SUBSÍDIO I
A FÉ COMO PATRIMÔNIO ESPIRITUAL
A fé cristã é o depósito
espiritual, acumulado durante toda a vida cristã. Seu valor é inestimável em
termos humanos ou materiais. Sem dúvida, a fé tem sentido espiritual profundo
naquilo que o crente deve guardar para não perder a sua “coroa” (Ap 3.11).
Paulo, antevendo o final de sua vida, serenamente esperou a morte com
resignação e coragem. Ao escrever para seu jovem discípulo, Timóteo, disse:
“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa
da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia;
e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (2 Tm
4.7,8).
O apóstolo dos gentios tinha
convicção de que todas as lutas pelas quais passara, em meio a tribulações
diversas, nas perseguições que sofrera, tanto dos judeus quanto dos “falsos
irmãos”, bem como as enfermidades que lhe acometeram, a ingratidão de tantos a
quem ajudou, o desprezo de alguns, tudo isso lhe assegurou experiências
especiais com Cristo para que chegasse ao fim da jornada cristã, não como
derrotado, frustrado ou decepcionado. Pelo contrário, como um vencedor, um
campeão da fé. Ele sentiu-se um vencedor não de um combate qualquer, mas do “bom
combate”, ou nobre (gr. kalon)
combate, tomando esse termo como uma metáfora emprestada das competições nos
esportes, que ele bem conhecia, ou dos combates militares, que lhe eram bem
familiares. Ou seja, ele não combatera de qualquer forma, mas de maneira
legítima e nobre.
Ele exortou Timóteo a lutar e a
sofrer a seu lado no grande combate pela fé cristã. “Sofre, pois, comigo, as
aflições, como bom soldado de Jesus Cristo. Ninguém que milita se embaraça com
negócio desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra. E, se
alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente” (2 Tm 2.3-5).
Se houve alguém que lutou de forma aguerrida o combate cristão, esse alguém foi
Paulo. Em seu “cântico de vitória”, descrevendo lutas, vicissitudes e
obstáculos, ele declarou de forma solene: “Mas em todas estas coisas somos mais
do que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que nem a
morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o
presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra
criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso
Senhor!” (Rm 8.37-39). Nos seus últimos dias, Paulo confirmou perante Timóteo e
os irmãos em Cristo que estava consciente de que combatera o bom combate,
acabara a carreira e guardara “a fé” (2 Tm 4.7,8). Ele foi um mordomo fiel e
sabia que seria galardoado por Deus com “a coroa da justiça”.
Texto extraído da
obra “Tempos, bens
e talentos”, editada pela CPAD
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Neste trimestre, estudaremos a Mordomia Cristã. Ela
prioriza os bens espirituais e materiais que o Criador nos delegou. Nesta
lição, denominamos “bens espirituais” os recursos e os meios confiados por Deus
à Igreja. Quanto aos “bens materiais”, são estes os recursos naturais e sociais
que desfrutamos no mundo. Assim, veremos que o Pai levantou a Igreja para
cuidar dos seus interesses na Terra. [Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 1, 7 julho, 2019]
Como introdução ao conteúdo deste 3º trimestre, o
comentarista entendeu por bem, introduzir o assunto comentando sobre a Mordomia
Cristã, dividindo esta, em duas partes: a mordomia dos do que ele chamou de
‘bens espirituais’ e a mordomia dos bens materiais. Mordomo, ísh al bayth, em
hebraico, e epítropos ou oikonómos, em grego, é o mesmo que ecônomo,
administrador. Mordomo é a pessoa a quem é confiado tudo quanto seu senhor
possui, para ser guardado, cuidado ou desenvolvido. Essas palavras ocorrem em
Gn 43.16,19; 44.1; 1Rs 16.9 (AT) e em Lc 8.3; Mt 20.8; e Gl 4,2 (NT), e noutros
lugares da Bíblia. Julgamos este assunto de interesse da Igreja, sobretudo,
nesse momento de ‘desacreditamento’ quanto à administração financeira na
Igreja, bem como nossa responsabilidade e dever, como cristãos e membros do
Corpo de Cristo, administrarmos os bens que temos recebido do SENHOR, sejam
eles espirituais, sejam materiais, para a glória dEle e manifestação do Seu
Nome ao Mundo. – Dito isto, convido-o a pensar maduramente a fé cristã!
