sábado, 20 de junho de 2020

LIÇÃO 12: A CONDUTA DO CRENTE EM RELAÇÃO À FAMÍLIA

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I

A Conduta do Crente em Relação à Família 

Deus planejou a família, a principal instituição humana. Desde a criação de nossos primeiros pais, esse projeto já estava delineado pelo Criador. Assim, nesta lição, você tem a missão de mostrar como objetivo geral que o relacionamento harmonioso está incluído no projeto divino para a família cristã. Qualquer relacionamento desarmônico viola o projeto de Deus para a família cristã. Nesse sentido, você tem a incumbência de fazer uma reflexão bíblica acerca dos atores que constituem a família. Em primeiro lugar, refletir com a classe sobre a conduta bíblica prescrita aos maridos. Em segundo, demonstrar como a mulher casada é comparada à Igreja de Cristo. Em terceiro, trabalhar a orientação bíblica acerca da conduta dos pais e filhos no ambiente familiar.  

Resumo e destaques da lição

É preciso deixar bem claro que a perspectiva de submissão no relacionamento cristão tem como chave Efésios 5.21. É uma submissão para todos os atores da família, pois o princípio bíblico em Efésios ensina que devemos estar sujeitos uns aos outros no temor de Deus.

Nesse contexto, o ponto central da lição passa pelo entendimento de que o relacionamento familiar é um projeto divino. Todos os tópicos convergem para esse ponto.

Assim, o primeiro tópico faz uma reflexão bíblica acerca da conduta do marido e mostra que a ele Deus delegou a liderança do lar e o dever de amar sua esposa com verdadeiro altruísmo. Aqui, trata-se de um amor sacrifical.

Em resposta a um marido que ama com o mesmo amor que Cristo amou a Igreja, o segundo tópico demonstra como a mulher casada é comparada à Igreja de Cristo e, como auxiliadora, Deus delegou a tarefa de respeitar a autoridade do lar conferida ao seu marido.

A partir desse relacionamento harmonioso entre o marido que ama a sua esposa, e esta que o respeito, o terceiro tópico trata acerca da conduta dos pais e filhos no ambiente familiar, orientando que aos pais Deus delegou a responsabilidade de educar e aos filhos o dever de obedecer e honrá-los.

Subsídio extraído da Revista Ensinador Cristão - Ano 21 nº 82 (Abr/Mai/Jun)

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

   INTRODUÇÃO

Na Bíblia, o relacionamento familiar é um projeto divino que pressupõe o matrimônio monogâmico, heterossexual e indissolúvel (Mt 19.4-6). No modelo divino, os membros da família são iguais, porém, cada um desempenha papéis diferentes. Nesta lição, veremos a conduta requerida por Deus para a família cristã. [Lições Bíblicas, 21 Junho, 2020]

O relacionamento em família está incluso no projeto divino. Paulo assegura a existência de uma hierarquia instituída pelo próprio Deus desde a criação da humanidade (Gn 1.26-28). No contexto familiar, o apóstolo assevera que essa ordem deve ser observada no matrimônio cristão (Ef 5.23). O matrimônio bíblico, conforme o ensino de Cristo, deve ser monogâmico, heterossexual e indissolúvel (Mt 19.4-6). Todos os membros da família são iguais nesse modelo divino, porém os papéis que cada um desempenha são diferentes. Desse modo, a hierarquia é funcional, e não de superioridade ou inferioridade.

Essa premissa pode ser percebida no versículo de abertura dessa seção, onde Paulo aborda com profundidade a questão dos relacionamentos. No texto bíblico em apreço, antes de discorrer acerca dos papéis da família e das relações sociais, o apóstolo dos gentios exorta os crentes a sujeitarem-se “uns aos outros no temor de Deus” (Ef 5.21)

   I. A CONDUTA DO CRENTE COMO MARIDO

No capítulo cinco, Paulo enaltece o matrimônio e o eleva ao mais alto patamar ao comparar o marido a Cristo, e a esposa à Igreja. Neste tópico estudaremos a analogia referente ao marido.

