COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
O Reino de Deus
cresce à medida que os pecadores vão se convertendo ao Senhor Jesus. A igreja é
a única agência do Reino de Deus escolhida pelo Senhor Jesus para levar a
mensagem do Evangelho a um mundo que perece por causa do pecado. Com isso nós
estamos dando continuidade ao trabalho que Jesus começou. Isso aponta para a
importância da evangelização e da obra missionária. – Desde o tempo apostólico, a Igreja teve o entendimento de que a
natureza da sua existência é dependente do ato de proclamar o Evangelho a toda
a humanidade. Após o derramamento de Pentecostes, a Igreja não teve dúvida de
que o seu caminho era proclamar com alegria e amor o Cristo Crucificado e
Ressurreto a fim de que todo ouvinte quebrantasse o coração e se rendesse à
soberania de Cristo (At 2.37). - Infelizmente, em muitos lugares hoje, a
igreja não tem mais anunciado o Cristo Crucificado e Ressurreto, pois tem
mudado o foco do seu anúncio. Ora, antigamente, a “fórmula” da pregação
apostólica era resumida em “Cristo foi crucificado”, “Mas ressuscitou ao
terceiro dia” e “Arrependei-vos e crede no Evangelho!”. Porém, hoje, em muitos
lugares, não é mais assim. Graças a Deus, ainda há igrejas que apresentam o
convite de salvação com o mesmo propósito com o qual os santos apóstolos
apresentavam, honrando a Cristo e às Sagradas Escrituras. Mas, temos a incômoda
sensação de que esse comportamento não é mais a regra.
I. A EVANGELIZAÇÃO
COM PRIORIDADE
O Evangelho não é uma mensagem
alternativa; trata-se de uma questão de vida ou morte. Vida para os que recebem
a Jesus como seu Salvador e morte aos que o rejeitam. A divulgação das boas
novas de Cristo é tarefa de todos nós.
1. O Evangelho. Essa palavra vem de duas palavras gregas, eu, advérbio, “bem”, e,
angelia, que significa “mensagem, notícia, novas”. Assim, a palavra euangelion
quer dizer “boas novas, boas notícias, notícias alvissareiras”. É a mensagem de
Cristo que salva o pecador (Jo 3.16). É o meio que Deus usa para a salvação de
todo aquele que crê (Rm 1.16; 1 Co 15.2). Só por meio do Evangelho é que o ser
humano conhece a salvação na Pessoa de Jesus.
2. O único Salvador do
mundo. O Evangelho são as boas novas que falam do Reino de
Deus, da salvação e do perdão dos pecados na Pessoa de nosso Senhor Jesus
Cristo. É o evangelho da graça de Deus (At 20.24). As Escrituras nos ensinam
que todos os seres humanos são pecadores e precisam se reconciliar com Deus (Rm
3.23; 5.12).
Não existe um meio de salvação
sem Jesus (At 4.12). Ele mesmo disse: “Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo
14.6) e também afirmou: “o campo é o mundo” (Mt 13.38). A pregação do evangelho
é uma necessidade imperiosa porque não existe salvação sem Jesus e o campo é o
mundo e isso nos mostra a grande responsabilidade da evangelização local e
mundial.
