sábado, 13 de janeiro de 2018

LIÇÃO 2: UMA SALVAÇÃO GRANDIOSA


SUBSÍDIO I

O PERIGO DO DESVIO ESPIRITUAL É REAL

Na lição passada, vimos que uma das características da Carta aos Hebreus é seu apelo exortativo, ao ponto de os principais comentaristas bíblicos concordarem de que não há em nenhum outro documento essa característica de maneira tão intensa. Vimos também que sua autoria é desconhecida, entretanto, considerar assim foi a melhor decisão adotada, pois não há unanimidade quanto a identificação do autor já na tradição apostólica – Clemente de Roma, Clemente de Alexandria, Orígenes, Tertuliano – e, também, na hermenêutica dos reformadores – Martinho Lutero e João Calvino. Porém, aprendemos que esse fato não depõe contra a autoridade inspirada deste documento.
Estudamos também que a carta foi endereçada a uma igreja de cristãos judeus, localizada provavelmente próxima de Roma. Essa comunidade de cristãos dava indícios de desânimo e de enfraquecimento espiritual. Logo, o propósito da carta é exortar e animar os cristãos a não retrocederem na fé. Por isso, o escritor aos Hebreus inicia sua carta fazendo menção da supremacia de Cristo em relação aos profetas e aos anjos, duas imagens muito importantes para os judeus daquela época. Assim, a revelação de Deus foi manifesta “nestes últimos dias” por intermédio de seu Filho, Jesus Cristo, a plenitude da divindade. Diferente dos profetas, e dos anjos, Ele morreu e ressuscitou para trazer salvação às nossas vidas. Por isso, não podemos retroceder porque Ele não recuou. Nesse contexto, o autor aos Hebreus faz a primeira exortação de advertência grave no capítulo dois.

O Perigo do Desvio Espiritual

Nesse segundo capítulo, o autor mostra que toda transgressão e desobediência receberam justa retribuição na Antiga Aliança (v.3). Por que não receberiam hoje? A transgressão e a desobediência praticadas por cristãos atualmente não são dignas de correção divina? Não é isso que o capítulo dois de Hebreus ensina.
Ali, o autor inicia com a sentença objetiva de que é possível, sim, um cristão se desviar da “verdade” se não atentar para ela de maneira intensa, “diligente” (ARC), “mais assiduamente” (TB), “com mais firmeza” (ARA). A ideia aqui é a de que é preciso fazer esforço para o cristão não desviar das “verdades ouvidas” (v.1). Ou seja, essas “verdades ouvidas” referem-se “à revelação de Deus em seu Filho, sobre a salvação (cf. 2.3a)”, ou seja, a doutrina da fé apostólica (ARRINGTON; STRONSTAD, 2003, p.1549). Desviar dessas verdades é perder a espiritualidade. E não se trata de não crentes, ou pessoas longe da fé. A carta é endereçada ao grupo de cristãos judeus que tiveram um encontro com Cristo e foram confirmados pela efusão dos dons do Espírito Santo (Hb 2.4).

Desviar agora é pior do que antes

No Antigo Testamento, a Lei foi dada no Sinai por intermédio dos “anjos” (v.2). Aqui, há um claro contraste entre “Cristo” e “os anjos”. Ora, se no tempo da Lei, numa legislação intermediada por anjos, que são menores que o nosso Senhor, o povo de Israel sofreu severo juízo ao desviar-se da Lei de Deus; agora, no tempo em que foi constituída a preciosa graça por quem é “a Luz do Mundo” e o “Autor da maravilhosa salvação”, não há possibilidade de escapar de sua justa ira. O autor aos Hebreus deixou claro que “o resultado de se desviar de Cristo é um fim pior do que experimentado por aqueles que desobedeceram à lei de Moisés sob a antiga aliança (vv.2,3; cf.10.28)” (ARRINGTON; STRONSTAD, 2003, p.1550). 

A Advertência de Hebreus é urgente num tempo de “Graça Barata”

A expressão “graça barata” foi usada pelo teólogo luterano Dietrich Bonhoeffer na introdução de seu importante livro “Discipulado”. Com a expressão, Bonhoeffer está denunciando o cristão que confia muito em sua “expressão verbal” a respeito da graça de Deus, mas a despreza na vida prática. Graça sem arrependimento pelo pecado não é graça; graça sem disciplina espiritual não é graça; graça sem mortificar a “carne” não é graça; graça sem a disciplina da oração não é graça; graça sem compromisso sério com a Palavra não é graça; graça sem a disciplina da santidade não é graça; graça sem a compreensão de que a fé cristã tem limites morais bem delimitados não é graça. É vã filosofia. É debilidade espiritual. É cinzas que ainda não foram removidas.
Vivemos num tempo que para alguns é como se fosse “pecado” afirmar que o crente pode desviar da fé. Entretanto, trata-se de uma verdade bíblica e expositiva. Não é apenas um versículo solto ou de uma citação secundária do escritor aos Hebreus, mas o propósito da carta é visível do início ao fim da epístola: o caráter admoestativo acerca da possibilidade do desvio espiritual. 

