SUBSÍDIO I
A MORDOMIA DO CORPO
O ser humano, de acordo com a
Palavra de Deus, constitui-se de uma tricotomia: espírito, alma e corpo (1 Ts
5.23). O corpo não é, como muitos fanáticos entendem, algo que não tem valor e
deve ser destruído. Conforme o que a Bíblia revela, o corpo humano é uma
maravilha criada por Deus. Na mordomia cristã, o corpo deve ser objeto de muito
zelo e cuidado, tanto no seu aspecto material, quanto no espiritual, e isso por
razões muito relevantes.
Primeiro, Deus
formou a parte física do homem, o seu corpo, “do pó da terra”. Não com o barro,
em estado bruto, ou “um boneco de barro”, como ensinam alguns obreiros de modo
infantil. Deus, porém, manipulou os elementos químicos que se encontram no
barro, ou na argila, formando, de modo sobrenatural, cada parte do corpo
humano, combinando-os de maneira jamais compreendida pela mente humana. Hoje, a
embriologia e o estudo da genética têm informações sobre a formação do ser
humano no ventre da mãe a partir da união dos gametas masculino e feminino,
porém jamais alcançou a formação do primeiro ser humano, que não foi gerado,
mas criado por Deus. A forma como o Senhor combinou os aminoácidos, as
proteínas, os sais minerais e as demais substâncias para compor o corpo humano
é algo que transcende a qualquer especulação científica. Somente após a
formação do corpo, Deus infundiu nele o “fôlego da vida”, a alma e o espírito,
que constituem sua parte intangível.
Na visão
tricotômica do ser humano, o corpo tem papel importantíssimo. É através dele
que a alma comunica-se com o mundo exterior. É no rosto que aparecem as
expressões de alegria, tristeza, ira, sono, calma, entusiasmo, rancor, mágoa e
tantos outros sentimentos próprios da natureza humana. Diz a Bíblia: “[...] o
rosto corresponde ao rosto, assim o coração do homem ao homem” (Pv 27.19).
Graças à ciência, hoje podemos conhecer — melhor do que qualquer pessoa em
tempos passados, inclusive na esfera do tempo em que a Bíblia foi escrita — a
grandeza, a perfeição (relativa) e o maravilhoso funcionamento do corpo humano,
como obra-prima das mãos de Deus, o Criador Maravilhoso e Absoluto de todas as
coisas.
Davi exclamou
diante da formação e desenvolvimento do corpo desde o ventre: “Eu te louvarei,
porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as
tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem. Os meus ossos não te foram
encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da
terra. Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe, e no teu livro todas
estas coisas foram escritas, as quais iam sendo dia a dia formadas, quando nem
ainda uma delas havia” (Sl 139.14-16).
Neste capítulo,
estudaremos sobre a mordomia do corpo, destacando o seu valor espiritual,
considerando informações sobre o corpo humano, para que sintamos melhor a
grandeza da obra criadora de Deus quando fez o homem das substâncias que há no
pó da terra e deu vida a ele, tornando-o sua imagem e semelhança, o que nos
torna mais responsáveis perante o Criador pelo cuidado e zelo que devemos ter
pelo nosso corpo, que é “templo do Espírito Santo” (1 Co 6.19).
Texto extraído da obra “Tempos, bens e talentos”, editada pela
CPAD
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos a mordomia do corpo. Nela,
destacaremos o valor espiritual e a grandeza da obra criadora de Deus. A Bíblia
mostra que o Criador fez o homem do pó da terra, dando-lhe vida e tornando-o
sua imagem e semelhança. Quando compreendemos essa verdade bíblica, tornamo-nos
responsáveis pelo zelo do nosso corpo perante o Criador, pois, segundo sua
Palavra, o corpo do cristão é "templo do Espírito Santo" (1 Co
6.19).
Sob a antiga aliança, Deus aceitava os sacrifícios
de animais mortos. Entretanto, devido ao sacrifício final de Cristo, os
sacrifícios do Antigo Testamento já não têm mais qualquer efeito (Hb 9.11-12).
Para aqueles em Cristo, a única adoração aceitável é oferecer a si mesmo
completamente ao Senhor. Debaixo do controle de Deus, o corpo ainda não
redimido do cristão pode e deve ser rendido a ele como um instrumento de
justiça (Rm 6.1,13; 8.11-13). "Racional" vem do grego
"lógica". A luz de todas as riquezas espirituais que os cristãos
desfrutam exclusivamente como o fruto das misericórdias de Deus (Rm 11.33,36),
segue-se logicamente que eles elevem a Deus a sua mais elevada forma de culto.
Aqui está subentendida a ideia de culto espiritual sacerdotal, o qual era parte
integral da adoração do Antigo Testamento. O corpo do cristão pertence ao
Senhor (v. 13), é um membro de Cristo (v. 15) e templo do Espírito Santo. Todo
ato de fornicação, adultério ou qualquer outro pecado é cometido pelo cristão
no santuário, o Santo dos Santos, onde Deus habita. No Antigo Testamento, o
sumo sacerdote entrava lá apenas uma v e z por ano, e somente após uma
extensiva limpeza, caso contrário ele seria morto (Lv 16).
I. DIMENSÃO
MATERIAL DO CORPO
1. A formação maravilhosa do
corpo. A Bíblia relata a
criação do corpo do ser humano (Gn 1.26-28; 2.18-25). Foi uma obra maravilhosa,
poeticamente expressa nas palavras do rei Davi: "Eu te louvarei, porque de
um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras,
e a minha alma o sabe muito bem" (Sl 139.14). No mesmo salmo, o autor
sagrado traz à memória a contemplação divina do corpo humano ainda informe (Sl
139.15). Louve a Deus por sua maravilhosa Criação!
