COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Assim como Jesus
fez no passado, Ele deseja atualmente curar e libertar os enfermos e os
oprimidos. Ele demonstrou misericórdia e compaixão ao tomar sobre si as nossas enfermidades
e dores. O caráter e a compaixão de Jesus permanecem imutáveis na atualidade.
Deus é fiel para curar as nossas enfermidades. – A cura divina de enfermidades
em todas as áreas, como físicas e emocionais, é um fato inquestionável entre nós
na atualidade. O nosso desafio não é com os não cristãos e ateus, pois não se espera
deles essa mesma crença pentecostal. Há dois problemas maiores mesmo entre os
evangélicos, os cessacionistas que não acreditam nesses dons de cura para os
nossos dias. O outro problema é que há ainda, os que negam até mesmo os milagres
de Jesus registrados nos evangelhos. Rudolf Bultmann (1884-1976) é um deles,
pois que “considerava os relatos de acontecimentos sobrenaturais no Novo
Testamento apenas mitos edificantes”. Segundo Jack Deere, professor do Seminário
Teológico de Princeton, Benjamin Breckinridge Warfield foi quem popularizou a
ideia de que “os dons do Espírito haviam sido dados somente aos apóstolos...
Morrendo os apóstolos, os dons desapareceram juntamente com eles”. Nós,
pentecostais, enfrentamos esse tipo de ideia o tempo todo.
I. A CURA
DIVINA NA BÍBLIA
A cura divina na Bíblia tem a
ver com a saúde pública no Antigo Testamento, a prevenção de doenças como uma
orientação bíblica e as curas de Jesus no Novo Testamento.
1. A saúde pública no Antigo
Testamento. Em Israel, a saúde era uma
promessa de Deus, mas o povo tinha que fazer a sua parte. Deus garantiu a saúde
dos filhos de Israel desde que eles cumprissem os termos do Pacto do Sinai:
“nenhuma das enfermidades porei sobre ti, que pus sobre o Egito; porque eu sou
o SENHOR, que te sara” (Êx 15.26). A vida dos israelitas era centrada no seu
Deus (Dt 6.4-9; 30.20). A cura de enfermidades em Israel era essencialmente
milagrosa, principalmente acerca das doenças graves. O remédio não estava nos
médicos como nos povos vizinhos, mas em Deus (Jr 17.14; 30.17).
2. A prevenção de doenças é
bíblica. A alimentação saudável e a
higienização adequada são bons hábitos que contribuem para a boa saúde. Quando
a lei de Moisés instrui o povo sobre o padrão de higiene em Levítico 15 e os
preceitos dietéticos no capítulo 17, embora parte da purificação fosse
cerimonial, o objetivo principal era saúde da população. Isso mostra o
interesse divino na saúde pública e individual (Jr 8.22). A religião, nesse
caso, se constitui num veículo eficaz para a conscientização coletiva. O Novo
Testamento mostra que a finalidade era uma questão de saúde pública e não purificação
espiritual para a salvação ou santificação (Mt 15.17-20; Rm 14.2; 1 Tm 4.3-5).
3. O Novo Testamento: as curas
de Jesus. Israel dependia mais de Deus, e
a sua garantia da saúde estava na obediência. O número de enfermos era alto, e
as curas efetuadas por Jesus logo chamaram a atenção do povo (Mt 4.23-25).
Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores (1 Tm 1.15), no entanto, por causa
da miséria humana, operou muitos milagres, prodígios e maravilhas. O Senhor se
compadecia dos enfermos, dos oprimidos e de todos os de espírito abatido,
porque essas pessoas andavam como ovelhas que não têm pastor (Mt 9.36; Mc
6.34). A compaixão era a principal motivação de Jesus para ministrar ao povo, e
isso não mudou com o tempo, pois a promessa de cura divina continua valendo (Mc
16.17-20). – Em Israel, a saúde era uma promessa de Deus, mas o povo
tinha que fazer a sua parte. Deus garantiu a saúde dos filhos de Israel desde
que eles cumprissem os termos do Pacto do Sinai: “Se vocês ouvirem com atenção
a voz do SENHOR, seu Deus, fizerem o que é reto diante dos seus olhos, derem
ouvidos aos seus mandamentos e guardarem todos os seus estatutos, nenhuma
enfermidade virá sobre vocês, das que enviei sobre os egípcios; pois eu sou o
SENHOR, aquele que cura vocês” (Êx 15.26). O povo dependia mais de Deus do que
dos médicos, pois não há evidência de conhecimentos científicos no campo da matemática,
da lógica, da medicina, da astronomia entre outros ramos do saber em Israel
como em seus vizinhos egípcios, assírios, babilônios, gregos. A presença de médicos
em Israel no período do Antigo Testamento parece ter sido escassa, eles são
citados apenas seis vezes (Gn 50.2; 2 Cr 16.12; Jó 13.4; Is 3.7; Jr 8.22). – Os
médicos que embalsamaram Jacó eram egípcios: “José ordenou a seus servos, aos
que eram médicos, que embalsamassem o corpo de seu pai. E os médicos
embalsamaram Israel” (Gn 50.2). O termo aparece duas vezes nessa passagem. Os médicos
mencionados metaforicamente no livro de Jó são também estrangeiros (Jo 13.4). O
relato da doença do rei Asa parece ser a única consulta que seria no padrão da
ciência médica registrada em Israel no período do Antigo Testamento: “No trigésimo
nono ano do seu reinado, Asa contraiu uma doença nos pés, e essa doença era muito
grave. Porém, na sua enfermidade ele não recorreu ao SENHOR, mas confiou nos médicos”
(2 Cr 16.12). O tom dessa linguagem parece ser de repreensão e não ficamos
sabendo se o rei foi curado e tudo indica que esses “médicos” eram
estrangeiros. Em Jeremias: “Será que não há bálsamo em Gileade? Ou não há lá médico?
Por que, então, não se realizou a cura da filha do meu povo?” (Jr 8.22). O Dicionário
Bíblico Unger dá a entender que “médico”, nessa passagem, representa “mais
que tratadores de feridas e aplicadores de bálsamo e unguentos”. Parece ser
esse também o sentido em Isaías 3.7. O Dicionário Bíblico
Conciso Holman afirma que esses médicos são alusões não do “ponto de vista
da medicina (Jr 8.22; Jó 13.4)”.
O cuidado com a saúde pública pertence à esfera da preservação
de Deus para o bem-estar dos seres humanos, antes que isso se tornasse preocupação
dos governantes do mundo, como agora ficou demonstrado mais uma vez com a
chegada da pandemia da Covid-19. A prevenção de saúde é dever individual de cada
pessoa e isso é bíblico. A alimentação saudável e a higienização adequada são
bons hábitos que contribuem para a boa saúde. O khasherut
é o nome que se dá aos preceitos dietéticos estabelecidos na
lei de Moisés, são prescrições judaicas tradicionais acerca do ritual e dos
preparativos de alimentos e refeições. O termo vem da palavra hebraica khasher, cuja ideia é:
“apropriado para comer, limpo”, khósher é a forma em yídiche, muito usada entre
os judeus. O texto básico da lei de Moisés que descreve o tipo de alimentação
que se deve comer e o que não se deve comer está em Levítico 11. As instruções
sobre o período pós-parto estão em Levítico 12, e os dois capítulos seguintes
ensinam o povo e as autoridades religiosas em Israel como deviam lidar com a
lepra. O padrão de higiene íntima está em Levítico 15. Todos esses preceitos são
alguns exemplos de prevenção de saúde. Essa parte da Lei de Moisés é
classificada como preceitos cerimoniais. – É possível que os antigos hebreus
considerassem todos esses preceitos cerimoniais e rituais de purificação com
efeitos soteriológicos. O Novo Testamento mostra que a finalidade era uma questão
de saúde pública e não purificação espiritual para a salvação ou santificação.
