COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I
A Conduta do Crente
em Relação à Família
Deus planejou a família, a principal
instituição humana. Desde a criação de nossos primeiros pais, esse projeto já
estava delineado pelo Criador. Assim, nesta lição, você tem a missão de mostrar
como objetivo geral que o relacionamento harmonioso está incluído no projeto
divino para a família cristã. Qualquer relacionamento desarmônico viola o
projeto de Deus para a família cristã. Nesse sentido, você tem a incumbência de
fazer uma reflexão bíblica acerca dos atores que constituem a família. Em
primeiro lugar, refletir com a classe sobre a conduta bíblica prescrita aos
maridos. Em segundo, demonstrar como a mulher casada é comparada à Igreja de
Cristo. Em terceiro, trabalhar a orientação bíblica acerca da conduta dos pais
e filhos no ambiente familiar.
Resumo e destaques da lição
É preciso deixar bem claro que a
perspectiva de submissão no relacionamento cristão tem como chave Efésios 5.21.
É uma submissão para todos os atores da família, pois o princípio bíblico em
Efésios ensina que devemos estar sujeitos uns aos outros no temor de Deus.
Nesse contexto, o ponto central da lição
passa pelo entendimento de que o relacionamento familiar é um projeto divino.
Todos os tópicos convergem para esse ponto.
Assim, o primeiro tópico faz uma
reflexão bíblica acerca da conduta do marido e mostra que a ele Deus delegou a
liderança do lar e o dever de amar sua esposa com verdadeiro altruísmo. Aqui,
trata-se de um amor sacrifical.
Em resposta a um marido que ama com o
mesmo amor que Cristo amou a Igreja, o segundo tópico demonstra como a mulher
casada é comparada à Igreja de Cristo e, como auxiliadora, Deus delegou a
tarefa de respeitar a autoridade do lar conferida ao seu marido.
A partir desse relacionamento harmonioso
entre o marido que ama a sua esposa, e esta que o respeito, o terceiro tópico
trata acerca da conduta dos pais e filhos no ambiente familiar, orientando que
aos pais Deus delegou a responsabilidade de educar e aos filhos o dever de
obedecer e honrá-los.
Subsídio extraído
da Revista Ensinador Cristão - Ano 21 nº 82 (Abr/Mai/Jun)
COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Na Bíblia, o
relacionamento familiar é um projeto divino que pressupõe o matrimônio
monogâmico, heterossexual e indissolúvel (Mt 19.4-6). No modelo divino, os
membros da família são iguais, porém, cada um desempenha papéis diferentes.
Nesta lição, veremos a conduta requerida por Deus para a família cristã. [Lições Bíblicas, 21 Junho, 2020]
O relacionamento em família está incluso no projeto divino.
Paulo assegura a existência de uma hierarquia instituída pelo próprio Deus desde
a criação da humanidade (Gn 1.26-28). No contexto familiar, o apóstolo assevera
que essa ordem deve ser observada no matrimônio cristão (Ef 5.23). O matrimônio
bíblico, conforme o ensino de Cristo, deve ser monogâmico, heterossexual e indissolúvel
(Mt 19.4-6). Todos os membros da família são iguais nesse modelo divino, porém
os papéis que cada um desempenha são diferentes. Desse modo, a hierarquia é
funcional, e não de superioridade ou inferioridade.
Essa premissa pode ser percebida no versículo de abertura
dessa seção, onde Paulo aborda com profundidade a questão dos relacionamentos.
No texto bíblico em apreço, antes de discorrer acerca dos papéis da família e
das relações sociais, o apóstolo dos gentios exorta os crentes a sujeitarem-se
“uns aos outros no temor de Deus” (Ef 5.21)
I. A CONDUTA DO CRENTE
COMO MARIDO
No capítulo cinco,
Paulo enaltece o matrimônio e o eleva ao mais alto patamar ao comparar o marido
a Cristo, e a esposa à Igreja. Neste tópico estudaremos a analogia referente ao
marido.
1. O papel do
marido como líder da família. Na Bíblia, a ordem
de autoridade é observada do seguinte modo: Deus é a cabeça de Cristo; Cristo é
a cabeça do homem; e o homem é a cabeça da mulher (1 Co 11.3). A relação dentro
do lar é explicada na frase “o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo
é a cabeça da igreja” (5.23). Ela mostra o modelo de relacionamento do
casamento cristão, isto é, o marido deve liderar a sua casa, do mesmo modo como
Cristo lidera a Igreja visando seu absoluto bem-estar (5.29).
