SUBSÍDIO I
A Carta aos Hebreus e a excelência de Cristo
O tema deste 1º trimestre é sobre uma importante
epístola, Hebreus, por isso, leve em conta algumas sugestões abaixo:
• Estude com afinco a Carta aos Hebreus, lendo
quantas vezes puder, e for necessário, os 13 capítulos da carta;
• Faça uma análise histórico-cultural da carta.
Para essa atividade, leia a introdução da Bíblia de Estudo Pentecostal (editada
pela CPAD) da Carta aos Hebreus e a introdução do Comentário Bíblico
Pentecostal Novo Testamento (editado pela CPAD). Por meio desse exercício é
possível complementar mais informações importantes como: o propósito do autor,
o contexto histórico dos destinatários da epístola.
• Faça uma análise teológica da carta. Aqui o
assunto “Lei e Evangelho” tem grande relevância. Nesse aspecto, as obras
mencionadas acima, bem como outras editadas pela CPAD, muito o ajudarão.
Ao iniciar seus estudos, tenha sempre em mente os
objetivos gerais da lição, por exemplo, os da primeira lição: (I) Objetivo
Geral: Apresentar as características da Carta aos Hebreus e a superioridade de
Cristo; (II) Objetivos específicos: [1] Pontuar a autoria, o destinatário e o
propósito da Carta de Hebreus; [2] Expor a superioridade de Cristo em relação
aos profetas; [3] Mostrar a superioridade de Cristo em relação aos anjos.
Note como os objetivos específicos obedecem
rigorosamente cada Tópico e subtópico da lição. E que o objetivo geral é o
resultado do desdobramento de todos esses tópicos e subtópicos: ou seja, as
características da carta e superioridade de Cristo. É importante ter toda essa
estrutura da lição bem construída e compreendida na mente, pois esse
entendimento é essencial para elaborar uma aula objetiva e com conteúdo.
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Nesta lição
introdutória do nosso estudo da Carta aos Hebreus, queremos iniciar dizendo que
assim como todos os escritos da Bíblia, esta carta é um documento especial. Em
nenhum outro documento do Novo Testamento encontramos um apelo exortativo tão
forte. Isso possuía uma razão de ser — os crentes hebreus davam sinais de
enfraquecimento espiritual e até mesmo o risco de abandonarem a fé! Era,
portanto, urgente admoestá-los a perseverarem. Jesus, a quem o autor mostra ser
maior do que os profetas, maior do que todas as hostes angélicas, maior do que
Arão, Moisés, Josué e até mesmo os céus, é nosso grande ajudador nessa jornada. [Comentário: O falecido Dr. Walter Martin, fundador do Instituto de
Investigação Cristã e autor do best-seller Kingdom of the Cults (Reino das
Seitas), disse em sua sarcástica e habitual forma de falar que o livro de
hebreus foi escrito por um hebreu para outros hebreus para dizer-lhes que
deixassem de agir como hebreus. Na verdade, muitos dos primeiros crentes judeus
estavam caindo de volta aos rituais do judaísmo a fim de escaparem da crescente
perseguição. Esta carta, então, é uma exortação para esses crentes perseguidos
a continuarem na graça de Jesus Cristo(1). A Carta aos
Hebreus é apropriadamente chamada de ‘o quinto evangelho’, isso por que se nos
evangelho temos o que Cristo fez, em Hebreus encontramos o que Ele continua
fazendo – o ministério de Cristo pós ascensão, à destra de Deus como nosso
intercessor. Seu tema é a superioridade de Cristo. Hebreus 10.34 nos dá o
contexto do enfraquecimento daqueles crentes – perseguição e saque de seus
bens. No capítulo 12.4 a perseguição ia ainda mais além: o martírio por causa
de sua fé! O Comentário Bíblico Moody traz ainda: “Os judeus cristãos, de
simples congregações ou em grupos maiores, geograficamente mais espalhados,
estavam em perigo de apostatar de Cristo, retomando a Moisés. Esta condição de
apostasia era um perigo imediato (2:1), com base na incredulidade (3:12). A
conduta insinuava uma possível apostasia (5:13, 14). A negligência dos cultos
públicos (10:25), a fraqueza na oração (12:12), uma certa instabilidade
doutrinária (13:9), a recusa em ensinar os outros, que é dever do crente
maturo, (5:12), e a negligência das Escrituras (2:1) eram outros sintomas de
fraqueza espiritual. O perigo estava em que aqueles que eram "santos
irmãos, participantes da vocação celestial" (3:1) pudessem
"cair" (6:6).”(2)
1. Got Questions.org. Livro de Hebreus. Disponível
em:https://www.gotquestions.org/Portugues/Livro-de-Hebreus.html.