3. Uma agência legítima. O Senhor Jesus constituiu a igreja como única agência do Reino de Deus na terra encarregada de anunciar essas boas novas de salvação. É necessário, pois, a mobilização de toda a igreja para que essas metas sejam alcançadas. Cada crente dos dias apostólicos era um próspero ganhador de almas (At 8.4), devemos seguir o modelo. Jesus foi enviado ao mundo para suprir as nossas necessidades (Mt 11.28-30). Isso é feito mediante o Evangelho, devemos, portanto, agir como o apóstolo Paulo (Rm 1.16). – O príncipe dos pregadores, C. H. Spurgeon disse em uma de suas célebres frases: “Todo cristão ou é um missionário ou é um impostor”. Evangelização é o ato, processo ou efeito de evangelizar, de difundir os ensinamentos do Evangelho. Evangelizar (‘dar a boa notícia’) é a grande tarefa da Igreja; é para isso que ela foi fundada, enviada e sustentada pelo poder do Espírito Santo e embora alguns talvez queiram deixar o evangelismo para os pregadores, os especialistas em apologética, ou talvez simplesmente para os que são extrovertidos, o Novo Testamento declara que todos os cristãos são chamados a evangelizar, como diz C. H. Spurgeon, ‘todo cristão ou é um missionário ou é um impostor! Se nós devemos amar o nosso próximo como a nós mesmos (Mc 12.31; Tg 2.8), acaso há algum modo mais importante de amar alguém do que compartilhar o evangelho com ele ou ela? É necessário diferenciarmos os termos ‘evangelismo’ e ‘evangelização’; na palavra evangelismo a partícula ‘ismo’ denota sistema. É todo um sistema para a proclamação do evangelho. Existem vários conceitos para evangelismo, porém aqui está um que é muito coerente: Evangelismo é o sistema baseado em princípios, métodos, estratégias e técnicas tiradas do Novo Testamento, pelos quais se comunica o evangelho de Cristo a todo pecador, sob a liderança e no poder do Espírito Santo, visando persuadi-lo a aceitar a Cristo como seu salvador pessoal, de acordo com o comissionamento de Jesus dado a todos os seus discípulos, levando, ao final, os que crerem, a se integrarem à igreja pelo batismo, preparando-os para a volta de Cristo. Evangelização é a ação de evangelizar. Em resumo, evangelização é a ação de comunicar o evangelho, visando levar os perdidos a Jesus para que sejam por ele salvos. – A maioria da igreja sabe e reconhece que o termo “evangelho” é sinônimo de “boas novas”, e, muitas vezes, essas palavras são usadas alternadamente nos púlpitos. Realmente, trata-se de uma palavra composta de um advérbio e um substantivo gregos, eu, que quer dizer, “bem”, e aggelia, que significa “mensagem, notícia, novas”. De modo que euaggelion quer dizer “boas novas, boas notícias”. O Antigo Testamento emprega o termo hebraico bessorah, “mensagem, boas notícias” (2 Sm 18.20, 25, 27; 2 Rs 7.9), ou “recompensa de mensageiro” (2 Sm 4.10), que a Septuaginta traduz por euaggelion. Com o passar do tempo, o vocábulo passou a ganhar novo significado no mundo romano, de fala grega, em virtude do culto ao imperador, para anunciar o nascimento do imperador ou de sua subida ao trono. Esse vocábulo só aparece no singular em todo o Novo Testamento, 76 vezes; o verbo, euaggelizo¯, “evangelizar”, 54; e euaggeliste¯ s, “evangelista”, três vezes (At 21.8; Ef 4.11; 2 Tm 4.5). O Senhor Jesus Cristo é o conteúdo do evangelho: sua vinda, seu ministério terreno, seu sofrimento, sua morte e sua ressurreição (Rm 1.1-7). É a mensagem de Cristo que salva o pecador (Jo 3.16; Rm 1.16). É o meio empregado por Deus para a salvação de todo aquele que crer (1 Co 15.2). Só através do evangelho é que o ser humano conhece a salvação na Pessoa de Jesus. O evangelho de Jesus Cristo é a única resposta para este mundo que perece por causa do pecado. A evangelização é o ato de comunicar as boas novas de salvação a todas as pessoas por meio de palavras e ações. É o que Jesus fez (Mt 4.23) e nos mandou que fizéssemos também (Mc 16.16, 17). – A salvação em Cristo é acompanhada da libertação: “Ele nos libertou do poder das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado” (Cl 1.13). A liberdade cristã oferecida por Jesus é diferente da liberdade apregoada hoje pela imprensa e pelos políticos. É o ato de libertar a nossa consciência da culpa do pecado e das amarras de Satanás. O Senhor Jesus fez essa promessa a todas as pessoas (Jo 8.31-36), ela continua valendo para os dias atuais: “Se, pois, o Filho os libertar, vocês serão verdadeiramente livres” (Jo 8.36). Devemos permanecer nessa liberdade (Gl 5.1). O aparecimento de Jesus trouxe transformação a um número incontável de vidas, mudou a Galileia e alterou todo o curso da história da humanidade. Jesus tem e é a solução de todos os problemas (Mt 11.2830). Ele, e somente Ele, pode dar sentido à vida humana. O mundo está em desespero, mas infelizmente Satanás cegou esses sofredores de uma maneira tal que muitos não conseguem reconhecer Jesus como seu Salvador e Libertador, mas como um concorrente de seus deuses (2 Co 4.4). Hoje, temos de combater o materialismo, o paganismo, a imoralidade, a corrupção e destruir todas as fortalezas do diabo. As pessoas, vítimas dessas coisas, estão gemendo, elas clamam, estão no vale da sombra da morte. Mas, para que a luz do evangelho resplandeça sobre elas, você precisa falar de Jesus, mostrar que Ele é a solução, essa incumbência é nossa. O Senhor Jesus delegou essa tarefa aos seus discípulos, portanto, a cada um de nós (Mt 28.19, 20) e não aos anjos (1 Pe 1.12). Esse é o evangelho que pregamos.
