SUBSÍDIO I
Cheios do Espírito de Deus para
Realizar a Obra
Ao escolher Bezalel e Aoliabe,
Deus investiu em suas vidas para que os mesmos fossem inspirados e inventivos
para fazerem cada peça do Tabernáculo. Toda a criatividade de Bezalel e Aoliabe
obedeceria ao plano original de Deus entregue a Moises. Nada poderia ser feito
ao bel-prazer, mas, sim, de acordo com o plano original. Moisés teve a garantia
de que aqueles dois homens e todos aqueles que os ajudariam nas várias
atividades seriam cheios do Espírito de Deus (Êx 31.3). Essa concessão seria
manifestada em sabedoria, entendimento e ciência para a realização de todas as
atividades que envolviam habilidades com metais, madeiras e peles. Todas as
peças fabricadas para o Tabernáculo tinham significados especiais. Esse era o
modo de Deus fazer conhecida a sua vontade e o seu desejo de habitar com o povo
de Israel. Toda a simbologia constitui-se figura de representação da realidade
espiritual. Para o ministério cristão, o requisito para a obra de Deus ser
feita é ser cheio do Espírito Santo (ver Ef 5.18).
A Prerrogativa de Deus (Êx
31.1,2)
É prerrogativa de
Deus o direito de chamar quem Ele quiser. Quando Ele chama, assim o faz por
nome, como fez com Moisés, Bezalel e Aoliabe. Deus é Soberano e conhece
particularmente cada pessoa no mundo. Na Igreja, o método divino é o mesmo.
Para o serviço do Tabernáculo, o Senhor escolheu aqueles que tinham habilidade
para fazer determinada obra e encheu-os de conhecimento e ciência. Quando Jesus
escolheu seus discípulos, Pedro foi especialmente escolhido para trabalhar com
os judeus; mais tarde, Paulo foi escolhido para evangelizar os gentios.
Para tornar suas
habilidades ainda mais precisas, Bezalel e Aoliabe tiveram a provisão de Deus,
que lhes concedeu sabedoria e ciência. Na Igreja, Deus tem concedido dons a
pessoas que são investidas de sabedoria para edificarem espiritual, moral e
doutrinariamente o corpo de Cristo. Os ministros de Deus tornam-se sábios
arquitetos e construtores da Igreja de Deus (ver 1 Co 3.9).
Os Talentos (Habilidades) de
Bezalel e Aoliabe (Êx 31.1-6)
Bezalel fora especialmente
escolhido por Deus por ser um artesão altamente profissional e por saber
trabalhar com ouro, prata e cobre, além de outros materiais como madeira e
pele. Bezalel sabia lavrar esses metais com esmero, bem como madeira para a
confecção das peças sob medida que seriam utilizadas no Tabernáculo. Ele e
Aoliabe estariam submetidos às revelações de Deus para a confecção das peças
que envolviam os altares, as colunas e as cortinas com suas cores. Como
escultores, artesãos, carpinteiros e marceneiros, Bezalel e Aoliabe eram
especialistas, e tudo quanto fizeram no Tabernáculo, independentemente da
estrutura, da estética e da beleza de seus trabalhos, eram feitos para a glória
de Deus. Seus talentos pessoais seriam efetivados com a supervisão de uma
equipe de obreiros qualificados para moldarem os muitos objetos sagrados com
ouro, prata e cobre, e até mesmo os vestidos dos sacerdotes, que eram usados
nas ministrações sacerdotais no culto do Tabernáculo, seriam lavrados com
pedras preciosas.