I. CONCEITOS
DE MORDOMIA
1. Mordomo. A
palavra vem do latim, major domu, e significa “o criado maior da casa”,
“administrador dos bens de uma casa”, “ecônomo” (Dicionário Aurélio) Na Bíblia,
a função aparece diversas vezes como “encarregado administrativo dos bens de um
grande proprietário de terras”. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento essa
função corresponde à de um administrador. Portanto, nós somos mordomos de Deus
e, à luz do Novo Testamento, os líderes espirituais têm maior responsabilidade
perante o Senhor da Igreja (Lc 12.48).
A Definição do termo diz respeito àquele que é
incumbido da direção da casa, o administrador. Ele não é dono, mas o dono da
casa lhe confia tudo o que tem para ser cuidado e desenvolvido: terras,
dinheiro, jóias, esposa, filhos, alimentação da família e administração de suas
riquezas. Quando o mordomo se sente dono dos bens do seu senhor, ele trai o seu
senhor. Quando o mordomo deixa de cuidar com zelo e fidelidade dos bens do seu
senhor, ele torna-se infiel. O grau de punição é proporcional à medida que o
comportamento infiel foi proposital. Observe que de modo algum a ignorância
pode ser usada como desculpa (v. 48). A variação no grau de punição é
claramente ensinada em Mt 10.15; 11.22,24; Mc 6.11; Hb 10.29.
2. Mordomia. A
palavra significa “cargo ou ofício do mordomo; mordomado”. Sua origem está no
termo grego oikonomia e, por isso, a encontramos em alguns textos do Novo
Testamento, como na “Parábola do mordomo infiel” (Lc 16.2-4). Na Bíblia,
mordomia diz respeito a todo serviço que o crente realiza para Deus e o seu
comportamento diante do Pai e dos homens. É a administração dos bens
espirituais e materiais, tanto no aspecto individual quanto no coletivo do ser
humano. Assim, nossas faculdades espirituais, emocionais e físicas são o objeto
da Mordomia Cristã. Por isso, esta mordomia está ligada ao ensino da Palavra de
Deus.
Orlando S. Boyer define Mordomo,
“do grego oikonómos, como Administrador dos bens de uma casa ou de um
estabelecimento alheio”. (Pequena Enciclopédia Bíblica), e Millard J.
Erickson defineMordomia como “o manejo responsável dos
recursos do reino de Deus que foram confiados a uma pessoa ou a um grupo”.
(Conciso Dicionário de Teologia Cristã – Millard J. Erickson). Assim,
entendemos Mordomia como o ato de Administrar, e isso fica claro no texto
bíblico de Lucas 16.2. Mordomo é a pessoa encarregada da administração de uma
casa (do grego oikos); é o administrador (Gn 39.4-8; Lc 12.42). Nesse sentido
também encontramos o termo Despenseiro - Pessoa
encarregada da Despensa (Gn 43.16);
- O cristão como administrador dos seus Dons (1 Pe 4.10);
- O obreiro como responsável por cuidar das coisas de Deus (1 Co 4.1; Tt
1.7).
- “Mordomia bíblica”- diz Dillard – “é o reconhecimento da soberania de
Deus, a aceitação de nosso cargo de depositários da vida e dos bens e a
administração dos mesmos, de acordo com a vontade de Deus”. (DILLARD,
J.E. Mordomia Bíblica. Rio de Janeiro: Juerp, s/d). Exemplos bíblicos de
mordomos são Eliezer (Gn 24.2) e José (Gn 39.4,5). Mordomo fiel de Deus é todo
aquele ou aquela que reconhece o domínio do Senhor sobre todas as coisas – o
mundo, a vida, os talentos, os bens, as oportunidades, os demais valores – e
seu papel de administrador responsável e diligente, sabendo que um dia há de
prestar-Lhe contas de tudo.
