sábado, 2 de setembro de 2017

LIÇÃO 10: AS MANIFESTAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO



SUBSÍDIO I

AS MANIFESTAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO

O batismo no Espírito Santo está disponível hoje? Sim, o batismo no Espírito Santo está disponível para você e para qualquer pessoa que o Senhor nosso Deus chamar, embora alguns estudiosos afirmem que tal acontecimento não está disponível para os crentes de hoje. Eles dizem que o fenômeno só ocorreu naquele tempo quando a Igreja estava nascendo. Mas milhares de experiências ao longo da história da Igreja desmentem tal ideia. Na Bíblia, não há nenhum versículo que embase a tese de que o batismo no Espírito Santo cessou, pois as Escrituras afirmam o alcance passado, presente e futuro dessa maravilhosa promessa do Pai: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar.” (At 2.39).
Logo, o batismo no Espírito Santo é uma promessa de Deus para todos: homens, mulheres, crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos. Uma promessa que abarca “todos aqueles que o Senhor, nosso Deus, chamar” (At 2.39). Não estando limitada aos tempos e denominações, mas a corações sinceros e quebrantados, desejosos em mergulhar nas “águas do Espírito”. O batismo no Espírito é uma segunda e extraordinária experiência com Deus através do seu Filho Jesus Cristo ― a primeira trata-se da salvação operada por meio de Cristo.

Como receber o Batismo com o Espírito Santo?

Não há uma resposta exata para isso. Primeiro, porque não podemos agendar o derramamento do Espírito Santo ― Ele sopra onde quer (Jo 3.8). Segundo, porque temos de estar vigilantes para não enganarmos a nós mesmos com falsas experiências espirituais. 
Nesse aspecto, poderíamos dizer que para receber o batismo no Espírito não há uma “receita”, mas segundo o que nos orientam as Escrituras, em primeiro lugar, devemos crer na promessa do batismo no Espírito Santo por intermédio da Palavra de Deus, isto é, aguardar e confiar em Deus que Ele poderá fazer isso em nossa vida (At 1.4). Em segundo, perseverar em oração e súplicas a Deus. Os nossos irmãos do passado oraram ao Senhor com todo fervor em busca dessa promessa (At 1.14). E depois, amar a exposição da Palavra de Deus. No livro de Atos, após as pessoas ouvirem a exposição da Palavra, o Espírito Santo foi derramado (At 10.44). A exposição do Evangelho gera fé em nosso coração, confiança em Deus e desejo de nos aproximarmos mais dos seus desígnios.

Ensinador Cristão, Ano 18, nº 71, jul./set. 2017.

SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Uma das doutrinas basilares da Assembleia de Deus, e do Movimento Pentecostal como um todo, é o batismo no Espírito Santo, com evidência inicial de falar línguas, e a atualidade dos dons espirituais. Por isso, nos estenderemos um pouco mais nessa aula, a fim de apontar os aspectos fundamentais dessas doutrinas. Inicialmente trataremos a respeito do batismo no Espírito Santo, e em seguida, dos Dons Espirituais, com ênfase em I Co. 12. 1-7, reconhecendo que existem outras passagens alusivas aos dons espirituais.
                                                                                                       
1. OBJETIVO DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

O objetivo central do batismo com o Espírito Santo não é a santificação, mas a preparação para o serviço. Essa é a razão pela qual Jesus ordenou aos seus discípulos, conforme o registro de Lucas, 24.49: “E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder”. Ainda em outra oportunidade: E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes.  Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias” (At. 1.4,5).

2. A PROMESSA DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

Em At. 1.8, Jesus, antes de ascender ao Céu, disse aos seus discípulos: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra”. Devemos observar que essa foi uma promessa ao discípulos que já desfrutavam de profunda comunhão com Cristo, pois seus nomes já estavam escritos nos Céus (Lc. 10.20) e já haviam sido purificados pela Palavra de Cristo (Jo. 13.10; 15.3). É válido ressaltar aqui que João Batista profetizou a respeito desse batismo: Mt. 3.11; Mc. 1.8; Lc. 3.16; Jo. 1.33.

3. TERMINOLOGIA BÍBLICA DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

Outros termos, do Novo Testamento, definem o que seja o batismo com o Espírito Santo. Ele é chamado de “enchimento” (At. 2.4), “derramamento”, conforme profecia de Jl. 2.28,29 (comp. At. 2.33; 10.45), “recebimento” do dom (At. 2.38, 8.17), “descida sobre” (At. 10.44; 11.15; 19.16). Conforme já vimos em lição anterior, esse é uma experiência recorrente, como diz Pedro, em At. 2.39) e como comprovação disso, vemos em At. 19.1-7, onde o verbo “crestes” é pisteusantes, particípio aoristo, que indica ação anterior à do verbo principal, reforçando, assim, a interpretação de que o “recebimento” do dom do Espírito foi posterior à “crença”.

