SUBSÍDIO I
O LUGAR SANTÍSSIMO
O Lugar Santíssimo era,
indubitavelmente, o principal lugar de toda a estrutura do Tabernáculo. Lá
estavam a Arca da Aliança com seu propiciatório e os dois querubins com forma
humana e protegendo aquele lugar. Era o lugar da habitação de Deus.
Figuradamente, estava naquela Arca o Trono de Deus.
Depois da leitura do texto
básico deste capítulo, podemos mentalmente descrever e pormenorizar todos os
móveis contidos no Átrio, no Lugar Santo e no Lugar Santíssimo. Na parte
exterior do Tabernáculo, a partir da porta do Átrio (ou Pátio), encontramos o
altar do Holocausto e a Bacia do Lavatório. Em seguida, entramos no interior da
Tenda do Tabernáculo e temos a primeira parte, que é o Lugar Santo, chamado
Santuário. Nessa parte, deparamo-nos com a Mesa dos Pães da Proposição, o
Castiçal de Ouro e o Altar de Incenso em frente ao Véu de entrada para o Lugar
Santíssimo. Depois do véu desenhado com querubins, estava o Lugar Santíssimo,
no qual estava a Arca do Concerto (ou da Aliança, ou do Testemunho). Esse
último lugar, o Santo dos Santos (ou Lugar Santíssimo) era o símbolo da
santidade de Deus, que tornava inacessível a entrada de pecadores, senão
através do sumo sacerdote.
– O VÉU DO LUGAR SANTÍSSIMO: O
Véu Era uma Barreira ao Acesso à Presença de Deus
O segundo compartimento
ocidental do Tabernáculo onde estava a Arca da Aliança tinha um véu azul como
uma cortina que separava as duas partes do Santuário; era um símbolo da
santidade de Deus inacessível aos pecadores. Ninguém podia ousar entrar no
“Lugar Santíssimo”, até que Jesus enfrenta o Calvário e faz-se o cordeiro
expiador.
Quando Cristo expirava lá fora
na cruz, o seu espírito entra no Lugar Santíssimo com o seu próprio sangue
expiador, porque Ele fez-se o Cordeiro divino e, com o seu próprio sangue,
entra ante o Propiciatório e asperge-o sobre a Arca da Aliança, expiando a
culpa do mundo todo (ver Hb 7.25-27). Então, o véu rasga-se de alto a baixo e
escancara o acesso à presença do Altíssimo. Antes, uma vez por ano, o sacerdote
entrava com o sangue da expiação; agora, em uma só vez por todas, Cristo fez-se
o Sumo Sacerdote e ministra com o seu próprio sangue (ver Hb 9.6,7).
O véu era uma cortina feita de
linho fino branco tecido com fios que tinham as cores azul, púrpura e carmesim.
Esse véu tinha o propósito de separar o Lugar Santo do Lugar Santíssimo, no
qual estava a Arca da Aliança (Êx 26.33). Esse véu impedia a entrada de
qualquer israelita, exceto a do sumo sacerdote, que podia entrar uma vez por
ano, no dia da Grande Expiação. Esse véu, portanto, era uma barreira para o
homem comum. Na língua hebraica, o vocábulo “véu” é paroketh, que advêm de uma
raiz que significa “separar”.
O Significado do Véu Interior e
seu Paralelismo com a Obra Expiatória de Jesus
No NT, esse mesmo vocábulo grego
é katapetasma,
que representa o véu interior, ou seja, a cortina entre o Lugar Santo e o Lugar
Santíssimo. Quando Jesus estava na cruz — e depois de expirar —, Ele ministrou
intercessoramente no Lugar Santo no Altar de Incenso (Hb 7.25) e, depois, com
seu próprio sangue, entrou no Lugar Santíssimo para ministrar por todo o mundo
(ver Hb 9.6,7).
Um teólogo do passado chamado
Truman fez um paralelo entre o Evangelho de João e o Tabernáculo, escrevendo
assim:
Os capítulos 1 a 12 de João
contêm o ministério público de Jesus, correspondendo ao Pátio, para o qual os
israelitas traziam suas ofertas pelos seus pecados. Os versículos do capítulo
12.44-50 indicam as últimas palavras do seu ministério público.
O capítulo 13 tem relação com a
necessidade de limpeza, e Cristo explicou-lhes essa necessidade dos seus
discípulos passarem pela fonte de bronze (o lavabo de bronze) como preparação para
o ministério do Espírito Santo na terra depois que Jesus cumprir sua missão
expiatória.