Acesso em 20 dez, 2017
2. Hebreus (Comentário Bíblico Moody). Disponível
em: http://www.ibanac.com/wp-content/uploads/2016/01/58Hebreus.pdf. Acesso em 20 dez, 2017
I. AUTORIA,
DESTINATÁRIO E PROPÓSITO
1. Autoria. A Carta aos Hebreus não revela o nome do seu autor. Esse
fato fez com que surgissem inúmeras controvérsias em torno de sua autoria. É
certo que os cristãos primitivos sabiam quem realmente a escreveu; todavia, já
por volta do segundo século da nossa era não havia mais consenso quanto a isso.
Clemente de Alexandria, no final do segundo século, atribuiu ao apóstolo Paulo a
sua autoria, contudo, ao afirmar que Paulo a escreveu em hebraico e que Lucas a
teria traduzido para o grego, passou a ser duramente questionado. As razões são
basicamente duas: O texto de Hebreus, um dos mais rebuscados do Novo Testamento
grego, não parece ser uma tradução. Por outro lado, o estilo usado na carta não
parece ser de forma alguma de Paulo. Outros nomes surgiram como possíveis
autores de Hebreus: Barnabé, Apolo, Lucas, Clemente Romano, etc. O certo é que
somente Deus sabe quem é o seu autor. Por outro lado, o fato de ter sua autoria
desconhecida em nada diminui a sua autoridade. [Comentário. Ela não é igual a
nenhuma outra epístola do Novo Testamento, e apresenta problemas que são
peculiares em si mesmos. Na forma de construção, no estilo, na argumentação e
em relação aos outros livros da Bíblia, Hebreus se destaca. Quanto à data de
composição, não pode aceitar-se uma época muito tardia, pois Clemente de Roma
cita-a por volta do ano 95. Por outro lado, a relativa afinidade entre a sua
teologia e a das Cartas do cativeiro, aponta para uma data próxima do martírio
de Paulo, situado pelo ano 67. Uma vez que o autor se refere à liturgia do
templo de Jerusalém como uma realidade ainda atual, tudo parece convergir para
que os últimos anos antes da destruição de Jerusalém e do Templo, ocorrida no
ano 70, sejam a data mais provável da sua composição. Não há uma resposta
segura quanto ao seu autor. Além do que já está exposto pelo comentarista,
recomendo a leitura deste artigo.]
2. Destinatários. Não há dúvida de que a Carta aos Hebreus foi escrita para
cristãos judeus. Deve ser observado que essa carta foi endereçada a uma
comunidade específica de cristãos e não a um grupo indeterminado. O autor
conhece o público a quem endereça o seu texto e espera até mesmo encontrar-se
com eles (Hb 13.19,23). Onde viviam esses crentes é um ponto debatido pelos
teólogos. Baseados na expressão “os da Itália vos saúdam” (Hb 13.24),
muitos eruditos argumentam que esses crentes se encontravam fora de Roma,
capital do Império Romano. A data da carta é motivo de disputa, mas as
evidências internas permitem-nos situá-la antes da destruição do Templo de
Jerusalém no ano 70 d.C. [Comentário.Ainda o Comentário Bíblico Moody: “Quanto ao destino,
três teorias principais têm prevalecido, cada uma delas apontando para uma
cidade grande, do mundo romano e mediterrâneo. Alguns acrescentam uma quarta
opinião, que na realidade é uma modificação de uma das teorias principais.
1) Os judeus cristãos em Jerusalém e
à volta dela, foram os destinatários da carta.
2) Ela foi enviada aos cristãos
judeus que moravam em Alexandria. Esta opinião costuma ser defendida por
aqueles que apoiam o argumento de um forte sabor alexandrino na carta aos
hebreus.
3) Era destinada a uma congregação de
cristãos judeus que se reuniam na cidade de Roma, os quais estavam enfrentando
uma severa provação e perseguição. A teoria da "igreja em Roma" tende
também a defender a teoria da "congregação única", onde os
destinatários originais da carta seriam membros de uma "pequena
congregação" ou uma "igreja reunida na casa de alguém" em Roma.