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Após expor o tópico
primeiro, apresente a classe passagens do livro dos Atos dos Apóstolos, como a
pregação de Pedro (Atos 2), a pregação de Filipe aos samaritanos e o Eunuco
(Atos 8), a pregação de Pedro na casa de Cornélio (Atos 10), as viagens
missionárias do apóstolo Paulo (Atos 13 em diante). Reflita com ela como a
evangelização, a pregação do Evangelho aos gentios, era uma prioridade para a
igreja primitiva. Aponte também o papel do Espírito Santo no trabalho de
evangelização. Ele confirma a pregação da igreja (Atos 10.44-48). Encerre
dizendo que assim devemos esperar que o Espírito Santo confirme a nossa prática
de evangelização. Que nossa mensagem seja confirmada pelo seu poder!
II. JESUS MORREU PARA SALVAR TODOS OS SERES
HUMANOS
A extensão da obra expiatória de
Cristo tem sido debate ao longo dos séculos, mas especialmente depois da
Reforma Protestante. Não se pretende aqui fulanizar, pois o que nos importa é a
compreensão do assunto à luz da Bíblia.
1. A nossa teologia. Antes convém ressaltar que a nossa teologia é pentecostal e vem
diretamente das Escrituras Sagradas, sem intermediação dos teólogos da Reforma
Protestante. A teologia pentecostal, que nossos pais nos legaram, não teve
nenhum teólogo ou reformador como intermediário. A CPAD vem publicando em
vários volumes a coleção de todas as revistas da Escola Bíblica Dominical,
publicadas desde 1930. Em nenhuma delas há citação de teólogos ou reformadores
para ensinar, esclarecer, ilustrar ou embasar uma interpretação bíblica. A
nossa teologia é original e estritamente bíblica. É um dos legados deixados por
nossos pioneiros (2 Tm 3.14-17).
2. Por quem Jesus morreu? Essa é uma pergunta interessante. Há muitas discussões teológicas sobre
o tema, mas nos últimos tempos, os debates se concentram entre duas
interpretações das Escrituras: expiação limitada e expiação ilimitada.
a) Expiação limitada. Trata-se da ideia de que Jesus morreu apenas por um grupo restrito
de pessoas escolhidas desde antes da fundação do mundo. Tal pensamento vem de
uma visão teológica, a nosso ver, equivocada e baseada numa exegese ruim. Como
acontece numa interpretação forçada de 1 Timóteo 2.4, que afirma querer Deus
“que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade”. Os
teólogos defensores dessa teoria, então, concluem que se trata de “todos os
homens crentes”. Rejeitamos essa linha de interpretação. Esse é um dos exemplos
entre outras passagens bíblicas que eles interpretam de modo a ajustarem a sua
teologia.
b) Expiação ilimitada. Isso significa que o Senhor Jesus morreu por toda a humanidade.