Os Talentos Revelados na Igreja
(Mt 25.14-30)
A parábola de Jesus sobre os
talentos envolvia a história de um homem rico que, precisando viajar e
ausentar-se da sua terra, resolveu distribuir responsabilidades de negociação
com os seus servos. Mateus utilizou o termo grego talanton, que significa
“talento”, e referia-se a uma moeda de alto valor. O homem da parábola
distribuiu os talentos aos seus servos de acordo com a capacidade de cada um
deles para negociar com aqueles talentos, que podem representar qualidades
naturais e graças espirituais que qualificam pessoas a realizarem determinados
serviços para o Reino de Deus. Cada crente é dotado de algum talento com o qual
poderá trabalhar para o Senhor Jesus e receber a devida recompensa pelo seu
trabalho. Esses talentos podem representar “dons” concedidos pelo Espírito
Santo, tanto em relação a talentos naturais quanto a talentos espirituais, os
quais são identificados pelas habilidades úteis para os serviços da Igreja de
Cristo.
Texto extraído da
obra “O TABERNÁCULO”,
editada pela CPAD.
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Na aula de hoje estudaremos a respeito dos
artesãos do Tabernáculo: Bazalel e Aoliabe. Aproveitaremos para destacar a
importância de desenterrar os talentos, a partir da parábola contada por Jesus.
É importante também sabermos que fomos capacitados por Cristo, e pelo Seu
Espírito, para desenvolvermos ministérios e dons, com vistas à edificação da
Igreja.
I. BEZALEL E
AOLIABE
Bezalel e Aoliabe foram chamados por Deus para
executar uma grande obra no Tabernáculo. O primeiro, pertencente a tribo de
Judá, e o segundo, a tribo de Dã (EX. 31.1-6), se tornaram instrumentos nas
mãos de Deus, para dar realce a construção daquela importante tenda móvel. O
texto bíblico é enfático ao reconhecer que esses foram cheios do Espírito Santo,
para realizar aquilo que Deus estabeleceu, com vistas não apenas a
funcionalidade, mas também a estética do Tabernáculo. É digno de destaque que
desde a Antiga Aliança Deus usa pessoas, dando a elas a capacitação necessária,
para que Seu propósito seja alcançado. Existem várias personagens bíblicas no
Antigo Testamento, cada uma delas com suas particularidades, a começar por
Moisés e Arão, que foram guiadas por Deus, cada um sendo usado com sua
especialidade. No Novo Testamento, percebemos o mesmo princípio, Paulo e Pedro
foram discípulos de Jesus, um se destacou na pregação do evangelho aos judeus
(Gl. 2.8), enquanto que o outro o fez entre os gentios (Rm. 11.13). Esse
princípio é importante no contexto eclesiástico, a fim que possamos reconhecer
as diversidades, e saber que o Espírito faz como lhe apraz.
II. DESENTERRANDO
OS TALENTOS
Jesus contou uma parábola a respeito da
importância de fazer os talentos prosperar. A Parábola dos Talentos, que se
encontra em Mt. 25.14-30, é uma advertência a respeito da necessidade de
desenvolvermos a obra de Deus, de acordo com os dons que recebemos da parte do
Senhor. Jesus conta que um homem, partindo para fora da terra, chamou seus
servos, entregando-lhe bens. Ele entregou a esses servos alguns talentos,
considerando a capacidade de administrar cada um deles. A um entregou cinco,
que granjeou mais cinco, a outro entregou dois talentos, que ganhou outros
dois, mas o que recebeu apenas um talento, talvez por achar que era pouco, e
por ter uma visão deturpada do seu senhor, decidiu esconder na terra o talento,
para devolvê-lo quando o Senhor retornasse. Os servos que duplicaram seus
talentos foram elogiados pelo senhor, por ocasião da sua volta, mas esse que
escondeu o talento na terra foi repreendido pelo senhor. Esse servo é
identificado pelo Senhor como “inútil”, tendo sido lançado nas trevas
exteriores. Essa parábola revela a importância de se dedicar ao desenvolvimento
do reino de Deus, e foi justamente isso que Cristo fez durante os dias em que
esteve na terra. Os religiosos do seu tempo, principalmente os escribas e
fariseus, ao invés de propagaram a boa mensagem, resolveram escondê-la e
enterrando-a, privando as pessoas de conheceram a verdade do evangelho. A
partir dessa Parábola somos advertidos a trabalho pelo Reino de Deus, atentando
para o valor dessa preciosa mensagem.