Jesus deixou claro que não é a inobservância do khasherut
que contamina a pessoa (Mt 15.17-20); o apóstolo Paulo segue
nessa mesma linha (Rm 14.2; 1 Tm 4.3-5). – Deus mandou Moisés incluir esses
assuntos como parte do sistema sanitário na lei como preceito religioso, pois
do contrário à população não levaria tudo isso a sério. A pandemia da Covid-19 é
uma evidência dessa realidade ainda hoje, pois são muitos, no mundo inteiro,
que não gostam de seguir as orientações das autoridades sanitárias. A religião,
nesse caso, se constitui num veículo eficaz para a conscientização coletiva. A
obediência ao Pacto de Sinai era uma garantia contra as enfermidades. No período
do Novo Testamento, Israel demonstrava maior conhecimento no campo da medicina
por causa do contato com os egípcios, gregos e romanos. A atividade médica era
profissional. Mas, a ciência médica era ainda muito rudimentar, e o número de
enfermos era grande e não havia recursos na medicina para muitos tipos de doenças,
a cura dependia somente do poder de Deus. Era a fé em ação, por essa razão
Jesus se compadecia dessas pessoas enfermas, pois o número delas era muito
grande. Jesus faz menção aos médicos e nos ensina que os enfermos precisam
deles (Mt 9.12; Mc 2.17; Lc 4.23; 5.31). Lucas era médico (Cl 4.14).
Reconhecemos a importância da ciência médica, ela é uma bênção para a humanidade,
mas ela tem as suas limitações. A pandemia da Covid-19 é uma amostra visível
disso. Sabemos também que os resultados promissores no tratamento e na cura de
enfermidades por meio de recursos científicos não deixa Deus de fora. O Espírito
Santo guia os médicos nos tratamentos desde as consultas até as cirurgias, sem
que muitos deles tenham consciência disso.
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Ao se preparar para a aula,
procure relacionar o maior número possível de passagens sobre cura na Bíblia.
Organize essas passagens de um jeito que fique claro todo o processo progressivo
da cura nas Sagradas Escrituras até atingir sua plenitude no ministério de
Jesus e dos apóstolos. Use uma boa concordância bíblica para lhe auxiliar nessa
organização.
À medida que for expondo o
primeiro tópico, apresente essas passagens em ordem, a fim de que os alunos
confirmem na Bíblia o conceito da cura divina.
II. A CURA DIVINA COMO PARTE DA SALVAÇÃO
O discurso profético de Isaías
53 anuncia a obra redentora de Jesus no Calvário. Encontramos alguns detalhes
dessa palavra profética no Novo Testamento, que mostram com clareza que
salvação e cura divina caminham juntas.
1. Salvação. É um termo que se aplica a diversas ações de Deus no Antigo Testamento
em favor de seu povo, como o livramento da escravidão, da fome, da espada e das
enfermidades. A salvação da condenação eterna é o livramento do poder da
maldição do pecado e a restituição do ser humano à comunhão com Deus (2 Co
5.19; Hb 2.15). Deus propôs a salvação para todas as pessoas (Tt 2.11), e as
condições para isso são a fé em Jesus e o arrependimento dos pecados (At
3.15-19). A vontade de Deus é a salvação de todos os seres humanos, mas para
isso cada pessoa precisa se arrepender de seus pecados e se converter ao Senhor
Jesus (At 17.30; 1 Tm 2.4).
2. Cura divina. A Declaração de Fé das Assembleias de Deus define a cura divina como “um
ato da soberania, graça e misericórdia divina, que, através do poder do
Espírito Santo, restaura física e/ou emocionalmente aqueles que demonstram fé
em Jesus Cristo” (Mt 14.14; Lc 4.18,19; At 10.38). É tendência nossa procurar
logo os médicos em caso de doença, isso não é errado, Jesus mesmo disse que os
doentes precisam de médicos (Mt 9.12; Mc 2.17; Lc 4.23; 5.31). Lucas era médico
(Cl 4.14). Mesmo assim, o milagre acontece também pelos recursos científicos da
medicina. Mas convém salientar que temos um recurso divino seguro para a cura
das enfermidades, a ministração da unção com óleo em nome do Senhor sobre os
enfermos (Mc 6.13; Tg 5.14,15).
3. Salvação e cura. A obra de Jesus é completa, a expiação no Calvário resulta na nossa
redenção e alcança também a cura do corpo físico (Is 53.4; 1 Pe 2.24). Desde o
Antigo Testamento que a salvação e a cura andam juntas (Jr 17.14). A cura
espiritual geralmente precede a cura física: “É ele que perdoa todas as tuas
iniquidades e sara todas as tuas enfermidades” (Sl 103.3). A cura do paralítico
de Cafarnaum (Mt 9.1-8) e passagens paralelas nos evangelhos sinóticos revelam
essa verdade. A vontade de Deus é, portanto, curar tanto a alma como o corpo
(Tg 5.15).
