sexta-feira, 24 de maio de 2019

LIÇÃO 8: O LUGAR SANTÍSSIMO



SUBSÍDIO I

O LUGAR SANTÍSSIMO

O Lugar Santíssimo era, indubitavelmente, o principal lugar de toda a estrutura do Tabernáculo. Lá estavam a Arca da Aliança com seu propiciatório e os dois querubins com forma humana e protegendo aquele lugar. Era o lugar da habitação de Deus. Figuradamente, estava naquela Arca o Trono de Deus. 
Depois da leitura do texto básico deste capítulo, podemos mentalmente descrever e pormenorizar todos os móveis contidos no Átrio, no Lugar Santo e no Lugar Santíssimo. Na parte exterior do Tabernáculo, a partir da porta do Átrio (ou Pátio), encontramos o altar do Holocausto e a Bacia do Lavatório. Em seguida, entramos no interior da Tenda do Tabernáculo e temos a primeira parte, que é o Lugar Santo, chamado Santuário. Nessa parte, deparamo-nos com a Mesa dos Pães da Proposição, o Castiçal de Ouro e o Altar de Incenso em frente ao Véu de entrada para o Lugar Santíssimo. Depois do véu desenhado com querubins, estava o Lugar Santíssimo, no qual estava a Arca do Concerto (ou da Aliança, ou do Testemunho). Esse último lugar, o Santo dos Santos (ou Lugar Santíssimo) era o símbolo da santidade de Deus, que tornava inacessível a entrada de pecadores, senão através do sumo sacerdote. 

– O VÉU DO LUGAR SANTÍSSIMO: O Véu Era uma Barreira ao Acesso à Presença de Deus 

O segundo compartimento ocidental do Tabernáculo onde estava a Arca da Aliança tinha um véu azul como uma cortina que separava as duas partes do Santuário; era um símbolo da santidade de Deus inacessível aos pecadores. Ninguém podia ousar entrar no “Lugar Santíssimo”, até que Jesus enfrenta o Calvário e faz-se o cordeiro expiador. 
Quando Cristo expirava lá fora na cruz, o seu espírito entra no Lugar Santíssimo com o seu próprio sangue expiador, porque Ele fez-se o Cordeiro divino e, com o seu próprio sangue, entra ante o Propiciatório e asperge-o sobre a Arca da Aliança, expiando a culpa do mundo todo (ver Hb 7.25-27). Então, o véu rasga-se de alto a baixo e escancara o acesso à presença do Altíssimo. Antes, uma vez por ano, o sacerdote entrava com o sangue da expiação; agora, em uma só vez por todas, Cristo fez-se o Sumo Sacerdote e ministra com o seu próprio sangue (ver Hb 9.6,7). 
O véu era uma cortina feita de linho fino branco tecido com fios que tinham as cores azul, púrpura e carmesim. Esse véu tinha o propósito de separar o Lugar Santo do Lugar Santíssimo, no qual estava a Arca da Aliança (Êx 26.33). Esse véu impedia a entrada de qualquer israelita, exceto a do sumo sacerdote, que podia entrar uma vez por ano, no dia da Grande Expiação. Esse véu, portanto, era uma barreira para o homem comum. Na língua hebraica, o vocábulo “véu” é paroketh, que advêm de uma raiz que significa “separar”.

O Significado do Véu Interior e seu Paralelismo com a Obra Expiatória de Jesus

No NT, esse mesmo vocábulo grego é katapetasma, que representa o véu interior, ou seja, a cortina entre o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo. Quando Jesus estava na cruz — e depois de expirar —, Ele ministrou intercessoramente no Lugar Santo no Altar de Incenso (Hb 7.25) e, depois, com seu próprio sangue, entrou no Lugar Santíssimo para ministrar por todo o mundo (ver Hb 9.6,7). 
Um teólogo do passado chamado Truman fez um paralelo entre o Evangelho de João e o Tabernáculo, escrevendo assim:
Os capítulos 1 a 12 de João contêm o ministério público de Jesus, correspondendo ao Pátio, para o qual os israelitas traziam suas ofertas pelos seus pecados. Os versículos do capítulo 12.44-50 indicam as últimas palavras do seu ministério público.
O capítulo 13 tem relação com a necessidade de limpeza, e Cristo explicou-lhes essa necessidade dos seus discípulos passarem pela fonte de bronze (o lavabo de bronze) como preparação para o ministério do Espírito Santo na terra depois que Jesus cumprir sua missão expiatória.
Os capítulos 14 a 16 sugerem que Cristo entra no Lugar Santo e ensina aos seus discípulos a necessidade de orar e o papel do Espírito Santo nesse lugar na vida da igreja futura.
O capítulo 17 apresenta Cristo a sós no Lugar Santíssimo, intercedendo em favor dos seus discípulos diante do Pai. Esse capítulo se revela como a oração sumo sacerdotal.

