SUBSÍDIO I
1. Recapitulando a lição
anterior. iPrezado
professor, prezada professora, sempre é importante situar o aluno no assunto
novo que será introduzido. A melhor maneira de fazer isso é a partir de um
processo de recordação do conteúdo dado até aqui.
Lembre-os dos destinatários da
carta, ou seja, uma igreja que está certamente desanimando na fé, bem como do
propósito dela: animar os crentes hebreus em perseverar na doutrina de Cristo.
O aluno tem que ter sempre em mente o propósito e para quem a carta foi
originalmente escrita. Esse processo é muito importante para a compreensão
inteira do conteúdo da carta.
Assim, mostre que na aula
passada, dando continuidade a esse propósito, vimos que a igreja é instada a
ser perseverante em Cristo, porque Ele, em primeiro lugar, foi quem anunciou
uma tão grande salvação (Tópico 1): anunciada pelo Senhor, depois, proclamada
pelos apóstolos – “pelos que a ouviram” – e também confirmada pelo Espírito
Santo com sinais, milagres, maravilhas e distribuições dos dons concedidos à
Igreja. Em segundo, mostre que no Tópico 2 vimos a necessidade dessa tão
grandiosa salvação revelada por meio do processo de humanização (“encarnação”)
de nosso Senhor, de seu sofrimento e padecimento, bem como de sua glorificação.
Por fim, vimos a eficácia desse plano da salvação no Tópico 3, pois nosso
Senhor venceu o Diabo, venceu a morte e venceu a tentação, por isso, Ele nos
socorre quando somos tentados.
Deixe claro que o autor de Hebreus está com a mente voltada para a importância da pessoa de Jesus Cristo. Recorde ao aluno que o argumento do escritor tem Cristo como centro desde o capítulo um (Cristo maior que os profetas [vv.1-4] e os anjos [vv.5-14]) até o capítulo dois (Cristo é quem anunciou a tão grande salvação [vv.1-18]); e continua assim no capítulo três, agora, tendo como destaque a supremacia de Cristo em relação ao legislador de Israel, Moisés.
Deixe claro que o autor de Hebreus está com a mente voltada para a importância da pessoa de Jesus Cristo. Recorde ao aluno que o argumento do escritor tem Cristo como centro desde o capítulo um (Cristo maior que os profetas [vv.1-4] e os anjos [vv.5-14]) até o capítulo dois (Cristo é quem anunciou a tão grande salvação [vv.1-18]); e continua assim no capítulo três, agora, tendo como destaque a supremacia de Cristo em relação ao legislador de Israel, Moisés.
2. Um ponto importante para ser
enfatizado. Quando de
sua preparação da aula, após estudar o Tópico 1 – em que o objetivo do
comentarista é mostrar a tarefa de Cristo (em relação a vocação, missão e
mediação) como ação superior a de Moisés – e o Tópico 2 – em que o comentário
da revista preocupasse em destacar a autoridade de Cristo (que diferente de
Moisés: era o Construtor, não só administrador; era o Filho, não servo; e
estabeleceu uma igreja viva, não um tabernáculo) –, e antes de passar para o
Tópico 3, leia e reflita sobre o seguinte texto: “O livro de Hebreus considera
a possibilidade de permanecer firme na fé ou de abandoná-la como uma escolha
real, que deve ser feita por cada um dos leitores; o autor ilustra as
consequências da segunda opção referindo-se à destruição dos hebreus rebeldes
no deserto após sua gloriosa libertação do Egito” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento, CPAD,
p.1559). Esse texto o ajudará a refletir sobre a importância do terceiro tópico
que versará sobre a singularidade da mensagem de Jesus e o perigo de que os
crentes correm quando a ouvem, mas não atende; veem, mas não creem; começam,
mas não terminam. O autor deixa claro que a possibilidade de acontecer com os
crentes da presente dispensação a mesma coisa que aconteceu com o povo da
dispensação anterior é real: “Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós
um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo.Antes, exortai-vos uns
aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de
vós se endureça pelo engano do pecado” (Hb 3.12,13).
3. Para embasar melhor este
argumento, leia esse trecho do livro do comentarista da lição. “O termo grego apostenai (apartar),usado aqui em Hb
3.12 é o infinitivo aoristo do verbo aphistemi,
que ocorre quatorze vezes no Novo Testamento grego, significando: cair, deixar, afastar.ii É
desse verbo que se origina a palavra apostasia.
A apostasia é
definida “como a rejeição deliberada de Cristo e de seus ensinamentos por parte
de um cristão (Hb 10.26-29; Jo 15.22)”. iii(Veja um estudo completo dessa palavra
no Apêndice). A Bíblia de Estudo Harper Collinsdestaca que
“a admoestação para ser
cuidadoso (ver também 12.25) é comum no NT. Para o perigo
de desviar-se,
ou apostatar, veja Nm 14.9, que trata da geração do deserto, e Mt 24.10-12. Um
jogo de palavras gregas ligando o desviar-se (apostenai) e o coração
incrédulo (apistias)”.iv Como
ficará demonstrado posteriormente, há uma relação da queda da fé aqui retratada
com aquela sobre a qual o autor voltará a tratar no capítulo 6.4-6 (veja
apêndice no final deste livro). Adam Clarke observa oportunamente que a nossa
participação na glória depende de nossa firmeza na fé até o final de nossa
carreira cristã. Jesus alertou que de dentro do coração do homem é que
procedem as coisas más. “Porque do coração procedem os maus pensamentos,
mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias” (Mt
15.19). É por isso que os cristãos necessitam de vigilância e estimular uns aos
outros.”
