quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

LIÇÃO 4: OS ATRIBUTOS DO SER HUMANO



COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I
A RACIONALIDADE HUMANA

Tenhamos em mente esta proposição: Deus é um ser racional. Logo, há perfeita harmonia entre a genuína razão e a fé bíblica. Por isso mesmo, Ele requer, de cada um de nós, um culto racional. 
1. Deus é um ser racional. Certa vez, o Senhor desafiou o povo de Judá, que caíra na apostasia, a arrazoar acerca do verdadeiro caminho (Is 1.18). Portanto, Ele requer de seus servos uma postura racional, porquanto dotou-nos de razão. Não temos uma natureza animal e bruta, mas racional e inteligente (Sl 32.9).
De acordo com a Bíblia Sagrada — o mais razoável e lógico dos livros —, a razão é o instrumento com que o Criador nos dotou, a fim de administrarmos o universo visível. Não há, pois, incompatibilidade entre a razão, quando usada corretamente, e a genuína fé em Deus. Embora esta se ache acima daquela, entre ambas não há qualquer antagonismo.
Em sua Epístola aos Romanos, o apóstolo Paulo demonstra que os gentios, ao atentarem razoavelmente à criação divina, chegam a uma conclusão mais do que lógica: a existência do Único e Verdadeiro Deus. Haja vista o ocorrido em Atenas. Apesar de todos os altares dedicados, ali, ao panteão grego, havia um espaço singular consagrado ao Deus Desconhecido.
Tributamos erradamente a Aristóteles (384-322 a.C.) a invenção da lógica, pois tal ciência, cujo objetivo é investigar nossas operações intelectuais, não foi inventada por homem algum; é um recurso que Deus colocou na alma de todos os seres humanos. Se dela fizermos bom uso, lograremos descobrir as verdades que estão ao nosso alcance. Mas, se a alimentarmos com inverdades, concluiremos enganos e mentiras, pois nem tudo o que é lógico é verdadeiro. 
No que tange à lógica, como legítimo instrumento de pesquisa, Salomão usou-a de forma sistemática bem antes de Aristóteles e de Francis Bacon (1561-1626). Assim escreveu o mais sábio dos homens: “Eis o que achei, diz o Pregador, conferindo uma coisa com outra, para a respeito delas formar o meu juízo [...]. Eis o que tão-somente achei: que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias” (Ec 7.27-29, ARA).    
2. A harmonia entre racionalidade e espiritualidade. A verdadeira espiritualidade manifesta-se de maneira racional, porquanto o nosso Deus é um ser racional por excelência. Ele não é de confusão (1 Co 14.33). Para que o agrademos, o Espírito Santo nos desenvolve a inteligência espiritual (Cl 1.9).
Se Deus não fosse um ser racional, nós também não o seríamos, porquanto Ele nos criou segundo à sua imagem e semelhança. E, nessa semelhança e imagem, encontra-se, logicamente, o atributo da racionalidade. Doutra forma, a comunhão da criatura com o Criador seria impossível, porque jamais viríamos a entendê-lo, nem Ele, apesar de toda a sua ciência e presença, lograria compreender-nos. Mas, sendo Ele um Ser perfeitamente racional e infinitamente sábio, criou seres racionais e também sábios: anjos e homens. É claro que a nossa racionalidade e sabedoria são imperfeitas e limitadas, quando comparadas à razão e ao saber divinos, mas tais limites e imperfeições não nos incapacitam de ouvir e entender o Pai Celeste.
Que Deus é um ser racional, não há dúvida. Todavia, não necessita Ele de operações intelectuais, como a lógica, para descobrir o que é certo e errado, ou o que é verdade e mentira. Ele sabe de todas as coisas; conhece-as absolutamente desde o princípio até o fim; presente, passado e futuro não lhe constituem qualquer mistério. Enfim, Deus não precisa raciocinar para concluir que dois mais dois são quatro, porque não somente as operações matemáticas, como a própria matemática, saiu de seu espírito. NEle, e somente nEle, residem todos os tesouros da ciência.
Embora perfeito em conhecimento, Deus revelou-se de tal maneira à humanidade, que até mesmo a criança mais débil e o homem mais ignóbil são capazes de compreender as belezas e mistérios do Evangelho, conforme o Filho, exultante, agradece ao Pai: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado” (Lc 10.2, ARA). Por esse motivo, o Senhor Jesus ordenou-nos a pregar as Boas Novas a toda a criatura, porque todos, até mesmos, os loucos, são habilitados, pelo Espírito Santo, a entender, aceitar e viver as verdades evangélicas (Is 3.8). Caso contrário, a mensagem da cruz seria algo tão inútil como as filosofias que, forjadas nas academias mundanas, são ininteligíveis até mesmo aos que as escrevem.
Quanto aos sábios deste mundo, que confiam no próprio saber e fazem da lógica a sua pedra de esquina, o Evangelho torna-se algo incompreensível, louco e escandalizável, conforme escreve Paulo aos irmãos de Corinto: 
Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus. Pois está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos instruídos. Onde está o sábio? Onde, o escriba? Onde, o inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria do mundo? Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura da pregação. Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. (1 Co 1.18-25, ARA)