4) Uma modificação da terceira. A
congregação destinatária de Hebreus era pequena, mas poderia estar em qualquer
parte do Império Romano, e não necessariamente em Roma. [...] Uma coisa está
clara. Aqueles a quem a epístola foi escrita eram hebreus por identidade
nacional e cristãos por profissão de fé.”(3)] 3. IBDEM 2
3. Propósito. De fato, essa carta possui uma grande carga exortativa. Ela
exorta os crentes a terem ânimo, confiança e fé em um tempo marcado pela
apostasia. Muitos pareciam estar desanimados com a oposição que a nova fé vinha
sofrendo e em razão disso estavam voltando às antigas práticas judaicas. A
carta, portanto, exorta esses crentes a suportarem as pressões e perseguições,
lembrando-os que não haviam ainda derramado sangue pela sua fé (Hb 12.4). Essas
palavras continuam ecoando nesses dias quando muitos crentes demonstram apatia
e falta de fervor espiritual diante de um mundo hostil. [Comentário O livro de Hebreus trata de três grupos distintos:
seguidores de Cristo, incrédulos que tinham conhecimento e uma aceitação
intelectual dos fatos de Cristo, e incrédulos que tinham sido atraídos a Cristo
mas que acabaram rejeitando-o. É importante entender a qual grupo cada passagem
está se dirigindo, pois deixar de fazer isso pode levar-nos a tirar conclusões
inconsistentes com o restante das Escrituras. O escritor de Hebreus menciona
continuamente a superioridade de Cristo, tanto de Sua pessoa como do Seu
trabalho ministerial. Nos escritos do Antigo Testamento, entendemos que os
rituais e cerimônias do judaísmo simbolicamente apontavam para a vinda do
Messias. Em outras palavras, os ritos do judaísmo eram sombras das coisas
futuras. Hebreus nos diz que Jesus Cristo é melhor do que aquilo que qualquer
mera religião tem a oferecer. Toda a pompa e circunstância da religião
empalidecem em comparação com a pessoa, trabalho e ministério de Jesus Cristo.
É a superioridade do nosso Senhor Jesus, então, que continua a ser o tema desta
eloquente carta(4). Note o seguinte, a apostasia que marcava
aqueles dias não se compara em nada ao que encontramos hoje, uma apostasia
marcada pelo secularismo e hedonismo. Aquela apostasia era fruto da extrema
perseguição à fé cristã! Note ainda, esta explicação encontrada no Comentário
Bíblico Moody: “A linha do raciocínio desenvolvida pelos leitores-ouvintes
era atraente. Se seguir a Cristo produzia perseguição, e o antigo carrinho da
prática judia não, por que não retomar ao Judaísmo, reter uma religião e ao
mesmo tempo ficar livre da perseguição? Opção atraente, é verdade. A resposta a
tudo isto foi apresentada na Epístola aos Hebreus, conforme a superioridade de
Cristo foi comprovada, passo a passo, contra as reivindicações do Judaísmo.”(5).] 4. IBDEM 1 4. IBDEM 2
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor(a), para
introduzir o primeiro tópico desta lição, se possível, reproduza o
quadro-resumo que se encontra abaixo. O objetivo é pontuar as questões de
autoria, destinatário e propósito da carta em estudo.
AUTORIA
|
Desconhecida.
|
DESTINATÁRIO
|
Cristãos
judeus, provavelmente.
|
PROPÓSITO
|
Exortar
os cristãos a terem ânimo e fé em tempos da apostasia.