Esse ensino recebemos de nossos pais, os quais usaram a Bíblia como fundamento
dessa doutrina. Jesus é o Salvador do mundo (Jo 4.42), “testificamos que o Pai
enviou seu Filho para Salvador do mundo” (1 Jo 4.14) e não somente de algumas
pessoas. A expiação foi realizada em favor do mundo inteiro: “E ele é a
propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos
de todo o mundo” (1 Jo 2.2). Por isso que Jesus mandou pregar no mundo inteiro
e a toda criatura (v.16). É erro teológico afirmar que a expiação é limitada
(Jo 3.16; Tt 2.11). Jesus morreu por todos os pecadores. – O Senhor
Jesus é o motivo supremo e também é a autoridade que nos manda pescar homens
para ele. Entretanto existem discussões teológicas sobre o tema. Tais discussões
se intensificaram a partir das disputas entre Jacó Armínio (1560-1609) e
Francisco Gomaro (1563-1643), ambos teólogos e professores da recém fundada Universidade
de Leiden, Holanda. Os remonstrantes (protestadores) do latim medieval remonstrare, “protestar,
expor, manifestar”, eram o grupo apoiador de Armínio que deu continuidade ao
seu ensino e estruturou a ideia arminiana. São os cinco pontos da chamada Remonstrância
ou “Opiniões dos Remonstrantes”: a) livre-arbítrio ou capacidade humana, b)
eleição condicional, c) redenção universal ou expiação geral, d) resistência
possível ao Espírito Santo, e) decaimento da graça. Esse documento era um
protesto contra os cinco pontos supralapsarianistas, conhecida pela sigla
inglesa “TULIP”, (Total depravation, Unconditional election, Limited atonement,
Irresistible grace, Perseverance of the saints, “depravação
total, eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível, perseverança
dos santos”). O Sínodo de Dort foi convocado pelos Estados Gerais da Holanda,
em 1618, quando já não existiam os fundadores dos respectivos polos de opinião,
Jacó Armínio morrera em 1609, e João Calvino, bem antes, em 1564. Isso
significa que o “calvinismo”, conforme o conhecemos, não foi produzido por João
Calvino, nem foi um resumo das Institutas. Há muitas
discussões ainda hoje sobre o assunto: “muitos calvinistas historicamente e
hoje não afirmam a expiação limitada, mas sim confirmam uma forma de expiação
ilimitada”. O Sínodo se posicionou contra a Remonstrância. Segundo Richard
Muller, “não há associação histórica entre o acrônimo TULIP e os Cânones de Dort...
O uso do acrônimo TULIP resultou em uma restrita, se não errônea, leitura dos Cânones
de Dort que levou a entendimentos confusos da tradição reformada e da teologia
de Calvino” (Was Calvin a Calvinist?, p. 8). – Dada essa
explicação introdutória, vamos ao tema, por quem Jesus morreu? Nosso enfoque é
sobre a expiação ilimitada e a teologia assembleiana. Quando pregamos que Jesus
morreu pelos pecados do mundo inteiro, que a expiação é ilimitada, isto é,
todos os seres humanos são salváveis, isso precisa ficar claro para ninguém confundir
a redenção universal ou expiação ilimitada com o universalismo. Jesus morreu
pelos pecados de toda a humanidade com o mesmo propósito de salvar a todas as
pessoas, apesar de ser uma expiação ilimitada, mas a redenção e a aplicação são
limitadas. Isso acontece justamente porque a
graça pode ser resistida de modo que nem todos aceitam o evangelho de Jesus. Expiação
ilimitada significa que a salvação está disponível para todas as pessoas e em
todos os lugares, mas que elas precisam crer em Jesus: “Quem crer e for
batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Mc 16.16). Essa
expiação é aplicada no momento em que o pecador exerce fé em Jesus. – O ensino
bíblico é claro para qualquer leitor que o Senhor Jesus morreu por toda a
humanidade. Esse ensino recebemos de nossos pais, os quais usaram a Bíblia como
fundamento dessa doutrina. Jesus é o Salvador do mundo (Jo 4.42), “o Pai enviou
o seu Filho como Salvador do mundo” (1 Jo 4.14) e não somente de algumas pessoas.
A expiação foi realizada em favor do mundo inteiro: “Mas, se alguém pecar,
temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo. E ele é a propiciação pelos
nossos pecados — e não somente pelos nossos próprios, mas também pelos do mundo
inteiro” (1 Jo 2.1, 2). Por isso que Jesus mandou pregar no mundo inteiro e a
toda criatura (Mc 16.16). É erro teológico afirmar que a expiação é limitada
(Jo 3.16; Tt 2.11). Jesus morreu por todos os pecadores. A ideia de que Jesus
morreu apenas por um grupo restrito de pessoas escolhidas de antemão por Deus
desde antes da fundação do mundo não flui naturalmente das Escrituras. A teoria
da expiação limitada é externa, ela vem de fora para dentro, não é possível um
leigo da Bíblia, por si só, chegar a uma conclusão dessa.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“[…] Quando a Bíblia diz que
‘Deus amou o mundo de tal maneira’ (Jo 3.16) ou que Cristo é ‘o Cordeiro de
Deus, que tira o pecado do mundo’ (Jo 1.29) ou que Ele é ‘o Salvador do mundo’
(1 Jo 4.14), significa isso mesmo.
