sábado, 26 de agosto de 2017

LIÇÃO 9: A NECESSIDADE DE TERMOS UMA VIDA SANTA


SUBSÍDIO I

Caro professor, prezada professora,

Na lição desta semana é importante pontuarmos e ampliarmos o termo “santidade” usado tanto no Antigo quanto em o Novo Testamento. Para isso, disponibilizamos o texto, abaixo, do pastor e teólogo Esequias Soares:

DEFININDO OS TERMOS

O significado básico de qâdash é ‘ser santo, ser santificado, santificar, ser posto à parte’ (Êx 29.21). O adjetivo qâdosh, ‘santo’, designa o próprio Deus: ‘Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos exércitos’ (Is 6.3). Isso diz que respeito à santidade como pureza ética. O equivalente grego é hágios: ‘Quem não te temerá, Senhor, e quem não glorificará o teu nome? pois só tu és santo’ (Ap 15.4). Deus é santo em si mesmo completamente separado de tudo o que comum e impuro ou pecaminoso: ‘Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade e cujo nome é Santo: Em um alto e santo lugar habito e também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e para vivificar o coração dos contritos’ (57.15). A revelação aqui mostra um Deus transcendente e imanente. Ele é exaltado e elevado das nações e habita na eternidade do tempo e do espaço, e seu nome, natureza e caráter é Santo [qâdôsh]. Isso é transcendência. Mas habita também com o contrito e abatido para vivificar o pecador abatido de espírito e contrito de coração. É a graça salvadora de Deus para todas as pessoas (Tt 2.11).
A etimologia da raiz de qâdash é ainda incerta; parece ser uma combinação que indica ‘queimar no fogo’, uma referência à oferta queimada, ou ‘brilho, brilhante’, especificamente divino, como no substantivo ‘sanidade’, qôdesh: ‘Quem é semelhante a ti, glorioso em santidade, terrível em louvores, operando maravilhas? (Êx 15.11 – TB), mas a ideia básica é de ‘separar, retirar do uso comum’. A natureza essencial do substantivo qôdesh pertence ao domínio do sagrado; a ideia é de santidade, que distingue daquilo que é comum ou profano: ‘para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo’ (Lv 10.10); ‘e profanam as minhas coisas santas; entre o santo e o profano não fazem diferença, nem discernem o impuro do puro’ (Ez 22.26); ‘E a meu povo ensinarão a distinguir entre o santo e o profano e o farão discernir entre o impuro e o puro’ (Ez 44.23).”

(Texto extraído da obra A Razão da Nossa Fé: Assim cremos, assim vivemos, editora CPAD, 2017)
Marcelo Oliveira de Oliveira
Redator do setor de Educação Cristã (CPAD)

SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Na aula de hoje daremos continuidade aos estudos sobre o Cremos, com ênfase na santificação, doutrina basilar da nossa fé, considerando a necessidade de termos vida santa. Inicialmente, definiremos o que é a santificação, a partir do Novo Testamento. Em seguida, trataremos a respeito dos três aspectos da santificação (passado) – justificação; presente (progressivo) e glorificação (futuro). Ao final, destacaremos a importância de uma vida cristã santificada, a fim de agradar ao Senhor.
                                                                                                       
1. DEFININDO SANTIFICAÇÃO

A palavra santificação (hagiasmos, em grego), de acordo com o Dicionário Vine, é usada para significar: a) a separação para Deus (I Co. 1.30; II Ts. 2.13; I Pe. 1.2); b) o curso de vida adequando aos que assim são separados (I Ts. 4.3,4,7; Rm. 6.19,22; I Tm. 2.15; Hb. 12.14). A santificação é, portanto, a relação com Deus na qual os homens entram pela fé em Cristo (At. 26.18; I Co. 6.11), e à qual o seu direito exclusivo é a morte de Cristo (Ef. 5.25,26; Cl. 1.22; Hb. 10.10,29; 13.12). A separação do crente das coisas más é a vontade de Deus (I Ts. 4.3), e o Seu propósito em chamá-lo para o evangelho (I Ts. 4.4), conforme Ele a ensina pela Palavra (Jo. 17.17,19) e deve ser procurada, avidamente e constantemente (I Tm. 2.15; Hb. 12.14). O agente da santificação é o Espírito Santo (Rm. 15.16; II Ts. 2.13; I Pe. 1.2; I Co. 6.11).

