciso ter cuidado a quem estamos
seguindo, não podemos esquecer que somos seguidores de Cristo, e como tais
devemos nos comportar, sabendo renunciar interesses que não agradem a Ele
(Mt.16.24). As redes sociais podem ser usadas para a evangelização, para a
propagação das boas novas (Mt. 28.19,20), desde que seja feito de maneira
criativa, e sem desmerecer os outros, principalmente a religião das pessoas.
CONCLUSÃO
Nesses tempos de relacionamentos líquidos, não
esqueçamos que precisamos uns dos outros, nem desprezemos o contato real, a
começar a congregação como é costume de alguns (Hb. 10.25). Temos liberdade
para usar com sabedoria as redes sociais, desde que essas sirvam para
glorificar a Deus, e não se transformem em instrumento para denegrir a imagem
de quem quer que seja. É bom avaliar se estamos fazendo uso adequado dessas
redes, caso contrário, o melhor mesmo é ficar longe delas (Mt. 18.9)
Prof. Ev. José
Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog
subsidioebd
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
Devido ao avanço
tecnológico, várias mudanças ocorreram na sociedade. A rede mundial de
computadores, conhecida como Internet, conecta o mundo todo. Com o surgimento
das redes sociais tudo o que acontece é divulgado e comentado instantaneamente.
As informações são transmitidas com rapidez surpreendente; mas em
contrapartida, vivemos um estágio em que as pessoas se relacionam mais virtual
que presencialmente. Nesta lição, veremos o conceito e o perigo das redes
sociais, bem como o desafio de a igreja evangelizar as pessoas por meio das
novas tecnologias.
A internet foi criada em 1969, nos Estados Unidos.
Chamada de Arpanet, tinha como função interligar laboratórios de pesquisa.
Naquele ano, um professor da Universidade da Califórnia passou para um amigo em
Stanford o primeiro e-mail da história. Essa rede pertencia ao Departamento de
Defesa norte-americano. A internet é o conjunto de redes de computadores que,
espalhados por todas as regiões do planeta, conseguem trocar dados e mensagens
utilizando um protocolo comum. É uma rede de várias outras redes, que consiste
de milhões de empresas privadas, públicas, acadêmicas e de governo, com alcance
local e global e que está ligada por uma ampla variedade de tecnologias de rede
eletrônica, sem fio e ópticas. A internet possibilitou o surgimento das Redes
Sociais, espaços virtuais onde grupos de pessoas ou empresas se relacionam
através do envio de mensagens, da partilha de conteúdos, entre outros (Veja
aqui um histórico do surgimento das redes sociais). Hoje há dezenas de redes sociais, sendo as mais
conhecidas: Facebook; Youtube; Whatsapp; Instagram e Twitter. É inegável que o
adventos das redes sociais trouxeram vantagens, aproximam as pessoas
facilitando o contato com quem está distante e em tempo real. Também com
aqueles que estão perto, que em decorrência da rotina corrida nem sempre há
tempo para que as pessoas se encontrem fisicamente. Enfim, é sobre esta
ferramenta que trataremos hoje. Que possamos usá-la para a glória de Deus e
progresso do Seu Reino!
I. REDES
SOCIAIS
1. O que é a rede social? A expressão é usada para uma aplicação da rede mundial de computadores
(Web), cuja finalidade é conectar e integrar pessoas. Os que aderem a um site
de relacionamentos podem conectar-se entre si, criar um perfil, adicionar
amigos e conhecidos, enviar mensagens, fazer depoimentos, trocar informações,
fotos e vídeos, além de estabelecer vínculos. A rede social moderna surgiu no
início do século XXI e viabilizou aos usuários o encontro de amigos do passado
e a ampliação do círculo social.