Certamente a Bíblia emprega a
palavra ‘mundo’ num sentido qualitativo, referindo-se ao sistema maligno que
Satanás domina. Mas Cristo não morreu em favor de um sistema. Entregou sua vida
em favor das pessoas que dele fazem parte. Em texto algum do Novo Testamento,
‘mundo’ se refere à Igreja ou aos eleitos. Paulo diz que Jesus ‘Se deu a si
mesmo em preço de redenção por todos’ (1 Tm 2.6) e que Deus ‘quer que todos os
homens se salvem’ (1 Tm 2.4). Em 1 João 2.1,2, temos uma separação explícita
entre os crentes e o mundo e uma afirmação de que Jesus Cristo, o Justo, ‘é a
propiciação’ (v.2) para ambos” (HORTON,
Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10.ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2019, pp.360-61).
III. EVANGELIZAÇÃO
LOCAL E TRANSCULTURAL
O Novo Testamento nos mostra que
evangelismo e missões são tarefas precípuas da igreja. O livro de Atos destaca
a obra missionária, registra as missões por todos os ângulos e mostra todas as
possíveis atividades de um missionário. Atos ressalta ainda o poder do Espírito
Santo, a obra da evangelização e as viagens missionárias do apóstolo Paulo.
1. Evangelização. É o ato de comunicar as boas novas de salvação a todas as pessoas por
meio de palavras e ações. É o que Jesus fez (Mt 4.23) e nos mandou que
fizéssemos também (vv.16,17). Isso significa testemunhar com ousadia a
ressurreição de Jesus pelo poder do Espírito Santo (At 4.33), geralmente é uma
ação acompanhada das obras sociais (At 2.42-47), essas coisas são
características da autêntica igreja cristã. A visão dos pentecostais clássicos,
desde o avivamento da Rua Azusa, era evangelística e missionária. Até se
pensava, a princípio, que o dom de línguas era para pregar aos pagãos ao redor
do mundo. A xenolalia é isto, a habilidade de falar uma língua que o indivíduo
não aprendeu. Mas logo esses pioneiros desistiram dessa ideia xenolálica
missionária. Mas, eles continuaram a obra missionária mesmo sem xenolalia.
2. As missões. O trabalho do missionário é a evangelização entre as pessoas de cultura
diferente da nossa. A mensagem é a mesma, é necessário ajustar e adaptar
estratégias conforme o costume de cada povo ou grupo étnico. Veja como Paulo
introduz a sua pregação na sinagoga da Antioquia da Pisídia para se anunciar a
Jesus (At 13.16,17,32) e compare com o discurso no Areópago em Atenas (At
17.22-31). O cristianismo não tem o objetivo de padronizar o mundo e nem
destruir as culturas; sua mensagem, porém, é universal. No dia do triunfo de
Cristo e da igreja, cada povo ou etnia se apresentará louvando a Deus na sua
própria cultura (Ap 5.11-13). Por isso, o apóstolo Paulo disse que sendo livre
se fez servo de todos, judeu para os judeus, sem lei para os sem lei (1 Co
9.19-22) para ganhá-los para Jesus.
3. O desafio hoje. Jesus disse: “o campo é o mundo” (Mt 13.38). Ele não disse que o campo é
Jerusalém, nem a Judeia, nem Roma, nem minha cidade e a tua. Jesus não disse
para primeiro pregar em Jerusalém, depois na Judeia, depois em Samaria e depois
ser testemunha até “os confins da terra”, mas mandou pregar “tanto em Jerusalém
como em toda Judeia, Samaria e até os confins da terra” (At 1.8). Isso fala de
simultaneidade, do contrário, o Evangelho estaria ainda em Israel, confinado
entre os judeus, pois Jesus mesmo disse: “porque em verdade vos digo que não
acabareis de percorrer as cidades de Israel sem que venha o Filho do Homem” (Mt
10.23). – Devemos evangelizar porque exercitamos o amor de Deus. A
coisa mais amorosa que se pode fazer é apresentar o evangelho na esperança de
trazer outros para a salvação. Jesus morreu para salvar o mundo inteiro e, por
essa razão, o evangelho precisa ser anunciado a todos os povos da terra. A Bíblia
revela que todos os seres humanos são pecadores e precisam se reconciliar com
Deus (Rm 3.23; 5.12). Não existe um meio de salvação sem Jesus (At 4.12). Ele mesmo
disse: “ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6); e, “O campo é o mundo” (Mt
13.38). Isso nos mostra a grande responsabilidade da evangelização. No livro de
Atos, encontramos o Espírito Santo impulsionando os cristãos daquela geração
nesse trabalho da pregação do evangelho. O alcance do evangelho, em tão pouco
tempo, foi extraordinário. É o cumprimento da ordem de Jesus: “Até os confins
da terra” (At 1.8). – O envio de Jonas a Nínive era o prenúncio das missões mundiais
na dispensação da graça. O cristianismo é a primeira religião proselitista e
missionária da história, pois o evangelho não é uma mensagem alternativa, é única.