|
II. CRISTO –
A PALAVRA SUPERIOR A DOS PROFETAS
1. A revelação profética e a
Antiga Aliança. Ao falar da
supremacia de Jesus, o autor de Hebreus primeiramente o faz em relação aos
profetas. Deus falou no passado pelos profetas e no presente pelo Filho (Hb
1.1). A revelação profética no antigo Israel fez com que esse povo se
distinguisse dos demais. O autor mostra um Deus que se revela, que se comunica
com os seus. Ele fala de uma forma direta a seu povo, não é um Deus mudo! Os
advérbios gregos polymerôs (“muitas vezes”) e polytropos (“muitas maneiras”),
que modificam o verbo falar, mostram a intensidade dessa comunicação. Deus, em
nenhum momento da história, deixou o seu povo sem orientação. Ele fala, e fala
sempre o que é necessário. [Comentário. Talvez nenhum outro
lugar do Novo Testamento esclareça o Antigo Testamento como faz o livro de
Hebreus, o qual tem como seu fundamento o sacerdócio levítico. O escritor aos
hebreus compara constantemente as insuficiências do sistema sacrificial do
Antigo Testamento com a perfeição e realização em Cristo. Enquanto o Antigo
Testamento exigia sacrifícios contínuos e uma expiação pelo pecado uma vez por
ano, os quais eram oferecidos por um sacerdote humano, a Nova Aliança
proporciona um sacrifício final através de Cristo (Hebreus 10:10) e acesso
direto ao trono de Deus para todos os que estão nEle (5).
A pergunta implícita que está sendo respondida é: Quem foi o último e o mais
autorizado porta-voz de Deus?
1. Muitas vezes (polymeros), ou passo a
passo, fragmentariamente, e de muitas maneiras (polytropos), de muitos e
variados modos, Deus (Jeová) falou no tempo do V.T, através dos profetas,
muitos dos quais contaram em seus escritos por meio de qual método ele se
comunicou com eles, Prophetais é uma palavra de significado amplo que inclui
todos aqueles que Deus usou nos dias do V.T.
2. Nestes últimos dias. No fim
destes dias é a tradução literal de uma expressão hebraica comum encontrada em
Nm. 24:14, possuindo tonalidades messiânias. Deus falou conosco através de Um
que tem com Ele o relacionamento de um filho e completa autoridade como
porta-voz. Neste relacionamento, Cristo é especial e assim está descrito aqui
no sentido clássico, sob compromisso divino porque é um Filho. Ele é ambos,
herdeiro e agente da criação. O universo. O grego aiones,
"eternidade", incluindo o mundo espacial. (cons. 11:3)(5).] 4. IBDEM 1 5. IBDEM 2
2. A revelação profética e a
Nova Aliança. Aos cristãos da
Nova Aliança, Deus falou por intermédio do seu Filho (Hb l.l). O uso das
expressões “havendo falado” ou “depois de ter falado” (Hb 1.1,2) por parte do
autor mostra que essa ação de Deus foi um fato consumado. Isso tem levado
alguns intérpretes a dizer que a partir daquele momento. Deus não falaria mais
diretamente com ninguém. Mas isso é ir além daquilo que o autor tencionava
dizer. O uso dessa expressão é mais bem entendida como significando que Deus
falou de forma completa nos dias do autor, todavia, sem a conotação temporal de
que não falaria mais no futuro. O Espírito profético, que é o Espírito de
Cristo (1 Pe 1.11; Rm 8.9,10), continua dando à Igreja hoje a percepção do
plano e vontade de Deus para o seu povo (Jo 14.26; 15.26; 16.13). E isso sempre
em consonância com as Escrituras. [Comentário. O prólogo introduz as
duas épocas na história, quando Deus falava com seu povo em termos de “outrora”
(v. 1) e nestes “últimos dias” (v. 2). A vinda de Cristo estabeleceu a nossa
época como os prometidos “últimos dias” da salvação que os profetas previram
(Jr 23.30; Os 3.5; Mq 4.1; cf 1Co 10.11)(6). O Filho falou
(Hebreus 1.1 – 2.4) A mensagem merece maior atenção porque o mensageiro é
superior. O argumento introduzido no primeiro capítulo e defendido de várias
maneiras no resto do livro depende da primazia de Jesus Cristo. Uma vez provado
que Jesus é maior do que qualquer outro mensageiro, a revelação que ele trouxe
tomará seu devido lugar acima de todas as outras. Os primeiros capítulos de
Hebreus mostram que Jesus é superior aos mensageiros do Velho Testamento – sejam
anjos ou homens(7). Há quem negue a atualidade profética como
cremos, nós pentecostais, e usam como apoio este texto. De fato, a revelação
bíblica está completa, nada mais pode ser acrescido às Escrituras. Contudo,
Deus ainda usa os seus servos com profecias a fim de exortar e orientar a sua
Igreja militante, e a régua para aferirmos a veracidade dessas profecias são as
Escrituras. A Bíblia não diz em lugar algum que o dom de profecia era
temporário. Os verdadeiros profetas de hoje não acrescentam doutrinas novas à
igreja. Além do que, Paulo em 1 Coríntios 14 exorta os crentes a buscar o dom
de profecia para ajudar a igreja.] 6. Bíblia de
Estudo de genebra; SBB e Editora Cultura Cristã. Nota Hebreus 1.1-4. Pág. 1463 7. O livro de Hebreus (2).