Algumas aplicações a partir da lição:

1. É perigoso não atentar “com firmeza” para a nossa salvação diante da vida cotidiana.
2. Conhecer a Deus e retroceder depois é pior do que não conhecê-lo.
3. A vida cristã requer disciplinas espirituais: oração; jejum; leitura da Palavra; exercício da santidade.
4. Vida disciplinada não é legalismo, mas a predisposição em fazer a vontade de Deus. Há de se ter disciplina para o exercício de uma vida piedosa.
5. Há limites bem estabelecidos para a moralidade cristã a partir das Escrituras.
6. Há uma verdade objetiva no capítulo 2 de Hebreus da qual não podemos desviar: atentar para tão grande salvação.
Marcelo Oliveira de Oliveira 
SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Os cristãos hebreus arriscavam-se, caso deixassem de atentar para a grandiosa salvação, providenciada por Deus. Por isso, conforme estudaremos na lição de hoje, fazia-se necessário persistir, mesmo diante do sofrimento, tendo Jesus como Expoente. Isso porque, através do Seu sacrifício, nos proveu a libertação, dando-nos, também, pelo Seu Espírito, a capacidade para vencer as provações.
                                                                                                       
1. UMA TÃO GRANDE SALVAÇÃO

A salvação que nos foi favorecida em Cristo é superior a atuação dos anjos, por isso não pode ser ignorada, ou mesmo esquecida. Essa “tão grande salvação” não foi trazida por intermédio dos anjos, como se acreditava ter ocorrido no judaísmo (Dt. 33.2; Gl. 3.19). A salvação tem relação direta com sua mensagem, não se trata, portanto, apenas de uma experiência subjetiva, distanciado do conteúdo bíblico. E essa mensagem foi declarada inicial pelo Senhor, e se encontra registrada nos Evangelhos, mas que também foi confirmada por aqueles que a ouviram, e pode ser conferida no texto neotestamentário. O testemunho desses é confirmado pelo próprio Deus, que se revelou nesses últimos dias através do Seu Filho (Hb. 1.1,2). Jesus é o Logos que se fez carne, e por esse motivo, nenhuma revelação pode ser comparada a Ele, pois nEle habita a plenitude da divindade, sendo Ele a Palavra Definitiva de Deus à humanidade (Jo. 1.1,14; Cl. 2.9). Por esse motivo, aqueles que se apartam dessa “grandiosa salvação” correm grave risco, pois se colocam debaixo da justa retribuição divina. Nesses tempos de lassidão evangélica, que não leva a sério a mensagem salvífica de Deus em Cristo, é preciso lembrar que há um juízo para aqueles que desconsideram o evangelho.

2. ALCANÇADA PELO SOFRIMENTO

Conforme ressaltamos anteriormente, os anjos eram estimados naquela comunidade, por isso são abordados pelo autor, principalmente para ressaltar a supremacia de Cristo sobre eles. A fim de mostrar essa distinção e superioridade, o autor recorre a várias passagens do Antigo Testamento, que apontam para a autoridade de Cristo. Com base no Sl. 8, enfatiza não apenas que Jesus assumiu nossa humanidade, mas que também é o Homem Ideal, o projeto inicial de Deus (Hb. 2.9). E digno de destaque, para concretizar a salvação da humanidade, precisou adentrar pelo caminho do sofrimento (Hb. 2.10). Devemos atentar para essa condição, sobretudo nos dias atuais, nos quais os cristãos querem a glória, antes de carregarem a cruz. Aqueles que são discípulos de Jesus devem saber que existe uma cruz a ser carregada, e essa é uma demonstração de que nos identificamos com Ele (Mt. 16.24). O slogan evangélico “pare de sofrer” nada tem a ver com a mensagem genuinamente cristã. O próprio Cristo disse: “no mundo tereis aflições” (Jo. 16.33), e Paulo declarou que: “todos aqueles que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (II Tm. 3.12). O cristianismo sem sofrimento, que não admite uma cruz, é um cristianismo sem Cristo.

3. NOSSO LIBERTADOR

     Uma das principais necessidades do homem é a de um Libertador, ainda que esse o busque onde não pode ser encontrado. Uma das maiores ilusões da filosofia moderna é a política, pois promete aquilo que não pode oferecer à humanidade. O grande mal que assola a sociedade é o pecado, com seu poder destrutivo, além de corromper os relacionamentos humanos, ainda distancia o pecador dAquele que o criou (Rm. 3.23). O salário desse é terrível, e o conduz à angústia extrema, por não saber como lidar com a morte (Rm. 6.23). Esta certamente era temida por alguns daqueles crentes hebreus, que estavam sendo perseguidos, e não sabiam o que lhes aconteceria, depois que a morte os alcançasse. Muitos cristãos, influenciados pela cultura moderna, também vivem assustados diante da morte, desconsiderando que essa é uma inimiga vencida no calvário (I Co. 15.54,55). Reconhecemos, no entanto, que essa vitória será consumada em sua plenitude no futuro, por ocasião da vinda de Jesus para ressuscitar e arrebatar os Seus (I Ts. 4.13-17). Enquanto esse dia não chega, devemos permanecer firmes nas promessas divinas, não podemos vacilar diante das perseguições. E temos motivos para perseverar, pois temos um Sacerdote que se idêntica com nossos sofrimentos, “sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados” (Hb. 2.18). A palavra peirazo, no grego do Novo Testamento, tanto pode significar “tentação” quanto “provação”. Nessa passagem, é mais apropriado considerar que Jesus foi provado, que sabe o que é ser testado, por isso se identifica com nossas dores.