O ponto culminante da criação acontece com o ser
humano vivente, feito à imagem de Deus para governar a criação. Isso definiu o
relacionamento peculiar do homem com Deus. O homem é ser vivente capaz de
incorporar os atributos de comunicação de Deus (Gn 9.6; Rm 8.29; Cl 3.10; Tg
3.9). Na sua vida racional, o homem era semelhante a Deus no sentido de que era
capaz de raciocinar e tinha intelecto, vontade e sentimento. No sentido moral,
ele era semelhante a Deus porque era bom e sem pecado. Na gravidez, período
divinamente planejado, o Senhor observa o desenvolvimento tia criança ainda no
útero de sua mãe.
2. A estrutura do corpo
humano. Quando estudamos a
estrutura do corpo humano, percebemos quão maravilhosa foi a obra do Criador.
Por exemplo, o organismo humano se constitui de 216 tecidos organizados no
esqueleto. Este possui 206 ossos. O cérebro tem um trilhão de células nervosas
e seus sinais trafegam ao longo dos nervos até um máximo de 360 km/h. O corpo
se constitui de setenta por cento de água; tem 96.500km de veias e artérias; 10
bilhões de vasos capilares; 100 trilhões de células. A estrutura humana revela uma
complexidade que a teoria da evolução jamais explicará. Só uma mente
onisciente, e um ser infinitamente supremo, pode dar respostas lógicas à origem
da vida e do homem: "No princípio, criou Deus os céus e a terra [...] E
criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os
criou" (Gn 1.1,27).
Conquanto Deus exista eternamente (SI 90.2), o
"princípio" marcou o começo do universo no tempo e no espaço. Ao
explicar a identidade de Israel e o propósito do povo nas planícies de Moabe,
Deus quis que o seu povo soubesse a respeito da origem do mundo no qual eles se
encontravam. Gênesis 1 usa o termo criar para referir-se apenas à atividade
criadora de Deus, embora ocasionalmente seja usada em outros lugares para
referir-se à matéria já existente (Is 65.18). O contexto exige
determinantemente que se tratava de uma criação sem material preexistente (como
também acontece em outras referências na Bíblia: cf. Is 40.28; 45.8,12,18;
48.13; Ir 10.16; At 17.24). Foi assim, que o Eterno trouxe à existência a coroa
da criação, Conquanto essas duas pessoas compartilhassem de modo igual a imagem
de Deus e juntos exercessem domínio sobre a criação, por desígnio divino eles
eram fisicamente diferentes a fim de cumprirem o mandamento de Deus de
multiplicarem-se, ou seja, nenhum deles podia gerar filhos sem a participação
do outro.
O corpo humano é extremamente complexo e
maravilhoso, funcionando graças a um conjunto de sistemas que trabalham de
maneira coordenada para desempenhar diversas funções. “O corpo humano é
constituído por diferentes partes, entre elas, a pele, os músculos, os nervos,
os órgãos, os ossos, etc. Cada parte do corpo humano é formada por inúmeras
células que apresentam formas e funções definidas. Além disso, existem os
tecidos, órgãos e sistemas, os quais funcionam de modo integrado. Podemos
comparar nosso corpo a uma máquina complexa e perfeita com todas as suas partes
funcionando em sincronia.” (TODAMATERIA)
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
A fim de expor o primeiro tópico com mais propriedade,
busque informações técnicas em livros ou em sites especializados. Informar-se
sobre o Projeto Genoma, um programa de mapeamento da genética humana, também contribuirá
muito para você compreender o sistema complexo do corpo humano. Com base nesses
estudos, é impossível pensar que somos fruto do acaso. Só um ser poderoso,
majestoso e infinito poderia gerar essa complexidade do corpo humano.
Entretanto, tenha em mente que não precisamos de qualquer estudo científico
para determinar o que cremos, pois, como diz as Escrituras, “pela fé,
entendemos que os mundos, pela palavra de Deus, foram criados; de maneira que
aquilo que se vê não foi feito do que é aparente” (Hb 11.3).
II. A DIMENSÃO
ESPIRITUAL DO CORPO
A Bíblia se refere ao corpo humano sob alguns
aspectos, contrastando o “homem exterior” e “homem interior”: 1Ts.5:23: “E todo
o vosso espírito, e alma (homem interior) e corpo (homem exterior), sejam
plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo”. Embora distintos, espírito e alma (Hb 4.12) nunca são separados.
Todos os homens, como seres criados por Deus (Gn 1.26-27). Como escreve o Pr
Elienai Cabral: “O homem é um ser tricótomo (1Ts 5.23; Hb 4.12). O termo
tricotomia significa “aquilo que é dividido em três” ou “que se divide em três
tomos”. Em relação ao homem, o termo tricotomia refere-se às três partes do seu
ser: corpo, alma e espírito. Há divergência neste ponto entre alguns teólogos.
Há aqueles que entendem o homem como apenas um ser dicótomo, ou seja, que se
divide em duas partes: corpo e alma (ou espírito). Os defensores da dicotomia
do homem unem alma e espírito como sendo uma e a mesma coisa. Entretanto,
parece-nos mais aceitável o ponto de vista da tricotomia. Esse
conceito da tricotomia crê que o homem é uma triunidade composta e inseparável.