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
A
proposta básica desse primeiro tópico é explicar o conceito de “mordomo” e de
“mordomia”. Após expor esses conceitos, faça uma reflexão sobre a maturidade, virtude
essencial para a “mordomia” em toda a área da vida. Use este texto como base de
sua reflexão: “Uma orientação importante para qualquer tipo de sucesso, seja
pessoal, espiritual, profissional, financeiro, familiar ou esportivo, é a necessidade
de maturação. Não se consegue isso da noite para o dia. É preciso tempo e
esforço. Entenda: ser ‘maduro’, aqui, não é sinônimo de ser ‘velho’, mas sim de
ter experiências suficientes que lhe confiram sabedoria para agir e errar menos”
(Maturidade para a escolha certa, de William Douglas, site CPADNEWS).
Assim, mostre à classe a importância da maturidade para desenvolver a ideia de mordomia
em toda as esferas da vida, seja espiritual ou material.
II. A
MORDOMIA ESPIRITUAL DO CRISTÃO
1. A mordomia do amor cristão. A mordomia cristã deve dar grande valor à prática do amor. Certa
vez, um fariseu resolveu testar Jesus quanto à sua visão sobre os mandamentos
da lei de Moisés. Ele conhecia bem os dez mandamentos. Abordando Jesus,
indagou-lhe: “Mestre, qual é o grande mandamento da lei?” (Mt 22.36). E Jesus
respondeu-lhe de maneira sábia, serena, e consistente:
Qual é o principal de todos os mandamentos? Os
rabis haviam determinado que havia 613 mandamentos contidos no Pentateuco, um
para cada letra dos Dez Mandamentos. Dos 613 mandamentos, 248 eram vistos como
afirmativos e 365 como negativos. Essas leis também eram divididas em duas
categorias, as pesadas e as mais leves, sendo que as leis pesadas eram mais
obrigatórias que as leves. Os escribas e rabis, porém, não conseguiam concordar
sobre quais eram as pesadas e quais eram as leves. Essa abordagem da lei levou
os fariseus a pensar que Jesus havia criado a sua própria teoria. Desse modo os
fariseus fizeram essa pergunta em particular para levar Jesus a incriminar a si
mesmo ao revelar suas crenças não ortodoxas e unilaterais. Tirado de Dt 10.12;
30.6, Jesus usou a própria Palavra de Deus do Pentateuco para responder à pergunta,
indicando a natureza ortodoxa de sua teologia: Jesus levou a pergunta dos
fariseus um passo adiante ao identificar o segundo maior mandamento, porque ele
era fundamental para uma compreensão da tarefa de amar como um todo. Esse
mandamento, também dos livros de Moisés (Lv 1 9.18 1) e da mesma natureza o
caráter do primeiro. O amor genuíno por Deus é seguido em importância por
um genuíno amor pelas pessoas (Lc 10.29-37).
1.1. “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu
coração” (22.37). Nosso Senhor não aceita dominar apenas uma parte do nosso
coração; Ele o requer por completo. Quanto a isso, Ele nunca fez concessões:
“Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha” (Mt 12.30).
1.2. “De toda a tua alma e de todo o teu
pensamento” (v.37). Aqui, o Senhor Jesus enfatizou que, além de todo o coração,
o primeiro mandamento exige toda a alma e todo o pensamento de uma pessoa. Essa
é a base bíblico-doutrinária para dizer que a Mordomia Cristã valoriza a
interiorioridade do crente. Logo, absolutamente tudo no interior do cristão –
coração, alma e pensamento – deve estar voltado para Deus, que é o centro de
todas as coisas.
1.3. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”
(22.38). O segundo mandamento enfatiza que, na medida em que amamos a Deus de
todo coração, alma e pensamento, devemos amar o próximo como a nós mesmos. Tal
mandamento é relevante para a nossa mordomia, pois no mundo atual, sem qualquer
ranço pessimista, pode-se ver que o desamor é a tônica entre pessoas, famílias,
países e, até mesmo, entre alguns que se dizem cristãos.
1.4. Quem é o próximo? Esta foi a grande pergunta
feita por Jesus após contar a parábola do Bom Samaritano ao doutor da lei (Lc
10.30-37). O nosso próximo é um familiar: esposo, esposa, pai e filho, irmão,
primo, sobrinho, etc. É o nosso irmão em Cristo, o nosso vizinho, o professor,
o colega de trabalho, o carente ou o socialmente excluído. Assim, o mandamento
revela o objeto da nossa mordomia de amor: fazer o bem ao próximo de forma
concreta, com obras que revelam a nossa fé (Tg 2.14-17).