CONCLUSÃO

Jesus é superior aos anjos, a mensagem por Ele anunciado, e confirmada pelos discípulos, é digna de crédito. Ela nos liberta dos medos, especialmente da morte, pois Ele é a ressurreição e a vida (Jo. 11.24,25). A grandiosa salvação que nos foi favorecida, através do sacrifício vicário de Cristo, é a garantia de que seremos alcançados por Sua misericórdia, sendo Ele nosso Sacerdote. E mais, nos dará forças para prosseguir, e sermos mais do que vencedores (Rm. 8.37).
 
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

O autor dá início à seção de Hebreus 2.1-18 com uma forte exortação. Era necessário por parte dos crentes maior firmeza em relação as coisas espirituais. O que o autor observava entre eles era certa letargia e negligência diante de um fato de tão grande importância como é a salvação. Nesse aspecto a resposta devia ser dada por meio do retorno às verdades anteriormente ouvidas e que haviam sido esquecidas. Isso era de suma importância porque evitava que algum deles viesse a se desviar. De fato, o vocábulo grego usado pelo autor – pararreo –, traduzido como "desviar", significa originalmente "perder o rumo". O termo era usado também em relação a um barco que acidentalmente era desancorado e lançado à deriva em alto mar. No pensamento do autor só havia uma maneira de manter-se no rumo certo: ancorando o barco no porto seguro, Jesus.
O primeiro capítulo de Hebreus afirma, claramente, a superioridade de Jesus sobre profetas e anjos. O capítulo 2 estabelece a superioridade da mensagem de Cristo. Um contraponto com o que foi mostrado no capítulo um onde a mensagem transmitida por anjos não podia ser tratada com desdém e desprezo, o que dizer, então, da palavra do Senhor Jesus quando rejeitada ou desprezada? A Tão Grande Salvação já foi referida em 1.14 e agora vem uma advertência contra a negligência (2.1-4). A salvação é através do Filho exaltado e ungido. Como assevera o Comentário Biblico Moody:

“[...] Por esta razão relaciona-se com o Filho e também com a salvação que Ele concede. Às verdades ouvidas. O Evangelho, que fornece um ponto fixo ao qual os crentes podem recorrer. Só aqui existe um lugar seguro. Nada deve ter a permissão de fazer que nos desviemos (pararyomen) desse ponto fixo de segurança. Nenhuma calamidade, influência, força ou circunstância deveria ser tolerada se enfraquece a nossa esperança de salvação. Um barco sem piloto lançado no meio de um rio desvia-se do seu ponto de atracamento sendo levado para a margem oposta pela correnteza que opera. Assim as correntezas da vida operam contra nós se não nos apegar (mos). Esta é uma advertência dirigida especificamente àqueles por causa de quem a epístola foi escrita, significando que a advertência foi necessária. Hebreus (Comentário Bíblico Moody). Disponível em: http://www.ibanac.com/wp-content/uploads/2016/01/58Hebreus.pdf. Acesso em 6 jan, 2018

Destaca-se, ainda, que o escritor da carta faz advertências aos seus leitores, como já vimos na lição 1, crentes que estavam pensando em voltar ao judaísmo por causa da grande perseguição. Estas advertências são duras e mostram que é possível para o crente ser condenado eternamente em caso de negligência e abandono ao Senhor (2.1-4; 3.7-4.13; 5.11-6.20; 10.19-39; 12.25-29). 

I. UMA SALVAÇÃO GRANDIOSA
                                
1. Testemunhada pelo Senhor. O autor faz um contraste entre as alianças do Sinai e do Calvário. Enquanto a Antiga Aliança foi intermediada por anjos (v.2), a Nova Aliança tinha Jesus, o Filho de Deus, como seu mediador. O autor, então, faz uma analogia entre as duas Alianças para que o contraste entre ambas fique bem definido. Foi Jesus, o Filho de Deus, e não os anjos, que anunciou essa tão grande salvação. Por serem mediadores da Lei, os anjos despertavam grande estima e respeito dos judeus por eles. Se uma Aliança firmada na Lei, mediada por anjos, imperfeita e transitória, requeria obediência por parte dos crentes, muito mais a Nova Aliança que é perfeita e eterna. Se quem não observava os princípios do Antigo Pacto, quebrando os seus preceitos, era punido de forma dura, que castigo merecia quem ultrajava a Nova Aliança, que em tudo era superior? (Lições Bíblicas CPAD, 1º Trim 2018, Lição 2)
O autor da carta defende a ideia da superioridade de Jesus sobre profetas e anjos usando uma forma de argumento que aparecerá várias vezes. No Antigo Testamento, os que foram desobedientes à Lei de Moisés entregue pelos anjos, foram justamente punidos; assim, Jesus sendo superior aos anjos, é ainda mais certo que a desobediência de sua lei será punida (veja 2.2-4). A Lei foi vindicada por intermédio de severos juízos (Lv 10.1-7; Nm 16; Js 7).Tinha as suas penalidades que eram fielmente cumpridas. Sendo este o caso, como escaparemos nós se negligenciarmos esta salvação? Não é só o fato de rejeitar a mensagem do Evangelho, mas inclusive, negligenciá-lo, não cuidar; não cuidar de nossa salvação é “encará-la de modo leviano” (veja Mt 22.5); é não “dar-lhe o devido valor” (veja 8.9). Quão mais severo será o castigo divino para estes?
Agora veja os versículos 6 a 8.