Há os que ensinam que só viremos a compreender o Evangelho de Cristo, se nos munirmos de um método hermenêutico de comprovada eficácia. Uns propõem o histórico-crítico. Outros, o histórico-gramatical. Ainda outros sugerem a desconstrução sumária dos profetas e dos apóstolos, a fim de se erguer, sobre os despojos dos autores sagrados, um evangelho que, rigorosamente, em nada lembra o Evangelho de Cristo, que Paulo pregava com poder e graça (1 Co 1.18; Gl 1.8). 
Quanto a mim, proponho um método comprovadamente eficaz: o canônico, cuja essência é resumida nesta proposição áurea — a Bíblia interpreta-se a si mesma. Foi o método, aliás, utilizado pelos apóstolos e evangelistas do Novo Testamento (At 7; 8.35). O Cristo fez uso desse recurso (Lc 24.27). Colocando-o em prática, valemo-nos de outra proposição igualmente áurea: o Espírito Santo é o real intérprete da Bíblia Sagrada.
Tenhamos em mente, pois, um dos atributos mais sublimes da Palavra de Deus: a conspicuidade — a excelência daquilo que é claro e perceptível. No Salmo 119, o autor sagrado discorre sobre as qualidades da Bíblia Sagrada; um livro que restaura o sábio e dá vida ao ignorante. Mas, para que isso ocorra, é necessário que tanto um quanto outro se curvem à soberania das Escrituras Sagradas.     
3. O culto racional agrada a Deus. Posto que Deus é um ser racional, devemos cultuá-lo racionalmente (Rm 12.1). Isso significa, antes de tudo, que a nossa adoração ao Pai Celeste tem de ser perfeitamente entendida, explicada e praticada (Êx 12.26; 1 Pe 3.15). Doutra forma, não terá valor algum (Jo 4.22). Aliás, o culto cristão é o mais racional de todos, apesar de parecer, para os incrédulos, escândalo e loucura (1 Co 1.18,24).
O culto que rendemos a Deus tem de ser racional, mas não pode ser racionalista, nem deve estar submisso ao racionalismo. Essa proposição não é um jogo de palavras, nem um mero ornato retórico; é algo a ser observado em todos os nossos atos de adoração ao Todo-Poderoso. Ela traduz plenamente o que Paulo ensinou à igreja em Roma: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12.1). Não sei quantas vezes li essa passagem. Mas, somente agora, começo a descobrir-lhe as reais belezas e mistérios.
Antes de tudo, atentemos à recomendação que o apóstolo faz aos irmãos de Roma. Solícito e preocupado, escreve-lhes: “Rogo-vos”. Tal expressão é usada, no grego moderno, para se pedir um obséquio a alguém: “Parakaló”, “por favor”. Então, gentilmente, o apóstolo dirige-se àquele rebanho, para implorar-lhe um grande obséquio não para si, mas para cada uma daquelas ovelhas: a apresentação de seus corpos como sacrifício vivo a Deus, que é o seu culto racional.
O culto a Deus deve ter início no lugar mais reservado e santo de nosso ser — o espírito: a sede de nossas afeições e sentimentos. A fim de qualificar esse ato cultual, o apóstolo escolhe o termo grego latreia, para mostrar-nos como deve ser a adoração que agrada a Deus. Essa palavra denota serviço único, adoração singular, devoção excelente e entrega incondicional. Mas, para alcançar tais qualidades, o culto não pode ser marcado apenas por emoções e sentimentos. Precisa ser caracterizado, em primeiro lugar, pela racionalidade, que nos advém da leitura piedosa e atenta das Sagradas Escrituras.
O adjetivo “racional”, usado por Paulo, advém do termo grego logikos, que, num primeiro momento, pode ser traduzido como lógica e razão. Mas, aqui, suplanta tanto a razão quanto a lógica, mas não as contradiz quando legitimamente usadas.  Os gregos e romanos, conquanto ilustrados e cultos, não sabiam como harmonizar a razão com o culto ao Deus Único e Verdadeiro. Por isso, ostentando um saber que jamais tiveram, fizeram-se loucos devido à sua vida libertina e devassa (Rm 1.22). Os discípulos de Cristo, porém, em virtude de sua pureza e santidade, mostravam, na prática, um culto racional e, ainda, apresentavam a razão de sua fé e serviço a Deus: “antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós” (1 Pe 3.15, ARA).
No verdadeiro culto a Deus, a latreia precede a leitourgia. Que nos lembremos dessa proposição em todos os nossos atos cultuais. Se a nossa adoração particular não for caracterizada pelo amor e pela racionalidade de que fala o apóstolo, o nosso culto público tende a ser frio, mecânico e formal. Assemelhar-nos-emos aos judeus contemporâneos de Isaías. Não obstante todo o seu aparato cerimonial, louvavam a Deus apenas com os lábios, pois o seu coração achava-se longe do Senhor. 
Quando se chega a esse estado de decadência espiritual, a adoração — latreia — torna-se idolatria, e o serviço público a Deus — leitourgia — redunda num mero e pecaminoso liturgismo. Nessas condições, o que deveria ser um culto racional converte-se numa reunião racionalista, na qual as razões humanas suplantam a sabedoria divina. Daí, em diante, um racionalismo satânico começa a dominar todos os elementos da Igreja de Cristo — doutrina, teologia, cânticos, ministérios e a própria esperança na vinda do Senhor. 
O que Deus requer, de cada um de nós, é um culto verdadeiramente racional: a posse completa de nosso corpo, alma e espírito. Consagremo-nos inteiramente ao Senhor! Se não o fizermos, jamais o veremos. 

