COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I
ATRIBUTOS
DA UNIDADE DA FÉ:
Humildade, Mansidão e Longanimidade
A Carta aos Efésios traz
orientações bem práticas para que os crentes cheguem à unidade da fé. Ela
mostra claramente que a unidade na Igreja de Cristo é o resultado da humildade,
mansidão e longanimidade na vida dos crentes. Esse é o ponto que deve ser
mostrado com ênfase ao longo da lição desta semana. Para garantir a unidade da
fé, segundo o ensinamento de Efésios, é preciso Humildade, Mansidão e
Longanimidade. Para isso que você deve ter outros objetivos bem delineados para
atingi-los ao ministrar a lição em classe. O primeiro deles, explicar que a
humildade é uma virtude indispensável para a comunhão. O segundo, enfatizar que
a mansidão produz crentes que promovem a paz e a conciliação. E, finalmente, o
terceiro é frisar que a longanimidade capacita o crente a ser tolerante com os
defeitos alheios. Todos esses objetivos trabalham para mostrar o valor destas
três grandes virtudes cristãs: Humidade, Mansidão e Longanimidade na manutenção
da Unidade da Fé.
Resumo e destaques da lição
Nesta lição há uma sentença
muito clara em que os tópicos corroboram com ela: A genuína unidade da Igreja é
o resultado da humildade, mansidão e longanimidade de cada crente. É
indispensável que, nós, os pentecostais, além de enfatizarmos a efusão do Espírito
e os dons espirituais, proclamemos com clareza a necessidade de um caráter
transformado por Cristo acompanhado de virtudes concretas para fazer a
manutenção da unidade da fé na Igreja.
Nesse sentido, o primeiro tópico
explica a humildade como uma virtude indispensável à comunhão na igreja. Aqui,
é importante que você enfatize que a virtude da humildade é produzida no crente
por obra do Espírito Santo. Os humildes se portam com simplicidade e cooperam
com a unidade da Igreja.
No segundo tópico, você precisa
destacar que a mansidão também é virtude produzida pelo Espírito Santo. Os
mansos são pacíficos e impedem a proliferação de conflitos na Igreja. Por isso
é uma virtude indispensável à manutenção da unidade da fé.
E o terceiro tópico frisa que a
longanimidade capacita o crente a ser tolerante com os defeitos alheios, isto
é, uma qualidade produzida pelo Espírito que capacita o crente a suportar as
ofensas sofridas e ainda a perdoar o ofensor. Essa virtude é indispensável para
sermos tolerantes uns para com os outros conforme Paulo ensina em Romanos 14.
Subsídio extraído da Revista Ensinador Cristão - Ano 21 nº 82 (Abr/Mai/Jun)
COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Após concluir a
oração intercessória em favor da Igreja e, ao mesmo tempo, estimular os
cristãos a viverem para a glória de Deus (3.16-21), o apóstolo passa a
enfatizar a necessidade da unidade dos crentes (4.1-16). Assim, nesta lição,
estudaremos as virtudes fundamentais – humildade, mansidão e longanimidade –
que levam a igreja a viver uma perfeita unidade conforme a Palavra de Deus. [Lições Bíblicas, 14 Junho, 2020]
A responsabilidade individual requer do cristão um
relacionamento adequado com os membros do corpo de Cristo (4.2), e a responsabilidade
coletiva inclui o compromisso de preservar a unidade do Espírito pelo vínculo
da paz (4.3). O Comentário Bíblico Beacon assinala que “a tarefa
da igreja é ser a unidade e, para cumprir sua missão no mundo, a igreja tem de
exemplificar, pela união entre os seus membros, o poder e a glória da graça de Deus”.
Isso denota que, quando a Igreja testemunha de Cristo por meio da unidade,
pessoas são atraídas e experimentam transformação pelo poder divino. Por
conseguinte, o corpo de Cristo deve viver em unidade, tendo em vista glorificar
a Deus e servir de bom testemunho à sociedade. Para tanto, o apóstolo exorta à
unidade e a um andar digno para o cumprimento dos excelsos propósitos divinos
para com os crentes salvos. [BAPTISTA,
2020, p. 144]
I. PARA HAVER UNIDADE É
PRECISO HUMILDADE
A humildade é uma
virtude imprescindível para o fortalecimento da comunhão cristã. Espera-se que
os crentes sejam humildes não somente diante de Deus, mas também entre eles.