A passagem de Marcos 12.30 acrescenta
"força". A citação é de Dt 6.5, parte do shemá (termo hebraico para
"ouve" — Dt 6.4). Esse texto diz "coração... alma...
força". Alguns manuscritos da Septuaginta acrescentam "mente". O
uso dos vários termos não tem o propósito de delinear faculdades humanas
distintas, mas enfatizar a plenitude do tipo de amor a que se é chamado.
Também, “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”, é uma citação de Lv
19.18, ao contrário de algumas interpretações contemporâneas, não é um
mandamento para amar a si mesmo. Em vez disso, ele contém, em diferentes
palavras, exatamente a mesma ideia da Regra de Ouro. Leva os crentes a medirem
seu amor pelos outros pelo que eles querem para si mesmos. Falando sobre ‘quem
é o próximo do homem’, Jesus inverte a pergunta original do intérprete da
Lei (v. 29). O escriba achava que deveria ser iniciativa dos outros
mostrarem-se próximos dele. A resposta de Jesus deixa claro que cada um tem a
responsabilidade de ser um próximo, especialmente daqueles que estão em
necessidade. Quem é o meu próximo? A opinião prevalecente entre os escribas e
fariseus era que os próximos de urna pessoa eram apenas os justos. De acordo
com eles, os ímpios — incluindo classes de pecadores (como os coletores de
impostos e as prostitutas), gentios e especialmente os samaritanos — deveriam
ser odiados porque eram inimigos de Deus. Eles citavam o SI 139.21-22 para
justificar essa posição. Como essa passagem sugere, odiar o mal é o corolário
natural de amar a justiça. Mas o "ódio" verdadeiramente justo de uma
pessoa pelos pecadores não é uma inimizade malévola. É uma aversão justa a tudo
o que é vil e corrupto — não uma aversão malévola pessoal às pessoas. O ódio
piedoso é marcado por um pesar de coração quanto à condição do pecador. Como
Jesus ensinou aqui e em outros lugares (6.27-36; Mt 5.44-48), também é
temperado por um amor genuíno. Os fariseus haviam elevado a hostilidade para
com os ímpios ao status de virtude, de fato anulando o segundo grande mandamento.
A resposta de Jesus a esse intérprete da lei demoliu a desculpa farisaica para
se odiar os inimigos.
2. A mordomia da fé cristã. A palavra fé (gr. pistis; lat. fides) traz a ideia de confiança
que depositamos em todas providências de Deus. Mas a melhor definição de fé foi
enunciada pelo autor da Epístola aos Hebreus, ao descrevê-la com profunda
inspiração divina: “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e
a prova das coisas que se não veem” (Hb 11.1). Aqui, há três características
essenciais à fé: (1) Ela é o fundamento ou base para a confiança em Deus; (2)
Ela envolve a esperança ou expectativa segura do que se espera da parte de
Deus; (3) Ela é “a prova das coisas que não se veem”, mas são esperadas por uma
convicção antecipada.
A definição de fé dada por Hebreus 11.1 traz o
termo ‘certeza’, derivado da mesma palavra grega traduzida por
"expressão exata" em Hb 1.3 e "confiança" em
Hb 3.14. A fé aqui descrita inclui a convicção mais sólida possível, a segurança
presente dada por Deus acerca de uma realidade futura, convicção de fatos que
se não veem. A verdadeira fé não está baseada em evidências empíricas, mas na
segurança divina, e é uma dádiva de Deus (Ef 2.8). No Novo Testamento há uma
ligação entre fé e ver, mas, apesar disso, o autor de Hebreus descreve a fé
como a convicção de coisas não vistas. Sob esse aspecto, fé é depositar a
confiança exclusivamente em Deus, independentemente das circunstâncias. É
abraçar as promessas de Deus, confiar em sua Palavra e permanecer fiel a
Cristo. A fé verdadeira não apenas confia, mas também tem certeza. Ela tem
certeza absoluta de coisas que se esperam. O crente que possui a genuína fé foi
convencido de que as coisas que ele não pode ver são reais. A fé verdadeira não
duvida da veracidade dos acontecimentos passados narrados na Palavra de Deus.
Também não duvida dos acontecimentos futuros que ocorrerão segundo as suas
promessas.