1. O papel do marido como líder da família. Na Bíblia, a ordem de autoridade é observada do seguinte modo: Deus é a cabeça de Cristo; Cristo é a cabeça do homem; e o homem é a cabeça da mulher (1 Co 11.3). A relação dentro do lar é explicada na frase “o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja” (5.23). Ela mostra o modelo de relacionamento do casamento cristão, isto é, o marido deve liderar a sua casa, do mesmo modo como Cristo lidera a Igreja visando seu absoluto bem-estar (5.29).

Aqui, é necessário ressaltar uma questão importante. O movimento feminista com viés neomarxista considera esse modelo de família como um sistema opressor do homem contra a mulher. Ao contrário desse falacioso discurso, nas Escrituras, o modelo cristão está fundado no amor e no respeito mútuo (Jo 13.34,35). [Lições Bíblicas, 21 Junho, 2020]

O Comentário Beacon ressalta que, embora homens e mulheres sejam iguais diante de Deus, existe uma hierarquia no casamento em que o marido possui certas obrigações “divinamente ordenadas e a esposa tem que aceitar com alegria”. Sabe-se, porém, que havia códigos domésticos nas culturas antigas que positivavam prerrogativas apenas aos maridos e que obrigavam as esposas à submissão silenciosa e, muitas vezes, com obediência absoluta. Em contrapartida, a mensagem de Efésios difere das normas dos povos antigos e assevera que essa submissão deriva da consideração e do amor incondicional. Hendriksen acentua essa submissão da seguinte forma:

Por certo que ele tem tal autoridade [marido] e deve exercê-la, porém jamais de maneira dominante. A comparação com Cristo como cabeça da igreja (cf. 1.22; 4.15; Cl 1.18) revela em que sentido o esposo é a cabeça da esposa. Ele é sua cabeça no sentido de estar vitalmente interessado no bem-estar dela. É o protetor dela. Seu padrão é Cristo que, como cabeça da igreja, é seu Salvador! [BAPTISTA, 2020, p. 158]

2. O amor como elemento primordial. O marido, além de liderar deve também amar a sua esposa assim como Cristo amou a Igreja (5.25). Isso implica a prática de sacrifício, como diz as Escrituras: “Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela” (5.25b). O amor de Cristo para com a Igreja foi altruísta e incondicional (Rm 5.8). Assim, a Igreja foi atraída para Cristo por meio do amor, e não por ameaças ou imposição autoritária (Jo 15.12,13). Desse modo, os maridos devem também manter a união e a harmonia conjugal por meio do exercício do “amor”. [Lições Bíblicas, 21 Junho, 2020]

A dificuldade enfrentada pelos maridos é que o amor de Cristo para com a Igreja é incondicional. Trata-se de um amor altruísta, isto é, aquele que não espera ser retribuído. Esse amor é imensurável ao ponto de Cristo morrer pelo bem da Igreja. Dessa mesma maneira, o marido deve amar a sua esposa. Esse é o dever supremo do marido crente em Jesus. Nesse ponto, João Crisóstomo (2010, p. 860) faz uma clara e objetiva orientação aos cristãos casados:

Queres que a mulher te obedeça, conforme a Igreja a Cristo? Tem solicitude por ela bem como Cristo pela Igreja. Mesmo se for preciso dar a vida, até mesmo ser mil vezes ferido, suportar e sofrer seja o que for, não recuses. Nada fizeste ainda à imitação de Cristo. Pois tu procedes após estar unido; Ele, porém, o fez em favor daquela que lhe tinha aversão e ódio. Ele, em sua grande solicitude, sujeitou a seus pés aquela que lhe tinha aversão, odiava, desprezava, enchia de escarros, e insultava pela lascívia, mas não conseguiu por meio de ameaças, injúria, medo ou coisa semelhante. De igual forma procede em relação a tua mulher. Mesmo se a vires com desprezo, injúria, com lascívia, menosprezo, poderás submetê-la a teus pés por meio de grande solicitude, amor e amizade [...]. É possível conter um servo pelo medo, ou melhor, talvez nem mesmo ele pode escapar e ir embora. Quanto à partícipe de tua vida, contudo, mãe de teus filhos, causa de toda alegria, não deves contê-la por medo e ameaças, mas por amor e afeição.

Acerca dessa realidade, Hendriksen (2013, p. 295) disserta que, quando um marido ama a esposa da supradita forma, a esposa tem prazer em obedecê-lo e submeter-se a ele. Como observado, ressalta-se que esse amor implica notadamente até na prática de algum tipo de sacrifício, como diz as Escrituras: “Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela” (5.25b). Assim, ratifica-se que o amor de Cristo para com a Igreja é altruísta e incondicional (Rm 5.8).

