sábado, 6 de março de 2021

LIÇÃO 10: O SENHOR JESUS CURA HOJE

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO

Assim como Jesus fez no passado, Ele deseja atualmente curar e libertar os enfermos e os oprimidos. Ele demonstrou misericórdia e compaixão ao tomar sobre si as nossas enfermidades e dores. O caráter e a compaixão de Jesus permanecem imutáveis na atualidade. Deus é fiel para curar as nossas enfermidades. – A cura divina de enfermidades em todas as áreas, como físicas e emocionais, é um fato inquestionável entre nós na atualidade. O nosso desafio não é com os não cristãos e ateus, pois não se espera deles essa mesma crença pentecostal. Há dois problemas maiores mesmo entre os evangélicos, os cessacionistas que não acreditam nesses dons de cura para os nossos dias. O outro problema é que há ainda, os que negam até mesmo os milagres de Jesus registrados nos evangelhos. Rudolf Bultmann (1884-1976) é um deles, pois que “considerava os relatos de acontecimentos sobrenaturais no Novo Testamento apenas mitos edificantes”. Segundo Jack Deere, professor do Seminário Teológico de Princeton, Benjamin Breckinridge Warfield foi quem popularizou a ideia de que “os dons do Espírito haviam sido dados somente aos apóstolos... Morrendo os apóstolos, os dons desapareceram juntamente com eles”. Nós, pentecostais, enfrentamos esse tipo de ideia o tempo todo.

I. A CURA DIVINA NA BÍBLIA

A cura divina na Bíblia tem a ver com a saúde pública no Antigo Testamento, a prevenção de doenças como uma orientação bíblica e as curas de Jesus no Novo Testamento.

1. A saúde pública no Antigo Testamento. Em Israel, a saúde era uma promessa de Deus, mas o povo tinha que fazer a sua parte. Deus garantiu a saúde dos filhos de Israel desde que eles cumprissem os termos do Pacto do Sinai: “nenhuma das enfermidades porei sobre ti, que pus sobre o Egito; porque eu sou o SENHOR, que te sara” (Êx 15.26). A vida dos israelitas era centrada no seu Deus (Dt 6.4-9; 30.20). A cura de enfermidades em Israel era essencialmente milagrosa, principalmente acerca das doenças graves. O remédio não estava nos médicos como nos povos vizinhos, mas em Deus (Jr 17.14; 30.17).

2. A prevenção de doenças é bíblica. A alimentação saudável e a higienização adequada são bons hábitos que contribuem para a boa saúde. Quando a lei de Moisés instrui o povo sobre o padrão de higiene em Levítico 15 e os preceitos dietéticos no capítulo 17, embora parte da purificação fosse cerimonial, o objetivo principal era saúde da população. Isso mostra o interesse divino na saúde pública e individual (Jr 8.22). A religião, nesse caso, se constitui num veículo eficaz para a conscientização coletiva. O Novo Testamento mostra que a finalidade era uma questão de saúde pública e não purificação espiritual para a salvação ou santificação (Mt 15.17-20; Rm 14.2; 1 Tm 4.3-5).