III. OS DONS
MINISTERIAIS E ESPIRITUAIS
Há diferentes palavras para dons em hebraico,
destacamos: berekah, minhah, korban e teruma. Berekah é geralmente traduzida
por benção, e diz respeito aos pronunciamentos de coisas boas em relação a
outros (I Sm. 25.27; II Rs. 5.15-18). A palavra minhah traz o significado de
oferta, geralmente entregue como parte do culto. Korban também significa oferta
ou dádiva, trata-se de um dos termos mais gerais no hebraico para a oferta.
Teruma pode ser traduzido como oferta, porção, dom ou contribuição. O verbo dar
é natan em hebraico, que comunica a ação de entregar algo a alguém (Lv. 26.4;
Dt. 11.14). No grego do Novo Testamento, temos as palavras doreá, no sentido de
dádiva, sendo Cristo a maior dádiva de Deus (II Co. 9.15; Rm. 5.15; Ef. 3.4). O
próprio Espírito Santo é uma dádiva de Deus, depois que o pecador se arrepende
dos seus pecados (At. 2.38; 8.20; 10.45; 11.17). O termo dóron também transmite
o significado de dádiva, relacionado especificamente às ofertas a Deus (Mt.
5.23,24; Lc. 21.1-4). Outra palavra grega associada às dádivas é eleemosuné, de
conotação mais social, relacionada à contribuição aos necessitados (Mt. 6.2;
Lc. 11.41; At. 9.36; 10.2). Palavras de bênçãos também podem ser pronunciadas
na Nova Aliança, são as eulogias, cujo significado é o de expressar nosso
desejo de que Deus abençoe os outros. A palavra charisma, em grego, está
associada aos dons do Espírito Santo (I Co. 12). Mas tem uma dimensão mais
ampla, tendo em vista que Timóteo recebeu um charisma, quando lhe impuseram as
mãos, um dom para o exercício ministerial (I Tm. 4.14; II Tm. 1.6). Dentre os
charisma que Paulo recebeu, destacamos o do celibato, tratando-se, portanto, de
uma capacitação de Deus, não de uma imposição humana (I Co. 7.7). As palavras gregas
relacionadas aos dons espirituais são charismata e pneumatikon, o primeiro diz
respeito aos aspectos da graça na capacitação dos dons, e o segundo, ressalta o
Espírito Santo como a fonte dos dons (I Co. 12.11).
CONCLUSÃO
A igreja deve favorecer a manifestação das
capacitações do Espírito, com vistas à edificação do Corpo de Cristo. Ao invés
de enfatizar demasiadamente os cargos, devemos estimular as funções
ministeriais, dadas por Cristo e pelo Espírito Santo. Deus distribuiu talentos
para a Igreja, agradecemos ao Senhor porque temos pessoas com dotes para a
música, outros para o ensino ou para a evangelização. Todos, no entanto, devem
respeitar as diferenças, e saber que somos partes do mesmo corpo, e que os
ministérios são mais importantes do que os cargos.
José Roberto A. Barbosa
Disponível no Blog
subsidioebd.blogspot.com
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
Nesta
lição, veremos que Deus chama pessoas especiais para realizar obras especiais.
Estudaremos a respeito da importância de ser cheios do Espírito para realizar
uma grande obra. E concluiremos a lição com um chamado à consciência a respeito
do uso do talento dado por Deus para a glória dEle. Ora, o Criador concedeu a
Moisés instruções e capacitou pessoas para construir o Tabernáculo e executar
obras especiais. Não é diferente hoje, pois Ele continua a capacitar os
escolhidos para a sua obra e espera que a façamos.
