SUBSÍDIO I
1. INTRODUÇÃO GERAL
Professor, professora, recobrar
o conteúdo da lição anterior e recapitular brevemente lições mais remotas é um
exercício pedagógico importantíssimo para o aprendizado do aluno da Escola
Dominical. Tenha em mente que o seu papel na classe é o de um bom “garçom”, o
indivíduo que serve ao próximo despretensiosamente. Essa imagem é importante,
pois, infelizmente, muitos professores dão aulas do ponto de vista do próprio
“nível de entendimento”, ignorando que o espaço da Escola Dominical,
principalmente o da classe de adultos, é formado por pessoas com níveis
diversificados de conhecimento e de estudo. Por isso, não faz sentido o(a)
professor(a) tecer críticas tais como: “o conteúdo da lição é muito fraco”. Mas
“fraco” do ponto de vista de quem? Do dele ou do aluno?
Ora, se o(a) professor(a) da
Escola Dominical tem em sua classe alunos “bacharéis” em teologia, cabe a
ele(a) adaptar sua aula ao nível de bacharel: linguagem acadêmica, exercícios
das línguas originais na leitura bíblica e etc. Mas se a realidade da classe
do(a) professor(a) não for essa, o caráter virtuoso revelado nas Sagradas
Escrituras exige desse(a) professor(a), a exemplo de Jesus, que usou as
parábolas como meio de comunicação popular, um compromisso espiritual em
ensinar “as virtudes do céu” ao aluno com a linguagem sã e compreensível, de
modo que o “douto” e o “não-douto” entendam e sejam edificados em Cristo.
Portanto, o(a) professor(a) não deve perder tempo tentando transformar a classe
de Escola Dominical em “faculdade teológica”. Esse senso de realidade é
imprescindível para o bom ensino bíblico e, assim, evita-se uma decepção
desnecessária. Vamos recapitular a lição anterior?
2. RECAPITULANDO A LIÇÃO
ANTERIOR
No tópico um da
aula passada, vimos que o objetivo do comentarista foi o demostrar a tarefa de
Cristo (em relação a vocação, missão e mediação) como ação superior a de
Moisés. No tópico dois, destacou-se a autoridade de Cristo, que diferente a de
Moisés, estava fundamentada em seu papel de Construtor, não só administrador;
de Filho, não apenas servo; e estabeleceu uma igreja viva, não um tabernáculo.
Por fim, vimos a singularidade da mensagem de Jesus no tópico três e o perigo
de que os crentes correm quando a ouvem, mas não atende; veem, mas não creem;
começam, mas não terminam. Portanto, a superioridade de Cristo em relação ao
ministério de Moisés, o respeitado legislador da Lei dos judeus, foi exposta
para a igreja hebreia com o objetivo de mostrá-la a seriedade com que devemos
reverenciar a bendita pessoa de Jesus. Se no capítulo três do livro, o escritor
falou de Moisés, no capítulo quatro é a hora de mostrar que Jesus também é
superior a Josué, o líder herdeiro de Moisés responsável de levar ao povo a
herdar uma terra.
3. INTRODUÇÃO À LIÇÃO
Professor, professora, sempre é
bom dar as boas vindas aos alunos, perguntar como foi a semana, se há algum
pedido de oração, pois é possível que haja alguém passando por alguma
dificuldade pessoa, o que, por natureza, tem a potencialidade de tirá-lo do
foco da aula. Por isso, acolher o pedido de oração dessa pessoa e apresentá-lo
a Deus, juntamente com a classe, fará dois bens imediatos ao aluno(a):
espiritual, pois a demanda dele(a) será apresentada ao Deus Altíssimo;
psicológico, pois o(a) aluno(a) se sentirá acolhido. Para o início da
aula, sugerimos que reproduza o esquema que consta na página 28 da
revista Lições Bíblicas
Adulto Professor e que reproduzimos abaixo:
JOSUÉ → Terreno → Temporário →
Incompleto
JESUS → Celestial → Eterno → Completo
JESUS → Celestial → Eterno → Completo
Mostre desde o início que da
aula, conforme o esquema, que a intenção do escritor aos Hebreus é a de fazer o
contraste entre o ministério de Cristo com o de Josué, um líder muito
importante no assentamento do povo na Terra de Canaã, o que fez com que o povo
judeu o obedecesse. Entretanto, Jesus é maior do que Josué. O seu ministério é
mais completo que o do líder guerreiro israelita. Qual deve ser o nosso
comportamento em relação a Jesus?
4. TÓPICO I: JESUS
PROVEU UMA MENSAGEM SUPERIOR A DE JOSUÉ
Neste primeiro tópico, três
coisas devem ser destacadas em relação à mensagem de salvação anunciada por
Jesus, ouvida e proclamada pelos apóstolos e confirmada com a operação do
Espírito Santo (conforme os capítulos um e quatro de Hebreus): Essa mensagem
deve ser recebida por fé (item um); essa mensagem deve ser obedecida; essa
mensagem deve ser recebida em contrição. Note como o tópico tem um
desenvolvimento doutrinário-soteriológico (dinâmica da salvação): (1) mensagem
de salvação recebida por fé; (2) perseverança em obediência; (3) vida contrita
e experiencial em Deus. É impossível não relacionar esse tópico com uma fé bem
experimentada que ocorreu em milhares de vidas no Movimento Pentecostal, onde
pessoas ao longo da história acolheram a tão grande salvação por fé,
perseveraram obedientemente nela e viveram estimuladas à contrição espiritual.
Nesse aspecto, a espiritualidade pentecostal é muito rica.
Assim, recomendo a
leitura da coleção editada pela CPAD, “Coleção Pioneiros Pentecostais” – obra
de Gunnar Vingren, Daniel Berg e a história da Assembleia de Deus contada por
Emílio Conde –, bem como outras: Nels Nelson, o Apóstolo Pentecostal
Brasileiro; Gustavo Bergston; Frida Vingren; Lewi Pethrus. Há outra coleção
muito edificante, também editada pela CPAD: “Clássicos do Movimento
Pentecostal”. Grandes expressões do Movimento Pentecostal no mundo. É
importantíssimo ter contato e conhecer a envergadura espiritual de nossos
primeiros pais!