2. OS TRÊS ASPECTOS DA SANTIFICAÇÃO

2.1 Posicional – em Hb. 10.10, o autor diz que “Temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez”. Isso quer dizer, então, que, de certo modo, já somos santos. Por isso, nas epístolas o Paulo se dirige aos seus destinatários como santos(Rm. 12.13; I Co. 14.33; Fp. 4.21).
2.2 Progressivo – embora sejamos declarados imediatamente e legalmente santos, pelo ato da regeneração e da justificação, somos instruídos a seguir adiante, em santificação (Fp. 3.13,14). Assim, espera-se que cresçamos até o ponto de podermos digerir alimento sólido (Hb. 5.12-14; I Pe. 2.1-3). Esse processo de transformação se dá em amor (Cl. 3.7-14) no contato com Espírito do Senhor (II Co. 3.18; I Co.10.13).
2.3 Futura – em Fp. 3.11 Paulo fala da ressurreição dos mortos, isto é, o momento da glorificação do corpo, esse é o aspecto futuro da santificação. A passagem bíblica de I Co. 15.51,52 detalha como isso acontecera. Com essa esperança, temos a fé de  “as aflições do tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm. 8.18).

3. A VIDA EM SANTIFICAÇÃO

Concordamos com Menzies e Horton (1995, p. 159), que “embora jamais venhamos a atingir, nesta vida, um estágio que não nos permita pecar, podemos receber capacidade para evitar o pecado. Não somente precisamos da contínua purificação pelo sangue (I Jo. 1.7) como jamais chegaremos ao ponto de não precisarmos dela enquanto vivermos aqui. Por isso, precisamos ser realistas, e atentar para o que está escrito em I Jo. 1.10: “Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós”. Mas, ao mesmo tempo, sabemos que não podemos viver na prática contínua do pecado (I Jo. 3.8-10). Isso porque a rejeição persistente à voz do Espírito Santo poderá levar à rebelião e à perda definitiva da salvação, melhor dizendo, à apostasia (Gl. 5.21; Hb. 6 e 10). Devemos levar em conta a recomendação de Paulo: “Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?”. Diante dos fracassos ao longo do caminho, não devemos nos sentir derrotados, pois temos um Advogado junto ao Pai, um Amigo, Jesus Cristo (I Jo. 1.7).

CONCLUSÃO

A santificação, enquanto processo, é o ato de separar-se do mal e devotar-se a Deus (Rm. 12.1,2; I Ts. 5.23; Hb. 13.12). As Escrituras põem a santificação posicional, e, por conseguinte, a progressiva, como condição para se ver a Deus (Hb. 12.14). Mas uma vida de santificação, conforme exigida em de I Pe. 1.15,16), somente pode ser efetivada pelo Espírito Santo, que produz em nós e conosco, o Seu fruto (Rm. 6.1-11,13; 8.1,2,13; Gl. 2.20; Fp. 2.12,13; I Pe. 1.5).

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

Quando o pecador se arrepende e aceita Jesus como seu Salvador pessoal, ele é justificado, regenerado, santificado e adotado na família de Deus. A santificação é especialidade do Espírito Santo; é instantânea, mas ao mesmo tempo progressiva, pois esse processo continua na vida do crente. O presente estudo pretende explicar a necessidade e a possibilidade de uma vida santa. [Comentário: A Palavra de Deus demonstra enfaticamente que a nossa salvação não é um fim em si mesma, antes é o início da vida cristã, através da qual nos tornamos filhos de Deus e progredimos em santificação até à consumação de todo propósito de Deus em nossa vida. Devemos estar atentos para o fato de que a salvação (justificação, regeneração, união com Cristo), não é a linha de chegada da vida cristã; antes, é o ponto de partida [1]. Um dos maiores desafios da vida para o cristão resume-se numa única pergunta: “Como viver de forma santa num mundo de tanta corrupção, podridão moral e apelos sexuais?”. Diante de tudo isso, fica difícil para o homem tomar decisões morais e éticas sob o prisma da santidade, vivendo em um mundo dominado pelo pecado e por operações malignas.] 