As redes sociais são comunidades online como
Facebook e MySpace, em que internautas se comunicam, criam comunidades e
compartilham informações e interesses semelhantes. Com alternativas que vão
muito além de apenas Facebook, Twitter e MySpace, nós temos gastado cada vez
mais tempo do nosso dia interagindo com outras pessoas através das redes
sociais. Para você ter uma noção do que estamos falando, uma pesquisa da
ComScore, realizada este ano, revelou que os quase 1 bilhão de usuários da rede
de Mark Zuckerberg gastam 405 minutos por mês acompanhando os seus perfis.
2. Uma oportunidade para o Evangelho. A Bíblia mostra que o ser humano é por natureza um ser social e
gregário (Gn 1.28,29). Tal sociabilidade também se manifesta intensamente na
rede social, sendo, por isso mesmo, uma grande e rica oportunidade para se
pregar o Evangelho. Uma vez que temos, da parte do Senhor Jesus Cristo, a ordem
de levar o Evangelho por todo o mundo (Mt 28.19,20), os contatos que a rede
social proporcionam devem ser ocasiões de discipular pessoas, momentos de se
falar do amor de Deus bem como oferecer consolo com base na Palavra do Senhor
aos desesperançados.
Esta é sem dúvida uma maravilhosa porta que se
abriu para o evangelismo, tendo em vista que se pode levar uma mensagem de
amor, de apoio, de consolo ou de exortação à pessoas que normalmente não
teríamos acesso. Um ponto em comum dentre os diversos tipos de rede social é o
compartilhamento de informações, conhecimentos, interesses e esforços em busca
de objetivos comuns. Nas redes sociais encontramos pessoas do mundo todo e é
possível fazer amizades, trocar idéias e divulgar mensagens evangelísticas.
Além disso, podemos conhecer mais irmãos e amigos novos; é possível pregar o
Evangelho para as pessoas; é possível fazer defesa da fé
3. O uso da rede social. Como tudo na Internet, bem como nas tecnologias da informação, as redes
sociais apresentam não apenas benefícios, mas também podem trazer danos para
seus usuários. Lamentavelmente, não são poucos os que dizem professar o nome de
Cristo, mas não o honram com seu perfil na rede social. Uns a utilizam como uma
fonte de ostentação, outros se envolvem em discussões intermináveis que nenhuma
edificação traz. A Bíblia, porém, nos recomenda que devemos evitar tais
discussões (Tt 3.9). Tendo “a mente de Cristo” (1Co 2.16b) e cientes de que
“todas as coisas” nos “são lícitas”, devemos viver o princípio de não permitir
que nenhuma delas nos domine (1Co 6.12). Mais do que nunca, devemos usar de
discernimento nesse mundo virtual, avaliando todas as coisas sob a ótica
cristã.
De fato, as redes sociais propiciam uma falsa
sensação de ‘invisibilidade’ e inviolabilidade. É aqui que muitos estão errando
e deixando seu verdadeiro ‘Eu’ aparecer, e não somente ‘aparecer’, mas
‘reinar’. Como já dito acima, são muitos os benefícios, mas também há os
malefícios, que se não tomarmos o devido cuidado, podem nos prejudicar e muito,
tais como:
Irresponsabilidade: - se não houver controle no
tempo nessas redes podemos nos tornar irresponsáveis com nossos compromissos;
Saúde: - ficar navegando no Facebook
até altas horas da madrugada, sem dormir, afetará a saúde;
Tentações: - Certas amizades podem se
tornar brecha para fornicações e traições nas redes sociais;
Perigo: - vigilância é essencial nesses
lugares com informações que vá publicar sobre você ou sua vida;
Escândalo: - Também é possível se cair em
escândalos dos mais diversos como topar com pessoas que são contrárias à Deus e
à Sua Palavra e não soubemos conversar com elas e acabarmos por ser humilhados.
Como bem escreveu Paulo, inspirado pelo Espírito
Santo: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem
daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”
(Rm 8.28).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
"Você consegue imaginar, na atualidade, uma
pessoa que não esteja conectada ao Whatsapp, Facebook, Twitter ou instagram?