Só a morte física é capaz de separar as partes: o corpo de sua parte imaterial.
a) O corpo: É a parte inferior do
homem que se constitui de elementos químicos da terra como oxigênio, carbono,
hidrogênio, nitrogênio, cálcio, fósforo, potássio, enxofre, sódio, cloro, iodo,
ferro, cobre, zinco e outros elementos em proporções menores. Porém, o corpo
com todos esses elementos da terra, sem os elementos divinos, são de ínfimo
valor. No hebraico, a palavra corpo é basar. No grego do Novo Testamento, a
palavra corpo é somma. Portanto, o corpo é apenas a parte tangível, visível e
temporal do homem (Lv 4.11; 1Rs 21.27; Sl 38.4; Pv 4.22; Sl 119.120; Gn 2.24;
1Co 15.47-49; 2Co 4.7). O corpo é a parte que se separa na morte física.
b) A alma: É preciso saber que o
corpo sem a alma é inerte. A alma precisa do corpo para expressar sua vida
funcional e racional. A alma é identificada no hebraico do Velho Testamento por
nephesh e no grego do Novo Testamento por psiquê. Esses termos indicam a vida
física e racional do homem. Os vários sentidos da palavra alma na Bíblia, como
sangue, coração, vida animal, pessoa física; devem ser interpretados segundo o
contexto da escritura em que está contida a palavra “alma”. De modo geral, em
relação ao homem, a alma é aquele princípio inteligente que anima o corpo e usa
os órgãos e seus sentidos físicos como agentes na exploração das
coisas materiais, para expressar-se e comunicar-se com o mundo exterior.
Nephesh dá o sentido literal de “respiração da vida” (Sl 107.5,9; Gn 35.18; 1Rs
17.21; Dt 12.23; Lv 17.14; Pv 14.10; Jó 16.13; Ap 2.23; Ecl 11.5; Sl
139.13-16);
c) O espírito: No hebraico é ruach e
no grego, pneuma. O espírito do homem não é simples sopro ou fôlego, é vida
imortal (Ec 12.7; Lc 20.37; 1Co 15.53; Dn 12.2). O espírito é o princípio ativo
de nossa vida espiritual, religiosa e imortal. É o elemento de comunicação
entre Deus e o homem. Certo autor cristão escreveu que “corpo, alma e espírito
não são outra coisa que a base real dos três elementos do homem: consciência do
mundo externo, consciência própria e consciência de Deus.” (CPADNEWS)
1.1. "Corpo
do pecado". Note este
versículo: "que o nosso velho homem foi com ele crucificado, para que o
corpo do pecado seja desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao pecado"
(Rm 6.6). Nele, a expressão "corpo do pecado" refere-se ao
"velho homem" que, antes de nascer de novo, usava o corpo como
"instrumento de iniquidade" (Rm 6.12-14). Esse corpo também é chamado
na Bíblia de "homem exterior", um corpo que se corrompe, adoece e
envelhece.
Os seres humanos foram criados por Deus com
espírito, alma e corpo (Gn 1.27; 1Ts 5.23). Tem sido dito que não somos corpos
com almas, mas almas com corpos. O corpo - o "homem exterior" - é a
nossa habitação física através da qual experimentamos o mundo. Nossos corpos
funcionam essencialmente através dos cinco sentidos e atendendo às necessidades
inatas que nos levam a comer, beber e dormir. Nossos corpos não são maus, mas
são dons de Deus. Ele deseja que entreguemos esses corpos como sacrifícios
vivos para Ele (Rm 12.1-2). Quando aceitamos o dom da salvação de Deus através
de Cristo, nossos corpos se tornam templos do Espírito Santo (1Co 6.19-20;
3.16). Em Rm 6.6, apóstolo se refere ao nosso velho homem, ao eu do cristão não
regenerado. A palavra grega para "velho" não diz respeito a algo
velho em anos, mas a algo gasto e inútil, não é referente ao tempo, mas à
utilidade. O nosso velho ser morreu com Cristo, e a vida que desfrutamos agora
é uma vida dada de maneira divina, a vida do próprio Cristo (Gl 2.20). Fomos
retirados da presença e do controle do nosso ser não regenerado, e desse modo
não devemos seguir as lembranças remanescentes de nossos velhos caminhos
pecaminosos como se ainda estivéssemos sob a influência do mal (Ef 4.20-24; GI
5.24; Cl 3.9-10). Ao utilizar o termo “corpo do pecado”, em sua
essência, o e sentido é o mesmo de “nosso velho homem”. Paulo usa os
termos "corpo" e "carne" para se referir às
tendências pecaminosas interligadas com as fraquezas e os prazeres físicos,
como por exemplo, nos textos de Rm 8.10-11,13,23. Embora o velho ser esteja
morto, o pecado mantém uma posição em nossa carne profana ou em nossa humanidade
não redimida, com seus desejos corrompidos. Agora, é importante que se entenda
e se corrija um erro comum no ensino cristão: O cristão não tem duas naturezas
conflitantes, a velha e a nova, mas uma nova natureza que ainda está
encarcerada numa carne não redimida. Porém, o termo "carne"
não equivale ao corpo físico, o qual pode ser um instrumento de santificação
(v. 19; 12.1; 1 Co 6.20).
1.2. "Casa
terrestre"(2 Co 5.1). Essa expressão
refere-se à "temporalidade do corpo", isto é, sua constituição
física, a "fôrma" do espírito. Esse corpo é a casa temporária, a
morada passageira, visto que nesta Terra somos "peregrinos e
forasteiros" (1 Pe 2.11).