O Véu Tinha um Bordado Especial com a Figura de Querubins (Êx 26.31)

Alguns teólogos opinam que os querubins não representam seres humanos, nem anjos. Eles opinam que esses querubins representam as obras e as manifestações gloriosas do Espírito Santo na vida de Cristo, envolvendo seu nascimento, vida, ministério terrestre, morte e ressurreição do Senhor Jesus. Entretanto, discordamos dessa opinião e entendemos que os querubins são uma classe de anjos que servem aos interesses de Deus, protegendo seu Trono e manifestando a sua glória. 
O que a Escritura do livro de Êxodo deixa claro é que os querubins são seres angelicais e independentes de qualquer forma física, mas que podem tomar a forma que quiserem para as manifestações do poder de Deus. 
Deus ordenou a Moisés que fosse bordada à mão a figura de querubins, que tinham uma mistura de figura de homens e seres alados. Pergunta-se, qual a razão desses querubins naquele véu? A história celestial conta que um querubim havia recebido do Criador poderes especiais delegados por Deus de liderança angelical. No entanto, esse querubim chamado Lúcifer encheu-se de presunção e orgulho, querendo ser igual a Deus. Ele, então, foi expulso da presença do Senhor, tornando-se arqui-inimigo da Divindade (ver Ez 28.14). Sua queda desonrou toda a classe angelical. Os querubins são uma classe de seres espirituais diretamente ligados ao Trono de Deus. A figura dos querubins pintados naquele véu interior lembra ao homem que o Trono de Deus está protegido de qualquer contaminação do pecado. Por isso, eles foram esculpidos sobre o Propiciatório com as asas voltadas para a Arca da Aliança para protegê-la (ver Êx 25.18-22).

As quatro Cores do Véu Compreendidas na Escritura de Filipenses 2.5-11 

Essencialmente, o objetivo primário do Tabernáculo e seus móveis sagrados é tipificar a Cristo. Cada um dos tecidos que compunham o Véu entre o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo apontava para uma faceta do caráter pleno de Jesus Cristo. As quatro cores falam, de fato, das glórias de Cristo segundo a compreensão que podemos ter da escritura de Paulo aos Filipenses 2.5-11. 
A cor azul indicava a fala de Jesus, “que, sendo em forma de Deus” (Fp 2.6), fez-se o Verbo divino que se fez carne, e isso revelava a Jesus como o Filho de Deus, a sua divindade. 
A cor carmesim é identificada com o Cristo que “tomou a forma de servo”. Ela fala de Cristo como aquEle que se identificou como “o Filho do homem” e “o Servo sofredor”, que “aniquilou-se a si mesmo, [...] sendo obediente até à morte” (Fp 2.7,8). 
A cor branca do linho branco revelava a imagem daquEle que se fez “semelhante aos homens” (Fp 2.7), sendo o servo perfeito de Deus no mundo dos homens. 
A cor púrpura indicava a sua realeza, identificando-se com a escritura que diz “que Deus o exaltou soberanamente” (Fp 2.9).  
Outrossim, o Véu representava a carne de Cristo e expressava a sua humanidade (ver Êx 36.35). O trançado dos fios que formava o véu fala da união da natureza divina com a natureza humana na pessoa de Jesus, indicando a sua perfeição absoluta como Deus e como Homem. O texto de Hebreus 10.19,20 consuma essa tipologia quando diz: “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne”.

Texto extraído da obra “O TABERNÁCULO”, editada pela CPAD. 