Não conseguimos nem idealizar, pois nunca o acesso as redes sociais foi tão
amplo. Entretanto quando o assunto é redes sociais, em geral os crentes ficam
preocupados e as opiniões se dividem quanto ao seu uso. Alguns até creem que é
pecado. Outros questionam: O cristão
pode utilizar as redes sociais? Você não vai encontrar na Bíblia nenhum
texto bíblico que fale a respeito deste assunto, pois é uma atividade da vida
moderna. Por não conhecerem o universo online, muitas pessoas acabam tendo um
excesso de zelo, preocupação e enxergam somente os aspectos negativos do mundo
virtual.
Houve um tempo que o rádio também foi muito
criticado, e algumas igrejas, proibiam seus membros de ouvi-lo. Tudo que é novo
assusta, contudo como cristãos devemos evitar todo e qualquer radicalismo, pois
o crente deve ser prudente, equilibrado em suas atitudes, palavras e até ponto
de vista em relação ao uso das redes sociais não é diferente; precisamos
utilizá-las com sabedoria, prudência e equilíbrio. A cada dia o número de
brasileiros online vem aumentado e grande parte deste número é de crentes e que
frequentam a Escola Dominical.
A questão a ser discutida Hoje pelos professores e
alunos da Escola Dominical é mais ampla: Como as pessoas estão se comportando
nas redes sociais? Como você se comporta? O problema não são as redes sociais,
mas como as pessoas se comportam nelas.
Para o cristão, todas as coisas são lícitas, mas
nem tudo é proveitoso ou edificante (1Co 10.23;16.12). Devemos fazer uso do
universo online com prudência e discernimento; sejamos cuidadosos e tenhamos
limites. Michael Palmer, no livro Panorama do Pensamento Cristão, diz que os
cristãos que veem a cultura de mídia de entretenimento têm de aprender a ler
essas imagens e rejeitar as que são incompatíveis com os padrões cristãos e a
Escritura'. Esse é o problema. Muitos crentes não conseguem fazer essa leitura.
Precisam ser ensinados a fazer isso. Será que você faz essa leitura? Ou você
ingere tudo sem questionamento? (BUENO, Telma. Adolescentes Vencedores: Vivendo em Sociedade, 1.ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2015, p. 45).
II. O PERIGO
DA RELAÇÃO DESCARTÁVEL E AS NOVAS TECNOLOGIAS
A velocidade da informação e a efemeridade nos
relacionamentos virtuais têm provocado sérios danos às relações sociais.
1. A distorção da
felicidade. A Palavra de Deus
nos adverte quanto aos que vivem uma vida de dissimulação e se ufanam de si
mesmos (Is 5.20,21). A Bíblia mostra que esse é um caminho perigoso. Nas redes
sociais, em geral, as pessoas publicam uma vida perfeita e um mundo repleto do
felicidades. As redes estimulam a prática narcisista, ou seja, o indivíduo que
admira exageradamente a própria imagem e que nutre uma paixão excessiva por si
mesmo — a Bíblia condena essa atitude (Mc 12.30,31). Essas pessoas tendem a
buscar uma felicidade fútil, em meio a fotos montadas e a sorrisos falsos.
Muitas vezes é uma vida de “faz de conta”. Apresentam o que não é verdadeiro. A
Palavra de Deus não compactua com tal prática (Fp 4.8).
“Narcisismo é um conceito da psicanálise que
define o indivíduo que admira exageradamente a sua própria imagem e nutre uma
paixão excessiva por si mesmo”. (Significados). É importante ressaltar que ‘amor próprio’ é algo
importante e não pode ser desprezado. O erro acontece quando investimos mais do
que deveríamos nesse ‘amor próprio’, com a necessidade exacerbada de cada vez
mais expormos isso.