Em 2Co 5.1, ‘casa terrestre... tabernáculo’, é a
metáfora de Paulo para o corpo físico (cf. 2Pe 1.13-14). A imagem era
perfeitamente natural para esse tempo porque muitas pessoas eram habitantes
nômades de tendas, e Paulo, com o um fazedor de tendas (At 18.3), sabia muita
coisa a respeito das características delas. Também, o tabernáculo dos judeus
havia simbolizado a presença de Deus entre o povo quando este saiu do Egito e
tornou-se uma nação. O que Paulo quer dizer é que, com o uma tenda temporária,
a existência terrena do homem é frágil, insegura e modesta (1Pe 2.11). Do mesmo
modo, o apóstolo utiliza uma poderosa metáfora para se referir ao nosso corpo
glorificado – ‘da parte de Deus um edifício’ (1Co 15.35-50). Um
"edifício" sugere solidez, segurança, certeza e permanência, em
oposição à natureza frágil, passageira e incerta de uma tenda. Assim com o os
israelitas substituíram o taburnáculo pelo templo, do mesmo modo os cristãos
devem desejar substituir o seu corpo terreno pelo corpo glorificado (Rm
8.19-23; Fp 3.20-21).
1.3. "Templo do Espírito
Santo". Essa expressão
aparece numa pergunta retórica de Paulo em 1 Coríntios: "Ou não sabeis que
o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de
Deus, e que não sois de vós mesmos?" (6.19). É um alerta do apóstolo aos
crentes de Corinto para não darem lugar ao pecado, ou seja, não deixarem que o
corpo fosse contaminado pela prostituição.
1 Coríntios 3.16-17 explica que o corpo do crente é
o santuário, ou templo do Espírito Santo. No Antigo Testamento, o santuário era
um lugar sagrado, que Deus abençoava com Sua presença. O corpo do cristão é sagrado
porque Deus está presente com ele. Quem atenta contra o corpo do crente (contra
sua vida), atenta contra Deus. O corpo do cristão pertence ao Senhor, é um
membro de Cristo e templo do Espírito Santo. Todo ato de fornicação, adultério
ou qualquer outro pecado é cometido pelo cristão no santuário, o Santo dos
Santos, onde Deus habita. Ser templo do Espírito Santo implica
responsabilidade. O crente deve tratar seu corpo com respeito. Pecar contra o
corpo é profanar o templo de Deus! Em 1 Coríntios 6.18-20, esse respeito pelo
corpo está diretamente ligado com evitar a imoralidade sexual. A imoralidade
sexual é pecado contra o próprio corpo, que deve ser guardado puro. O corpo do
crente pertence a Deus e não deve ser profanado com práticas erradas (1 Coríntios
6.15-17).
2. Pecados contra o corpo. A Bíblia adverte acerca dos pecados contra o corpo:
2.1. Prostituição,
adultério, fornicação. Usar o corpo como
mercadoria a ser vendida para fins sexuais é prostituição. A Palavra de Deus
diz aos crentes com muita clareza: “Mas o corpo não é para a prostituição,
senão para o Senhor, e o Senhor para o corpo" (1 Co 6.13b; cf. 1 Ts
4.3)". A Bíblia também tem graves admoestações contra quem comete o pecado
de adultério - relacionamento sexual extraconjugal-(1Co 6.10; Hb 13.4) e o de
fornicação - relacionamento sexual entre solteiros-(Ef 5.5; 1Tm 1.10; Ap 21.8).
Em 1Co 6.13, o apóstolo se refere a ‘alimentos...
estômago’, que, talvez fosse um provérbio popular para celebrar a ideia de
que o sexo é puramente biológico, como comer. A influência do dualismo
filosófico pode ter contribuído para essa ideia, visto que tornava mal apenas o
corpo; portanto, o que alguém faz fisicamente não podia ser evitado, e assim,
era irrelevante. Como a relação entre esses dois era puramente biológica e
temporária, os coríntios, como muitos de seus amigos pagãos, provavelmente
usavam essa analogia para justificar a imoralidade sexual. Paulo rejeita a
conveniente analogia justificadora.
2.2. Homossexualidade. O Antigo Testamento condena explicitamente a união
homossexual, considerando-a "abominação" a Deus (Lv 20.13; 18.20). O
Novo Testamento confirma essa condenação, reprovando a homossexualidade de modo
não menos incisivo: "Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os
adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os
avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o
Reino de Deus" (1 Co 6.10; cf. Rm 1.18-32).
1º Co 6,9-10 apresenta uma lista de pecados, que
embora incompleta, representa os principais tipos de pecados morais que
caracterizam o não salvo. O reino é a esfera espiritual da salvação em que Deus
governa como rei sobre todos aqueles que pertencem a ele pela fé (Mt 5.3, 70).
Todos os cristãos estão nesse reino espiritual, porém estão aguardando para
entrar na plena herança dele no tempo vindouro. As pessoas caracterizadas por
essas iniqüidades não são salvas. Conquanto os cristãos possam cometer, e
cometam, esses pecados, eles não os caracterizam como um padrão de vida contínuo.
Quando isso acontece, fica demonstrado que a pessoa não está no reino de Deus.