1. O modo digno do
viver cristão. A conduta geral do
crente é o destaque dessa seção da Carta. O apelo apostólico é para que os
crentes “andem de modo digno da vocação” (4.1), ou seja, a nossa conduta diária
deve corresponder à chamada recebida para ser um membro do Corpo de Cristo, a
Igreja. Isso pressupõe que o andar do cristão está diretamente relacionado com
o nível de unidade que ele tem com Deus e com os irmãos. Nesse sentido, a fim
de desenvolver essa unidade, o apóstolo Paulo apresenta três virtudes essenciais:
a humildade, a mansidão e a longanimidade (4.2). [Lições Bíblicas, 14 Junho, 2020]
O termo peripateo (andeis) é um verbo que
está conjugado no modo infinitivo, no tempo aoristo e na voz ativa. Isso
significa que a ação de “andar” redigida por Paulo não é uma ação temporária,
mas, sim, um comportamento que outrora iniciou e que deve ser persistido
constantemente, ou seja, o cristão deve viver de maneira digna da vocação
(NAA) ou se comportar dignamente (Bíblia Pastoral — Paulus). O Comentário
Bíblico do Novo Testamento – Aplicação Pessoal frisa que ser digno
significa estar em equilíbrio, como uma balança. Desse modo, “os crentes devem
viver em equilíbrio com o seu chamado. O modo como agem deve estar de acordo
com aquilo que creem”. [BAPTISTA, 2020, p. 146]
Essa conduta, que deve ser diária e constante, tem
significado de suma importância no aspecto de como deve o cristão corresponder à
chamada recebida para ser membro do corpo de Cristo e evidenciar as seguintes
virtudes:
A mansidão é a virtude cristã pela
qual vivemos tranquila e pacificamente com nosso próximo, sem ficar irados com
ele e sem o tratar asperamente por causa de sua falta de habilidade, sua baixa
condição social ou sua fraqueza [...]. Isso é o que é a mansidão, tanto na
nossa mente quanto no nosso comportamento. Devemos ser mansos com os outros em
todo o tempo e em todas as circunstâncias, não apenas ocasionalmente ou em uma
coisa, ou outra, como nos convier. A paciência que devemos ter uns com os
outros em amor é o mesmo que perdão e compreensão mútuos. É o oposto exato de
guardar rancor e não mostrar simpatia pelos outros. Na igreja, esse tipo de
paciência preserva a unidade da doutrina e a paz [BRAY, 2013, p. 351]
2. A humildade. Para os povos pagãos a humildade não era uma virtude; pelo contrário,
era considerada uma atitude negativa, fraqueza de caráter e falta de amor
próprio. Na vida de Cristo é que a humildade aparece como virtude, pois Ele
“não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a
forma de servo” (Fp 2.6,7). No Evangelho de João, nosso Senhor lavou os pés dos
apóstolos dando o exemplo de humildade (Jo 13.13-15), mas não de uma humildade
movida pela falsa aparência (Is 32.6; Mt 23.28), e sim de uma ação que
reconhece a importância e o valor do outro (Fp 2.3). [Lições Bíblicas, 14 Junho, 2020]
Tapeinophrosunē (humildade) é uma palavra composta que significa,
literalmente, para pensar ou julgar com humildade, e, portanto, ter a humildade
de espírito. João Wesley observou que "nem os romanos, nem os gregos
tinham uma palavra para a humildade." O próprio conceito foi tão estranho
e repugnante para a sua maneira de pensar que eles não tinham nenhum termo para
descrevê-lo. Aparentemente, este termo grego foi cunhado pelos cristãos,
provavelmente pelo próprio Paulo, para descrever uma qualidade para o qual não
há outra palavra estava disponível. Para os gregos orgulhosos e romanos, os
seus termos para ignóbeis, covardes, e outras características foram suficientes
para descrever a pessoa "não natural" que não pense de si mesmo com
orgulho e autossatisfação. Quando, durante os primeiros séculos do cristianismo,
os escritores pagãos emprestado o termo tapeinophrosunē eles sempre usaram
depreciativamente dos cristãos, porque a eles humildade era uma fraqueza
lastimável.
Mas a humildade é
a virtude cristã mais fundacional. Nós não podemos sequer começar a agradar a
Deus sem humildade, assim como nosso Senhor não poderia ter agradado Seu Pai
tinha Ele não por sua vontade "se esvaziou, assumindo a forma de um servo,
e [...] se humilhou, tornando-se obediente até à de morte, e morte de cruz
"(Fl 2: 7-8). [MACARTUR, 2009, p.