Texto extraído da obra “A Raça Humana: Origem, Queda e Redenção”, editada pela CPAD.  
COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO

Nesta lição, definiremos a palavra “atributo”; notaremos a diferença entre os atributos Divinos comunicáveis e incomunicáveis; e por fim, estudaremos a espiritualidade, a racionalidade, a sociabilidade e a liberdade humana como exemplos de atributos concedidos por Deus ao homem.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA ATRIBUTO

1.1 Conceito da palavra atributo. O dicionarista Antônio Houaiss define atributo como: “o que é próprio e peculiar a alguém ou a alguma coisa, qualidade, característica, o que é próprio de um ser, emblema definitivo, característica, propriedade, particularidade, peculiaridade, traço, faculdade, individualidade, singularidade, distinção, estilo” (2001,p. 340). Sempre que falamos em atributos nos lembramos logo do nosso Deus, que é o doador de todas as capacidades que temos (Gn 1.27-28), por ser ele possuidor de tudo (Sl 24.1).
1.2 Os atributos Divinos. Para que não haja confusão na compreensão dos atributos humanos é necessário entender os Divinos. Podemos entender os atributos divinos em duas classes: (1) Atributos Incomunicáveis. São aqueles que pertencem única e exclusivamente a Deus. Notemos alguns: (a) eternidade (Sl 45.6; 90.2; 93.2; Is 40.28; 57.15); (b) onipresença (Sl 139.7-12; At 17.27,28: Jr 16.17; 23.24; Am 9.2,3); (c) onisciência (1Jo 3.20; Sl 147.5); e, (d) onipotência (Gn 17.1; 18.14; Jó 42.2; Sl 62.11; Lc 1.37); e (2) Atributos Comunicáveis. São aqueles que podem e são encontrados no ser humano. Notemos alguns: (a) santidade (1Pd 1.15,16; Tg 1.13); (b) justiça (Gn 18.25; Dt 27.25; Sl 15.5; Jr 22.3); (c) fidelidade (Êx 34.6; Nm 23.19; Dt 4.31; Hb 6.18; 10.23); (d) amor (2Co 13.11; Ef 2.4; 2Ts 2.16; 2Co 9.7; 1Jo 4.8,16). Deus nos quis dotar de características do seu ser, para que assim pudéssemos ser chamados “imagem e semelhança” (Gn 1.26). Os atributos de Deus são singulares e perfeitos. Só Ele os tem de modo absoluto (BERGSTÉN, 2016, p. 22).

II – A ESPIRITUALIDADE COMO UM ATRIBUTO HUMANO

Deus, que é espírito (Jo 4.24), criou o homem com uma parte espiritual, isto é, com alma e espírito. Essa parte espiritual é invisível e imaterial, conhecida como “o homem interior”, e habita no corpo, que é “o homem exterior” (2 Co 4.16) (BERGSTÉN, 2016, p. 127). O “espírito” é considerado um poder sublime que estabelece os seres humanos na dimensão espiritual e os capacita à comunhão com Deus (HORTON, 2011, p. 248). Vejamos algumas considerações sobre a realidade espiritual do ser humano:
2.1 O espírito humano não-regenerado. O espírito do homem não-crente é morto, isto é, separado de Deus (Ef 2.1-5; Lc 15.24,32; 1Tm 5.6). Ele é dominado pelos seus pecados e concupiscências (Ef 4.17-22; Tt 1.15).
2.2 O espírito humano no processo de regeneração. Na salvação, o espírito do homem é vivificado (Ef 2.5; Cl 2.13). Um despertamento começará no seu espírito quando o Espírito Santo o convencer do seu pecado, e da justiça e do juízo de Deus (Jo 16.8-10).
2.3 O espírito humano regenerado. Agora ele pode comprovar de maneira mais clara, que Deus é bom (Sl 34.8), e com o seu espírito adorar ao Senhor em verdade (Jo 4.23) e orar em espírito (1Co 14.15,16), e o Todo poderoso dará ao espírito do novo crente a inspiração divina que o faz entendido (Jó 32.8) (BERGSTÉN, 2016, p. 132 – acréscimo nosso).

III – A RACIONALIDADE COMO UM ATRIBUTO HUMANO
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Racionalidade humana é o processo pelo qual agimos com objetivos reais e corretos, agir racionalmente é ter uma perspectiva das consequências que nossas ações podem ter. Deus é um ser racional. Logo, há perfeita harmonia entre a genuína razão e a fé bíblica. Ele nos criou assim para que pudéssemos desfrutar de comunhão com Ele. “De acordo com a Bíblia Sagrada o mais razoável e lógico dos livros, a razão é o instrumento com que o Criador nos dotou, afim de administrarmos o universo visível” (ANDRADE, 2019, p. 63).
3.1 A racionalidade humana. Através da razão podemos: a) cooperar com Deus (Gn 2.19; 1Co 3.9); b) adorá-lo racionalmente (Rm 12.2); c) perceber sua existência (Rm 1.19,20); e, d) apreciar sua criação (Sl 19.1). Se Deus não fosse um ser racional, nós também não o seríamos, porquanto Ele nos criou segundo à sua “imagem e semelhança”. E, nessa semelhança e imagem, encontra-se, logicamente, o atributo da racionalidade. Doutra forma, a comunhão da criatura com o Criador seria impossível (ANDRADE, 2019, p. 64).

IV – A SOCIABILIDADE COMO UM ATRIBUTO HUMANO

Ao observarmos Gênesis 2.18, poderemos compreender que Deus não viu como algo bom a solidão. Sendo assim podemos inferir que a realidade humana é de convívio social. Para que o homem não estivesse só Deus projetou a família (Gn 2.22-24). Sobre a sociabilidade humana destacaremos apenas a realidade da família que deve ser vivenciada pelo ser humano nos moldes divinos, pois acreditamos que através dela Deus pode mudar toda a sociedade, além de que nela que o ser humano pode encontrar o que precisa para saciar sua sociabilidade. Biblicamente, podemos dizer que a família é o sistema social básico, instituído por Deus no Éden, para a constituição da sociedade e perpetuação da raça humana (Gn 2.18-24). Sem dúvida, a família faz parte do projeto divino visando a felicidade dos seres humanos (Sl 128). Já o lar, do latim “lare” é o ambiente onde vive a família. É no lar que marido, mulher, pais e filhos, encontram o ambiente adequado para amadurecer, conviver e compartilhar seus sentimentos. Vejamos a importância da família em seus aspectos sociais:
4.1 A sociabilidade entre os cônjuges. É no seio da família que marido e mulher passam a conviver juntos e aprendem a suportar e a perdoar mutuamente (1Co 13.7; Cl 3.12,13); a ter paciência (Rm 5.3; 1Co 13.7); a lidar com os problemas do dia a dia (Gn 16.1-6; 27.1-46; 30.1); de forma que o lar contribui, não só para o amadurecimento do casal, como também, para o ajustamento de ambos.
4.2 A sociabilidade entre os filhos. O lar é o ambiente onde os filhos se sentem seguros e felizes, junto aos pais, onde recebem amor, carinho, proteção e educação cristã (Dt 6.1-8; Pv 22.6; Ef 6.1-4; 2Tm 1.5,6), e também aprendem, desde cedo, a serem responsáveis e a se prepararem para o futuro (2Tm 1.5,6; 3.14-17).
4.3 A sociabilidade entre a Igreja. É possível existir família sem igreja, mas não existe igreja sem família. Uma igreja não pode ser forte, viva e santa com famílias fracas na fé ou espiritualmente mortas (1Co 3.1-3;5.1-13; 6.9-11). Quando a família cristã vive em paz e harmonia no lar, a Igreja também é beneficiada, pois, estando em paz com Deus e com os seus, a família passa a viver em comunhão com os irmãos (Sl 133; At 2.42; Rm 12.18).
4.4 A sociabilidade entre a sociedade. A sociedade é composta por famílias. Logo, famílias estruturadas geram sociedades estruturadas; e, consequentemente, famílias desestruturadas geram sociedades desestruturadas. É por esta razão que Satanás investe tanto contra os lares (Gn 3.1-5), pois, desestabilizando-as, ele desestruturará também a sociedade. A sociedade só poderá ser forte e equilibrada, se as famílias também estiverem assim.