5. TÓPICO II: JESUS PROVEU UM
DESCANSO SUPERIOR AO DE JOSUÉ
Neste segundo tópico, há
destaque para a campanha militar da conquista de Canaã (item um). Essa campanha
não deu um descanso completo para a nação de Israel. Aqui, vale rememorar o
exemplo do Israel Moderno que se encontra na Antiga Canaã, mas tal qual aquela
época, não possui o controle pleno da terra hoje. Tal acontecimento aguarda o
comprimento fiel e literal das profecias de Isaías, Jeremias, Ezequiel e
Zacarias, por exemplo. Essa promessa está fundamentada em pelo menos quatro
alianças incondicionais de Deus com esse povo que aparecem claramente nas
Sagradas Escrituras: (1) Aliança abraâmica (Gn 12.1-3); (2) Aliança palestina
(Dt 30.1-10); (3) Aliança davídica (2 Sm 7.10-16); (4) Nova Aliança (Jr
31.31-40).2 Porém, Josué não foi o agente cumpridor dessas
alianças. Diferentemente de Israel, a Igreja não tem promessa de conquista de
uma região geográfica, mas a celestial (cf. 1 Co 3.11-15). Nesse sentido, a
herança da Igreja é total, garantida plenamente mediante a suficiência do
sacrifício vicário de Jesus Cristo e confirmada pela sua vinda iminente,
literal e gloriosa.
No item 2 é importante ser
cuidadoso com o “tipo”. É bom ter uma boa definição dessa expressão, como esta:
“Na ciência teológica significa estritamente a relação representativa
preordenada que certas pessoas, acontecimentos e instituições do Antigo Testamento
têm com pessoas, acontecimentos e instituições correspondentes do Novo”.3
Veja que expressão remonta um aspecto técnico usado pelos escritores bíblicos,
e confirmado pelos hermeneutas, o que não significa por outro lado, que o
escritor aos Hebreus esteja dizendo, por exemplo, que a Canaã Terrena é uma
“profecia da Canaã Celestial” futura. O tipo é um exemplo de ilustração muito
usado nos tempos bíblicos para realçar uma doutrina do Novo Testamento com
histórias do Antigo. Em Gálatas, o apóstolo Paulo usou as imagens de Agar e
Sara como tipos da relação da Lei e da Graça. Ora, por acaso, Agar significa
literalmente a Lei? E Sara significa literalmente Graça? Compreendeu a
diferença?
6. TÓPICO III: JESUS PROVEU UMA
ORIENTAÇÃO SUPERIOR A DE JOSUÉ
A orientação de Jesus para a
Igreja é viva, pois sua Palavra Viva está (item 1)!
As Escrituras atestam que as
palavras de Jesus “são espírito e vida” (Jo 6.63). Quem conhece a verdade é
liberto para sempre (Jo 8.32). Nesse sentido, a orientação de Jesus é eficaz
(item dois). Eficaz porque tem um objetivo central de atingir o coração do ser
humano e, por isso, essa orientação acontece por meio de uma Palavra Penetrante
(item três) – este aspecto só a Palavra de Deus apresenta. Não há nada que pode
adentrar ao lugar mais escondido no interior do ser humano que a Palavra de
Deus (v.12). Diferentemente de Josué, a orientação de Jesus faz uma revolução
interior sem igual, em que a melhor expressão para descrever esse fenômeno
sobrenatural é a promessa feita por Jesus para quem crê no Evangelho: “rios de
água viva correrão do seu ventre” (Jo 7.38).
7. CONCLUSÃO
Nesta lição, vimos que nosso
Senhor proveu uma mensagem superior, um descanso superior e uma orientação
superior a de Josué. Nesse aspecto, propomos as seguintes aplicações:
1. Recebamos a mensagem de
Cristo com fé.
2. Obedeçamos com toda a nossa vida a mensagem que acolhemos com fé.
3. Tenhamos um coração contrito, ansioso e desejoso pela presença de Deus.
4. Tenhamos a consciência de que um dia desfrutaremos do descanso completo, mas hoje já posso desfrutar parcialmente dessa bênção hoje.
5. O descanso de Jesus é real, verdadeiro, inteiro.
6. O descanso de Jesus não é passageiro, como fumaça; mas atemporal e eterno.
7. A Palavra de Jesus vivifica a nossa vida.
8. A Palavra de Jesus é eficaz, segundo o propósito decretado por Deus.
9. A Palavra de Jesus alcança onde ninguém mais pode alcançar.
2. Obedeçamos com toda a nossa vida a mensagem que acolhemos com fé.
3. Tenhamos um coração contrito, ansioso e desejoso pela presença de Deus.
4. Tenhamos a consciência de que um dia desfrutaremos do descanso completo, mas hoje já posso desfrutar parcialmente dessa bênção hoje.
5. O descanso de Jesus é real, verdadeiro, inteiro.
6. O descanso de Jesus não é passageiro, como fumaça; mas atemporal e eterno.
7. A Palavra de Jesus vivifica a nossa vida.
8. A Palavra de Jesus é eficaz, segundo o propósito decretado por Deus.
9. A Palavra de Jesus alcança onde ninguém mais pode alcançar.
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Um dos maiores anseios do povo hebreu, depois de
peregrinar pelo deserto, era o de chegar a Canaã, onde encontraria repouso. Na
verdade, o shabat sempre foi uma marca distintiva da aliança daquele povo com
Deus. No entanto, conforme estudaremos na lição de hoje, aquele apenas apontava
para “outro repouso”, o que seria dado por Jesus, que haveria de aliviar a
carga daqueles que estavam entregues à mera religiosidade (Mt. 11.28).
