quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

LIÇÃO 1: CARTA AOS HEBREUS E A EXCELÊNCIA DE CRISTO

 
SUBSÍDIO I

A Carta aos Hebreus e a excelência de Cristo

O tema deste 1º trimestre é sobre uma importante epístola, Hebreus, por isso, leve em conta algumas sugestões abaixo:
• Estude com afinco a Carta aos Hebreus, lendo quantas vezes puder, e for necessário, os 13 capítulos da carta;
• Faça uma análise histórico-cultural da carta. Para essa atividade, leia a introdução da Bíblia de Estudo Pentecostal (editada pela CPAD) da Carta aos Hebreus e a introdução do Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento (editado pela CPAD). Por meio desse exercício é possível complementar mais informações importantes como: o propósito do autor, o contexto histórico dos destinatários da epístola.
• Faça uma análise teológica da carta. Aqui o assunto “Lei e Evangelho” tem grande relevância. Nesse aspecto, as obras mencionadas acima, bem como outras editadas pela CPAD, muito o ajudarão.
Ao iniciar seus estudos, tenha sempre em mente os objetivos gerais da lição, por exemplo, os da primeira lição: (I) Objetivo Geral: Apresentar as características da Carta aos Hebreus e a superioridade de Cristo; (II) Objetivos específicos: [1] Pontuar a autoria, o destinatário e o propósito da Carta de Hebreus; [2] Expor a superioridade de Cristo em relação aos profetas; [3] Mostrar a superioridade de Cristo em relação aos anjos.
Note como os objetivos específicos obedecem rigorosamente cada Tópico e subtópico da lição. E que o objetivo geral é o resultado do desdobramento de todos esses tópicos e subtópicos: ou seja, as características da carta e superioridade de Cristo. É importante ter toda essa estrutura da lição bem construída e compreendida na mente, pois esse entendimento é essencial para elaborar uma aula objetiva e com conteúdo.

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Nesta lição introdutória do nosso estudo da Carta aos Hebreus, queremos iniciar dizendo que assim como todos os escritos da Bíblia, esta carta é um documento especial. Em nenhum outro documento do Novo Testamento encontramos um apelo exortativo tão forte. Isso possuía uma razão de ser — os crentes hebreus davam sinais de enfraquecimento espiritual e até mesmo o risco de abandonarem a fé! Era, portanto, urgente admoestá-los a perseverarem. Jesus, a quem o autor mostra ser maior do que os profetas, maior do que todas as hostes angélicas, maior do que Arão, Moisés, Josué e até mesmo os céus, é nosso grande ajudador nessa jornada. [Comentário: O falecido Dr. Walter Martin, fundador do Instituto de Investigação Cristã e autor do best-seller Kingdom of the Cults (Reino das Seitas), disse em sua sarcástica e habitual forma de falar que o livro de hebreus foi escrito por um hebreu para outros hebreus para dizer-lhes que deixassem de agir como hebreus. Na verdade, muitos dos primeiros crentes judeus estavam caindo de volta aos rituais do judaísmo a fim de escaparem da crescente perseguição. Esta carta, então, é uma exortação para esses crentes perseguidos a continuarem na graça de Jesus Cristo(1). A Carta aos Hebreus é apropriadamente chamada de ‘o quinto evangelho’, isso por que se nos evangelho temos o que Cristo fez, em Hebreus encontramos o que Ele continua fazendo – o ministério de Cristo pós ascensão, à destra de Deus como nosso intercessor. Seu tema é a superioridade de Cristo. Hebreus 10.34 nos dá o contexto do enfraquecimento daqueles crentes – perseguição e saque de seus bens. No capítulo 12.4 a perseguição ia ainda mais além: o martírio por causa de sua fé! O Comentário Bíblico Moody traz ainda: “Os judeus cristãos, de simples congregações ou em grupos maiores, geograficamente mais espalhados, estavam em perigo de apostatar de Cristo, retomando a Moisés. Esta condição de apostasia era um perigo imediato (2:1), com base na incredulidade (3:12). A conduta insinuava uma possível apostasia (5:13, 14). A negligência dos cultos públicos (10:25), a fraqueza na oração (12:12), uma certa instabilidade doutrinária (13:9), a recusa em ensinar os outros, que é dever do crente maturo, (5:12), e a negligência das Escrituras (2:1) eram outros sintomas de fraqueza espiritual. O perigo estava em que aqueles que eram "santos irmãos, participantes da vocação celestial" (3:1) pudessem "cair" (6:6).”(2)    1. Got Questions.org. Livro de Hebreus. Disponível em:https://www.gotquestions.org/Portugues/Livro-de-Hebreus.html. Acesso em 20 dez, 2017
2. Hebreus (Comentário Bíblico Moody). Disponível em: http://www.ibanac.com/wp-content/uploads/2016/01/58Hebreus.pdf. Acesso em 20 dez, 2017