Jesus disse que é uma questão de vida ou morte (Jo 17.3). No Antigo Testamento,
as missões eram um projeto ainda não colocado em prática. O profeta Jonas, como
missionário, é uma figura de Cristo (Mt 12.39-41; Lc 11.29-32). – A obra
missionária é uma ordem e não uma recomendação nem um parecer, mas um
mandamento direto do Senhor Jesus. É algo que não depende mais de mandamento
específico ou de receber uma visão especial da parte de Deus para iniciar a
obra missionária. Essa ordem já está na Bíblia (Mt 28.19,20; Mc 16.16-20; Lc
24.47; At 1.8). O que é necessário é buscar a direção do Espírito para saber
como, onde e quando realizar tal tarefa. Há uma variedade muito grande de
atividades que um missionário pode realizar na missão: na evangelização, na
educação cristã, na área social. Nas duas primeiras viagens de Paulo, ele
plantou igrejas juntamente com a sua comitiva, isto está registrado em Atos 13
a 18, exceto o longo trecho de Atos 15, que registra o primeiro concílio de Jerusalém,
mas o objetivo da terceira viagem foi para preparar e treinar obreiros para a
seara do Senhor, isto está em Atos 19. Ser missionário não significa simplesmente
apenas levar as boas novas, fundar igrejas e ensinar nas instituições de ensino
teológico, há outras atividades de caráter administrativo, logístico e social. –
As missões estão em toda a Bíblia. Visto que o propósito fundamental da Bíblia é
a redenção humana e missões se inserem nesse contexto, é correto afirmar que
estão presentes desde o Gênesis ao Apocalipse. Essa presença pode ser direta ou
indireta, nas ilustrações, figuras e profecias. O livro de Atos se sobressai em
missões, registra as grandes missões. O livro do SENHOR é o manual de missões. –
O encontro de Filipe com o eunuco da rainha da Etiópia era também o prenúncio
da evangelização mundial. Antes, o evangelho havia sido pregado a um africano,
o etíope, depois a um europeu, o italiano Cornélio. Com o passar do tempo, logo
Deus escolheu Antioquia da Síria para ser o centro do cristianismo gentílico e
a base missionária do apóstolo Paulo. Nessa cidade estava a primeira igreja
gentia e a maior igreja missionária depois de Jerusalém. Também teve o privilégio
de ter o apóstolo Paulo como seu pastor (At 11.26). Antioquia é mais uma etapa
no plano divino da evangelização mundial para levar o evangelho às nações. – Saulo
era de Tarso, grande centro cultural, e conhecia a cultura grega. Antioquia conquistou
essa importância na história do cristianismo graças à estrutura bem organizada
por Barnabé e Saulo. Barnabé foi o primeiro que entendeu essa nova realidade. Vendo
que os costumes daqueles gentios eram muito diferentes das tradições judaicas e
que aqueles irmãos estavam alegres e eram fervorosos no espírito, mas que eram
provenientes de outra cultura, lembrou-se de Saulo, pois sabia que o Senhor
Jesus o havia chamado para pregar e ensinar aos gentios. – O Senhor Jesus
constituiu a igreja como única agência do reino de Deus na terra encarregada de
anunciar essas boas novas de salvação. É necessário, pois, a mobilização de
toda a igreja para que o propósito divino seja alcançado. Cada crente dos dias apostólicos
era um próspero ganhador de almas (At 8.4). Jesus foi enviado ao mundo para
suprir as nossas necessidades (Mt 11.28- 30). Isso é feito mediante o
evangelho, devemos, portanto, agir como o apóstolo Paulo: “Pois não me
envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo
aquele que crê” (Rm 1.16); “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me
gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o
evangelho!” (1 Co 9.16). – Os missionários devem respeitar as culturas de cada
povo. Paulo entendia que os costumes só devem ser mantidos quando necessários,
pois ensinar costumes, culturas e tradições como condição para salvação é
heresia e caracteriza seita. Barnabé sabia que a tradição judaica era mais uma
forma de manter a identidade nacional e que isso em nada implicaria a salvação
desses novos crentes, portanto, não seria necessário observar o ritual da lei
de Moisés (At 15.19, 20). Convém lembrar que a importação de inovação para
nossas igrejas pode desrespeitar a nossa herança espiritual deixada pelos
nossos antepassados. Muitas coisas não servem para nossa cultura, pois já temos
a nossa identidade cultural, como também podem não servir para outras etnias. –
Essa foi a visão dos pentecostais clássicos desde o avivamento da Rua Azusa.