3. A fé como patrimônio espiritual. A fé cristã é o depósito espiritual acumulado durante toda vida do
crente. É o nosso patrimônio espiritual, de valor e virtudes inestimáveis. Essa
fé que o crente foi estimulado a guardar para não perder a “coroa” (Ap 3.11).
Ao escrever ao jovem discípulo, Timóteo, e já próximo da morte, o apóstolo Paulo
disse: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a
coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele
Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (2 Tm
4.7,8). Querido irmão, prezada irmã, guarde sua fé!
Houve uma confusão aqui entre fé e doutrina. Em
Apocalipse 4.11, está se falando em conservar-se fiel à sã doutrina Além de
estarem comprometidos com a Palavra de Deus, os cristãos devem evitar todo
ensino falso; Essa é a preocupação de Paulo em 2Tm 4.7,8. Paulo denunciou esse
tipo de erro como "fábulas" (mythos, da qual deriva a palavra
"mitos") "profanas" (mundanas; o oposto do que é
"santo"), que convém somente a "velhas caducas" (um epíteto
comum que indica algo adequado apenas para pessoas sem instrução e nem
sofisticação filosófica). Para tanto, exorta: “Exercita-te... na piedade”
(a atitude e a reposta adequadas a Deus) é o pré-requisito do qual flui todo
ministério eficaz. "Exercita-te" é um termo do atletismo que descreve
o treinamento rigoroso e sacrificado a que se submete um atleta. A
autodisciplina espiritual é o caminho que conduz à vida piedosa (cf. 1 Co
9.24-27). Assim, fazendo essa comparação, Paulo afirma que o exercício físico é
limitado tanto em alcance como em duração; afeta somente o corpo físico durante
esta vida terrena; contrariamente, a piedade ‘para tudo é proveitosa’.
Tanto no tempo como na eternidade.
SUBSÍDIO DOUTRINÁRIO
[SOBRE A FÉ]
“No
Novo Testamento, o verbo pisteuõ (‘creio, confio’) e o substantivo pistis
(‘fé’) ocorrem cerca de 480 vezes. Poucas vezes o substantivo reflete a ideia
da fidelidade como no Antigo Testamento (por exemplo, Mt 23.23; Rm 3.3; Gl
5.22; Tt 2.10; Ap 13.10). Pelo contrário, normalmente funciona como um termo
técnico, usado quase exclusivamente para se referir à confiança ilimitada (com
obediência e total dependência) em Deus (Rm 4.24), em Cristo (At 16.31), no
Evangelho (Mc 1.15) ou no nome de Cristo (Jo 1.12). Tudo isso deixa claro que,
na Bíblia, a fé não é ‘um salto no escuro’.
Somos
salvos pela graça mediante a fé (Ef 2.8). Crer no Filho de Deus leva à vida
eterna (Jo 3.16). Sem fé, não poderemos agradar a Deus (Hb 11.6). A fé,
portanto, é a atitude da nossa dependência confiante e obediente em Deus e na
sua fidelidade. Essa fé caracteriza todo filho de Deus fiel. É o nosso sangue
espiritual” (HORTON, M.Horton (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva
Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, pp.369-70).
III. MORDOMIA DOS BENS MATERIAIS
1. O cristão e as finanças. Na mordomia dos bens materiais, o cristão deve
trabalhar honestamente para garantir sua sobrevivência financeira. Desde o
Gênesis, após a Queda, o homem emprega esforços, com “o suor” de seu rosto (Gn
3.19), para obter os bens de que necessita. Isso é feito de maneira constante
(1 Ts 4.11). Nesse aspecto, a preguiça é um pecado intolerável diante de Deus.
Assim, Ele exorta ao preguiçoso que aprenda com as formigas, pois estas
trabalham no verão para garantir o mantimento no inverno (Pv 6.6,9; 10.26).