“Antes, exortai-vos uns aos
outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós
se endureça pelo engano do pecado” (v.13).O sentido do texto aqui é o de que os cristãos não
permitam que seus corações sejam seduzidos pelo pecado. O autor usa o termo
grego parakaleo,
isto é, chamar à parte para consolar, para se referir à necessidade do
encorajamento contínuo. William Barclay observa que este mesmo termo era usado
por um militar para estimular as suas tropas.vi Joseph
Benson observa que alguns passos devem ser tomados para se por em prática as
palavras do autor de hebreus:
(1) Uma profunda preocupação com a salvação de cada um e o crescimento na graça; (2) Sabedoria e entendimento nas coisas divinas; (3) Cuidado para que somente palavras de verdade e sobriedade sejam ditas, porque somente essas palavras serão recebidas como tendo autoridade e alcançarão os fins desejados; (4) Evitar aquelas expressões rudes e severas que expressam indelicadeza; em vez disso usar palavras brandura, compaixão, ternura e amor. Pelo menos para aqueles que estão dispostos a reconhecer a vontade de Deus; (5) Evitar falar com leviandade e sempre falar com seriedade; (6) Prestar atenção ao tempo, lugar, pessoas e ocasiões; (7) Ser exemplos para as pessoas exortadas; (8) Devemos ser incansáveis nesse dever e exortar um ao outro diariamente. Não somente em reuniões feitas para isso, mas em todo e qualquer lugar, sempre que estivermos em companhia um do outro.vii
(1) Uma profunda preocupação com a salvação de cada um e o crescimento na graça; (2) Sabedoria e entendimento nas coisas divinas; (3) Cuidado para que somente palavras de verdade e sobriedade sejam ditas, porque somente essas palavras serão recebidas como tendo autoridade e alcançarão os fins desejados; (4) Evitar aquelas expressões rudes e severas que expressam indelicadeza; em vez disso usar palavras brandura, compaixão, ternura e amor. Pelo menos para aqueles que estão dispostos a reconhecer a vontade de Deus; (5) Evitar falar com leviandade e sempre falar com seriedade; (6) Prestar atenção ao tempo, lugar, pessoas e ocasiões; (7) Ser exemplos para as pessoas exortadas; (8) Devemos ser incansáveis nesse dever e exortar um ao outro diariamente. Não somente em reuniões feitas para isso, mas em todo e qualquer lugar, sempre que estivermos em companhia um do outro.vii
Essas exortações se tornam
relevantes porque para o autor o cristão se tornou um participante de
Cristo” (Trecho extraído da obra “Ânimo,
Esperança e Fé em Tempos de Apostasia:Um estudo na carta aos Hebreus
versículo por versículo”, editada pela CPAD.).
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Os crentes hebreus tinham Moisés na mais alta
estima, por considerarem ter sido ele um fiel servo de Deus, e mediador de uma
sublime aliança. Em resposta a esse postulado, o autor da Epístola aos Hebreus
destaca que Cristo é superior a Moisés, pois aquele foi o edificador da Casa,
enquanto que este foi apenas um servo. Na lição de hoje, a partir de elementos
comparativos, destacaremos o papel desses dois personagens, ressaltando Cristo,
como servo de uma aliança superior.
1. O APOSTOLADO DE CRISTO
O autor da Epístola aos Hebreus se dirige aos
“irmãos santos”, considerando que esses foram santificados por Cristo (Hb.
3.1). Essa referência mostra que eles se encontravam em uma condição
privilegiada, tendo se tornado participantes (gr. metachoi) de uma vocação
celestial (Hb. 6.4; 12.8). Jesus é o enviado de Deus, a fim de realizar uma
obra sublime, superior àquela desenvolvida por Moisés. Isso porque Deus nos
falou, nesses últimos dias, através do Seu Filho (Hb. 1.2). Por esse motivo,
somos advertidos a confessar que Cristo é o Senhor, apóstolo e sacerdote de
Deus. Jesus é alguém que se identifica conosco, que conhece nossas limitações,
Ele sabe o que é padecer (Is. 53). É o enviado de Deus não apenas para
proclamar a verdade, mas também para manifestá-la (Hb. 1.2,3). Ele veio para
estabelecer uma casa, na qual constituiu filhos, irmãos e irmãs, na edificação
de uma família (Hb. 3.6). Por causa dessa realidade, somos advertidos a manter
nossa confissão (gr. homologia), colocando nossa confiança nEle, a fim de que
possamos desfrutar da segurança eterna. Não apenas em condições favoráveis, mas
também em situações difíceis, semelhantes àquelas que passavam os crentes
hebreus. Os cristãos devem professar o senhorio de Cristo em suas vidas, e
saber que isso não lhes garantirá qualquer benefício, na verdade, em alguns
contextos, identificar-se como cristão pode trazer muito problemas. Mas é o que
devemos fazer, para não sermos envergonhados na eternidade (Mt. 10.32-29).
2. MOISÉS E
JESUS, MISSÕES COMPARADAS
É inegável o papel que Moisés exerceu na fé
judaica, sendo respeitado por ter comunicado a palavra de Deus ao povo. O
pressuposto era o de que os anjos haviam declarado a Lei, e Moisés a entregou
lealmente ao povo (Hb. 3.2,5). Mas Jesus obteve maior glória que Moisés, pois
este foi um servo temporário, enquanto Cristo é o Filho eternamente. Moisés não
passou de uma testemunha que testificou das coisas que iriam acontecer
posteriormente, enquanto que Cristo é a própria revelação (Hb. 1.1,3). Moisés
foi um mordomo na casa, mas Cristo era o próprio dono. Por isso Moisés tinha
apenas parte na casa, Cristo, por sua vez, foi o Construtor (Hb. 3.6). Moisés
foi um servo fiel e amoroso a Deus, mas Cristo era e é Deus eternamente. Sendo
assim, desconsiderar Cristo e retornar para Moisés representava, no contexto da
Epístola aos Hebreus, bem como na aos Gálatas (Gl. 1.7-9), voltar do Maior para
o menor, abandonar o eterno em favor do temporário. Por analogia, seria como
sair do Ensino Médio e retornar para o Ensino Fundamental. Portanto, os crentes
hebreus deveriam lembrar que deixar Cristo seria abandonar a casa de Deus, e
perder a segurança que Ele mesmo proveu. Não é difícil encontrar nestes dias,
em alguns arraiais evangélicos, líderes que querem substituir a graça de Cristo
pelo legalismo judaico. Existem até aqueles que querem transformar a igreja em
verdadeiras comunidades judaicas, restaurando rudimentos antigos, que não fazem
sentido, nem têm respaldo bíblico, à luz do evangelho de Jesus.