Aqui, é necessário
ressaltar uma questão importante. O movimento feminista com viés neomarxista
considera esse modelo de família como um sistema opressor do homem contra a
mulher. Ao contrário desse falacioso discurso, nas Escrituras, o modelo cristão
está fundado no amor e no respeito mútuo (Jo 13.34,35). [Lições Bíblicas, 21 Junho, 2020]
O Comentário Beacon ressalta que, embora
homens e mulheres sejam iguais diante de Deus, existe uma hierarquia no
casamento em que o marido possui certas obrigações “divinamente ordenadas e a
esposa tem que aceitar com alegria”. Sabe-se, porém, que havia códigos
domésticos nas culturas antigas que positivavam prerrogativas apenas aos
maridos e que obrigavam as esposas à submissão silenciosa e, muitas vezes, com
obediência absoluta. Em contrapartida, a mensagem de Efésios difere das normas
dos povos antigos e assevera que essa submissão deriva da consideração e do
amor incondicional. Hendriksen acentua essa submissão da seguinte forma:
Por certo que ele tem tal autoridade [marido] e deve exercê-la, porém jamais de maneira dominante. A comparação com Cristo como cabeça da igreja (cf. 1.22; 4.15; Cl 1.18) revela em que sentido o esposo é a cabeça da esposa. Ele é sua cabeça no sentido de estar vitalmente interessado no bem-estar dela. É o protetor dela. Seu padrão é Cristo que, como cabeça da igreja, é seu Salvador! [BAPTISTA, 2020, p. 158]
2. O amor como
elemento primordial. O marido, além de
liderar deve também amar a sua esposa assim como Cristo amou a Igreja (5.25).
Isso implica a prática de sacrifício, como diz as Escrituras: “Cristo amou a
igreja e a si mesmo se entregou por ela” (5.25b). O amor de Cristo para com a
Igreja foi altruísta e incondicional (Rm 5.8). Assim, a Igreja foi atraída para
Cristo por meio do amor, e não por ameaças ou imposição autoritária (Jo
15.12,13). Desse modo, os maridos devem também manter a união e a harmonia
conjugal por meio do exercício do “amor”. [Lições Bíblicas, 21 Junho, 2020]
A dificuldade enfrentada pelos maridos é que o amor de
Cristo para com a Igreja é incondicional. Trata-se de um amor altruísta, isto é,
aquele que não espera ser retribuído. Esse amor é imensurável ao ponto de Cristo
morrer pelo bem da Igreja. Dessa mesma maneira, o marido deve amar a sua
esposa. Esse é o dever supremo do marido crente em Jesus. Nesse ponto, João
Crisóstomo (2010, p. 860) faz uma clara e objetiva orientação aos cristãos
casados:
Queres que a mulher
te obedeça, conforme a Igreja a Cristo? Tem solicitude por ela bem como Cristo
pela Igreja. Mesmo se for preciso dar a vida, até mesmo ser mil vezes ferido,
suportar e sofrer seja o que for, não recuses. Nada fizeste ainda à imitação de
Cristo. Pois tu procedes após estar unido; Ele, porém, o fez em favor daquela
que lhe tinha aversão e ódio. Ele, em sua grande solicitude, sujeitou a seus
pés aquela que lhe tinha aversão, odiava, desprezava, enchia de escarros, e insultava
pela lascívia, mas não conseguiu por meio de ameaças, injúria, medo ou coisa
semelhante. De igual forma procede em relação a tua mulher. Mesmo se a vires
com desprezo, injúria, com lascívia, menosprezo, poderás submetê-la a teus pés
por meio de grande solicitude, amor e amizade [...]. É possível conter um servo
pelo medo, ou melhor, talvez nem mesmo ele pode escapar e ir embora. Quanto à
partícipe de tua vida, contudo, mãe de teus filhos, causa de toda alegria, não
deves contê-la por medo e ameaças, mas por amor e afeição.
Acerca dessa realidade, Hendriksen (2013, p. 295) disserta
que, quando um marido ama a esposa da supradita forma, a esposa tem prazer em obedecê-lo
e submeter-se a ele. Como observado, ressalta-se que esse amor implica
notadamente até na prática de algum tipo de sacrifício, como diz as Escrituras:
“Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela” (5.25b). Assim,
ratifica-se que o amor de Cristo para com a Igreja é altruísta e incondicional
(Rm 5.8).