Disponível em: https://www.estudosdabiblia.net/2005119.htm. Acesso em: 20 dez, 2017
3. Cristo: a revelação
final. O objetivo do
autor aqui, evidentemente, é mostrar que Cristo é o clímax da revelação
profética. Ele é a revelação final! O ministério profético na Antiga Aliança
era de importância ímpar. O Senhor disse que falaria por intermédio de seus
profetas: “Certamente o Senhor Jeová não fará coisa alguma, sem ter revelado o
seu segredo aos seus servos, os profetas” (Am 3.7). O silêncio profético,
portanto, era a pior forma de castigo que poderia vir ao antigo Israel. Os
profetas eram importantes, mas a relevância deles estava muito longe daquela
possuída por Jesus Cristo, o Filho de Deus. Os profetas eram apenas servos, mas
o Filho era o herdeiro de Deus e o agente da Criação (Hb 1.2). Ele é o redentor
do mundo! Nenhum profeta morreu de forma vicária pelo povo de Deus. [Comentário.Para
quem já teve a oportunidade de visitar Israel e os pontos sagrados daquela terra,
pôde constatar a intensa religiosidade daquele povo; cegamente – como diz
Paulo: “Pois até o dia de hoje, à leitura do velho pacto, permanece o mesmo
véu, não lhes sendo revelado que em Cristo é ele abolido; sim, até o dia de
hoje, sempre que Moisés é lido, um véu está posto sobre o coração deles.
Contudo convertendo-se um deles ao Senhor, é-lhe tirado o véu” (2 Co 14.16)
– lêem as Escrituras constantemente, batem a testa no muro das lamentações,
pedem a vinda do Messias, e não entendem que o Messias já veio! Isso nos mostra
que somente com a ajuda do Espírito Santo removendo o véu, podemos enxergar a
verdade! O véu nos foi tirado pelo Espírito, e, por isso, exultamos com alegria
santa! A idéia de contraste no pensamento de tão superior (kreiton, "superior",
"tornando-se superior") foi usada treze vezes. Os anjos eram
importantes na transmissão da mensagem divina aos homens. Desde a doação da Lei
no Sinai até a assistência angélica concedida a Daniel e os últimos profetas,
estes mensageiros de Deus serviram a Deus, mas como seus subordinados. Cristo é
superior aos anjos em Sua pessoa, nome, função, poder e dignidade. Quanto ao
Seu nome, só Ele pode salvar os perdidos (Atos 4:12), e é o nome acima de todo
nome (Fp 2.10). Através do Seu nome, Sua reputação ficou estabelecida, pois é
um nome poderoso.]
SUBSÍDIO LEXICOGRÁFICO
“REVELAÇÃO
– [Do gr. apokalupsis; do lat. revelatio, tirar o véu] Manifestação
sobrenatural de uma verdade que se achava oculta. Tendo em vista o caráter e a
urgência das profecias do último livro da Bíblia, Apocalipse é considerado a
revelação por excelência (Ap 1.1-3).
REVELAÇÃO BÍBLICA – Conhecimento divino preservado nas Sagradas Escrituras, e
posto à disposição da humanidade. Consta do Antigo e do Novo Testamento. É a
nossa única regra de fé e prática.
REVELAÇÃO PROGRESSIVA – Evolução progressiva e dispensacional das verdades
divinas que, tendo a sua gênese no Antigo Testamento, culminaram e se
completaram no Novo. O texto-áureo da revelação progressiva acha-se em Hebreus
1.1,2” (ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro:
CPAD, 1999, pp.255,56).