“A Bíblia diz que trabalhar é bom e necessário
mas, por causa do pecado, tornou-se difícil e árduo. Quando Deus criou Adão e
Eva, mandou que eles tomassem conta da terra e dos animais (Gênesis 1:28). Esse
trabalho era bom e agradável mas, quando pecaram, a terra ficou amaldiçoada e o
trabalho tornou-se duro (Gênesis 3:17-19)” (RESPOSTAS.COM). Em Gênesis 3.17-18,
vemos o relato de como e por que Deus amaldiçoou a terra: “maldita é a terra
por tua causa” Deus amaldiçoou o objeto do trabalho do homem e fê-lo
relutantemente, ainda que ricamente, obter o seu alimento por meio do trabalho
árduo. Tem sido assim desde então, com muita fadiga e suor, corremos atrás do
nosso sustento. Não é o trabalho o objeto da maldição, mas o resultado do
trabalho que está sob este édito, trabalho sempre houve, mesmo antes da queda;
Na queda do homem, a natureza sofre junto com a humanidade, compartilhando
assim as conseqüências da queda. As Escrituras descrevem esta maldição em três
maneiras:
a) O sustento será obtido com fadiga v 17. - Assim como a
mulher terá seus filhos com dor, o homem haverá de comer o fruto da Terra por
meio de trabalho penoso. Antes da queda, o trabalho de Adão no jardim era
prazeroso e agradável, mas de agora em diante, seu trabalho, bem como o dos
seus descendentes será seguido de cansaço e tribulação.
b) A Terra produzirá cardos e abrolhos v 18. - O cultivo da
terra seria mais difícil do que antes. Cardos e abrolhos aqui significam:
plantas indesejáveis, desastres naturais, enchentes, insetos, secas e doenças.
A natureza foi subvertida com o pecado do homem. (Rm 8:20-21).
c) No suor do rosto comerás v 19. - O trabalho árduo se
tornaria a porção do homem. A vida não seria fácil. No pós-queda, foi acrescida
a dor e sofrimento em virtude do pecado. E do pecado também sai a preguiça, e
contra esta, diversas advertências bíblicas. Interessante notar que, o Sábio
adverte em Provérbios contra a preguiça, apropriadamente após a discussão sobre
ser a garantia da dívida de alguém (fiador), já que normalmente são os
preguiçosos que precisam de garantias. Utilizando a figura das formigas, exorta
o preguiçoso. A formiga é um exemplo de produção, diligência e planejamento
(vs. 7,8) e serve de censura para o preguiçoso (pessoa ociosa que não tem
autocontrole). A Sabedoria manda o preguiçoso aprender com a formiga (Pv
10.4,26; 12.24; 13.4; 15.19; 19.15; 20.4; 26:14-16).
2. O cristão e as
riquezas. Deus não demoniza
a riqueza nem diviniza a pobreza. Mas o cristão não deve recorrer aos meios ou
práticas ilícitas de ganhar dinheiro, como o bingo, a rifa, as loterias e
outras formas “fáceis” de buscar riquezas (Pv 28.20). A Bíblia
mostra que a avareza é a idolatria ao dinheiro, ou seja, uma compulsão para
enriquecer a qualquer custo. É uma escravidão ao vil metal. Sobre isso as
Escrituras também asseveram: “Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda
espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a
si mesmos com muitas dores” (1 Tm 6.10). E Jesus ensinou: “Acautelai-vos e
guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste na abundância do
que possui” (Lc 12.15). E também ratificou: “Mas ajuntai tesouros no céu, onde
nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam”
(Mt 6.20).
“A visão cristã da riqueza deve ser derivada das
Escrituras. Muitas vezes no Antigo Testamento Deus deu riquezas ao Seu povo.