No capítulo 31 de Êxodo temos o
registro da escolha dos artífices da obra do tabernáculo bem como a orientação
sobre o sábado santo e as duas tábuas do Testemunho. Temos que distinguir a
soberania divina no ato de eleger, chamar, capacitar e enviar. Deus identificou
dois homens por nome como especialmente escolhidos e divinamente habilitados,
ou cheios do Espírito, para fazer tudo o que Deus revelara a Moisés (Êx 28.3;
36.1). Nenhum dos obreiros ficou isento de entendimento divinamente concedido
para a complexidade da tarefa. Eles foram chamados de "artífices
dotados", o que sugere habilidade previamente desenvolvida, Eles deveriam
fazer tudo quanto fora prescrito (Êx 25—30).
I. HOMENS
ESPECIAIS PARA SERVIÇOS ESPECIAIS (Êx 31.1,2,6)
1. Bezalel e Aoliabe,
chamados por Deus (Êx 31.2,6). Na
lição passada, vimos que o Tabernáculo devia ser construído, bem como suas
peças habilidosamente talhadas. Para executar essa obra, Deus chamou Bezalel e
Aoliabe. O primeiro era da Tribo de Judá; o segundo, da Tribo de Dã (Êx
31.2,6). Ambos foram capacitados pelo Espírito de Deus a fim de trabalharem em
toda sorte de obra em ouro, prata, bronze e madeira.
“Eu chamei
pelo nome de Bezaleel” - Isto é, eu particularmente nomeei essa pessoa
para ser o superintendente-chefe de todo o trabalho. Seu nome é
significativo, בצלאל betsal - el ,
‘dentro ou sob a sombra de Deus’, ou seja, sob a
proteção especial do Altíssimo . Era filho de Uri, filho de Hur, filho de
Calebe ou Chelubai, filho de Esron, filho de Perez, filho de Judá (Veja 1Cr
2.5, 9, 18-20). Aoliabe da tribo de Dan é nomeado ao lado de Bezaleel e faz
parceria com ele. Note que aquele Hirão, que era o cabeça-trabalhador na
construção do templo de Salomão, também era da tribo de Dan (2Cr 2.14).
2. A prerrogativa de
Deus (Êx 31.1,2). O
texto bíblico de nossa lição mostra que Deus chama a quem Ele quer para
executar sua obra. Ele conhece a natureza de cada filho e, de acordo com ela,
distribui talentos conforme a capacidade de cada um. Não por acaso, para
construir o Tabernáculo, o Criador chamou pessoas inclinadas às artes e às
ciências, capacitando-as para potencializar essas habilidades. Essa forma de
Deus chamar está registrada ao longo das Escrituras. Pedro foi convocado para
exercer seu ministério entre os judeus (Gl 2.8); e Paulo, com os gentios (Rm
11.13). Tratava-se de pessoas estratégicas para fazer obras estratégicas. É
assim que Deus age.
Ao longo da história da
Igreja, o Pai Celestial capacitou pessoas e deu-lhes sabedoria para edificarem
o Corpo de Cristo. Ele pode falar ao seu coração agora acerca de um chamado.
Seja sensível a voz dEle! Deus é quem chama!
Filipenses
2.13 diz que “... pois é Deus quem
produz em vós tanto o querer como o realizar, de acordo com sua boa vontade”.
Embora o crente seja responsável pelo trabalho, na verdade, o Senhor mesmo é
quem, em última instancia, produz as boas obras, e o fruto do Espírito na vida
dos crentes (Jo 15.5; 1Co 12.6). Isso é realizado porque ele opera por nosso
intermédio pelo seu Espírito que habita em nós (At 1.8; 1 Co 3.16-17; 6.19-20;
cf. Gl 3.3). É Deus quem estimula tanto os desejos do cristão quanto suas
ações. A palavra grega para "querer" indica que ele não está focando
em meros desejos ou em emoções caprichosas, mas na intenção pensada de cumprir
um propósito planejado. O poder de Deus faz a sua igreja desejar viver uma vida
piedosa (cf. SI 110.3). O alvo de Deus é que os cristãos façam o que o agrada
(Ef 1.5.9; 2Ts 1.11). O Espírito Santo, o qual não tem outro senão um
evangelho, havia capacitado tanto Pedro quanto Paulo para os seus respectivos
ministérios. A única conclusão a que esses líderes podiam chegar era de que a
graça de Deus era a responsável pela poderosa pregação do evangelho e
edificação da igreja por meio dos esforços de Paulo.