O escritor cita Salmo 8, uma passagem que observa que o homem foi criado um pouco mais baixo do que os anjos. Este fato, provavelmente, levantou uma questão na mente de seus leitores. Se Jesus é superior aos anjos, por que ele tomou a forma de um homem, que foi feito inferior aos anjos? A resposta a esta pergunta é encontrada no papel redentor que Jesus desempenha. O homem precisa de um mediador entre Deus e si mesmo. Porque Jesus sofreu e foi tentado como são os homens neste mundo, ele pode, portanto, ajudar os homens como um misericordioso e fiel Sumo Sacerdote (2.17-18). O autor de Hebreus voltará ao assunto do sumo sacerdócio de Jesus para uma extensa discussão, mais tarde neste livro. Neste capítulo, contudo, ele afirma que Jesus tinha que se tornar como seus irmãos, de modo a servir como Sumo Sacerdote. Ele tinha que tomar um corpo humano para experimentar a morte por todos os homens. Através de sua morte e ressurreição, ele derrotou Satanás, que tem o poder da morte (2.14). Ele tinha que se tornar como os homens, isto é, partilhar da carne e do sangue (2.14), porque dá ajuda aos homens, e não aos anjos (2.16). Deus seja louvado por termos um Sumo Sacerdote que entende nossa situação! (DVORAK. Allen, O Livro de Hebreus. ©1996. Estudo Textual: Hebreus 2.1-18 Jesus: Feito como seus Irmãos. Disponível em:https://www.estudosdabiblia.net/hebreus.htm#Hebreus 2:1-18. Acesso em 6 jan, 2018)

Observe que o termo ‘salvação’ se aplica à doutrina, se Deus quer que todos os homens sejam salvos através do Evangelho, assim também, quando essa mensagem é negligenciada, se rejeita toda a salvação divina. Não há outro meio pelo qual importa sejamos salvos “Porquanto ele é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que Crê” (Rm 1.16).

2. Proclamada pelos que a ouviram. Essa salvação grandiosa foi primeiramente anunciada pelo Senhor e, posteriormente, por "aqueles que a ouviram" (Hb 2.3). Fica evidente nesse texto que o autor não foi uma testemunha ocular dos feitos de Jesus, mas recebera a Palavra por meio dos que a "ouviram". Mesmo não tendo recebido a Palavra de Deus diretamente do Senhor, o autor não tem dúvida que a mensagem apostólica era essencialmente a mesma Palavra de Deus. Esse fato deveria fazer com que os crentes fossem mais diligentes na observância dos preceitos neotestamentários. De fato, a palavra bebaioô, aqui traduzida como "confirmar", tem o sentido de algo que transmite segurança e confiança. Em outras palavras, o que o Senhor anunciou e que, posteriormente, foi proclamado por testemunhas oculares, deve servir de fundamento da nossa fé.
O autor da carta agora reforça o fato de que a mensagem que receberam é de fato a mensagem de Jesus, ainda que não a tenham ouvido dos lábios do Messias, a quem a maioria jamais chegou a conhecer, podiam ter a certeza de que a doutrina que lhes foi ensinada por outros procedia de Cristo. O Comentário Bíblico Moody assevera:
O próprio Deus alia-se ao testemunho por meio de sinais (semeia), prodígios (terata) e milagres (poderes, dynameis). Estas são as evidências confirmantes que de modo nenhum não devem ser desconsideradas na avaliação do Evangelho. Estas evidências foram ainda mais ampliadas pela concessão de distribuições aos crentes por intermédio do Espírito Santo.” Hebreus (Comentário Bíblico Moody). Disponível em: http://www.ibanac.com/wp-content/uploads/2016/01/58Hebreus.pdf. Acesso em 6 jan, 2018
Assim, é garantido que Deus estava em Cristo e no Evangelho, motivo pelo qual a mensagem proclamada pelos que a ouviram deve ser levada a sério. Negligenciar é incorrer na ameaça de juízo. Desse fato, insisto, que não há outra maneira pela qual o homem seja salvo.