1. UMA MENSAGEM SUPERIOR A DE JOSUÉ
Josué, o sucessor de Moisés, foi o responsável de
conduzir o povo até Canaã. Tanto este quanto aquele foram veementes em relação
à necessidade de obediência à Palavra de Deus. O autor da Epístola aos Hebreus
considera que a mensagem de Josué foi um tipo de evangelho, que exigiu a
credulidade dos israelitas, casos esses quisessem entrar na Terra Prometida. Em
Hb. 4.2 e 6, aparece o verbo grego euangelizomai, que significa
evangelizar. A mensagem trazida por Josué aos antigos israelitas não deixa
de ser uma “boa nova”, mas que não se compara ao evangelho de Jesus Cristo. O
que há de comum tanto em um quanto em outro, é a exigência de obediência, e em
relação ao último, o perigo seria maior, casos aqueles cristãos hebreus se
tornassem incrédulos. A desobediência (gr. apeithei) é uma demonstração de
infidelidade, uma condição que se põe à graça de Deus. Por isso o autor alerta
quanto ao risco de “cair no exemplo de desobediência” dos antigos hebreus, que
desprezaram tanto a mensagem de Moisés quanto a de Josué. Portanto, deveriam
ser sensíveis à Palavra de Deus, e não endurecerem (gr. sklerinõ) o coração. O
coração do homem é endurecido pela sua incredulidade, apenas no contexto de um
hebraísmo linguístico, pode-se conceber que é Deus, como a causa principal de
todas as coisas, que endurece o coração do homem (Rm. 1.28, 29).
2. AINDA A
PROMESSA DE OUTRO REPOUSO
O povo de Israel sempre viveu sob a égide da
promessa do repouso de Deus, isso porque Ele mesmo estabeleceu o shabat como o
descanso, e sinal da aliança mosaica. Após o processo da criação, conforme
registrado no Genesis, o próprio Deus descansou (Gn. 2.1-3). Esse descanso teve
um significado importante para os israelitas, e antecipava um repouso mais
amplo, que para eles se concretizou em seu estabelecimento na terra prometida.
O autor da Epístola aos Hebreus expande o alcance dessa promessa, ao reconhecer
que “resta ainda um repouso para o povo de Deus” (Hb. 4.9). Esse repouso é o
próprio Cristo, por meio de quem encontramos descanso para nossas almas (Mt.
11.28), nEle podemos ter a convicção de que a fé cristã não é mera
religiosidade. Antes é um encontro com uma Pessoa, um Salvador que
nos livra do fardo do pecado, e que nos conduz à vida eterna (Jo. 3.16). A
terra prometida, e conquistada pelos israelitas, ainda é objeto de disputa nos
dias atuais. Mas nós, os cristãos salvos em Jesus Cristo, temos a certeza de
uma habitação celestial, onde estaremos para sempre com o Senhor. Quando ali
chegarmos, a morte terá sido tragada na vitória (I Co. 15.54). Não podemos
perder o céu de vista, por isso devemos manter firmes nossa esperança, cientes
que a trombeta vai soar, e que os mortos em Cristo ressuscitarão (I Ts.
4.13-17). Portanto, “procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém
caia no mesmo exemplo de desobediência” (Hb. 4.11).
3. A EFICÁCIA DA PALAVRA DE DEUS
Na expectativa de adentrar àquele repouso, devemos
atentar para a Palavra de Deus, sendo essa viva, eficaz e penetrante. Essa é
uma palavra vivificadora, (gr. zoe) pois é o próprio Filho de Deus, que é o
logos de Deus (Jo.1.1), que é poderoso para dar vida àqueles que se dobram
diante da voz do Espírito, que se expressa por meio da Palavra, cujo testemunho
se encontra nas Escrituras. Ela também é eficaz (gr. energes) e tem poder para
cumprir o que se propõe, não retornando vazia (Is. 55.11). A palavra de Deus é
capaz de transformar o pecador, de fazer com que esse mude a rota da sua vida,
e passe a se conduzir não pelas suas vontades, mas pela agradável, boa e
perfeita vontade de Deus (Rm. 12.1,2). O poder dessa Palavra é atestado pelo
seu alcance: “mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra
até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para
discernir os pensamento e intenções do coração” (Hb. 4.12). Quando nos
colocamos diante da Palavra de Deus, não apenas a escutamos e a interpretamos,
ela também discerne nossos pensamentos e intenções. Podemos afirmar, com
convicção que somos lidos pela Palavra de Deus, ela perscruta nossas
ideologias, de tal modo que não podemos negar sua eficácia. A palavra dos
homens deve submeter-se à Palavra de Deus, pois passarão céus e terra, mas Sua
Palavra não passará (Mt. 24.35).
CONCLUSÃO
Vivemos na expectativa do repouso, trabalhos
diuturnamente, na esperança que chegue nosso descanso. Este é legítimo, e mais
importante, necessário, contudo, “há ainda um descanso para o povo de Deus”.
Não podemos esquecer que o céu é nossa morada celestial, e que um dia estaremos
para sempre com o Senhor Jesus (Jo. 14.1). Para tanto devemos manter firmes
nossa convicção na Palavra de Deus, e não endurecer o coração, amando mais o
presente século que a habitação celestial.
Prof. Ev. José
Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog
subsidioebd
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
A conquista de Canaã sob a
liderança de Josué é retratada pelo autor da Carta aos Hebreus como um tipo da
Canaã celestial. Deus havia prometido a conquista da terra a Moisés e Josué (Êx
3.8; Js 1.2,3). Mas ao longo da jornada do Êxodo muitos ficaram pelo caminho. A
incredulidade e a desobediência, somadas à falta de ânimo, fizeram com que o
povo não vivesse as promessas de Deus em sua plenitude. O mesmo processo estava
se repetindo agora com os crentes da Nova Aliança e pelas mesmas razões. A
única forma de voltar para a corrida e completar o percurso, entrando no
descanso de Deus, era observando a sua Palavra.