“Poderíamos pensar na virtualidade como algo além
da desrealização – alteração da sensação a respeito de si próprio -, ela é muito
mais uma mutação da identidade. Se a virtualidade é a externalização dos
conteúdos mentais para uma plataforma cibernética interacional, ela emite não
só imagens, mas uma paradoxal presença na ausência de um espaço material (LÉVY,
1996). A virtualidade ao passo que é uma mutação da identidade, permite que
exploremos traços de nossa personalidade, assim como a criação de traços que
são inexistentes na realidade offline. Nesse campo que podemos metaforizar com
um hipotético campo onírico estruturado como a consciência, as limitações
impostas pela sociedade parecem não ter efeito.”(Michel Petrella .
Narcisismo e redes sociais. Disponível em:https://www.psicologiasdobrasil.com.br/narcisismo-e-redes-sociais/. Acesso em: 18 Jun, 2018)
2. O isolamento e a
solidão. Na década de 1990
pesquisadores chamaram atenção para o mal social denominado de “paradoxo da
internet”. Trata-se da contradição de alguém ter vários relacionamentos virtuais
e, ao mesmo tempo, a ausência de contato humano. Estudos recentes demonstram
quanto maior a frequência no uso da Internet, aumenta o sentimento de solidão,
problema acentuado pelas redes sociais — a Bíblia mostra a importância do
companheirismo (Lc 10.1). O ser humano está sendo integrado à tecnologia, mas
tratado como se fosse uma máquina. Essa falta de equilíbrio tem desencadeado
crises emocionais, ansiedades e isolamentos. É uma “bolha” em que a realidade
dá lugar à fantasia, como acontecia nos dias do profeta Jeremias (Jr 6.14).
A internet e as redes sociais trazem um sem número
de possibilidades, e também nos permitem experimentar muitos de seus efeitos
colaterais, como a dependência da internet, aumento do isolamento, problemas de
aprendizagem. Um estudo realizado por psicólogos americanos apontam que as rede
sociais estão fazendo com que nos sintamos mais solitários. A pesquisa,
publicada no Periódico Americano de Medicina Preventiva, aponta que acessar
sites como Twitter, Facebook e Snapchat por mais de duas horas por dia dobra a
probabilidade de alguém se sentir isolado (Veja
aqui). E não somente o isolamento, mas
concluiu-se que a exposição a representações idealizadas da vida de outras
pessoas também faz com que sintamos inveja delas. A conclusão que chegamos
sobre esse assunto é que podemos passar horas, dias na internet e sermos
incapazes de ter uma verdadeira relação humana com quer que seja.
3. Relações sociais
efêmeras. Segundo um
sociólogo polonês, a sociedade vive um momento de frouxidão nas relações
sociais. Ele chama este fenômeno social de “modernidade líquida”. Os tempos são
“líquidos” porque tudo muda tão rapidamente e nada é feito para durar, para ser
“sólido” (Sl 90.9). Nas redes sociais, com apenas um clique é possível
bloquear, deletar ou excluir as pessoas. E com outro clique, podemos aceitar,
comentar e curtir as atividades de outras pessoas. Esse fenômeno representa um
declínio das sólidas relações humanas, uma vez que por meio das tecnologias, a
amizade, o amor e o respeito entre as pessoas são facilmente descartáveis. A
vida de fato passa a ser vaidade de vaidades (Ec 1.2).
O conceito de modernidade líquida (Nada foi feito
para durar) foi construído pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman e é
hoje um dos mais influentes nos estudos sociológicos.