4. O MOTIVO DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

Conforme depreendemos de At. 1.8, o propósito primordial do batismo com Espírito Santo é dotar o cristão de um poder sobrenatural para servir, através do qual, o indivíduo se torna um canal de testemunho para o mundo. Assim, o Senhor nos direciona no sentido de percebermos que não podemos testemunhar “até os confins da terra”, a menos que dependamos do “poder” dEle. A palavra poder, no grego, é dunamis, que se refere a capacidade dada por Deus para realizar coisas maravilhosas, incluindo, aqui, milagres, algo comum no livro de Atos. Um outro destaque para a palavra testemunha “martus”, que, no grego, tem tanto uma conotação legal quanto histórica, os apóstolos foram testemunhas da morte e ressurreição de Cristo (At. 2.32; 3.15; 5.32) e, na verdade, se tornaram “mártires”, que vem da palavra testemunha, isto é, entregaram suas próprias vidas por amor a Cristo.

5. O RECEBIMENTO DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

É comum, no meio evangélico, pensar que alguém recebe o batismo com o Espírito Santo por merecimento. Quando alguém vai a frente, pede, mas não recebe, pode achar que não obteve o “dom” porque deixou de cumprir algum ritual. Mas a experiência do Batismo com o Espírito Santo é um justamente isso, um “dom” (At. 10.45), sendo assim, não esperemos ser perfeitos para buscá-lo, pois como nos lembra o Senhor, aquele que batiza: “Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” (Lc. 11.13). Se alguém tiver de fazer alguma coisa para receber o batismo com o Espírito Santo, siga o exemplo dos discípulos, integre-se à adoração ao Senhor com júbilo sincero, do íntimo do nosso ser (Lc. 24.52), permaneçamos unanimemente em oração e súplicas (At. 1.14; 2.1).

6. DONS ESPIRITUAIS: definição e classificação

A palavra comum, no grego, para dons é charismata que, nos textos bíblicos, referem-se, no plural, às manifestações sobrenaturais provenientes do Espírito Santo para a edificação do corpo de Cristo (I Co. 12.4), tal palavra vem de charis (graça), sendo, portanto, assim como a salvação, dádiva divina, sem que haja merecimento. Conforme apontado anteriormente, tais dons são espirituais, isto é, pneumaticos (em grego), sendo assim, não se pode pensar que sejam resultantes do esforço meramente humano (I Co. 12.7; 14.1). Assim, o estudo desses vocábulos, a partir do grego do Novo Testamento, nos leva a concluir que os dons são dádivas espirituais, concedidas pelo Espírito Santo, sem que haja merecimento humano, a fim de favorecer a edificação da igreja. Em I Co. 12.8-10, temos a seguinte classificação teológica: Palavra da Sabedoria – este dom, geralmente, transmite uma palavra de sabedoria para orientar a igreja, assim como em Jo. 4.17,18; At. 6.10; 15.13-22; Palavra do Conhecimento – esse dom vem da revelação de um conhecimento antecipado de uma determinada verdade espiritual, como aconteceu em Jo. 4.23,24; At. 5.1-10; I Co. 14.24,25. Fé – esse dom tem como objetivo a operação de milagres, não se trata, portanto da fé para a salvação (Ef. 2.8,9), e muito menos da fé como aspecto do fruto do Espírito (Gl. 5.22). Essa é a fé dada instantaneamente por Deus para a realização de curas e milagres (Mt. 17.20; Mc. 11.22-24; Lc. 17.6).; Curas – no plural, são concedido para à restauração da saúde física, por meios divinos e sobrenaturais (At. 3.6-8; 4.30). O plural (dons) indica curas de diferentes enfermidades e sugere que cada ato de cura vem de um dom especial de Deus; Operação de milagres – atos sobrenaturais de poder que intervêm nas leis da natureza com o objetivo de glorificar a Deus (At. 9.40; 13.9-11; 20.10; 27.43; 28.5); Profecia – capacita o crente a transmitir uma mensagem uma palavra ou revelação diretamente de Deus, sob o impulso do Espírito Santo (I Co. 14.24-31), a igreja não pode ter essas mensagens como infalíveis, pois há falsos-profetas (I Jo. 4.1), por isso, toda profecia deve ser julgada (I Co. 14.29,32; I Ts. 5.20,21); Discernimento de espíritos – para discernir e julgar corretamente as profecias e distinguir se uma mensagem provém do Espírito Santo ou não. Esse dom é fundamental na medida em que existem muitas distorções dos ensinos cristãos (I Tm. 4.1), eis alguns exemplos: At. 5.3; 8.20-23; 16.16-18; Variedade de línguas – não se trata de uma língua aprendida, e, geralmente, não é entendida nem pelo que fala (I Co. 14.14) nem pelo que a ouve (I Co. 14.16). Quem fala em línguas edifica-se a si mesmo, por isso, quem fala línguas ore para que haja interpretação (I Co. 14.3,27,28); e Interpretação de línguas – capacidade concedida pelo Espírito Santo, não através do conhecimento prévio de determinado idioma, para que o portador do dom compreenda e transmita o significado de uma mensagem dada em línguas (I Co. 14.6,13,16). 