Os verdadeiros cristãos que pecam ressentem-se do seu pecado e buscam
conquistar a vitória sobre ele (Rm 7.14-25). Nesta relação incompleta de
pecados apresentada pelo apóstolo, temos ‘efeminados... sodomitas’ -
esses termos dizem respeito àqueles que trocam e corrompem os papéis e as
relações sexuais normais entre homem e mulher; estão incluídos o travestismo, a
mudança de sexo e outras perversões quanto ao gênero (Gn 1.27; Dt 22.5). Os
sodomitas são chamados assim porque o pecado do sexo entre homens dominou a
cidade de Sodoma (Gn 18.20; 19.4-5). Essa perversão pecaminosa é sempre
condenada, de qualquer modo, pela Escritura (Lv 18.22; 20.13: Rm 1.26-27; 1Tm
1.10).
2.3. Transexualidade. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a
transexualidade é um "transtorno de identidade de gênero" ou
"disforia de gênero". Nesse transtorno, um homem "se sente
mulher" e, por isso, não aceita o próprio corpo; uma mulher "se sente
homem" e, igualmente, não aceita o próprio corpo, desejando assim
"mudar de sexo". A tragédia maior é quando se tenta normalizar isso
na cabeça de crianças e de adolescentes, trazendo confusão entre eles. Isso é
uma estratégia de origem satânica para destruir o plano original de Deus da
criação da família como célula mater da sociedade. Trata-se, pois, de uma
terrível afronta à sacralidade do corpo criado por Deus com uma identidade
binária: "macho e fêmea os criou" (Gn 1.27).
- “O transexualismo, também conhecido como
transgeneridade, Transtorno de Identidade de Gênero (TIG) ou disforia de
gênero, é um sentimento de que seu gênero biológico/genético/fisiológico não
corresponde ao gênero com o qual você se identifica e/ou se percebe. Os
transexuais/transgêneros geralmente se descrevem como se estivessem “presos” em
um corpo que não corresponde ao seu verdadeiro gênero. Eles costumam praticar o
travestismo e também podem procurar a terapia hormonal e/ou a cirurgia de
mudança de sexo para adequar seus corpos ao gênero percebido. A Bíblia em
nenhum lugar menciona explicitamente a transgeneridade ou descreve alguém como
tendo sentimentos transgêneros. No entanto, a Bíblia tem muito a dizer sobre a
sexualidade humana. O conceito mais básico para nossa compreensão de gênero é
que Deus criou dois (e apenas dois) gêneros: “homem e mulher os criou” (Gênesis
1:27). Toda a especulação moderna sobre numerosos gêneros ou fluidez de gênero
- ou mesmo um “continuum” de gênero com gêneros ilimitados - é estranha à
Bíblia. O mais próximo que a Bíblia chega de mencionar a transgeneridade é em
suas condenações à homossexualidade (Romanos 1:18-32; 1 Coríntios 6:9-10) e ao
travestismo (Deuteronômio 22:5). A palavra grega frequentemente traduzida como
“homossexuais passivos ou ativos (NVI)” ou “homossexuais (NTLH)” em 1 Coríntios
6:9 significa literalmente “homens efeminados”. Assim, enquanto a Bíblia não
menciona diretamente a transgeneridade, quando menciona outras instâncias de
“confusão” de gênero, identifica clara e explicitamente como pecado.” (Leia
mais em:GOTQUESTIONS.ORG)
3. A santificação do
corpo. É o ponto
fundamental na mordomia do corpo. Diz a Bíblia: "Segui a paz com todos e a
santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hb 12.14). A Bíblia
mostra os meios de santificação que levam em conta a ação de Deus e a
contribuição do crente:
“As palavras "santificar",
"sagrado" e "santo" são traduções da mesma palavra grega.
Elas significam estar separado para um serviço especial. Na Bíblia muitas
coisas além de pessoas são apresentadas como santificadas –- os móveis do
Tabernáculo (Ex. 40:10, 11,13); uma montanha (Ex. 19:23); comida (1 Ti. 4:5).
Torna-se até possível para um crente santificar a Deus no seu coração (1 Pe.
3:15). Portanto, santificar, ou tornar sagrado, não significa purificar ou
tornar sem pecado, mas separar alguma coisa para Deus e o serviço a Deus. Em
relação ao Cristão, santificação ou santidade significa estar separado do
pecado e para Deus. Existem três aspectos distintamente diferentes desta
santificação: passado, presente e futuro. Todo Cristão está autorizado a falar,
"fui santificado; estou sendo santificado; ainda serei santificado."
SANTIFICAÇÃO PASSADA significa que o
crente já foi posicionalmente separado em Cristo (At. 20:32; 1 Co. 1:2; 1:30;
6:9-11; He. 10:10, 14). No novo nascimento, cada crente está sendo eternamente
santificado em Cristo, é retirado do poder do diabo para dentro da família de
Deus (Jo. 1:14; Ga. 4:4-6), do reino do diabo para dentro do reino de Cristo
(Col. 1:12, 13); da velha criação para a nova criação (2 Co. 5:17). Esta
santificação é uma realidade eterna e está baseada numa nova posição spiritual
que o Cristão tem em Jesus Cristo. Os crentes de Corinto não estavam sem
pecado, e apesar disso foram chamados de santos e foi escrito que foram
santificados (1 Co. 1:2, 30). Neste sentido, o Cristão pode dizer, "ESTOU
santificado em Cristo."
SANTIFICAÇÃO PRESENTE (ATUAL) indica
o processo pelo qual o Espírito Santo gradualmente muda a vida do crente para
dar vitória sobre o pecado. Esta é a santificação prática. Trata-se do
crescimento cristão, deixando o pecado do lado e vestindo dedicação a Deus (Ro.