I. AUTORIA, DESTINATÁRIO E PROPÓSITO
                                
1. Autoria. A Carta aos Hebreus não revela o nome do seu autor. Esse fato fez com que surgissem inúmeras controvérsias em torno de sua autoria. É certo que os cristãos primitivos sabiam quem realmente a escreveu; todavia, já por volta do segundo século da nossa era não havia mais consenso quanto a isso. Clemente de Alexandria, no final do segundo século, atribuiu ao apóstolo Paulo a sua autoria, contudo, ao afirmar que Paulo a escreveu em hebraico e que Lucas a teria traduzido para o grego, passou a ser duramente questionado. As razões são basicamente duas: O texto de Hebreus, um dos mais rebuscados do Novo Testamento grego, não parece ser uma tradução. Por outro lado, o estilo usado na carta não parece ser de forma alguma de Paulo. Outros nomes surgiram como possíveis autores de Hebreus: Barnabé, Apolo, Lucas, Clemente Romano, etc. O certo é que somente Deus sabe quem é o seu autor. Por outro lado, o fato de ter sua autoria desconhecida em nada diminui a sua autoridade. [Comentário. Ela não é igual a nenhuma outra epístola do Novo Testamento, e apresenta problemas que são peculiares em si mesmos. Na forma de construção, no estilo, na argumentação e em relação aos outros livros da Bíblia, Hebreus se destaca. Quanto à data de composição, não pode aceitar-se uma época muito tardia, pois Clemente de Roma cita-a por volta do ano 95. Por outro lado, a relativa afinidade entre a sua teologia e a das Cartas do cativeiro, aponta para uma data próxima do martírio de Paulo, situado pelo ano 67. Uma vez que o autor se refere à liturgia do templo de Jerusalém como uma realidade ainda atual, tudo parece convergir para que os últimos anos antes da destruição de Jerusalém e do Templo, ocorrida no ano 70, sejam a data mais provável da sua composição. Não há uma resposta segura quanto ao seu autor. Além do que já está exposto pelo comentarista, recomendo a leitura deste artigo.]
2. Destinatários. Não há dúvida de que a Carta aos Hebreus foi escrita para cristãos judeus. Deve ser observado que essa carta foi endereçada a uma comunidade específica de cristãos e não a um grupo indeterminado. O autor conhece o público a quem endereça o seu texto e espera até mesmo encontrar-se com eles (Hb 13.19,23). Onde viviam esses crentes é um ponto debatido pelos teólogos. Baseados na expressão “os da Itália vos saúdam” (Hb 13.24), muitos eruditos argumentam que esses crentes se encontravam fora de Roma, capital do Império Romano. A data da carta é motivo de disputa, mas as evidências internas permitem-nos situá-la antes da destruição do Templo de Jerusalém no ano 70 d.C. [Comentário.Ainda o Comentário Bíblico Moody: “Quanto ao destino, três teorias principais têm prevalecido, cada uma delas apontando para uma cidade grande, do mundo romano e mediterrâneo. Alguns acrescentam uma quarta opinião, que na realidade é uma modificação de uma das teorias principais.
1) Os judeus cristãos em Jerusalém e à volta dela, foram os destinatários da carta.
2) Ela foi enviada aos cristãos judeus que moravam em Alexandria. Esta opinião costuma ser defendida por aqueles que apoiam o argumento de um forte sabor alexandrino na carta aos hebreus.