3. O Novo Testamento: as curas de Jesus. Israel dependia mais de Deus, e a sua garantia da saúde estava na obediência. O número de enfermos era alto, e as curas efetuadas por Jesus logo chamaram a atenção do povo (Mt 4.23-25). Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores (1 Tm 1.15), no entanto, por causa da miséria humana, operou muitos milagres, prodígios e maravilhas. O Senhor se compadecia dos enfermos, dos oprimidos e de todos os de espírito abatido, porque essas pessoas andavam como ovelhas que não têm pastor (Mt 9.36; Mc 6.34). A compaixão era a principal motivação de Jesus para ministrar ao povo, e isso não mudou com o tempo, pois a promessa de cura divina continua valendo (Mc 16.17-20). – Em Israel, a saúde era uma promessa de Deus, mas o povo tinha que fazer a sua parte. Deus garantiu a saúde dos filhos de Israel desde que eles cumprissem os termos do Pacto do Sinai: “Se vocês ouvirem com atenção a voz do SENHOR, seu Deus, fizerem o que é reto diante dos seus olhos, derem ouvidos aos seus mandamentos e guardarem todos os seus estatutos, nenhuma enfermidade virá sobre vocês, das que enviei sobre os egípcios; pois eu sou o SENHOR, aquele que cura vocês” (Êx 15.26). O povo dependia mais de Deus do que dos médicos, pois não há evidência de conhecimentos científicos no campo da matemática, da lógica, da medicina, da astronomia entre outros ramos do saber em Israel como em seus vizinhos egípcios, assírios, babilônios, gregos. A presença de médicos em Israel no período do Antigo Testamento parece ter sido escassa, eles são citados apenas seis vezes (Gn 50.2; 2 Cr 16.12; Jó 13.4; Is 3.7; Jr 8.22). – Os médicos que embalsamaram Jacó eram egípcios: “José ordenou a seus servos, aos que eram médicos, que embalsamassem o corpo de seu pai. E os médicos embalsamaram Israel” (Gn 50.2). O termo aparece duas vezes nessa passagem. Os médicos mencionados metaforicamente no livro de Jó são também estrangeiros (Jo 13.4). O relato da doença do rei Asa parece ser a única consulta que seria no padrão da ciência médica registrada em Israel no período do Antigo Testamento: “No trigésimo nono ano do seu reinado, Asa contraiu uma doença nos pés, e essa doença era muito grave. Porém, na sua enfermidade ele não recorreu ao SENHOR, mas confiou nos médicos” (2 Cr 16.12). O tom dessa linguagem parece ser de repreensão e não ficamos sabendo se o rei foi curado e tudo indica que esses “médicos” eram estrangeiros. Em Jeremias: “Será que não há bálsamo em Gileade? Ou não há lá médico? Por que, então, não se realizou a cura da filha do meu povo?” (Jr 8.22). O Dicionário Bíblico Unger dá a entender que “médico”, nessa passagem, representa “mais que tratadores de feridas e aplicadores de bálsamo e unguentos”. Parece ser esse também o sentido em Isaías 3.7. O Dicionário Bíblico Conciso Holman afirma que esses médicos são alusões não do “ponto de vista da medicina (Jr 8.22; Jó 13.4)”.

O cuidado com a saúde pública pertence à esfera da preservação de Deus para o bem-estar dos seres humanos, antes que isso se tornasse preocupação dos governantes do mundo, como agora ficou demonstrado mais uma vez com a chegada da pandemia da Covid-19. A prevenção de saúde é dever individual de cada pessoa e isso é bíblico. A alimentação saudável e a higienização adequada são bons hábitos que contribuem para a boa saúde. O khasherut é o nome que se dá aos preceitos dietéticos estabelecidos na lei de Moisés, são prescrições judaicas tradicionais acerca do ritual e dos preparativos de alimentos e refeições. O termo vem da palavra hebraica khasher, cuja ideia é: “apropriado para comer, limpo”, khósher é a forma em yídiche, muito usada entre os judeus. O texto básico da lei de Moisés que descreve o tipo de alimentação que se deve comer e o que não se deve comer está em Levítico 11. As instruções sobre o período pós-parto estão em Levítico 12, e os dois capítulos seguintes ensinam o povo e as autoridades religiosas em Israel como deviam lidar com a lepra. O padrão de higiene íntima está em Levítico 15. Todos esses preceitos são alguns exemplos de prevenção de saúde. Essa parte da Lei de Moisés é classificada como preceitos cerimoniais. – É possível que os antigos hebreus considerassem todos esses preceitos cerimoniais e rituais de purificação com efeitos soteriológicos. O Novo Testamento mostra que a finalidade era uma questão de saúde pública e não purificação espiritual para a salvação ou santificação. Jesus deixou claro que não é a inobservância do khasherut que contamina a pessoa (Mt 15.17-20); o apóstolo Paulo segue nessa mesma linha (Rm 14.2; 1 Tm 4.3-5). – Deus mandou Moisés incluir esses assuntos como parte do sistema sanitário na lei como preceito religioso, pois do contrário à população não levaria tudo isso a sério. A pandemia da Covid-19 é uma evidência dessa realidade ainda hoje, pois são muitos, no mundo inteiro, que não gostam de seguir as orientações das autoridades sanitárias. A religião, nesse caso, se constitui num veículo eficaz para a conscientização coletiva. A obediência ao Pacto de Sinai era uma garantia contra as enfermidades. No período do Novo Testamento, Israel demonstrava maior conhecimento no campo da medicina por causa do contato com os egípcios, gregos e romanos. A atividade médica era profissional. Mas, a ciência médica era ainda muito rudimentar, e o número de enfermos era grande e não havia recursos na medicina para muitos tipos de doenças, a cura dependia somente do poder de Deus. Era a fé em ação, por essa razão Jesus se compadecia dessas pessoas enfermas, pois o número delas era muito grande. Jesus faz menção aos médicos e nos ensina que os enfermos precisam deles (Mt 9.12; Mc 2.17; Lc 4.23; 5.31). Lucas era médico (Cl 4.14). Reconhecemos a importância da ciência médica, ela é uma bênção para a humanidade, mas ela tem as suas limitações. A pandemia da Covid-19 é uma amostra visível disso. Sabemos também que os resultados promissores no tratamento e na cura de enfermidades por meio de recursos científicos não deixa Deus de fora. O Espírito Santo guia os médicos nos tratamentos desde as consultas até as cirurgias, sem que muitos deles tenham consciência disso.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Ao se preparar para a aula, procure relacionar o maior número possível de passagens sobre cura na Bíblia. Organize essas passagens de um jeito que fique claro todo o processo progressivo da cura nas Sagradas Escrituras até atingir sua plenitude no ministério de Jesus e dos apóstolos. Use uma boa concordância bíblica para lhe auxiliar nessa organização.