Sublinha-se, ainda, que a Igreja foi atraída para Cristo por meio do amor e do perdão, e não por ameaças ou imposição autoritária (Jo 15.12-13). Da mesma maneira, os maridos também devem manter a união e a harmonia conjugal por meio do exercício do “amor”, e não do “autoritarismo”. Os que falham nesse quesito estão em desobediência ao preceito bíblico, e, por estarem em falta, até mesmo as suas orações estão impedidas diante de Deus (1 Pe 3.7). Por isso, o marido cristão depende da graça divina para desempenhar bem o seu papel de líder da família. [BAPTISTA, 2020, p. 159]

3. O cuidado do marido à esposa. A Escritura enfatiza que a esposa é parte do marido ao declarar “quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo” (5.28b). Acrescenta ainda que toda a pessoa mentalmente saudável cuida do próprio corpo (5.29), o que significa que o marido deve dar atenção à sua mulher do mesmo modo que atenta para consigo mesmo. Isso implica proteger a esposa e prover-lhe uma vida digna. Essas ações de cuidado não se limitam apenas às provisões materiais, mas igualmente, ao afeto, à consideração e à honra, dentre outras. Tal demonstração de amor deve ser sincera tanto em público quanto em particular, de modo permanente enquanto ambos viverem (Mt 19.6; Cl 3.19). [Lições Bíblicas, 21 Junho, 2020]

Acentua-se, desse modo, que essa afirmação paulina referente ao papel do marido “não significa que devem amar suas próprias esposas assim como amam a seus próprios corpos, mas devem amar suas próprias esposas como sendo seus próprios corpos”. O perfeito entendimento dessa orientação altera profundamente a postura do marido em relação ao cuidado para com a sua esposa. Nesse sentido, destaca-se a assertiva do Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento: “Assim como a Igreja é o corpo de Cristo sobre a terra, também a esposa é a extensão de seu esposo. Em conjunto, esposo e esposa são partes complementares de uma única personalidade. Portanto, quando um esposo cuida amorosamente de sua esposa, ama-se a si mesmo”. [ARRINGTON, 2003, p. 1260].

Nesse aspecto, amar a esposa como sendo o mesmo corpo implica em proteger a esposa e prover uma vida digna a ela.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Para iniciar a lição desta semana é fundamental que o conceito de “amor” seja explicado com clareza aos seus alunos. Para lhe Auxiliar nessa tarefa, juntamente com o conceito presente na lição, leve em conta o seguinte fragmento textual: “‘Marido, ame sua esposa’ (Ef 5.25). Se esta frase tivesse sido escrita por um autor clássico, ele certamente teria escolhido uma palavra para ‘amor’ entre três possibilidades. Erao expressava paixão sexual, e é apropriado que o marido cristão tenha um desejo maduro e contínuo por sua esposa. Phileo e storgeo são termos frequentemente usados para expressar afeição familiar. E é apropriado que o marido sinta uma afeição cordial por sua esposa. No entanto, Paulo decide usar agapao, um termo meigo do grego secular, mas uma palavra infundida com um significado cristão único, por seu uso no Novo Testamento. Aqui, agapao expressa o amor desinteressado — um amor que se compromete conscientemente a procurar o bem-estar da pessoa amada, independentemente do custo pessoal. Ao decidir colocar o bem-estar da esposa em primeiro lugar, pois é isto que agapao implica, o marido voluntariamente sujeita seus próprios interesses às necessidades de sua esposa, e, portanto, sujeita-se a ela, em uma atitude de reverência a Cristo” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p. 434).

  II. A CONDUTA DA CRENTE COMO ESPOSA

De acordo com a analogia paulina em relação ao matrimônio, a mulher casada é comparada à Igreja de Cristo. Nesse ponto veremos a conduta requerida da esposa cristã.