O autor de Hebreus está sempre comparando a
caminhada dos israelitas no deserto, abandonando a escravidão no Egito e
peregrinando até o “descanso de Deus” (em hebraico: Shabbâth) na Terra
Prometida, em relação à jornada do cristão rumo a seu pleno repouso espiritual
no Reino de Deus. O descanso dos Judeus sob a liderança de Moisés e depois de
Josué, temporário e terrestre, prenunciava o descanso eterno das nossas almas
em Cristo (compare v. 8 com Js1.13). Da mesma forma que a fé nas promessas de
Deus era requerida para se entrar no “descanso de Canaã”, também só ingressaremos
no descanso pleno e eterno da salvação mediante a fé sincera na pessoa e na
obra expiatória de Jesus Cristo. Podemos tomar posse completa do “Sábado de
Deus” por meio da fé sincera em Jesus Cristo. Assim como Deus descansou da obra
da criação, o crente pode descansar de empreender esforços na tentativa de
alcançar a sua salvação, e deve repousar na obra consumada pelo Filho de Deus
na cruz do Calvário, o qual nos conduzirá ao “Shabbâth eterno do SENHOR” (Ap
14.13).
I. JESUS
PROVEU UMA MENSAGEM SUPERIOR A DE JOSUÉ
1. Uma mensagem que deve ser
recebida pela fé. O autor inicia sua
argumentação com uma afirmação e uma declaração. Primeiramente ele afirma que
as boas-novas foram pregadas a seus contemporâneos, assim como havia acontecido
com os crentes dos dias de Josué (Hb 4.2). Tanto aqui como no versículo seis, o
autor usa o verbo grego euangelizomai, que significa "evangelizar",
"pregar as boas-novas a alguém". É a mesma raiz que dá origem à
palavra "evangelho". Em segundo lugar, o autor declara que "a palavra
da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé
naqueles que a ouviram" (Hb 4.2). Muitos crentes do Antigo Pacto haviam
ficado de fora da Terra Prometida porque não receberam a mensagem com fé, o que
se poderia esperar então dos que receberam a mensagem em sua plenitude, mas não
lhe deram crédito?
O juízo divino inspira temor. O capítulo 4 inicia
com o autor demonstrando receio de que se repita o caso daquela geração de
israelitas que saíram do Egito, mas não puderam entrar na Terra Prometida,
incluindo o próprio Moisés e Arão, por causa da incredulidade e rebelião.
Naquela ocasião, Moisés transmitiu a palavra do Senhor a todo Israel,
acompanhado de sinais e maravilhas, mas o povo não confiou nas promessas de
Deus. Como aqueles, se os hebreus não dessem crédito à mensagem do Evangelho,
abandonando a fé, pereceriam como aquela geração incrédula.
“As
boas novas de libertação e do amor de Deus que Israel ouviu no Sinai não foram
tão claras quanto a Salvação anunciada agora por intermédio do Senhor (2.3),
contudo, teria tido valor para seus ouvintes e os teria introduzido no descanso
de Deus, se tivessem recebido com fé” (Bíblia de Estudo de
Genebra. São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil,
1999. Nota textual Hebreus 4.2. Pág. 1467.)
2. Uma mensagem que se
fundamenta na obediência. O autor passa a
mostrar a razão de alguns não terem entrado no descanso de Deus: "Visto,
pois, que resta que alguns entrem nele e que aqueles a quem primeiro foram
pregadas as boas novas não entraram por causa da desobediência" (Hb 4.6).
A desobediência (gr. apeitheia) é a manifestação ativa da incredulidade. Essa
palavra ocorre seis vezes no texto original e foi usada pelo apóstolo Paulo
para se referir aos "filhos da desobediência" (Ef 2.2). O crente,
quando não crê, age da mesma forma do incrédulo. O autor de Hebreus usa essa
palavra novamente no versículo 11, do mesmo capítulo, quando alerta o crente a
não "cair no exemplo de desobediência". A mensagem de Deus só tem
proveito quando acompanhada pela obediência.
Entendemos por desobediência, o ato de alguém se
rebelar contra a autoridade, ser insubmisso, quebrar princípios, desrespeitar,
afrontar. A desobediência a Deus é um pecado que certamente levará um homem à
morte. O trágico desfecho do Éden iniciou-se com o ato de desobediência à
Palavra de Deus. A desobediência a Deus e à sua Palavra, tem sido a ruína de
muitos cristãos. Quando entramos por este caminho, estamos entrando pelo
caminho da morte (Hb 3.18-19).
“Essas
boas novas para os filhos de Israel eram justamente a promessa de entrada na
terra de Canaã. Imagine uma nação inteira que estava sendo escravizada no
Egito, sair da casa da servidão rumo ao cumprimento da promessa de tomar posse
de uma terra que manava leite e mel? Porem, as boas novas no tempo de Cristo
são justamente o anuncio de novas promessas de posse de uma pátria celestial,
onde os salvos não terão contrariedades, nem dor e nem sofrimentos de espécie
nenhuma. NÃO ENTRARAM. Infelizmente grande parte daqueles que saíram cheios de
esperança da terra do Egito, baseados na promessa feita a Deus de tomarem posse
da terra prometida, não puderam entrar na terra prometida. Como também muitos
dos que ouviram as boas novas do próprio Cristo de Deus, o rejeitaram, e por
isso perderam a promessa de vida eterna: “Veio para o que era seu, e os seus
não o receberam, nem o aceitaram” (Jo 1.10). POR CAUSA DA DESOBEDIÊNCIA. No
caso dos filhos de Israel que pereceram no deserto, eles não tomaram posse da
promessa de entrarem na terra prometida, por causa da desobediência. E
manifestaram essa tal desobediência por meio das murmurações, tentando ao
Senhor e lhe provocando a ira. Cristo veio e anunciou o novo programa de
salvação de Deus, mas os seus não entenderam que ele era o Messias prometido
por Deus. A desobediência às boas novas do evangelho impede a posse da vida
eterna.” (COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO Versículo Por Versículo, Hebreus 3.6. Disponível em:
http://comentarionovotestamento.blogspot.com.br/2017/03/hebreus-36.html. Acesso
em 20 jan, 2018)
3. Uma mensagem que conduz à
contrição. A mensagem de Deus
para ser recebida necessita encontrar corações receptivos, abertos: "Hoje,
se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração" (Hb 4.7b). O autor
usa o termo sklerynô - traduzido como "duro", "endurecido"
- quatro vezes nesta carta. Esse termo deu origem a palavra portuguesa
"esclerose", "esclerosado", isto é, "endurecido",
"enrijecido". É a mesma palavra usada por Lucas em Atos 19.9 para
dizer que os judeus se "mostraram endurecidos" e por essa razão
rejeitaram a mensagem de Paulo. Aqui em Hebreus, como em outros lugares do Novo
Testamento, é o homem, e não Deus, que endurece o seu próprio coração. Deus só
endurece quem já está anteriormente endurecido (Rm 1.28,29). Para que a
mensagem tenha efeito é preciso encontrar corações contritos. (LB CPAD, 1º Trim
2018, Lição 4, 28 jan 18)
Os leitores já aprenderam que eles vivem no tempo
que se chama “hoje” (3.13), portanto, devem prestar atenção às promessas e
advertências. Através de Davi a oferta para entrar ( e uma advertência sobre o
perigo de não entrar) é continuada para uma nova geração, que deve “hoje”
responder à voz de Deus. Esse “hoje” aponta em direção de todos aqueles que
estavam tomando conhecimento do conteúdo desta carta, para aqueles que tiveram
o privilégio de ouvirem o próprio Senhor Jesus, bem como para todos aqueles que
nasceram após a os fatos do Calvário. A porta da graça de Deus continua aberta
para todos.