6211]
Após o apóstolo orientar que os cristãos devem viver de modo
digno com a vocação recebida, ele enumera, divinamente inspirado, as já citadas
três virtudes essenciais da chamada cristã para que os salvos possam viver a
unidade da fé. Ele inicia com uma dádiva que está conectada e interligada com a
mansidão e a longanimidade, a saber, a humildade (4.2). Esta é a única
dessas três virtudes que não aparece de modo explícito na lista do Fruto do Espírito
(Gl 5.22-23), e isso porque a humildade está intrinsecamente associada à verdadeira
mansidão (Mt 11.29; Cl 3.12).
Sublinha-se, nesse sentido, que o maior exemplo de humildade
foi demonstrado por Cristo Jesus, pois Ele “não teve por usurpação ser igual a
Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo” (Fp 2.5-8). Hendriksen
avalia que, “quando Ele [Cristo] renunciou sua existência numa forma de
igualdade a Deus, naquele fato ele assumiu tudo quanto era contrário a ela, ou
seja, sua natureza humana. Assim, pois, ele se esvaziou ao tomar a forma de um
servo”.
Outro grande exemplo
de humildade demonstrado por Cristo ocorreu por ocasião da Páscoa antes da sua
crucificação. Ele tomou a posição de servo e lavou os pés dos apóstolos (Jo
13.13-15). Cristo não realizou tal prática para demonstrar qualquer espírito de
autocomiseração — assim como faziam os fariseus. Ao contrário disso, o
Salvador, que reina desde o princípio e que reinará para sempre, ensinou-nos de
forma prática que, para haver unidade no Corpo de Cristo, é necessário ter
humildade. Nosso Mestre não ensinava apenas no campo das ideias, ou seja,
teoricamente, mas o verdadeiro Rabi instruía o povo e os seus discípulos com
ousadia e exemplo. O teólogo F. F. Bruce (1910–1990), comentando esse versículo,
enfatiza que Jesus transmitia no seu ensino “tanto por preceito quanto por prática”.
[BAPTISTA, 2020, p. 147]
3. A verdadeira
humildade. O que fica claro em Jesus e no
ensino do apóstolo Paulo é que a pessoa humilde expressa a modéstia, em
oposição ao orgulho e a arrogância (2 Co 12.20). Trata-se de uma postura que favorece
o bem da coletividade no lugar do egoísmo (Jo 17.21-23). Assim, a verdadeira humildade
coopera para a harmonia nos relacionamentos e promove a unidade no Corpo de
Cristo (1 Co 12.25). Entretanto, é importante ressaltar que esta, e as demais
virtudes, são produzidas pelo Espírito Santo que habita no crente (3.16). Não
há quem possa desenvolver tal conduta sem que o Espírito Santo o transforme (Gl
5.16). [Lições Bíblicas, 14
Junho, 2020]
Como mencionado no tópico anterior, Cristo ao lavar os pés
dos seus discípulos demonstrou um grande exemplo de humildade. O costume de
lavar os pés dos convidados era uma conduta comum na cultura judaica, no
entanto, quem realizava tal prática era os escravos, jamais o anfitrião. Assim,
a atitude tomada por Cristo demonstra que a pessoa verdadeiramente humilde
comporta-se com modéstia em oposição ao orgulho, a soberba e a arrogância (2 Co
12.20).
Em outras palavras, a humildade refere-se a uma postura despretensiosa,
modesta e isenta de vaidade, que favorece o bem da coletividade, e não o egoísmo
(Jo 17.21-23). Ser humilde também significa ser autêntico, isto é, reconhecer
as suas fraquezas e limitações e ser honesto consigo mesmo e com os outros. Porém,
é preciso estar alerta quanto à falsa humildade, que é o comportamento
dissimulado por alguns e que é confundida por outros como baixa autoestima,
timidez, complexo de inferioridade ou autocomiseração. A verdadeira humildade
coopera para a harmonia nos relacionamentos sociais e promove a comunhão e a
unidade no corpo de Cristo (1 Co 12.25).