Os capítulos 14 a 16 sugerem que
Cristo entra no Lugar Santo e ensina aos seus discípulos a necessidade de orar
e o papel do Espírito Santo nesse lugar na vida da igreja futura.
O capítulo 17 apresenta Cristo a
sós no Lugar Santíssimo, intercedendo em favor dos seus discípulos diante do
Pai. Esse capítulo se revela como a oração sumo sacerdotal.
O Véu Tinha um Bordado Especial
com a Figura de Querubins (Êx 26.31)
Alguns teólogos opinam que os
querubins não representam seres humanos, nem anjos. Eles opinam que esses
querubins representam as obras e as manifestações gloriosas do Espírito Santo
na vida de Cristo, envolvendo seu nascimento, vida, ministério terrestre, morte
e ressurreição do Senhor Jesus. Entretanto, discordamos dessa opinião e
entendemos que os querubins são uma classe de anjos que servem aos interesses
de Deus, protegendo seu Trono e manifestando a sua glória.
O que a Escritura do livro de
Êxodo deixa claro é que os querubins são seres angelicais e independentes de
qualquer forma física, mas que podem tomar a forma que quiserem para as
manifestações do poder de Deus.
Deus ordenou a Moisés que fosse
bordada à mão a figura de querubins, que tinham uma mistura de figura de homens
e seres alados. Pergunta-se, qual a razão desses querubins naquele véu? A
história celestial conta que um querubim havia recebido do Criador poderes
especiais delegados por Deus de liderança angelical. No entanto, esse querubim chamado
Lúcifer encheu-se de presunção e orgulho, querendo ser igual a Deus. Ele,
então, foi expulso da presença do Senhor, tornando-se arqui-inimigo da
Divindade (ver Ez 28.14). Sua queda desonrou toda a classe angelical. Os
querubins são uma classe de seres espirituais diretamente ligados ao Trono de
Deus. A figura dos querubins pintados naquele véu interior lembra ao homem que
o Trono de Deus está protegido de qualquer contaminação do pecado. Por isso,
eles foram esculpidos sobre o Propiciatório com as asas voltadas para a Arca da
Aliança para protegê-la (ver Êx 25.18-22).
As quatro Cores do Véu
Compreendidas na Escritura de Filipenses 2.5-11
Essencialmente, o objetivo
primário do Tabernáculo e seus móveis sagrados é tipificar a Cristo. Cada um
dos tecidos que compunham o Véu entre o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo
apontava para uma faceta do caráter pleno de Jesus Cristo. As quatro cores
falam, de fato, das glórias de Cristo segundo a compreensão que podemos ter da
escritura de Paulo aos Filipenses 2.5-11.
A cor azul indicava a fala de
Jesus, “que, sendo em forma de Deus” (Fp 2.6), fez-se o Verbo divino que se fez
carne, e isso revelava a Jesus como o Filho de Deus, a sua divindade.
A cor carmesim é identificada
com o Cristo que “tomou a forma de servo”. Ela fala de Cristo como aquEle que
se identificou como “o Filho do homem” e “o Servo sofredor”, que “aniquilou-se
a si mesmo, [...] sendo obediente até à morte” (Fp 2.7,8).
A cor branca do linho branco
revelava a imagem daquEle que se fez “semelhante aos homens” (Fp 2.7), sendo o
servo perfeito de Deus no mundo dos homens.
A cor púrpura indicava a sua
realeza, identificando-se com a escritura que diz “que Deus o exaltou
soberanamente” (Fp 2.9).
Outrossim, o Véu representava a
carne de Cristo e expressava a sua humanidade (ver Êx 36.35). O trançado dos
fios que formava o véu fala da união da natureza divina com a natureza humana
na pessoa de Jesus, indicando a sua perfeição absoluta como Deus e como Homem.
O texto de Hebreus 10.19,20 consuma essa tipologia quando diz: “Tendo, pois,
irmãos, ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e
vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne”.
Texto extraído da
obra “O TABERNÁCULO”,
editada pela CPAD.
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
O Lugar Santíssimo era o
local mais reservado do Tabernáculo. Ele representava a plenitude da presença
de Deus que habitava entre o povo de Israel. Por isso, nesta lição, estudaremos
a posição do véu no Lugar Santíssimo, o propósito desse véu e a dimensão do
Lugar Santíssimo, bem como a sua relação com a obra expiatória de nosso Senhor
e Salvador Jesus Cristo. De fato, é uma lição que edificará a nossa vida.