3. A pluralidade do
serviço cristão (Rm 12.4-8; 1Co 12.8-10,28). Muitas são as necessidades da igreja local,
tanto de ordem espiritual quanto material (At 6.14). Elas manifestam-se na
manutenção da comunhão cristã entre os irmãos, bem como na organização dos
elementos funcionais do culto cristão. Para isso, na obra do Senhor, há lugar
para diversidades de dons e talentos que envolvam liderança espiritual,
musical, ação social e muitas outras esferas que exponham a necessidade da
obra. Que você aplique o seu talento na obra de Deus!
Romanos 12.4-8 é uma das duas passagens do Novo
Testamento (a outra é 1Co 12.12-14) que apresenta as características gerais dos
dons espirituais. A ênfase de cada lista não está em os cristãos identificarem
o seu dom de maneira perfeita, mas em usar fielmente a capacidade exclusiva que
Deus deu a cada um. O fato das duas listas diferirem sugere claramente que os
dons são como uma paleta de cores básicas, as quais Deus combina a fim de obter
uma tonalidade exclusiva para a vida de cada discípulo. Para exemplificar isso,
o apóstolo utiliza a simbologia do corpo humano e afirma que, exatamente como
corpo natural, Deus, de modo soberano, deu ao corpo de Cristo uma diversidade
especial. Deve ficar muito claro em nossa mente que o próprio dom (1Co 12.4), a
maneira específica na qual é usado (1Co 12.5) e os resultados espirituais (1Co
12.6) são iodos escolhidos de maneira soberana pelo Espirilo, totalmente à
parte de mérito pessoal (1Co 12.11). O Espírito Santo tem muitas funções,
papéis e atividades. Primeiro, Ele trabalha nos corações de todas as pessoas em
todos lugares. Jesus disse aos seus discípulos que enviaria o Espírito ao mundo
para convencer “o mundo do pecado, da
justiça e do juízo” (Jo 16.7-11). Todas as pessoas têm uma consciência
de que Deus existe, quer admitam ou não, pois o Espírito aplica as verdades de
Deus às mentes dos homens para convencê-los com argumentos suficientes e justos
de que são pecadores. Responder a essa convicção leva os homens à salvação.
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Após
fazer a revisão da aula anterior nos primeiros cinco minutos, revele os objetivos
e o ponto central da presente aula. Mostre o esboço da aula desta semana: (I)
Homens Especiais para Serviços Especiais; (II) Cheios do Espírito, Sabedoria,
Entendimento e Ciência; (III) Usando os Talentos para a Glória de Deus.
Esses
passos são importantes porque, diferentemente de nós, os professores, o aluno
quase sempre não tem o arcabouço da aula na mente. Você pode aproveitar essa
oportunidade para estimular o aluno a ler a lição na semana anterior à
ministração da aula.
O
processo do ensino-aprendizagem só acontece quando o professor e o aluno têm a
consciência do mesmo objeto de estudo. Diferente disso, não há aprendizado.
II. CHEIOS
DO ESPÍRITO, SABEDORIA, ENTENDIMENTO E CIÊNCIA (Êx 31.3-5)
1. Cheios do Espírito
para realizar a obra (v.3). O
texto bíblico diz: “o enchi do Espírito de Deus”. Essa afirmativa vai ao encontro
do que nós, pentecostais, sempre afirmamos: não há nada que possamos fazer na
vida sem a direção e a ação poderosa do Espírito Santo. O texto em destaque
declara que toda a criatividade, sabedoria, entendimento e ciência para
construir o Tabernáculo e talhar cada peça em ouro, prata, bronze e madeira
promanavam do Espírito de Deus. Aqui, há uma verdade maravilhosa para nós: para
realizarmos uma obra espiritual, precisamos estar capacitados pelo Espírito
Santo. Nessa perspectiva colocamos todas as nossas habilidades aprendidas nos
bancos das escolas, das faculdades e da jornada da vida a serviço do Rei Jesus.