6:19, 22; 1 Th. 4:3, 4; 1 Pe. 1:14-16). [Nota do tradutor: A palavra inglesa
“godliness” aparentemente não tem tradução própria em português. Ela significa
algo parecido como “ser semelhante, ser um reflexo de Deus”. O dicionário
somente indica “piedade, dedicação a Deus”.] Este processo atual de
santificação nunca acaba nesta vida (1 Jo. 1:8-10). O Cristão precisa resistir
ao pecado até ser levado deste mundo através da morte ou na volta de Cristo.
Neste sentido, o Cristão pode dizer, "ESTOU SENDO santificado pelo poder
de Deus."
SANTIFICAÇÃO FUTURA é a perfeição que
o crente vai desfrutar na ressurreição (1 Tes. 5:23). Na vinda de Cristo, cada
crente receberá um corpo novo que estará sem pecado. O Cristão não terá mais de
resistir ao pecado ou de crescer para a perfeição. Sua santificação estará
completa. Ele estará inteira e eternamente separado do pecado e para Deus.
Neste sentido, o Cristão ESTARÁ santificado na volta de Cristo.” (SOLASCRIPTURA)
3.1. Os meios da santificação
que vêm da parte de Deus. É Deus que age
diretamente na santificação integral do crente: "espírito, e alma, e
corpo" (1 Ts 5.23). O Altíssimo também o santifica através de Cristo (Ef
5.25,26; Hb 9-14; 13.12; 1 Jo 1.7), do Espírito Santo (1 Co 6.11; 2 Ts 2.13; Rm
15.16) e da Palavra de Deus (Jo 17.17).
“É maravilhoso e ao mesmo tempo confortador
sabermos que Deus tem, pela sua graça, providenciado os recursos para
experimentarmos a vida de santidade. Quais sãos esses meios?
1. O Sangue de Cristo “Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos
comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de
todo pecado”(1 Jo 1.7). O Sangue fala da nossa posição perante Deus. É uma obra
consumada que concede ao pecador arrependido um lugar na presença de Deus (Hb
13.12; 10.10, 14; 1 Jo 1.7). Observemos que, como resultado da obra consumada
de Cristo, o pecador arrependido é transformado de pecador impuro em adorador
santo. A santificação é o resultado dessa maravilhosa obra redentora do Filho
de Deus, ao oferecer-se no Calvário para aniquilar o pecado pelo seu
sacrifício. Em virtude desse sacrifício, o crente é eternamente separado para
Deus; sua consciência é purificada e ele próprio é unido em comunhão com o Senhor
Jesus Cristo (Hb 12.11; 9.14). À luz de 1 Jo 1.7 fica claro que o que remove
essa barreira, que é o pecado, entre o ser humano e Deus, para que flua entre
ambos a comunhão, é o Sangue eficaz de Jesus Cristo. Não há ninguém
perfeito, mas é possível andar em comunhão com Deus, desde que o Sangue do
Cordeiro esteja nos purificando. Não há comunhão com Deus se não debaixo do
sangue de Cristo (1 Jo 1.9).
2. O Espírito Santo “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas
enchei-vos do Espírito”(Ef 5.18). É impossível a santificação sem a operação do
Espírito Santo. Diríamos que Ele é o agente, o dinamizador. O ensino bíblico
deixa bem claro este fato (1 Co 6.11; 1 Pe 1.1, 2; Rm 15.16). “Da mesma forma
que o Espírito Santo pairava sobre o caos original (Gn 1.2), seguindo-se o
estabelecimento da ordem pelo Verbo de Deus assim o Espírito paira sobre a alma
humana, fazendo-a abrir-se para receber a luz e a vida de Deus” (2 Co 4.6). O
Espírito Santo toma o imundo e o leva ao santo. Fez o que aconteceu na casa de
Cornélio (At 10). E agora os gentios são aceitos na família de Deus porque
foram santificados, separados pelo Espírito Santo. Para uma vida de santidade o
Espírito Santo terá de entrar em cena. Homens e mulheres santos são aqueles em
que o Espírito Santo trabalha.
3. A Palavra de Deus “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo
ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto
limpa, para que produza mais fruto ainda. Vós já estais limpos pela palavra que
vos tenho falado”(Jo 15.1-3). Os cristãos são descritos como sendo gerados pela
Palavra de Deus (1 Pe 1.23). A Palavra de Deus desperta as pessoas para
compreenderem a insensatez e impiedade de suas vidas. Quando dão importância à
Palavra, arrependendo-se e crendo em Cristo, são purificados pela Palavra que
lhes fora falada. Esse é o início da purificação, que deve continuar através da
vida do crente. No início de sua consagração ao ministério, o sacerdote
israelita tomava um banho cerimonial completo, banho que nunca se repetia, era
uma obra feita uma vez para sempre. Todos os dias, porém, era obrigado a lavar
as mãos e os pés. Da mesma maneira, o regenerado foi lavado (Tt 3.5, Jo 13.10);
mas precisa de uma separação diária das impurezas e imperfeições conforme lhe
foram reveladas pela Palavra de Deus, que serve como espelho para a alma (Tg
1.22-25). Deve lavar as mãos, isto é, seus atos devem ser retos; deve lavar os
pés, isto é, “guardar-se das imundícias em que tão facilmente tropeçam os pés
do peregrino, que anda pelas estradas deste mundo.” (ESTUDOSGOSPEL)
3.2. A responsabilidade humana
na santificação. Deus não entrega
ao homem "um pacote" de salvação pronto e acabado. Ele faz a sua
parte no lado divino, mas o homem tem de ser um participante ativo desse
processo. Na santificação, o homem precisa dar lugar à vontade de
Deus:"[...] quem é santo seja santificado ainda" (Ap 22.11). Logo, o
crente pode participar do processo de santificação mediante os seguintes
elementos: a fé em Cristo (Rm 1.17); dedicação a Deus (Rm 12.1,2); andando em
espírito (Gl 5.16,17); renunciando ao pecado (Mt 16.24; Rm 6.18,19).