“[...]
O autor da carta aos Hebreus neste texto está chamando atenção dos seus
destinatários quanto ao perigo do pecado, mormente o pecado da incredulidade
que tem como consequência o endurecimento do coração. Ele vai buscar na
experiência dos seus antepassados no deserto, quando após saírem do Egito,
puseram por várias vezes Deus à prova, revelando a perversão e a dureza de seus
corações, o exemplo para exortar a igreja sobre o perigo da incredulidade e do
distanciamento do Deus vivo.
A
insensibilidade espiritual, que no texto em foco é chamada de dureza de
coração, foi o resultado desta atitude de incredulidade, daqueles que tinham
visto e experimentado inúmeros milagres e livramento de Deus, desde a saída do
Egito por todo o tempo de peregrinação no deserto. Endurecidos e incrédulos se
afastaram do Deus vivo, sentenciando assim a própria condenação, razão porque
toda uma geração de homens e mulheres morreu no deserto sem entrar na terra
prometida.
O
contexto nos desautoriza a usar o versículo em epígrafe para falar de conversão
daqueles que ainda não reconheceram a Cristo como Senhor e Rei em suas vidas,
mas pode sim, ser usado para exortar e confrontar àqueles que já se declarando
crentes, já tendo experimentado da bênção da salvação, se recusam a viver em plena
obediência ao Senhor e à sua palavra.
Não
fomos salvos para vivermos descomprometidos neste mundo perdido, a nossa
salvação cujo preço seria por nós impagável, foi realizada por Deus em Cristo
Jesus. Na cruz o nosso Senhor tomou sobre si a nossa culpa e sofreu o castigo
que nosso pecado merecia. Naquele maldito madeiro, Ele nos resgatou das mãos do
nosso inimigo, nos livrou da perdição eterna, nos resgatou do inferno e nos
trouxe para perto dele, a fim de termos uma nova vida e de vivermos de
conformidade com a sua vontade que é boa, perfeita e agradável.
Aquele
que nos salvou também nos deu uma missão. Nos chamou e nos comissionou para que
fôssemos instrumentos em suas mãos na bendita tarefa de reconciliar o homem
consigo mesmo. Ao contrário do que muitos pensam não estamos aqui apenas para
desfrutarmos da proteção, cuidado, bondade e amor de Deus. Temos uma missão, um
chamado, uma tarefa para realizarmos enquanto estivermos aqui. Neste caso, o
descaso, o descompromisso, o desprezo ao propósito de Deus para as nossas vidas
é uma grave e indesculpável rebeldia.” (Pr. Ivan José Santos
Silva, Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração. Disponível
em: http://www.ipsl.org.br/2014/10/hoje-se-ouvirdes-sua-voz-nao-endurecais.html. Acesso em 20
jan, 2018)
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor(a), o recebimento da Palavra com fé, o
viver em obediência e o coração contrito e aberto à Palavra são os três
aspectos do ouvinte da mensagem de Jesus que devem ser enfatizados neste
primeiro tópico. Deixe claro que sem fé é impossível agradar a Deus; sem
obediência à Palavra não há fundamento na vida cristã; sem coração contrito não
há arrependimento.
II. JESUS
PROVEU UM DESCANSO SUPERIOR AO DE JOSUÉ
1. Um descanso total. Quando contrastamos o capítulo 11.23 com o 13.1 do livro de
Josué surge uma pergunta: Josué conquistou ou não Canaã? Especialistas em
línguas semíticas avaliam que Josué 11.23 refere-se a uma avaliação otimista
das campanhas do líder do povo de Deus. Ora, o povo peregrino ansiava por vir
chegar o dia de herdar a Terra Prometida. Nesse sentido, e como era comum à
época, o exército de Josué estabeleceu a supremacia militar por sobre toda
Canaã assim que chegou ao território, embora não tivesse pleno controle de cada
cidade e vila, conforme deixa patente Josué 13.1. Logo, os capítulos 11 e 13
não são contraditórios, mas confirmam que o descanso dado por Josué ao antigo
povo de Deus foi incompleto e parcial. Por outro lado, o que o autor de Hebreus
está mostrando é que o descanso provido por Jesus foi completo, total. Nada
ficou para ser conquistado.
Josué recebeu a árdua tarefa, embora tenha sido
apresentado pelo próprio Moisés, que lhe impôs suas mãos sobre Josué, e este
ficou cheio do Espírito Santo de Deus, e todo o povo de Israel o reconheceu
como seu líder (Dt 34.9) de suceder ninguém mais que Moisés, na tarefa ainda
mais difícil de liderar o povo na conquista de Canaã. Ele conquistou a cidade
de Jericó e organizou a divisão da terra de Canaã entre as doze tribos. Esta
divisão, a terra ainda era ocupada por povos os quais Deus havia determinado
que fossem exterminados. Cada tribo ficou responsável por eliminar os inimigos
restantes de seu território. Este grande líder militar e espiritual de Israel
morreu com 110 anos, durante sua vida ele viu o poder de Deus no Egito, no
deserto e na terra prometida.