“Em suas obras, Bauman cunha o termo “modernidade
líquida” para tratar da fluidez das relações em nosso mundo contemporâneo. O
conceito de modernidade líquida refere-se ao conjunto de relações e dinâmicas
que se apresentam em nosso meio contemporâneo e que se diferenciam das que se
estabeleceram no que Bauman chama de “modernidade sólida” pela sua fluidez e
volatilidade. A ideia baseia-se na construção do conceito
sócio-histórico de modernidade, que atravessa um enorme período da história
humana e da mesma forma marca mudanças no pensamento e nas relações entre seres
humanos e instituições sociais.” (Lucas de Oliveira Rodrigues em
Sociologia. Disponível em: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/sociologia/modernidade-liquida.htm. Acesso em: 18 Jun, 2018)
“A modernidade imediata é “líquida” e “veloz”, mais
dinâmica que a modernidade “sólida” que suplantou. A passagem de uma a outra
acarretou profundas mudanças em todos os aspectos da vida humana. A modernidade
líquida seria "um mundo repleto de sinais confusos, propenso a mudar com
rapidez e de forma imprevisível".(Veja mais em https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/zygmunt-bauman-o-pensamento-do-sociologo-da-modernidade-liquida.htm?cmpid=copiaecola. Acesso em: 18 Jun, 2018)
4. A falsa sensação de
privacidade. Diversos usuários
das redes sociais iludem-se com a sensação de privacidade e ficam expostos a
toda espécie de constrangimentos. Comentários pessoais, sentimentos de foro
íntimo; fotos e vídeos comprometedores saem da área do privado e se tornam
públicos. Essa sensação de privacidade também favorece a prática do pecado
viral (algo que se espalha rápido como um vírus) (Mt 24.12). Pode ser desde a
reprodução e a retransmissão de pornografia até a divulgação de notícias falsas
e difamatórias. A Palavra de Deus nos instrui a fugir dessas coisas (2Tm 2.22;
Pv 16.28).
É muito fácil o usuário de redes sociais iludir-se
com a falsa sensação de privacidade e acabar exposto a toda espécie de
constrangimento. Indo mais além, a falsa sensação de anonimato propiciada pela
tecnologia, somada ao desconhecimento das leis vigentes, atrai os infratores
para a prática de ilícitos que vem sendo cada vez mais desvendados e punidos
pela Justiça Brasileira.
“Precisamos nos conscientizar que quanto mais
avança a tecnologia a nossa privacidade será devassada. Todo este risco
provocado pela tecnologia não deve ser encarado como desprotegido pelo Direito
Brasileiro. Já temos leis e jurisprudência suficientes sobre o tema para coibir
os abusos praticados contra a reputação de pessoas e empresas no meio
eletrônico. Todavia, é muito importante criar o hábito de monitorar a
divulgação de textos, imagens, vídeos para que seja possível identificar
rapidamente o conteúdo ilícito visando retirá-lo imediatamente de circulação
como forma de minimizar o dano.” (A fragilidade da privacidade na
mídia digital. Disponível em: https://www.baguete.com.br/artigos/364/alexandre-atheniense/26/02/2010/a-fragilidade-da-privacidade-na-midia-digital. Acesso em: 18 Jun, 2018)
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
Que somos seres sociáveis não temos dúvida, mas o
desejo de socialização é um projeto de Deus que talvez não seja tão conhecido.
Essa premissa está inserida em Gênesis 1.27,28, quando no relato da criação
Deus disse ao casal progenitor que crescesse e se multiplicasse.
[...] Mas a última descoberta que vem arrebanhando
milhares de pessoas à solidão, é a www ponto com, a Internet através da rede
mundial dos computadores.
Horas e horas são gastas diante do aparelho,
privando as pessoas de se comunicar com seus familiares. Mas o problema da
Internet é que ela oferece uma suposta comunicação - que nem de perto substitui
a versatilidade de uma conversa cara a cara - mas, que tern gerado sérios
transtornos com sites eróticos, salas de bate-papo entre aventureiros sexuais
(sexo virtual) e outras tantas coisas nocivas à vida natural do ser humano.
O homem acaba sendo globalizado com o mundo e
alienado localmente de si mesmo e do convívio familiar. É a inversão de valores
como disse o Senhor Jesus Cristo em Mateus 16.26: "Pois que aproveita ao
homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em
recompensa da sua alma?"