1. O conceito de submissão cristã. As Escrituras ensinam a sujeição de “uns aos outros no temor de Deus” (5.21). Nessa perspectiva alguns exemplos de submissão são apresentados: das esposas aos seus maridos (5.22); dos filhos aos seus pais (6.1); dos servos aos seus senhores (6.5). No caso das esposas, a submissão deve ser “assim como a igreja está sujeita a Cristo” (5.24). Portanto, aqui não se trata de uma sujeição irracional ao domínio de alguém, mas voluntária e de grata aceitação do amor e cuidado do marido. Por isso, nada há de depreciativo nessa conduta, pois retrata o alto nível de relacionamento entre Cristo e a sua amada Igreja. [Lições Bíblicas, 21 Junho, 2020]

Em tempos pós-modernos, o termo “submissão” tornou-se pejorativo. Um dos aspectos que contribuem para a depreciação da submissão é a efusão equivocada dos direitos fundamentais, esculpidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Constituição Federal do Brasil. A má interpretação ou o mau uso desses direitos induz muitas pessoas ao entendimento de que são detentoras de prerrogativas e que não devem submeter-se a ninguém.

No aspecto legal, essa postura é contraditória, haja vista que não há ninguém acima da lei no Estado Democrático de Direito, assim como não há ninguém que possui o direito de ab-rogar qualquer norma. E, no aspecto teológico, ressalta-se que aquele que se coloca acima dos outros está na contramão das Escrituras. As orientações bíblicas balizam que os cristãos devem submeter-se a Deus (Tg 4.7; Rm 8.7), aos pastores (Hb 13.17), às autoridades constituídas (Rm 13.1; 1 Pe 2.13); as mulheres a seus maridos (Ef 5.22-23); os filhos aos pais (Ef 6.1) e os servos a seus senhores (Ef 6.5). Hendriksen, ao comentar a respeito do conceito da submissão cristã, especificadamente a submissão da esposa para com o seu marido, ressalta alguns aspectos de grande importância, tais como voluntariedade e adoração: “Tal obediência deve ser uma submissão voluntária de sua parte, e isso acontece a seu próprio esposo, e não a qualquer homem. O que tomará esta obediência mais fácil, por outro lado, é que se lhe pede que faça como ao Senhor, ou seja, como parte de sua obediência a Ele, o mesmo que morreu por ela.”

Matthew Henry afirma com propriedade que “onde houver condescendência e submissão, os deveres de todos os que estão na casa serão mais bem efetuados”. [BAPTISTA, 2020, p. 162]

2. A condição da mulher cristã. Na cultura judaica a mulher ocupava posição secundária e era parte da propriedade de um homem (Gn 31.14,15). Na sociedade grega as mulheres eram tratadas como inferiores e as esposas eram escravizadas. No Evangelho de Cristo as mulheres alçaram posição de dignidade igual aos homens (Gl 3.28). Ao conversar com a mulher samaritana, Cristo quebrou paradigmas da época e se opôs ao preconceito e a discriminação (Jo 4.9,10). Portanto, a mulher cristã desfruta de plena liberdade em Cristo e não está sujeita a nenhum sistema de escravidão (Gl 5.13). [Lições Bíblicas, 21 Junho, 2020]

As mulheres, na sociedade romana, desfrutavam de maior dignidade que na Grécia, mas eram oficialmente excluídas da vida política e da vida religiosa tanto pública como privada. Outrossim, registra-se que a ideia de que as mulheres sequer possuíam alma era divulgada em algumas culturas. Monteiro [1994, p. 114] descreve a condição social das mulheres no judaísmo nos seguintes termos:

Na pirâmide social, do ponto de vista da valorização pessoal, a mulher estava junto com os escravos e as crianças [...]. Na sociedade judaica, a mulher não teria acesso à educação, não podendo ser instruída nos segredos da Torá. É muito mencionada a oração que o judeu ortodoxo recitava diariamente, agradecendo ao Senhor por não ter nascido nem gentio, nem escravo, nem mulher.

Nesse aspecto, frisa-se que o conceito em relação às mulheres era preconceituoso e discriminatório entre as culturas existentes no contexto histórico de Efésios (cultura judaica e greco-romana). Dessa forma, ressalta-se que, nos aspectos abordados, a mulher era culturalmente tratada como objeto e como um ser inferior ao homem. Apesar de toda essa influência negativa, o cristianismo emerge com uma mensagem de igualdade e liberdade.