I. DEFININDO OS TERMOS
                                
1. A santidade de Deus. Essa santidade é absoluta, pois Deus é santo em seu caráter e essência, conforme disse o profeta Amos, em duas ocasiões: "Jurou o Senhor Jeová, pela sua santidade" e "Jurou o Senhor Jeová pela sua alma" (Am 4.2; 6.8). A santidade é característica fundamental de Deus (Is 6.3; Ap 4.8). Ele é singular por causa de sua majestade infinita e também em virtude de se tratar de um Ser totalmente distinto e separado, em pureza, de suas criaturas (SI 99.1-5). Essa santidade é a plenitude gloriosa da excelência moral de Deus, que existe nEle e que nEle se originou, não tendo sido derivada de ninguém: "Não há santo como é o SENHOR [...]" (1 Sm 2.2). [Comentário: O termo "SANTIDADE" denota a transcendência de Deus, sua separação do mundo e de todas as coisas criadas. Consiste na qualidade divina de estar distinguido (separado) das coisas criadas e finitas. O termo, ao longo da história, nunca perdeu o seu sentido de transcendência ou separação do mundo. O termo em si não representava necessariamente uma importância ética, o que se demonstra pelo fato de que as coisas de uso secular eram consideradas santas quando separadas e consagradas ao serviço de Jeová — tais como o templo, o sacrifício, o sábado. Qualquer coisa relacionada diretamente com o culto ou presença de Jeová era considerada santa — Jerusalém era a Cidade Santa porque ali habitava Jeová e manifestava-se a seu povo. É evidente que a ideia de santidade não é primariamente ética em si, mas o sentido bíblico conferido ao conceito de "santo" é proeminentemente ético. Nos Salmos, Profetas e no Novo Testamento, a ideia de transcendência está presente, porém uma transcendência ética – Deus é uma pessoa, e seus caminhos e pensamentos transcendem aos do homem; Deus transcende ao homem em bondade, e isto é um aspecto ético. A santidade de Deus é mais difícil de explicar do que todos os Seus outros atributos, em parte porque é um dos Seus atributos essenciais que não é compartilhado pelo homem. Fomos criados à imagem de Deus e compartilhamos muitos dos seus atributos, obviamente em um grau muito menor –amor, misericórdia, fidelidade, etc. Entretanto, alguns dos atributos de Deus nunca serão compartilhados por seres criados -- onipresença, onisciência, onipotência e santidade. A santidade de Deus é o que o separa e distingue de todos os outros seres. A santidade de Deus é mais do que Sua perfeição ou pureza sem pecado; é a essência de Sua “alteridade” -- Sua transcendência. A santidade de Deus encarna o mistério da Sua grandiosidade e nos faz olhar para Ele com assombro quando começamos a compreender um pouco da Sua majestade.]
2. Significado. O verbo hebraico qadash,"ser santo", e seus derivados "santo, santificar, dedicar, consagrar", no Antigo Testamento, significam "separar". Quando aplicado à religião de Israel, tem a ideia de "separar para Deus, retirar do uso comum", tal como pode ser visto em Levítico 10.10. Isso vale para lugares (Êx 3.5), casas e campos (Lv 17.14,16), utensílios e animais (Lv 8.10,11; 10.12,13,17), o ouro do Templo (Mt 23.17,19), pessoas (Êx 28.41) e muitas outras coisas, como dias santos, festas, etc. Assim, o sentido de santidade é de afastar-se de tudo o que é pecaminoso, de tudo o que contamina. A Septuaginta traduz qadosh,"santo", pelo termo grego hagíos, "santo", palavra adotada pelos escritores do Novo Testamento. Há outro termo menos comum, mas igualmente importante, taher, "purificar", e seu cognato katharizo, no grego, usado na Septuaginta e no Novo Testamento nos sentidos cerimonial e moral. [Comentário: No Antigo Testamento encontramos a palavra qadash, para designar “santificar”. O substantivo correspondente é qodesh, enquanto o adjetivo é qadosh. Os principais significados destas palavras estão relacionados a “brilhar” e “cortar”, apontando para pureza e separação. Estas ideias podem ser melhor entendidas quando lemos o que diz estudioso Girdlestone em sua obra Old Testament Synonyms (Sinônimos no Antigo Testamento, Pg. 283), citado por Louis Berkhof em seu livro Teologia Sistemática (Editora Luz para o Caminho, 1990, Pg 531): “Os termos santificação e santidade são empregados  atualmente com tanta frequência para descrever qualidades morais e espirituais, que mal comunicam ao leitor a ideia de posição ou de relação existente entre Deus e uma pessoa ou coisa a Ele consagrada.” No Novo Testamento encontramos o verbo hagiazo, que é derivado de hagios, que também apresenta a ideia primária de separação.]
3. Exclusividade. Dizer que qualquer coisa, objeto ou pessoa é consagrada, separada ou dedicada a Deus significa dizer que isso pertence a Ele (Êx 13.2) ou serve a Ele com exclusividade (Êx 30.30; Lv 20.26). O que é sagrado não pode ter uso comum; o azeite da unção e o incenso do santuário não podiam ter outro uso (Êx 30.33,38). O sagrado deve ser tratado como tal. Os antigos hebreus levavam a santidade a sério. Todos esses rituais de consagração são representações visuais de verdades espirituais reveladas no Novo Testamento (Cl 2.17; Hb 8.5; 9.9). [Comentário: As palavras "santificar", "sagrado" e "santo" são traduções da mesma palavra grega. Elas significam estar separado para um serviço especial. Na Bíblia muitas coisas além de pessoas são apresentadas como santificadas –- os móveis do Tabernáculo (Êx 40.10,11,13); uma montanha (Êx 19.23); comida (1Tm 4.5). Torna-se até possível para um crente santificar a Deus no seu coração (1Pd 3.15). Portanto, santificar, ou tornar sagrado, não significa purificar ou tornar sem pecado, mas separar alguma coisa para Deus e o serviço a Deus. Em relação ao Cristão, santificação ou santidade significa estar separado do pecado e para Deus. Existem três aspectos distintamente diferentes desta santificação: passado, presente e futuro. Todo Cristão está autorizado a falar, "fui santificado; estou sendo santificado; ainda serei santificado."]