Sublinha-se, ainda, que a Igreja foi atraída para Cristo por
meio do amor e do perdão, e não por ameaças ou imposição autoritária (Jo 15.12-13).
Da mesma maneira, os maridos também devem manter a união e a harmonia conjugal
por meio do exercício do “amor”, e não do “autoritarismo”. Os que falham nesse
quesito estão em desobediência ao preceito bíblico, e, por estarem em falta,
até mesmo as suas orações estão impedidas diante de Deus (1 Pe 3.7). Por isso,
o marido cristão depende da graça divina para desempenhar bem o seu papel de
líder da família. [BAPTISTA, 2020, p. 159]
3. O cuidado do
marido à esposa. A Escritura
enfatiza que a esposa é parte do marido ao declarar “quem ama a sua mulher,
ama-se a si mesmo” (5.28b). Acrescenta ainda que toda a pessoa mentalmente
saudável cuida do próprio corpo (5.29), o que significa que o marido deve dar
atenção à sua mulher do mesmo modo que atenta para consigo mesmo. Isso implica
proteger a esposa e prover-lhe uma vida digna. Essas ações de cuidado não se
limitam apenas às provisões materiais, mas igualmente, ao afeto, à consideração
e à honra, dentre outras. Tal demonstração de amor deve ser sincera tanto em
público quanto em particular, de modo permanente enquanto ambos viverem (Mt
19.6; Cl 3.19). [Lições Bíblicas,
21 Junho, 2020]
Acentua-se, desse modo, que essa afirmação paulina referente
ao papel do marido “não significa que devem amar suas próprias esposas assim
como amam a seus próprios corpos, mas devem amar suas próprias esposas como
sendo seus próprios corpos”. O perfeito entendimento dessa orientação altera
profundamente a postura do marido em relação ao cuidado para com a sua esposa. Nesse
sentido, destaca-se a assertiva do Comentário Bíblico Pentecostal do Novo
Testamento: “Assim como a
Igreja é o corpo de Cristo sobre a terra, também a esposa é a extensão de seu
esposo. Em conjunto, esposo e esposa são partes complementares de uma única personalidade.
Portanto, quando um esposo cuida amorosamente de sua esposa, ama-se a si mesmo”.
[ARRINGTON,
2003, p. 1260].
Nesse aspecto, amar a esposa como sendo o mesmo corpo implica
em proteger a esposa e prover uma vida digna a ela.
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Para iniciar a lição
desta semana é fundamental que o conceito de “amor” seja explicado com clareza
aos seus alunos. Para lhe Auxiliar nessa tarefa, juntamente com o conceito
presente na lição, leve em conta o seguinte fragmento textual: “‘Marido, ame sua
esposa’ (Ef 5.25). Se esta frase tivesse sido escrita por um autor clássico,
ele certamente teria escolhido uma palavra para ‘amor’ entre três
possibilidades. Erao expressava paixão sexual, e é apropriado que o
marido cristão tenha um desejo maduro e contínuo por sua esposa. Phileo e
storgeo são termos frequentemente usados para expressar afeição
familiar. E é apropriado que o marido sinta uma afeição cordial por sua esposa.
No entanto, Paulo decide usar agapao, um termo meigo do grego secular,
mas uma palavra infundida com um significado cristão único, por seu uso no Novo
Testamento. Aqui, agapao expressa o amor desinteressado — um amor que se
compromete conscientemente a procurar o bem-estar da pessoa amada,
independentemente do custo pessoal. Ao decidir colocar o bem-estar da esposa em
primeiro lugar, pois é isto que agapao implica, o marido voluntariamente
sujeita seus próprios interesses às necessidades de sua esposa, e, portanto,
sujeita-se a ela, em uma atitude de reverência a Cristo” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p. 434).
II. A
CONDUTA DA CRENTE COMO ESPOSA
De acordo com a
analogia paulina em relação ao matrimônio, a mulher casada é comparada à Igreja
de Cristo. Nesse ponto veremos a conduta requerida da esposa cristã.