3. UMA ADVERTÊNCIA À PERSEVERANÇA
O autor da Epístola aos Hebreus adverte os crentes
para que atentem para o passado de Israel, que endureceu seu coração diante da
palavra de Deus (Hb. 3.7). Os cristãos, naqueles tempos difíceis, bem como nos
dias atuais, devem manter a confiança em Deus até o fim (Hb. 3.14). O perigo da
apostasia ronda os arraiais cristãos, e não poucos, por causa da perseguição,
abandonam a fé. Com base no Sl. 95, o autor mostra o juízo que sobreveio a uma
geração porque não creu na Palavra de Deus. Em Ex. 17 e Nm 20, os israelitas
esqueceram e se rebelaram contra o Senhor, trazendo sobre eles mesmos as
penalidades da transgressão. Essa mensagem é bastante contundente ainda hoje,
considerando que muitos não estão levando a sério a Palavra de Deus. Há pessoas
que aderem com facilidade a determinados modelos evangélicos, sobretudo aqueles
que prometem prosperidade material, mas se distanciam do convívio cristão, tão
logo passam pela primeira provação. No cristianismo não é importante apenas
começar bem, é preciso também terminar bem. De nada adiante começar pelo
Espírito, mas finda na carne. A fé cristã deve estar alicerçada na Palavra de
Deus, e não em nossos sentimentos enganadores, muito menos em milagres, que ao
invés de fortalecerem a confiança, podem nos tornar dependentes deles. Os
israelitas viram muitos sinais durante a peregrinação pelo deserto, mas esses
não foram suficientes para mantê-los firmes na Palavra.
CONCLUSÃO
A palavra de Deus deve ser ouvida constantemente,
não podemos incorrer no risco de nos afastar dessa grandiosa salvação. Se por
um lado, podemos desfrutar positivamente do livramento que nos foi dado pelo
Senhor, por outro, negativamente, poderemos trazer condenação sobre nós, caso
venhamos a desistir da caminhada. Portanto, quem tem ouvidos ouça o que o
Espírito diz às igrejas, e “se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso
coração, como na provação” (Hb. 3.15).
Prof. Ev. José
Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog
subsidioebd
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
O autor dá início
ao capítulo três fazendo um contraste entre Moisés e Cristo. Ele estava
consciente da grande estima que seus compatriotas tinham pela figura do grande
legislador hebreu, Moisés. Em nenhum momento desse contraste o autor deprecia a
pessoa de Moisés, mas sempre o coloca como um homem fiel a Deus na execução de
sua obra. Entretanto, mesmo tendo assumido a grande missão de conduzir o povo
rumo à Terra Prometida, Moisés não poderia se equiparar a Jesus, o Autor da
nossa fé. O contraste entre Moisés e Cristo é bem definido: Moisés é visto como
um administrador da casa, Jesus como Edificador; Moisés é retratado como servo,
Jesus como Filho; Moisés foi enviado em uma missão terrena, Jesus numa missão
celestial, eterna.
Como já exposto nas lições anteriores, os crentes
hebreus estavam enfrentando um esfriamento na fé e pensando em abandonar a fé
voltando ao judaísmo. Numa época de intensa perseguição e
dificuldade para os cristãos “… Naquele dia, levantou-se grande perseguição
contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos
pelas regiões da Judéia e Samaria” (At 8.1).
“[...]
No capítulo 1 de Hebreus, o autor afirmou que Jesus é superior tanto aos
outros profetas de Deus como aos anjos. Ele continua sua afirmação no capítulo
três, observando que Jesus é superior até mesmo a Moisés! Os judeus tinham
muito respeito por Moisés, porque ele recebeu a velha lei de Deus e o escritor
de Hebreus reconhece sua fidelidade. Mas Jesus é superior até mesmo a Moisés,
do mesmo modo que o construtor de uma casa tem mais honra do que a casa que ele
constrói (3:3), assim como o filho do dono da casa é superior a um servo
daquela casa (3:1-6). De fato, é sua casa! O escritor fala da igreja (3:6-
“qual casa somos nós”; veja também 1 Timóteo 3:15). Mais tarde, no livro, o
escritor estenderá este argumento da superioridade de Jesus, observando que sua
aliança é também superior àquela dada através de Moisés (capítulos 9 e 10).” (DVORAK.
Allen, O Livro de Hebreus. ©1996. Estudo Textual: Hebreus 3:1-4:16 Um Descanso
Permanece. Disponível em:https://www.estudosdabiblia.net/hebreus.htm#Hebreus 2:1-18.
Acesso em 10 jan, 2018)
“Pelo que, santos irmãos, participantes da
vocação celestial, considerai o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão,
Jesus” (3.1). O autor utiliza um ‘Imperativo Afirmativo’ – ‘Considerai’,
(“julgar; caracterizar determinada coisa”; “fazer julgamentos”; “Não
desprezar; ter em conta”; “Respeitar; demonstrar respeito por”), para
exortar aqueles crentes para que fixem-se em Jesus; olhem para
Jesus. Jesus Cristo é o alvo a ser alcançado, não deveriam olhar para trás.