4. Isaías 53.3,4. O Novo Testamento interpreta Isaías 53 como a provisão de Deus em Cristo
para cura física e espiritual. O Evangelho de Mateus aplica a palavra: “Ele
tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si” (Is 53.4)
ao ministério de cura do Senhor Jesus (Mt 8.17). O verbo “sarar” em “pelas suas
pisaduras, fomos sarados” (53.5) indica a cura física, isso está muito claro
nas inúmeras curas físicas de enfermos efetuadas por Jesus (Mt 8.16,17). Essa
cura é também espiritual e isso diz respeito à salvação: “levando ele mesmo em
seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados,
pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados” (1 Pe
2.24). – Lendo a Palavra de Deus vemos que os evangelhos tornam
realidade as expectativas messiânicas do Antigo Testamento. Cura e salvação já
estavam no radar do Espírito Santo desde os profetas: “Cura-me, SENHOR, e serei
curado; salva-me, e serei salvo” (Jr 17.14); “Ele é quem perdoa todas as suas
iniquidades; quem cura todas as suas enfermidades” (Sl 103.3). Geralmente o
perdão dos pecados vem antes da cura física. Isso se evidencia também na cura
do paralítico de Cafarnaum, Jesus primeiro perdoou seus pecados e só depois é que
efetuou a cura física (Mt 9.1-8; Mc 2.1-12; Lc 5.18-26). – A combinação desses
dois temas é visível no discurso profético de Isaías 53. Isso fica ainda mais
evidente no Novo Testamento. A passagem do profeta: “Certamente ele tomou sobre
si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o considerávamos
como aflito, ferido de Deus e oprimido” (Is 53.4) é aplicada à cura física por
ocasião do ministério de cura do Senhor Jesus, “expulsou os espíritos e curou
todos os que estavam doentes” (Mt 8.17). Temos nessa passagem cura e libertação
como cumprimento da profecia de Isaías: “para se cumprir o que foi dito por
meio do profeta Isaías: ‘Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou as
nossas doenças’” (Mt 8.17). Mas, essa cura é também espiritual, ou seja, diz
respeito à salvação. O apóstolo Pedro cita a continuação da mensagem de Isaías,
“o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos
sarados” (Is 53.5), que explica de maneira categórica essa cura como salvação, “carregando
ele mesmo, em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós,
mortos para os pecados, vivamos para a justiça. Pelas feridas dele vocês foram sarados”
(1 Pe 2.24). De modo que a cura de enfermidades é um dos benefícios da obra
redentora do Calvário. Dos 36 milagres específicos de Jesus registrados nos
evangelhos, 27 deles envolvem cura e libertação, ou seja, salvação. – A Bíblia
nos ensina que o propósito principal da vinda de Jesus ao mundo foi a redenção
humana (1 Tm 1.15). Apesar disso, o Senhor Jesus jamais deixou de socorrer os
necessitados e aflitos, pois se compadecia deles: “Jesus viu uma grande multidão,
compadeceu-se dela e curou os seus enfermos” (Mt 14.14). Ele tinha compaixão
dos enfermos, dos oprimidos e de todos os de espírito abatido, porque andavam
como ovelhas que não têm pastor (Mt 9.36; Mc 6.34). Ele veio para salvar os
pecadores, no entanto, por causa da miséria humana, operou muitos milagres,
prodígios e maravilhas. – Assim como Jesus fez no passado, Ele deseja nos dias
atuais curar e libertar os enfermos e os oprimidos. Ele demonstrou misericórdia
e compaixão ao tomar sobre si as nossas enfermidades e dores. O caráter e a
compaixão de Jesus permanecem imutáveis na atualidade. Deus é fiel para curar
as nossas enfermidades. A cura de enfermidades era essencialmente milagrosa,
principalmente das doenças graves sem tratamento pelos recursos médicos da época.
SUBSÍDIO DEVOCIONAL
“E correndo toda terra, em redor,
começaram a trazer-lhe enfermos em leito, onde quer que sabiam que Jesus se
achava. Assim, aonde quer que entrasse, Jesus, em cidades, aldeias ou pequenos
lugares, lhe apresentavam enfermos nas praças e rogavam-lhe ao menos tocar a
orla de seus vestidos: e todos que lhe tocavam eram sarados.