SUBSÍDIO DIDÁTICO
                               
Este tópico tem uma característica conceituai, por esse motivo sugerimos que o prezado professor, a prezada professora, estude bem os termos tanto do Antigo quanto do Novo Testamento para o termo "santo". Nesta oportunidade, disponibilizam os o conceito exegético desse termo:
"Santo [Antigo Testamento], qõdesh:' santidade, coisa santa, santuário'. Este substantivo o corre 469 vezes com os significados de: 'santidade' (Êx 15.11), ’coisas santas' (Nm 4.15, ARA) e 'santuário' (Êx 36.4).
Santo (Novo Testamento): hagiasmos, é traduzido em Rm 6.19,22; 1 Ts 4.7; 1 Tm 2.15; Hb 12.14 por 'santificação'. Significa: (a) separação para Deus (1 Co 1.30; 2 Ts 2.13; 1 Pe 1.2); (b) o estado resultante, a conduta que convém àqueles que são separados (1 Ts 4.3,4,7; e os quatro primeiros textos citados acima). A ’santificação' é, pois, o estado predeterminado por Deus para os crentes, no qual Ele pela graça os chama, e no qual eles começam o curso cristão e assim o buscam. Por conseguinte, eles são chamados ’santos' (hagioi)" (VINE, W. E.; UNGER, Merril F. (et all). Dicionário Vine: O Significado Exegético e Expositivos das Palavras do Antigo e do Novo Testamento, 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, pp.281,970).