Eles tinham um projeto evangelístico e missionário. Até se pensava, a princípio,
que o dom de línguas era para pregar aos pagãos ao redor do mundo. A xenolalia
é isto, a habilidade de falar uma língua que o indivíduo não
aprendeu. Mas, logo, esses pioneiros desistiram dessa ideia. Mas, eles
continuaram a obra missionária mesmo sem xenolalia. – É dever de
cada crente incentivar as missões, orar pelos missionários e pelos que estão
sendo enviados e contribuir financeiramente para o sustento dos missionários. O
evangelho é a mensagem mais atual. Já faz quase dois mil anos que os cristãos vêm
pregando as boas novas e elas continuam sendo cada dia uma mensagem nova.
Evangelização, discipulado e intercessão são a “máquina” responsável pelo
crescimento da igreja. Cada igreja deve elaborar um projeto, com propósitos
definidos para alcançar os pecadores. O apóstolo Paulo diz que o evangelho
salva, mas é preciso permanecer nele (1 Co 15.1, 2). Esse trabalho é tarefa de todos
os crentes.
SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ
“Grandes cousas tem feito o
Senhor por nós, pelas quais estamos alegres’.
Desejo dar um relatório da obra
do Senhor aqui nesta capital. A 15 de fevereiro de 1927, chegamos a esta cidade
[Belo Horizonte], enviados por nosso Senhor Jesus Cristo. Não existia aqui
nenhum crente da nossa fé, e ninguém tinha ouvido falar do batismo no Espírito
Santo.
[…] Abriram-se muitas portas, de
maneira que agora temos oito cultos por semana, dentro da cidade, e num lugar
chamado Areias surgiu uma nova congregação. Jesus já batizou ali três irmãos no
Espírito Santo. Aleluia! Ele está ouvindo as nossas orações.
Estamos debaixo de uma onda de
revivificação; nossos cultos são muito concorridos e o poder de Deus se tem
manifestado com a salvação de pecadores. Nesses últimos três meses, 47
pecadores se entregaram a Jesus, 19 irmãos foram batizados nas águas e 11 receberam
o batismo no Espírito Santo! Aleluia!” (AZA, Clímaco Bueno. Na Seara do Senhor. In: Mensageiro da Paz:
Os artigos que marcaram a história e a teologia do Movimento Pentecostal no
Brasil. Vol.1. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp.56,57).
CONCLUSÃO
A Bíblia afirma
que não existe salvação sem Jesus. Ele mesmo declarou: “Eu sou o caminho, e a
verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6). Essas boas
novas são o poder de Deus para salvação e libertação disponível a todos os
povos. Mas há necessidade de alguém para levar essa mensagem de vida. Já faz
quase dois mil anos que os cristãos vêm pregando esta mensagem e ela continua
sendo cada dia uma mensagem nova. – A missão primordial da Igreja é fazer discípulos. Na verdade, na
expressão grega, não é o ide que é imperativo, mas fazer seguidores do Mestre
(Mt 28.19,20). Jesus partiu do pressuposto que sua Igreja iria, caso contrário
não seria sua Igreja. Mas é preciso que essa não perca o foco de vista, deve
saber que a missão envolve não apenas fazer com que pessoas levantem as mãos,
em sinal de aceitação, mas também discipulá-las, ensinando-as a guardar a
mensagem de Cristo.
REFERÊNCIAS
LIÇÕES BÍBLICAS. 1º Trimestre 2020 - Lição 10. Rio de Janeiro: CPAD, 7, mar. 2021.
SOARES, Esequias. O verdadeiro pentecostalismo: a atualidade da doutrina bíblica sobre a atuação do Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.
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