CONCLUSÃO

Os dons espirituais, conforme nos instrui o apóstolo Paulo, são dados para “cada um para o que for útil” (I Co. 12.7) e visam, acima de qualquer coisa, à edificação e à santificação da igreja (I Co. 12.7). Tantos os dons (charismata) de I Co. 12.8-10 quanto os de Rm. 12-6-8 são espirituais (pneumaticos), concedidos de acordo com a vontade do Espírito Santo (I Co. 12.11) a fim de suprir as necessidades da igreja (I Co. 12.31; 14.1)

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

As manifestações do Espírito de Deus, tais como veremos, dizem respeito, primeiramente ao batismo no Espírito Santo e aos dons espirituais. São dois temas da teologia pentecostal que nunca se esgotam e são importantes porque se tratam de evidências bíblicas de que a comunicação divina com o seu povo, e com cada crente individual, nunca cessou. Não somente a Bíblia, mas também o testemunho da história, e da experiência cristã, corrobora essa verdade. É sobre isso que trata o nosso estudo. [Comentário: Segundo o Dicionário Bíblico Wycliffe, o termo "Dom" quer dizer "presente", "dádiva" ou "oferta". O Dom Espiritual é a manifestação do poder do Espírito Santo sobre a Igreja de Deus. É uma capacidade sobrenatural para o cristão desempenhar uma função no Corpo de Cristo. A distribuição dos Dons Espirituais na Igreja manifesta a diversidade da operação do Espírito Santo em favor do seu povo, tanto para edificar os membros da Igreja de Cristo quanto para nos auxiliar em nossa vida de devoção a Deus, isto é, na prática da oração, da leitura da Palavra, do jejum e nas muitas outras disciplinas espirituais. Não podemos ignorar esta grande oportunidade que a Terceira Pessoa da Trindade nos dá. Segundo alguns expoentes, os dons dividem-se em ordinários e extraordinários. Na primeira classificação incluem-se os dons de natureza comum. Na segunda encontramos aqueles dons de caráter sobrenatural. Na opinião de muitos eruditos, alguns desses dons de natureza sobrenatural cessaram quando o Novo Testamento foi completado.] Dito isto, vamos pensar maduramente a fé cristã?

I. A DESCIDA DO ESPÍRITO SANTO
                                
1. A experiência do Pentecostes. Não é difícil descobrir na Bíblia o que é o batismo no Espírito Santo. João Batista disse: "E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; não sou digno de levar as suas sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mt 3.11).  Há inúmeras interpretações dessa passagem. No entanto, o próprio Senhor Jesus se referiu a esse batismo como a promessa do Pai (At 1.4) e acrescentou: "Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias" (At 1.5). Essa declaração vincula Mateus 3.11 com a experiência do dia de Pentecostes relatada em Atos 2.2-4. A prova disso é que o apóstolo Pedro identificou a experiência de Cornélio (At 10.44-46) com a promessa anunciada por João Batista e reiterada pelo Senhor Jesus (At 11.15-17). [Comentário: O batismo no Espírito Santo pode ter dois significados diferentes, dependendo do contexto: a conversão, quando o Espírito Santo entra na vida da pessoa; ou uma experiência poderosa com o Espírito Santo. Essas duas situações podem acontecer ao mesmo tempo ou em momentos distintos. A Bíblia fala sobre se encher do Espírito Santo. Efésios 5.18 diz que ficar cheio do Espírito Santo é melhor que ficar cheio de vinho! Nesse segundo sentido, o batismo no Espírito Santo é uma experiência especial que o crente pode ter com Deus. O batismo com fogo provavelmente significa a obra purificadora de Jesus, que salva quem se arrepende mas destrói o pecado. A expressão “batismo com fogo” apenas aparece duas vezes na Bíblia. O batismo com fogo vem de Jesus. É importante frisar que não existe nenhuma fórmula mágica para ser batizado no Espírito Santo. Não podemos forçar Deus (1Co 12.11). Mas temos a obrigação de desejar e podemos procurar essa bênção.]