Portanto, a estratificação social não é à vontade
de Deus para a humanidade, pois inequivocamente as evidências bíblicas mostram
que Deus nos criou para O adora-lo, e não há possibilidade de isso acontecer se
não desfrutarmos de comunhão uns com os outros (Mt 5.23,24), ou seja, é
impossível ser cristão antes de sermos completamente humanos, isto é
relacionais" (CARVALHO, César Moisés, Marketing
para a Escola Dominical: Como atrair, conquistar e manter alunos na Escola
Dominical. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, pp.34,35).
III. A REDE
SOCIAL A SERVIÇO DO REINO DE DEUS
A Igreja de Cristo precisa estar consciente quanto
ao potencial das redes sociais e deve usá-la na propagação do Reino de Deus.
A facilidade de conexão entre pessoas distantes, a
reaproximação de amigos e conhecidos e a possibilidade de firmar novas amizades
são atrativos oferecidos pelas redes sociais. Seu uso vai muito mais além: elas
servem para troca de informações, opiniões, discussões, denúncias, propostas de
emprego,e ultimamente, tem servido até para mobilizações por causas e
protestos. É inegável as vantagens oferecidas, mas é necessário filtrar a
quantidade exagerada de lixo e futilidade que são produzidos instantaneamente.
1. O bom testemunho nas redes
sociais. Cristo ensinou que
o cristão é a luz do mundo (Mt 5.14). Que essa luz deve resplandecer por meio
das boas obras a fim de glorificar o nosso Pai que está nos céus (Mt 5.16).
Desse modo, para o bom testemunho nas redes sociais o cristão não deve postar
comentários negativos ou fazer pré-julgamento das pessoas. Deve tomar todo o
cuidado, tendo a precaução com as fotos e os vídeos que publicar (seja vídeos
ou fotos pessoais ou de terceiros). É importantíssimo avaliar o conteúdo, a
coerência, o vocabulário e a ética cristã das mensagens antes de postar,
comentar ou curtir em sua rede.
“A palavra de Cristo habite em vós
abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos
outros,[...] com graça em vosso coração. E, quanto fizerdes por palavras ou por
obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai”
(Colossenses 3.16-17).
Nossas postagens nas mídias sociais
devem seguir o princípio de honrar e glorificar a Deus. Assim como tudo o que
fazemos enquanto cristãos/ãs. O perigo se encontra quando as mídias sociais se
apresentam como o lugar do/a “fuxiqueiro/a”. Quem se utiliza das redes sociais
para fuxicar, deixa de pregar o Evangelho e promove a discórdia, então as
ofensas começam, gerando rupturas no Corpo de Cristo: a igreja.” (Palavra Episcopal: A Igreja e as Redes Sociais.
Disponível em: http://www.metodista.org.br/palavra-episcopal-a-igreja-e-as-redes-sociais. Acesso em: 18 Jun, 2018)
2. O uso correto da
evangelização. A Internet é uma
grande aliada na divulgação do Evangelho, porém alguns cuidados são necessários
para não tornar a mensagem inócua. As postagens não podem ser grandes e os
vídeos não podem ser demorados. A mensagem precisa ser clara, concisa e
objetiva (Hb 2.1,2). Antes de compartilhar qualquer conteúdo com os amigos,
devemos analisar a veracidade bíblica daquela mensagem e seu teor
teológico-doutrinário. Em lugar de postagens com frases de efeito, ou de
autoajuda e de confissões positivas, devem-se priorizar os versículos bíblicos.
Ao reproduzir áudios e vídeos devemos verificar se não existe algo que possa
causar escândalos. Também não se deve atacar a ninguém, apenas anunciar e
confessar a Cristo (1Co 1.23,24).
“No envio missionário feito por Jesus Cristo no
Evangelho de Marcos, Ele disse: “[...] Ide por todo o mundo, pregai o evangelho
a toda criatura” (Marcos 16.15). Conforme esse envio, a pregação do Evangelho
deve ocorrer em todo o mundo conhecido. Logo, no mundo virtual da internet, ele
também deve ser pregado. Trata-se de um lugar sem fronteiras, de fácil acesso e
disponível a quem quiser, bastando um click no teclado do computador.