V – O LIVRE-ARBÍTRIO COMO UM ATRIBUTO HUMANO

“Entende-se por livre-arbítrio a liberdade que o ser humano tem de fazer escolhas, tornando-se, consequentemente, responsável por elas e por seus respectivos resultados […]. O poder humano de fazer escolhas é o primeiro assunto de que trata a Bíblia Sagrada […]. O livre-arbítrio é inerente ao homem, o qual não poderia ser julgado, jamais, se as suas decisões fossem involuntárias, e ele fizesse o que não desejasse pelo fato de ser movido por uma força estranha, alheia à sua consciência e vontade” (BRUNELLI, 2016, pp. 293,295). A Declaração de Fé das AD diz: CREMOS, professamos e ensinamos que o homem é uma criação de Deus […], dotado por Deus de livre-arbítrio, ou seja, com liberdade de escolher entre o bem e o mal […] essa escolha continua mesmo depois da queda no Éden (Jo 7.17). Deus dotou Adão do livre-arbítrio com o qual ele era capaz tanto de obedecer quanto de desobedecer ao Criador (SOARES, 2017, pp. 77,99). Vejamos a realidade Bíblica do livre arbítrio.
5.1 O livre-arbítrio nas Escrituras. Tanto no AT quanto no NT a doutrina do livre-arbítrio é claramente defendida, e apesar da expressão “livre-arbítrio” não estar na Bíblia de maneira explícita em diversas passagens do AT podemos ver que Deus dá o poder de escolha ao ser humano (Gn 2.16,17; 4.7; Dt 28.1; 30.15,19; Js 24.15; 2Sm 24.12; Jz 5.2; 1Cr 28.9; 2Cr 15.2; Ed 7.13; Ne 11.2; Sl 119.30; Is 1.19,20; Jr 4.1). Também podemos encontrar várias referências que nos demonstra o livre-arbítrio no NT (Mt 3.2; 4.17; 16.24; 23.37; Mc 8.35; Lc 7.30; Jo 1.11; 5.40; 6.37; 7.17; 15.7; At 3.19; 17.30; Rm 10.13; 1Tm 1.19).
5.2 O livre-arbítrio antes da Queda. O poder da livre-escolha faz parte do desígnio de Deus para a humanidade, como sendo a sua imagem e semelhança (Gn 1.27). Adão e Eva receberam o mandamento para multiplicarem a espécie humana (Gn 1.28) e se absterem de comer do fruto proibido (Gn 2.16-17). Estas duas responsabilidades implicam na capacidade de respostas. O fato deles deverem fazer estas coisas, implicava que eles poderiam fazê-las (Gn 3.6). A condenação de Deus para a atitude deles deixa claro que ambos eram moralmente livres para tomar a sua decisão (Gn 3.11,13) (GEISLER, 2010, p. 108).
5.3 O livre-arbítrio depois da Queda. Mesmo depois de haver pecado e se tornado espiritualmente “morto” (Gn 2.17; cf. Ef 2.1) e, portanto, um pecador, em função da sua natureza pecaminosa (Ef 2.3), Adão não se tornou tão completamente corrompido a ponto de não mais ouvir a voz de Deus e poder responder de maneira livre (Gn 3.9-10). A imagem de Deus foi obscurecida, mas não completamente erradicada pela Queda; ela foi corrompida (afetada), mas não eliminada (aniquilada). Na verdade, a imagem de Deus (que inclui o livre-arbítrio) ainda permanece nos seres humanos (Gn 9.6; Tg 3.9). Até mesmo a nossa cegueira espiritual é resultado da nossa decisão de não acreditar (Rm 6.16) (GEISLER, 2010, p. 109).

CONCLUSÃO

Deus nos criou para sua gloria. O pecado manchou e deturpou a criação humana, mas nosso Deus por seu infinito amor arquitetou um lindo projeto de restauração. Devemos usar os atributos concedidos a nós para glorificá-lo e levar outros a entender a importância de servi-lo e amá-lo.