Qual a importância do véu do templo ter sido
partido em dois quando Jesus morreu? A beleza dessas cortinas somente podia ser
observada do lado de dentro, sendo que a espessa coberta protetora externa
feita de pelos de cabrito e pele de carneiro (v. 14), a ocultavam da visão de
Iodos, exceto dos sacerdotes que adentravam. Hebreus 9.1-9 nos diz que no
Templo um véu separava o Santo dos Santos – a habitação terrena da presença de
Deus- do resto do Templo onde os homens habitavam. Isso significava que o homem
era separado de Deus pelo pecado (Is 59.1-2). Apenas o Sumo Sacerdote tinha a
permissão de passar pelo véu uma vez por ano (Êx 30.10; Hb 9.7), de entrar na
presença de Deus representando Israel e de fazer expiação pelos seus pecados
(Lv 16). – Dito isto, convido-o a pensar maduramente a fé cristã!
I. O VÉU DO
LUGAR SANTÍSSIMO
1. O
véu como barreira ao livre acesso à Presença de Deus. O véu era uma cortina
feita de linho fino branco entretecido com fios de cores azul, púrpura e
carmesim. O propósito desse véu era separar o Lugar Santíssimo, no qual estava
a Arca da Aliança (Êx 26.33), do Lugar Santo. No Lugar Santíssimo só podia
entrar o Sumo Sacerdote, e somente uma vez ao ano, no dia da Expiação. O
israelita comum não podia entrar nesse lugar, o que demonstra que o véu era uma
barreira para o homem comum. A narrativa bíblica revela o significado especial
do ato, de quando Jesus estava na cruz, expiando o nosso pecado. Ele ministrou
intercessoriamente por nós por meio de seu sangue no “Lugar Santíssimo”,
rasgando o véu da separação. A ministração de Cristo foi em favor de todo o
mundo e não apenas por uma parcela especial ou étnica da humanidade (Hb 9.11-14
cf. Jo 3.16).
Alan Cole faz um comentário interessante: “O véu separava um terço da área do
Tabernáculo. A tenda era pequena (digamos 15 metros por 5 metros) comparada a
qualquer templo moderno. Além disso, não possuía aberturas para ventilação e era
escura, a não ser pela luz do candelabro de ouro e a pouca luz que
acidentalmente ali penetrava quando o reposteiro que ficava sobre a porta da
tenda era levantado para permitir a entrada dos sacerdotes. O candelabro ficava
no "santo lugar’’: o santo dos santos ficava absolutamente às escuras, por
detrás do espesso véu. Todavia, a escuridão e o frescor do interior do
Tabernáculo seriam um grande alívio depois do ofuscante calor do deserto
(observe quantas vezes a "sombra" de YHWH é mencionada como um símbolo
de refrigério e salvação, por exemplo, Sl 17:8) e sua extrema escuridão, a
partir do Sinai, passou a ser um símbolo apropriado para Deus (1 Rs 8:12)” (COLE,
Alan, Ph.D. Êxodo, Introdução e Comentário. Sociedade Religiosa Edições Vida
Nova. São Paulo, 1963). “O Templo de Salomão tinha 30 côvados de altura (1 Reis 6:2), mas
Herodes tinha aumentado sua altura para 40 côvados de acordo com as escritas de
Josefo, um historiador do primeiro século. Não temos certeza a que um côvado se
compara em metros e centímetros, mas podemos supor que esse véu tinha mais ou
menos 18 metros de altura. Josefo também nos diz que o véu tinha 12 cm de
grossura, e que cavalos puxando o véu dos dois lados não podiam parti-lo. A
narrativa no livro de Êxodo nos ensina que esse grosso véu era feito de
material azul, roxo e escarlate e de linho fino torcido. O tamanho e grossura
do véu deram muito mais importância aos eventos que aconteceram no exato
momento da morte de Cristo na cruz. “E Jesus, clamando outra vez com grande
voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a
baixo” (Mateus 27:50-51a).” (GOTQUESTIONS).
A missão de Jesus Cristo está ligada de maneira inseparável ao supremo amor de
Deus pelo "mundo" perverso e pecador da humanidade (Jo 6.32,51;
12.47; Mt 5.44-45), que está em rebelião contra Deus. Em João 3.16, a expressão
"de tal maneira” enfatiza
a intensidade ou grandeza do amor de Deus. O Pai deu o seu único e amado Filho
para morrer em favor dos homens pecadores (2Co 5.21).