Jesus é superior à Moisés, é o Apóstolo, o enviado e pontífice da fé que
professamos; Ele é o Sumo Sacerdote, Aquele que faz expiação por nós, que
intercede diante de Deus em nosso favor. Julguem, não desprezem, demonstrem
respeito por Aquele que cumprirá o nosso chamado “celestial”. Ele nos conduzirá
para a glória (Hb 2.10).
I. UMA TAREFA
SUPERIOR
1. Uma vocação superior. O autor introduz a seção vv.1-6 tomando como ponto de
partida o que havia dito anteriormente — Jesus era o autor e mediador da nossa
salvação (Hb 2.14-18). Tomando por base esse conhecimento, seus leitores, a
quem ele chama afetuosamente de irmãos santos, deveriam ficar atentos ao que
seria dito agora (Hb 3.1). Eles não eram apenas um povo nômade pelo deserto
escaldante à procura da Terra Prometida, mas herdeiros de uma vocação
celestial. Eles deveriam se lembrar de quem os fez aptos e idôneos dessa vocação.
Nesse aspecto, os leitores de Hebreus não deveriam ter dúvida alguma de que
Jesus, como Aquele que os conduzia ao destino eterno, era em tudo superior a
Moisés, a quem coube a missão de conduzir o povo à Canaã terrena.
Moisés foi o líder durante toda a peregrinação de
Israel no deserto por 40 anos. Nos relatos de Êxodo e Deuteronômio podemos ver
a dureza de coração e a incredulidade do povo de Israel, que mesmo
experimentado portentosas demonstrações de poder de Yahweh, quando
graciosamente foram libertos sob Moisés, com sinais e prodígios (pragas e
abertura do Mar Vermelho), não hesitavam em olhar para traz e pecar contra
Deus. Moisés liderou esse povo de ‘dura cerviz’ ao Monte Sinai onde Deus lhes
deu a Lei com grandes demonstrações de poder (fogo, trovões, sonido), e do
Sinai, levou-os à entrada da terra prometida. O autor da carta aos Hebreus
destaca a fidelidade de Moisés na condução do povo bem como para com Deus, mas
como servo. Agora, ele nos faz ver que Cristo é superior a Moisés, porque ele é
Filho, o Filho de Deus, o Criador de todas as coisas. O Novo Testamento está
recheado de referências falando sobre que Cristo é efetivamente Filho de Deus.
Aliás, ele é o Filho Unigênito de Deus em essência, porque não foi gerado por
um homem, mas pelo Espírito Santo de Deus.
“DA
ESPERANÇA ATÉ O FIM. O evangelho nos ensina que somos salvo em esperança, e
isso nos faz olhar para o futuro e com plena fé ter a certeza que Cristo nos
levará para si mesmo (João 14:2-3). O segredo não está em simplesmente levantar
a mão aceitando a Cristo como Salvador, mas sim, em tê-lo aceito como Senhor,
porque quem aceita a Cristo como Senhor, não faz mais a sua própria vontade,
mas a vontade soberana de Deus.” (COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO
Versículo Por Versículo, Hebreus 3.6. Disponível em: http://comentarionovotestamento.blogspot.com.br/2017/03/hebreus-36.html. Acesso em 6 jan,
2018)
2. Uma missão superior. O autor pela primeira vez usa a palavra apóstolo em relação
a Jesus (Hb 3.1). A palavra apóstolo se refere a alguém que é comissionado como
um representante autorizado. Não havia dúvida de que Moisés havia sido um
enviado de Deus em uma missão, todavia, ele não foi o "apóstolo da grande salvação".
A missão de Moisés foi tirar o povo de dentro do Egito e conduzi-lo à Terra
Prometida, mas a missão de Jesus é a de conduzir a Igreja à Canaã celestial. A
missão mosaica era daqui, a Canaã terrena; a missão de Jesus possuía uma
vocação celestial. Cristo não foi apenas um enviado em uma missão, mas acima de
tudo, o apóstolo da nossa confissão, alguém com autoridade na missão de nos
conduzir ao destino eterno.
O capítulo três começa chamando nossa atenção para
os papéis de Jesus como Apóstolo e Sumo Sacerdote. Apóstolo é uma palavra grega
que significa aquele que é enviado, mensageiro ou embaixador. Aquele
que representa a quem o enviou. Este título é aplicado a Cristo somente
neste lugar no Novo Testamento, e enfatiza o fiel cumprimento da missão que o
Pai lhe deu (veja o versículo 2; 10.5-16; Jo 6.38). O capítulo 4 termina
encorajando o cristão a conservar-se firme na sua confissão e apelar para seu
Sumo Sacerdote, por auxílio no tempo da necessidade (4:14-16).
“Com
referência a Nm 12.7Moisés e Cristo são comparados quanto à finalidade e
contrastados quanto à honra. Embora privilegiado para falar face a face com
Deus e ver a sua forma (Nm 12.8), Moisés era apenas
um ‘servo’ na casa de Deus (v. 5). Cristo, porém,
como agente da Criação (1.2,10), merece a honra como o Construtor divino de
todas as coisas e ‘como Filho, em sua casa’ (v. 6).” (Bíblia de
Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do
Brasil, 1999. Nota textual Hebreus 3.2-6. Pág. 1466.)
Assim, é garantida nossa chegada à Canaã Celestial,
pois Cristo não foi apenas o enviado com uma missão, mas o enviado para a
religião cristã! ‘Confissão’ em 3.1 é uma metonímia, a coisa professada, isto
é, Jesus a quem professamos. Hebreus 4.14 tem um uso semelhante da palavra,
porque os leitores são ordenados a conservarem firme a sua confissão, mais uma
vez com referência a Jesus como Sumo Sacerdote.
3. Uma mediação superior. Depois de afirmar que Jesus era "o apóstolo", o
autor também diz que Ele é o "sumo sacerdote da nossa confissão".