3. A reverência devida ao marido. O amor do marido para com a esposa deve ser altruísta (5.25). Esse amor serve ao propósito divino de capacitar a esposa a ser recíproca ao marido (5.22). O homem que assim se porta coopera para que a esposa o reverencie (5.33). Essa reverência consiste em estima e respeito para com o marido. Denota o sentimento que conduz a esposa a agir de modo a agradar seu amado. Essa postura é demonstrada quando ela o apoia e o ajuda em sua tarefa de liderar. Significa que a esposa participa das decisões em família, porém, não procede como opositora nem desautoriza a autoridade de seu marido. [Lições Bíblicas, 21 Junho, 2020]

Seu próprio marido sugere a intimidade e reciprocidade de submissão da esposa. Ela de bom grado se faz sujeito a um que possui como seu próprio marido (cf. 1 Cor. 7: 3-4). Maridos e esposas devem ter uma possessividade mútuo, bem como a submissão mútua. Eles pertencem um ao outro em uma igualdade absoluta. O marido não mais possui a sua esposa que ela possuí-lo. Ele não tem superioridade e ela não inferioridade, mais do que aquele que tem o dom de ensino é superior a um com o dom de ajuda. Uma leitura cuidadosa de 1 Coríntios 12: 12-31 vai mostrar que Deus criou todas as pessoas para um papel único no Corpo de Cristo, e a atitude generalizada que norteia todas essas funções e misturá-los juntos é "o caminho mais excelente" de amor (cap. 13).

Pedro ensinou exatamente a mesma verdade como Paulo em conta a relação de marido e mulher. "Vocês, mulheres, sede submissas [também de hupotassō] a seus próprios maridos" (1 Pe. 3: 1a). A ideia não é a de subserviência ou servilismo, mas de boa vontade, que funcionará sob a liderança do marido. Pedro também enfatizou a possessividade mútuo dos esposos e esposas, usando as mesmas palavras de Paulo – vossos maridos. "As esposas devem apresentar mesmo quando os seus maridos" são desobedientes à palavra, [que] sejam ganhos sem palavra pelo procedimento de suas mulheres, como eles observar o seu comportamento casto e respeitosa" (vv. 1 b -2). Em vez de irritante, criticando, e pregando a seu marido, a esposa deve simplesmente definir um exemplo piedoso diante dele ele, mostrando o poder e beleza do evangelho através do seu efeito em sua própria vida. A humildade, amor, pureza moral, bondade e respeito são a mais poderosa significa uma mulher tem para ganhar o marido para o Senhor. [MACARTHUR, 2009, p. 6372]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“O verbo ‘sujeitar’ (hypotasso) reaparece em 5.24, onde Paulo diz que as esposas devem se sujeitar a seu marido em tudo, assim como a Igreja se sujeita a Cristo. A sujeição da Igreja a Cristo envolve lealdade, fidelidade, devoção, sinceridade, pureza e amor. Essa questão da sujeição representa a essência dos ensinamentos de Paulo às esposas, pois se trata do foco central de exortação em Colossenses 3.18: ‘Vós, mulheres, estai sujeitas a vosso próprio marido, como convém no Senhor’. Todas as passagens do Novo Testamento a esse respeito empregam o mesmo verbo hypotasso (Ef 5.22, 24; Cl 3.18; Tt 2.4,5; 1 Pe 3.1). Paulo usa a voz média em grego para enfatizar o aspecto voluntário da sujeição das esposas. Hypotasso denota ‘sujeição no sentido de submeter-se voluntariamente em amor’ (BAGD, 848). Submeter-se aos outros, ao invés de se impor, deveria ser uma característica geral do povo de Deus (cf. Fp 2.3-8). Nos versos 22-24, Paulo define a natureza da sujeição das esposas de quatro maneiras: ‘A vosso [própr io, idiois] mar ido’ (5.22; idiois está em grego e não foi traduzido na NIV); ‘como ao Senhor’ (cf. Cl 3.18, ‘como é apropriado no Senhor’); ‘porque o marido é a cabeça da mulher’ e ‘como a igreja está sujeita a Cristo’ (5.24)” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p. 454).