III. CRISTO
– SUPERIOR AOS ANJOS
1. Cristo: superior em natureza
e essência. Devemos ter sempre
em mente que o autor de Hebreus tenciona mostrar a superioridade de Cristo em
relação às demais ordens da criação. O seu foco aqui são os anjos. A cultura
judaica via os anjos como seres de uma ordem superior e mediadores da revelação
divina (At 7.53; Gl 3.19; Hb 2.2). Mesmo cercados de força e poder, os anjos
eram inferiores ao Filho (Hb 1.4). Jesus é o reflexo da glória de Deus e
possuidor da mesma essência divina (Hb 1.3). O autor usa dois vocábulos gregos
que deixam isso bem definido: apaugasmae character, que significam
respectivamente “radiância” e “reflexo”, traduzidos aqui como resplendor e
“caráter”, com o sentido de expressão exata do seu ser. Embora sendo pessoas
diferentes, tanto o Filho como o Pai possuem a mesma essência. Cristo é o Deus
revelado! [Comentário. O livro de Hebreus argumenta que
Cristo é superior em todas as coisas. Cristo como o nosso Grande Sumo Sacerdote
é superior ao sacerdote que oficiava no sistema levítico. A aliança de Cristo é
superior à Velha Aliança dada aos judeus no Sinai. Cristo é maior que Moisés e
Arão. Estes argumentos têm o propósito de levar à conclusão de que a salvação
que Cristo fornece (já que é predicado no seu próprio precioso sangue e não no
de bois e bodes) é certamente grande (Hebreus 2:1-4). Se ignorarmos ou “negligenciarmos”
esta grande salvação, seria para a nossa própria ruína espiritual. Cristo
também é superior aos anjos, que é o tema de Hebreus 1:4-14. Os anjos são
destacados no Velho Testamento. Geralmente pensamos em anjos como mensageiros
de Deus; serviam para este propósito (Gênesis 19:1-22). Daniel fala de Miguel
(Daniel 12:1-2). Os anjos têm um papel de destaque em muitas religiões do
Oriente. Os pergaminhos do Mar Morto sugerem que os antigos especularam a
respeito do papel dos anjos no serviço de Deus. Nos tempos do Novo Testamento,
o louvor dos anjos evidentemente se tornou um problema, provavelmente em parte
pelo gnosticismo (Colossenses 2:18). Os anjos têm (e tiveram) a ver com o
ensinamento de Paulo em 1 Coríntios 11. Hoje, o movimento da Nova Era novamente
deixou populares os anjos; são o foco de muitos livros e alguns filmes. Que
lugar que os anjos ocupam em Hebreus? Primeiro, Cristo é melhor que os anjos:
"quanto herdou mais excelente nome do que eles" (1:4). A exaltação
pela mão direita do Pai marca Cristo como maior que os anjos. Além disso, o seu
nome é maior. Neste contexto, isso parece se referir, como cita o versículo, ao
fato de Cristo ser identificado como o Filho (confere Filipenses 2:9-11, onde
se usa Senhor). Enquanto esteve na terra Jesus era claramente o Filho (Hebreus
5:9), mas nesta posição exaltada de honra, Jesus é mostrado muito acima dos
anjos; ele é classificado ou renomado acima dos anjos. O Pai jamais falou aos
anjos: “Tu és meu Filho, eu hoje te gerei” (1:5). Esta é uma citação de Salmo
2:7, que fala do triunfo do Rei sobre seus inimigos. Paulo, em Atos 13:33,
aplica a passagem de Salmos à ressurreição de Cristo dentre os mortos. Não só o
nome de Cristo é acima do dos anjos, como também é a sua própria essência. A
sua divindade foi demonstrada na sua ressurreição da sepultura (confira Romanos
1:4). Nenhum anjo poderia alegar isso. Segundo, alguma vez o Pai disse a
respeito de um anjo: “Eu lhe serei Pai, e ele me será Filho”? Não, mas ele
disse isso sobre Cristo (1:5). Esta citação do Velho Testamento é de 2 Samuel
7:14. O rei Davi pediu permissão para construir uma casa apropriada para Jeová.
Depois de negar a Davi, o Senhor disse que um dos descendentes de Davi se
levantaria e que o seu reino seria estabelecido para sempre. Sim, o filho de
Davi, Salomão, mais tarde construiria o templo em Jerusalém; Deus lhe seria
pai. Mas o cumprimento final não poderia ser separado de Cristo, o Filho, que
senta no trono de Davi (confira Atos 2:29-36). Poderiam os anjos fazer tal
alegação de superioridade? Não, porém Cristo alega. Ele é digno? Devemos
ouvi-lo? Os receptores originais do livro de Hebreus precisavam ser lembrados
da superioridade de Cristo. Nós precisamos ser relembrados da mesma forma hoje
também.(8)]
8. Randy Harshbarger. A superioridade de Cristo.
Disponível em:https://www.estudosdabiblia.net/2002318.htm.