3) Era destinada a uma congregação de cristãos judeus que se reuniam na cidade de Roma, os quais estavam enfrentando uma severa provação e perseguição. A teoria da "igreja em Roma" tende também a defender a teoria da "congregação única", onde os destinatários originais da carta seriam membros de uma "pequena congregação" ou uma "igreja reunida na casa de alguém" em Roma.
4) Uma modificação da terceira. A congregação destinatária de Hebreus era pequena, mas poderia estar em qualquer parte do Império Romano, e não necessariamente em Roma. [...] Uma coisa está clara. Aqueles a quem a epístola foi escrita eram hebreus por identidade nacional e cristãos por profissão de fé.”(3)3. IBDEM 2
3. Propósito. De fato, essa carta possui uma grande carga exortativa. Ela exorta os crentes a terem ânimo, confiança e fé em um tempo marcado pela apostasia. Muitos pareciam estar desanimados com a oposição que a nova fé vinha sofrendo e em razão disso estavam voltando às antigas práticas judaicas. A carta, portanto, exorta esses crentes a suportarem as pressões e perseguições, lembrando-os que não haviam ainda derramado sangue pela sua fé (Hb 12.4). Essas palavras continuam ecoando nesses dias quando muitos crentes demonstram apatia e falta de fervor espiritual diante de um mundo hostil. [Comentário O livro de Hebreus trata de três grupos distintos: seguidores de Cristo, incrédulos que tinham conhecimento e uma aceitação intelectual dos fatos de Cristo, e incrédulos que tinham sido atraídos a Cristo mas que acabaram rejeitando-o. É importante entender a qual grupo cada passagem está se dirigindo, pois deixar de fazer isso pode levar-nos a tirar conclusões inconsistentes com o restante das Escrituras. O escritor de Hebreus menciona continuamente a superioridade de Cristo, tanto de Sua pessoa como do Seu trabalho ministerial. Nos escritos do Antigo Testamento, entendemos que os rituais e cerimônias do judaísmo simbolicamente apontavam para a vinda do Messias. Em outras palavras, os ritos do judaísmo eram sombras das coisas futuras. Hebreus nos diz que Jesus Cristo é melhor do que aquilo que qualquer mera religião tem a oferecer. Toda a pompa e circunstância da religião empalidecem em comparação com a pessoa, trabalho e ministério de Jesus Cristo. É a superioridade do nosso Senhor Jesus, então, que continua a ser o tema desta eloquente carta(4). Note o seguinte, a apostasia que marcava aqueles dias não se compara em nada ao que encontramos hoje, uma apostasia marcada pelo secularismo e hedonismo. Aquela apostasia era fruto da extrema perseguição à fé cristã! Note ainda, esta explicação encontrada no Comentário Bíblico Moody: “A linha do raciocínio desenvolvida pelos leitores-ouvintes era atraente. Se seguir a Cristo produzia perseguição, e o antigo carrinho da prática judia não, por que não retomar ao Judaísmo, reter uma religião e ao mesmo tempo ficar livre da perseguição? Opção atraente, é verdade. A resposta a tudo isto foi apresentada na Epístola aos Hebreus, conforme a superioridade de Cristo foi comprovada, passo a passo, contra as reivindicações do Judaísmo.(5).4. IBDEM 1  4. IBDEM 2