Professor Paulo Avelino. Disponível em: https://www.portalebd.org.br

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO
Na aula de hoje, estudaremos os principais atributos do ser humano: espiritualidade, racionalidade, sociabilidade, liberdade e criatividade. Veremos que o homem, apesar da queda, continua a executar a missão que Deus lhe entregou no Éden. A desobediência humana não frustrou os planos divinos.
Se Deus assim nos dotou, usemos cada um de nossos atributos para glorificá-lo. No aperfeiçoamento destes, leiamos a Bíblia, oremos, vigiemos noite e dia, evangelizemos e exerçamos o amor cristão. Em suma, portemo-nos de tal forma, para que o Pai Celeste seja exaltado, eternamente, através de nossas qualidades espirituais, psicológicas e físicas.
Que o Espírito Santo nos abra o entendimento e leve-nos a conhecer as demandas e as reivindicações da Palavra de Deus. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 4, 26 Janeiro, 2020]
Esta lição, extensa, discorre sobre alguns atributos do homem. No entanto, ao contrário do que afirma o comentarista (o homem, apesar da queda, continua a executar a missão que Deus lhe entregou no Éden), o homem deixou de realizar aquilo para o qual ele foi ordenado: governar e zelar pela terra; isso por que, com a queda, tudo que o homem produz, está manchado pelo pecado. Hoje não cuidamos da natureza, destruímos, poluímos; Não governamos a terra, agimos egoisticamente amealhando tudo o que pudermos. Também a afirmativa A desobediência humana não frustrou os planos divinos, deve ser uma verdade imutável das Escrituras: tudo o que acontece está estritamente dentro do planejado – Deus é soberano e governa! Somente com o novo nascimento, somos introduzidos numa nova sociedade – Igreja, e voltamos ao plano original da criação, e exercemos os atributos espiritualidade, racionalidade, sociabilidade, liberdade e criatividade, para a glória de Deus! Enquanto longe de Deus, essas virtudes estarão obscurecidas, somente em Cristo, elas são restauradas e usadas para a Sua máxima glória! 
I. A ESPIRITUALIDADE HUMANA
Neste tópico, aprenderemos que o homem é, também, um ser espiritual. Vejamos, pois, a origem de nosso espírito, seu anseio natural por Deus e como ele pode ser revivificado.
1. A origem divina de nosso espírito. Após formar Adão do pó da terra, o Senhor Deus soprou-lhe nas narinas o fôlego de vida (Gn 2.7). A partir daquele momento, o homem passou a ser alma vivente. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 4, 26 Janeiro, 2020]
Quando a Bíblia ensina que Adão foi feito “do pó da terra” (Gn 2.7), está claramente afirmada a natureza material do homem; Mas não podemos deixar de fazer referência a um aspecto tão importante da composição da natureza humana, o imaterial, que também aparece na narrativa da criação: Adão foi formado do pó da terra, mas somente quando o espírito foi soprado nele é que foi tornado “alma vivente”, e o diferencial dessa narrativa em relação a outras como Gn 1.21, 24 e 30, é a maneira pela qual Deus fez isso: soprou nas narinas de Adão o espírito da vida. Este ato da parte de Deus foi pessoal, direto, singular, que distinguiu a criação humana (e a vida humana) das outras vidas animadas (Gn 2.7). Esse ato do Criador tornou o homem participante de dois mundos: o espiritual e o físico. Este soprar do espírito é a fonte da vida animada, e sem ela o homem propriamente pode ser chamado de morto (Tg 2.26).
2. O anseio natural do espírito humano. Sendo proveniente de Deus, o espírito humano anseia pelo Pai Celeste, conforme Paulo muito bem acentuou aos atenienses (At 17.21,22). Já o salmista confessou que a sua alma suspirava por Deus (Sl 42.1). Infelizmente, não são poucos os que, devido a uma vida ímpia e blasfema, sufocam o seu anseio pelo Criador. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 4, 26 Janeiro, 2020]
Deus certamente não teria criado um ser como o homem para existir somente por um dia! Não, não… o homem foi feito para a imortalidade.” Abraham Lincoln.
A Bíblia diz que Deus tem [...] plantado a eternidade no coração humano. O homem tem o impulso inato de ansiar pela imortalidade. Isso ocorre porque Deus o projetou à sua imagem, para viver eternamente. Embora sujeitos à morte, esta experiência sempre parece anormal e injusta. A razão pela qual sentimos que deveríamos viver para sempre é que Deus condicionou nossa mente com esse desejo! Mesmo enfrentando a morte física, ainda não é o fim. A Bíblia chama o nosso corpo terreno de “temporária habitação”, mas se refere ao nosso futuro corpo como uma “casa” (2Co 5.1).
3. A revivificação do espírito humano. Através de sua morte redentora, Jesus Cristo vivifica o homem que jaz morto espiritualmente (Ef 2.1; Cl 2.13). Só Ele é a ressurreição e a vida (Jo 11.25). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 4, 26 Janeiro, 2020]
Este ponto conciso não elucida a questão. É importante aqui lembrar o que significa estar “morto espiritualmente” para que se entenda a necessidade de uma “revivificação do espírito humano”. Ser espiritualmente morto é estar separado de Deus, e essa separação iniciou com o pecado de Adão (Gn 3.6). A morte espiritual imediata resultou na separação de Adão de Deus, fato demonstrado em seu ato de se esconder de Deus (Gn 3.8), assim como a sua tentativa de transferir a culpa do pecado para a mulher (Gn 3.12). Romanos 5.12 esclarece que o pecado e a morte entraram no mundo e se espalharam para todos os homens através do pecado de Adão. Qualquer separação da Fonte da Vida é, naturalmente, morte para nós.
Entretanto, não é só o pecado herdado que causa a morte espiritual – o nosso próprio pecado contribui. Efésios 2 ensina que, antes da salvação, estamos “mortos” em nossos delitos e pecados (versículo 1). Isso deve se referir à morte espiritual porque ainda estamos “vivos” fisicamente antes de salvação. Enquanto estávamos em uma condição espiritualmente “morta”, Deus nos salvou (versículo 5, ver também Romanos 5.8). Colossenses 2.13 reitera essa verdade: “E a vós, quando estáveis mortos nos vossos delitos… vos vivificou juntamente com ele, perdoando-nos todos os delitos.”. Já que estamos mortos no pecado, somos completamente incapazes de confiar em Deus ou na Sua Palavra (Jo 6.44; 15.5; Ro 8.7-8). Em nosso estado caído, somos incapazes de compreender até mesmo as coisas de Deus (1Co 2.14; 2Co 4.4).