2. O
véu tinha um bordado especial com a figura de querubins (Êx 26.31). Deus ordenara que se
bordassem no véu, à mão, as figuras de querubins. Uma pergunta relevante cabe
aqui: qual a razão desses querubins serem bordados no véu? A Bíblia registra a
história da rebelião de um querubim presunçoso e orgulhoso que desejava ser
igual a Deus. Mas ele foi expulso para sempre da presença do Altíssimo (Ez
28.14). O nome desse querubim, hoje, é Satanás, o anjo que rebelou-se contra
Deus e, também, levou com ele uma parte dos seres angelicais. As figuras de
querubins bordadas no véu lembram ao homem que o Trono de Deus está cercado
desses seres angelicais, refletindo a santidade do Altíssimo. Eles também foram
esculpidos sobre o Propiciatório com as asas voltadas para a Arca da Aliança
com o objetivo de protegê-la (Êx 25.18).
Querubins são seres angélicos envolvidos em adorar e
louvar a Deus. Os querubins são mencionados na Bíblia pela primeira vez em
Gênesis 3.24. Antes de rebelar-se, Satanás era um querubim (Ez 28.12-15). O
tabernáculo e o templo, assim como os seus pertences, continham muitas
representações de querubins (Êx 25.17-22; 26.1,31; 36.8; 1Rs 6.23-35; 7.29-36;
8.6-7; 1Cr 28.18; 2Cr 3.7-14; 2Cr 3.10-13; 5.7-8; Hb 9.5). Esses dois querubins
esculpidos são uma representação dos dois querubins que guardaram as portas do
Éden (Gn 3.24). Esses mesmos querubins também eram bordados no véu que dividia
o lugar santo do santo dos santos. Após o véu do templo ser rasgado, os
querubins que guardavam as portas do jardim foram dispensados de suas posições.
O caminho está livre, não existe mais sentinelas na porta do jardim!
3. O
véu e o trançado de seus fios. Para nós, o tabernáculo e seus móveis sagrados tipificam o Senhor
Jesus. Logo, podemos destacar o seguinte: os tecidos que constituíam o véu que
demarcava o Lugar Santo e o Santíssimo é símbolo do caráter santo e pleno de
nosso Senhor. Assim, a cor azul aponta para a sua divindade; a púrpura, para a
sua realeza; a branca, para sua santidade; o carmesim, para a sua obra
expiatória por toda a humanidade. Ainda, o escritor aos Hebreus traz uma imagem
forte e viva do véu, juntamente com seus fios trançados, que representava, na
“carne” de Cristo, a união da natureza humana e divina de nosso Senhor: “Tendo,
pois, irmãos, ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo
e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne”
(10.19,20).
“O véu do
Tabernáculo representava uma triste verdade: o homem é pecador e é vedado O
caminho para ele ir sozinho a Deus (Ex 26.33; Lv 16.2, “que não entre no
santuário em todo o tempo, para dentro do véu, diante do propiciatório que está
sobre a arca, para que não morra; porque Eu aparecerei na nuvem sobre o
propiciatório”; Is 59.1-3, “Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós
e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não
vos ouça”; Rm 3.23, “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de
Deus”). O véu do Tabernáculo era feito de linho fino torcido com azul, púrpura,
carmesim, com a imagem de querubins de obra prima bordada nele. Desde que tudo
no Tabernáculo eram sombras ou tipos simbólicos de Cristo, esse material
apontava ao Cristo.
• O azul representava: Natureza
Celestial de Cristo, Cristo O Espiritual, ou homem celestial (1Co 15.47,48; Jo
1.18; Hb 7.26); a origem celestial de Cristo.
• A púrpura representava: Realeza,
Soberania de Cristo, o “Rei dos reis, e Senhor dos senhores” (Ap 19.16; Mc
15.17-18).
• O carmesim representava:
Sacrifício (Ap 5.9-10; Nm 19.6; Lv 14.4; Hb 9.11-14, 19, 23, 28).
• O linho fino representava:
Justiça, Cristo é o Justo, e os que são dEle tem a Sua justiça (2Co 5.21; Ap
19.8; 1Co 1.30). Sendo torcido, era dobrado o fio seis vezes fazendo o véu
grosso e pesado (Gill).