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

O Lugar Santíssimo era o local mais reservado do Tabernáculo. Ele representava a plenitude da presença de Deus que habitava entre o povo de Israel. Por isso, nesta lição, estudaremos a posição do véu no Lugar Santíssimo, o propósito desse véu e a dimensão do Lugar Santíssimo, bem como a sua relação com a obra expiatória de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. De fato, é uma lição que edificará a nossa vida.
Qual a importância do véu do templo ter sido partido em dois quando Jesus morreu? A beleza dessas cortinas somente podia ser observada do lado de dentro, sendo que a espessa coberta protetora externa feita de pelos de cabrito e pele de carneiro (v. 14), a ocultavam da visão de Iodos, exceto dos sacerdotes que adentravam. Hebreus 9.1-9 nos diz que no Templo um véu separava o Santo dos Santos – a habitação terrena da presença de Deus- do resto do Templo onde os homens habitavam. Isso significava que o homem era separado de Deus pelo pecado (Is 59.1-2). Apenas o Sumo Sacerdote tinha a permissão de passar pelo véu uma vez por ano (Êx 30.10; Hb 9.7), de entrar na presença de Deus representando Israel e de fazer expiação pelos seus pecados (Lv 16). – Dito isto, convido-o a pensar maduramente a fé cristã!

I. O VÉU DO LUGAR SANTÍSSIMO
                                                                 
1. O véu como barreira ao livre acesso à Presença de Deus. O véu era uma cortina feita de linho fino branco entretecido com fios de cores azul, púrpura e carmesim. O propósito desse véu era separar o Lugar Santíssimo, no qual estava a Arca da Aliança (Êx 26.33), do Lugar Santo. No Lugar Santíssimo só podia entrar o Sumo Sacerdote, e somente uma vez ao ano, no dia da Expiação. O israelita comum não podia entrar nesse lugar, o que demonstra que o véu era uma barreira para o homem comum. A narrativa bíblica revela o significado especial do ato, de quando Jesus estava na cruz, expiando o nosso pecado. Ele ministrou intercessoriamente por nós por meio de seu sangue no “Lugar Santíssimo”, rasgando o véu da separação. A ministração de Cristo foi em favor de todo o mundo e não apenas por uma parcela especial ou étnica da humanidade (Hb 9.11-14 cf. Jo 3.16).
Alan Cole faz um comentário interessante: “O véu separava um terço da área do Tabernáculo. A tenda era pequena (digamos 15 metros por 5 metros) comparada a qualquer templo moderno. Além disso, não possuía aberturas para ventilação e era escura, a não ser pela luz do candelabro de ouro e a pouca luz que acidentalmente ali penetrava quando o reposteiro que ficava sobre a porta da tenda era levantado para permitir a entrada dos sacerdotes. O candelabro ficava no "santo lugar’’: o santo dos santos ficava absolutamente às escuras, por detrás do espesso véu. Todavia, a escuridão e o frescor do interior do Tabernáculo seriam um grande alívio depois do ofuscante calor do deserto (observe quantas vezes a "sombra" de YHWH é mencionada como um símbolo de refrigério e salvação, por exemplo, Sl 17:8) e sua extrema escuridão, a partir do Sinai, passou a ser um símbolo apropriado para Deus (1 Rs 8:12)” (COLE, Alan, Ph.D. Êxodo, Introdução e Comentário. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. São Paulo, 1963).  “O Templo de Salomão tinha 30 côvados de altura (1 Reis 6:2), mas Herodes tinha aumentado sua altura para 40 côvados de acordo com as escritas de Josefo, um historiador do primeiro século. Não temos certeza a que um côvado se compara em metros e centímetros, mas podemos supor que esse véu tinha mais ou menos 18 metros de altura. Josefo também nos diz que o véu tinha 12 cm de grossura, e que cavalos puxando o véu dos dois lados não podiam parti-lo. A narrativa no livro de Êxodo nos ensina que esse grosso véu era feito de material azul, roxo e escarlate e de linho fino torcido. O tamanho e grossura do véu deram muito mais importância aos eventos que aconteceram no exato momento da morte de Cristo na cruz. “E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo” (Mateus 27:50-51a).” (GOTQUESTIONS). A missão de Jesus Cristo está ligada de maneira inseparável ao supremo amor de Deus pelo "mundo" perverso e pecador da humanidade (Jo 6.32,51; 12.47; Mt 5.44-45), que está em rebelião contra Deus. Em João 3.16, a expressão "de tal maneira” enfatiza a intensidade ou grandeza do amor de Deus. O Pai deu o seu único e amado Filho para morrer em favor dos homens pecadores (2Co 5.21).