Acesso em: 20 dez, 2017
2. Cristo: superior em majestade
e deidade. O autor passa
então a mostrar a supremacia de Cristo em relação aos anjos por meio de vários
fatos documentados nas Escrituras. Os anjos são criaturas, o Filho é Criador. O
filho é gerado, não criado. C. S. Lewis observa que o que Deus gera é Deus;
assim como o que o homem gera é homem. O que Deus cria não é Deus; da mesma
forma que o que o homem faz não é homem. Daí a razão de os homens não serem
filhos de Deus no mesmo sentido que Cristo. Eles podem assemelhar-se a Deus em
certos aspectos, mas não pertencem à mesma espécie. O mesmo se pode dizer dos
anjos. Eles não possuem a mesma essência divina que o Filho. É por essa razão
que o autor destaca que o Filho é chamado de “Deus” (v.8) e que por isso merece
adoração (v.6). A Ele toda honra e glória! [Comentário. Na Antiga Aliança, os
anjos eram muito considerados. Na epístola aos Hebreus, o escritor ressalta, de
modo enfático, a superioridade de Cristo em relação aos seres angelicais e, ao
mesmo tempo, afirma que Ele, ao se encarnar, fez-se “um pouco menor que os
anjos” (Hb 2.9). Os anjos tiveram papel muito importante entre o povo de Deus
no Antigo Testamento. (Ver Gn 19.1,15; 28.12; Êx 3.2; 23.20; Sl 103.20). No
Novo, não foi diferente. Um anjo apareceu a José, revelando o nascimento
sobrenatural de Jesus (Mt 1.20); um anjo removeu a pedra do sepulcro de Jesus,
após sua ressurreição (Mt 28.2). Hoje, há uma verdadeira idolatria em torno
desses seres celestiais. A Bíblia adverte: “Ninguém vos domine a seu
bel-prazer, com pretexto de humildade e culto dos anjos” (Cl 2.18). Outras
referências demonstram claramente a ação dos anjos, não só em favor de Israel,
mas de todos os servos de Deus, em todo o mundo (cf. Sl 34.7). O texto bíblico
nos revela alguns aspectos relativos à natureza dos anjos. No v. 7, lemos que
Deus “de seus anjos faz ventos, e de seus ministros labaredas de fogo”. É uma
citação de Salmos 104.4. Eles são ministros usados por Deus segundo a sua
vontade, submissos a cada convocação sua, portanto, ficam muito aquém da
natureza e das funções do Filho de Deus. Por maiores que sejam os anjos, em comparação
com Cristo são apenas bafos de ventos e fagulhas de fogo. Eles são criaturas.
Jesus é Criador, inclusive dos anjos (ver Jo 1.3). No v. 14, os anjos são
chamados “espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que
hão de herdar a salvação”. No v.5, o escritor indaga: “a qual dos anjos disse
jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, e
ele me será por Filho?”. Estas perguntas trazem em seu bojo a afirmativa de que
Cristo é superior aos anjos, por ter sido gerado pelo Pai. Ver também Rm 1.4. O
escritor sacro reporta-se a Salmos 7.2, que diz: “Recitarei o decreto: O SENHOR
me disse: Tu és meu Filho; eu hoje te gerei”. Essa questão é realmente difícil
de entender. Sendo Deus, em que sentido Jesus poderia ser gerado? A resposta
está no grandioso milagre e ministério da sua encarnação, incompreensível à
mente humana, que só entende um pouco das coisas terrenas. O escritor Lucas, no
Livro de Atos, declara: “E nós vos anunciamos que a promessa que foi feita aos
pais, Deus a cumpriu a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus, como também
está escrito no Salmo segundo: Meu filho és tu; hoje te gerei” (At 13.32-33).