• O branco, do linho fino torcido
representava: perfeição, pureza e santidade de Deus em Cristo, e aos que são
lavados no sangue de Cristo (Ap 7.9-17; Sl 132.9).” (PALAVRAPRUDENTE)
Quando a carne de Jesus foi rasgada em sua
crucificação, o mesmo aconteceu com o véu do templo que simbolicamente separava
as pessoas da presença de Deus (Mt 27.51). Quando o sumo sacerdote no dia da
Expiação entrava no Santo dos Santos, o povo aguardava do lado de fora que ele
saísse. Ao entrar no templo celestial, Cristo não voltou. Pelo contrário, ele
abriu a cortina e expôs o Santo dos Santos para que pudéssemos segui-lo. Em
Hebreus 10.20, "carne"
é usada como "corpo"
(v. 10) e "sangue"
(Hb 9.7,12,14,18,22) para se referir à morte sacrifical do Senhor Jesus.
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Você
pode iniciar a aula fazendo a seguinte pergunta: Qual a diferença entre o Lugar
Santo e o Lugar Santíssimo? Com essa pergunta, a ideia é ligar o tema da lição
anterior ao tema presente a fim de que a exposição desta lição faça uma
diferença clara entre os dois lugares do Tabernáculo.
Para
ilustrar a aula, você pode reaproveitar a imagem panorâmica do Tabernáculo que
usamos na primeira lição deste trimestre.
II. O
PROPÓSITO DO VÉU INTERIOR
1. O véu era um símbolo
da presença de Deus no Lugar Santíssimo. Ora, ninguém podia ver a Deus e continuar
vivo (Êx 33.20), mas os homens podiam ver o véu que indicava a presença divina
no outro lado. Em Hebreus, o véu tipifica a “carne” de Cristo, que encobria a
presença divina em seu corpo (1Tm 6.16; Jo 1.18; 14.9; Cl 1.15,16).
O propósito de um Véu é cobrir ou ocultar da vista
(2Co 3.13-16, Is 25.7). O véu do tabernáculo ocultava da vista o Santo dos
Santos. Ele formava uma barreira entre a glória de Deus e o homem pecador (Lv
16.2). Medidas de precaução foram necessárias para que Deus respondesse apenas
parcialmente aos pedidos de Moisés de ver mais dele do que já estava vendo (cf.
Nm 12.8) — de outro modo ele morreria. Muito embora Deus fosse gracioso e
compassivo para qualquer pessoa que escolhesse, Moisés não poderia ver a face
de Deus e viver. Tudo o que viu da natureza de Deus se transformado em luz
ardente é chamado de "costas de Deus" e nunca foi descrito por Moisés
depois (cf. Jo 1.18; 1 Jo 4.12). Deus é invisível em espírito (1Tm 1.17; Jó
23.8-9; Jo 1.18; 5.37; Cl 1.1.5) e, por essa razão, é inalcançável no sentido
de que o homem pecador nunca viu e nunca poderá ver a plenitude de sua glória
(Êx 33.20; Is 6.1-5). Em Hebreus 10.19-20 aprendemos que a carne de Cristo foi
simbolicamente tipificada pelo véu interno do tabernáculo. Nosso Salvador tomou
sobre Si mesmo a forma humana ocultando assim a Sua glória (Fp 2.5-11, Rm 8.3).
Somente no Monte da Transfiguração é que Sua glória divina refulgiu (Mt
17.1-2). Da mesma maneira, o véu do tabernáculo ocultou da vista dos homens a
glória e a presença de Deus.
2. O véu: um impeditivo
ao acesso à presença de Deus (Lv 16.2; Hb 9.8). A separação que o véu interior fazia
dos dois lugares sagrados, o Lugar Santo e Lugar Santíssimo, demarcava também
os lugares de atuação dos sacerdotes. No Lugar Santo, era permitida a entrada
dos sacerdotes comuns; no Santíssimo, a do sumo sacerdote.