2. O véu tinha um bordado especial com a figura de querubins (Êx 26.31). Deus ordenara que se bordassem no véu, à mão, as figuras de querubins. Uma pergunta relevante cabe aqui: qual a razão desses querubins serem bordados no véu? A Bíblia registra a história da rebelião de um querubim presunçoso e orgulhoso que desejava ser igual a Deus. Mas ele foi expulso para sempre da presença do Altíssimo (Ez 28.14). O nome desse querubim, hoje, é Satanás, o anjo que rebelou-se contra Deus e, também, levou com ele uma parte dos seres angelicais. As figuras de querubins bordadas no véu lembram ao homem que o Trono de Deus está cercado desses seres angelicais, refletindo a santidade do Altíssimo. Eles também foram esculpidos sobre o Propiciatório com as asas voltadas para a Arca da Aliança com o objetivo de protegê-la (Êx 25.18).
Querubins são seres angélicos envolvidos em adorar e louvar a Deus. Os querubins são mencionados na Bíblia pela primeira vez em Gênesis 3.24. Antes de rebelar-se, Satanás era um querubim (Ez 28.12-15). O tabernáculo e o templo, assim como os seus pertences, continham muitas representações de querubins (Êx 25.17-22; 26.1,31; 36.8; 1Rs 6.23-35; 7.29-36; 8.6-7; 1Cr 28.18; 2Cr 3.7-14; 2Cr 3.10-13; 5.7-8; Hb 9.5). Esses dois querubins esculpidos são uma representação dos dois querubins que guardaram as portas do Éden (Gn 3.24). Esses mesmos querubins também eram bordados no véu que dividia o lugar santo do santo dos santos. Após o véu do templo ser rasgado, os querubins que guardavam as portas do jardim foram dispensados de suas posições. O caminho está livre, não existe mais sentinelas na porta do jardim!

3. O véu e o trançado de seus fios. Para nós, o tabernáculo e seus móveis sagrados tipificam o Senhor Jesus. Logo, podemos destacar o seguinte: os tecidos que constituíam o véu que demarcava o Lugar Santo e o Santíssimo é símbolo do caráter santo e pleno de nosso Senhor. Assim, a cor azul aponta para a sua divindade; a púrpura, para a sua realeza; a branca, para sua santidade; o carmesim, para a sua obra expiatória por toda a humanidade. Ainda, o escritor aos Hebreus traz uma imagem forte e viva do véu, juntamente com seus fios trançados, que representava, na “carne” de Cristo, a união da natureza humana e divina de nosso Senhor: “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne” (10.19,20).
O véu do Tabernáculo representava uma triste verdade: o homem é pecador e é vedado O caminho para ele ir sozinho a Deus (Ex 26.33; Lv 16.2, “que não entre no santuário em todo o tempo, para dentro do véu, diante do propiciatório que está sobre a arca, para que não morra; porque Eu aparecerei na nuvem sobre o propiciatório”; Is 59.1-3, “Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça”; Rm 3.23, “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”). O véu do Tabernáculo era feito de linho fino torcido com azul, púrpura, carmesim, com a imagem de querubins de obra prima bordada nele. Desde que tudo no Tabernáculo eram sombras ou tipos simbólicos de Cristo, esse material apontava ao Cristo.
• O azul representava: Natureza Celestial de Cristo, Cristo O Espiritual, ou homem celestial (1Co 15.47,48; Jo 1.18; Hb 7.26); a origem celestial de Cristo.
• A púrpura representava: Realeza, Soberania de Cristo, o “Rei dos reis, e Senhor dos senhores” (Ap 19.16; Mc 15.17-18).
• O carmesim representava: Sacrifício (Ap 5.9-10; Nm 19.6; Lv 14.4; Hb 9.11-14, 19, 23, 28).
• O linho fino representava: Justiça, Cristo é o Justo, e os que são dEle tem a Sua justiça (2Co 5.21; Ap 19.8; 1Co 1.30). Sendo torcido, era dobrado o fio seis vezes fazendo o véu grosso e pesado (Gill).
• O branco, do linho fino torcido representava: perfeição, pureza e santidade de Deus em Cristo, e aos que são lavados no sangue de Cristo (Ap 7.9-17; Sl 132.9).” (PALAVRAPRUDENTE)
Quando a carne de Jesus foi rasgada em sua crucificação, o mesmo aconteceu com o véu do templo que simbolicamente separava as pessoas da presença de Deus (Mt 27.51). Quando o sumo sacerdote no dia da Expiação entrava no Santo dos Santos, o povo aguardava do lado de fora que ele saísse. Ao entrar no templo celestial, Cristo não voltou. Pelo contrário, ele abriu a cortina e expôs o Santo dos Santos para que pudéssemos segui-lo. Em Hebreus 10.20, "carne" é usada como "corpo" (v. 10) e "sangue" (Hb 9.7,12,14,18,22) para se referir à morte sacrifical do Senhor Jesus.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Você pode iniciar a aula fazendo a seguinte pergunta: Qual a diferença entre o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo? Com essa pergunta, a ideia é ligar o tema da lição anterior ao tema presente a fim de que a exposição desta lição faça uma diferença clara entre os dois lugares do Tabernáculo.
Para ilustrar a aula, você pode reaproveitar a imagem panorâmica do Tabernáculo que usamos na primeira lição deste trimestre.