O ato de Deus pelo qual Ele nos restaura da morte espiritual é chamado de regeneração. A regeneração é realizada somente pelo Espírito Santo, através da morte e da ressurreição de Jesus Cristo. Quando somos regenerados, somos vivificados juntamente com Cristo (Ef 2.5) e renovados pelo Espírito Santo (Tt 3.5). É como nascer uma segunda vez, assim como Jesus ensinou Nicodemos em João 3.3, 7. Tendo sido vivificados por Deus, nunca verdadeiramente morreremos – temos a vida eterna. Jesus disse muitas vezes que crer nEle é ter a vida eterna (Jo 3.16, 36; 17.3). Enfim, o pecado leva à morte. A única maneira de escapar dessa morte é ir a Jesus através da fé ao sermos atraídos pelo Espírito Santo (Jo 11.11-12; 16.7-11). A fé em Cristo leva à vida espiritual e, finalmente, à vida eterna (1Jo 5.13).
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Faça uma reflexão introdutória a respeito da espiritualidade humana. O que nos faz buscar a Deus? De onde vem a necessidade de termos comunhão com o Pai? Use este fragmento textual para aprofundar a sua reflexão com a classe: “O ‘espírito’ é considerado um poder sublime que estabelece os seres humanos na dimensão espiritual e os capacita à comunhão com Deus. Pode-se distinguir o espírito da alma, sendo aquele ‘a sede das qualidades espirituais do indivíduo ao passo que nesta residem os traços da personalidade’. Embora distinto entre si, não é possível separar alma e espírito. Pearlman declara: ‘A alma sobrevive à morte porque é energizada pelo espírito, mas alma e espírito são inseparáveis porque o espírito está entretecido na própria textura da alma. são fundidos e caldeados numa só substância’” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática:  Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.248).
II. A RACIONALIDADE HUMANA
Tenhamos em mente esta proposição: Deus é um ser racional. Logo, há perfeita harmonia entre a genuína razão e a fé bíblica. Por isso mesmo, Ele requer, de cada um de nós, um culto racional.
1. Deus é um ser racional. Certa vez, o Senhor desafiou o povo de Judá, que caíra na apostasia, a argumentar acerca do verdadeiro caminho (Is 1.18-20). Portanto, Ele requer de seus servos uma postura racional, porquanto dotou-nos de razão. Não temos uma natureza animal e bruta, mas racional e inteligente (Sl 32.9). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 4, 26 Janeiro, 2020]
É importante que se diga que o texto de Sl 32.9 “cavalo... mula” nos fala do pecado da teimosia; isto é, Não seja teimoso! Esses animais são usados como ilustrações claras desse pecado (Pv 26.3; Is 1.3; Tg 3.3). Não fala da racionalidade ou sugira tal.
2. A harmonia entre racionalidade e espiritualidade. A verdadeira espiritualidade manifesta-se de maneira racional, pois o nosso Deus é um ser racional. Ele não é de confusão (1Co 14.33). Para que o agrademos, o Espírito Santo nos desenvolve a inteligência espiritual (Cl 1.9). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 4, 26 Janeiro, 2020]
Deus nos criou com sentimentos, emoções e também com a razão. Quando falamos em razão, referimo-nos ao conjunto de faculdades intelectuais; compreensão, discernimento, juízo (julgar a questão), lucidez entre outras. Esta é a característica principal do homem e que o distingue dos demais seres e com a qual o homem compreende o mundo que o circula. Essa faculdade é diferente do sentimento, da experiência e da vontade. Não se opõe a elas, mas lhes é complementária.
Não fica claro o que o comentarista quer transmitir com as afirmativas “Ele não é de confusão” e “inteligência espiritual”, ainda que aplique os textos de 1Co 14.33 e Cl 1.9. Em 1 Co 14.33 o sentido é de que Deus é de paz e harmonia, ordem e clareza, não de briga e confusão (Rm 15.33; 2Ts 3.16; Hb 13.20); Já em Cl 1.9, Paulo se refere à sabedoria e entendimento espiritual, ou seja, a capacidade de acumular e organizar princípios das Escrituras e a aplicação desses princípios ao viver diário.
3. O culto racional agrada a Deus. Posto que Deus é um ser racional, devemos cultuá-lo racionalmente (Rm 12.1). Isso significa, antes de tudo, que a nossa adoração a Deus tem de ser perfeitamente entendida, explicada e praticada (Êx 12.26; 1Pe 3.15). Doutra forma, não terá valor algum (Jo 4.22). Aliás, o culto cristão é o mais racional de todos, apesar de parecer, para os incrédulos, escândalo e loucura (1Co 1.18,24). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 4, 26 Janeiro, 2020]
O culto racional é a adoração sincera a Deus, oferecida de boa vontade. Quando obedecemos a Deus de coração, oferecemos culto racional a Ele. Não devemos obedecer só porque sim, sem entendimento nem vontade.
Ao indicar que a Igreja deve ofertar um culto racional, lógico, Paulo ensina que devemos compreender de fato quem éramos, o que Cristo fez por nós, quem somos hoje; São perguntas que devemos nos fazer: Por que estou aqui? Quem me trouxe aqui? O que vim fazer aqui? O que estão me ensinando é verdade? São questionamentos que todos os crentes deveriam se fazer até que encontrassem respostas racionais para todos eles. Ao cultuar, o crente deve ter consciência de quem ele está adorando, por que ele está adorando, como Ele quer ser adorado. Portanto, a consciência do culto de adoração a Deus, que produz reverência, precisa estar bem estabelecida em cada um de nós para que este alcance o objetivo maior que é a adoração.
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
O que Paulo quer dizer por ‘culto racional’ [logiken]’ tem sido motivo de debate. A palavra grega logikos (forma léxica de logiken), a qual Paulo não usa em outra parte dos seus escritos, era extensamente usada por filósofos gregos. Denotava ‘racionalidade’, quer dizer, as características que distinguem os seres humanos dos animais. A expressão ‘culto racional’ preserva este sentido. [...] Em outras palavras, Paulo arrazoa em favor de um culto que seja lógico ou apropriado para os que vivem no Espírito (Fee, 1994, p.601), os quais, [...], são guiados num comportamento apropriado pela mente renovada” (HORTON, Stanley M. Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p. 892).