O sistema Levítico não fornecia ao povo acesso
direto à presença de Deus. Pelo contrário, ele afastava o povo. A proximidade
tinha de ser fornecida de outra maneira. Essa é a lição primordial que o
Espírito Santo dá acerca do tabernáculo. O ensino mostra como Deus é
inacessível sem a morte de Jesus Cristo. Por meio da instrução inspirada do
Espírito dada acerca do Lugar Santíssimo, Deus eslava mostrando que não havia
um caminho para ele no sistema cerimonial. Somente Cristo poderia abrir o
caminho (Jo 14.6). Em Hebreus 10.20 entendemos que Cristo estabeleceu através
de seu sacrifício um “novo”
caminho. No grego, o significado original da palavra “novo” é "recém-imolado", mas foi interpretada como
"recente" quando a epístola foi escrita. O caminho é novo porque a
aliança é nova. Não é um caminho fornecido pelo sistema Levítico. Embora seja o
caminho da vida eterna, ele não foi aberto apenas pela vida impecável de Cristo
— ele exigiu a sua morte. Os hebreus foram convidados a entrar nesse caminho
que é caracterizado pela vida eterna do Filho de Deus que os amou e entregou-se
por eles (Jo 14.6; Gl 2.20). Quando a carne de Jesus foi rasgada em sua
crucificação, o mesmo aconteceu com o véu do templo que simbolicamente separava
as pessoas da presença de Deus (Mt 27.51). Quando o sumo sacerdote no dia da
Expiação entrava no Santo dos Santos, o povo aguardava do lado de fora que ele
saísse. Ao entrar no templo celestial, Cristo não voltou. Pelo contrário, ele
abriu a cortina e expôs o Santo dos Santos para que pudéssemos segui-lo. Aqui
"carne" é usada como "corpo" (v. 10) e "sangue"
(9.7,12,14,18,22) para se referir à morte sacrifical do Senhor Jesus.
3. O véu indicava o
caminho à presença de Deus. Sabemos
que o sumo sacerdote podia entrar no lugar santíssimo, não por méritos pessoais
nem pela formosura do véu, senão mediante o sangue da expiação (Lv 16.15). A
única função dele era expiar o próprio pecado e o do povo. Por isso, toda a
orientação divina quanto à pureza do sumo sacerdote e de sua casa era rigorosa.
Hoje, a obra expiatória de Jesus é o único meio que temos para achegar-nos à
presença de Deus (Ef 2.8,9; Hb 10.19,20). Graças ao nosso amado Senhor, já não
há mais separação nem muro entre nós e Deus, pois Cristo é o perfeito mediador
entre Deus e os homens (1Tm 2.5).
A fé cristã era conhecida como "o
caminho" entre os judeus de Jerusalém (At 9.2), bem como entre os gentios
(At 19.23). Aqueles que receberam essa epístola entenderam com muita clareza
que o escritor os estava convidando a se tornarem cristãos — a se unirem
àqueles que: haviam sido perseguidos por causa da fé que professavam. Os
verdadeiros cristãos no meio deles estavam sofrendo perseguição naquele
momento, e aqueles que não haviam se comprometido com o caminho eram convidados
a se tornarem alvos da mesma perseguição. Assim, Jesus Cristo é o nosso Mediador
- referindo-se a alguém que intervém entre duas partes para resolver um conflito
ou para ratificar um pacto. Ele é o único "Mediador" que pode
restaurar a paz entre Deus e os pecadores (Hb 8.6; 9.15; 12.24). Cristo Jesus,
ele mesmo um homem, somente o Deus-Homem perfeito poderia juntar o Criador o a
raça humana (Jó 9.32-33).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
A
revelação das Escrituras Sagradas mostra para nós que a salvação pela graça,
hoje, é uma doutrina clara e límpida, pois “no Novo Testamento, a ‘graça’, como
o dom imerecido mediante o qual as pessoas são salvas, aparece primariamente nos
escritos de Paulo. É um ‘conceito central que expressa mais claramente seu modo
de entender o evento da salvação... demonstrando livre graça imerecida. O
elemento da liberdade ... é essencial’. Paulo enfatiza a ação de Deus, e não a
sua natureza. ‘Ele não fala do Deus gracioso; fala da graça concretizada na
cruz de Cristo’. Em Efésios 1.7, Paulo afirma: ‘Em quem temos a redenção pelo
seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça’, pois
‘pela graça sois salvos’ (Ef 2.5,8)” (HORTON, M. Horton (Ed.). Teologia
Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018,
p.344-45).
III. COMO
ERA O LUGAR SANTÍSSIMO?
1. O
Lugar Santíssimo tinha o formato quadrangular. O Lugar Santíssimo é conhecido
também como o “Santo dos Santos”. Um lugar quadrangular, na forma de um cubo,
que media dez côvados de altura, dez de largura e dez de comprimento. É
importante destacar, aqui, que as medidas do Lugar Santíssimo, no sistema
decimal, possuem números diferenciados, uma vez que pesos, medidas e valores
hebraicos são obscuros, e o resultado sempre produz algumas pequenas diferenças
numéricas. De acordo com a Bíblia de Estudo Pentecostal, um côvado equivalia à
medida de dois palmos ou ao tamanho de nosso antebraço, o equivalente, portanto,
a 45 centímetros. Era menor que o Lugar Santo. O Lugar Santíssimo tipificava o
Trono de Deus em Israel.