2. Batismo "no" Espírito Santo ou "com o" Espírito Santo? As duas traduções são legítimas à luz da gramática grega e aceitáveis de acordo com o contexto. A ideia de batismo no Novo Testamento é de imersão, submersão (Rm 6.3,4; Cl 2.12). A Almeida Revista e Atualizada tem uma nota em Mateus 3.11 e Atos 1.5 informando "com; ou em" e a Nova Versão Internacional também traz uma nota similar. A Versão Almeida Revisada da Imprensa Bíblica Brasileira emprega "batizar em água" e "balizar no Espírito Santo" nas referidas passagens, respectivamente. Nós adotamos "em água" e "no Espírito Santo", pois "com", pode parecer aspersão, o que contradiz a ideia de imersão. [Comentário: Ser Batizado com o Espírito Santo significa ser imerso na Plenitude do Espírito. A preposição com é a partícula grega en, que pode ser traduzida como em ou com. Por isso, muitos preferem a tradução sereis batizados no Espírito Santo. Da mesma forma, batizados com água pode ser traduzido batizados em água. O próprio Jesus é aquele que batiza no Espírito Santo os que nEle crêem. Quanto à forma de batismo, a Bíblia ensina que existe apenas um tipo de batismo e este foi ensinado por Jesus e praticado por todos os apóstolos e pela igreja cristã primitiva (Ef 4.5; Mt 28.19, 20; Rm 6.1-6; At 8.38). O próprio termo “batismo” provém do grego baptizo e significa mergulhar, imergir e não aspergir. Também temos o testemunho, antes da era cristã, dos judeus que batizavam seus prosélitos por imersão.]
3. Os sinais sobrenaturais. Há três sinais que mostram a ação sobrenatural do Espírito Santo por ocasião de sua descida no dia de Pentecostes: o som como de um vento (At 2.2), a visão das línguas repartidas como que de fogo (2.3) e o falar em línguas (2.4). Os dois primeiros sinais jamais se repetirão, pois foram manifestações exclusivas que tiveram como objetivo anunciar a chegada do Espírito Santo. Alguém tão importante quanto o Filho, cuja encarnação e nascimento em Belém, ainda que extraordinários, porque o verbo se fez carne (Lc 2.9-11; Jo 1.4), tiveram sinais semelhantes. Além marcar a chegada do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, as manifestações sobrenaturais também inauguraram a (Igreja. Assim, o som soava como vento, mas não era vento, e da mesma forma visão não era fogo, mas lembrava o fogo de Deus (Êx 3.2; 1Rs 18.38). Foi um acontecimento singular, algo que ocorreu uma única vez. [Comentário: Depois de terminarem os dias de espera, o Espírito Santo veio sobre o grupo reunido dos discípulos de modo inédito, acompanhado de sinais sobrenaturais e fazendo com que irrompessem em louvores a Deus em línguas diferentes das suas próprias. Na medida em que os discípulos saíam para as ruas, a sua atividade estranha atraía a atenção das pessoas que ficaram atônitas com aquilo que ouviram. Muitas ficaram assombradas, mas algumas estavam dispostas a buscar uma explicação racionalística e algo desonrosa daquilo que acontecia. Barulho vindo do Céu (v.2). Vento e fogo são dois dos símbolos do Espírito Santo (Mt 3.11; Jo 3.8). A manifestação divina ligada ao fogo era comum no Antigo Testamento, tanto para trazer juízo (Jl 2.3), como para iniciar uma nova era ao povo de Deus (Êx 3.1,2). Línguas repartidas como que de fogo (v. 3). Isso fala das diversidades de línguas. O fogo é a garantia de que Deus estava nesse negócio, visto que para os judeus a manifestação divina estava ligada ao fogo (Êx 3.2, 3; 19. 16-20; 1 Rs 18. 38; Lc 9.54). "Todos foram cheios do Es­pírito Santo" (v.4). Nenhum dos patriarcas e profetas viveu essa expe­riência, embora alguns deles falassem desse evento mais como algo ainda para o futuro, pois, na época do Antigo Testamento, o Espírito Santo atuava sob medida.]