Jesus era superior a Moisés, não apenas em relação à missão, mas também em
relação à função que exercia. O autor fará um contraste mais detalhado entre o
sacerdócio de Cristo e o araônico mais adiante, mas aqui os crentes deveriam
ter em mente que a mediação de Jesus era em tudo superior ao sistema mosaico e
levítico. Cristo era o mediador da nossa confissão. A palavra
"confissão" traduz o termo original homoiogia, que tem o sentido
primeiro de "concordância". Quando confessamos Jesus como Salvador,
concordamos que Ele em tudo tem a primazia. Ele é o Senhor. Ele é maior do que
tudo e do que todos; Ele, e somente Ele, é a razão do nosso viver.
O autor chama a Cristo de Sumo Sacerdote e o compara
ao sumo sacerdote judeu, por ter se oferecido a si mesmo como o sacrifício
pelos pecados (Hb 9.7, 11, 12). Cristo é Sumo Sacerdote de acordo com a ordem
de Melquisedeque, (Cap. 5 e 6), e no capítulo 7, o autor explica por que Jesus
não pertence à ordem Aarônica e sim à ordem segundo Melquisedeque. O Antigo
Testamento esclarece o ofício de um sumo sacerdote como representante dos
homens, entrando na presença do Senhor para oferecer sangue em benefício dos pecadores.
“De conformidade com o propósito do
escritor de Hebreus, Jesus é apresentado como um sumo sacerdote superior aos
sacerdotes levitas. Os sumos sacerdotes do Velho Testamento, oferecendo sangue
pelos pecados do povo, eram, eles mesmos, realmente pecadores (Hb 5.1-3;
7.26-27). Antes que o sumo sacerdote pudesse fazer intercessão pelo povo no Dia
da Expiação, ele tinha que oferecer um novilho pelos seus próprios pecados.
Jesus, contudo, ainda que tentado, era sem pecado (Hb 2.18;4.15;7.26). Ainda mais,
Jesus não fica impedido pela morte em seu serviço como sumo sacerdote. Os
sacerdotes do Velho Testamento, sendo homens, morriam e o serviço de sumo
sacerdote era passado ao próximo homem apontado pelo mandamento da Lei de
Moisés. Jesus vive para sempre e é assim capaz de continuar com seu serviço
sacerdotal tanto tempo quanto for necessário (Hb 7.23-25). Até mesmo o local do
seu serviço é superior, sendo um tabernáculo celestial em vez de um físico.
Jesus pode entrar na presença de Deus sem uma nuvem de incenso para protegê-lo
porque ele não tem pecado. Obviamente, o serviço sacerdotal de Jesus é superior
em outro ponto importantíssimo. Jesus não ofereceu diante de Deus o sangue de
um animal, um sacrifício inadequado para o perdão (Hb 10.4). Em vez disso, ele
ofereceu seu próprio sangue, assim tornando-se tanto o sacerdote como o
sacrifício (Hb 9.11-12, 28)! Pelo fato de seu sacrifício ter sido adequado para
o perdão dos pecados, precisou ser feito somente uma vez, em contraste com os
sacrifícios dos sacerdotes do Velho Testamento, que eram oferecidos ano após
ano (Hb 9.12,24-28;10.10-14). No tabernáculo e no templo do Velho Testamento,
somente o sumo sacerdote podia entrar no Santo dos Santos, uma vez por ano,
sempre com sangue como oferenda pelo pecado. Agora, contudo, o caminho para o
Santo dos Santos celestial está aberto por causa da obra sacrifical de Jesus.
Deus mostrou o significado da morte de Jesus rasgando o véu que separava o
Santo dos Santos do Santo Lugar quando Jesus morreu (Mt 27.51). O privilégio de
entrar e habitar na presença de Deus no céu está disponível a todos através do
sangue de Jesus Cristo (Hb 10.19-22). Assim como Jesus em sua pureza entrou na
presença de Deus, também podemos entrar na presença de Deus purificados pelo
sangue de Jesus Cristo. Deus seja louvado por esta maravilhosa esperança!” (DVORAK.
Allen, Jesus: Perfeito Sumo Sacerdote. Disponível em: https://www.estudosdabiblia.net/d48.htm. Acesso em 6 jan, 2018)
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Prezado(a) professor(a), inicie a aula desta semana fazendo
as seguintes perguntas:
a) O que Moisés
representou para o povo de Israel?
b) Qual foi o
papel de Moisés no estabelecimento da Antiga Aliança de Deus com o seu povo?
c) Por que Moisés
é uma autoridade respeitada na história de Israel?
Ouça as respostas dos alunos e em seguida faça um resumo
abordando as respostas das três perguntas a fim de amarrar as informações. A
ideia dessa atividade é familiarizar a classe com Moisés a fim de, a partir da
importância dele para o povo judeu, destacar a magnitude de Jesus Cristo como o
mediador da Nova Aliança.
II. UMA
AUTORIDADE SUPERIOR
1. Construtor, não apenas
administrador. O autor destaca
que tanto Moisés como Jesus foram fiéis na "casa de Deus" (Hb 3.2).
Eles foram fiéis na missão que lhes foram confiada. Isso mostra o apreço que o
autor possuía pelo legislador hebreu. Todavia, ao se referir a Jesus, o autor
usa a palavra grega aksioô, traduzida como "digno",
"valor", "mérito". Duas coisas precisam ser destacadas no
uso desse vocábulo pelo autor. Primeiramente ele quer mostrar que o mérito de
Jesus era maior do que o de Moisés. Nosso Senhor era o construtor do edifício,
da casa de Deus, e não apenas o mordomo, como fora Moisés. Os crentes
precisavam enxergar isso e, assim, valorizarem mais a sua salvação. Por outro
lado, ao usar o pretérito perfeito (tempo verbal grego), ele demonstra que a
glória de Moisés era desvanecente, enquanto a de Jesus era permanente.