1. O conceito de
submissão cristã. As Escrituras
ensinam a sujeição de “uns aos outros no temor de Deus” (5.21). Nessa
perspectiva alguns exemplos de submissão são apresentados: das esposas aos seus
maridos (5.22); dos filhos aos seus pais (6.1); dos servos aos seus senhores
(6.5). No caso das esposas, a submissão deve ser “assim como a igreja está
sujeita a Cristo” (5.24). Portanto, aqui não se trata de uma sujeição
irracional ao domínio de alguém, mas voluntária e de grata aceitação do amor e
cuidado do marido. Por isso, nada há de depreciativo nessa conduta, pois
retrata o alto nível de relacionamento entre Cristo e a sua amada Igreja. [Lições Bíblicas, 21 Junho, 2020]
Em tempos pós-modernos, o termo “submissão” tornou-se pejorativo.
Um dos aspectos que contribuem para a depreciação da submissão é a efusão
equivocada dos direitos fundamentais, esculpidos na Declaração Universal dos
Direitos Humanos e na Constituição Federal do Brasil. A má interpretação ou o
mau uso desses direitos induz muitas pessoas ao entendimento de que são detentoras
de prerrogativas e que não devem submeter-se a ninguém.
No aspecto legal, essa postura é contraditória, haja vista
que não há ninguém acima da lei no Estado Democrático de Direito, assim como
não há ninguém que possui o direito de ab-rogar qualquer norma. E, no aspecto
teológico, ressalta-se que aquele que se coloca acima dos outros está na
contramão das Escrituras. As orientações bíblicas balizam que os cristãos devem
submeter-se a Deus (Tg 4.7; Rm 8.7), aos pastores (Hb 13.17), às autoridades constituídas
(Rm 13.1; 1 Pe 2.13); as mulheres a seus maridos (Ef 5.22-23); os filhos aos
pais (Ef 6.1) e os servos a seus senhores (Ef 6.5). Hendriksen, ao comentar a respeito
do conceito da submissão cristã, especificadamente a submissão da esposa para
com o seu marido, ressalta alguns aspectos de grande importância, tais como voluntariedade
e adoração: “Tal obediência deve ser uma submissão voluntária de sua parte, e isso
acontece a seu próprio esposo, e não a qualquer homem. O que tomará esta
obediência mais fácil, por outro lado, é que se lhe pede que faça como ao
Senhor, ou seja, como parte de sua obediência a Ele, o mesmo que morreu por ela.”
Matthew Henry afirma com propriedade que “onde houver condescendência
e submissão, os deveres de todos os que estão na casa serão mais bem efetuados”.
[BAPTISTA, 2020, p. 162]
2. A condição da
mulher cristã. Na cultura judaica
a mulher ocupava posição secundária e era parte da propriedade de um homem (Gn
31.14,15). Na sociedade grega as mulheres eram tratadas como inferiores e as
esposas eram escravizadas. No Evangelho de Cristo as mulheres alçaram posição
de dignidade igual aos homens (Gl 3.28). Ao conversar com a mulher samaritana,
Cristo quebrou paradigmas da época e se opôs ao preconceito e a discriminação
(Jo 4.9,10). Portanto, a mulher cristã desfruta de plena liberdade em Cristo e
não está sujeita a nenhum sistema de escravidão (Gl 5.13). [Lições Bíblicas, 21 Junho, 2020]
As mulheres, na sociedade romana, desfrutavam de maior
dignidade que na Grécia, mas eram oficialmente excluídas da vida política e da
vida religiosa tanto pública como privada. Outrossim, registra-se que a ideia
de que as mulheres sequer possuíam alma era divulgada em algumas culturas.
Monteiro [1994, p. 114] descreve a condição social das mulheres no judaísmo nos
seguintes termos:
Na pirâmide social, do ponto de vista da valorização
pessoal, a mulher estava junto com os escravos e as crianças [...]. Na sociedade
judaica, a mulher não teria acesso à educação, não podendo ser instruída nos
segredos da Torá. É muito mencionada a oração que o judeu ortodoxo recitava diariamente,
agradecendo ao Senhor por não ter nascido nem gentio, nem escravo, nem mulher.
Nesse aspecto, frisa-se que o conceito em relação às
mulheres era preconceituoso e discriminatório entre as culturas existentes no contexto
histórico de Efésios (cultura judaica e greco-romana). Dessa forma, ressalta-se
que, nos aspectos abordados, a mulher era culturalmente tratada como objeto e
como um ser inferior ao homem. Apesar de toda essa influência negativa, o
cristianismo emerge com uma mensagem de igualdade e liberdade.