SUBSÍDIO DIDÁTICO
                               
Para auxiliar na preparação da sua aula, há alguns termos importantes que você deve conhecer bem a fim de ter êxito no assunto em foco. Por isso, reproduzimos esses três termos a fim de enriquecer a explicação deste tópico. Observe o quadro abaixo.
II. A NATUREZA DAS LÍNGUAS

1. Fonte. As línguas do Pentecostes eram sobrenaturais, pois foram caracterizadas como "outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem" (At 2.4). O termo grego para "outras" aqui é héterais, de héteros, "outro de tipo diferente". Há quem questione esse conceito, mas a fonte delas é o próprio Espírito Santo, o que torna a evidência visível e contundente. A outra evidência está presente na audição, e não simplesmente na fala, pois "cada um os ouvia falar em sua própria língua" (2.6). Lucas repete essa informação por mais duas vezes (vv.8,11). E, no versículo 11, ele acrescenta: [...] "Todos os temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus". [Comentário: A voz dos discípulos que clamavam alto lançou perplexidade sobre a multidão, porque não podia compreender como Galileus conseguiram falar as várias línguas dela. O que era importante é que se falavam as várias línguas maternas, vernaculares, destes povos. Talvez estranhemos como as multidões sabiam que os discípulos eram galileus. Um simples relance nas palavras atribuídas às multidões nos vv 7-11 indicará que não passam de resumo das várias coisas que estavam sendo ditas, combinadas, por razões literárias, numa só declaração coral, e, portanto, não precisamos supor que mais do que uns poucos da multidão sabiam reconhecer que os discípulos eram galileus. Lucas, ainda continuando sua versão global daquilo que os vários membros da multidão devem ter dito, passa a nos dar uma lista das nacionalidades representadas. Começa com três países ao leste do Império Romano, na área conhecida como Pérsia ou Irã, e depois (com uma mudança de construção), continua para o oeste, para a Mesopotâmia, o Iraque moderno, e a Judéia. Seguem-se, então, várias províncias e áreas na Ásia Menor (a moderna Turquia), e, depois, o Egito e área imediatamente para o oeste, seguida por Roma. Depois, há uma declaração geral que se aplica a todos os povos em epígrafe: havia uma população judaica considerável em cada uma destas áreas, e a presença dos judeus frequentemente levava à conversão dos gentios para se tomarem prosélitos. Finalmente, e de modo algo surpreendente, a lista inclui pessoas da Creta e da Arábia. É uma lista surpreendente, e ninguém tem conseguido dar uma explicação satisfatória de por que inclui aquela seleção específica de países, nem porque aparecem nesta ordem estranha. Certamente não foi inventada pelo próprio Lucas. Basta, então, observar que a lista claramente visa ser uma indicação de que estavam presentes pessoas de todas as partes do mundo conhecido, e talvez que haveriam de voltar aos seus próprios países como testemunhas daquilo que acontecia. Todas elas, como adoradores de Deus, podiam perceber que os cristãos estavam celebrando as obras poderosas de Deus.]
Atos - Série Cultura Bíblica - I. Howard Marshall - Sociedade Religiosa Edições Vida Nova e Associação Religiosa Editora Mundo Cristão, pág 75 e 79.
2. A glossolalia. É a manifestação das línguas estranhas no batismo no Espírito Santo bem como das línguas como um dos dons espirituais. Trata-se um termo técnico de origem grega glossa, "língua, idioma", e de lalia, "modo de falar" (Mt 26.73), conjugado à "linguagem" (Jo 8.43), substantivo derivado do verbo grego lalein, "falar". A expressão lalein glossais, "falar línguas" (1Co 14.5), é usada no Novo Testamento para indicar "outras línguas". É importante saber que as línguas manifestas no dia de Pentecostes são as mesmas que aparecem na lista dos dons espirituais (1Co 12.10,28; 14.2). Ambas são de origem divina e sobrenatural, mas são diferentes apenas quanto à função. [Comentário: "Começaram a falar em ou­tras línguas" (v. 4). Era Babel às avessas. Naquela torre, ninguém se entendia, pois um não compreendia o que o outro dizia (Gn 11.7-9). Em Jerusalém, no Pentecoste: "cada um os ouvia falar na sua própria língua" (v. 6). Essas lín­guas não eram da Terra. A palavra "línguas", nos versículos 3 e 4, é glossa. (grego). Mas o vocábulo "língua", nos versículos 6 e 8, é dialektos, (grego). O que isso significa? Que o milagre foi duplo: Os discípulos falaram línguas desconhecidas (glossa), e cada representante dessas 17 nações ouvia-os em sua própria língua (dialektos). É importante ressaltar que ‘Língua estranha’ não é o mesmo que língua estrangeira, a qual há sempre quem possa entender, mas a língua estranha só compreende quem o Espírito Santo revelar. Disse o apóstolo Paulo: "Porque o que fala língua estra­nha não fala aos homens, senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala de mistérios" (1 Co 14.2). “"Glossolalia - [Do gr. glosso, língua + Ialia, falar em língua]. Dom sobrenatural concedido pelo Espírito Santo, que capacita o crente afazer enunciados proféticos em línguas que lhe são desconhecidas. O objetivo da glossolalia é enunciar sobrenatural e extraordinariamente o Evangelho de Cristo, como aconteceu no Dia de Pentecoste (Atos 2); levar o crente a consolar-se no espírito, e a proclamar, com o auxílio do dom da interpretação, o conhecimento e a vontade de Deus à Igreja (1 Co 14). A glossolália, conhecida também como dom de línguas [desconhecidas], é um dom espiritual que, à semelhança dos demais, não ficou circunscrito aos dias dos apóstolos: continua atual e atuante na vida da Igreja" (ANDRADE, Claudionor Corrêa. Dicionário Teológico. 6. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1998, p. 167). Xenolalia - O falar em línguas num idioma conhecido, estranho apenas a quem o fala.