Os usuários são incontáveis. A igreja
deveria explorar mais esse meio de comunicação, pois as possibilidades são
muitas. Já existem igrejas que por esse meio transmitem os seus cultos, têm
programas de rádio, divulgam suas programações, permitindo aos fiéis que se
encontram em lugares distantes, em viagens ou em estudos acadêmicos,
acompanharem o dia a dia da sua igreja.
Louvo a Deus por essas iniciativas.
Entretanto, as programações atendem, em sua maioria, somente o público
evangélico, elas são direcionadas às pessoas crentes. Necessitamos aprender
como nos comunicar aos não crentes, falando a sua língua para que as coisas
lhes façam sentido, possibilitando a compreensão do Evangelho e do Reino de
Deus.” (Palavra Episcopal: A
Igreja e as Redes Sociais. Disponível em:http://www.metodista.org.br/palavra-episcopal-a-igreja-e-as-redes-sociais. Acesso em: 18 Jun, 2018)
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor (a), reproduza o esquema ao lado no
quadro. Em seguida peça que os alunos citem alguns malefícios das redes
sociais. À medida que forem falando vá relacionando no
quadro. Depois peça que relacionem alguns dos benefícios. Explique que os benefícios
também são muitos. Através das redes ajudamos pessoas a encontrarem emprego,
evangelizamos, divulgamos as atividades da nossa igreja, etc. Quantas coisas
boas e úteis podem ser feitas para o crescimento do Reino de Deus mediante
o uso correto das redes sociais.
REDES SOCIAIS
Malefícios
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Benefícios
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CONCLUSÃO
Estatísticas indicam que mais de um terço da
população mundial está conectada à Web e interage por meio de redes sociais.
Diante desses fatos a igreja precisa instruir seus membros no uso das novas
tecnologias e buscar métodos de evangelização por meio das redes sociais. Para
tanto, dizem as Escrituras “antes, rejeitamos as coisas que, por vergonha, se
ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim
nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela
manifestação da verdade” (2Co 4.2).
“O que não é Evangelização: Expor pessoas: Vi
irmãos e irmãs deixando a comunhão da igreja porque foram expostos no Facebook,
e o conflito veio para o meio da igreja, formando grupos favoráveis e
contrários. Isso roubou a paz, a harmonia e a alegria dos irmãos e irmãs,
necessitando da interferência pastoral para solucionar o problema, ainda assim,
sobraram muitas feridas que, talvez, somente o tempo possa curar. Foi
lamentável. Foi um mau testemunho. Expor-se pessoalmente: Há quem publique
coisas de sua intimidade como se estivesse falando a um/a amigo/a ou como se
estivesse sentado/a no divã de um consultório psicológico. Talvez nem houvesse
pensado que sua vida está sendo lida por todo o mundo. Isso traz prejuízos para
si mesmo/a e às vezes para toda a comunidade na qual está inserido/a. Fazer
críticas destrutivas: Aqueles/as que proporcionam a difamação da igreja,
tratando nas redes sociais situações internas que interessam somente à
comunidade local, abre ao mundo, que não tem solução nenhuma a dar, aquilo que
pode ser resolvido internamente. Dá-se a ideia de que a igreja passa por uma
profunda crise, quando na realidade são situações corriqueiras de convivência
entre pessoas que nela congregam. Pressuponho que ao falar sobre o que não é
evangelização compreendamos o que ela é. Espero que esse texto o/a ajude a
refletir mais que o normal antes de postar mensagens que possam ferir, magoar
ou difamar alguém. Lembre-se da regra de ouro do Evangelho que rege as relações
humanas e que pode orientar sobre o melhor caminho: “E como vós quereis que os
homens vos façam, da mesma maneira lhes fazei vós, também” (Lucas 6.31)”.
“Achando-se as tuas palavras, logo as
comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo
teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16)
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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