Era no Lugar Santíssimo que a própria presença de
Deus, com sua glória manifesta habitava. Era ali que Deus se comunicava com o
homem, habitando no meio do povo de Israel, assim como hoje Cristo habita no
meio de seu povo, a Igreja. Pois onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali
eu estou no meio deles (Mt 18.20). Seu formato, como já explicado, era de uma
sala em cubo. Suas medidas foram dadas em Côvados - medida de comprimento que
foi usada por diversas civilizações antigas. Era baseado no comprimento do
antebraço, da ponta do dedo médio até o cotovelo. Ninguém sabe quando esta
medida entrou em uso. O côvado era usado regularmente por vários povos antigos,
entre eles os babilônios, egípcios e hebreus. O côvado real dos antigos
egípcios media 50cm. O dos romanos media 45cm. O Santo dos Santos estava
diretamente relacionado à manifestação da presença de Deus. O Santo dos Santos
significava a própria sala do trono de Deus entre o povo da aliança. No Santo
dos Santos a presença de Deus era revelada mais intensamente. Naquele lugar o
Senhor se encontrava de forma mais íntima e pessoal com seu povo. Mas como foi
dito, esse encontro acontecia através do sumo sacerdote, após rígidos preparos
especiais.
2. O
lugar continha apenas um mobiliário: A Arca da Aliança. A Arca da Aliança tipificava a
plenitude da presença de Deus: sua santidade, glória e majestade. Ali, Deus
habitava entre o seu povo! No Novo Testamento, essa imagem revela o que Paulo
escreveu aos efésios: “para que Cristo habite, pela fé, no vosso coração; a fim
de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender,
com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a
profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para
que sejais cheios de toda a plenitude de Deus” (Ef 3.17-19).
Dentro desse ambiente ficava a Arca da Aliança.
Somente o sumo sacerdote tinha autorização para entrar no Santo dos
Santos. A única peça de mobília desse lugar era uma caixa revestida
de ouro, indicava a relação de aliança entre Deus e seu povo. Essa arca,
simbolizava que a única maneira do homem entrar diante de Deus era através de
uma aliança com Ele. Cristo é a base da aliança de nosso acesso a Deus (Hb
12.24; Mt 26.28).
3. O
que podemos aprender por Trono de Deus e a importância do Lugar Santo? O Lugar Santo era a antessala do
Lugar Santíssimo; o que mostra o caráter santo da presença de Deus representada
na Arca da Aliança, porque o Deus Santo e glorioso ali estava. Não percamos de
vista a dimensão da santidade e da glória de Deus. Sejamos santos e não
desprezemos o sacrifício de nosso Senhor Jesus (Hb 10.26,27). Cuidado! A
Palavra de Deus nos alerta que o nosso adversário “anda em derredor, bramando
como leão, buscando a quem possa tragar” (1Pe 5.8). Vigiemos! Temamos ao Deus
santo e glorioso!
O Santo lugar revelava o ministério de Cristo
tabernaculando entre os homens. O Santo dos Santos ou Lugar Santíssimo, era
onde o divino se encontrava com o humano. Aqui era o lugar onde Sumo-Sacerdote
- principal sacerdote - (Hb 9.7) entrava uma vez por ano para oferecer o sangue
sobre o Propiciatório. Este dia veio a ser conhecido como Yom Kippur (Dia do
Perdão) até hoje celebrado entre os Judeus. O Santo dos Santos era o principal
lugar do Tabernáculo; na verdade ele era a razão da existência do Tabernáculo.