SUBSÍDIO DIDÁTICO
                               
Professor(a), para introduzir o primeiro tópico desta lição, se possível, reproduza o quadro-resumo que se encontra abaixo. O objetivo é pontuar as questões de autoria, destinatário e propósito da carta em estudo.

AUTORIA
Desconhecida.
DESTINATÁRIO
Cristãos judeus, provavelmente.
PROPÓSITO
Exortar os cristãos a terem ânimo e fé em tempos da apostasia.

II. CRISTO – A PALAVRA SUPERIOR A DOS PROFETAS

1. A revelação profética e a Antiga Aliança. Ao falar da supremacia de Jesus, o autor de Hebreus primeiramente o faz em relação aos profetas. Deus falou no passado pelos profetas e no presente pelo Filho (Hb 1.1). A revelação profética no antigo Israel fez com que esse povo se distinguisse dos demais. O autor mostra um Deus que se revela, que se comunica com os seus. Ele fala de uma forma direta a seu povo, não é um Deus mudo! Os advérbios gregos polymerôs (“muitas vezes”) e polytropos (“muitas maneiras”), que modificam o verbo falar, mostram a intensidade dessa comunicação. Deus, em nenhum momento da história, deixou o seu povo sem orientação. Ele fala, e fala sempre o que é necessário. [Comentário. Talvez nenhum outro lugar do Novo Testamento esclareça o Antigo Testamento como faz o livro de Hebreus, o qual tem como seu fundamento o sacerdócio levítico. O escritor aos hebreus compara constantemente as insuficiências do sistema sacrificial do Antigo Testamento com a perfeição e realização em Cristo. Enquanto o Antigo Testamento exigia sacrifícios contínuos e uma expiação pelo pecado uma vez por ano, os quais eram oferecidos por um sacerdote humano, a Nova Aliança proporciona um sacrifício final através de Cristo (Hebreus 10:10) e acesso direto ao trono de Deus para todos os que estão nEle (5). A pergunta implícita que está sendo respondida é: Quem foi o último e o mais autorizado porta-voz de Deus?
1. Muitas vezes (polymeros), ou passo a passo, fragmentariamente, e de muitas maneiras (polytropos), de muitos e variados modos, Deus (Jeová) falou no tempo do V.T, através dos profetas, muitos dos quais contaram em seus escritos por meio de qual método ele se comunicou com eles, Prophetais é uma palavra de significado amplo que inclui todos aqueles que Deus usou nos dias do V.T.
2. Nestes últimos dias. No fim destes dias é a tradução literal de uma expressão hebraica comum encontrada em Nm. 24:14, possuindo tonalidades messiânias. Deus falou conosco através de Um que tem com Ele o relacionamento de um filho e completa autoridade como porta-voz. Neste relacionamento, Cristo é especial e assim está descrito aqui no sentido clássico, sob compromisso divino porque é um Filho. Ele é ambos, herdeiro e agente da criação. O universo. O grego aiones, "eternidade", incluindo o mundo espacial. (cons. 11:3)(5).4. IBDEM 1   5. IBDEM 2
2. A revelação profética e a Nova Aliança. Aos cristãos da Nova Aliança, Deus falou por intermédio do seu Filho (Hb l.l). O uso das expressões “havendo falado” ou “depois de ter falado” (Hb 1.1,2) por parte do autor mostra que essa ação de Deus foi um fato consumado. Isso tem levado alguns intérpretes a dizer que a partir daquele momento. Deus não falaria mais diretamente com ninguém. Mas isso é ir além daquilo que o autor tencionava dizer. O uso dessa expressão é mais bem entendida como significando que Deus falou de forma completa nos dias do autor, todavia, sem a conotação temporal de que não falaria mais no futuro. O Espírito profético, que é o Espírito de Cristo (1 Pe 1.11; Rm 8.9,10), continua dando à Igreja hoje a percepção do plano e vontade de Deus para o seu povo (Jo 14.26; 15.26; 16.13). E isso sempre em consonância com as Escrituras. [Comentário. O prólogo introduz as duas épocas na história, quando Deus falava