II. O PROPÓSITO DO VÉU INTERIOR

1. O véu era um símbolo da presença de Deus no Lugar Santíssimo. Ora, ninguém podia ver a Deus e continuar vivo (Êx 33.20), mas os homens podiam ver o véu que indicava a presença divina no outro lado. Em Hebreus, o véu tipifica a “carne” de Cristo, que encobria a presença divina em seu corpo (1Tm 6.16; Jo 1.18; 14.9; Cl 1.15,16).
O propósito de um Véu é cobrir ou ocultar da vista (2Co 3.13-16, Is 25.7). O véu do tabernáculo ocultava da vista o Santo dos Santos. Ele formava uma barreira entre a glória de Deus e o homem pecador (Lv 16.2). Medidas de precaução foram necessárias para que Deus respondesse apenas parcialmente aos pedidos de Moisés de ver mais dele do que já estava vendo (cf. Nm 12.8) — de outro modo ele morreria. Muito embora Deus fosse gracioso e compassivo para qualquer pessoa que escolhesse, Moisés não poderia ver a face de Deus e viver. Tudo o que viu da natureza de Deus se transformado em luz ardente é chamado de "costas de Deus" e nunca foi descrito por Moisés depois (cf. Jo 1.18; 1 Jo 4.12). Deus é invisível em espírito (1Tm 1.17; Jó 23.8-9; Jo 1.18; 5.37; Cl 1.1.5) e, por essa razão, é inalcançável no sentido de que o homem pecador nunca viu e nunca poderá ver a plenitude de sua glória (Êx 33.20; Is 6.1-5). Em Hebreus 10.19-20 aprendemos que a carne de Cristo foi simbolicamente tipificada pelo véu interno do tabernáculo. Nosso Salvador tomou sobre Si mesmo a forma humana ocultando assim a Sua glória (Fp 2.5-11, Rm 8.3). Somente no Monte da Transfiguração é que Sua glória divina refulgiu (Mt 17.1-2). Da mesma maneira, o véu do tabernáculo ocultou da vista dos homens a glória e a presença de Deus.