“O mais
solene e importante lugar do tabernáculo, chamado Lugar Santíssimo ou Santo dos
Santos, era quadrado de cerca de cinco metros de cada lado. Nesse lugar o
sacerdote entrava uma vez por ano, no décimo dia do sétimo mês, levando consigo
o sangue da expiação e também o incensário de ouro em que se queimava o incenso
santo. A língua portuguesa é muito pobre em relação a hebraica, nós não temos
uma palavra para exprimir a santidade de Deus, então usamos o termos Santo dos
Santos. Seguindo o caminho do Santo dos Santos, o cristão vai experimentar na
sua vida espiritual as virtudes da fé (no pátio), da esperança (no Santuário) e
do amor, como maior de todas as virtudes. O amor se relaciona com Deus Pai, que
é quem faz com que se manifestam, no crente, os efeitos dos dons e ministérios
espirituais, dados respectivamente pelo Espírito Santo. Como as divisões do
tabernáculo estão em ordem crescente, o Lugar Santíssimo representa a plenitude
de Deus no crente. Este crente revela, então resultados dessa posição através
de muito fruto. Jesus falou da vara em três fases distintas de frutificação :
fruto, mais fruto e muito fruto. Jo 15.1-5 - “Eu sou a videira verdadeira, e
meu Pai é o viticultor. (v.2) Toda vara em mim que não dá fruto, ele a corta; e
toda vara que dá fruto, ele a limpa, para que dê mais fruto. (v.3) Vós já
estais limpos pela palavra que vos tenho falado. (v.4) Permanecei em mim, e eu
permanecerei em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não
permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim. (v.5) Eu
sou a videira; vós sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá
muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” Isso corresponde a 30, 60 e 100
por um. O Apóstolo João escreveu aos filhinhos, aos jovens e aos pais, como
crentes em três estágios : No pátio, no Santuário e no Santo dos Santos.”
(EBAH)
SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ
“Há
um processo de santificação do espírito humano. Pouco importando o que você
diga, se o seu espírito não for completamente santificado, você sempre estará
em perigo. É aquela situação em que o diabo tem a chance de trabalhar em você.
Portanto,
somos ensinados a estar em santificação, na qual os rudimentos, impurezas, os
afetos descomedidos e as corrupções acabam por causa da incorrupção permanente.
Na santificação, todos os tipos de luxúria perdem seu poder.
Este
é o plano. Somente nesta busca ideal é que Deus nos abençoa em nosso estado de
purificação para que deixemos nossa posição terrena e subamos com Ele em
glória. Os santos de Deus, à medida que avançam em perfeição e santidade,
entendendo a mente do Espírito de vida, são levados a um lugar muito abençoado
– o lugar de santidade, o lugar de inteira santificação, o lugar onde Deus é
entronizado no coração.
A
mente santificada está tão concentrada no poder de Deus, que o santo pensa nas
coisas que são puras e vive sob predomínio santo, em que ele experimenta
diariamente o poder e a liberdade de Deus” (WIGGLESWORTH, Smith. Devocional.
Série: Clássicos do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD,
2003, pp.134-35).
CONCLUSÃO
Nesta lição,
percorremos o Lugar Santíssimo. Ele representa a presença santíssima e gloriosa
de Deus no meio do seu povo. Esse lugar, especial e único do Tabernáculo,
mostra o que o Senhor Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote Perfeito, fez ao rasgar o
véu da separação. Diferentemente daqueles dias, onde o Lugar Santo não era
aberto a todas as pessoas, hoje, por meio da obra de Cristo, podemos entrar ao
trono de Deus com ousadia e confiança.
O Santo dos Santos, assim como o Tabernáculo em
geral, apontava para uma realidade superior. Tudo isso era temporário e
insuficiente em si mesmo. Somente uma pessoa podia entrar no Santo dos Santos,
e isso significa que não havia uma plena aproximação de Deus. Então jamais a
promessa da Nova Aliança poderia se cumprir no Santo dos Santos dentro do
santuário terreno. Através do profeta Jeremias, Deus prometeu: “Conhecei ao
Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor até o maior deles” (Jr
31.31-34). Como uma promessa assim poderia se cumprir no Santo dos Santos
terreno? Isso era impossível! Por isso o escritor de Hebreus aplicou essa
profecia de forma a mostrar a superioridade da Nova Aliança (Hb 8.8-13).
Durante a crucificação de Jesus, no momento de sua morte, o véu do Templo que
isolava o Santo dos Santos foi rasgado de cima a baixo (Mt 27.51). Usando uma
figura de linguagem, o escritor de Hebreus identifica o véu dos Santos dos
Santos com o corpo de Jesus Cristo (Hb 10.20). Ele entendeu que quando o véu do
Templo foi rasgado, a entrada no Santo dos Santos foi liberada àqueles que
foram redimidos por Cristo, cujo corpo foi rasgado no Calvário. Através do
sangue derramado do Filho de Deus, o caminho para o Santo dos Santos celestial
foi aberto. Hoje, pelo sangue de Jesus, podemos entrar com plena confiança no
verdadeiro Santo dos Santos e se achegar ao trono da graça de Deus (Hb 4.16;
10.19). (ESTILOADORACAO).
“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a
tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome
sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16)
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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