3. A reverência
devida ao marido. O amor do marido
para com a esposa deve ser altruísta (5.25). Esse amor serve ao propósito
divino de capacitar a esposa a ser recíproca ao marido (5.22). O homem que
assim se porta coopera para que a esposa o reverencie (5.33). Essa reverência
consiste em estima e respeito para com o marido. Denota o sentimento que conduz
a esposa a agir de modo a agradar seu amado. Essa postura é demonstrada quando
ela o apoia e o ajuda em sua tarefa de liderar. Significa que a esposa
participa das decisões em família, porém, não procede como opositora nem
desautoriza a autoridade de seu marido. [Lições Bíblicas, 21 Junho, 2020]
Seu
próprio marido sugere
a intimidade e reciprocidade de submissão da esposa. Ela de bom grado se faz sujeito
a um que possui como seu próprio marido (cf. 1 Cor. 7: 3-4). Maridos
e esposas devem ter uma possessividade mútuo, bem como a submissão mútua. Eles
pertencem um ao outro em uma igualdade absoluta. O marido não mais possui a sua
esposa que ela possuí-lo. Ele não tem superioridade e ela não inferioridade,
mais do que aquele que tem o dom de ensino é superior a um com o dom de ajuda.
Uma leitura cuidadosa de 1 Coríntios 12: 12-31 vai mostrar que Deus criou todas
as pessoas para um papel único no Corpo de Cristo, e a atitude generalizada que
norteia todas essas funções e misturá-los juntos é "o caminho mais
excelente" de amor (cap. 13).
Pedro
ensinou exatamente a mesma verdade como Paulo em conta a relação de marido e
mulher. "Vocês, mulheres, sede submissas [também de hupotassō] a
seus próprios maridos" (1 Pe. 3: 1a). A ideia não é a de
subserviência ou servilismo, mas de boa vontade, que funcionará sob a liderança
do marido. Pedro também enfatizou a possessividade mútuo dos esposos e esposas,
usando as mesmas palavras de Paulo – vossos maridos. "As esposas devem
apresentar mesmo quando os seus maridos" são desobedientes à palavra,
[que] sejam ganhos sem palavra pelo procedimento de suas mulheres, como eles
observar o seu comportamento casto e respeitosa" (vv. 1 b -2). Em
vez de irritante, criticando, e pregando a seu marido, a esposa deve
simplesmente definir um exemplo piedoso diante dele ele, mostrando o poder e
beleza do evangelho através do seu efeito em sua própria vida. A humildade,
amor, pureza moral, bondade e respeito são a mais poderosa significa uma mulher
tem para ganhar o marido para o Senhor. [MACARTHUR, 2009, p. 6372]
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“O verbo ‘sujeitar’ (hypotasso) reaparece em 5.24, onde Paulo diz que as esposas devem se sujeitar a seu marido em tudo, assim como a Igreja se sujeita a Cristo. A sujeição da Igreja a Cristo envolve lealdade, fidelidade, devoção, sinceridade, pureza e amor. Essa questão da sujeição representa a essência dos ensinamentos de Paulo às esposas, pois se trata do foco central de exortação em Colossenses 3.18: ‘Vós, mulheres, estai sujeitas a vosso próprio marido, como convém no Senhor’. Todas as passagens do Novo Testamento a esse respeito empregam o mesmo verbo hypotasso (Ef 5.22, 24; Cl 3.18; Tt 2.4,5; 1 Pe 3.1). Paulo usa a voz média em grego para enfatizar o aspecto voluntário da sujeição das esposas. Hypotasso denota ‘sujeição no sentido de submeter-se voluntariamente em amor’ (BAGD, 848). Submeter-se aos outros, ao invés de se impor, deveria ser uma característica geral do povo de Deus (cf. Fp 2.3-8). Nos versos 22-24, Paulo define a natureza da sujeição das esposas de quatro maneiras: ‘A vosso [própr io, idiois] mar ido’ (5.22; idiois está em grego e não foi traduzido na NIV); ‘como ao Senhor’ (cf. Cl 3.18, ‘como é apropriado no Senhor’); ‘porque o marido é a cabeça da mulher’ e ‘como a igreja está sujeita a Cristo’ (5.24)” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p. 454).
III. A CONDUTA DO CRENTE COMO
FILHO
1. A
responsabilidade dos pais. Os pais devem
criar seus filhos na “doutrina e admoestação do Senhor” (6.4b). A palavra
“doutrina” ou “disciplina” (do grego paideia) significa orientação ou
treinamento para o desenvolvimento do caráter e pronta obediência das normas.