com seu povo em termos de “outrora” (v. 1) e nestes “últimos dias” (v. 2). A vinda de Cristo estabeleceu a nossa época como os prometidos “últimos dias” da salvação que os profetas previram (Jr 23.30; Os 3.5; Mq 4.1; cf 1Co 10.11)(6). O Filho falou (Hebreus 1.1 – 2.4) A mensagem merece maior atenção porque o mensageiro é superior. O argumento introduzido no primeiro capítulo e defendido de várias maneiras no resto do livro depende da primazia de Jesus Cristo. Uma vez provado que Jesus é maior do que qualquer outro mensageiro, a revelação que ele trouxe tomará seu devido lugar acima de todas as outras. Os primeiros capítulos de Hebreus mostram que Jesus é superior aos mensageiros do Velho Testamento – sejam anjos ou homens(7). Há quem negue a atualidade profética como cremos, nós pentecostais, e usam como apoio este texto. De fato, a revelação bíblica está completa, nada mais pode ser acrescido às Escrituras. Contudo, Deus ainda usa os seus servos com profecias a fim de exortar e orientar a sua Igreja militante, e a régua para aferirmos a veracidade dessas profecias são as Escrituras. A Bíblia não diz em lugar algum que o dom de profecia era temporário. Os verdadeiros profetas de hoje não acrescentam doutrinas novas à igreja. Além do que, Paulo em 1 Coríntios 14 exorta os crentes a buscar o dom de profecia para ajudar a igreja.] 6. Bíblia de Estudo de genebra; SBB e Editora Cultura Cristã. Nota Hebreus 1.1-4. Pág. 1463  7. O livro de Hebreus (2). Disponível em: https://www.estudosdabiblia.net/2005119.htm. Acesso em: 20 dez, 2017
3. Cristo: a revelação final. O objetivo do autor aqui, evidentemente, é mostrar que Cristo é o clímax da revelação profética. Ele é a revelação final! O ministério profético na Antiga Aliança era de importância ímpar. O Senhor disse que falaria por intermédio de seus profetas: “Certamente o Senhor Jeová não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas” (Am 3.7). O silêncio profético, portanto, era a pior forma de castigo que poderia vir ao antigo Israel. Os profetas eram importantes, mas a relevância deles estava muito longe daquela possuída por Jesus Cristo, o Filho de Deus. Os profetas eram apenas servos, mas o Filho era o herdeiro de Deus e o agente da Criação (Hb 1.2). Ele é o redentor do mundo! Nenhum profeta morreu de forma vicária pelo povo de Deus. [Comentário.Para quem já teve a oportunidade de visitar Israel e os pontos sagrados daquela terra, pôde constatar a intensa religiosidade daquele povo; cegamente – como diz Paulo: “Pois até o dia de hoje, à leitura do velho pacto, permanece o mesmo véu, não lhes sendo revelado que em Cristo é ele abolido; sim, até o dia de hoje, sempre que Moisés é lido, um véu está posto sobre o coração deles. Contudo convertendo-se um deles ao Senhor, é-lhe tirado o véu” (2 Co 14.16) – lêem as Escrituras constantemente, batem a testa no muro das lamentações, pedem a vinda do Messias, e não entendem que o Messias já veio! Isso nos mostra que somente com a ajuda do Espírito Santo removendo o véu, podemos enxergar a verdade! O véu nos foi tirado pelo Espírito, e, por isso, exultamos com alegria santa! A idéia de contraste no pensamento de tão superior (kreiton, "superior", "tornando-se superior") foi usada treze vezes. Os anjos eram importantes na transmissão da mensagem divina aos homens. Desde a doação da Lei no Sinai até a assistência angélica concedida a Daniel e os últimos profetas, estes mensageiros de Deus serviram a Deus, mas como seus subordinados. Cristo é superior aos anjos em Sua pessoa, nome, função, poder e dignidade. Quanto ao Seu nome, só Ele pode salvar os perdidos (Atos 4:12), e é o nome acima de todo nome (Fp 2.10). Através do Seu nome, Sua reputação ficou estabelecida, pois é um nome poderoso.]