E essa mesma autoridade Jesus tem
dado aos seus servos, até ao dia de hoje: de pregar o Evangelho, curar os
enfermos e expelir os demônios. Jesus disse aos seus discípulos: ‘Ide por todo
mundo, pregai o Evangelho a toda a criatura… e estes sinais seguirão aos que
crerem: em meu nome expulsarão os demônios… e porão as mãos sobre os enfermos e
os sararão’, Mc 16.15-18. ‘E, saindo eles, pregavam que se arrependessem. E
expulsavam muitos demônios e ungiam muitos enfermos com azeite e os curavam’,
Mc 6.12-13.
[…] Ninguém pense que, com estas
palavras, queiramos dizer que possuímos em nós aquela virtude que havia nos
crentes do tempo dos apóstolos, mas sim, que nos esforçamos para alcançar este
fim, pois que estamos certos de que Deus é poderoso para restabelecer a sua
igreja hoje, assim como no tempo dos apóstolos. E eu posso testemunhar o que
tenho visto, em minhas viagens às ilhas do Baixo-Amazonas, que multidões de
crentes têm sido curadas pela eficácia da oração. Por isso, quero sempre render
honra e glória a Deus, agora e sempre. Amém” (BERG, Daniel. O Senhor é o nosso
Médico. In: Mensageiro da Paz: Os artigos que marcaram a história e a teologia do Movimento Pentecostal
no Brasil. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD,
2004, pp. 24,25).
III. A CURA
DIVINA E OS DESAFIOS ATUAIS
Os desafios atuais são diversos,
e dentre eles, saber sobre a natureza da enfermidade, se o problema é físico ou
espiritual, e ter o discernimento sobre a vontade de Deus.
1. As doenças. As enfermidades são uma das causas de maior sofrimento ao ser humano.
Elas são consequências, direta ou indireta, do pecado, pois, se não existisse
pecado, não existiriam enfermidades. Mas isso não significa que todos os
enfermos estejam em pecado. Há enfermidades que são consequências diretas do
pecado (Jo 5.14), no entanto, não se pode generalizar, visto que cada caso tem
suas peculiaridades.
2. As enfermidades entre os
crentes. Grandes homens de Deus não
conseguiram se livrar das doenças. Esse é um desafio, às vezes, fora da
compreensão humana. O apóstolo Paulo tinha um “espinho na carne” (2 Co
12.7-10), e qualquer que seja a natureza desse problema, era sem dúvida uma
enfermidade (Gl 4.13-15). Timóteo tinha problemas no estômago (1 Tm 5.23);
Paulo deixou “Trófimo doente em Mileto” (2 Tm 4.20).
3. Não confundir doença com
possessão maligna. Jesus conferiu à sua igreja o
poder de curar enfermos e libertar os oprimidos do Diabo (Mt 10.8; Mc 16.15-20).
É dever nosso usar essa autoridade do nome de Jesus para diminuir o sofrimento
humano. Jesus tem saúde para dar a todos os enfermos, mas nem sempre
compreendemos o plano de Deus para determinada pessoa. Duas coisas básicas
devemos observar: primeiro, se a enfermidade é opressão maligna ou uma questão
médica, para não “expulsar demônio” onde não há demônio. Isso machuca as
pessoas, e não é tão incomum entre nós. Segundo, entender que Jesus é Senhor, e
não servo, Ele cura como quer e onde quer de acordo com a sua vontade (Mt
6.10). – Cremos plenamente que a cura divina é real e atual, mas é
um milagre, isso significa que ela acontece quando Deus quer. Não se trata de
um resultado de um programa ou um projeto. É importante o cristão entender que não
temos todas as respostas, e às vezes, ficamos sem entender como que grandes
homens de Deus não conseguiram se livrar das doenças. Esse é um desafio, às
vezes, fora da compreensão humana. O apóstolo Paulo tinha um “espinho na carne”
(2 Co 12.7-10), qualquer que seja a natureza desse problema, era sem dúvida uma
enfermidade (Gl 4.13-15). Timóteo tinha problemas no estômago (1 Tm 5.23);
Paulo relata: “Quanto a Trófimo, deixei-o doente em Mileto” (2 Tm 4.20). – Hoje,
isso não é diferente, quantos servos e servas de Deus perderam a vida para a
Covid-19? A verdade é, como já ouvi várias vezes o nosso pastor José Wellington
Bezerra da Costa falar em cultos fúnebres, que não devemos colocar um ponto de
interrogação onde Deus colocou um ponto final. Talvez um dia venhamos a compreender
esses mistérios da vida, talvez nunca enquanto vivermos neste mundo. São coisas
que pertencem a Deus (Dt 29.29). Assim como as grandes personagens da Bíblia experimentaram
todas essas vicissitudes, altos e baixos, da mesma forma as bênçãos são
extensivas à igreja e os milagres para os dias atuais. A enfermidade é uma das
causas de maior sofrimento ao ser humano. – As pessoas dariam tudo pela saúde.