À medida que for expondo o primeiro tópico, apresente essas passagens em ordem, a fim de que os alunos confirmem na Bíblia o conceito da cura divina.

  II. A CURA DIVINA COMO PARTE DA SALVAÇÃO

O discurso profético de Isaías 53 anuncia a obra redentora de Jesus no Calvário. Encontramos alguns detalhes dessa palavra profética no Novo Testamento, que mostram com clareza que salvação e cura divina caminham juntas.

1. Salvação. É um termo que se aplica a diversas ações de Deus no Antigo Testamento em favor de seu povo, como o livramento da escravidão, da fome, da espada e das enfermidades. A salvação da condenação eterna é o livramento do poder da maldição do pecado e a restituição do ser humano à comunhão com Deus (2 Co 5.19; Hb 2.15). Deus propôs a salvação para todas as pessoas (Tt 2.11), e as condições para isso são a fé em Jesus e o arrependimento dos pecados (At 3.15-19). A vontade de Deus é a salvação de todos os seres humanos, mas para isso cada pessoa precisa se arrepender de seus pecados e se converter ao Senhor Jesus (At 17.30; 1 Tm 2.4).

2. Cura divina. A Declaração de Fé das Assembleias de Deus define a cura divina como “um ato da soberania, graça e misericórdia divina, que, através do poder do Espírito Santo, restaura física e/ou emocionalmente aqueles que demonstram fé em Jesus Cristo” (Mt 14.14; Lc 4.18,19; At 10.38). É tendência nossa procurar logo os médicos em caso de doença, isso não é errado, Jesus mesmo disse que os doentes precisam de médicos (Mt 9.12; Mc 2.17; Lc 4.23; 5.31). Lucas era médico (Cl 4.14). Mesmo assim, o milagre acontece também pelos recursos científicos da medicina. Mas convém salientar que temos um recurso divino seguro para a cura das enfermidades, a ministração da unção com óleo em nome do Senhor sobre os enfermos (Mc 6.13; Tg 5.14,15).

3. Salvação e cura. A obra de Jesus é completa, a expiação no Calvário resulta na nossa redenção e alcança também a cura do corpo físico (Is 53.4; 1 Pe 2.24). Desde o Antigo Testamento que a salvação e a cura andam juntas (Jr 17.14). A cura espiritual geralmente precede a cura física: “É ele que perdoa todas as tuas iniquidades e sara todas as tuas enfermidades” (Sl 103.3). A cura do paralítico de Cafarnaum (Mt 9.1-8) e passagens paralelas nos evangelhos sinóticos revelam essa verdade. A vontade de Deus é, portanto, curar tanto a alma como o corpo (Tg 5.15).