II. A NECESSIDADE DE TERMOS UMA VIDA SANTA

1. Israel. O apelo à santidade diz respeito à pureza da nação de Israel para manter o povo distante da idolatria, da prostituição e de outras práticas pecaminosas. Deus escolheu Israel para ser sua propriedade particular dentre todos os povos, reino sacerdotal e povo santo: "[...] então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha. E vós me sereis reino sacerdotal e povo santo [...]" (Êx 19.5,6). O estilo de vida dos israelitas devia estar de acordo com a santidade do seu Deus: "Santos sereis, porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo" (Lv 19.2). Essa santidade exigida era mais do que natural, porque Deus é santo (Lv 11.44), e os israelitas foram "separados", ou seja, "retirados" dentre os povos para Deus. [Comentário: Alguma vez você já pensou no grande privilégio que é ser chamado de “a propriedade peculiar de Deus”? Pois bem, o povo de Israel está recebendo do Senhor essa maravilhosa boa nova: “Vós sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos.” Mas, como todo privilégio traz consigo uma série de responsabilidades, o Senhor determinou que isso só seria possível se o seu povo vivesse sob a égide dos seus mandamentos e da sua aliança eterna. O que temos aqui é, na verdade, um pacto ou uma aliança entre o Deus libertador e o seu povo, que foi liberto da escravidão do Egito. Era muito comum na época os tratados de suserania. Quando um rei vencia uma determinada nação, o povo conquistado passava a ser seu vassalo e uma espécie de sua propriedade peculiar. Deus é o senhor supremo de todo o universo. Ele é o dono dos céus e da terra: “Toda a terra é minha” (Ex 19.5b). Porém, que maravilha Deus querer nos fazer a sua propriedade peculiar! Essa verdade é tão preciosa que será mais uma vez destacada no contexto neotestamentário na primeira carta de Pedro. Lá, o apóstolo nos revela que o propósito de Deus em nos conceder esse grande privilégio é para anunciarmos as suas maravilhosas virtudes ao mundo (1Pe 2.9)]
2. A Igreja. Os três propósitos de Deus com Israel são os mesmos para a Igreja: "Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" (1Pe 2.9). Assim como os israelitas, fomos chamados por Deus e separados para o seu serviço; agora somos sacerdócio real, nação santa e povo ' adquirido. Desde os tempos do Antigo Testamento, a idolatria e a prostituição sempre caminharam juntas (Jz 8.33; Os A.13,14). Esses são os mesmos desafios da igreja hoje: "Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição" (1Ts 4.3). Devemos fugir da prostituição e também da idolatria (1Co 6.18; 10.14). [Comentário: 1Pe 2.9-10 “Vós, porém,” nos versículos 1 a 8 Pedro estabelece um contraste entre aqueles que obedecem à Palavra e os que não obedecem a ela; entre os que aceitam e os que rejeitam a Cristo (1Pe 1.22; 2.8). Daí o motivo de ele começar o versículo 9 com uma conjunção adversativa – “porém”. Somos escolhidos para fazer parte do Reino de Deus, da nação santa, fomos eleitos pelo próprio Senhor! Temos um papel importante na história do mundo. Estamos aqui para declarar louvores a Deus àqueles que não O conhecem, para que possam receber o Seu amor e a Sua Graça, pois o Senhor nos tirou do mundo de trevas e escuridão e nos trouxe para Sua maravilhosa luz. “A palavra nação refere-se a um grupo de pessoas, isto é, um conjunto de pes­soas que pertencem a uma comunidade humana por falarem a mesma língua e compartilharem uma cultura e uma história comum. (Shedd, ob. cit., p.46). Aos Efésios, o apóstolo declarou que a igreja tem “um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos” (Ef 4.5-6). Sendo assim, a igreja compartilha de muitas coisas em comum e, por isso, pode ser chamada de nação. Essa nação é “santa” porque o Deus que a escolheu é Santo. A ideia bíblica de santidade de Deus é dupla. Primeiro, Ele é absolutamente distinto de todas as Suas criaturas e exaltado sobre elas em infinita majestade (Ec 5.2); segundo, Ele não tem comunhão com o pecado (Jó 34.10; Hc 1.13; 1Jo 1.5). Desde há muito o Senhor vem dizendo ao Seu povo que Sua vontade é que ele seja santo – separado (Lv 19.1-2; 2Co 6.14-7.1; 1Ts 4.3; 1Pe 1.13-16)]
3. Uma exigência natural. Essa exigência é mais do que natural porque Deus é Santo: "mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo" (l Pé 1.15,16) assim como o é seu Filho Jesus Cristo (Lc 1.35; Jo 6.69). Da mesma maneira como Deus escolheu e santificou o povo de Israel para viver em santidade, assim também o Senhor Jesus nos chamou para vivermos uma vida santa. Israel precisava viver longe das práticas imorais dos cananeus, nós, da mesma forma devemos nos abster da prostituição. [Comentário: Quando é que algo nos pertence? Quando ganhamos, herdamos ou compramos esse “algo”. Certo? Seguindo essa ideia, a igreja é propriedade do Senhor porque Ele a comprou; não com ouro ou prata, mas com Seu precioso sangue (1Pe 1.18-19; 1Co 6.19-20; 7.23; Gl 3.13; 4.5; Cl 1.13-14; Ap 5.9). “Cristo comprou os homens para Deus ‘da terra’ (Ap 14.3), de maneira que eles se tornam propriedade de Deus, livres da escravidão do pecado e da morte, do mal e do sofrimento que importunou a sua existência terrena. O preço da compra é o sangue de Cristo”[10]. A santidade do homem é uma ordem de Deus (Lv 19.2, 1Pe 1.16b). A ideia de santidade aqui é de afastamento do mal, do pecado para uma vida consagrada a Deus. É parte da nova vida em Cristo, da Nova Aliança (cf Hb 12.14; 2Co 7.1) . A igreja precisa crescer em santidade, pois é o santuário de Deus: “no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor” (Ef 2.21; 5.26-27). A santidade de Deus determina o conceito de adoração (Hb 10.22). O adorador deve se adaptar ao adorado. No serviço ao Senhor devemos nos oferecer com santo procedimento: “… sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor.” (Hb 12.28b-29) – O termo “sirvamos” pode ser traduzido por “cultuemos”. Portanto, em nosso “serviço” (culto) devemos fazer com temor e tremor. Deus quer que sejamos santos para Ele e não seguir o nosso coração enganoso (cf Jr 17.9)]
SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“Quem subirá ao monte do Senhor Quem estará no seu lugar santo? 'Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente. Este receberá a bênção do Senhor e justiça do Deus da sua salvação' ([Sl 24]vv.3,4).
Estou profundamente convencido de que oração pelo reavivamento é uma ofensa diante de Deus se não tivermos um coração puro. É quase uma blasfêmia ousar entrar na presença do Deus santo e pedir que nos abençoe se os nossos corações não estiverem puros diante dEle. A oração pelo reavivamento tem um pré-requisito. Quem subirá ao monte do Senhor? Quem estará no seu lugar santo? Quem estará em sua presença? Quem estará na sala do trono - o santo dos santos-conforme descreve Hebreus 10?" (BLACKABY, Henry. Santidade: O plano de Deus para uma vida abundante, l.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2015. pp.77-78).