3. Confirmada pelo Espírito Santo. A mensagem, que primeiramente fora anunciada pelo Senhor e testemunhada pelos que a ouviram, foi instrumentalizada pelo Espírito Santo. Nesse aspecto, as traduções — "distribuições feitas pelo Espírito Santo" ou "distribuições do Espírito Santo" (Hb 2.4) — expressam bem o que o autor quis dizer. O Espírito Santo é o agente por trás de cada milagre e sinal operados na história do povo de Deus, tanto do passado quanto do presente. O autor quer chamar a atenção de seu público leitor mais uma vez para a importância da mensagem recebida, ou seja, ela fora também testemunhada de uma forma concreta e palpável pelo Espírito Santo por intermédio da distribuição de seus muitos dons.
O autor tem um alto conceito da atividade do Espírito, e esta primeira menção dEle será seguida por várias outras declarações importantes (3.7; 6.4; 9.9,14; 10.15,29). No verso 4 lemos que "dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres e por distribuições do Espírito Santo, segundo a sua vontade". ‘Sinaisprodígios e vários milagres’ são termos usados no Novo Testamento para descrever os milagres especiais que Deus usou para demonstrar a autoridade do Salvador (veja At 2.22), bem como para atestar os ministérios dos apóstolos e de Estêvão (At 6.8; 14.3; Rm 15.19; 2Co 12.12). Ao longo da história, Deus vem manifestando o mesmo poder, para o bem da humanidade, mas sobretudo para a salvação das pessoas.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
                               
Hebreus 2.1-4
 “Esta é a primeira de sete passagens em Hebreus onde o autor combina uma urgente exortação com uma solene advertência a fim de mover seus leitores a uma confiança renovada, a uma esperança e fé perseverante em Cristo. Estas sete advertências não são divagações, no entanto se relacionam diretamente com o principal propósito do autor. A íntima conexão entre este parágrafo e a interpretação em 1.5- 14 demonstra que a exposição bíblica do autor não era propriamente um fim, mas originou-se de sua preocupação por seus leitores e sua perigosa situação. O rico vocabulário e os dons do autor como orador são novamente evidentes. A construção grega de 2.1-4 consiste em duas sentenças: uma declaração direta (2.1), seguida por uma longa sentença explicativa (2.2-4), que inclui uma pergunta retórica (‘como escaparemos nós?’) com uma condição (‘se atentarmos para [ou negligenciarmos] uma tão grande salvação’, 2.3a). A expressão “Portanto” (2.1) liga este parágrafo ao esplendor e à incomparável supremacia do Filho no capítulo 1. Pelo fato de o Filho ser superior aos profetas e aos anjos, se o que Deus ‘nos falou pelo Filho’ (1.2) for negligenciado, seremos muito mais culpáveis: ‘Portanto, convém-nos atentar, com mais diligência, para as coisas que já temos ouvido, para que, em tempo algum, nos desviemos delas” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.1549)

II. UMA SALVAÇÃO NECESSÁRIA

1. Por intermédio da humanização do Redentor. Na seção vv.5-9, o autor toma o Salmo 8 como pano de fundo de seu argumento (SI 8.4-6). Nesse aspecto, ele segue a Septuaginta que usa o termo "anjo", em vez do texto massorético, que traz a palavra "Deus". Na mentalidade judaica, da qual o autor participa, o homem foi feito como coroa da criação e a ele foi confiado todo o domínio. Todavia, devido à queda, esse domínio fora perdido. Na mente do autor dessa Escritura, portanto, o Salmo 8 não pode se aplicar a Adão, nem tampouco a raça pós-queda, mas a Jesus, o Messias, que por meio da cruz, veio restaurar a humanidade caída.

O autor de Hebreus usa o salmo 8 como apoio do seu grande argumento, dizendo: “Que é o homem, que dele te lembres? Ou o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, por um pouco, menor que os anjos, de glória e de honra o coroaste. Todas as coisas sujeitaste debaixo dos seus pés. Ora, desde que lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou fora do seu domínio. Agora, porém, ainda não vemos todas as coisas a ele sujeitas” (Hb 2.6-8). Foi Jesus quem cumpriu plenamente em Sua vida a mensagem do salmo 8, usado como argumento pelo autor de Hebreus. Paulo diz: “A si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz”. Em uma boa hermenêutica, não podemos deixar fora o texto de Filipenses 2.5-11, que trata da humilhação e exaltação de Cristo.

O escritor passa agora a lembrar seus leitores de que, apesar da posição de dignidade dos anjos, não é a eles que o mundo vindouro será sujeitado. Isto, também, visa ressaltar a superioridade do Filho, conforme demonstra a citação do Salmo 8.4-6. O pensamento-chave é que Deus sujeitou, isto é, Ele tomou a iniciativa. O sujeito da sentença não está presente no grego, mas claramente é transportado do v. 4, conforme demonstra a palavra inicial Pois (gar); e deve, portanto, ser Deus. O significado de o mundo que há de vir é questão de debate. A expressão grega (hè oikoumenê hè mellousa) pode ser entendida de várias maneiras, como, por exemplo, (i) a vida do porvir, (ii) a nova ordem inaugurada por Jesus Cristo, isto é, o cumprimento da “era vindoura” tão esperada, que agora veio no reino de Deus presente, ou (iii) o fim da era atual. (GUTHRIE, Donald.Hebreus introdução e comentário – Ed Vida Nova e Mundo Cristão. Disponível em:https://teologiaediscernimento.files.wordpress.com/2014/08/hebreus-introduc3a7c3a3o-e-comentc3a1rio-donald-guthrie.pdf. Acesso em 6 jan, 2018)