Uma pessoa que não foi justificada, regenerada e santificada
não poderá ser verdadeiramente humilde. Ressalta-se que, no versículo em
estudo, cada virtude mencionada pelo apóstolo é precedida pela palavra “toda”: “Com
toda a humildade e mansidão, com longanimidade” (Ef 4.2); isso indica que a
conduta cristã deve ser em grau elevado, e não superficial. [BAPTISTA, 2020, p. 148]
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Um dos fatores imprescindíveis para um efetivo processo de ensino-aprendizagem é transmitir o conhecimento não apenas na teoria, mas também de forma prática. Assim o Mestre ensinava a Palavra, acompanhada de atitudes. Pergunte aos alunos se eles o enxergam como um exemplo de humildade, mansidão e longanimidade. Faça essa reflexão para concluir a aula na classe. Afirme que, evidentemente, até ao dia de nossa partida para a Eternidade necessitaremos melhorar. E esse é um dos propósitos de nos reunirmos na Escola Dominical. Que juntos possamos nos acolher e aprimorarmo-nos mutuamente, sem um ambiente de competições ou julgamentos.
II. PARA
HAVER UNIDADE É PRECISO MANSIDÃO
A virtude da
mansidão produz crentes capacitados a bem gerir os conflitos, promovendo paz e
conciliação na igreja local.
1. Mansidão: um
fruto do Espírito. A palavra
“mansidão” transmite o conceito de “ternura”, “gentileza”, “cortesia” e “paciência”
(1 Co 4.21; 2 Co 10.1; 2 Tm 2.25). Essa qualidade é listada nas Escrituras como
um dos aspectos do fruto do Espírito (Gl 5.22). A mansidão é um estado que
deriva da humildade. O termo indica moderação nas ações, bom trato para com o
semelhante e ausência de precipitação. A expressão retrata o caráter de Cristo
conforme o Senhor mesmo disse: “Aprendei de mim, que sou manso e humilde de
coração” (Mt 11.29). [Lições Bíblicas, 14
Junho, 2020]
Paulo faz uso do termo grego prautetos
para enfatizar
que os irmãos necessitam comportar-se com mansidão para viverem de modo digno.
Ressalta-se que esse é o mesmo cognato utilizado pelo apóstolo ao listar as
virtudes do Fruto do Espírito no seu primeiro escrito, a Epístola aos Gálatas
(5.22-23). No texto grego, em ambas as passagens, os vocábulos são substantivos
femininos no singular. A única diferença é que, em Gálatas, o substantivo é nominativo
(sujeito do verbo — característica do Fruto do Espírito); e em Efésios, o
substantivo está no genitivo (no sentido possessivo).
Desse modo, acentua-se que a palavra “mansidão” transmite o conceito
de “ternura”, “gentileza”, “cortesia” e “paciência” (1 Co 4.21; 2 Co 10.1; 2 Tm
2.25). O Dicionário Vine assevera que a mansidão não consiste apenas no “comportamento
exterior da pessoa [com o próximo]”, porque “é uma graça da alma; e cujos exercícios
são primeira e primariamente com Deus” e ainda está relacionado com a virtude
anteriormente explicitada pelo apóstolo dos gentios, a humildade.
Nesse sentido, é importante frisar que o teólogo pentecostal
David Lim arrazoa que possuir mansidão é ter o “espírito disciplinado” e “saber
que Deus está cuidando de tudo, e por isso não toma a vingança nas próprias mãos
(Rm 12.17-21; Ef 4.26)”.260 Refere-se a uma qualidade de equilíbrio que leva em
consideração o bem-estar do outro e, portanto, não reage com impaciência ou de
forma iracunda. Denota maturidade espiritual e plena confiança na soberania divina.