“HERANÇA - No
sentido em que nós entendemos a palavra, o israelita herdava a propriedade de
seu pai (Lv 25,46). Mas a palavra hebraica “herdar”(nahal ) tem um sentido mais
amplo que em português. Israel recebe como herança Canaã, que é propriedade do
Senhor (Js 22,19), prometida aos patriarcas (Gn 12,7). Canaã e o povo de Israel
são herança de Deus, sem que ele os tenha recebido de outrem (Ex 15,17; Dt
9,26-29).”. (Bíblia Comentada. Josué 11.23. Disponível em:https://bibliacomentada.com.br/biblia/josue-capitulo-11-versiculo-23-comentado-por-versiculo.html. Acesso em: 20 jan,
2017)
Em Juízes 3.1-4 temos uma relação de povos que não
foram exterminados por Israel e o motivo disso: “Estes, pois, ficaram, para
por eles provar a Israel, para saber se dariam ouvido aos mandamentos do
Senhor, que ele tinha ordenado a seus pais, pelo ministério de Moisés.” (Jz
3.4). O resultado? Logo cedo Israel se viu enredado pela idolatria - [...]
e serviram aos seus deuses.” (Jz 3.6).
“Parece
evidente que de início Josué conquistou a terra apenas como um todo, mas não
destruiu literalmente todo vestígio dos antigos moradores. Primeiro ele passou
por toda a terra e obteve as maiores vitórias, deixando as batalhas menores
para aqueles que mais tarde se apossariam da região. Assim, a expressão
“destruiu tudo o que tinha fôlego” ou é uma figura de linguagem expressando sua
ampla vitória, ou é uma hipérbole com relação ao seu completo sucesso.
Entretanto, mesmo que tal expressão seja entendida mais literalmente, ela se
completa com a frase: “sem deixar nem sequer um” (Js 10:40). Aqui nada se diz
com relação aos que fugiram e só voltaram quando os exércitos de Josué rumaram
para o norte, noutras batalhas. Sem dúvida, nesse ínterim, muitos dos cananeus
retornaram e ocuparam suas habitações, e permaneceram como um espinho na carne
do povo de Israel.” (Extraído do livro MANUAL POPULAR de
Dúvidas, Enigmas e “Contradições” da Bíblia. Norman Geisler – Thomas Howe.
Disponível em: http://www.cacp.org.br/os-cananeus-foram-destruidos-ou-simplesmente-subjugados/. Acesso em: 30 jan,
2017.)
2. Um descanso real. A redação de Hebreus 4.8, diz: "Porque, se Josué lhes
houvesse dado repouso, não falaria, depois disso, de outro dia". A
conquista de Canaã era apenas um tipo da qual a Canaã celestial é o antítipo. A
conquista da Terra Prometida por Josué era apenas uma sombra da qual Jesus é a
realidade. Quem proveu, de fato, um descanso para o povo de Deus foi Jesus, não
Josué: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei"
(Mt 11.28).
“Tipo
e Antítipo - Tipos (do grego TYPOS) são figuras que Deus utilizou ao
longo da história bíblica para revelar acontecimentos futuros. Ele tem seu
cumprimento na vinda do Messias. Este cumprimento é chamado antítipo. Num tipo
há uma correspondência entre certas pessoas, eventos ou coisas do Antigo
Testamento e Jesus Cristo no Novo Testamento.”. (Introdução à
Teologia. Disponível em:
http://institutoteologicocdm.blogspot.com.br/p/introducao-teologias.html.
Acesso em 20 jan, 2018).
Aqui temos o tipo e o antítipo – Josué e Jesus;
interessante notar que Josué é a forma grega do nome
hebraico YEHOSHUA, que permite ao autor assinalar a
superioridade de Jesus Cristo sobre Josué. Deus quer que entremos em seu
repouso. Para os israelitas que cruzaram o Jordão liderados por Josué, este
repouso era Canaã, a terra prometida. Para os cristãos, é paz com Deus agora e
eternamente com Deus. Não precisamos esperar até a morte para desfrutar do
repouso e da paz de Deus já agora, mesmo em meio às aflições (Habitando,
pois, os filhos de Israel no meio dos cananeus, dos heteus, e amorreus, e
perizeus, e heveus, e jebuseus, Jz 3.5).
3. Um descanso eterno. Para o autor de Hebreus, o descanso provido por Josué não
foi apenas incompleto e tipológico, ele foi também temporário: "Portanto,
resta ainda um repouso para o povo de Deus" (Hb 4.9). O descanso não é
aqui! Embora desfrutemos das bênçãos do reino na era presente, todavia, o
futuro aguarda a sua plenitude. A estrada é longa e ninguém pode se deixar
fatigar pelo caminho. É preciso caminhar com dedicação e vigilância:
"Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo
exemplo de desobediência" (Hb 4.11). (Hb 3.6).
Assim como a terra de Canaã estava garantida à
semente de Abraão, segundo a carne, também o céu está garantido a toda a sua
semente espiritual, por meio de um concerto, e como uma possessão que é
verdadeiramente eterna. Canaã é uma terra em direção à qual todos nós
peregrinamos, pois ainda não podemos enxergar o que seremos! (Ef 1.14).
“A
descrição do descanso como um “repouso de sábado” é importante, porque introduz
uma palavra (sabbatismos) que não ocorre em nenhum outro lugar. Pode ter sido
cunhada por este escritor (assim MM), porque diferencia eficazmente entre o
tipo espiritual de descanso e o descanso em Canaã (o Salmo tem a palavra
katapausis).42 Aqueles que são elegíveis para este repouso de sábado (ARA
simplesmente repouso) são chamados o povo de Deus, que os distingue dos
israelitas descrentes. Este é, na realidade, um termo abrangente, apropriado
para a comunidade universal, que inclui tanto os judeus quanto os gentios (cf.
um uso semelhante em 1 Pe 2.10). Este aspecto possessivo de Deus é notável.