III. A SOCIABILIDADE HUMANA
Deus nos criou sociáveis; a solidão é contrária à nossa natureza. Por isso, Deus instituiu a família e, só depois, o Estado.
1. A solidão é nociva ao ser humano. No período da criação, a única coisa que Deus afirmou não ser boa foi a solidão (Gn 2.18). Por esse motivo, Deus fez a mulher para que o homem tivesse uma companhia idônea e sábia (Gn 2.21-25). Somente os que se insurgem contra a verdadeira sabedoria buscam viver isolada e solitariamente (Pv 18.1). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 4, 26 Janeiro, 2020]
É importante que se frise que aqui não cabe referência ao eunuco, aquele que recebeu o dom do celibato, mas sim ao solitário, o homem que busca a satisfação egoísta e não aceita conselhos de ninguém, pelo menos, essa é a intenção do texto de Pv 18.1. A solidão contida em Gn 2.18 refere-se à falta de alguém que correspondesse ao homem, que lhe fosse semelhante e com quem ele pudesse compartilhar; Assim, Deus pronuncia pela primeira vez na criação, que algo não era bom, ou seja, a solidão do homem. As palavras do texto de Gn 2.18 enfatizam a necessidade de companhia para o homem, uma auxiliadora, alguém à sua altura. Sem alguém para complementá-lo, ele estava incompleto para poder cumprir a tarefa de multiplicar-se, encher a terra e exercer domínio sobre a mesma. A mulher foi feita para suprir a deficiência do homem (1Tm 2.14).
2. A família é a origem da sociedade humana. A família é mais importante que a sociedade e mais imprescindível que o Estado, pois ambos dependem do lar doméstico. Salomão, um dos maiores estadistas de todos os tempos, escreveu dois salmos (127 e 128), exaltando o papel fundamental da família na sociedade e no Estado. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 4, 26 Janeiro, 2020]
Bock, Furtado e Teixeira (2002) salientam que a família é uma instituição importante para a sociedade, porque ela é responsável pela sobrevivência física e psíquica das crianças. Os autores ressaltam que a família é tão necessária que na sua falta a criança ou adolescente precisam de uma “família substituta” ou devem ser amparada em uma instituição que desempenhe os papeis materno e paterno, ou seja, que cumpra a função de zelar e de transmitir os valores e as normas culturais. A família é o primeiro ambiente de convivência da criança, é o lugar onde ela viverá as suas primeiras experiências, experiências essas que ela carregará pelo resto de sua vida e que influenciarão diretamente no seu desenvolvimento emocional” (webartigos)
3. A Igreja de Cristo, a sociedade perfeita. No Novo Testamento, a Igreja de Cristo é apresentada como a sociedade perfeita, porque nela todos formamos um único corpo (1Co 12.13). Essa união, impensável em termos sociológicos, é denominada o mistério de Deus pelo apóstolo Paulo (Ef 3.1-12). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 4, 26 Janeiro, 2020]
A igreja, o corpo espiritual de Cristo, é formada quando os cristãos são cheios do Espírito Santo por Cristo. Cristo é quem batiza e coloca dentro de cada cristão o Espírito em unidade com todos os outros cristãos. O objetivo de Paulo é ressaltar a unidade dos cristãos. Na salvação, todos os cristãos não somente se tornam membros plenos do corpo de Cristo, a igreja, como também o Espírito Santo passa a habitar em cada um deles (Rm 8.9; Cl 2.10; 2Pe 1.3-4).
Havia muitas verdades escondidas e reveladas posteriormente no Novo Testamento que são chamadas de mistérios. Aqui está uma: judeus e gentios reunidos num corpo no Messias. Paulo não somente escreveu a respeito do mistério que, em Cristo, judeu e gentio se tornam um na visão de Deus, no seu reino e na sua família, como também explicou e esclareceu essa verdade. Esse mistério agora revelado, esclarece Paulo, não foi dado à outras gerações do passado, ela estava oculta. Embora Deus tenha prometido a bênção universal por intermédio de Abraão (Gn 12.3), o pleno significado dessa promessa tornou-se claro quando Paulo escreveu Gálatas 3.28: “Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois "um em Cristo Jesus”. A passagem de Is 49.6 previu a salvação para todas as raças, porém foi Paulo quem escreveu a respeito dessa promessa (At 13.46-47). Paulo revelou a verdade que nem mesmo os maiores profetas compreenderam que na igreja, composta de todos os salvos desde o Pentecostes em um corpo unido, não haveria distinções raciais, sociais ou espirituais.
IV. A LIBERDADE HUMANA
Deus concedeu-nos o livre-arbítrio, para que escolhêssemos entre o bem e o mal. Se, por um lado, temos a liberdade de agir, por outro, não podemos esquecer-nos da soberania divina.
Sobre esse assunto, a maioria dos cristãos hoje, crêem que o homem goza dessa capacidade de escolha. Outro seguimento não menos expressivo, garante que não, o homem perdeu essa capacidade de escolha, tanto é que, não tem capacidade de escolher não pecar. Apontam para uma livre agência em oposição ao livre-arbítrio. Também a Neurociência tem desenvolvido novas pesquisas que sugerem que o que cremos ser escolhas conscientes são na verdade, decisões automáticas tomadas pelo cérebro, assim, o homem não seria mais do que “um computador de carne” (Para ler essa matéria, clique aqui)
1. O livre-arbítrio. O livre-arbítrio pode ser definido como a capacidade humana de tomar livremente uma decisão. Tal atributo é observado em diversas passagens das Escrituras (Gn 13.9; Js 24.15; Hb 4.7)||. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 4, 26 Janeiro, 2020]
Livre arbítrio é o poder que cada indivíduo tem de escolher suas ações, que caminho quer seguir. A expressão é utilizada por diversas religiões, como o cristianismo, o espiritismo, o budismo etc.” (significados). Deus deu algo precioso ao homem, quando o criou. O homem recebeu livre arbítrio, para que pudesse fazer suas escolhas voluntariamente. O livre-arbítrio é nosso poder de escolha. Por causa do livre-arbítrio, cada pessoa é responsável por suas ações.