SUBSÍDIO LEXICOGRÁFICO

REVELAÇÃO – [Do gr. apokalupsis; do lat. revelatio, tirar o véu] Manifestação sobrenatural de uma verdade que se achava oculta. Tendo em vista o caráter e a urgência das profecias do último livro da Bíblia, Apocalipse é considerado a revelação por excelência (Ap 1.1-3).
REVELAÇÃO BÍBLICA – Conhecimento divino preservado nas Sagradas Escrituras, e posto à disposição da humanidade. Consta do Antigo e do Novo Testamento. É a nossa única regra de fé e prática.
REVELAÇÃO PROGRESSIVA – Evolução progressiva e dispensacional das verdades divinas que, tendo a sua gênese no Antigo Testamento, culminaram e se completaram no Novo. O texto-áureo da revelação progressiva acha-se em Hebreus 1.1,2” (ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, pp.255,56).


III. CRISTO – SUPERIOR AOS ANJOS

1. Cristo: superior em natureza e essência. Devemos ter sempre em mente que o autor de Hebreus tenciona mostrar a superioridade de Cristo em relação às demais ordens da criação. O seu foco aqui são os anjos. A cultura judaica via os anjos como seres de uma ordem superior e mediadores da revelação divina (At 7.53; Gl 3.19; Hb 2.2). Mesmo cercados de força e poder, os anjos eram inferiores ao Filho (Hb 1.4). Jesus é o reflexo da glória de Deus e possuidor da mesma essência divina (Hb 1.3). O autor usa dois vocábulos gregos que deixam isso bem definido: apaugasmae character, que significam respectivamente “radiância” e “reflexo”, traduzidos aqui como resplendor e “caráter”, com o sentido de expressão exata do seu ser. Embora sendo pessoas diferentes, tanto o Filho como o Pai possuem a mesma essência. Cristo é o Deus revelado! [Comentário. O livro de Hebreus argumenta que Cristo é superior em todas as coisas. Cristo como o nosso Grande Sumo Sacerdote é superior ao sacerdote que oficiava no sistema levítico. A aliança de Cristo é superior à Velha Aliança dada aos judeus no Sinai. Cristo é maior que Moisés e Arão. Estes argumentos têm o propósito de levar à conclusão de que a salvação que Cristo fornece (já que é predicado no seu próprio precioso sangue e não no de bois e bodes) é certamente grande (Hebreus 2:1-4). Se ignorarmos ou “negligenciarmos” esta grande salvação, seria para a nossa própria ruína espiritual. Cristo também é superior aos anjos, que é o tema de Hebreus 1:4-14. Os anjos são destacados no Velho Testamento. Geralmente pensamos em anjos como mensageiros de Deus; serviam para este propósito (Gênesis 19:1-22). Daniel fala de Miguel (Daniel 12:1-2). Os anjos têm um papel de destaque em muitas religiões do Oriente. Os pergaminhos do Mar Morto sugerem que os antigos especularam a respeito do papel dos anjos no serviço de Deus. Nos tempos do Novo Testamento, o louvor dos anjos evidentemente se tornou um problema, provavelmente em parte pelo gnosticismo (Colossenses 2:18). Os anjos têm (e tiveram) a ver com o ensinamento de Paulo em 1 Coríntios 11. Hoje, o movimento da Nova Era novamente deixou populares os anjos; são o foco de muitos livros e alguns filmes. Que lugar que os anjos ocupam em Hebreus? Primeiro, Cristo é melhor que os anjos: "quanto herdou mais excelente nome do que eles" (1:4). A exaltação pela mão direita do Pai marca Cristo como maior que os anjos. Além disso, o seu nome é maior. Neste contexto, isso parece se referir, como cita o versículo, ao fato de Cristo ser identificado como o Filho (confere Filipenses 2:9-11, onde se usa Senhor). Enquanto esteve na terra Jesus era claramente o Filho (Hebreus 5:9), mas nesta posição exaltada de honra, Jesus é mostrado muito acima dos anjos; ele é classificado ou renomado acima dos anjos. O Pai jamais falou aos anjos: “Tu és meu Filho, eu hoje te gerei” (1:5). Esta é uma citação de Salmo 2:7, que fala do triunfo do Rei sobre seus inimigos. Paulo, em Atos 13:33, aplica a passagem de Salmos à ressurreição de Cristo dentre os mortos. Não só o nome de Cristo é acima do dos anjos, como também é a sua própria essência. A sua divindade foi demonstrada na sua ressurreição da sepultura (confira Romanos 1:4). Nenhum anjo poderia alegar isso. Segundo, alguma vez o Pai disse a respeito de um anjo: “Eu lhe serei Pai, e ele me será Filho”? Não, mas ele disse isso sobre Cristo (1:5). Esta citação do Velho Testamento é de 2 Samuel 7:14. O rei Davi pediu permissão para construir uma casa apropriada para Jeová. Depois de negar a Davi, o Senhor disse que um dos descendentes de Davi se levantaria e que o seu reino seria estabelecido para sempre. Sim, o filho de Davi, Salomão, mais tarde construiria o templo em Jerusalém; Deus lhe seria pai. Mas o cumprimento final não poderia ser separado de Cristo, o Filho, que senta no trono de Davi (confira Atos 2:29-36). Poderiam os anjos fazer tal alegação de superioridade? Não, porém Cristo alega. Ele é digno? Devemos ouvi-lo? Os receptores originais do livro de Hebreus precisavam ser lembrados da superioridade de Cristo. Nós precisamos ser relembrados da mesma forma hoje também.(8)]
8. Randy Harshbarger. A superioridade de Cristo. Disponível em:https://www.estudosdabiblia.net/2002318.htm. Acesso em: 20 dez, 2017