As doenças são consequências, direta ou indireta, do pecado, pois, se não
existisse pecado, não existiriam enfermidades. Mas, isso não significa que todos
os enfermos estejam em pecado. Há enfermidades que são consequências diretas do
pecado (Jo 5.14), no entanto, não se pode generalizar.
Os milagres - A definição de milagre no meu livro Cristologia
“é a intervenção do sobrenatural na lei da natureza que Deus
opera para mostrar o seu poder e ajudar o ser humano. Em cada milagre acontece
uma intervenção na ordem natural do universo”. Mas, isso deve ser entendido de
maneira correta, para não confundir o sentido do sobrenatural. – Qual o
significado de sobrenatural? O Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa define o termo como aquilo “que ultrapassa o natural, fora
das leis naturais, fora do comum; extranatural”. O Dicionário
de Filosofia de Nicola Abbagnano atribui a origem do termo “sobrenatural”
a Tomás de Aquino e define essa palavra como “o que acontece na natureza, mas não
decorre das forças ou dos procedimentos da natureza e não pode ser explicado
com base neles. É um conceito próprio da teologia cristã, que atribui à fé a crença
no Senhor assim entendido”. Essa definição de Abbagnano é filosófica e nos faz
pensar sobre o uso que fazemos da palavra sobrenatural. Não parece que o apóstolo
Paulo e Lucas tratassem da ação do Espírito Santo e dos dons como algo fora do funcionamento
regular do mundo, porque para Deus nada é impossível (Lc 1.37; Ef 3.20). Na
experiência pentecostal, o milagre não é algo inatingível, é algo esperado da ação
divina que depende da vontade de Deus. O Deus trino é a fonte dos milagres, são
obras poderosas em Cristo, mas não está fora da ordem do dia, do funcionamento
do universo. Assim, é melhor usar a palavra “milagre” indicando ação especial
proveniente de Deus.
– Encontramos seis termos bíblicos traduzidos em nossas versões
como “milagre”, dois são hebraicos, no Antigo Testamento e quatro são gregos no
Novo Testamento. A palavra ’ôth, “sinal”, é
genérica que significa “sinal, marca, insígnia, indício, estandarte, sinal miraculoso,
prova, advertência”, geralmente traduzido por se¯meion, na
Septuaginta. Quando o sentido é de sinais miraculosos, ’ôth vem geralmente
acompanhado do termo hebraico môphe¯th, “maravilha, milagre,
sinal, feito” (Êx 7.3; Dt 4.34; 6.22). No Novo Testamento, as palavras são: teras, “milagre,
maravilha, sinal milagroso, portento”; se¯ meion, “sinal”; dynamis, “poder”, como
aparece no discurso de Pedro no dia de Pentecostes: “Jesus, o Nazareno, homem
aprovado por Deus diante de vocês com milagres, prodígios e sinais, os quais o
próprio Deus realizou entre vocês por meio dele, como vocês mesmos sabem”. A
outra palavra é ergon, “trabalho, obra, feito”, como em Mateus 11:2: “ouviu
falar das obras de Cristo”, ou: “dos feitos de Cristo” (ARC). Quais são esses
feitos ou essas obras? Jesus esclarece: “Voltem e anunciem a João o que estão
ouvindo e vendo: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os
surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e aos pobres está sendo pregado o
evangelho” (Mt 11.4,5). – Tanto Israel na antiguidade como a igreja do período
apostólico viam os milagres dentro da normalidade. É verdade que se trata de algo
grandioso e que chama a atenção, mas nada disso nunca esteve fora do controle
divino, esses sinais vêm de Deus, são obras de Deus, mas não estão fora do nosso
mundo. Os pentecostais veem as obras de Deus dessa maneira, afinal, Deus não
está “longe de cada um de nós” (At 17.27). – Eu pergunto a você como
pentecostal. Você acha essas coisas fora no universo, fora da nossa realidade?