2. O ato de decidir. Segundo a Bíblia, o ato de decidir entre o bem e o mal, entre Deus e os ídolos e entre aceitar Jesus e recusá-lo, é um direito que o Todo-Poderoso nos concedeu (Gn 2.9; 1Rs 18.21; Mc 16.15,16). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 4, 26 Janeiro, 2020]
O livre-arbítrio implica responsabilidade, desde que, nossas ações têm consequências e somos responsabilizados por cada decisão tomada. Livre-arbítrio não significa que podemos fazer coisas erradas sem pagar o preço. Nossa liberdade é limitada pelas regras de Deus (Rm 2.6-8).
3. A soberania divina. Já que Deus concedeu-nos o direito de escolha, ajamos com responsabilidade e discernimento, porque todos seremos responsabilizados por nossas escolhas (Ec 11.9; Rm 14.12). Portanto, o livre-arbítrio humano e a soberania divina não são excludentes; são perfeitamente harmônicos. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 4, 26 Janeiro, 2020]
Deus é soberano, nada acontece sem o seu conhecimento e permissão! Então, Deus conhece cada decisão que iremos tomar, e isso não implica em ausência de livre-arbítrio, mas em onisciência divina - Deus sabe todas as coisas. Ele dá poder de escolha, mas também consegue ver a decisão que cada homem, em todos os lugares, tomarão. Deus conhece, mas somos nós quem tomamos. Deus trabalha com as decisões que tomamos para cumprir Seus planos (Rm 8.28).
V. A CRIATIVIDADE HUMANA E O TRABALHO
O trabalho não é consequência do pecado, mas uma bênção na vida do homem. Neste tópico, veremos que, através do trabalho, o ser humano transforma e preserva a terra.
1. A dignidade do trabalho. Deus criou o homem para trabalhar a terra, ará-la e transformá-la, a fim de torná-la habitável (Gn 1.26; 2.15). Por conseguinte, o trabalho não é um castigo devido ao pecado de Adão, mas uma bênção a todos os seus descendentes. A queda apenas tornou as atividades laborais mais árduas e estressantes (Gn 3.17-19). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 4, 26 Janeiro, 2020]
O trabalho era parte importante e dignificante no que respeita à representação da imagem de Deus e serviço a Deus, mesmo antes da queda. Apocalipse 22.3 diz que no novo céu e na nova terra “Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela, estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão” - A maldição sobre a humanidade e a terra em consequência da desobediência de Adão e Eva (Gn 3.16-19) acabará totalmente. Deus nunca mais precisará julgar o pecado, pois este não existirá no novo céu e na nova terra. Quando Deus criou o homem, Ele estabeleceu que a atividade laboral fizesse parte de sua vida (Gn 2.5). No plano divino, o homem foi feito para trabalhar: "E tomou o Senhor Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar" (Gn 2.8,15)
2. A criatividade humana. Os descendentes de Adão, trabalhando metodicamente, desenvolveram em pouco tempo as mais variadas técnicas (Gn 4.2,3,20-22). Rapidamente, evoluíram. Na terceira geração, já dominavam a agricultura, a pecuária, a metalurgia e a arte musical.
A partir da torre de Babel, o homem já dava mostras de ter condições de dominar todo o planeta, em virtude de sua criatividade (Gn 11.6). Todavia, jamais poderemos ultrapassar os limites que o Senhor nos estabeleceu. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 4, 26 Janeiro, 2020]
Gênesis capítulo 4 discorre sobre o rápido desenvolvimento humano: nos informa quem foi o inventou da tenda e da vida nômade de pastores, tão comum no Oriente Médio e em outros lugares, Jabal. O inventor de instrumentos de corda e sopro, Jubal. O inventor da metalurgia, Tubalcaim.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
Quando chegamos no Novo Testamento, a primeira coisa que notamos é que todo o povo de Deus é dotado e chamado para fazer várias obras pelo Espírito de Deus (veja Atos 2.17; 1 Coríntios 12.7), e não apenas as pessoas especiais como os artesãos do Templo, reis ou profetas. Colocado no contexto do novo concerto, as passagens do Antigo Testamento citadas há pouco proveem ilustrações bíblicas para uma compreensão carismática de todos os tipos básicos de trabalho humano: Todo trabalho humano, quer seja complicado ou simples, é possibilitado pela operação do Espírito de Deus na pessoa que trabalha. Como poderia ser diferente? Se a vida inteira do cristão é por definição uma vida no Espírito, então o trabalho não pode ser exceção, quer seja trabalho religioso ou trabalho secular, trabalho ‘espiritual’ ou trabalho mundano. Em outras palavras, trabalhar no Espírito é uma dimensão do andar cristão no Espírito (Veja Romanos 8.4; Gálatas 5.16-25)” (PALMER, Michael D. (Ed.). Panorama do Pensamento Cristão. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, p. 228).
CONCLUSÃO
Em seu discurso em Atenas, Paulo reconhece todos os atributos que o Criador concedeu ao ser humano. Apesar da queda, a humanidade vem evoluindo continuamente. Mas, em termos espirituais, o homem regride rumo ao abismo. Somente o Evangelho de Cristo é capaz de restaurar-nos plenamente. Por isso, o Senhor Jesus é o nosso Salvador pessoal. Sem Ele, a vida humana perde todo o sentido e o encanto. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 4, 26 Janeiro, 2020]
O homem sem Deus tende a se afastar cada vez mais do seu Criador. Apesar de todo avanço do conhecimento e principalmente por causa dele, os homens situam tudo o que existe como obra do acaso.
Atenas era o centro religioso da Grécia, lá todos os deuses conhecidos pelos homens podiam ser cultuados. Paulo considerava Atenas como uma cidade da humanidade perdida, todos condenados à perdição eterna por causa da evidente idolatria pagã. Revoltado com essa situação humana, apesar do grande desenvolvimento intelectual, espiritualmente mortos. Ele estrategicamente, faz uma ponte entre a extrema superstição grega (altar ao deus desconhecido – e a anunciação do Evangelho – que missionário espetacular! Sem afrontar a fé falseada deles, lhes anunciou o Deus que criou os céus e a terra e enviou Seu único Filho para restaurar-nos a Ele.
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

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