4. Isaías 53.3,4. O Novo Testamento interpreta Isaías 53 como a provisão de Deus em Cristo para cura física e espiritual. O Evangelho de Mateus aplica a palavra: “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si” (Is 53.4) ao ministério de cura do Senhor Jesus (Mt 8.17). O verbo “sarar” em “pelas suas pisaduras, fomos sarados” (53.5) indica a cura física, isso está muito claro nas inúmeras curas físicas de enfermos efetuadas por Jesus (Mt 8.16,17). Essa cura é também espiritual e isso diz respeito à salvação: “levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados” (1 Pe 2.24). – Lendo a Palavra de Deus vemos que os evangelhos tornam realidade as expectativas messiânicas do Antigo Testamento. Cura e salvação já estavam no radar do Espírito Santo desde os profetas: “Cura-me, SENHOR, e serei curado; salva-me, e serei salvo” (Jr 17.14); “Ele é quem perdoa todas as suas iniquidades; quem cura todas as suas enfermidades” (Sl 103.3). Geralmente o perdão dos pecados vem antes da cura física. Isso se evidencia também na cura do paralítico de Cafarnaum, Jesus primeiro perdoou seus pecados e só depois é que efetuou a cura física (Mt 9.1-8; Mc 2.1-12; Lc 5.18-26). – A combinação desses dois temas é visível no discurso profético de Isaías 53. Isso fica ainda mais evidente no Novo Testamento. A passagem do profeta: “Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o considerávamos como aflito, ferido de Deus e oprimido” (Is 53.4) é aplicada à cura física por ocasião do ministério de cura do Senhor Jesus, “expulsou os espíritos e curou todos os que estavam doentes” (Mt 8.17). Temos nessa passagem cura e libertação como cumprimento da profecia de Isaías: “para se cumprir o que foi dito por meio do profeta Isaías: ‘Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou as nossas doenças’” (Mt 8.17). Mas, essa cura é também espiritual, ou seja, diz respeito à salvação. O apóstolo Pedro cita a continuação da mensagem de Isaías, “o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos sarados” (Is 53.5), que explica de maneira categórica essa cura como salvação, “carregando ele mesmo, em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça. Pelas feridas dele vocês foram sarados” (1 Pe 2.24). De modo que a cura de enfermidades é um dos benefícios da obra redentora do Calvário. Dos 36 milagres específicos de Jesus registrados nos evangelhos, 27 deles envolvem cura e libertação, ou seja, salvação. – A Bíblia nos ensina que o propósito principal da vinda de Jesus ao mundo foi a redenção humana (1 Tm 1.15). Apesar disso, o Senhor Jesus jamais deixou de socorrer os necessitados e aflitos, pois se compadecia deles: “Jesus viu uma grande multidão, compadeceu-se dela e curou os seus enfermos” (Mt 14.14). Ele tinha compaixão dos enfermos, dos oprimidos e de todos os de espírito abatido, porque andavam como ovelhas que não têm pastor (Mt 9.36; Mc 6.34). Ele veio para salvar os pecadores, no entanto, por causa da miséria humana, operou muitos milagres, prodígios e maravilhas. – Assim como Jesus fez no passado, Ele deseja nos dias atuais curar e libertar os enfermos e os oprimidos. Ele demonstrou misericórdia e compaixão ao tomar sobre si as nossas enfermidades e dores. O caráter e a compaixão de Jesus permanecem imutáveis na atualidade. Deus é fiel para curar as nossas enfermidades. A cura de enfermidades era essencialmente milagrosa, principalmente das doenças graves sem tratamento pelos recursos médicos da época.