A comparação é ressaltada pela declaração de que
aquele que estabeleceu a casa é maior do que a própria casa. Há duas
interpretações para quem seja o ‘construtor’. A primeira afirma que é Jesus, já
que Ele está sendo comparado à Moisés, neste caso, a comparação é entre Jesus,
o edificador da casa, e Moisés, a casa que Ele edificou. Uma segunda
interpretação identifica Deus como o edificador, o que é apoiado pelo v. 4.
“A implicação necessária é que Jesus é o
construtor da casa e, portanto, que ele é divino (v. 4). Este texto indica
tanto a identidade de Cristo como Deus (‘que a estabeleceu’) quanto a sua
distinção pessoal do Pai (v. 6)”. (Bíblia de Estudo de
Genebra. São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil,
1999. Nota textual Hebreus 3.2-6. Pág. 1466.)
Talvez haja aqui a ideia de Jesus Cristo como
Fundador da Sua casa, a igreja. Ainda que, não é o caso fazermos nenhuma
distinção entre o Pai e o Filho aqui, porque é Deus quem funda Sua própria
casa, mas o faz através do Seu Filho.
“Deve ser notado que a combinação de glória e
honra neste versículo corresponde não somente à citação do Salmo 8
em 2.7, como também ao louvor ao Cordeiro pelos seres viventes em Apocalipse
5.12-13 (cf. também Ap 4.9, 11; 7.12). Mesmo assim, no presente versículo
“glória” é aplicada às pessoas e “honra” à casa e ao edificador,
presumivelmente porque “glória” seria uma ideia menos apropriada a aplicar a
uma construção ou ao seu construto.” (GUTHRIE, Donald.Hebreus
introdução e comentário – Ed Vida Nova e Mundo Cristão. Disponível em: https://teologiaediscernimento.files.wordpress.com/2014/08/hebreus-introduc3a7c3a3o-e-comentc3a1rio-donald-guthrie.pdf. Acesso em 6 jan, 2018)
2. Filho, não apenas servo. O autor sabe da grande estima que Moisés possuía
dentro da comunidade judaico-cristã e por isso é extremamente cuidadoso no uso
das palavras. “E, na verdade, Moisés foi fiel em toda a sua casa, como servo,
para testemunho das coisas que se haviam de anunciar; mas Cristo, como Filho,
sobre a sua própria casa; a qual casa somos nós, se tão somente conservarmos
firme a confiança e a glória da esperança até ao fim” (Hb 3.5,6). Em vez de
usar o termo doulos (servo), vocábulo usado para se referir a um escravo ou
serviçal, ele usa outro vocábulo, therápôn. Essa palavra só aparece aqui no
Novo Testamento e é traduzida como servo ou ministro. A ideia expressa é de um
serviço que é prestado de forma voluntária entre duas pessoas que se relacionam
bem. Assim era Moisés com o seu Deus. Mas o autor deixa claro que esse
relacionamento de Moisés com Deus não podia se equiparar ao de Deus com o seu
Filho, Jesus.
Outra linha de argumento agora é introduzida para
reforçar a posição superior de Cristo sobre Moisés — a diferença entre um Filho
e um servo.33 Mais uma vez, a fidelidade de Moisés é enfatizada de uma maneira
que sugere nada mais de que um servo. A palavra traduzida “servo” aqui não é o
teimo usual doulos que é usado noutras partes do Novo
Testamento, mas, sim, therapôn que ocorre somente aqui.
Refere-se a um “serviço pessoal prestado gratuitamente. É uma palavra de mais
ternura do que doulos e não subentende as implicações de
servilidade desta última palavra. Mesmo assim, o assistente pessoal não pode
compartilhar da mesma categoria do Filho. No caso de Moisés, o servo tinha uma
tarefa importante a realizar, para dar testemunho do que havia de se seguir. Noutras
palavras, aquilo que Moisés representa na história judaica não é completo em si
mesmo. Apontava para o futuro, para uma revelação mais plena de Deus num tempo
posterior, i.é, diz respeito a coisas que haviam de ser anunciadas, expressão
esta que deve indicar o tempo de Cristo. A missão do servo, por mais grandiosa
que fosse, prepara o caminho para a missão muito maior do Filho.
A fidelidade de Cristo é repetida para ressaltar sua
superioridade à de Moisés, em virtude da Sua Filiação. Como Filho ecoa o tema
principal da parte inicial da Epístola. O escritor está impressionado pelo
pensamento de que nosso Sumo Sacerdote não é outro senão o Filho de Deus. Isto
ficará evidente em vários momentos no desenvolvimento da sua discussão. Para
ele, a Filiação de Jesus acrescenta dignidade incomparável ao ofício
sumo-sacerdotal. (GUTHRIE, Donald. A Carta aos Hebreus - Introdução e
Comentário por - Sociedade Religiosa Edições Vida Nova e Associação Religiosa
Editora Mundo Cristão. Disponível em:https://teologiaediscernimento.files.wordpress.com/2014/08/hebreus-introduc3a7c3a3o-e-comentc3a1rio-donald-guthrie.pdf.
Acesso em 6 jan, 2018).
3. Uma igreja, não apenas
tabernáculo. Alguns
autores entendem que a expressão “casa de Deus” usada em relação a Moisés pode
se referir ao tabernáculo como centro do culto mosaico no deserto, enquanto
outros veem como uma referência à antiga congregação do povo de Deus do êxodo.
Em todo caso, a ideia gira em torno do povo de Deus que adora na Antiga
Aliança. Moisés foi um ministro de Deus no culto da congregação do deserto. Mas
Jesus, como Filho é o ministro da Igreja, o povo de Deus na Nova Aliança, “a qual
casa somos nós” (Hb 3.6).