Já a palavra “admoestação”, do grego nouthesia, quer dizer instrução ou
advertência que faculta a distinção entre o mal e o bem. Além dessas
exortações, cabe aos pais estabelecer os parâmetros de conduta e reagir contra
a desobediência de seus filhos. Os critérios dessa educação estão na Palavra de
Deus (Pv 22.6). Por outro lado, os pais não devem abusar da autoridade
recebida, pois eles devem educar com brandura e amor, sem rigor excessivo ou
imposições injustas a fim de não incitar à ira de seus filhos (6.4a). [Lições Bíblicas, 21 Junho, 2020]
Essa orientação paulina está em marcante contraste com
a norma adotada pela sociedade romana da sua época. Stott, ao citar William Barclay
(1907–1978), revela que, na chefia da família romana, o chamado pater famílias era exercido com autoritarismo e vislumbres de
crueldade e brutalidade: “O pai romano tinha autoridade total sobre a sua família.
Poderia vendê-la como escrava, ou fazer os membros trabalhar em seus campos,
poderia tomar a lei nas suas próprias mãos, pois a lei assim lhe facultava, e
podia castigar como queria, até mesmo aplicando a pena de morte ao seu filho,
se quisesse.”
Em oposição a essa cultura opressora e desumana, os
pais cristãos são exortados a agir de modo completamente diferente da prática
usual dos seus dias. O apóstolo orienta-os a não provocarem a ira dos seus
filhos (6.4a). Esse verbo exprime a ideia de que o ensino e o tratamento
dispensado pelos pais não devem “excitar as paixões ruins dos filhos por
severidade, injustiça, parcialidade ou exercício irracional de autoridade”. Aos
Colossenses, o apóstolo faz orientação semelhante ao escrever: “Pais, não
irritem os seus filhos, para que eles não fiquem desanimados” (Cl 3.21-NAA).
Na instrução cristã, a disciplina dos genitores deve
ter o condão de ajudar os filhos a fazerem o correto, e não a de irritar ou de provocar
sentimentos de raiva ou rebeldia. A disciplina que não instrui não cumpre o seu
papel regularizador e, dessa forma, não torna os filhos em pessoas melhores e
responsáveis, mas, sim, em pessoas rancorosas que contestam ordens e não as
aceitam. O propósito de Paulo é que o lar cristão seja harmonioso e pacífico, uma
vez que a desobediência dos filhos pode acabar com a paz e a alegria de
qualquer lar.
O vocábulo “disciplina” é a tradução do termo grego paideía, que significa orientação ou treinamento, que
concorre para o desenvolvimento do caráter e pronta obediência das normas. Stott
assevera que aqui a ênfase da disciplina recai na correção. Trata-se da mesma
palavra usada em Hebreus com respeito aos pais terrestres e também ao nosso Pai
celestial, que “nos disciplina para aproveitamento” (Hb 12.5-11).298 Não se
trata de espancamento, mas de instrução equilibrada, controlada por direitos e
deveres com vistas ao aprendizado.
Nesse mesmo sentido, a palavra “admoestação”, do grego
nouthesia, significa “uma instrução ou advertência que faculta
a distinção entre o mal e o bem”. Não se refere à severidade excessiva e nem à
permissividade, mas, sim, ao equilíbrio necessário e indispensável na educação
dos filhos. Mercê dessas exortações bíblicas, cabe aos pais a responsabilidade
de estabelecer os parâmetros de conduta e reagir contra a desobediência dos
seus filhos. O complemento paulino “disciplina e admoestação do Senhor” (6.4,
ARA) significa que os critérios dessa educação é a Palavra de Deus (ver Pv
22.6). [BAPTISTA, 2020, p. 168]
2. A conduta
requerida dos filhos. O dever dos filhos
é apresentado de forma objetiva pelo apóstolo: “Vós, filhos sede obedientes a
vossos pais” (6.1). A explicação para essa postura é categórica: “Porque isto é
justo” (6.1b). Ela segue a ordem natural divinamente estabelecida, pois Deus
deseja que os filhos confiem na sabedoria de seus pais (Lc 2.51). Para
ratificar esse ensino, o apóstolo cita o quinto mandamento: “Honra a teu
pai e a tua mãe” (6.2 cf. Êx 20.12). Assim, os filhos devem obedecer e
honrar seus pais. Logo, obedecer significa cumprir o que é ordenado; e honrar
envolve amor, respeito e até mesmo o sustento em caso de necessidade. Portanto,
a obediência é devida enquanto os filhos viverem sob a tutela dos pais e a
honra é um dever para a vida toda. [Lições Bíblicas, 21 Junho, 2020]
No primeiro versículo do capítulo 6 dessa Epístola aos
Efésios, o apóstolo inicia a sentença exortando a todos os filhos que obedeçam
a seus pais no Senhor (6.1a). Esequias Soares afirma que essa prescrição está
intrinsecamente relacionada à cognação entre pai e filho e entre Deus e o seu
povo, pois “não existe na vida alguém mais importante para o filho do que o pai
e a mãe; eles são seus heróis. Esse relacionamento é análogo ao de Javé com o
seu povo Israel (Dt 1.31)”.283 Isso sinaliza que a conduta dos filhos em obedecer
aos pais é algo tão correto quanto é a conduta dos salvos em obedecer a Deus.