Deleita-Se em chamar os crentes de Seu povo. Uma nova comunidade, dedicada a
ouvir a voz de Deus e a obedecê-la, tomou o lugar do antigo Israel que
fracassou no tempo da provação”. (GUTHRIE, Donald. A Carta
aos Hebreus - Introdução e Comentário por - Sociedade Religiosa Edições Vida
Nova e Associação Religiosa Editora Mundo Cristão. Disponível em:
https://teologiaediscernimento.files.wordpress.com/2014/08/hebreus-introduc3a7c3a3o-e-comentc3a1rio-donald-guthrie.pdf.
Acesso em 20 jan, 2018).
Por fim, note que este descanso é expressado numa
forma que sugere que algum esforço considerável é necessário. O verbo
(spoudazò, “esforçar-se”) envolve certo grau de pressa, e é em conformidade com
isto que o escritor dá suas advertências. O autor tem em mente que a história
possa voltar a repetir-se, embora não haja no texto nenhum indício de que isto
já tenha acontecido com aquela comunidade, ficando assim, apenas no campo da
advertência – para eles e para nós.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“O repouso de Deus, no qual os crentes são
convidados a entrar, é algo para o presente ou para o futuro? Certamente o
repouso de Deus em seu sentido mais amplo aguarda a era por vir, mas há também
um sentido presente de entrar pela fé, como é indicado pelo versículo 3:
‘porque nós, os que temos crido [tempo passado], entramos [tempo presente] no
repouso’ (cf. a ênfase do tempo presente em 4.1,10,11). A fé torna possível, no
presente, realidades que são futuras, invisíveis, ou celestiais (cf. 11.1). Em
4.3-5, são enfatizados dois fatos importantes: 1) O repouso de Deus é uma
realidade presente e completa (4.3c,4) e 2) Os israelitas não puderam entrar no
repouso de Deus (4.3b,5b) por causa de sua incredulidade e desobediência (3.19;
4.6). Note que nosso autor cita Gênesis 2.2 em Hebreus 4.4 e se refere ao
Salmos 95.11 (duas vezes) em Hebreus 4.3,5. Sua preocupação por seus leitores é
que entrem no repouso de Deus agora pela fé e que não o percam para sempre,
como fez a geração que peregrinou no deserto. A incredulidade fecha o coração
para Deus e torna sua promessa sem efeito. O que é o repouso de Deus? É um
repouso baseado na conclusão de sua obra na criação (4.3c,4), do qual o sábado
sagrado é um testemunho duradouro. Nossa participação em seu repouso é baseada
na obra consumada de Cristo na cruz; o fato de Ele estar ‘assentado’ (que
inclui o pensamento de repouso) à direita do Pai é o testemunho duradouro. O
fato de Deus ter repousado não significa que Ele, por conseguinte, tenha estado
ou esteja em um estado de ociosidade, mas apenas que não há nada a se
acrescentar àquilo que Ele fez. Deus repousou após criar todas as coisas porque
sua obra (de criar) foi terminada ‘desde a fundação do mundo’ (4.3c)”
(ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal Novo
Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp.1563,64).
III. JESUS
PROVEU UMA ORIENTAÇÃO SUPERIOR A DE JOSUÉ
1. Uma palavra viva. Já vimos que o autor de Hebreus afirma que a geração do
Êxodo ouviu as boas-novas da Palavra de Deus, mas não lhe deu ouvido. Novamente
o povo de Deus estava diante de sua Palavra. Essa Palavra não foi anunciada por
um anjo, Moisés nem tampouco por Josué, mas pelo próprio Filho de Deus — Jesus.
Essa Palavra não mais se limita à letra, a Lei, porque ela é "viva" (Ez
37.3,4). Jesus afirmou que suas palavras "são espírito e vida" (Jo
6.63). Como devemos nos portar diante da Palavra Viva de Deus?
“Ao
dizer em Mt 4.17: ‘arrependei-vos’, nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que
toda a vida dos fiéis fosse arrependimento. Porque Cristo é o mestre do
espírito, não da letra, e suas palavras são vida e espírito (Jo 6.63), é
necessário que ele ensine um arrependimento que seja feito em espírito e em
verdade, não um arrependimento que possa ser feito exteriormente pelos mais
soberbos hipócritas, desfigurando o rosto em seus jejuns, orando nos cantos e
dando esmola com trombetas. Digo que é preciso que Cristo ensine um
arrependimento que possa ser feito em toda espécie de vida – que o rei em sua
púrpura, o sacerdote em sua pureza ritual e os príncipes em sua dignidade
possam fazer não menos do que o monge em seus ritos e o mendigo em sua pobreza.
Pois a doutrina de Cristo deve convir a todos os seres humanos, isto é, de
todas as condições” (Bíblia Sagrada com reflexões de Lutero: Nova
Tradução na Linguagem de Hoje. Por Sociedade Bíblica do Brasil.)
A Bíblia inteira, o Velho Testamento e o Novo
Testamento, estão entrelaçados com o evangelho da Salvação de Deus, apontando
para a necessidade da salvação do pecador, do julgamento que está para vir, a
expiação do sacrifício de Cristo na Cruz, apontando para o fato de que a nossa
salvação é um trabalho feito pela soberana vontade de Deus ou uma verdade
espiritual relacionada. Qualquer significado de simbolismo ou alegoria, deve
apontar para Cristo e seu evangelho, e deve estar consistente com tudo o mais
dentro das escrituras. Ao lermos os relatos de livros do Antigo Testamento como
Êxodo, Josué ou Juízes, vemos que a geração que sucedia a anterior logo se
esquecia da Palavra do Senhor e de Suas promessas. Por este fato,
sobrevinha-lhes a dor e aflições. Por este motivo, aquela geração que saiu do
Egito pereceu no deserto e o próprio Moisés, com seu irmão Arão, não puderam
entrar na Terra Prometida. A advertência agora nos leva a refletirmos sobre a
necessidade de cumprirmos a Grande Comissão, de anunciarmos à
tempo e fora de tempo a Palavra Viva!