2. Cristo: superior em majestade e deidade. O autor passa então a mostrar a supremacia de Cristo em relação aos anjos por meio de vários fatos documentados nas Escrituras. Os anjos são criaturas, o Filho é Criador. O filho é gerado, não criado. C. S. Lewis observa que o que Deus gera é Deus; assim como o que o homem gera é homem. O que Deus cria não é Deus; da mesma forma que o que o homem faz não é homem. Daí a razão de os homens não serem filhos de Deus no mesmo sentido que Cristo. Eles podem assemelhar-se a Deus em certos aspectos, mas não pertencem à mesma espécie. O mesmo se pode dizer dos anjos. Eles não possuem a mesma essência divina que o Filho. É por essa razão que o autor destaca que o Filho é chamado de “Deus” (v.8) e que por isso merece adoração (v.6). A Ele toda honra e glória! [Comentário. Na Antiga Aliança, os anjos eram muito considerados. Na epístola aos Hebreus, o escritor ressalta, de modo enfático, a superioridade de Cristo em relação aos seres angelicais e, ao mesmo tempo, afirma que Ele, ao se encarnar, fez-se “um pouco menor que os anjos” (Hb 2.9). Os anjos tiveram papel muito importante entre o povo de Deus no Antigo Testamento. (Ver Gn 19.1,15; 28.12; Êx 3.2; 23.20; Sl 103.20). No Novo, não foi diferente. Um anjo apareceu a José, revelando o nascimento sobrenatural de Jesus (Mt 1.20); um anjo removeu a pedra do sepulcro de Jesus, após sua ressurreição (Mt 28.2). Hoje, há uma verdadeira idolatria em torno desses seres celestiais. A Bíblia adverte: “Ninguém vos domine a seu bel-prazer, com pretexto de humildade e culto dos anjos” (Cl 2.18). Outras referências demonstram claramente a ação dos anjos, não só em favor de Israel, mas de todos os servos de Deus, em todo o mundo (cf. Sl 34.7). O texto bíblico nos revela alguns aspectos relativos à natureza dos anjos. No v. 7, lemos que Deus “de seus anjos faz ventos, e de seus ministros labaredas de fogo”. É uma citação de Salmos 104.4. Eles são ministros usados por Deus segundo a sua vontade, submissos a cada convocação sua, portanto, ficam muito aquém da natureza e das funções do Filho de Deus. Por maiores que sejam os anjos, em comparação com Cristo são apenas bafos de ventos e fagulhas de fogo. Eles são criaturas. Jesus é Criador, inclusive dos anjos (ver Jo 1.3). No v. 14, os anjos são chamados “espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação”. No v.5, o escritor indaga: “a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho?”. Estas perguntas trazem em seu bojo a afirmativa de que Cristo é superior aos anjos, por ter sido gerado pelo Pai. Ver também Rm 1.4. O escritor sacro reporta-se a Salmos 7.2, que diz: “Recitarei o decreto: O SENHOR me disse: Tu és meu Filho; eu hoje te gerei”. Essa questão é realmente difícil de entender. Sendo Deus, em que sentido Jesus poderia ser gerado? A resposta está no grandioso milagre e ministério da sua encarnação, incompreensível à mente humana, que só entende um pouco das coisas terrenas. O escritor Lucas, no Livro de Atos, declara: “E nós vos anunciamos que a promessa que foi feita aos pais, Deus a cumpriu a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus, como também está escrito no Salmo segundo: Meu filho és tu; hoje te gerei” (At 13.32-33). Sem ter deixado jamais de ser Deus, Jesus foi apresentado ao mundo publicamente, como Filho de Deus, na ressurreição. Veja o que Paulo diz: “Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos – Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 1.4). De fato, se Jesus tivesse feito milagres, mas não houvesse ressuscitado, ninguém poderia crer que fosse o divino Filho de Deus (Ver Mt 3.17; 17.5; Rm 1.4). Seria como Buda, Maomé, Chrisna, etc. No v. 8, lemos: “Mas do Filho diz: ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de equidade é o cetro do teu reino”. Aqui o Filho é chamado Deus, como de fato Ele o é, além de ser também Rei, cujo cetro (símbolo da autoridade real) é de retidão. Os anjos não têm poder de reino ou soberania. Nos vv. 9-12, vemos que Jesus é apresentado como o Ungido, o Messias, e, ao mesmo tempo, como Aquele de quem a terra e “os céus são obra” de suas mãos. O v. 13 prossegue exaltando a superioridade de Cristo como o vencedor, pondo seus inimigos debaixo de seus pés(9).] 9. Pastor Elias Ribas. CRISTO, SUPERIOR AOS ANJOS. Disponível em:https://pastoreliasribas.blogspot.com.br/2013/11/cristo-superior-aos-anjos.html. Acesso em 20 dez, 2017.