Salomão foi prometido riquezas e tornou-se o mais rico de todos os reis da
terra (1 Reis 3:11-13; 2 Crônicas 9:22); Davi disse em 1 Crônicas 29:12:
"Riquezas e glória vêm de ti, tu dominas sobre tudo, na tua mão há força e
poder; contigo está o engrandecer e a tudo dar força." Abraão (Gênesis
17-20), Jacó (Gênesis 30-31), José (Gênesis 41), o rei Josafá (2 Crônicas 17:5)
e muitos outros foram abençoados por Deus com riqueza. No entanto, os judeus
eram um povo escolhido com promessas e recompensas terrenas. Eles receberam uma
terra e todas as riquezas nela contidas. No Novo Testamento, há um padrão
diferente. A igreja nunca foi dada uma terra ou a promessa de riquezas. Efésios
1:3 nos diz: "Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos
tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em
Cristo." Cristo falou em Mateus 13:22 sobre a semente da Palavra de Deus
caindo entre os espinhos e "a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e
fica infrutífera." Esta é a primeira referência às riquezas terrenas no
Novo Testamento. Claramente, essa não é uma imagem positiva. Em Marcos 10:23,
"Jesus, olhando ao redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente
entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!" Não era impossível - pois
todas as coisas são possíveis para Deus – mas sim "difícil". Em Lucas
16:13, Jesus falou sobre "mammon" (a palavra aramaica para
"riquezas"): "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há
de aborrecer-se de um e amar ao outro ou se devotará a um e desprezará ao
outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas (mammon)." Mais uma vez, as
palavras de Jesus apresentam a riqueza como uma influência negativa sobre a
espiritualidade e como um obstáculo que pode nos afastar de Deus.” (GOTQUESTIONS.ORG). As Escrituras não condenam
a aquisição honesta de riquezas, e, sim, o amor a elas dispensado. No contexto
cristão, o mesmo Deus que fez o espiritual é o mesmo que fez o material. Nos
ensinos de Cristo, não há um dualismo entre matéria e espírito! Todavia, as
coisas espirituais, por serem de natureza eterna, ganham primazia sobre as
materiais, que são apenas temporais (Lc 10.41). Na perspectiva cristã,
portanto, as dimensões material e espiritual devem coexistir. Assim como
servimos a Deus com o nosso espírito, nossa dimensão espiritual, devemos também
servir com o nosso corpo (1 Co 6.19,20; 1 Ts 5.23), nossa dimensão material.
Dessa forma, quem se tornou participante dos valores espirituais deve também
servir com seus bens materiais (Rm 15.27; Lc 8.3). Aqui, o dinheiro, como valor
material, não é visto como senhor, mas apenas como um servo. “Não ajunte
riquezas terrenas” - Jesus recomenda o uso de bens financeiros para
propósitos que sejam celestiais e eternos (Lc 16.1 -9).
3. O cristão e a contribuição
para a igreja. Na igreja
local há várias maneiras pelas quais o cristão pode e deve contribuir para a
expansão e manutenção da Obra do Senhor. Essa contribuição deve ser feita
através dos dízimos e das ofertas voluntárias (cf. Ml 3.8-12). Jesus reiterou a
necessidade da contribuição com os dízimos, repreendendo a hipocrisia dos
fariseus (Mt 23.23), pois há inúmeras necessidades da igreja que requerem as
contribuições dos fiéis.
Como já bem definido acima, Mordomo é alguém que
administra os bens de outra pessoa. Os bens não lhe pertencem, mas ele pode
usufruir deles enquanto os administra para seu legítimo dono. Jesus contou a
parábola do administrador, ou mordomo infiel, para mostrar esse fato (Lc
16.1-13). O entendimento entre os intérpretes da Bíblia é que essa parábola tem
um fim escatológico. Assim como os filhos deste mundo são perspicazes e astutos
no que diz respeito ao uso de suas riquezas, assim também os filhos do Reino
devem ser sábios na aplicação de seus bens. O ensino da parábola é que o melhor
investimento é usar os recursos materiais adquiridos na propagação do Reino de
Deus e, dessa forma, ganhar amigos para a vida eterna (Lc 16.9). Referente à
prática do dízimo, encontramos na internet uma enxurrada de comentários
contrários a essa prática sadia. Não perca seu tempo lendo essas baboseiras que
nada mais são do que uma busca por desculpa a fim de esconder o egoísmo e a
avareza de quem as escreveu. Isso por que, a prática do dízimo antecede à lei,
sendo um princípio espiritual presente entre o povo de Deus desde os tempos
mais remotos (Gn 14.20; 28.22); Entenda que a Lei veio para regular essa
prática (Lv 27.32) e não entregar o dízimo é transgredir a lei, e a
transgressão da lei constitui-se em pecado (1Jo 3.4). A fidelidade na mordomia
dos bens, a entrega fiel dos dízimos e das ofertas, é um ensino claro em toda a
Bíblia (Ne 13.11,12; Pv 3.9,10; Ml 3.8-10; Mt 23.23; Hb 7.8). “Muitas
igrejas querem adotar os princípios estabelecidos pelo apóstolo Paulo no
levantamento da coleta para os pobres da Judéia como substituto para o dízimo.