2. Por meio do sofrimento do Redentor. Para um judeu do primeiro século era escandalosa a ideia de um Messias sofredor. Como então assegurar que Jesus era superior aos anjos se Ele morrera em uma cruz? O autor de Hebreus usa o versículo cinco do Salmo 8 para explicar esse aparente paradoxo. Sim, argumenta ele, Jesus de fato foi feito um "pouco" menor do que os anjos por causa da sua humanização. Os intérpretes entendem que as palavras "pouco" e "pouco tempo" (Hb 2.7,9) podem denotar posição ou tempo. Em outras palavras, Jesus se tornou "menor" que os anjos enquanto vivia os limites da condição humana e experimentou o sofrimento advindo desse estado de humilhação. Todavia, foi por meio deste mesmo sofrimento de Cristo que os homens tornaram-se livres.
O autor de Hebreus vê um cumprimento do Salmo 8 de uma maneira que os judeus nunca previram. O mesmo Salmo é citado por Jesus (Mt 21.16) e Paulo (1 Co 15.27), ambos de uma maneira que indica que seu cumprimento se acha no próprio Jesus.

Desde os tempos do apóstolo Paulo, muitos consideravam a pregação sobre a morte de Jesus uma loucura: “Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem” (1Co 1.18, 23). Não é apenas nos dias de hoje que as pessoas se recusam a aceitar que Jesus precisava morrer para salvar o mundo. A ideia de que Jesus se sacrificou para substituir o pecador é rejeitada por muitos como algo inconcebível, animalesco e desprovido de sentido. Eles argumentam, “Como poderia Deus matar o seu próprio Filho inocente pelos pecados dos outros? Como poderia isso ser aceitável diante de Deus? Que Deus é esse que se propõe a aceitar tal troca?” Daí o esforço antigo e moderno por encontrar outros modos de salvação, e outros significados para a morte de Jesus. (LIMA, Leandro. A morte do Mediador. Disponível em: http://ipsantoamaro.com.br/artigos/a-morte-do-mediador.html. Acesso em 6 jan, 2018)

O mundo descrente rejeita o sofrimento e a morte que Jesus teve que enfrentar. Mas às vistas de Deus, o curso de ação de Jesus foi mais apropriado: “Sem derramamento de sangue, não há remissão de pecados”.

3. Por intermédio da glorificação do Redentor. Na mente do autor, Cristo não sofreu para ser glorificado, mas Ele foi glorificado porque sofreu. Foi por intermédio do sofrimento que Ele foi "coroado de glória e de honra, [...] para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos" (Hb 2.9). Para os crentes que viam no sofrimento algo incompatível com o viver cristão, e que, devido a isso estavam desanimados, essas palavras serviam de ânimo e consolo.
O Autor da nossa gloriosa salvação é Jesus, coroado de honra e de glória por causa do Seu sofrimento e morte em favor do Seu povo. O resultado do sacrifício e da glorificação de Jesus é declarado assim:

“[...] para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todo homem. Posto que provar a morte é sinônimo de padecer a morte, esta declaração constitui-se em enigma para o intérprete, e muitas sugestões têm sido feitas. A questão é complicada por um texto alternativo: chòris (à parte de Deus) ao invés de chariti (pela graça de Deus), que é passível de várias interpretações.22 Aceitando “graça” como o texto melhor atestado, a ênfase no provar da morte deve cair sobre seu resultado, ou seja: “por todo homem.” É importante notar que a morte de Jesus está relacionada como homem, não somente coletivamente, como também individualmente. Embora o grego pudesse ser compreendido como sendo uma referência a “tudo,” ou “todas as coisas,” o pensamento principal na presente passagem é tão claramente pessoal que “todo homem” é o significado mais provável.” (GUTHRIE, Donald.Hebreus introdução e comentário – Ed Vida Nova e Mundo Cristão. Disponível em:https://teologiaediscernimento.files.wordpress.com/2014/08/hebreus-introduc3a7c3a3o-e-comentc3a1rio-donald-guthrie.pdf. Acesso em 6 jan, 2018)
 
SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“Jesus, superior aos anjos em sua missão redentora (Hb 2.5-18)
Esta seção dá continuidade ao pensamento iniciado em 1.5-14 a respeito da superioridade do Filho em relação aos anjos, porém sob uma perspectiva diferente. No capítulo 1 a ênfase estava na divindade da natureza do Filho; aqui o enfoque está em sua humanidade e no sofrimento como componentes necessários de sua missão redentora. Os anjos, por um lado, são servos; sua missão para o homem como ‘espíritos ministradores’ é ‘servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação’ (1.14). O Filho, por outro lado, é o Salvador; sua missão para o homem como ‘o Príncipe da salvação deles’ (2.10) é ‘salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus’ (7.25). Entretanto, como Salvador, a missão redentora do Filho envolvia tanto a humilhação como a glória.
Como o homem perfeito, Jesus se tornou o verdadeiro representante da raça humana e o cumprimento absoluto do Salmos 8. Somente Ele poderia cumprir ‘o propósito declarado do Criador quando trouxe a raça humana à existência. Mas, assim fazendo, Ele teve de se identificar plenamente com a condição humana, incluindo o sofrimento humano (cf. Hb 4.15,16; 5.6), a fim de ‘abrir o caminho da salvação para a humanidade e agir eficazmente como o Sumo Sacerdote de seu povo na presença de Deus. Isto significa que Ele não é apenas aquEle em quem se cumpre a soberania destinada à humanidade, mas também aquEle que, por causa do pecado humano, deve concretizar esta soberania por meio do sofrimento e da morte. Portanto, o Filho, que já foi apresentado como superior aos anjos, teve de ser feito ‘um pouco menor do que os anjos’ (2.7a) antes de poder ser ‘coroado de glória e de honra’ (2.7b) como Senhor sobre todas as coisas” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp. 1551,52).