O interesse generalizado pelo batismo e dons do Espírito Santo convenceu alguns [os evangélicos do século XIX] de que Deus concederia o dom de línguas a fim de equipá-Ios com idiomas humanos identificáveis (xenolalia) para que pudessem anunciar o Evangelho noutro países, agilizando assim a obra missionária.
Em 1895, o autor e líder do Movimento da Santidade, W.B. Godbey, disse que o "dom de línguas" era "destinado a desempenhar um papel de destaque na evangelização do mundo pagão e no cumprimento profético glorioso dos últimos dias. Todos os missionários nos países pagãos deviam buscar e esperar esse dom que os capacitaria a pregar fluentemente no vernáculo.
Entre os que esperavam o recebimento do poder do Espírito para evangelizar rapidamente o mundo, achava-se o pregador da Santidade, em Kansas, Charles Fox Parham e seus seguidores. Convencido pelos seus próprios estudos de Atos dos Apóstolos, e influenciado por Irwin e Sandford, testemunhou Parham um reavivamento notável na Escola Bíblica Bethel, em Topeka, Kansas, em Janeiro de 1901. A maioria dos alunos, bem como o próprio Parham, regozijaram-se por terem sido batizados no Espírito e de haverem falado noutras línguas (xenolalia)
Assim como Deus concedera a plenitude do Espírito Santo aos 120 no Dia do Pentecoste, eles também haviam recebido a promessa (At 2.39).
Depois de 1906, os pentecostais passaram a reconhecer, cada vez mais, que, na maioria das ocorrências do falar em línguas, os cristãos realmente estavam orando em línguas não identificáveis e não em idiomas identificáveis (glossolalia ao invés de xenolalia). Embora Parham mantivesse sua opinião a respeito da finalidade das línguas na pregação transcultural, os pentecostais chegaram finalmente à conclusão: as línguas representavam a oração no Espírito, a intercessão e o louvor" HORTON, Stanley M et ali. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, pp.1 5-17,19,20. 'Glossolalia' é um termo técnico freqüentemente utilizado para o falar em línguas; é uma forma combinada das palavras gregas lalia ('discurso', 'fala') e glossa ('língua', 'linguagem'). O fenômeno de falar em línguas, ao contrário do vento e do fogo, é integral para os discípulos que são cheios do Espírito. 'E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia a verbalização inspirada' (At 2.4 - [tradução do autor]). O registro diz que os discípulos 'começaram [archoma] a falar noutras línguas' (At 2.4). Não existe indicação de que os discípulos tenham iniciado, ou de que eles mesmos 'começaram' o falar em línguas. [...] O significado de 'eles começaram a falar em línguas' é simplesmente 'eles falaram em línguas'. [...] Os discípulos em Pentecostes falaram em línguas 'conforme o Espírito ia dando-lhes verbalização inspirada' [tradução do autor], não sob o próprio ímpeto deles. A expressão 'conforme' (kathos) pode ser traduzida como 'na medida em que' (Ver Mc 16.1 7; At 2.4; 10.46; 19.6; 1 Co 12.10,28,30; 13.8; 14.2,46,13,14,18, 19,22,23,26)" PALMA, Anthony D. O Batismo no Espírito Santo e Com Fogo. Os Fundamentos Bíblicos e a Atualidade da Doutrina Pentecostal. l.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, pp. 61-63.”]
3. Sua continuação. O falar em "outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem" (At 2.4), é a evidência inicial do batismo no Espírito Santo. Essa experiência se repete na história da Igreja. Isso aconteceu na casa do centurião Cornélio: "E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios. Porque os ouviam falar em línguas e magnificar a Deus" (At 10.45,46), exatamente como aconteceu no dia de Pentecostes. Outra vez, o mesmo fenômeno acontece com a chegada de Paulo em Éfeso, em sua terceira viagem missionária (At 19.6). As línguas, as profecias e a ciência são válidas para os nossos dias, mas vão cessar por ocasião da vinda de Jesus (1 Co 13.8-10). [Comentário: Não há qualquer indicação no Novo Testamento de que a promessa do batismo no Espírito Santo seja algo meramente para o primeiro século, como defendem expositores antipentecostais. A pro­messa é para "tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar". Há registros de que ao longo da história do Cristianismo, diversos cristãos falaram línguas. Irineu, Agostinho, Lutero, Wesley e muitos outros. Com o avivamento do País de Gales, de Kansas e da rua Azuza, quase simultaneamente, o fenômeno das línguas voltou a ser algo generalizado, e não meramente uma raridade. A promessa do batismo no Espírito Santo não foi apenas para aqueles presentes no dia de Pentecoste (v.4), mas também para todos os que cressem em Cristo durante toda esta era: a vós os ouvintes de Pedro; a vossos filhos à geração seguinte; à todos os que estão longe à terceira geração e às subsequentes. (1) O batismo no Espírito Santo com o poder que o acompanha, não foi uma ocorrência isolada, sem repetição, na história da igreja. Não cessou com o Pentecoste (cf. v. 38; 8.15; 9.17; 10.44-46; 19.6), nem com o fim da era apostólica. 2) É o direito mediante o novo nascimento de todo cristão buscar, esperar e experimentar o mesmo batismo no Espírito que foi prometido e concedido aos cristãos do NT (1.4,8; Jl 2.28; Mt 3.11; Lc 24.49).]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