III. A POSSIBILIDADE DE TERMOS UMA VIDA SANTA

1. A santificação posicional. É o primeiro aspecto da santificação, também chamado de santificação passada ou instantânea. É posicional porque acontece uma mudança no ser humano, de pecador para santificado em Cristo (At 26.18; 1Co 1.2). É a santificação que ocorre quando o pecador recebe, pela fé, a Jesus como Senhor e Salvador pessoal (1 Co 1.30). Essa santificação é instantânea, mas é também o começo de uma vida progressiva de santificação. Todos nós, salvos em Jesus, somos santos, e é assim que somos reconhecidos no Novo Testamento (At 9.13,32,41) e é dessa maneira que o apóstolo Paulo se dirige aos crentes nas suas epístolas (Rm 1.7). A base dessa santificação é o sacrifício de Jesus (Hb 10.10,14), mas ela é obra do Deus trino e uno por ocasião da conversão do pecador a Cristo (Jo 17.17; 1 Co 6.11; 1Pe 1.2). [Comentário: É o estamos em Cristo (2Co 5.17 e Jo 15.4). O Pr. Antonio Gilberto escreve: “Santificação é um ato divino que também ocorre dentro do homem, refletindo logo em seu exterior. Daí a diferença entre santidade – um estado – e justiça – santidade prática, de vida (Lc 1.75). Na operação divina da conversão, a santidade de Cristo passa a ser a nossa santidade (Cl 2.10; 1Co 2.30; Hb 10.10,14 e Rm 8.2). Seus méritos são creditados à nossa conta. Estamos tratando da santificação posicional em Cristo, não da santificação progressiva, no viver diário do crente, como mostrada em 2 Coríntios 7.1 e Apocalipse 22.1.”.]
2. A santificação real. É conhecida como a santificação presente. Ela é progressiva (Pv 4.18). A cada dia avançamos em santidade: "Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor" (2 Co 3.18). Observe que havia crentes carnais na Igreja de Corinto (1Co 3.3) e, mesmo assim, eles são considerados "santos", por isso precisavam de crescimento espiritual (2 Pé 3.18). De igual modo, o apóstolo Pedro exorta à santificação (1 Pe 1.15,16) os mesmos que ele antes chama "santos" 1 Pe 1.2). Isso é possível porque somos nascidos de Deus (1 Jo 4.7; 5.1) e o Espírito Santo está em nós e habita em nós (Jo 14.17; 2 Tm 1.14). [Comentário: É a salvação do domínio e influência do pecado. Santificação bíblica significa basicamente separação para uso e posse de Deus. Uma boa definição é a de Paulo em Atos 27.23: “...do Senhor, de quem sou e a quem sirvo”. Santificação não é apenas a pessoa pertencer a Deus, mas também servi-lo. Se o leitor é um santo de Deus, certamente está servindo a Deus. Há muita santificação por aí que pode ser tudo, menos bíblica. A santificação posicional, deve tornar-se experimental no viver diário do crente. A santificação é primeiramente interna, isto é, pureza interior, purificação do pecado, refletindo isso em nosso exterior, traduzido em separação do pecado e dedicação a Deus. É um termo ligado ao culto a Deus e consagração ao seu serviço, conforme se vê no livro de Levítico, através de pessoas e coisas, sacerdotes, templo, objetos etc. Quem pensa ser santo deve ser separado do mal e dedicado a Deus para seu uso (2Tm 2.21). A santificação, como aca¬bamos de ver, tem um lado posicional e outro prático: um santo viver. A justiça é comparada a um vestido (Jó 29.14 e Is 59.17). Mas o corpo, que recebe esse vestido, como deve estar? É razoável um vestido limpo em corpo sujo? A santificação é o que Deus faz em nós. Nesse sentido, a salvação é progressiva. Uma criança nova é perfeita, mas não é adulta. Uma frutinha é também perfeita ao formar-se, mas não é madura (Ef 4.13). Tendo sido justificado, o crente progride e prossegue para a perfeição, de que em seguida nos ocuparemos. Portanto, ao estudarmos a santificação precisamos vê-la quanto à posição do crente em Jesus Cristo, e quanto ao estado do crente em si mesmo.]
3. A santificação futura. É o terceiro aspecto da santificação, conhecido também como "glorificação" (Fp 3.11). Na ressurreição, seremos completos, e isso é extensivo à santificação, quando o Senhor Jesus declara "que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso" (Fp 3.21). É nessa ocasião que veremos a Deus como Ele é (1Jo 3.2). Essa é a nossa esperança. [Comentário: glorificação: Será a salvação da presença do pecado em nossa vida. A glorificação é a inteira conformação com Jesus Cristo (Rm 8.23 e 1Jo 3.2). É a perfeição do crente. Na glorificação, a salvação envolverá o corpo físico, então glorificado. Estaremos ressuscitados. Estaremos no Céu (Rm 13.11; 2Co 5.2,4; Fp 2.12 e Hb 9.2). Será redenção do corpo (Rm 8.23). A glorificação será o que Deus fará conosco]