“A santificação é o processo pelo qual o crente
se afasta (separa) do pecado para viver uma vida inteiramente consagrada a
Deus, desenvolvendo nele a imagem de Cristo (Rm 8.29). É um processo de
cooperação entre o crente e o Espírito Santo que se inicia no momento da
justificação do salvo, isto é, Deus vê o crente como santo, ainda que a
santidade dele precise ser aperfeiçoada (Ef 4.12). No processo de conversão, a
santificação é outorgada ao cristão porque Deus o vê santo, separado e amado
por Ele, o nosso Pai (Cl 3.12). Nesse sentido estamos firmados em Cristo e os
pecados não têm mais lugar em nossas vidas (1Jo 3.6). As Escrituras revelam que
devemos almejar e priorizar a santificação (Hb 12.14), pois a nossa natureza
pecaminosa insiste em resistir a esse processo (Rm 7.14,21). Deus anela pela
santificação dos seus filhos, não por capricho divino, mas porque o pecado nos
fere de morte e o nosso Pai de amor não quer ver os seus filhos feridos, mortos
no pecado, pois isso contraria sua natureza amorosa. Assim, para sarar a ferida
do pecado, Ele enviou o seu filho para nos libertar do pecado a fim de vivermos
uma vida santa. Às vezes achamos que podemos ser continuamente bons e santos
(1Jo 1.10). Na verdade, a nossa meta deve ser essa, mas não podemos deixar de
reconhecer que somos simultaneamente justos e pecadores, ou seja, em Cristo,
Deus nos vê absolutamente santos; no entanto, em relação à nossa natureza
inclinada ao pecado, nossa santificação sofre revezes (Rm 7.15). Por isso é
exigido um esforço pessoal e dependência contínua do Espírito Santo para sermos
santos.”(LIÇÕES BÍBLICAS CPAD ADULTOS 4º Trimestre de 2017. Título: A Obra
da Salvação: Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida. Comentarista: Pr.
Claiton Ivan Pommerening. Lição 10:O Processo da Salvação; 3 de Dezembro de
2017)
SUBSÍDIO DOUTRINÁRIO
“Atualmente, há
urgente necessidade de renovada ênfase à doutrina da santificação nos círculos
pentecostais. Em primeiro lugar porque são raros os pentecostais que hoje
aceitaram a ideia de estar precisando de renovação espiritual. A despeito de
muitíssimos crentes terem sido batizados no Espírito Santo, são muitas as
igrejas pentecostais que não possuem a vitalidade e a eficácia que nelas se
evidenciavam em anos anteriores. Em segundo lugar, a ênfase pentecostal ao
batismo no Espírito e aos dons sobrenaturais do Espírito tem resultado numa
falta de ênfase ao restante da obra do Espírito, inclusive a santificação. Em
terceiro lugar, a aceitação mais generalizada dos pentecostais e dos
carismáticos parece ter ameaçado a distinção tradicional entre a Igreja e o
mundo, lançando dúvidas sobre muitos dos antigos padrões de santidade. E,
finalmente, os pentecostais de hoje dão muito valor à popularidade que acabaram
de conquistar e, no afã de preservá-la, zelam por evitar qualquer aparência de
elitismo espiritual” (HORTON, M. Horton
(Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de
Janeiro: CPAD, 2018, p.412).
III. O CULTO RACIONAL E A MORDOMIA
DO CORPO
De acordo com as Escrituras, devemos nos
apresentar em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Nesse sentido, o nosso
culto a Ele, segundo Romanos 12.1,2, deve considerar o seguinte tripé:
1. “Um sacrifício
vivo". A imagem do
sacrifício, em Romanos, remonta ao Antigo Testamento. Mas, no Novo Testamento,
o cristão deve apresentar-se a Deus como um sacrifício vivo e agradável -
sacrifício de louvor (Hb 13.15) -, pois todos os que cremos fomos crucificados
com Cristo (Gl 2.19).
O texto de Romanos 12.1 trata de como poderemos
experimentar qual a vontade de Deus. E a vontade de Deus é boa, perfeita e
agradável. Mas, como conhecê-la e experimentá-la? O apóstolo Paulo nos oferece
três princípios para conhecermos e experimentarmos a vontade Deus. “Depois
de expor sobre a gloriosa salvação que recebemos pela fé em Cristo, Paulo insta
a igreja para demonstrar essa verdade através de uma vida de consagração. Nossa
consagração a Deus é uma resposta ao seu amor, uma reação à ação da sua
misericórdia dispensada a nós. Na antiga dispensação os animais do sacrifício
iam arrastados ao altar, involuntariamente, mas nós devemos voluntariamente
oferecer o nosso corpo a Deus como um sacrifício vivo, santo e agradável. Nosso
corpo foi comprado pelo sangue de Cristo; é morada do Espírito e habitação de
Deus. Portanto, deve ser oferecido a ele como um sacrifício vivo. Nosso corpo
não é destinado à impureza, por isso sua entrega precisa ser um sacrifício
santo. Nosso corpo é para o Senhor e por isso, seu sacrifício precisa ser
agradável, ou seja, sem mácula. O apóstolo Paulo diz que essa consagração é que
constitui o nosso culto racional. A palavra “racional” significa lógico,
coerente, autêntico. O culto que agrada a Deus é aquele onde há coerência e
consistência entre o altar e o trabalho, entre o templo e o lar, entre a
adoração e a vida. O culto que prestamos a Deus no altar é vazio de significado
se não é acompanhado por uma vida de obediência e fidelidade a Deus (Is 1.15;
Am 5.21-23; Ml 1.6-10).” (HERNANDESDIASLOPES)
2. “Um sacrifício
santo". Essa perspectiva
leva o crente à santificação. E uma vez que ele se coloca como sacrifício vivo,
demonstra pertencer a Deus, consagrando-se inteiramente ao Pai, para viver uma
vida santa e pura no corpo, na alma e no espírito (1 Ts 5.23). Uma vida santa é
um culto ao Senhor.