  III. A CONDUTA DO CRENTE COMO FILHO

1. A responsabilidade dos pais. Os pais devem criar seus filhos na “doutrina e admoestação do Senhor” (6.4b). A palavra “doutrina” ou “disciplina” (do grego paideia) significa orientação ou treinamento para o desenvolvimento do caráter e pronta obediência das normas. Já a palavra “admoestação”, do grego nouthesia, quer dizer instrução ou advertência que faculta a distinção entre o mal e o bem. Além dessas exortações, cabe aos pais estabelecer os parâmetros de conduta e reagir contra a desobediência de seus filhos. Os critérios dessa educação estão na Palavra de Deus (Pv 22.6). Por outro lado, os pais não devem abusar da autoridade recebida, pois eles devem educar com brandura e amor, sem rigor excessivo ou imposições injustas a fim de não incitar à ira de seus filhos (6.4a). [Lições Bíblicas, 21 Junho, 2020]

Essa orientação paulina está em marcante contraste com a norma adotada pela sociedade romana da sua época. Stott, ao citar William Barclay (1907–1978), revela que, na chefia da família romana, o chamado pater famílias era exercido com autoritarismo e vislumbres de crueldade e brutalidade: “O pai romano tinha autoridade total sobre a sua família. Poderia vendê-la como escrava, ou fazer os membros trabalhar em seus campos, poderia tomar a lei nas suas próprias mãos, pois a lei assim lhe facultava, e podia castigar como queria, até mesmo aplicando a pena de morte ao seu filho, se quisesse.”

Em oposição a essa cultura opressora e desumana, os pais cristãos são exortados a agir de modo completamente diferente da prática usual dos seus dias. O apóstolo orienta-os a não provocarem a ira dos seus filhos (6.4a). Esse verbo exprime a ideia de que o ensino e o tratamento dispensado pelos pais não devem “excitar as paixões ruins dos filhos por severidade, injustiça, parcialidade ou exercício irracional de autoridade”. Aos Colossenses, o apóstolo faz orientação semelhante ao escrever: “Pais, não irritem os seus filhos, para que eles não fiquem desanimados” (Cl 3.21-NAA).

Na instrução cristã, a disciplina dos genitores deve ter o condão de ajudar os filhos a fazerem o correto, e não a de irritar ou de provocar sentimentos de raiva ou rebeldia. A disciplina que não instrui não cumpre o seu papel regularizador e, dessa forma, não torna os filhos em pessoas melhores e responsáveis, mas, sim, em pessoas rancorosas que contestam ordens e não as aceitam. O propósito de Paulo é que o lar cristão seja harmonioso e pacífico, uma vez que a desobediência dos filhos pode acabar com a paz e a alegria de qualquer lar.

O vocábulo “disciplina” é a tradução do termo grego paideía, que significa orientação ou treinamento, que concorre para o desenvolvimento do caráter e pronta obediência das normas. Stott assevera que aqui a ênfase da disciplina recai na correção. Trata-se da mesma palavra usada em Hebreus com respeito aos pais terrestres e também ao nosso Pai celestial, que “nos disciplina para aproveitamento” (Hb 12.5-11).298 Não se trata de espancamento, mas de instrução equilibrada, controlada por direitos e deveres com vistas ao aprendizado.

Nesse mesmo sentido, a palavra “admoestação”, do grego nouthesia, significa “uma instrução ou advertência que faculta a distinção entre o mal e o bem”. Não se refere à severidade excessiva e nem à permissividade, mas, sim, ao equilíbrio necessário e indispensável na educação dos filhos. Mercê dessas exortações bíblicas, cabe aos pais a responsabilidade de estabelecer os parâmetros de conduta e reagir contra a desobediência dos seus filhos. O complemento paulino “disciplina e admoestação do Senhor” (6.4, ARA) significa que os critérios dessa educação é a Palavra de Deus (ver Pv 22.6). [BAPTISTA, 2020, p. 168]

2. A conduta requerida dos filhos. O dever dos filhos é apresentado de forma objetiva pelo apóstolo: “Vós, filhos sede obedientes a vossos pais” (6.1). A explicação para essa postura é categórica: “Porque isto é justo” (6.1b). Ela segue a ordem natural divinamente estabelecida, pois Deus deseja que os filhos confiem na sabedoria de seus pais (Lc 2.51). Para ratificar esse ensino, o apóstolo cita o quinto mandamento: Honra a teu pai e a tua mãe(6.2 cf. Êx 20.12). Assim, os filhos devem obedecer e honrar seus pais. Logo, obedecer significa cumprir o que é ordenado; e honrar envolve amor, respeito e até mesmo o sustento em caso de necessidade. Portanto, a obediência é devida enquanto os filhos viverem sob a tutela dos pais e a honra é um dever para a vida toda. [Lições Bíblicas, 21 Junho, 2020]