Sublinha-se também que, para Antonio Gilberto, o aspecto da mansidão,
como uma virtude do Fruto do Espírito Santo, “talvez” seja a característica
mais complicada de explicar da lista de Gálatas 5.22-23, porque a mansidão está
intrinsecamente guardada no caráter pessoal, e, assim, somente o Senhor Deus
Onisciente e a própria pessoa sabem realmente “quem são os mansos de coração”. [BAPTISTA, 2020, p. 148]
2. Grandes
exemplos de mansidão: Moisés e Jesus Cristo. Moisés foi reconhecido como o homem mais manso que havia sobre a terra (Nm
12.3). Essa reputação se deu em virtude de o legislador, entre outros aspectos,
não revidar nem guardar rancor quando foi atacado pessoalmente (Nm 12.1,2). Nessa
mesma perspectiva, Jesus Cristo manteve o autocontrole enquanto era injustamente
caluniado (Mt 12.14-21). E, durante seu julgamento, não pronunciou qualquer
palavra contra seus acusadores (Mc 15.4,5). Assim, temos o exemplo da mansidão
diante das mais difíceis circunstâncias. [Lições Bíblicas, 14 Junho, 2020]
As Sagradas Escrituras registram variados exemplos de
pessoas com a virtude da mansidão. A própria Palavra, no entanto, arrazoa a respeito
de dois exemplos dignos de reprodução e prática de fé, os quais são: o
legislador Moisés, que “era um homem muito manso, mais do que qualquer outro
sobre a terra” (Nm 12.3 – NAA), e do próprio Cristo: “Eis que o teu Rei aí te
vem, manso, e assentado sobre uma jumenta” (Mt 21.5).
A reputação da mansidão de Moisés é visto no episódio, conforme
registrado no capítulo 12 de Números. Arão e Miriã, irmãos dele, murmuraram e
discordaram de uma escolha que Moises fizera. Ele decidiu casar-se com a “mulher
cuxita”, e a rebeldia, críticas, inveja e a competição afloraram na vida dos
seus entes queridos. Não obstante, Moisés manteve a serenidade, permaneceu
centrado, não revidou o ultraje e aguardou o agir de Deus com paciência. Por fim,
requereu misericórdia a Deus pela vida dos seus acusadores (Nm 12.11-16).
O outro exemplo de mansidão como virtude foi demonstrado
pelo próprio Deus encarnado em forma humana. Jesus Cristo sofrera diversas calúnias,
difamações e ameaças no seu ministério terreno; contudo, sempre manteve o seu
infinito poder sobre controle enquanto era constante e injustamente atacado e
perseguido. Ressalta-se que, dentre tantos exemplos de mansidão, em certa ocasião,
o Messias passava por uma plantação em dia de sábado, e os seus discípulos, que
estavam com fome, começaram a colher espigas e a comer (Mt 12.1). Os fariseus,
baseados na interpretação que faziam da Lei, imediatamente o acusaram de
profanar o dia do sábado e, por isso, hostilizaram a Jesus (Dt 23.25; Lv 23.14;
Mt 12.2). A reação de Jesus não foi a de revidar o ataque, mas de mansamente
lhes explicar as Escrituras (Mt 12.3-8). [BAPTISTA, 2020, p. 151]
3. A verdadeira
mansidão. Pessoas com essa virtude são
disciplinadas e capacitadas a perseverar na perseguição (Rm 12.12-14), não
revidam os maus-tratos sofridos, não se apressam a emitir juízo (Rm 12.17-19),
não cedem às provocações nem dão espaço para ressentimentos (Hb 12.15). Essa
virtude não significa fraqueza ou inferioridade; pelo contrário, indica o mais
seguro controle emocional. Assim, mansidão trata da submissão do homem para com
Deus e sua Palavra (Tg 1.21). É a presença do Espírito Santo propiciando suavidade
e domínio próprio (Rm 8.10). [Lições Bíblicas, 14 Junho, 2020]
A postura de uma pessoa que tem a virtude de mansidão evita
constrangimentos desnecessários e ameniza os conflitos, contribuindo, assim,
para a harmonia e a unidade no corpo de Cristo. Ratifica-se, ainda, que a
verdadeira mansidão está intrinsecamente interligada à humildade. Uma pessoa
que é mansa também é humilde. Não obstante, assim como entre os pagãos da antiguidade,
hodiernamente em determinados círculos, os que evidenciam essa virtude são
classificados pejorativamente como “fracos”, “medrosos”, “inseguros”, “covardes”,
“servis” e outros termos igualmente depreciativos. Contudo, mesmo diante de
toda essa hostilidade, as Escrituras exortam o cristão a andar com “toda a
mansidão” (Ef 4.1-2). [BAPTISTA, 2020, p. 149]
4. Mansidão
pressupõe conciliação. O comportamento
conciliador é a demonstração prática da conduta de quem possui mansidão por
meio de uma postura equilibrada diante de circunstâncias adversas (1 Pe 2.23). Ele
transmite a ideia de pacificação, um meio harmonioso de administrar os conflitos
(2 Co 2.10). Se todos os crentes de cada igreja desenvolvessem a virtude da
mansidão o espírito conflituoso desapareceria. Em lugar de sentimento faccioso,
eles apresentariam um espírito manso e conciliador (1 Co 1.10). [Lições Bíblicas, 14 Junho, 2020]
É importante destacar que todo aquele que possui a virtude bíblica
da mansidão tem um comportamento de conciliação. Desse modo, o ideal cristão é
que todos os membros de uma igreja desenvolvam a virtude da mansidão. Ao alcançar
tal propósito, os conflitos desapareceriam entre o povo de Deus.
As Escrituras registram a conduta de Abigail, esposa de Nabal,
como exemplo de espírito conciliador (1 Sm 25.1-35). O texto bíblico informa
que, após a morte do profeta Samuel, quando Davi fugia da face de Saul, Nabal,
que tinha as suas possessões no Carmelo e era muito rico, recusou-se em ajudar
com gêneros o filho de Jessé (1 Sm 25.1-9). Nabal tratou asperamente os
mensageiros de Davi e ainda desdenhou do futuro rei de Israel, considerando-o
como homem sem origem, um mero escravo fugitivo (1 Sm 25.10-11).
Diante dessa insolência, Davi convocou 400 homens fortemente
armados e marchou contra a propriedade de Nabal para vingar o insulto (1 Sm
25.13). Entretanto, ao tomar conhecimento do ocorrido, Abigail antecipou-se e
dirigiu-se ao encontro de Davi levando consigo todo o gênero que tinha sido
negado pelo seu marido (1 Sm 25.18). Abigail rogou a Davi que não fizesse justiça
com as próprias mãos, porque Deus haveria de julgar os seus inimigos (1 Sm
25.25-31). Assim, a fúria de Davi contra um desafeto foi anulada pela sabedoria
e pela força de uma mulher de caráter pacificador (1 Sm 25.32-35).
Nessa narrativa, é possível perceber dois cenários
distintos: De um lado, Davi, que cavalgava ávido de vingança em direção à propriedade
de Nabal; e, de outro, Abigail, em sentido contrário, que estava montada no seu
jumento buscando proteger a sua família por meio do espírito conciliador. Nesse
mesmo sentido, Paulo escreve aos Efésios, arrazoando que os cristãos devem
exercitar a virtude da mansidão com espírito conciliador, a fim de que a
unidade da Igreja seja verdadeira conforme os desígnios divinos previamente estabelecidos
(Ef 4.31-32).
Anseia-se, portanto, que os eleitos em Cristo, ao invés de
revidarem a ofensa recebida e em lugar de instigarem ou partirem para o
confronto, passem a comportar-se com mansidão, buscando o espírito conciliador. [BAPTISTA, 2020, p. 152]
SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ
Neste tópico é válido
refletir que podemos observar nas Sagradas Escrituras exemplos de homens e
mulheres de Deus com personalidades e temperamentos distintos, contudo, com a submissão
ao Senhor como um fator comum entre eles. Assim, conscientize os alunos que, da
mesma maneira, há hoje na igreja pessoas mais sanguíneas, outras mais fleumáticas,
coléricas ou melancólicas. Mas todas elas têm o compromisso comum de
crucificarem a carne e andarem no Espírito. Portanto, ainda que para alguns a
mansidão pareça um desafio maior que para outros, todos temos de buscar
incessantemente esta virtude produzida pelo Espírito Santo naqueles que o
recebem.
III. PARA HAVER UNIDADE É PRECISO
LONGANIMIDADE PARA O EXERCÍCIO DO PERDÃO
A virtude da
longanimidade capacita o crente a ser tolerante com os erros alheios, e assim
liberar o perdão aos ofensores.
1. Longanimidade:
um fruto do Espírito. Longanimidade tem
o sentido de “paciência”, “tolerância” e “constância” (1 Pe 3.20; 2 Pe 3.9; Cl
3.12,13). É mais um dos aspectos do fruto do Espírito desenvolvido no crente
(Gl 5.22). Em termos gerais essa virtude significa tolerar pacientemente a má
conduta dos outros (1 Co 6.1-6), tanto que a Bíblia nos ensina a ser “pacientes
na tribulação” (Rm 12.12). Assim, suportar os erros dos outros e as
adversidades da vida são o lado prático da paciência, pois o próprio Deus é
descrito como “longânimo” e “tardio em irar-se” (Sl 86.15; Na 1.3). Contudo, o
exercício da paciência requer a virtude do amor, que é o princípio basilar de
todas as ações do crente salvo por Cristo (1 Co 13.1-7). [Lições Bíblicas, 14 Junho, 2020]
O apóstolo dos gentios finaliza essa orientação listando a
virtude da longanimidade. Essa virtude é também imprescritível para o crente
salvo em Cristo Jesus. A palavra utilizada por Paulo é o termo grego makrothumia, que tem o significado
de paciência, clemência, indulgência e resignação. Esse termo é composto por duas
locuções gregas, sendo a primeira makro, que significa “longo” ou “grande”, e a segunda thumos, que traduz a ideia de
“temperamento” ou “paciência”.
Uma pessoa longânime possui uma grande paciência. Uma pessoa
assim é tolerante, clemente e transigente com os erros alheios, não
significando, porém, que é conivente ou complacente com o pecado ou que é insensível
diante das injustiças, mazelas e iniquidades do mundo perdido. Literalmente sinaliza
um longo fôlego, ou seja, uma grande capacidade de resistência para suportar
uma pressão continuada [MONTEIRO, 1994, p. 73]. Nessa direção, a Bíblia Sagrada
ensina-nos a sermos “pacientes na tribulação” (Rm 12.12). Portanto, suportar os
erros dos outros e as adversidades da vida é o lado prático da paciência.
Dessa forma, longanimidade é a ação que deriva tanto da humildade
como da mansidão. Outrossim, a longanimidade é essencial em todos os
relacionamentos, inclusive nas relações domésticas. É necessária uma “longa
paciência” para um bom trato com o próximo na vida em sociedade, com o irmão no
contexto da Igreja e com os integrantes do grupo familiar. [BAPTISTA, 2020, p. 154]
2. Suportando uns
aos outros. Durante a nossa jornada cristã
nos depararemos com múltiplas situações de hostilidade (At 14.22). São nesses momentos
conflituosos na igreja que devemos “suportar uns aos outros em amor” (4.2). A
expressão indica que, infelizmente, teremos de enfrentar excessos cometidos em
nosso meio, como as provocações alheias e atitudes carnais. Estas são
comparadas a um “fardo” que devemos suportar por meio da prática do amor. [Lições Bíblicas, 14 Junho, 2020]
A paciência expressa a
qualidade de ser capaz de tratar as faltas e as falhas uns dos outros e de recusar-se
a se vingar das injustiças. Ninguém jamais será perfeito aqui na terra, de modo
que os crentes devem suportar uns aos outros em amor, apesar das suas faltas.
Suportar as faltas dos outros é o
lado prático da paciência, enfatizando o desejo de perdoar. Mostrar paciência
requer amor, que deve ser o princípio básico para todas as ações do crente,
mesmo quando diferenças e conflitos naturais ocorram. Suportar uns aos outros
pressupõe que, às vezes, amar aos outros será um fardo. Os crentes devem estar desejosos
de suportar o peso sem esperar recompensa, agradecimento, ou retorno. [Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal,
2010, p. 335]
3. O perdão como
premissa do amor. O amor é um
atributo divino (1 Jo 4.8), o principal aspecto do fruto do Espírito (Gl 5.22).
É uma virtude altruísta que nos conduz a tratar aos outros como gostaríamos de
ser tratados (Mt 7.12). Desse modo, a tolerância entre irmãos em Cristo deve
ser mútua, isto é, amando “ardentemente uns aos outros, com um coração puro” (1
Pe 1.22), perdoando e sendo perdoado. Quando esse estilo de vida é adotado
pelos crentes, acabam-se as disputas na igreja. [Lições Bíblicas, 14 Junho, 2020]
Encontramos muitas
falhas em nós mesmos pelo que somente Deus poderia nos perdoar. Portanto, não
devemos nos surpreender se encontrarmos em nosso próximo aquilo que acreditemos
que seja difícil de perdoar. Há um Cristo em quem está a esperança de todos os
crentes, e um céu que é aguardado por todos; portanto, todos deveriam ter
somente um coração. Todos tinham uma só fé em si, um só Autor desta, uma única
natureza e poder. Todos tinham a mesma crença em relação às grandes verdades da
religião; todos eles foram recebidos na Igreja por meio de um batismo com água
em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, como sinal da regeneração. Deus
Pai habita em todos os crentes, como em seu santo templo, por seu Espírito e
por sua graça especial.