SUBSÍDIO DEVOCIONAL

“E correndo toda terra, em redor, começaram a trazer-lhe enfermos em leito, onde quer que sabiam que Jesus se achava. Assim, aonde quer que entrasse, Jesus, em cidades, aldeias ou pequenos lugares, lhe apresentavam enfermos nas praças e rogavam-lhe ao menos tocar a orla de seus vestidos: e todos que lhe tocavam eram sarados.

E essa mesma autoridade Jesus tem dado aos seus servos, até ao dia de hoje: de pregar o Evangelho, curar os enfermos e expelir os demônios. Jesus disse aos seus discípulos: ‘Ide por todo mundo, pregai o Evangelho a toda a criatura… e estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome expulsarão os demônios… e porão as mãos sobre os enfermos e os sararão’, Mc 16.15-18. ‘E, saindo eles, pregavam que se arrependessem. E expulsavam muitos demônios e ungiam muitos enfermos com azeite e os curavam’, Mc 6.12-13.

[…] Ninguém pense que, com estas palavras, queiramos dizer que possuímos em nós aquela virtude que havia nos crentes do tempo dos apóstolos, mas sim, que nos esforçamos para alcançar este fim, pois que estamos certos de que Deus é poderoso para restabelecer a sua igreja hoje, assim como no tempo dos apóstolos. E eu posso testemunhar o que tenho visto, em minhas viagens às ilhas do Baixo-Amazonas, que multidões de crentes têm sido curadas pela eficácia da oração. Por isso, quero sempre render honra e glória a Deus, agora e sempre. Amém” (BERG, Daniel. O Senhor é o nosso Médico. In: Mensageiro da Paz: Os artigos que marcaram a história e a teologia do Movimento Pentecostal no Brasil. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp. 24,25).

III. A CURA DIVINA E OS DESAFIOS ATUAIS

Os desafios atuais são diversos, e dentre eles, saber sobre a natureza da enfermidade, se o problema é físico ou espiritual, e ter o discernimento sobre a vontade de Deus.

1. As doenças. As enfermidades são uma das causas de maior sofrimento ao ser humano. Elas são consequências, direta ou indireta, do pecado, pois, se não existisse pecado, não existiriam enfermidades. Mas isso não significa que todos os enfermos estejam em pecado. Há enfermidades que são consequências diretas do pecado (Jo 5.14), no entanto, não se pode generalizar, visto que cada caso tem suas peculiaridades.

2. As enfermidades entre os crentes. Grandes homens de Deus não conseguiram se livrar das doenças. Esse é um desafio, às vezes, fora da compreensão humana. O apóstolo Paulo tinha um “espinho na carne” (2 Co 12.7-10), e qualquer que seja a natureza desse problema, era sem dúvida uma enfermidade (Gl 4.13-15). Timóteo tinha problemas no estômago (1 Tm 5.23); Paulo deixou “Trófimo doente em Mileto” (2 Tm 4.20).

3. Não confundir doença com possessão maligna. Jesus conferiu à sua igreja o poder de curar enfermos e libertar os oprimidos do Diabo (Mt 10.8; Mc 16.15-20). É dever nosso usar essa autoridade do nome de Jesus para diminuir o sofrimento humano. Jesus tem saúde para dar a todos os enfermos, mas nem sempre compreendemos o plano de Deus para determinada pessoa. Duas coisas básicas devemos observar: primeiro, se a enfermidade é opressão maligna ou uma questão médica, para não “expulsar demônio” onde não há demônio. Isso machuca as pessoas, e não é tão incomum entre nós. Segundo, entender que Jesus é Senhor, e não servo, Ele cura como quer e onde quer de acordo com a sua vontade (Mt 6.10). – Cremos plenamente que a cura divina é real e atual, mas é um milagre, isso significa que ela acontece quando Deus quer. Não se trata de um resultado de um programa ou um projeto. É importante o cristão entender que não temos todas as respostas, e às vezes, ficamos sem entender como que grandes homens de Deus não conseguiram se livrar das doenças. Esse é um desafio, às vezes, fora da compreensão humana. O apóstolo Paulo tinha um “espinho na carne” (2 Co 12.7-10), qualquer que seja a natureza desse problema, era sem dúvida uma enfermidade (Gl 4.13-15). Timóteo tinha problemas no estômago (1 Tm 5.23); Paulo relata: “Quanto a Trófimo, deixei-o doente em Mileto” (2 Tm 4.20). – Hoje, isso não é diferente, quantos servos e servas de Deus perderam a vida para a Covid-19? A verdade é, como já ouvi várias vezes o nosso pastor José Wellington Bezerra da Costa falar em cultos fúnebres, que não devemos colocar um ponto de interrogação onde Deus colocou um ponto final. Talvez um dia venhamos a compreender esses mistérios da vida, talvez nunca enquanto vivermos neste mundo. São coisas que pertencem a Deus (Dt 29.29). Assim como as grandes personagens da Bíblia experimentaram todas essas vicissitudes, altos e baixos, da mesma forma as bênçãos são extensivas à igreja e os milagres para os dias atuais. A enfermidade é uma das causas de maior sofrimento ao ser humano. – As pessoas dariam tudo pela saúde. As doenças são consequências, direta ou indireta, do pecado, pois, se não existisse pecado, não existiriam enfermidades. Mas, isso não significa que todos os enfermos estejam em pecado. Há enfermidades que são consequências diretas do pecado (Jo 5.14), no entanto, não se pode generalizar.