Não se trata de sacrifícios de animais, pois Cristo
os invalidou (Hb 10:4,9,10). Trata-se de uma ilustração para sacrifício de
louvor, ação de graças (Sl 50.14). Devemos nos consagrar totalmente a Deus,
vivendo para Sua glória em cada detalhe de nossas vidas. Sacrifício vivo é a
vida do crente que morreu para o pecado e agora vive para Deus, por meio de
Cristo, pela própria vida do Cristo e pela fé nEle. Somos “corpo de Cristo”
(1Co 12.27), e “pedras vivas” (“Vós, também, como pedras vivas, sois edificados
casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais,
agradáveis a Deus, por Jesus Cristo” – 1Pd 2.5). Isso é agradável a Deus, pois
a justiça e santidade de Cristo são perfeitas, e satisfazem a perfeita vontade
do Deus perfeito.
3. “Um sacrifício
agradável". Oferecendo-se em
sacrifício vivo, o salvo é visto pelo Senhor como oferta de grande valor (Sl
51.17). Uma das coisas mais belas da vida cristã é quando a nossa vontade está
alinhada à vontade de Deus. Esse é o verdadeiro estágio de total entrega ao
Pai. A imagem de sacrifício mostrada didaticamente em Romanos 12, ensina como
deve ser a nossa mordomia no campo espiritual e material. Ela passa por uma
mente renovada, não conformada com o "espírito" deste mundo, em que o
cristão é instado a viver em "sacrifícios" cotidianamente. Assim, o
nosso culto racional. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre
2019. Lição 2, 14 julho, 2019]
- Deve-se tomar cuidado ao usar essa linguagem
‘Oferecendo-se em sacrifício vivo’, é importante lembrar que não podemos
oferecer mais sacrifício, Cristo já o fez de uma vez por todas. O único
sacrifício que podemos oferecer agora é o nosso culto racional. Culto racional
significa adoração consciente, com amor mas também com entendimento. No Antigo
Testamento, as regras de adoração centravam muito em ações exteriores e muitas
pessoas se esqueciam que nada disso tinha valor sem um coração voltado para
Deus (Rm 9.30-32). No Novo Testamento, a adoração começa no coração, que depois
se reflete na vida e nas ações exteriores.
SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ
“O
apóstolo Paulo traz ordem ao culto (1 Co 14.26-39), sugerindo haver um ‘ritual
livre’ e a Igreja Primitiva também teve formas apropriadas de culto: ‘E
perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações’ (At
2.46).
No
Novo Testamento, encontramos algumas formas litúrgicas como ‘saudação’; ‘doxologia’;
aclamações como ‘Abba, Aleluia, Amém, Hosana, Maranata’; ‘a coleta semanal’; ‘o
serviço social’ (At 6.1); ‘a santa ceia’; ‘os cânticos de salmos e hinos’ (Ef
5.19; Cl 3.16) e essas práticas e muitas outras permanecem hoje em nossas
igrejas. O próprio Jesus Cristo, chegando em Nazaré, entrou num dia de sábado
na sinagoga, tomou o livro e achou o lugar onde estava escrito a respeito dele
mesmo (Lc 4.16-18; Is 61.1). Paulo diz: ‘Prega a Palavra’ (2 Tm 4.1,2)” (KESSLER,
Nemuel. O Culto e suas Formas. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.21).
CONCLUSÃO
O nosso corpo tem uma dimensão material e outra
espiritual. Nesse aspecto, a Palavra de Deus tem orientações diretas sobre o
perigo do pecado contra o nosso corpo e a necessidade de vivermos em santidade
diante de Deus. Assim, para glorificá-lo, precisamos prestar um culto racional
a Deus, apresentando-nos em sacrifício vivo, santo e agradável ao Eterno. Que
Ele nos faça mordomos fiéis de seus bens tão preciosos em todo o nosso
espírito, alma e corpo!
O ato de apresentar envolve a decisão da mente.
Entregamos nossas vidas a Deus, e isso racionalmente. Decidimos que viveremos
para Ele, o que só é possível por meio dEle, mas que também não aconteceria sem
a participação da nossa vontade. Existe aqui uma cumplicidade entre a vontade
de Deus e a vontade do homem. É bem verdade que quase tudo em nossa salvação e
espiritualidade depende da vontade dEle, mas também é verdade que Deus optou
por posicionar-se eticamente diante da nossa vontade/escolha. Em outras
palavras, apesar de o culto racional depender de Deus, ele também requer (em um
segundo momento) a nossa contribuição e decisão. O “sacrifício vivo, santo e
agradável”, é o “culto racional”, e ambos podem também ser chamados de
“verdadeira adoração em espírito e em verdade”
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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