Isso é um equívoco. O texto de 2 Coríntios 8 e 9 trata de uma oferta
específica, para uma causa específica. Paulo jamais teve o propósito de que
essas orientações fossem um substituto para a prática do dízimo. Há igrejas na
Europa e na América do Norte que estabelecem uma cota para cada família para
cumprir o orçamento da igreja. Então, por serem endinheirados, reduzem essa
contribuição a 5% ou 3% do rendimento. Tem a igreja competência para mudar um
preceito divino? Mil vezes não! Importa-nos obedecer a Deus do que aos homens.
Permaneçamos fiéis às Escrituras. Sejamos fiéis dizimistas!” (Rev Hernandes
Dias Lopes)
SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ
[A importância do compromisso]
“Earl
e Hazel Lee escreveram: ‘O compromisso é mais que uma decisão sentimental que
pode mudar a vida de uma pessoa por alguns poucos dias cheios de emoção. É um
ato válido da vontade, e muda todo o modo de vida de uma pessoa’. Eles explicam
o significado de compromisso, descrevendo-o como o descreve um dialeto indiano:
O compromisso é dar com a palma da mão ‘para baixo’. Quando colocamos algo na
mão de alguém, não conseguimos segurar nenhuma parte do que estamos dando. Ao
passo que, se pedirmos que uma pessoa retire algo de nossa mão, ainda poderemos
segurar alguma parte que essa pessoa não consiga pegar. Em nossa cultura, é mais
fácil passar do aproveitar os nossos bens a nos agarrarmos fortemente a eles e
tentarmos agarrar mais, o que é chamado materialismo.
A.
W. Tozer escreveu: ‘Uma das piores tragédias do mundo é o fato de permitirmos
que os nossos corações se encolham, até que haja neles espaço para pouca coisa,
além de nós mesmos’. O materialismo é uma atitude perigosa, porque conserva o
nosso foco naquilo que temos, e não naquilo que somos e estamos nos tornando.
Ele permite que fiquemos falsamente satisfeitos – pensamos que, porque temos
muitas coisas, devemos ser boas pessoas. Embora não haja nada de errado em
dirigir um carro bonito, em vestir-se bem e aproveitar os benefícios da última
tecnologia, quando os nossos bens nos possuem e o que temos de valioso se torna
mais importante que os nossos valores, então estamos com problemas” (TOLER,
Stan. Qualidade total de vida. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013,
pp.71-72).
CONCLUSÃO
Somos mordomos dos bens espirituais e materiais
concedidos por Deus à sua Igreja. Se realizarmos nossa mordomia para a glória
de Deus, com gratidão pelos bens adquiridos, seremos recompensados pelo Senhor.
Usemos os recursos que Deus nos concedeu como verdadeiros mordomos de Nosso
Senhor Jesus Cristo. Tudo o que temos vem do Senhor!
A doutrina da mordomia funda-se na santidade, na
justiça, na soberania e no amor de Deus. É a santidade que nos impulsiona a
buscarmos ser santos, “em toda a maneira de viver”, e no administrar os bane
imateriais e materiais que Ele nos confiou.”Ser santo é modo cristão de viver
diariamente, e isso é mordomia cristã”. O cristão, justificado por Deus em
Cristo, há de buscar uma vida de justiça, de retidão, de modo a cumprir o que
Jesus determinou: “Buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça, e todas estas
coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33) e: “Dai a César o que é de César, e a
Deus o que é de Deus”. (Mt 22.21). É em santo amor que Deus to amor criou e
sustenta o universo; Deus em santo amor nos remiu, em Cristo. E, portanto,
somos ao mesmo tempo “resultado e objeto do amor de Deus. Nisto reside o mais
alto significado da mordomia cristã: reconhecer e projetar o amor de Deus no
modo de viver”. (FALCÃO Sobrinho. João. Teologia da Mordomia Cristã. Rio de
Janeiro: CBB/Juerp, s/d., p. 53.) Assim, radicada na santidade, na justiça, na
soberania e no amor de Deus, a mordomia deve marcar nova vida em relação a
Deus, na medida em que reconhecemos que tudo a Ele pertence, que de tudo
havemos de prestar-Lhe contas, inclusive de nossa própria vida. Portanto, compreendamos
a natureza da mordomia e sua importância bíblica e teológica, e cuidemos de
praticá-la em todas as áreas de nossa vida.
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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