No primeiro versículo do capítulo 6 dessa Epístola aos Efésios, o apóstolo inicia a sentença exortando a todos os filhos que obedeçam a seus pais no Senhor (6.1a). Esequias Soares afirma que essa prescrição está intrinsecamente relacionada à cognação entre pai e filho e entre Deus e o seu povo, pois “não existe na vida alguém mais importante para o filho do que o pai e a mãe; eles são seus heróis. Esse relacionamento é análogo ao de Javé com o seu povo Israel (Dt 1.31)”.283 Isso sinaliza que a conduta dos filhos em obedecer aos pais é algo tão correto quanto é a conduta dos salvos em obedecer a Deus.

Quanto à motivação exigida nessa obediência, Hendriksen destaca que “toda obediência egoísta, ou relutante, ou sob terror deve ser terminantemente descartada”. Nesse aspecto, a prescrição divina não requer obediência aparente como mera observância da Lei. O apóstolo Paulo enfatiza que os filhos devem ser obedientes “no Senhor”, e isso significa “obedecer por amor ao Senhor”. Foulkes considera que mesmo uma criança na sua simplicidade pode saber o que significa amar no Senhor e obedecer por causa do Senhor. O texto correlato em Colossenses corrobora com esse entendimento quando diz: “Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto é agradável ao Senhor” (Cl 3.20). [BAPTISTA, 2020, p. 165]

3. O mandamento com promessa. Aos filhos que obedecem e honram seus pais, uma promessa dupla lhes é assegurada: “Para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra” (6.3). Essas bênçãos incluem prosperidade exterior e vida longa. Embora as dádivas espirituais estejam implícitas, a ênfase recai sobre os benefícios materiais. Significa que ao obedecerem e honrarem a seus pais, os filhos submetem-se ao arbítrio de Deus que, segundo o beneplácito da sua vontade, os recompensa com benesses especiais. [Lições Bíblicas, 21 Junho, 2020]

Os filhos devem honrar tanto o seu pai e sua mãe, para mantê-los no maior respeito possível. Quando Deus introduziu pela primeira vez a Sua lei escrita na forma dos Dez Mandamentos, a primeira lei relativa às relações humanas foi: "Honra teu pai e tua mãe, que seus dias sejam prolongados na terra que o Senhor teu Deus te dá" (Ex. 20:12) – e essa é a lei Paulo reitera a este texto. É o único mandamento dos dez que se relaciona com a família, pois que um único princípio, quando obedecida, é suficiente para garantir a relação direito das crianças de seus pais. Não só isso, mas é o princípio fundamental por trás de todas as relações humanas na sociedade. Uma pessoa que cresce com um senso de respeito e obediência aos seus pais terá a base para respeitar a autoridade de outros líderes e os direitos de outras pessoas em geral. [MACARTHUR, 2009, p. 6400]

Nesse sentido, no versículo seguinte (Ef 6.2), Paulo assevera que somente a prática da obediência formal (6.1) não é suficiente na completude do dever cristão, mas que os filhos também devem cumprir o quinto mandamento do decálogo, qual seja, o de “honrar pai e mãe” (Êx 20.12; Ef 6.2). O termo grego utilizado pelo apóstolo para honrar é timao, que significa “alto respeito ou estima mostrada a uma outra pessoa”. Dessa forma, os filhos que obedecem aos seus pais por amor ao Senhor irão naturalmente demonstrar reverência e apreço pelos seus genitores.

Assim, frisa-se que a ordem dos filhos em obedecer e honrar aos pais deriva de uma determinação divinamente estabelecida. Deus deseja que os filhos estejam sujeitos, que confiem na sabedoria, na experiência e na capacidade dos seus pais em educá-los, tal qual fez Jesus em relação aos seus pais terrenos (Lc 2.51). Obedecer, portanto, significa cumprir por amor aquilo que é ordenado. Honrar envolve respeito, consideração, ajuda e até sustento caso seja necessário. A obediência é devida enquanto os filhos viverem sob a tutela dos pais, e a honra é um dever para a vida toda.