III. UMA SALVAÇÃO EFICAZ

1. Vitória sobre o Diabo. Na conclusão de seu argumento o autor mostra os métodos e os resultados dessa grandiosa salvação. Para que a salvação se efetivasse o Salvador precisava sofrer e morrer pelos homens. Somente por meio da morte na cruz, o Diabo, arqui-inimigo dos homens, seria derrotado (Hb 2.14). O autor usa o verbo grego catargeo para se referir à derrota de Satanás. Esse verbo tem o sentido de "destronar" ou "tornar inoperante". Por intermédio da cruz. Cristo destronou e desarmou Satanás das armas que este possuía. Foi na cruz que Ele despojou os principados e as potestades e nos garantiu a vitória (Cl 2.15).
A derrota de Satanás e da morte testifica que a obra expiatória de Cristo foi eficaz. Mas não houve só derrota; também houve libertação. Embora o medo possa escravizar, e o medo de morrer há muito que persegue a humanidade, Cristo resolveu o problema com a Sua própria morte e ressurreição. Ele morreu como homem. Ele participou da carne e do sangue e assim morreu, mas pela Sua morte veio o livramento. Portanto, o poder de Satanás foi tornado inoperante (katargeo), e Cristo fez uma expiação pelo pecado inteiramente satisfatória diante de Deus (Is 53.11). Que grande vitória é a dEle! E que grande vitória todos os crentes têm nEle! Satanás e a morte estão derrotados e o temor da morte desapareceu! O homem que é livre em Cristo é na realidade o mais livre de todos os homens. Hebreus (Comentário Bíblico Moody. Disponível em:http://www.ibanac.com/wp-content/uploads/2016/01/58Hebreus.pdf. Acesso em 6 jan, 2018).

2. Vitória sobre a morte. Com a entrada do pecado no mundo a morte passou a ser um inimigo temido. Essa arma poderosa era usada por Satanás para manter os homens debaixo do jugo do medo (Hb 2.15). Todavia, ao morrer na cruz por todos os homens, Jesus venceu a morte. Os homens continuam a morrer, mas os que o recebem como Salvador tem a vida eterna, pois a morte não tem mais domínio sobre eles.
A mais fantástica de todas as afirmações cristãs é que Jesus Cristo ressuscitou dentre os mortos. Ela força a nossa credulidade ao limite. Os seres humanos têm tentado da maneira mais ingênua possível desafiar e negar a morte. Contudo, somente Cristo afirmou tê-la conquistado, ou seja, tê-la derrotado em sua própria experiência e destruído seu poder sobre os outros. Em nossos dias, ao menos no Ocidente, ninguém exemplifica a angústia generalizada, e particularmente o medo da morte, de maneira mais tragicômica que o cineasta Woody Allen. Ele considera a morte e a decomposição com terror. Ela se tornou uma obsessão para ele. Na verdade ele ainda consegue fazer piada sobre o assunto. “Não que eu tenha medo de morrer, só não quero estar lá quando acontecer” — graceja. Ele chama a morte de algo “absolutamente assombroso”. Jesus Cristo, porém, resgata seus discípulos desse horror. Consideremos uma de suas grandes declarações que se iniciam com a expressão “Eu sou”: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente” (Jo 11.25-26). Esses versículos contêm uma dupla promessa de Jesus a seus seguidores. Quem crê e vive nunca morrerá, porque Cristo é a sua vida, e a morte lhe parecerá apenas um episódio trivial. Quem crê e morre, no entanto, viverá outra vez, porque Cristo é a sua ressurreição. Assim, Cristo é tanto a vida para aqueles que vivem como a ressurreição para aqueles que morrem. Ele transforma tanto a vida como a morte. Conta-se que Henry Venn, evangélico anglicano do século 18, quando foi informado de que estava morrendo, ficou tão alegre que sua alegria o manteve vivo por duas semanas! Tal atitude destemida e alegre diante da morte só é possível por causa da ressurreição de Jesus e de sua vitória sobre a morte. (STOTT, John. A Bíblia Toda, O Ano Todo. Editora Ultimato, 2007. Disponível em:http://ultimato.com.br/sites/john-stott/2013/03/27/a-vitoria-sobre-a-morte/. Acesso em 6 jan, 2018).