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

ANJOS. A palavra ‘anjo’ (hb. Malak; gr. angelos) significa ‘mensageiro’. Os anjos são mensageiros ou servidores celestiais de Deus (Hb 1.13.14), criados por Deus antes de existir a terra (Jó 38.4-7; Sl 148.2,5; Cl 1.16).
(1) A Bíblia fala em anjos bons e em anjos maus, embora ressalte que todos os anjos foram originalmente criados bons e santos (Gn 1.31). Tendo livre-arbítrio, numerosos anjos participaram da rebelião de Satanás (Ez 28.12-17; 2 Pe 2.4; Jd 6; Ap 12.9; Mt 4.10) e abandonaram o seu estado original de graça como servos de Deus, e assim perderam o direito à sua posição celestial.
(2) A Bíblia fala numa vasta hostes de anjos bons (1 Rs 22.19; Sl 68.17; 148.2; Dn 7.9,10; Ap 5.11), embora os nomes de apenas dois sejam registrados nas Escrituras: Miguel (Dn 12.1; Jd 9; Ap 12.7) e Gabriel (Dn 9.21; Lc 1.19,26). Segundo parece, os anjos estão divididos em diferentes categorias: Miguel é chamado de arcanjo (lit.: ‘anjo principal’, Jd 9; 1 Ts 4.16); há serafins (Is 6.2), querubins (Ez 10.1-3), anjos com autoridade e domínio (Ef 3.10; Cl 1.16) e as miríades de espíritos ministradores angelicais (Hb 1.13,14; Ap 5.11)” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.386).

CONCLUSÃO

O autor de hebreus não quis se identificar, mas isso em nada compromete a autoridade desse documento. Desde os primórdios, a igreja valeu-se dos ensinos dessa carta para fortalecer a fé dos crentes. Clemente de Alexandria fez amplo uso das exortações encontradas nessa carta e, ao assim fazer, reconhecia o profundo valor espiritual de Hebreus. Nesses últimos dias, onde os joelhos de muitos cristãos parecem vacilantes, faz-se necessário atentarmos diligentemente para o conselho encontrado em Hebreus, “se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais o vosso coração” (3.7). [Comentário. O escritor de Hebreus proporciona um grande incentivo aos crentes, mas há cinco advertências solenes às quais devemos prestar atenção. Há o perigo da negligência (Hebreus 2:1-4), o perigo da incredulidade (Hebreus 3:7 - 4:13), o perigo da imaturidade espiritual (Hebreus 5:11-6:20), o risco de deixar de perseverar (Hebreus 10:26-39) e o perigo inerente de recusar a Deus (Hebreus 12:25-29). Assim encontramos então, nesta obra-prima suprema, uma grande riqueza de doutrina, um refrescante manancial de encorajamento e uma fonte de advertências práticas e sãs contra a preguiça em nossa caminhada cristã. Entretanto, ainda há mais, pois em Hebreus encontramos um retrato magnificamente do nosso Senhor Jesus Cristo, o Autor e consumador da nossa grande salvação (Hebreus 12:2).] “... corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus ...” (Hebreus 12.1-2) IBDEM 1,

Francisco Barbosa

Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

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