2. O véu: um impeditivo ao acesso à presença de Deus (Lv 16.2; Hb 9.8). A separação que o véu interior fazia dos dois lugares sagrados, o Lugar Santo e Lugar Santíssimo, demarcava também os lugares de atuação dos sacerdotes. No Lugar Santo, era permitida a entrada dos sacerdotes comuns; no Santíssimo, a do sumo sacerdote.
O sistema Levítico não fornecia ao povo acesso direto à presença de Deus. Pelo contrário, ele afastava o povo. A proximidade tinha de ser fornecida de outra maneira. Essa é a lição primordial que o Espírito Santo dá acerca do tabernáculo. O ensino mostra como Deus é inacessível sem a morte de Jesus Cristo. Por meio da instrução inspirada do Espírito dada acerca do Lugar Santíssimo, Deus eslava mostrando que não havia um caminho para ele no sistema cerimonial. Somente Cristo poderia abrir o caminho (Jo 14.6). Em Hebreus 10.20 entendemos que Cristo estabeleceu através de seu sacrifício um “novo” caminho. No grego, o significado original da palavra “novo” é "recém-imolado", mas foi interpretada como "recente" quando a epístola foi escrita. O caminho é novo porque a aliança é nova. Não é um caminho fornecido pelo sistema Levítico. Embora seja o caminho da vida eterna, ele não foi aberto apenas pela vida impecável de Cristo — ele exigiu a sua morte. Os hebreus foram convidados a entrar nesse caminho que é caracterizado pela vida eterna do Filho de Deus que os amou e entregou-se por eles (Jo 14.6; Gl 2.20). Quando a carne de Jesus foi rasgada em sua crucificação, o mesmo aconteceu com o véu do templo que simbolicamente separava as pessoas da presença de Deus (Mt 27.51). Quando o sumo sacerdote no dia da Expiação entrava no Santo dos Santos, o povo aguardava do lado de fora que ele saísse. Ao entrar no templo celestial, Cristo não voltou. Pelo contrário, ele abriu a cortina e expôs o Santo dos Santos para que pudéssemos segui-lo. Aqui "carne" é usada como "corpo" (v. 10) e "sangue" (9.7,12,14,18,22) para se referir à morte sacrifical do Senhor Jesus.

3. O véu indicava o caminho à presença de Deus. Sabemos que o sumo sacerdote podia entrar no lugar santíssimo, não por méritos pessoais nem pela formosura do véu, senão mediante o sangue da expiação (Lv 16.15). A única função dele era expiar o próprio pecado e o do povo. Por isso, toda a orientação divina quanto à pureza do sumo sacerdote e de sua casa era rigorosa. Hoje, a obra expiatória de Jesus é o único meio que temos para achegar-nos à presença de Deus (Ef 2.8,9; Hb 10.19,20). Graças ao nosso amado Senhor, já não há mais separação nem muro entre nós e Deus, pois Cristo é o perfeito mediador entre Deus e os homens (1Tm 2.5).
A fé cristã era conhecida como "o caminho" entre os judeus de Jerusalém (At 9.2), bem como entre os gentios (At 19.23). Aqueles que receberam essa epístola entenderam com muita clareza que o escritor os estava convidando a se tornarem cristãos — a se unirem àqueles que: haviam sido perseguidos por causa da fé que professavam. Os verdadeiros cristãos no meio deles estavam sofrendo perseguição naquele momento, e aqueles que não haviam se comprometido com o caminho eram convidados a se tornarem alvos da mesma perseguição. Assim, Jesus Cristo é o nosso Mediador - referindo-se a alguém que intervém entre duas partes para resolver um conflito ou para ratificar um pacto. Ele é o único "Mediador" que pode restaurar a paz entre Deus e os pecadores (Hb 8.6; 9.15; 12.24). Cristo Jesus, ele mesmo um homem, somente o Deus-Homem perfeito poderia juntar o Criador o a raça humana (Jó 9.32-33).

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

A revelação das Escrituras Sagradas mostra para nós que a salvação pela graça, hoje, é uma doutrina clara e límpida, pois “no Novo Testamento, a ‘graça’, como o dom imerecido mediante o qual as pessoas são salvas, aparece primariamente nos escritos de Paulo. É um ‘conceito central que expressa mais claramente seu modo de entender o evento da salvação... demonstrando livre graça imerecida. O elemento da liberdade ... é essencial’. Paulo enfatiza a ação de Deus, e não a sua natureza. ‘Ele não fala do Deus gracioso; fala da graça concretizada na cruz de Cristo’. Em Efésios 1.7, Paulo afirma: ‘Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça’, pois ‘pela graça sois salvos’ (Ef 2.5,8)” (HORTON, M. Horton (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.344-45).