Enquanto ainda pensa na casa de Deus, fica sendo
mais específico e identifica seus leitores com a casa, mas estabelece uma
condição ao assim fazer: se guardamos firme até ao fim a ousadia e a exultação
da esperança. As declarações condicionais nesta Epístola são significantes. O
escritor deseja tomar claro que somente aqueles que são coerentes com aquilo
que professam têm qualquer direito de fazer parte da “casa”. A palavra
traduzida “ousadia” ou “confiança” (parrèsia) é outra ideia
característica nesta Epístola. Aqui a implicação é que temos uma certeza sólida
à qual podemos apegar-nos. A palavra neotestamentária para “esperança” é
muito mais enfática do que o uso normal em português, onde quase não significa
mais do que um piedoso desejo que talvez não tenha base real nos fatos. Tal
tipo de esperança dificilmente forneceria uma base satisfatória para a
exultação. Ninguém vai exultar numa coisa que não tem certeza de que irá
acontecer. O escritor está suficientemente convicto da certeza da esperança
cristã para usar uma expressão enfática (tokauchéma, jactância
exultante) para descrever a atitude do cristão para com ela. Vale notar que a
ousadia da qual aqui se fala é referida outra vez no fim da discussão teológica
e no começo da aplicação (cf. 10.19). A mesma ideia de “guardar firme” que é
usada aqui ocorre lá na forma de uma exortação. (GUTHRIE, Donald. A
Carta aos Hebreus - Introdução e Comentário por - Sociedade Religiosa Edições
Vida Nova e Associação Religiosa Editora Mundo Cristão. Disponível em: https://teologiaediscernimento.files.wordpress.com/2014/08/hebreus-introduc3a7c3a3o-e-comentc3a1rio-donald-guthrie.pdf. Acesso em 6 jan, 2018).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“[...]
Pedro apresenta Jesus como o Profeta semelhante a Moisés (vv.22,23). Moisés
havia declarado: ‘O SENHOR, teu Deus, te despertará um profeta do meio de ti,
de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis’ (Dt 18.15). Seria natural dizer que
Josué cumpriu essa profecia. Josué, o seguidor de Moisés, realmente veio depois
deste e foi um grande libertador de seu tempo. Surgiu, porém, outro Josué (na
língua hebraica, os nomes Josué e Jesus são idênticos). Os cristãos primitivos reconheciam
Jesus como o derradeiro cumprimento da profecia de Moisés.
No
final do capítulo (vv.25,26), Pedro lembra aos ouvintes a aliança com Abraão,
muito importante para se entender a obra de Cristo: ‘Vós sois os filhos dos
profetas e do concerto que Deus fez em nossos pais, dizendo a Abraão: Na tua
descendência serão benditas todas as famílias da terra. Ressuscitando Deus a
seu Filho Jesus, primeiro o enviou a vós, para que nisso vos abençoasse, e vos
desviasse, a cada um, das vossas maldades’. Claro está que, agora, é Jesus quem
traz a bênção prometida e cumpre a aliança com Abraão – e não apenas a Lei dada
por meio de Moisés” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma
Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, pp.307,08).
III. UM
DISCURSO SUPERIOR
1. O perigo de ouvir, mas não
atender. Seguindo a redação
da Septuaginta (tradução grega da Bíblia Hebraica), o autor cita o Salmo
95.7-11 para trazer uma série de advertências. Se o povo de Deus no Antigo
Pacto precisou ser exortado, maior exortação precisava os que tinham maiores
promessas. Primeiramente havia o perigo de ouvir e não atender (Hb 3.7,8). No
passado, o povo de Deus tinha ouvido a mensagem divina; entendido, mas não
atendido! O mesmo erro estava se repetindo. O Espírito Santo, falando
profeticamente pela boca do salmista, advertia os o leitores para que seus
corações não se endurecessem. É um apelo atual, porque o povo de Deus muitas
vezes demonstra ser tardio para ouvir.
O autor agora cita o Salmo 95.7-11 e passa a usar
numerosas citações e alusões breves a fim de permanecer dentro do alvo de sua
exposição e advertir para ‘não endurecer o coração’. o Salmo 95.7 diz: “pois
ele é o nosso Deus, e nós somos o povo do seu pastoreio, o rebanho que ele
conduz” que se enquadra bem no conceito cristão da igreja como o rebanho de
Deus. Mas a exortação subsequente contra a imitação do exemplo dos israelitas
introduz uma nota severa de advertência.
2. O perigo de ver, mas não
crer. "[...] E viram, por
quarenta anos, as minhas obras" (Hb 3.9). Erra quem pensa que só acredita
quem vê. Parece que quem muito vê, menos acredita. Acaba ficando acostumado com
o sobrenatural. Para algumas pessoas o sobrenatural se "naturaliza".
É exatamente isso que aconteceu no deserto e era especificamente isso que
acontecera com a comunidade dos primeiros leitores de Hebreus. Tanto Moisés
como Jesus foram poderosos em obras, mas isso não era suficiente para segurar
os crentes. É preocupante quando o cristão se acostuma com o sobrenatural e
nada mais parece impactá-lo ou sensibilizá-lo.
No texto de 3.9 temos uma descrição da desobediência
de Israel para lembra-nos contra a doção de uma atitude fixa de desobediência a
Deus.