Quanto à motivação exigida nessa obediência,
Hendriksen destaca que “toda obediência egoísta, ou relutante, ou sob terror deve
ser terminantemente descartada”. Nesse aspecto, a prescrição divina não requer
obediência aparente como mera observância da Lei. O apóstolo Paulo enfatiza que
os filhos devem ser obedientes “no Senhor”, e isso significa “obedecer por amor
ao Senhor”. Foulkes considera que mesmo uma criança na sua simplicidade pode
saber o que significa amar no Senhor e obedecer por causa do Senhor. O texto
correlato em Colossenses corrobora com esse entendimento quando diz: “Vós,
filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto é agradável ao Senhor” (Cl 3.20).
[BAPTISTA, 2020, p. 165]
3. O mandamento
com promessa. Aos filhos que
obedecem e honram seus pais, uma promessa dupla lhes é assegurada: “Para que te
vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra” (6.3). Essas bênçãos incluem
prosperidade exterior e vida longa. Embora as dádivas espirituais estejam
implícitas, a ênfase recai sobre os benefícios materiais. Significa que ao
obedecerem e honrarem a seus pais, os filhos submetem-se ao arbítrio de Deus
que, segundo o beneplácito da sua vontade, os recompensa com benesses
especiais. [Lições Bíblicas, 21
Junho, 2020]
Os
filhos devem honrar tanto o seu pai e sua mãe, para mantê-los no
maior respeito possível. Quando Deus introduziu pela primeira vez a Sua lei
escrita na forma dos Dez Mandamentos, a primeira lei relativa às relações
humanas foi: "Honra teu pai e tua mãe, que seus dias sejam prolongados na
terra que o Senhor teu Deus te dá" (Ex. 20:12) – e essa é a lei Paulo
reitera a este texto. É o único mandamento dos dez que se relaciona com a
família, pois que um único princípio, quando obedecida, é suficiente para
garantir a relação direito das crianças de seus pais. Não só isso, mas é o
princípio fundamental por trás de todas as relações humanas na sociedade. Uma
pessoa que cresce com um senso de respeito e obediência aos seus pais terá a
base para respeitar a autoridade de outros líderes e os direitos de outras
pessoas em geral. [MACARTHUR,
2009, p. 6400]
Nesse sentido, no versículo seguinte (Ef 6.2), Paulo
assevera que somente a prática da obediência formal (6.1) não é suficiente na completude
do dever cristão, mas que os filhos também devem cumprir o quinto mandamento do
decálogo, qual seja, o de “honrar pai e mãe” (Êx 20.12; Ef 6.2). O termo grego utilizado pelo apóstolo para honrar é timao, que significa “alto respeito ou estima mostrada a
uma outra pessoa”. Dessa forma, os filhos que obedecem aos seus pais por amor
ao Senhor irão naturalmente demonstrar reverência e apreço pelos seus genitores.
Assim, frisa-se que a ordem dos filhos em obedecer e
honrar aos pais deriva de uma determinação divinamente estabelecida. Deus deseja
que os filhos estejam sujeitos, que confiem na sabedoria, na experiência e na
capacidade dos seus pais em educá-los, tal qual fez Jesus em relação aos seus
pais terrenos (Lc 2.51). Obedecer, portanto, significa cumprir por amor aquilo
que é ordenado. Honrar envolve respeito, consideração, ajuda e até sustento
caso seja necessário. A obediência é devida enquanto os filhos viverem sob a
tutela dos pais, e a honra é um dever para a vida toda.