3. Vitória sobre a tentação. Pela primeira vez na epístola o autor usa a denominação "sumo sacerdote" em relação a Jesus (Hb 2.17). O tema do sacerdócio de Cristo será explorado pelo autor com maior profundidade em passagens posteriores (Hb 3.1; 4.14-16; 5.1-10; 6.20; 7.14-19,26-28; 8.1-6; 9.11-28; 10.1-39). Todavia, aqui o seu uso é justificado no contexto da identificação de Jesus com seus "irmãos", os salvos. Esse sumo sacerdote é misericordioso e fiel. Por ter assumido a natureza humana, e se identificado com os homens nos seus limites, Ele sabe o que é ser tentado e por essa razão está pronto a ajudá-los.
Aqui está a primeira menção do assunto que ocupa o lugar central no argumento da epístola – o ministério de Cristo como sumo sacerdote. Nesse ofício a humanidade de Jesus está novamente à vista, mas aqui só se deu uma pista quanto ao significado completo de Cristo como sumo sacerdote. Por enquanto Ele ministra e socorre os homens tomando-os pela mão. Isto Ele pode fazer como o Irmão mais velho e como o capitão de sua salvação. Duas palavras indicam a qualidade auxiliadora da função do sumo sacerdócio. São misericordioso (eleemon) e fiel (pistos). Para com os homens Cristo é misericordioso e para com Deus Ele é fiel. Na verdade, a misericórdia e a verdade encontraram-se nEle. Sua fidelidade percebe-se em Sua firmeza na tentação, a qual foi parte do Seu sofrimento. Agora Ele é capaz de vir ajudar todos os que são tentados porque Ele passou pelos mesmos testes e emergiu vitorioso, e como Homem Ele conhece nossas necessidades. Propiciação pelos nossos pecados. (Hebreus (Comentário Bíblico Moody). Disponível em:http://www.ibanac.com/wp-content/uploads/2016/01/58Hebreus.pdf. Acesso em 6 jan, 2018)

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“[...] Pela graça de Deus, Jesus provou a morte por todos os homens (Hb 2.9). Três verdades importantes estão sucintamente incorporadas aqui:
1. A morte de Jesus na cruz, para realizar a salvação, foi um ato da graça de Deus.
2. Sua morte foi em favor de (byper) cada pecador; um claro ensino de Hebreus é que sua morte foi uma expiação substitutiva pelo nosso pecado (cf. 5.1; 7.27).
Sua morte não foi uma ‘expiação limitada’ — isto é, para algumas pessoas seletas, como alguns reivindicam — mas Ele provou temporariamente a morte por todos os homens. Sua morte é de proveito para todo aquele que por fé se submete a Ele como Senhor e Cristo.
Para os judeus daqueles dias, ‘a ideia de um Messias em sofrimento era detestável e a reivindicação cristã de que isto convinha, deveria ser vista contra este panorama. Qualquer que seja a razão para a cruz, não há dúvida alguma de que tais fatos revelam a natureza de Deus. É neste sentido que ‘convinha’ que as coisas ocorressem como de fato ocorreram” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 1553).

CONCLUSÃO

Por meio da sua humanização e humilhação Jesus se tornou o legítimo Sumo Sacerdote representante da humanidade. Os anjos de fato são seres especiais a serviço de Deus, entretanto, Jesus não veio socorrê-los, mas buscar a descendência de Abraão, os crentes. Por intermédio de seu sofrimento e morte. Ele pode dar vida aos que estão mortos.
O autor de Hebreus declara que Jesus também é um sumo sacerdote (Hb 2.17; 3.1; 4.14). O profeta Zacarias predisse que Jesus seria um sacerdote em seu trono, isto é, Jesus seria tanto sacerdote quanto rei ao mesmo tempo (Zc 6.12-13). Jesus nasceu judeu, descendente de Davi e, assim, da linhagem da tribo de Judá. Contudo, Deus escolheu os descendentes de Levi para serem sacerdotes. Assim Jesus, vivendo sob a Lei de Moisés, poderia ser rei porque era da tribo real (Judá) e ainda mais da de Davi (veja 2Sm 7.12-16; At 2.29-31). Mas Jesus não poderia ser um sacerdote segundo a Lei de Moisés porque não era da tribo certa. O escritor de Hebreus afirma que Jesus era sumo sacerdote segundo uma ordem diferente, não segundo a ordem de Arão (ou da tribo de Levi), mas segundo a ordem de Melquisedeque (5:6,10; 6:20). [...] O autor de Hebreus também observa a consequência inevitável do sacerdócio de Jesus Cristo. Se o sacerdócio for mudado da ordem de Arão para a de Melquisedeque, necessariamente a lei associada com o sacerdócio levítico tem que ser mudada. "Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há também mudança de lei" (7:12). A Lei de Moisés, associada com o sacerdócio levítico, foi anulada quando o sacerdócio foi mudado (7:18-19). A obra sacerdotal de Jesus é explicada pelo escritor de Hebreus em termos de atos do sumo sacerdote levita no Dia da Expiação. Exatamente como o sumo sacerdote levita entrava no Santo dos Santos do tabernáculo, isto é, na presença de Deus, com sangue para fazer a expiação pelos pecados, assim Jesus entrou no Santo dos Santos com sangue (9:11-12). Mais ainda, Jesus não ofereceu seu sangue num tabernáculo físico, feito por mãos humanas. Ele ofereceu seu sangue na presença de Deus, no céu. (DVORAK. Allen, Jesus: Perfeito Sumo sacerdote. Disponível em: https://www.estudosdabiblia.net/d48.htm. Acesso em 6 jan, 2018)
“... corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus ...” (Hebreus 12.1-2),

Francisco Barbosa

Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário