sábado, 13 de junho de 2020

LIÇÃO 11: ATRIBUTOS DA UNIDADE DA FÉ: Humildade, Mansidão e Longanimidade

 

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I

ATRIBUTOS DA UNIDADE DA FÉ: Humildade, Mansidão e Longanimidade 

A Carta aos Efésios traz orientações bem práticas para que os crentes cheguem à unidade da fé. Ela mostra claramente que a unidade na Igreja de Cristo é o resultado da humildade, mansidão e longanimidade na vida dos crentes. Esse é o ponto que deve ser mostrado com ênfase ao longo da lição desta semana. Para garantir a unidade da fé, segundo o ensinamento de Efésios, é preciso Humildade, Mansidão e Longanimidade. Para isso que você deve ter outros objetivos bem delineados para atingi-los ao ministrar a lição em classe. O primeiro deles, explicar que a humildade é uma virtude indispensável para a comunhão. O segundo, enfatizar que a mansidão produz crentes que promovem a paz e a conciliação. E, finalmente, o terceiro é frisar que a longanimidade capacita o crente a ser tolerante com os defeitos alheios. Todos esses objetivos trabalham para mostrar o valor destas três grandes virtudes cristãs: Humidade, Mansidão e Longanimidade na manutenção da Unidade da Fé.

Resumo e destaques da lição

Nesta lição há uma sentença muito clara em que os tópicos corroboram com ela: A genuína unidade da Igreja é o resultado da humildade, mansidão e longanimidade de cada crente. É indispensável que, nós, os pentecostais, além de enfatizarmos a efusão do Espírito e os dons espirituais, proclamemos com clareza a necessidade de um caráter transformado por Cristo acompanhado de virtudes concretas para fazer a manutenção da unidade da fé na Igreja.

Nesse sentido, o primeiro tópico explica a humildade como uma virtude indispensável à comunhão na igreja. Aqui, é importante que você enfatize que a virtude da humildade é produzida no crente por obra do Espírito Santo. Os humildes se portam com simplicidade e cooperam com a unidade da Igreja.

No segundo tópico, você precisa destacar que a mansidão também é virtude produzida pelo Espírito Santo. Os mansos são pacíficos e impedem a proliferação de conflitos na Igreja. Por isso é uma virtude indispensável à manutenção da unidade da fé. 

E o terceiro tópico frisa que a longanimidade capacita o crente a ser tolerante com os defeitos alheios, isto é, uma qualidade produzida pelo Espírito que capacita o crente a suportar as ofensas sofridas e ainda a perdoar o ofensor. Essa virtude é indispensável para sermos tolerantes uns para com os outros conforme Paulo ensina em Romanos 14.

 

Subsídio extraído da Revista Ensinador Cristão - Ano 21 nº 82 (Abr/Mai/Jun) 

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

   INTRODUÇÃO

Após concluir a oração intercessória em favor da Igreja e, ao mesmo tempo, estimular os cristãos a viverem para a glória de Deus (3.16-21), o apóstolo passa a enfatizar a necessidade da unidade dos crentes (4.1-16). Assim, nesta lição, estudaremos as virtudes fundamentais – humildade, mansidão e longanimidade – que levam a igreja a viver uma perfeita unidade conforme a Palavra de Deus. [Lições Bíblicas, 14 Junho, 2020]

A responsabilidade individual requer do cristão um relacionamento adequado com os membros do corpo de Cristo (4.2), e a responsabilidade coletiva inclui o compromisso de preservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz (4.3). O Comentário Bíblico Beacon assinala que “a tarefa da igreja é ser a unidade e, para cumprir sua missão no mundo, a igreja tem de exemplificar, pela união entre os seus membros, o poder e a glória da graça de Deus”. Isso denota que, quando a Igreja testemunha de Cristo por meio da unidade, pessoas são atraídas e experimentam transformação pelo poder divino. Por conseguinte, o corpo de Cristo deve viver em unidade, tendo em vista glorificar a Deus e servir de bom testemunho à sociedade. Para tanto, o apóstolo exorta à unidade e a um andar digno para o cumprimento dos excelsos propósitos divinos para com os crentes salvos. [BAPTISTA, 2020, p. 144]

   I. PARA HAVER UNIDADE É PRECISO HUMILDADE

A humildade é uma virtude imprescindível para o fortalecimento da comunhão cristã. Espera-se que os crentes sejam humildes não somente diante de Deus, mas também entre eles.

1. O modo digno do viver cristão. A conduta geral do crente é o destaque dessa seção da Carta. O apelo apostólico é para que os crentes “andem de modo digno da vocação” (4.1), ou seja, a nossa conduta diária deve corresponder à chamada recebida para ser um membro do Corpo de Cristo, a Igreja. Isso pressupõe que o andar do cristão está diretamente relacionado com o nível de unidade que ele tem com Deus e com os irmãos. Nesse sentido, a fim de desenvolver essa unidade, o apóstolo Paulo apresenta três virtudes essenciais: a humildade, a mansidão e a longanimidade (4.2). [Lições Bíblicas, 14 Junho, 2020]

O termo peripateo (andeis) é um verbo que está conjugado no modo infinitivo, no tempo aoristo e na voz ativa. Isso significa que a ação de “andar” redigida por Paulo não é uma ação temporária, mas, sim, um comportamento que outrora iniciou e que deve ser persistido constantemente, ou seja, o cristão deve viver de maneira digna da vocação (NAA) ou se comportar dignamente (Bíblia Pastoral — Paulus). O Comentário Bíblico do Novo Testamento – Aplicação Pessoal frisa que ser digno significa estar em equilíbrio, como uma balança. Desse modo, “os crentes devem viver em equilíbrio com o seu chamado. O modo como agem deve estar de acordo com aquilo que creem”.  [BAPTISTA, 2020, p. 146]

Essa conduta, que deve ser diária e constante, tem significado de suma importância no aspecto de como deve o cristão corresponder à chamada recebida para ser membro do corpo de Cristo e evidenciar as seguintes virtudes:


A mansidão é a virtude cristã pela qual vivemos tranquila e pacificamente com nosso próximo, sem ficar irados com ele e sem o tratar asperamente por causa de sua falta de habilidade, sua baixa condição social ou sua fraqueza [...]. Isso é o que é a mansidão, tanto na nossa mente quanto no nosso comportamento. Devemos ser mansos com os outros em todo o tempo e em todas as circunstâncias, não apenas ocasionalmente ou em uma coisa, ou outra, como nos convier. A paciência que devemos ter uns com os outros em amor é o mesmo que perdão e compreensão mútuos. É o oposto exato de guardar rancor e não mostrar simpatia pelos outros. Na igreja, esse tipo de paciência preserva a unidade da doutrina e a paz [BRAY, 2013, p. 351]

2. A humildade. Para os povos pagãos a humildade não era uma virtude; pelo contrário, era considerada uma atitude negativa, fraqueza de caráter e falta de amor próprio. Na vida de Cristo é que a humildade aparece como virtude, pois Ele “não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo” (Fp 2.6,7). No Evangelho de João, nosso Senhor lavou os pés dos apóstolos dando o exemplo de humildade (Jo 13.13-15), mas não de uma humildade movida pela falsa aparência (Is 32.6; Mt 23.28), e sim de uma ação que reconhece a importância e o valor do outro (Fp 2.3). [Lições Bíblicas, 14 Junho, 2020]

Tapeinophrosunē (humildade) é uma palavra composta que significa, literalmente, para pensar ou julgar com humildade, e, portanto, ter a humildade de espírito. João Wesley observou que "nem os romanos, nem os gregos tinham uma palavra para a humildade." O próprio conceito foi tão estranho e repugnante para a sua maneira de pensar que eles não tinham nenhum termo para descrevê-lo. Aparentemente, este termo grego foi cunhado pelos cristãos, provavelmente pelo próprio Paulo, para descrever uma qualidade para o qual não há outra palavra estava disponível. Para os gregos orgulhosos e romanos, os seus termos para ignóbeis, covardes, e outras características foram suficientes para descrever a pessoa "não natural" que não pense de si mesmo com orgulho e autossatisfação. Quando, durante os primeiros séculos do cristianismo, os escritores pagãos emprestado o termo tapeinophrosunē eles sempre usaram depreciativamente dos cristãos, porque a eles humildade era uma fraqueza lastimável.

Mas a humildade é a virtude cristã mais fundacional. Nós não podemos sequer começar a agradar a Deus sem humildade, assim como nosso Senhor não poderia ter agradado Seu Pai tinha Ele não por sua vontade "se esvaziou, assumindo a forma de um servo, e [...] se humilhou, tornando-se obediente até à de morte, e morte de cruz "(Fl 2: 7-8). [MACARTUR, 2009, p. 6211]

Após o apóstolo orientar que os cristãos devem viver de modo digno com a vocação recebida, ele enumera, divinamente inspirado, as já citadas três virtudes essenciais da chamada cristã para que os salvos possam viver a unidade da fé. Ele inicia com uma dádiva que está conectada e interligada com a mansidão e a longanimidade, a saber, a humildade (4.2). Esta é a única dessas três virtudes que não aparece de modo explícito na lista do Fruto do Espírito (Gl 5.22-23), e isso porque a humildade está intrinsecamente associada à verdadeira mansidão (Mt 11.29; Cl 3.12).

Sublinha-se, nesse sentido, que o maior exemplo de humildade foi demonstrado por Cristo Jesus, pois Ele “não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo” (Fp 2.5-8). Hendriksen avalia que, “quando Ele [Cristo] renunciou sua existência numa forma de igualdade a Deus, naquele fato ele assumiu tudo quanto era contrário a ela, ou seja, sua natureza humana. Assim, pois, ele se esvaziou ao tomar a forma de um servo”.

 Outro grande exemplo de humildade demonstrado por Cristo ocorreu por ocasião da Páscoa antes da sua crucificação. Ele tomou a posição de servo e lavou os pés dos apóstolos (Jo 13.13-15). Cristo não realizou tal prática para demonstrar qualquer espírito de autocomiseração — assim como faziam os fariseus. Ao contrário disso, o Salvador, que reina desde o princípio e que reinará para sempre, ensinou-nos de forma prática que, para haver unidade no Corpo de Cristo, é necessário ter humildade. Nosso Mestre não ensinava apenas no campo das ideias, ou seja, teoricamente, mas o verdadeiro Rabi instruía o povo e os seus discípulos com ousadia e exemplo. O teólogo F. F. Bruce (1910–1990), comentando esse versículo, enfatiza que Jesus transmitia no seu ensino “tanto por preceito quanto por prática”. [BAPTISTA, 2020, p. 147]

3. A verdadeira humildade. O que fica claro em Jesus e no ensino do apóstolo Paulo é que a pessoa humilde expressa a modéstia, em oposição ao orgulho e a arrogância (2 Co 12.20). Trata-se de uma postura que favorece o bem da coletividade no lugar do egoísmo (Jo 17.21-23). Assim, a verdadeira humildade coopera para a harmonia nos relacionamentos e promove a unidade no Corpo de Cristo (1 Co 12.25). Entretanto, é importante ressaltar que esta, e as demais virtudes, são produzidas pelo Espírito Santo que habita no crente (3.16). Não há quem possa desenvolver tal conduta sem que o Espírito Santo o transforme (Gl 5.16). [Lições Bíblicas, 14 Junho, 2020]

Como mencionado no tópico anterior, Cristo ao lavar os pés dos seus discípulos demonstrou um grande exemplo de humildade. O costume de lavar os pés dos convidados era uma conduta comum na cultura judaica, no entanto, quem realizava tal prática era os escravos, jamais o anfitrião. Assim, a atitude tomada por Cristo demonstra que a pessoa verdadeiramente humilde comporta-se com modéstia em oposição ao orgulho, a soberba e a arrogância (2 Co 12.20).

Em outras palavras, a humildade refere-se a uma postura despretensiosa, modesta e isenta de vaidade, que favorece o bem da coletividade, e não o egoísmo (Jo 17.21-23). Ser humilde também significa ser autêntico, isto é, reconhecer as suas fraquezas e limitações e ser honesto consigo mesmo e com os outros. Porém, é preciso estar alerta quanto à falsa humildade, que é o comportamento dissimulado por alguns e que é confundida por outros como baixa autoestima, timidez, complexo de inferioridade ou autocomiseração. A verdadeira humildade coopera para a harmonia nos relacionamentos sociais e promove a comunhão e a unidade no corpo de Cristo (1 Co 12.25).

Uma pessoa que não foi justificada, regenerada e santificada não poderá ser verdadeiramente humilde. Ressalta-se que, no versículo em estudo, cada virtude mencionada pelo apóstolo é precedida pela palavra “toda”: “Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade” (Ef 4.2); isso indica que a conduta cristã deve ser em grau elevado, e não superficial. [BAPTISTA, 2020, p. 148]

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Um dos fatores imprescindíveis para um efetivo processo de ensino-aprendizagem é transmitir o conhecimento não apenas na teoria, mas também de forma prática. Assim o Mestre ensinava a Palavra, acompanhada de atitudes. Pergunte aos alunos se eles o enxergam como um exemplo de humildade, mansidão e longanimidade. Faça essa reflexão para concluir a aula na classe. Afirme que, evidentemente, até ao dia de nossa partida para a Eternidade necessitaremos melhorar. E esse é um dos propósitos de nos reunirmos na Escola Dominical. Que juntos possamos nos acolher e aprimorarmo-nos mutuamente, sem um ambiente de competições ou julgamentos.

  II. PARA HAVER UNIDADE É PRECISO MANSIDÃO

A virtude da mansidão produz crentes capacitados a bem gerir os conflitos, promovendo paz e conciliação na igreja local.

1. Mansidão: um fruto do Espírito. A palavra “mansidão” transmite o conceito de “ternura”, “gentileza”, “cortesia” e “paciência” (1 Co 4.21; 2 Co 10.1; 2 Tm 2.25). Essa qualidade é listada nas Escrituras como um dos aspectos do fruto do Espírito (Gl 5.22). A mansidão é um estado que deriva da humildade. O termo indica moderação nas ações, bom trato para com o semelhante e ausência de precipitação. A expressão retrata o caráter de Cristo conforme o Senhor mesmo disse: “Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração” (Mt 11.29). [Lições Bíblicas, 14 Junho, 2020]

Paulo faz uso do termo grego prautetos para enfatizar que os irmãos necessitam comportar-se com mansidão para viverem de modo digno. Ressalta-se que esse é o mesmo cognato utilizado pelo apóstolo ao listar as virtudes do Fruto do Espírito no seu primeiro escrito, a Epístola aos Gálatas (5.22-23). No texto grego, em ambas as passagens, os vocábulos são substantivos femininos no singular. A única diferença é que, em Gálatas, o substantivo é nominativo (sujeito do verbo — característica do Fruto do Espírito); e em Efésios, o substantivo está no genitivo (no sentido possessivo).

Desse modo, acentua-se que a palavra “mansidão” transmite o conceito de “ternura”, “gentileza”, “cortesia” e “paciência” (1 Co 4.21; 2 Co 10.1; 2 Tm 2.25). O Dicionário Vine assevera que a mansidão não consiste apenas no “comportamento exterior da pessoa [com o próximo]”, porque “é uma graça da alma; e cujos exercícios são primeira e primariamente com Deus” e ainda está relacionado com a virtude anteriormente explicitada pelo apóstolo dos gentios, a humildade.

Nesse sentido, é importante frisar que o teólogo pentecostal David Lim arrazoa que possuir mansidão é ter o “espírito disciplinado” e “saber que Deus está cuidando de tudo, e por isso não toma a vingança nas próprias mãos (Rm 12.17-21; Ef 4.26)”.260 Refere-se a uma qualidade de equilíbrio que leva em consideração o bem-estar do outro e, portanto, não reage com impaciência ou de forma iracunda. Denota maturidade espiritual e plena confiança na soberania divina.

Sublinha-se também que, para Antonio Gilberto, o aspecto da mansidão, como uma virtude do Fruto do Espírito Santo, “talvez” seja a característica mais complicada de explicar da lista de Gálatas 5.22-23, porque a mansidão está intrinsecamente guardada no caráter pessoal, e, assim, somente o Senhor Deus Onisciente e a própria pessoa sabem realmente “quem são os mansos de coração”. [BAPTISTA, 2020, p. 148]

2. Grandes exemplos de mansidão: Moisés e Jesus Cristo. Moisés foi reconhecido como o homem mais manso que havia sobre a terra (Nm 12.3). Essa reputação se deu em virtude de o legislador, entre outros aspectos, não revidar nem guardar rancor quando foi atacado pessoalmente (Nm 12.1,2). Nessa mesma perspectiva, Jesus Cristo manteve o autocontrole enquanto era injustamente caluniado (Mt 12.14-21). E, durante seu julgamento, não pronunciou qualquer palavra contra seus acusadores (Mc 15.4,5). Assim, temos o exemplo da mansidão diante das mais difíceis circunstâncias. [Lições Bíblicas, 14 Junho, 2020]

As Sagradas Escrituras registram variados exemplos de pessoas com a virtude da mansidão. A própria Palavra, no entanto, arrazoa a respeito de dois exemplos dignos de reprodução e prática de fé, os quais são: o legislador Moisés, que “era um homem muito manso, mais do que qualquer outro sobre a terra” (Nm 12.3 – NAA), e do próprio Cristo: “Eis que o teu Rei aí te vem, manso, e assentado sobre uma jumenta” (Mt 21.5).

A reputação da mansidão de Moisés é visto no episódio, conforme registrado no capítulo 12 de Números. Arão e Miriã, irmãos dele, murmuraram e discordaram de uma escolha que Moises fizera. Ele decidiu casar-se com a “mulher cuxita”, e a rebeldia, críticas, inveja e a competição afloraram na vida dos seus entes queridos. Não obstante, Moisés manteve a serenidade, permaneceu centrado, não revidou o ultraje e aguardou o agir de Deus com paciência. Por fim, requereu misericórdia a Deus pela vida dos seus acusadores (Nm 12.11-16).

O outro exemplo de mansidão como virtude foi demonstrado pelo próprio Deus encarnado em forma humana. Jesus Cristo sofrera diversas calúnias, difamações e ameaças no seu ministério terreno; contudo, sempre manteve o seu infinito poder sobre controle enquanto era constante e injustamente atacado e perseguido. Ressalta-se que, dentre tantos exemplos de mansidão, em certa ocasião, o Messias passava por uma plantação em dia de sábado, e os seus discípulos, que estavam com fome, começaram a colher espigas e a comer (Mt 12.1). Os fariseus, baseados na interpretação que faziam da Lei, imediatamente o acusaram de profanar o dia do sábado e, por isso, hostilizaram a Jesus (Dt 23.25; Lv 23.14; Mt 12.2). A reação de Jesus não foi a de revidar o ataque, mas de mansamente lhes explicar as Escrituras (Mt 12.3-8). [BAPTISTA, 2020, p. 151]

3. A verdadeira mansidão. Pessoas com essa virtude são disciplinadas e capacitadas a perseverar na perseguição (Rm 12.12-14), não revidam os maus-tratos sofridos, não se apressam a emitir juízo (Rm 12.17-19), não cedem às provocações nem dão espaço para ressentimentos (Hb 12.15). Essa virtude não significa fraqueza ou inferioridade; pelo contrário, indica o mais seguro controle emocional. Assim, mansidão trata da submissão do homem para com Deus e sua Palavra (Tg 1.21). É a presença do Espírito Santo propiciando suavidade e domínio próprio (Rm 8.10). [Lições Bíblicas, 14 Junho, 2020]

A postura de uma pessoa que tem a virtude de mansidão evita constrangimentos desnecessários e ameniza os conflitos, contribuindo, assim, para a harmonia e a unidade no corpo de Cristo. Ratifica-se, ainda, que a verdadeira mansidão está intrinsecamente interligada à humildade. Uma pessoa que é mansa também é humilde. Não obstante, assim como entre os pagãos da antiguidade, hodiernamente em determinados círculos, os que evidenciam essa virtude são classificados pejorativamente como “fracos”, “medrosos”, “inseguros”, “covardes”, “servis” e outros termos igualmente depreciativos. Contudo, mesmo diante de toda essa hostilidade, as Escrituras exortam o cristão a andar com “toda a mansidão” (Ef 4.1-2). [BAPTISTA, 2020, p. 149]

4. Mansidão pressupõe conciliação. O comportamento conciliador é a demonstração prática da conduta de quem possui mansidão por meio de uma postura equilibrada diante de circunstâncias adversas (1 Pe 2.23). Ele transmite a ideia de pacificação, um meio harmonioso de administrar os conflitos (2 Co 2.10). Se todos os crentes de cada igreja desenvolvessem a virtude da mansidão o espírito conflituoso desapareceria. Em lugar de sentimento faccioso, eles apresentariam um espírito manso e conciliador (1 Co 1.10). [Lições Bíblicas, 14 Junho, 2020]

É importante destacar que todo aquele que possui a virtude bíblica da mansidão tem um comportamento de conciliação. Desse modo, o ideal cristão é que todos os membros de uma igreja desenvolvam a virtude da mansidão. Ao alcançar tal propósito, os conflitos desapareceriam entre o povo de Deus.  

As Escrituras registram a conduta de Abigail, esposa de Nabal, como exemplo de espírito conciliador (1 Sm 25.1-35). O texto bíblico informa que, após a morte do profeta Samuel, quando Davi fugia da face de Saul, Nabal, que tinha as suas possessões no Carmelo e era muito rico, recusou-se em ajudar com gêneros o filho de Jessé (1 Sm 25.1-9). Nabal tratou asperamente os mensageiros de Davi e ainda desdenhou do futuro rei de Israel, considerando-o como homem sem origem, um mero escravo fugitivo (1 Sm 25.10-11).

Diante dessa insolência, Davi convocou 400 homens fortemente armados e marchou contra a propriedade de Nabal para vingar o insulto (1 Sm 25.13). Entretanto, ao tomar conhecimento do ocorrido, Abigail antecipou-se e dirigiu-se ao encontro de Davi levando consigo todo o gênero que tinha sido negado pelo seu marido (1 Sm 25.18). Abigail rogou a Davi que não fizesse justiça com as próprias mãos, porque Deus haveria de julgar os seus inimigos (1 Sm 25.25-31). Assim, a fúria de Davi contra um desafeto foi anulada pela sabedoria e pela força de uma mulher de caráter pacificador (1 Sm 25.32-35).

Nessa narrativa, é possível perceber dois cenários distintos: De um lado, Davi, que cavalgava ávido de vingança em direção à propriedade de Nabal; e, de outro, Abigail, em sentido contrário, que estava montada no seu jumento buscando proteger a sua família por meio do espírito conciliador. Nesse mesmo sentido, Paulo escreve aos Efésios, arrazoando que os cristãos devem exercitar a virtude da mansidão com espírito conciliador, a fim de que a unidade da Igreja seja verdadeira conforme os desígnios divinos previamente estabelecidos (Ef 4.31-32).

Anseia-se, portanto, que os eleitos em Cristo, ao invés de revidarem a ofensa recebida e em lugar de instigarem ou partirem para o confronto, passem a comportar-se com mansidão, buscando o espírito conciliador. [BAPTISTA, 2020, p. 152]

SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ

Neste tópico é válido refletir que podemos observar nas Sagradas Escrituras exemplos de homens e mulheres de Deus com personalidades e temperamentos distintos, contudo, com a submissão ao Senhor como um fator comum entre eles. Assim, conscientize os alunos que, da mesma maneira, há hoje na igreja pessoas mais sanguíneas, outras mais fleumáticas, coléricas ou melancólicas. Mas todas elas têm o compromisso comum de crucificarem a carne e andarem no Espírito. Portanto, ainda que para alguns a mansidão pareça um desafio maior que para outros, todos temos de buscar incessantemente esta virtude produzida pelo Espírito Santo naqueles que o recebem.

  III. PARA HAVER UNIDADE É PRECISO LONGANIMIDADE PARA O EXERCÍCIO DO PERDÃO

A virtude da longanimidade capacita o crente a ser tolerante com os erros alheios, e assim liberar o perdão aos ofensores.

1. Longanimidade: um fruto do Espírito. Longanimidade tem o sentido de “paciência”, “tolerância” e “constância” (1 Pe 3.20; 2 Pe 3.9; Cl 3.12,13). É mais um dos aspectos do fruto do Espírito desenvolvido no crente (Gl 5.22). Em termos gerais essa virtude significa tolerar pacientemente a má conduta dos outros (1 Co 6.1-6), tanto que a Bíblia nos ensina a ser “pacientes na tribulação” (Rm 12.12). Assim, suportar os erros dos outros e as adversidades da vida são o lado prático da paciência, pois o próprio Deus é descrito como “longânimo” e “tardio em irar-se” (Sl 86.15; Na 1.3). Contudo, o exercício da paciência requer a virtude do amor, que é o princípio basilar de todas as ações do crente salvo por Cristo (1 Co 13.1-7). [Lições Bíblicas, 14 Junho, 2020]

O apóstolo dos gentios finaliza essa orientação listando a virtude da longanimidade. Essa virtude é também imprescritível para o crente salvo em Cristo Jesus. A palavra utilizada por Paulo é o termo grego makrothumia, que tem o significado de paciência, clemência, indulgência e resignação. Esse termo é composto por duas locuções gregas, sendo a primeira makro, que significa “longo” ou “grande”, e a segunda thumos, que traduz a ideia de “temperamento” ou “paciência”.

Uma pessoa longânime possui uma grande paciência. Uma pessoa assim é tolerante, clemente e transigente com os erros alheios, não significando, porém, que é conivente ou complacente com o pecado ou que é insensível diante das injustiças, mazelas e iniquidades do mundo perdido. Literalmente sinaliza um longo fôlego, ou seja, uma grande capacidade de resistência para suportar uma pressão continuada [MONTEIRO, 1994, p. 73]. Nessa direção, a Bíblia Sagrada ensina-nos a sermos “pacientes na tribulação” (Rm 12.12). Portanto, suportar os erros dos outros e as adversidades da vida é o lado prático da paciência.

Dessa forma, longanimidade é a ação que deriva tanto da humildade como da mansidão. Outrossim, a longanimidade é essencial em todos os relacionamentos, inclusive nas relações domésticas. É necessária uma “longa paciência” para um bom trato com o próximo na vida em sociedade, com o irmão no contexto da Igreja e com os integrantes do grupo familiar. [BAPTISTA, 2020, p. 154]

2. Suportando uns aos outros. Durante a nossa jornada cristã nos depararemos com múltiplas situações de hostilidade (At 14.22). São nesses momentos conflituosos na igreja que devemos “suportar uns aos outros em amor” (4.2). A expressão indica que, infelizmente, teremos de enfrentar excessos cometidos em nosso meio, como as provocações alheias e atitudes carnais. Estas são comparadas a um “fardo” que devemos suportar por meio da prática do amor. [Lições Bíblicas, 14 Junho, 2020]

A paciência expressa a qualidade de ser capaz de tratar as faltas e as falhas uns dos outros e de recusar-se a se vingar das injustiças. Ninguém jamais será perfeito aqui na terra, de modo que os crentes devem suportar uns aos outros em amor, apesar das suas faltas.

Suportar as faltas dos outros é o lado prático da paciência, enfatizando o desejo de perdoar. Mostrar paciência requer amor, que deve ser o princípio básico para todas as ações do crente, mesmo quando diferenças e conflitos naturais ocorram. Suportar uns aos outros pressupõe que, às vezes, amar aos outros será um fardo. Os crentes devem estar desejosos de suportar o peso sem esperar recompensa, agradecimento, ou retorno. [Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal, 2010, p. 335]

3. O perdão como premissa do amor. O amor é um atributo divino (1 Jo 4.8), o principal aspecto do fruto do Espírito (Gl 5.22). É uma virtude altruísta que nos conduz a tratar aos outros como gostaríamos de ser tratados (Mt 7.12). Desse modo, a tolerância entre irmãos em Cristo deve ser mútua, isto é, amando “ardentemente uns aos outros, com um coração puro” (1 Pe 1.22), perdoando e sendo perdoado. Quando esse estilo de vida é adotado pelos crentes, acabam-se as disputas na igreja. [Lições Bíblicas, 14 Junho, 2020]

Encontramos muitas falhas em nós mesmos pelo que somente Deus poderia nos perdoar. Portanto, não devemos nos surpreender se encontrarmos em nosso próximo aquilo que acreditemos que seja difícil de perdoar. Há um Cristo em quem está a esperança de todos os crentes, e um céu que é aguardado por todos; portanto, todos deveriam ter somente um coração. Todos tinham uma só fé em si, um só Autor desta, uma única natureza e poder. Todos tinham a mesma crença em relação às grandes verdades da religião; todos eles foram recebidos na Igreja por meio de um batismo com água em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, como sinal da regeneração. Deus Pai habita em todos os crentes, como em seu santo templo, por seu Espírito e por sua graça especial.

Observemos como o perdão de Deus nos leva a perdoar. Deus nos perdoou, ainda que não tivéssemos razão para pecar contra Ele. Devemos perdoar, assim como Ele nos perdoou. Toda a comunicação mentirosa e corrompida, que estimule os maus desejos e as luxúrias, entristecem o Espírito de Deus. As paixões corruptas do rancor, ira, raiva, queixas, maledicência e malícia, entristecem ao Espírito Santo. Não provoquemos ao santo e bendito Espírito de Deus a que retire a sua presença e a sua influência de graça. O corpo será redimido do poder da sepultura no dia da ressurreição. Onde quer que o bendito Espírito habite como santificador, será o início de todo o deleite, e a glória do dia da redenção; seríamos lançados fora se Deus retirasse de nós o seu Espírito Santo. [HENRY, 2015, p. 9]

SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ

Neste tópico podemos refletir que muito melhor é o homem paciente que o guerreiro, mais vale controlar as emoções e os ímpetos do que conquistar toda uma cidade (cf. Pv 16.32). Sábio é o homem que consegue controlar seu gênio, e sua grandeza está em ser generoso e perdoador com quem o ofende (cf. Pv. 19.11). É o que se amplia no seguinte texto: “O autocontrole é superior à conquista. O sucesso nos negócios, nos estudos, ministério e na vida familiar pode ser arruinado por uma pessoa que perde o controle de seu temperamento. Assim sendo, o autocontrole é uma grande vitória pessoal. Quando sentir que está prestes a explodir, lembre-se que o descontrole pode ocasionar a perda daquilo que você mais deseja” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, pp. 853-54).

  CONCLUSÃO

Vimos o convite de Paulo aos crentes para um viver digno de uma perfeita unidade. Para garanti-la, mostramos que algumas virtudes são essenciais: a humildade, que fortalece a unidade; a mansidão, que gere os conflitos; a longanimidade, que suporta os erros alheios. Quando os crentes vivem essas virtudes, as dissensões desaparecem e o nome de Jesus Cristo é glorificado (Mt 5.16; 1 Co 1.10). [Lições Bíblicas, 14 Junho, 2020]

A união dos crentes só é possível quando o Espírito Santo age em suas vidas - o Espírito cria e mantém a unidade entre os crentes. O amor de uns pelos outros, trazido pela presença do Espírito, torna a paz possível. Juntarem-se uns aos outros pelo vínculo da paz inclui a ideia de unir os membros em um só corpo. Este “vínculo” mantém as pessoas entrelaçadas como uma corrente ou uma corda. A paz funciona como a “amarração” que assegura a unidade. Deus a dá para nós, e ela produz igualdade e entendimento. [Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal, 2010, p. 335]

REFERÊNCIAS 

BAPTISTA, Douglas. A Igreja Eleita: redimida pelo sangue de Cristo e selada com o Espírito Santo da Promessa. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.

BRAY, G. L. Comentário Bíblico da Reforma: Gálatas e Efésios. São Paulo: Cultura Cristã, 2013, p. 351

BRUCE, F. F. João: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2002, p. 244.

COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO APLICAÇÃO PESSOAL. Efésios, v. 2. Rio de Janeiro:  CPAD, 2010]

FRIBERG, Barbara & Timothy. O Novo Testamento Grego Analítico. São Paulo: Vida Nova, 1987, p. 594.

GILBERTO, Antonio. O Fruto do Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 191.

HENDRIKSEN, William. Efésios e Filipenses. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2013, p. 168

HENRY, Matthew. Comentário do Antigo e Novo Testamento: Efésios. Rio de Janeiro: CPAD, 2015

HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal. Rio: CPAD, 1996, p. 431–432.

LIÇÕES BÍBLICAS CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 11, 14 Junho, 2020.

MACARTUR, John. Comentário do Novo Testamento: Efésios. Rio de Janeiro: Vida Nova, 2009.

MONTEIRO, A. L. Marcos. Em Diálogo com a Bíblia: Efésios. Belo Horizonte: Missão Editora, 1994.

PFEIFFER, Charles. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 940

VINE, W. E. Dicionário Vine. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, p. 771.


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