É relevante destacar que as promessas descritas (6.3) não
dizem respeito à vida eterna, embora seja verdade que nenhum desobediente
herdará o Reino dos céus (Mt 7.21; Jo 5.24; 1 Co 6.9). Esse, porém, não é o enfoque
do texto em discussão. Aqui, o apóstolo ressalta que a observância desses
mandamentos concede aos filhos a bênção de desfrutar o melhor dessa terra.
Salienta-se, portanto, que a ênfase recai sobre os benefícios materiais.
Significa que, ao obedecerem e honrarem os seus pais, os filhos submetem-se à
vontade de Deus, e o Senhor, segundo o beneplácito da sua vontade, recompensa
aos filhos com benesses especiais. [BAPTISTA, 2020, p. 165]
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Os filhos terão sua
formação moral e espiritual com base no modelo dos pais. Uma boa liderança
dentro da família abrange três dimensões da vida dos filhos. A primeira
dimensão alcança os filhos pela instrução, isto é, refere-se ao que dizemos
para os nossos filhos. A segunda dimensão é a influência, isto é, o que fazemos
diante e para os filhos. A terceira dimensão é a imagem do que os pais são e
mostram para os filhos no dia a dia. A obediência às vezes contraria a nossa
natureza carnal. Os pais devem desenvolver atitudes firmes, amáveis e pacientes
para com os filhos, para que eles aprendam que a obediência é para o bem deles.
Obedecer é um princípio divino estabelecido para um relacionamento sadio para
as partes dentro da família. Esse ponto deve ser ampliado no ensino para
corrigir conceituações erradas da educação dos filhos” (CABRAL, Elienai. Mordomia Cristã. 1ª ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp. 171,172).
CONCLUSÃO
No modelo divino
todos os membros da família cumprem deveres específicos. O marido tem o dever
de liderar e amar sua esposa. A esposa o dever de submeter-se e respeitar a
liderança de seu marido. Aos pais o dever de educar seus filhos segundo as
Escrituras. Aos filhos o dever de obedecer e honrar seus pais. Assim, o amor, o
respeito mútuo e a prosperidade fazem parte da família que se porta conforme
Deus planejou. [Lições Bíblicas, 21
Junho, 2020]
A autoridade nunca deve
ser exercida de modo egoísta, mas, sim, sempre em prol dos outros para cujo
benefício foi outorgada. Quando Paulo descreve os deveres dos maridos, dos pais
e dos senhores, em nenhum caso ele está mandando exercer autoridade. Ao
contrário, explicita ou implicitamente, adverte-os contra o uso improprio da
autoridade, proíbe-os de explorar sua posição e, em vez disso, conclama-os a
lembrar de suas responsabilidades e dos direitos da outra parte. Assim, os
maridos devem amar, os pais não devem provocar ira nos filhos, e os patrões
devem tratar seus empregados com justiça.
Um marido cheio do Espirito
Santo ama a esposa como Cristo ama a igreja. Uma esposa cheia do Espirito
submete-se ao marido como a igreja a Cristo. Pais cheios do Espirito criam os
filhos na admoestação do Senhor. Filhos cheios do Espírito obedecem seus pais.
Patrões cheios do Espirito tratam seus empregados com dignidade. Empregados
cheios do Espirito trabalham com empenho em favor de seu patrão. [LOPES, 2009,
p. 142]
REFERÊNCIAS
ARRINGTON, French
(Ed.). Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento.
Rio de Janeiro:
CPAD, 2003.
BAPTISTA, Douglas. A
Igreja Eleita: redimida pelo sangue de Cristo e selada com o Espírito Santo
da Promessa. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
CRISÓSTOMO, João. Comentário
às Cartas de Paulo/1. São Paulo: Paulus, 2010.
HENDRIKSEN, William.
Efésios e Filipenses. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2013.
LIÇÕES BÍBLICAS
CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 12, 21 Junho, 2020.
LOPES, Hernandes
Dias. Efésios: Igreja, a noiva gloriosa de Cristo. São Paulo: Hagnos,
2009.
MACARTUR, John. Comentário
do Novo Testamento: Efésios. Rio de Janeiro: Vida Nova, 2009.
MONTEIRO, A. L. M. Em
Diálogo com a Bíblia: Efésios. Belo Horizonte: Missão
Editora, 1994.
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