"[...] A xenolalia é, ao m esmo tempo, a mais difícil variação da glossolalia para documentar e a mais amplamente registrada. Por exemplo, Emílio Conde relatou, na obra História das Assembleias de Deus no Brasil, p.67, que no primeiro batismo nas águas na cidade de Macapá (AP), em 25 de dezembro 1917, a nova convertida Raimunda Paula de Araújo, ao sair das águas foi batizada com o Espírito Santo. Ela falou em línguas estranhas com tanto poder que os assistentes encheram-se de temor de Deus. Os judeus negociantes da cidade haviam comparecido ao batismo. Um deles, Leão Zagury, ficou tão emocionado e maravilhado com a mensagem que ouvira que não se conteve e clamou em alta voz no meio da multidão: 'Eis que vejo a glória do Deus de Israel, pois esta mulher está falando a minha língua'. O judeu não era crente. Porém, Deus, através da crente Raimunda, falou-lhe em hebraico " (ARAÚJO , Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p. 332).

III. SIGNIFICADO E PROPÓSITO

1. O batismo no Espírito Santo não é sinônimo de salvação. Trata-se de bênçãos diferentes. Todos os crentes em Jesus já têm o Espírito Santo. Na regeneração, o Espírito promove o novo nascimento, que é um ato direto do Espírito Santo (Jo 3-6-8). O pecador recebe o Espírito no exato momento em que aceita, de verdade, a Jesus (Cl 3.2; Ef 1.13). Os discípulos de Jesus já tinham seu nome escrito no céu (Lc 10.20) e igualmente tinham o Espírito Santo mesmo antes do Pentecostes (Jo 20.22). [Comentário: O batismo no Espírito é para todos que professam sua fé em Cristo; que nasceram de novo, e, assim, receberam o Espírito Santo para neles habitar. O batismo no Espírito Santo é uma obra distinta e à parte da regeneração, também por Ele efetuada. Assim como a obra santificadora do Espírito é distinta e completiva em relação à obra regeneradora do mesmo Espírito, assim também o batismo no Espírito complementa a obra regeneradora e santificadora do Espírito. No mesmo dia em que Jesus ressuscitou, Ele assoprou sobre seus discípulos e disse: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20.22), indicando que a regeneração e a nova vida estavam-lhes sendo concedidas. Depois, Ele lhes disse que também deviam ser “revestidos de poder” pelo Espírito Santo (Lc 24.49; cf. At 1.5,8). Portanto, este batismo é uma experiência subsequente à regeneração (ver 11.17; 19.6).]
2. Definição e propósitos. O batismo no Espírito Santo é o recebimento de poder espiritual para realizar a obra da expansão do Evangelho em todo o mundo (Lc 24.46-49). O seu propósito é capacitar o crente a viver uma vida cristã vitoriosa e, sobretudo, para testemunhar com ousadia sobre a sua fé em Cristo (At 1.8). É um revestimento de poder para viver a vida regenerada, um poder espiritual que contribui para a edificação interior da vida cristã do crente e que o ajuda quando a mente não pode fazê-lo. [Comentário: Ser batizado no Espírito significa experimentar a plenitude do Espírito, (cf. 1.5; 2.4). Este batismo teria lugar somente a partir do dia de Pentecoste. Quanto aos que foram cheios do Espírito Santo antes do dia de Pentecoste (e.g. Lc 1.15,67), Lucas não emprega a expressão “batizados no Espírito Santo”. Este evento só ocorreria depois da ascensão de Cristo (1.2-5; Lc 24.49-51, Jo 16.7-14). O batismo no Espírito Santo outorgará ao crente ousadia e poder celestial para este realizar grandes obras em nome de Cristo e ter eficácia no seu testemunho e pregação (cf. 1.8; 2.14-41; 4.31; 6.8; Rm 15.18,19; 1Co 2.4). Esse poder não se trata de uma força impessoal, mas de uma manifestação do Espírito Santo, na qual a presença, a glória e a operação de Jesus estão presentes com seu povo (Jo 14.16-18; 16.14; 1Co 12.7). Outros resultados do genuíno batismo no Espírito Santo são: (a) mensagens proféticas e louvores (2.4, 17; 10.46;  1Co 14.2,15); (b) maior sensibilidade contra o pecado que entristece o Espírito Santo, uma maior busca da retidão e uma percepção mais profunda do juízo divino contra a impiedade (ver Jo 16.8; At 1.8); (c) uma vida que glorifica a Jesus Cristo (Jo 16.13,14; At 4.33); (d) visões da parte do Espírito (2.17); (e) manifestação dos vários dons do Espírito Santo (1Co 12.4-10); (f) maior desejo de orar e interceder (2.41,42; 3.1; 4.23-31; 6.4; 10.9; Rm 8.26); (g) maior amor à Palavra de Deus e melhor compreensão dela (Jo 16.13; At 2.42) e (h) uma convicção cada vez maior de Deus como nosso Pai (At 1.4; Rm 8.15; Gl 4.6).]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

"[...] Os pentecostais acreditam que a experiência distintiva do batismo no Espírito Santo, tal como Lucas a descreve, é crucial para a Igreja contemporânea. Stronstad diz que as implicações da teologia de Lucas são claras: 'Já que o dom do Espírito era carismático ou vocacional para Jesus e a Igreja Primitiva, assim também deve ter uma dimensão vocacional na experiência do povo de Deus hoje'. Por quê? Porque a Igreja hoje, da mesma forma que a Igreja em Atos dos Apóstolos, precisa de poder dinâmico do Espírito para evangelizar o mundo de modo eficaz e edificar o corpo de Cristo. O Espírito veio no dia de Pentecostes porque os seguidores de Jesus 'precisavam de um batismo no Espírito que revestisse de poder o seu testemunho, de tal maneira que outros pudessem também entrar na vida e na salvação'. E, por ter vindo no dia de Pentecostes, o Espírito volta repetidas vezes, visando o mesmo propósito" (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.456).
 