Não. Tudo isso está dentro do raio de ação de Deus. Jesus disse: “Estes sinais acompanharão
aqueles que creem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas línguas;
pegarão em serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará mal;
se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados” (Mc 16.17,18). Não cabe
no presente contexto qualquer avaliação sobre a posição da Crítica Textual
sobre essa passagem, a experiência histórica da igreja a partir dos 20 milagres
registrados em Atos nos é suficiente. Mesmos antes da volta de Jesus ao céu,
ele havia concedido poder aos discípulos para realizarem milagres, pelo menos,
por três vezes, como estágios (Mt 10.1-8; Lc 9.1-6; 10.1-12, 17-20). Há no
livro de Atos o registro de 20 milagres, sinais e prodígios, dentre os quais 13
deles são de cura e libertação. A obra da salvação continuou sendo completa
depois da volta de Jesus ao céu. O relato final de Marcos continua valendo: “E
eles foram e pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor e confirmando
a palavra por meio de sinais, que se seguiam” (Mc 16.20). – O poder de Deus é o
mesmo, a igreja de Jesus é a mesma, a dispensação é a mesma. Não faz sentido
algum alguém imaginar que os dons do Espírito Santo e os milagres tenham
cessados. Como disse Craig S. Keener, como Deus derramaria o seu Espírito para
depois “desderramar”? Nós vivemos na Era do Espírito.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Por que alguns são curados, e
outros, não? A resposta a essa pergunta pertence à sabedoria
soberana de Deus, mas podem ser feitas algumas observações. Alguns estão
doentes por causa do efeito do pecado. Encontramos um exemplo no Novo
Testamento, em 1 Coríntios 11.27-30. Esta a razão por que devemos pedir ao
Espírito Santo para perscrutar nosso coração e apontar-nos possíveis áreas
ocultas de pecado, que nos impedem de receber a cura.
Outra possibilidade é a de que o
Senhor está procurando ensinar alguma coisa, assim como a Paulo (2 Co 12.7) e a
Jó. Nesse caso, precisamos buscar entendimento da parte do Senhor.
Além disso, existe a questão do
momento certo. Muitos não recebem imediatamente a cura. Em semelhantes casos, é
preciso lembrar as palavras do Senhor, quando Ele nos admoesta que devemos orar
sempre e não desanimar (Lc 18.1). Deus tem seu momento certo.
[…] A falta de fé também pode
impedir o recebimento da cura. O autor da Epístola aos Hebreus, em vários
trechos, nos admoesta a conservar firme a fé em Deus” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática:
Uma Perspectiva Pentecostal. 10. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019, p. 528).
CONCLUSÃO
Precisamos saber
que a cura divina é real e atual. Além disso, devemos entender que o Senhor
Jesus cura quando, como e onde quer e não da maneira que, às vezes, pensamos (2
Rs 5.10-14). – A cura de enfermidades é um milagre, direta ou
indiretamente. A ciência médica é intermediária nesse processo que vem
evoluindo ao longo dos séculos e os médicos, independentemente de sua confissão
religiosa, consciente ou não, estão nas mãos de Deus. É que Deus trabalha no
silêncio. O poder de Deus é o mesmo, a igreja de Jesus é a mesma, a dispensação
é a mesma. Não faz sentido algum alguém imaginar que os dons do Espírito Santo
e os milagres tenham cessados. Como disse Craig S. Keener, como Deus derramaria
o seu Espírito para depois “desderramar”? Nós vivemos na Era do Espírito.
REFERÊNCIAS
LIÇÕES BÍBLICAS. 1º
Trimestre 2020 - Lição 10. Rio de Janeiro: CPAD, 7, mar. 2021.
SOARES, Esequias. O
verdadeiro pentecostalismo: a atualidade da doutrina bíblica sobre a
atuação do Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
STAMPS, Donald C. Bíblia de
Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.
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