III. COMO ERA O LUGAR SANTÍSSIMO?

1. O Lugar Santíssimo tinha o formato quadrangular. O Lugar Santíssimo é conhecido também como o “Santo dos Santos”. Um lugar quadrangular, na forma de um cubo, que media dez côvados de altura, dez de largura e dez de comprimento. É importante destacar, aqui, que as medidas do Lugar Santíssimo, no sistema decimal, possuem números diferenciados, uma vez que pesos, medidas e valores hebraicos são obscuros, e o resultado sempre produz algumas pequenas diferenças numéricas. De acordo com a Bíblia de Estudo Pentecostal, um côvado equivalia à medida de dois palmos ou ao tamanho de nosso antebraço, o equivalente, portanto, a 45 centímetros. Era menor que o Lugar Santo. O Lugar Santíssimo tipificava o Trono de Deus em Israel.
Era no Lugar Santíssimo que a própria presença de Deus, com sua glória manifesta habitava. Era ali que Deus se comunicava com o homem, habitando no meio do povo de Israel, assim como hoje Cristo habita no meio de seu povo, a Igreja. Pois onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles (Mt 18.20). Seu formato, como já explicado, era de uma sala em cubo. Suas medidas foram dadas em Côvados - medida de comprimento que foi usada por diversas civilizações antigas. Era baseado no comprimento do antebraço, da ponta do dedo médio até o cotovelo. Ninguém sabe quando esta medida entrou em uso. O côvado era usado regularmente por vários povos antigos, entre eles os babilônios, egípcios e hebreus. O côvado real dos antigos egípcios media 50cm. O dos romanos media 45cm. O Santo dos Santos estava diretamente relacionado à manifestação da presença de Deus. O Santo dos Santos significava a própria sala do trono de Deus entre o povo da aliança. No Santo dos Santos a presença de Deus era revelada mais intensamente. Naquele lugar o Senhor se encontrava de forma mais íntima e pessoal com seu povo. Mas como foi dito, esse encontro acontecia através do sumo sacerdote, após rígidos preparos especiais.

2. O lugar continha apenas um mobiliário: A Arca da Aliança. A Arca da Aliança tipificava a plenitude da presença de Deus: sua santidade, glória e majestade. Ali, Deus habitava entre o seu povo! No Novo Testamento, essa imagem revela o que Paulo escreveu aos efésios: “para que Cristo habite, pela fé, no vosso coração; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus” (Ef 3.17-19).
Dentro desse ambiente ficava a Arca da Aliança. Somente o sumo sacerdote tinha autorização para entrar no Santo dos Santos.  A única peça de mobília desse lugar era uma caixa revestida de ouro, indicava a relação de aliança entre Deus e seu povo. Essa arca, simbolizava que a única maneira do homem entrar diante de Deus era através de uma aliança com Ele. Cristo é a base da aliança de nosso acesso a Deus (Hb 12.24; Mt 26.28).

3. O que podemos aprender por Trono de Deus e a importância do Lugar Santo? O Lugar Santo era a antessala do Lugar Santíssimo; o que mostra o caráter santo da presença de Deus representada na Arca da Aliança, porque o Deus Santo e glorioso ali estava. Não percamos de vista a dimensão da santidade e da glória de Deus. Sejamos santos e não desprezemos o sacrifício de nosso Senhor Jesus (Hb 10.26,27). Cuidado! A Palavra de Deus nos alerta que o nosso adversário “anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1Pe 5.8). Vigiemos! Temamos ao Deus santo e glorioso!
O Santo lugar revelava o ministério de Cristo tabernaculando entre os homens. O Santo dos Santos ou Lugar Santíssimo, era onde o divino se encontrava com o humano. Aqui era o lugar onde Sumo-Sacerdote - principal sacerdote - (Hb 9.7) entrava uma vez por ano para oferecer o sangue sobre o Propiciatório. Este dia veio a ser conhecido como Yom Kippur (Dia do Perdão) até hoje celebrado entre os Judeus. O Santo dos Santos era o principal lugar do Tabernáculo; na verdade ele era a razão da existência do Tabernáculo.
O mais solene e importante lugar do tabernáculo, chamado Lugar Santíssimo ou Santo dos Santos, era quadrado de cerca de cinco metros de cada lado. Nesse lugar o sacerdote entrava uma vez por ano, no décimo dia do sétimo mês, levando consigo o sangue da expiação e também o incensário de ouro em que se queimava o incenso santo. A língua portuguesa é muito pobre em relação a hebraica, nós não temos uma palavra para exprimir a santidade de Deus, então usamos o termos Santo dos Santos. Seguindo o caminho do Santo dos Santos, o cristão vai experimentar na sua vida espiritual as virtudes da fé (no pátio), da esperança (no Santuário) e do amor, como maior de todas as virtudes. O amor se relaciona com Deus Pai, que é quem faz com que se manifestam, no crente, os efeitos dos dons e ministérios espirituais, dados respectivamente pelo Espírito Santo. Como as divisões do tabernáculo estão em ordem crescente, o Lugar Santíssimo representa a plenitude de Deus no crente. Este crente revela, então resultados dessa posição através de muito fruto. Jesus falou da vara em três fases distintas de frutificação : fruto, mais fruto e muito fruto. Jo 15.1-5 - “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o viticultor. (v.2) Toda vara em mim que não dá fruto, ele a corta; e toda vara que dá fruto, ele a limpa, para que dê mais fruto. (v.3) Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado. (v.4) Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim. (v.5) Eu sou a videira; vós sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” Isso corresponde a 30, 60 e 100 por um. O Apóstolo João escreveu aos filhinhos, aos jovens e aos pais, como crentes em três estágios : No pátio, no Santuário e no Santo dos Santos.” (EBAH)


SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ

“Há um processo de santificação do espírito humano. Pouco importando o que você diga, se o seu espírito não for completamente santificado, você sempre estará em perigo. É aquela situação em que o diabo tem a chance de trabalhar em você.
Portanto, somos ensinados a estar em santificação, na qual os rudimentos, impurezas, os afetos descomedidos e as corrupções acabam por causa da incorrupção permanente. Na santificação, todos os tipos de luxúria perdem seu poder.
Este é o plano. Somente nesta busca ideal é que Deus nos abençoa em nosso estado de purificação para que deixemos nossa posição terrena e subamos com Ele em glória. Os santos de Deus, à medida que avançam em perfeição e santidade, entendendo a mente do Espírito de vida, são levados a um lugar muito abençoado – o lugar de santidade, o lugar de inteira santificação, o lugar onde Deus é entronizado no coração.
A mente santificada está tão concentrada no poder de Deus, que o santo pensa nas coisas que são puras e vive sob predomínio santo, em que ele experimenta diariamente o poder e a liberdade de Deus” (WIGGLESWORTH, Smith. Devocional. Série: Clássicos do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.134-35).

CONCLUSÃO

Nesta lição, percorremos o Lugar Santíssimo. Ele representa a presença santíssima e gloriosa de Deus no meio do seu povo. Esse lugar, especial e único do Tabernáculo, mostra o que o Senhor Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote Perfeito, fez ao rasgar o véu da separação. Diferentemente daqueles dias, onde o Lugar Santo não era aberto a todas as pessoas, hoje, por meio da obra de Cristo, podemos entrar ao trono de Deus com ousadia e confiança.
O Santo dos Santos, assim como o Tabernáculo em geral, apontava para uma realidade superior. Tudo isso era temporário e insuficiente em si mesmo. Somente uma pessoa podia entrar no Santo dos Santos, e isso significa que não havia uma plena aproximação de Deus. Então jamais a promessa da Nova Aliança poderia se cumprir no Santo dos Santos dentro do santuário terreno. Através do profeta Jeremias, Deus prometeu: “Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor até o maior deles” (Jr 31.31-34). Como uma promessa assim poderia se cumprir no Santo dos Santos terreno? Isso era impossível! Por isso o escritor de Hebreus aplicou essa profecia de forma a mostrar a superioridade da Nova Aliança (Hb 8.8-13). Durante a crucificação de Jesus, no momento de sua morte, o véu do Templo que isolava o Santo dos Santos foi rasgado de cima a baixo (Mt 27.51). Usando uma figura de linguagem, o escritor de Hebreus identifica o véu dos Santos dos Santos com o corpo de Jesus Cristo (Hb 10.20). Ele entendeu que quando o véu do Templo foi rasgado, a entrada no Santo dos Santos foi liberada àqueles que foram redimidos por Cristo, cujo corpo foi rasgado no Calvário. Através do sangue derramado do Filho de Deus, o caminho para o Santo dos Santos celestial foi aberto. Hoje, pelo sangue de Jesus, podemos entrar com plena confiança no verdadeiro Santo dos Santos e se achegar ao trono da graça de Deus (Hb 4.16; 10.19). (ESTILOADORACAO).

Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16)

Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

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