É relevante destacar que as promessas descritas (6.3) não dizem respeito à vida eterna, embora seja verdade que nenhum desobediente herdará o Reino dos céus (Mt 7.21; Jo 5.24; 1 Co 6.9). Esse, porém, não é o enfoque do texto em discussão. Aqui, o apóstolo ressalta que a observância desses mandamentos concede aos filhos a bênção de desfrutar o melhor dessa terra. Salienta-se, portanto, que a ênfase recai sobre os benefícios materiais. Significa que, ao obedecerem e honrarem os seus pais, os filhos submetem-se à vontade de Deus, e o Senhor, segundo o beneplácito da sua vontade, recompensa aos filhos com benesses especiais. [BAPTISTA, 2020, p. 165]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“Os filhos terão sua formação moral e espiritual com base no modelo dos pais. Uma boa liderança dentro da família abrange três dimensões da vida dos filhos. A primeira dimensão alcança os filhos pela instrução, isto é, refere-se ao que dizemos para os nossos filhos. A segunda dimensão é a influência, isto é, o que fazemos diante e para os filhos. A terceira dimensão é a imagem do que os pais são e mostram para os filhos no dia a dia. A obediência às vezes contraria a nossa natureza carnal. Os pais devem desenvolver atitudes firmes, amáveis e pacientes para com os filhos, para que eles aprendam que a obediência é para o bem deles. Obedecer é um princípio divino estabelecido para um relacionamento sadio para as partes dentro da família. Esse ponto deve ser ampliado no ensino para corrigir conceituações erradas da educação dos filhos” (CABRAL, Elienai. Mordomia Cristã. 1ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp. 171,172).

  CONCLUSÃO

No modelo divino todos os membros da família cumprem deveres específicos. O marido tem o dever de liderar e amar sua esposa. A esposa o dever de submeter-se e respeitar a liderança de seu marido. Aos pais o dever de educar seus filhos segundo as Escrituras. Aos filhos o dever de obedecer e honrar seus pais. Assim, o amor, o respeito mútuo e a prosperidade fazem parte da família que se porta conforme Deus planejou. [Lições Bíblicas, 21 Junho, 2020]

A autoridade nunca deve ser exercida de modo egoísta, mas, sim, sempre em prol dos outros para cujo benefício foi outorgada. Quando Paulo descreve os deveres dos maridos, dos pais e dos senhores, em nenhum caso ele está mandando exercer autoridade. Ao contrário, explicita ou implicitamente, adverte-os contra o uso improprio da autoridade, proíbe-os de explorar sua posição e, em vez disso, conclama-os a lembrar de suas responsabilidades e dos direitos da outra parte. Assim, os maridos devem amar, os pais não devem provocar ira nos filhos, e os patrões devem tratar seus empregados com justiça.

Um marido cheio do Espirito Santo ama a esposa como Cristo ama a igreja. Uma esposa cheia do Espirito submete-se ao marido como a igreja a Cristo. Pais cheios do Espirito criam os filhos na admoestação do Senhor. Filhos cheios do Espírito obedecem seus pais. Patrões cheios do Espirito tratam seus empregados com dignidade. Empregados cheios do Espirito trabalham com empenho em favor de seu patrão. [LOPES, 2009, p. 142]

REFERÊNCIAS

ARRINGTON, French (Ed.). Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento.

Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

BAPTISTA, Douglas. A Igreja Eleita: redimida pelo sangue de Cristo e selada com o Espírito Santo da Promessa. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.

CRISÓSTOMO, João. Comentário às Cartas de Paulo/1. São Paulo: Paulus, 2010.

HENDRIKSEN, William. Efésios e Filipenses. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2013.

LIÇÕES BÍBLICAS CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 12, 21 Junho, 2020.

LOPES, Hernandes Dias. Efésios: Igreja, a noiva gloriosa de Cristo. São Paulo: Hagnos, 2009.

MACARTUR, John. Comentário do Novo Testamento: Efésios. Rio de Janeiro: Vida Nova, 2009.

MONTEIRO, A. L. M. Em Diálogo com a Bíblia: Efésios. Belo Horizonte: Missão

Editora, 1994.

 


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