Os milagres - A definição de milagre no meu livro Cristologia “é a intervenção do sobrenatural na lei da natureza que Deus opera para mostrar o seu poder e ajudar o ser humano. Em cada milagre acontece uma intervenção na ordem natural do universo”. Mas, isso deve ser entendido de maneira correta, para não confundir o sentido do sobrenatural. – Qual o significado de sobrenatural? O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa define o termo como aquilo “que ultrapassa o natural, fora das leis naturais, fora do comum; extranatural”. O Dicionário de Filosofia de Nicola Abbagnano atribui a origem do termo “sobrenatural” a Tomás de Aquino e define essa palavra como “o que acontece na natureza, mas não decorre das forças ou dos procedimentos da natureza e não pode ser explicado com base neles. É um conceito próprio da teologia cristã, que atribui à fé a crença no Senhor assim entendido”. Essa definição de Abbagnano é filosófica e nos faz pensar sobre o uso que fazemos da palavra sobrenatural. Não parece que o apóstolo Paulo e Lucas tratassem da ação do Espírito Santo e dos dons como algo fora do funcionamento regular do mundo, porque para Deus nada é impossível (Lc 1.37; Ef 3.20). Na experiência pentecostal, o milagre não é algo inatingível, é algo esperado da ação divina que depende da vontade de Deus. O Deus trino é a fonte dos milagres, são obras poderosas em Cristo, mas não está fora da ordem do dia, do funcionamento do universo. Assim, é melhor usar a palavra “milagre” indicando ação especial proveniente de Deus.