IV. OS DONS ESPIRITUAIS

1. Os dons espirituais. São manifestações do poder de Deus que nos capacitam a continuar a missão de Cristo no mundo e as demonstrações desse poder na vida da Igreja (At 1.8). A Igreja não se sustenta sozinha, por isso o Senhor Jesus enviou o Espírito Santo (Jo 14.16-18). Há pelo menos três listas desses dons (Rm 12.6-8; 1Co 12.8-10,28-30), embora não ousamos dizer que sejam apenas esses, pois não existe uma lista exaustiva deles no Novo Testamento. [Comentário:Existem três listas bíblicas dos "dons do Espírito", também conhecidos como dons espirituais. As três principais passagens que descrevem os dons espirituais são Romanos 12:6-8, 1 Coríntios 12:4-11 e 1 Coríntios 12:28. Os dons espirituais identificados em Romanos 12 são profetizar, servir, ensinar, incentivar, dar, liderança e misericórdia. A lista em 1 Coríntios 12:4-11 inclui a palavra de sabedoria, a palavra de conhecimento, fé, cura, poderes miraculosos, profecia, discernimento dos espíritos, falar em línguas e a interpretação de línguas. A lista em 1 Coríntios 12:28 inclui curar, ajuda, governos, variedade de línguas.]
2. Os dons são dados aos crentes individualmente. A manifestação dos dons ocorre por meio das três Pessoas da Trindade: pelo Espírito, na "diversidade de dons" (1Co 12.4); pelo Senhor, na "diversidade de ministérios" (v.5); e pelo Deus Pai, na "diversidade de operações (v.6). Mas a fonte dos dons é o Espírito Santo e, por isso, essa manifestação é dada por Ele "a cada um para o que for útil" (1Co 12.7) e não para exibição ou ostentação do crente, porque o mérito é do Senhor Jesus (At 3.12). Outra vez o apóstolo enfatiza a origem dos dons, o Espírito Santo, pois reconhece que é este mesmo quem "opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer" (1Co 12.11). [Comentário: Muitos creem erroneamente que os irmãos agraciados com dons da parte de Deus são, por isso, mais espirituais que os outros. Todavia, os dons do Espírito são concedidos pela graça de Deus. Por ser resultado da graça divina, não recebemos tais dons por méritos próprios, mas pela bondade e misericórdia de Deus. Que a mensagem de Jesus possa ressoar em nossa consciência e convencer-nos de uma vez por todas de que os dons não são garantia de espiritualidade genuína: “Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7.22,23). Na Primeira Carta aos Coríntios, Paulo dedica dois capítulos (12 e 14) para falar a respeito do uso dos dons na igreja. O apóstolo mostra que quando os dons são utilizados com amor, todo o Corpo de Cristo é edificado. Conforme diz Thomas Hoover, parafraseando Paulo em Efésios 4.16, “os membros do corpo, cada qual com sua própria função concedida pelo Espírito, cooperam para o bem de todas. O amor é essencial para os dons espirituais alcançarem seu propósito”. Se não houver amor, certamente não haverá edificação (1Co 13). Sem o amor de Deus nos tornamos egoístas e acabamos por colocar nossos interesses em primeiro lugar. O propósito dos dons, que é edificar o Corpo de Cristo, só pode ser cumprido se tivermos o amor de Deus em nossa vida. O apóstolo Pedro exortou a igreja acerca da administração dos dons de Deus (1Pe 4.10,11). Ele usou a figura do despenseiro que, antigamente, era o homem que administrava a despensa e tinha total confiança do patrão. O despenseiro adquiria os mantimentos, zelava para que não estragassem e os distribuíam para a alimentação da família. Desta forma, os despenseiros da obra do Senhor devem alimentar a “família de Deus” (1Co 4.1; Ef 2.19). Eles precisam ter o cuidado no uso dos dons concedidos pelo Senhor para prover a alimentação espiritual, objetivando a edificação do Corpo de Cristo: “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre” (1Pe 4.10,11).]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

"Dons Espirituais. Recursos extraordinários que o Senhor Jesus Cristo, mediante o Espírito, colocou à disposição da Igreja, visando: l) o aperfeiçoamento dos santos; 2) a ampliação do conhecimento, do poder e da proclamação do povo de Deus; e: 3) chamar a atenção dos incrédulos à realidade divina. Os dons espirituais dividem-se em três grupos: I - Dons de Revelação. Palavra da sabedoria, palavra do conhecimento e discernimento de espíritos. Através dos quais a Igreja é capacitada a conhecer de maneira sobrenatural.
II - Dons de Poder. Fé, Maravilhas e Cura. Por intermédio dos quais a Igreja pode agir de forma extraordinária.
III - Dons de Alocução. Línguas, interpretação e profecia. Por meio dos quais a Igreja recebe a graça de proclamar os arcanos divinos de modo milagroso" (ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.127-28).

CONCLUSÃO

A descida do Espírito Santo é acompanhada dos dons espirituais. Eles são atuais na vida da Igreja e são dados a cada um para o que for útil, sempre para o bem da igreja local. Trata-se de ferramentas importantes e indispensáveis para os crentes, razão pela qual devemos lhes dar a devida atenção. [Comentário: A igreja de Jesus Cristo tem uma missão a cumprir: proclamar o evangelho em um mundo hostil às verdades de Cristo e descrente de Deus. Diante desta tão sublime tarefa, a igreja necessita do poder divino. Os dons espirituais são um “arsenal” à disposição do corpo de Cristo para o cumprimento eficaz de sua missão na terra. Como já foi dito, o propósito dos dons é edificar toda a igreja, todo Corpo de Cristo para ser abençoado, exortado e consolado. Por isso, nunca devemos usar os santos dons de Deus em benefício particular, como se fosse algo exclusivo de certas pessoas. Somos chamados a servir a Igreja do Senhor, e não a utilizar os dons de Deus para nós mesmos. Na Primeira Carta aos Coríntios, Paulo dedica dois capítulos (12 e 14) para falar a respeito do uso dos dons na igreja. O apóstolo mostra que quando os dons são utilizados com amor, todo o Corpo de Cristo é edificado. Conforme diz Thomas Hoover, parafraseando Paulo em Efésios 4.16, “os membros do corpo, cada qual com sua própria função concedida pelo Espírito, cooperam para o bem de todas. O amor é essencial para os dons espirituais alcançarem seu propósito”. Se não houver amor, certamente não haverá edificação (1Co 13). Sem o amor de Deus nos tornamos egoístas e acabamos por colocar nossos interesses em primeiro lugar. O propósito dos dons, que é edificar o Corpo de Cristo, só pode ser cumprido se tivermos o amor de Deus em nossa vida.] “... corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus ...” (Hebreus 12.1-2)

Francisco Barbosa

Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

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