Observemos como o
perdão de Deus nos leva a perdoar. Deus nos perdoou, ainda que não tivéssemos
razão para pecar contra Ele. Devemos perdoar, assim como Ele nos perdoou. Toda
a comunicação mentirosa e corrompida, que estimule os maus desejos e as
luxúrias, entristecem o Espírito de Deus. As paixões corruptas do rancor, ira,
raiva, queixas, maledicência e malícia, entristecem ao Espírito Santo. Não
provoquemos ao santo e bendito Espírito de Deus a que retire a sua presença e a
sua influência de graça. O corpo será redimido do poder da sepultura no dia da
ressurreição. Onde quer que o bendito Espírito habite como santificador, será o
início de todo o deleite, e a glória do dia da redenção; seríamos lançados fora
se Deus retirasse de nós o seu Espírito Santo. [HENRY, 2015, p. 9]
SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ
Neste tópico podemos refletir que muito melhor é o homem paciente que o guerreiro, mais vale controlar as emoções e os ímpetos do que conquistar toda uma cidade (cf. Pv 16.32). Sábio é o homem que consegue controlar seu gênio, e sua grandeza está em ser generoso e perdoador com quem o ofende (cf. Pv. 19.11). É o que se amplia no seguinte texto: “O autocontrole é superior à conquista. O sucesso nos negócios, nos estudos, ministério e na vida familiar pode ser arruinado por uma pessoa que perde o controle de seu temperamento. Assim sendo, o autocontrole é uma grande vitória pessoal. Quando sentir que está prestes a explodir, lembre-se que o descontrole pode ocasionar a perda daquilo que você mais deseja” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, pp. 853-54).
CONCLUSÃO
Vimos o convite de
Paulo aos crentes para um viver digno de uma perfeita unidade. Para garanti-la,
mostramos que algumas virtudes são essenciais: a humildade, que fortalece a
unidade; a mansidão, que gere os conflitos; a longanimidade, que suporta os
erros alheios. Quando os crentes vivem essas virtudes, as dissensões
desaparecem e o nome de Jesus Cristo é glorificado (Mt 5.16; 1 Co 1.10). [Lições Bíblicas, 14 Junho, 2020]
A união dos crentes só é possível quando o Espírito Santo age em suas vidas - o Espírito cria e mantém a unidade entre os crentes. O amor de uns pelos outros, trazido pela presença do Espírito, torna a paz possível. Juntarem-se uns aos outros pelo vínculo da paz inclui a ideia de unir os membros em um só corpo. Este “vínculo” mantém as pessoas entrelaçadas como uma corrente ou uma corda. A paz funciona como a “amarração” que assegura a unidade. Deus a dá para nós, e ela produz igualdade e entendimento. [Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal, 2010, p. 335]
REFERÊNCIAS
BAPTISTA, Douglas.
A Igreja Eleita: redimida pelo sangue de Cristo e selada com o Espírito
Santo da Promessa. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
BRAY, G. L. Comentário
Bíblico da Reforma: Gálatas e Efésios. São Paulo: Cultura Cristã, 2013, p.
351
BRUCE, F. F. João: introdução e comentário.
São Paulo: Vida Nova, 2002, p. 244.
COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO APLICAÇÃO PESSOAL. Efésios, v. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2010]
FRIBERG, Barbara & Timothy. O Novo
Testamento Grego Analítico. São Paulo: Vida Nova, 1987, p. 594.
GILBERTO, Antonio. O Fruto do Espírito Santo. Rio de
Janeiro: CPAD, 2004, p. 191.
HENDRIKSEN, William. Efésios e Filipenses.
São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2013, p. 168
HENRY, Matthew. Comentário do Antigo e Novo Testamento:
Efésios. Rio de Janeiro: CPAD, 2015
HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática:
uma perspectiva pentecostal. Rio: CPAD, 1996, p. 431–432.
LIÇÕES BÍBLICAS
CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 11, 14 Junho, 2020.
MACARTUR, John. Comentário
do Novo Testamento: Efésios. Rio de Janeiro: Vida Nova, 2009.
MONTEIRO, A. L. Marcos. Em Diálogo com a Bíblia:
Efésios. Belo Horizonte: Missão Editora, 1994.
PFEIFFER, Charles. Dicionário Bíblico
Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 940
VINE, W. E. Dicionário Vine. Rio de Janeiro: CPAD,
2002, p. 771.
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