“Estas
foram duas ocasiões clássicas que se destacam na história de Israel como
ocorrências de rebelião contra Deus. A palavra usada para rebelião
(parapikrasmos) ocorre no Novo Testamento somente aqui e no v. 15, e vem da
raiz pikros (“amargo”); pode ter sido sugerida pelo incidente em Meribá, onde a
água foi achada amarga. Parece ter sua origem na própria Septuaginta, para
expressar de modo deliberado a provocação contra Deus. Deve ser distinguida da
palavra paralela em SI 95.10 (ARA desgostado), que significa “ter nojo de,
aborrecer,” MM).” (GUTHRIE, Donald.Hebreus introdução e
comentário – Ed Vida Nova e Mundo Cristão. Disponível em:https://teologiaediscernimento.files.wordpress.com/2014/08/hebreus-introduc3a7c3a3o-e-comentc3a1rio-donald-guthrie.pdf. Acesso em 6 jan,
2018)
“E o Senhor disse a Moisés: ‘Até quando este povo
me tratará com pouco caso? Até quando se recusará a crer em mim, apesar de
todos os sinais que realizei entre eles? Eu os ferirei com praga e os
destruirei…” (Nm 14.11-12). Deus estava realizando no meio dos israelitas
diversos sinais miraculosos, desde que os tirou do Egito, e, mesmo assim, eles
duvidaram do poder de Deus de conduzi-los à Canaã. Em consequência da
incredulidade, infidelidade e desobediência do povo, Deus fez com que eles
levassem 40 anos para atravessar o deserto, até que aquela geração que saiu do
Egito perecesse. Por causa da sua incredulidade, apenas dois entraram na Terra
Prometida: Calebe e Josué. Isso nos serve de lição: Não devemos duvidar da
fidelidade e do poder de Deus.
3. O perigo de começar, mas não
terminar. "Estes sempre
erram em seu coração e não conheceram os meus caminhos" (Hb 3.10b). Com
essas palavras o autor mostra o perigo de começar, mas não chegar; de andar,
mas se desviar. Alguns do antigo povo de Deus haviam começado bem, mas
terminado mal. Muitos caíram pelo caminho, desistiram da estrada. O mesmo risco
estava ocorrendo com os cristãos neotestamentários — haviam começado bem, mas
corriam o risco de caírem e perderem a fé. Esse alerta é para nós hoje! Como
está a tua fé?
A ignorância dos caminhos de Deus naturalmente leva
as pessoas a desviar-se deles. O inverso também é verdade, quando em um estado
endurecido de mente torna-se impenetrável à voz de Deus e leva à ignorância
cada vez maior dos Seus caminhos, não porque Deus não os faça conhecidos, mas,
sim, porque a mente endurecida não tem disposição alguma para escutar. O que
era verdadeiro para os israelitas é um comentário sobre todos aqueles que
resistem às reivindicações de Deus. O verdadeiro cristianismo é demonstrado
pela perseverança, pela confiança contínua em Cristo e pela lealdade para com
aquele que é a nossa esperança (cf. Cl 1.27). Não é aquele que diz que pertence
à casa de Deus que é verdadeiramente salvo, mas sim aquele que permanece crendo
até o fim.
SUBSÍDIO DOUTRINÁRIO
“SE OUVIRDES HOJE A SUA VOZ Citando Salmos 95.7-11, o escritor se refere à desobediência
de Israel no deserto, depois do êxodo do Egito, como advertência aos crentes
sob o novo concerto. Porque os israelitas deixaram de resistir ao pecado e de
permanecer leais a Deus, foram impedidos de entrar na Terra Prometida (ver Nm
14.29-43; Sl 95.7-10). Semelhantemente, os crentes do Novo Testamento devem
reconhecer que eles, também, podem ficar fora do repouso divino, se forem
desobedientes e deixarem que seus corações se endureçam.
NÃO ENDUREÇAIS O VOSSO CORAÇÃO
O
Espírito Santo fala conosco a respeito do pecado, da justiça e do juízo (Jo
16.8-11; Rm 8.11-14; Gl 5.16- 25). Se formos indiferentes à sua voz, nossos
corações se tornarão cada vez mais duros e rebeldes a ponto de se tornarem
insensíveis à Palavra de Deus ou aos apelos do Espírito Santo (v.7). A verdade
e o viver em retidão já não serão prioridades nossas. Cada vez mais, buscaremos
prazer nos caminhos do mundo e não nos caminhos de Deus (v.10). O Espírito
Santo nos adverte que Deus não continuará a insistir conosco indefinidamente se
endurecermos os nossos corações por rebeldia (vv.7-11; Gn 6.3). Existe um ponto
do qual não há retorno (vv.10,11; 6.6; 10.26)” (Bíblia de Estudo Pentecostal.
Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.1902).
CONCLUSÃO
Ao mostrar a superioridade de Jesus sobre Moisés, o
autor da Carta aos Hebreus não tencionava exaltar o primeiro e desprezar o
segundo, mas pôr em relevo a obra do Calvário, bem como esclarecer como os
crentes devem valorizá-la. Ora, se Moisés que não era divino, que não se deu
sacrificalmente em lugar de ninguém, merecia ser ouvido, então por que Jesus, o
Filho do Deus bendito, Senhor da Igreja e superior aos anjos, não merecia
reconhecimento ainda maior?
Para concluir, quero ir um pouco mais longe do que
o fechamento do comentarista. Gostaria de refletir em Números 20, a partir do
versículo 8, e aplicar as lições do deserto de Zim, para entendermos ainda
melhor a superioridade de Cristo em relação à Moisés. Depois de muitas lutas e
sofrimentos, Moisés não pôde entrar na terra prometida, e o motivo foi a sua
desobediência e, pasmem, sua falta de fé (Nm 20.12; Dt 32.51). A ordem era
falar à rocha e não feri-la. Aquela rocha era um símbolo de Jesus; no sermão da
montanha, Jesus é a rocha sobre a qual o homem prudente edifica sua casa (Mt
7.24-25). Moisés acabou extrapolando sua autoridade e tomou para ele a glória
da água da rocha, porque ele disse ao povo: “Porventura tiraremos água desta
rocha para vós?” Com esta expressão egoísta (“tiraremos”), e uma
dúvida (“porventura”), temos uma ausência total da glória devida a Deus! Por
tudo isto, o Filho é superior ao servo – apesar de ferido, injuriado,
injustiçado, deu-se sacrificialmente em lugar do povo...
“... corramos, com perseverança, a carreira que nos
está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus ...” (Hebreus 12.1-2)
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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