4. É possível ser santo? Sim! É possível. E deve ser o desejo de todo cristão se parecer com Jesus e ter uma vida santa, assim como o Mestre teve. Pela sua infinita graça, Deus concede vida santa a todos os pecadores, desde que eles se arrependam e confessem o nome de Jesus (Rm 10.9,10). Assim, Deus disponibilizou três meios para a santificação: o sangue de Jesus: "E, por isso, também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta" (Hb 13.12); o Espírito Santo (2 Ts 2.13); e a própria Palavra de Deus (Jo 17.17; Ef 5.26). O Senhor nos forneceu todos os recursos necessários para uma vida santa e separada do mundanismo (Rm 12.1,2). [Comentário: 1. O Sangue de Cristo: “Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1 Jo 1.7). O Sangue fala da nossa posição perante Deus. É uma obra consumada que concede ao pecador arrependido um lugar na presença de Deus (Hb 13.12; 10.10, 14; 1 Jo 1.7). Observemos que, como resultado da obra consumada de Cristo, o pecador arrependido é transformado de pecador impuro em adorador santo. A santificação é o resultado dessa maravilhosa obra redentora do Filho de Deus, ao oferecer-se no Calvário para aniquilar o pecado pelo seu sacrifício. Em virtude desse sacrifício, o crente é eternamente separado para Deus; sua consciência é purificada e ele próprio é unido em comunhão com o Senhor Jesus Cristo (Hb 12.11; 9.14). À luz de 1 Jo 1.7 fica claro que o que remove essa barreira, que é o pecado, entre o ser humano e Deus, para que flua entre ambos a comunhão, é o Sangue eficaz de Jesus Cristo. Não há ninguém perfeito, mas é possível andar em comunhão com Deus, desde que o Sangue do Cordeiro esteja nos purificando. Não há comunhão com Deus se não debaixo do sangue de Cristo (1 Jo 1.9).
2. O Espírito Santo: “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18). É impossível a santificação sem a operação do Espírito Santo. Diríamos que Ele é o agente, o dinamizador. O ensino bíblico deixa bem claro este fato (1 Co 6.11; 1 Pe 1.1, 2; Rm 15.16). “Da mesma forma que o Espírito Santo pairava sobre o caos original (Gn 1.2), seguindo-se o estabelecimento da ordem pelo Verbo de Deus assim o Espírito paira sobre a alma humana, fazendo-a abrir-se para receber a luz e a vida de Deus” (2 Co 4.6). O Espírito Santo toma o imundo e o leva ao santo. Fez o que aconteceu na casa de Cornélio (At 10). E agora os gentios são aceitos na família de Deus porque foram santificados, separados pelo Espírito Santo. Para uma vida de santidade o Espírito Santo terá de entrar em cena. Homens e mulheres santos são aqueles em que o Espírito Santo trabalha.
3. A Palavra de Deus: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda. Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado” (Jo 15.1-3). Os cristãos são descritos como sendo gerados pela Palavra de Deus (1 Pe 1.23). A Palavra de Deus desperta as pessoas para compreenderem a insensatez e impiedade de suas vidas. Quando dão importância à Palavra, arrependendo-se e crendo em Cristo, são purificados pela Palavra que lhes fora falada. Esse é o início da purificação, que deve continuar através da vida do crente. No início de sua consagração ao ministério, o sacerdote israelita tomava um banho cerimonial completo, banho que nunca se repetia, era uma obra feita uma vez para sempre. Todos os dias, porém, era obrigado a lavar as mãos e os pés. Da mesma maneira, o regenerado foi lavado (Tt 3.5, Jo 13.10); mas precisa de uma separação diária das impurezas e imperfeições conforme lhe foram reveladas pela Palavra de Deus, que serve como espelho para a alma (Tg 1.22-25). Deve lavar as mãos, isto é, seus atos devem ser retos; deve lavar os pés, isto é, “guardar-se das imundícias em que tão facilmente tropeçam os pés do peregrino, que anda pelas estradas deste mundo.]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