Sem ter deixado jamais de ser Deus, Jesus foi apresentado ao mundo
publicamente, como Filho de Deus, na ressurreição. Veja o que Paulo diz:
“Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela
ressurreição dos mortos – Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 1.4). De fato, se
Jesus tivesse feito milagres, mas não houvesse ressuscitado, ninguém poderia
crer que fosse o divino Filho de Deus (Ver Mt 3.17; 17.5; Rm 1.4). Seria como
Buda, Maomé, Chrisna, etc. No v. 8, lemos: “Mas do Filho diz: ó Deus, o teu
trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de equidade é o cetro do teu
reino”. Aqui o Filho é chamado Deus, como de fato Ele o é, além de ser também
Rei, cujo cetro (símbolo da autoridade real) é de retidão. Os anjos não têm
poder de reino ou soberania. Nos vv. 9-12, vemos que Jesus é apresentado como o
Ungido, o Messias, e, ao mesmo tempo, como Aquele de quem a terra e “os céus
são obra” de suas mãos. O v. 13 prossegue exaltando a superioridade de Cristo
como o vencedor, pondo seus inimigos debaixo de seus pés(9).]
9. Pastor Elias Ribas. CRISTO, SUPERIOR AOS ANJOS.
Disponível em:https://pastoreliasribas.blogspot.com.br/2013/11/cristo-superior-aos-anjos.html.
Acesso em 20 dez, 2017.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“ANJOS. A
palavra ‘anjo’ (hb. Malak; gr. angelos) significa ‘mensageiro’. Os anjos são
mensageiros ou servidores celestiais de Deus (Hb 1.13.14), criados por Deus
antes de existir a terra (Jó 38.4-7; Sl 148.2,5; Cl 1.16).
(1) A Bíblia fala em anjos bons e em anjos maus,
embora ressalte que todos os anjos foram originalmente criados bons e santos
(Gn 1.31). Tendo livre-arbítrio, numerosos anjos participaram da rebelião de
Satanás (Ez 28.12-17; 2 Pe 2.4; Jd 6; Ap 12.9; Mt 4.10) e abandonaram o seu
estado original de graça como servos de Deus, e assim perderam o direito à sua
posição celestial.
(2) A Bíblia fala numa vasta hostes de anjos bons (1
Rs 22.19; Sl 68.17; 148.2; Dn 7.9,10; Ap 5.11), embora os nomes de apenas dois
sejam registrados nas Escrituras: Miguel (Dn 12.1; Jd 9; Ap 12.7) e Gabriel (Dn
9.21; Lc 1.19,26). Segundo parece, os anjos estão divididos em diferentes
categorias: Miguel é chamado de arcanjo (lit.: ‘anjo principal’, Jd 9; 1 Ts
4.16); há serafins (Is 6.2), querubins (Ez 10.1-3), anjos com autoridade e
domínio (Ef 3.10; Cl 1.16) e as miríades de espíritos ministradores angelicais
(Hb 1.13,14; Ap 5.11)” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD,
1995, p.386).
CONCLUSÃO
O autor de hebreus não quis se
identificar, mas isso em nada compromete a autoridade desse documento. Desde os
primórdios, a igreja valeu-se dos ensinos dessa carta para fortalecer a fé dos
crentes. Clemente de Alexandria fez amplo uso das exortações encontradas nessa
carta e, ao assim fazer, reconhecia o profundo valor espiritual de Hebreus. Nesses
últimos dias, onde os joelhos de muitos cristãos parecem vacilantes, faz-se
necessário atentarmos diligentemente para o conselho encontrado em Hebreus, “se
ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais o vosso coração” (3.7). [Comentário. O escritor de Hebreus proporciona um
grande incentivo aos crentes, mas há cinco advertências solenes às quais
devemos prestar atenção. Há o perigo da negligência (Hebreus 2:1-4), o perigo
da incredulidade (Hebreus 3:7 - 4:13), o perigo da imaturidade espiritual
(Hebreus 5:11-6:20), o risco de deixar de perseverar (Hebreus 10:26-39) e o
perigo inerente de recusar a Deus (Hebreus 12:25-29). Assim encontramos então,
nesta obra-prima suprema, uma grande riqueza de doutrina, um refrescante
manancial de encorajamento e uma fonte de advertências práticas e sãs contra a
preguiça em nossa caminhada cristã. Entretanto, ainda há mais, pois em Hebreus
encontramos um retrato magnificamente do nosso Senhor Jesus Cristo, o Autor e
consumador da nossa grande salvação (Hebreus 12:2).] “... corramos,
com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o
Autor e Consumador da fé, Jesus ...” (Hebreus 12.1-2) IBDEM 1,
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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