– Encontramos seis termos bíblicos traduzidos em nossas versões como “milagre”, dois são hebraicos, no Antigo Testamento e quatro são gregos no Novo Testamento. A palavra ’ôth, “sinal”, é genérica que significa “sinal, marca, insígnia, indício, estandarte, sinal miraculoso, prova, advertência”, geralmente traduzido por se¯meion, na Septuaginta. Quando o sentido é de sinais miraculosos, ’ôth vem geralmente acompanhado do termo hebraico môphe¯th, “maravilha, milagre, sinal, feito” (Êx 7.3; Dt 4.34; 6.22). No Novo Testamento, as palavras são: teras, “milagre, maravilha, sinal milagroso, portento”; se¯ meion, “sinal”; dynamis, “poder”, como aparece no discurso de Pedro no dia de Pentecostes: “Jesus, o Nazareno, homem aprovado por Deus diante de vocês com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou entre vocês por meio dele, como vocês mesmos sabem”. A outra palavra é ergon, “trabalho, obra, feito”, como em Mateus 11:2: “ouviu falar das obras de Cristo”, ou: “dos feitos de Cristo” (ARC). Quais são esses feitos ou essas obras? Jesus esclarece: “Voltem e anunciem a João o que estão ouvindo e vendo: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e aos pobres está sendo pregado o evangelho” (Mt 11.4,5). – Tanto Israel na antiguidade como a igreja do período apostólico viam os milagres dentro da normalidade. É verdade que se trata de algo grandioso e que chama a atenção, mas nada disso nunca esteve fora do controle divino, esses sinais vêm de Deus, são obras de Deus, mas não estão fora do nosso mundo. Os pentecostais veem as obras de Deus dessa maneira, afinal, Deus não está “longe de cada um de nós” (At 17.27). – Eu pergunto a você como pentecostal. Você acha essas coisas fora no universo, fora da nossa realidade? Não. Tudo isso está dentro do raio de ação de Deus. Jesus disse: “Estes sinais acompanharão aqueles que creem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados” (Mc 16.17,18). Não cabe no presente contexto qualquer avaliação sobre a posição da Crítica Textual sobre essa passagem, a experiência histórica da igreja a partir dos 20 milagres registrados em Atos nos é suficiente. Mesmos antes da volta de Jesus ao céu, ele havia concedido poder aos discípulos para realizarem milagres, pelo menos, por três vezes, como estágios (Mt 10.1-8; Lc 9.1-6; 10.1-12, 17-20). Há no livro de Atos o registro de 20 milagres, sinais e prodígios, dentre os quais 13 deles são de cura e libertação. A obra da salvação continuou sendo completa depois da volta de Jesus ao céu. O relato final de Marcos continua valendo: “E eles foram e pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra por meio de sinais, que se seguiam” (Mc 16.20). – O poder de Deus é o mesmo, a igreja de Jesus é a mesma, a dispensação é a mesma. Não faz sentido algum alguém imaginar que os dons do Espírito Santo e os milagres tenham cessados. Como disse Craig S. Keener, como Deus derramaria o seu Espírito para depois “desderramar”? Nós vivemos na Era do Espírito.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“Por que alguns são curados, e outros, não? A resposta a essa pergunta pertence à sabedoria soberana de Deus, mas podem ser feitas algumas observações. Alguns estão doentes por causa do efeito do pecado. Encontramos um exemplo no Novo Testamento, em 1 Coríntios 11.27-30. Esta a razão por que devemos pedir ao Espírito Santo para perscrutar nosso coração e apontar-nos possíveis áreas ocultas de pecado, que nos impedem de receber a cura.

Outra possibilidade é a de que o Senhor está procurando ensinar alguma coisa, assim como a Paulo (2 Co 12.7) e a Jó. Nesse caso, precisamos buscar entendimento da parte do Senhor.

Além disso, existe a questão do momento certo. Muitos não recebem imediatamente a cura. Em semelhantes casos, é preciso lembrar as palavras do Senhor, quando Ele nos admoesta que devemos orar sempre e não desanimar (Lc 18.1). Deus tem seu momento certo.

[…] A falta de fé também pode impedir o recebimento da cura. O autor da Epístola aos Hebreus, em vários trechos, nos admoesta a conservar firme a fé em Deus” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019, p. 528).

   CONCLUSÃO

Precisamos saber que a cura divina é real e atual. Além disso, devemos entender que o Senhor Jesus cura quando, como e onde quer e não da maneira que, às vezes, pensamos (2 Rs 5.10-14). – A cura de enfermidades é um milagre, direta ou indiretamente. A ciência médica é intermediária nesse processo que vem evoluindo ao longo dos séculos e os médicos, independentemente de sua confissão religiosa, consciente ou não, estão nas mãos de Deus. É que Deus trabalha no silêncio. O poder de Deus é o mesmo, a igreja de Jesus é a mesma, a dispensação é a mesma. Não faz sentido algum alguém imaginar que os dons do Espírito Santo e os milagres tenham cessados. Como disse Craig S. Keener, como Deus derramaria o seu Espírito para depois “desderramar”? Nós vivemos na Era do Espírito.

REFERÊNCIAS

LIÇÕES BÍBLICAS. 1º Trimestre 2020 - Lição 10. Rio de Janeiro: CPAD, 7, mar. 2021.

SOARES, Esequias. O verdadeiro pentecostalismo: a atualidade da doutrina bíblica sobre a atuação do Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.

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