"No mundo, os crentes são forasteiros e peregrinos (Hb 11.13; 1 Pe 2.11). (a) Não devem pertencer ao mundo (Jo 15-9), não se conformar com o mundo (ver Rm 12.2), não amar para o mundo (2.15), vencer o mundo (5.4), odiar a iniquidade do mundo (ver Hb 1.9), morrer para o mundo e ao Pai ao mesmo tempo (Mt 6.24; Lc 16.13; ver Tg 4 .4). Amar o mundo significa estar em estreita comunhão com ele e dedicar-se aos seus valores, interesses, caminhos e prazeres. Significa ter prazer e satisfação naquilo que ofende a Deus e que se opõe a Ele (Lc 23.35). Note, é claro, que os termos 'mundo' e 'terra' não são sinônimos; Deus não proíbe o amor à terra criada, i.e., à natureza, às montanhas, às florestas, etc" (ARRINGTON, French L; SRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, pp. 1957-58).

CONCLUSÃO

O nosso dever não consiste apenas em nos afastar do pecado e de toda a forma de paganismo, mas também de combatê-los com a pregação do evangelho e com nossa maneira de viver, assim como fizeram os primeiros cristãos. O cristianismo é a única religião do planeta que tem o Espírito Santo (Jo 14.16,17). É Ele quem nos capacita a viver em santidade e a vencer as tentações. Somos privilegiados porque temos Jesus e o Espírito Santo. [Comentário: Somos posicionalmente santos e esta posição nos obriga a vivermos em santidade. A santidade implica principalmente na mortificação do pecado que habita em nós e em viver de acordo com a vontade de Deus revelada nas Escrituras. Sabemos que embora santificados, o velho homem permanece em nós e carece de ser mortificado diariamente, pelo poder do Espírito Santo. Sendo pelo poder do Espírito Santo, a santificação deve ser um processo irresistível na vida do verdadeiro salvo; o alvo da escolha de Deus é que sejamos santos e irrepreensíveis diante dele (Efésios 1.4), para isso nos escolheu mediante a santificação do Espírito (2Ts 2.13).] “... corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus ...” (Hebreus 12.1-2).

Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br




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