2. Uma palavra eficaz. A Palavra de Deus é viva, ela produz vida. Mas além de
viva, ela é eficaz. Produz resultados: "sendo de novo gerados, não de
semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que
permanece para sempre" (1Pe 1.23). O autor mostra que essa palavra é
produtiva. O termo energes, traduzido como "eficaz", é usado na
Bíblia para se referir à atividade divina que produz resultados: "assim
será a palavra que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia; antes
fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a enviei" (Is 55.11).
Note que o Evangelho, como afirma Paulo, ‘é o
poder de Deus para nossa salvação’ (Rm 1.16). A revelação do plano eterno
de Deus para a salvação do homem atingiu seu ponto culminante no sacrifício de
Jesus Cristo, e seu benefício na revelação do evangelho. O Evangelho produz
vida! Ele é eficaz nessa nova geração.
“Quando
Jesus declarou que as palavras que Ele falava eram espírito e vida (Jo 6.63),
era esta parte vivificante da Sua revelação que estava sendo enfatizada. A
segunda característica, eficaz ou “ativa” (energês), serve para sublinhar a
mesma ideia. Uma coisa pode ser viva mas dormente, mas a natureza da vida
verdadeira é que explode em atividade e desafia em todas as frentes aqueles que
não ficam à altura das suas exigências. A Palavra de Deus, nas suas exigências
intelectuais e morais, persegue os homens e clama por decisões pessoais a serem
feitas em resposta às suas exortações. Sem dúvida, o escritor está pensando no
caráter sempre presente do desafio espiritual que acaba de extrair da sua
leitura do Salmo 95.” (GUTHRIE, Donald.Hebreus introdução e
comentário – Ed Vida Nova e Mundo Cristão. Disponível em:
https://teologiaediscernimento.files.wordpress.com/2014/08/hebreus-introduc3a7c3a3o-e-comentc3a1rio-donald-guthrie.pdf.
Acesso em 20 jan, 2018)
3. Uma palavra penetrante. A Palavra de Deus é retratada como um instrumento vivo,
eficaz e cortante, "mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes,
e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é
apta para discernir os pensamentos e intenções do coração" (Hb 4.12). A
metáfora usada pelo autor é muito forte e serve para mostrar que a Palavra de
Deus possui um grande poder de penetração. Ela não fica na superfície, mas vai
até o centro do ser humano. Os israelitas falharam por não ouvir as palavras de
Moisés e Josué, e os cristãos, por outro lado, deveriam ter mais prontidão para
responder a essa Palavra.
“A
comparação entre a Palavra de Deus e uma espada é achada também em Efésios 6.17
e volta a ocorrer em Apocalipse 1.16, onde a ideia de uma espada de dois gumes
é usada para descrever a natureza das palavras que procedem da boca do Filho de
Deus glorificado. É achada, ademais, em Isaías 49.2 e Sabedoria 7.22. A
referência em Efésios está num contexto da armadura espiritual, e é
especificamente aplicada ao ataque contra as forças do mal. Aqui, porém, a
ênfase recai sobre o caráter penetrante da Palavra, que é expresso na descrição
comparativa: mais cortante. É a capacidade de penetração da espada de dois
gumes que impressionou o autor mais fortemente. Mas até mesmo isso não está à
altura de tudo quanto a Palavra é na sua atividade.” (GUTHRIE,
Donald.Hebreus introdução e comentário – Ed Vida Nova e Mundo Cristão.
Disponível em:
https://teologiaediscernimento.files.wordpress.com/2014/08/hebreus-introduc3a7c3a3o-e-comentc3a1rio-donald-guthrie.pdf.
Acesso em 20 jan, 2018)
A ação do Evangelho ressalta a verdadeira natureza a
alma e do espírito. O uso neotestamentário de pneuma focaliza
o aspecto espiritual do homem, isto é, sua vida em relação a Deus, ao passo
que psychê refere-se à vida do homem independentemente da sua
experiência espiritual, isto é, sua vida em relação a si mesmo, às suas emoções
e ao seu pensamento. O Evangelho é capaz de ‘ler’ o homem por completo e
refletir sua real condição – inimigo de Deus. Nada, nem mesmo nossos
pensamentos mais íntimos, está abrigado do discernimento da mensagem de Deus.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Ao terminar a exposição deste tópico, e com o
auxílio das seções objetivos específicos e sínteses dos tópicos, faça uma breve
recapitulação dos assuntos abordados nesta aula. Não esqueça também de
trabalhar com a classe as questões da seção Para Refletir.
CONCLUSÃO
A palavra chave desta lição é "descanso".
Todos nós nos fatigamos na caminhada da vida. O problema, portanto, não é se
cansar, mas permitir que fatores diversos interrompam a nossa jornada de fé.
Com os israelitas o desânimo veio como consequência da infidelidade,
incredulidade e desobediência. As mesmas coisas podem acontecer conosco se não
atentarmos para a santa, viva e eficaz Palavra de Deus. Nessa jornada temos
como guia não um Moisés ou um Josué, mas Jesus, o autor e consumador da nossa
fé.
Finalmente, podemos encaixar todas as peças. Aqui
em Hebreus temos imaginado o sábado semanal (descanso do trabalho), entretanto
contextualmente a Escritura está falando sobre o descanso de Deus na criação,
que é “Hoje”. Nós sabemos que aqueles que já guardavam o sábado semanal (os
filhos de Israel) não entraram neste descanso. Após 40 anos de peregrinação
eles entrarem na terra prometida, mas Josué ainda não pode dar-lhes descanso. “Vinde
a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei (Mt
11.28). Esse convite é dirigido a todos indistintamente. Esse convite é aberto
a todos os que estão cansados e sobrecarregados com o peso do pecado ou o peso
do legalismo. Esse convite não é discutir sobre Cristo, mas para um encontro
com Cristo. Não é religião. Não é moralidade. Não é rito religioso. Não é
caridade. Não é misticismo. Não é legalismo. Não é fuga da realidade. É um
encontro com aquele que é a vida, a paz, a alegria, a salvação. Vir a Cristo
significa confiar nele. Entregar-se a ele.
“... corramos, com perseverança, a carreira que nos
está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus ...” (Hebreus 12.1-2).
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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