Assim, Deus nos usará poderosamente!
Portanto, a simbologia
da capacitação espiritual para a construção do Tabernáculo se constitui figura
de realidade espiritual do povo de Deus no ministério cristão (At 6.3; Ef
5.18).
Há uma ordem de Paulo em Efésios 5.18 de buscarmos
o enchimento do Espírito. A verdadeira comunhão com Deus é induzida pelo
Espírito Santo. Notemos que nesse texto, o apóstolo não está falando a respeito
da habitação do Espírito Santo como no texto de Romanos 8.9, pois todo cristão
é habitado pelo Espírito no momento da salvação. Em vez disso, ele está dando
uma ordem aos cristãos para viverem continuamente sob a influência do Espírito,
deixando a Palavra controlá-los (Cl 3.16), buscando uma vida pura, confessando
todo pecado conhecido, morrendo para si mesmos, rendendo-se à vontade de Deus e
dependendo do seu poder em todas as coisas. Ser cheio do Espírito é viver na
presença consciente do Senhor Jesus Cristo, deixando a mente dele, por meio da
Palavra, dominar tudo que é pensado e feito. Ser cheio do Espírito é o mesmo
que andar no Espírito (Gl 5.16-23). Cristo exemplificou esse modo de vida (Lc
4.1). Efésios 5.19-21 resumem as imediatas consequências pessoais de obedecer à
ordem de ser cheio do Espírito, ou seja, cantando, dando graças e submetendo-se
humildemente aos outros. O restante da epístola apresenta a instrução com base
na obediência a essa ordem. Em Ef 5.18, o poder e a motivação para todos os
efeitos é o enchimento do Espírito Santo.
2. Habilidades especiais
para obras especiais (vv.4,5). A
Bíblia mostra uma diversidade de dons relacionados ao serviço cristão (Rm
12.3-8; 1Co 12.4-6) — dons esses que foram distribuídos pelo Espírito Santo,
segundo o apóstolo Paulo — na mesma perspectiva do processo de escolha de
Bezalel e Aoliabe para a construção do Tabernáculo (vv.4,5).
Na igreja local, muitos
trabalhos requerem habilidades especiais. Por exemplo, quem escreve precisa ser
habilidoso no ofício da escrita; quem canta precisa ser habilidoso no ofício do
canto; quem toca precisa ser habilidoso no ofício instrumental; quem prega
precisa ser habilidoso no ofício da interpretação de texto e da retórica.
Enfim, as necessidades de habilidades especiais para realizar obras especiais
são inúmeras. Por isso que o Espírito Santo capacita pessoas para atividades
bem específicas. É verdade que os dons de Deus não dependem de habilidades
naturais. No entanto, o Senhor chama pessoas que tenham habilidades especiais
para potencializá-las e, assim, executarem serviços complexos na igreja local.
Precisamos entender que ao falarmos de dons, não
estamos falando de talentos, perícias ou habilidades naturais que tanto os
cristãos quanto os incrédulos possuem. Estes são, de maneira soberana e
sobrenatural, concedidos pelo Espírito Santo a todos os cristãos (1Co 12.7,11)
visando capacitá-los a edificar espiritualmente uns aos outros de modo efetivo
e, assim, honrar ao Senhor. A variedade de dons pode ser classificada em dois
tipos gerais: fala e serviço (1Co 12. 8-10; Rm 12.6-8; 1Pe 4.10-11). Os dons da
fala, ou verbais (profecia, conhecimento; sabedoria, ensino e exortação) e os
dons do serviço, não verbais (liderança, socorro, contribuição, misericórdia,
fé e discernimento) são todos dons permanentes que atuarão ao longo de toda a
existência da igreja. O propósito deles é edificar a igreja e glorificar a
Deus. Tanto essa lista como a de Rm 12.3-8 são mais bem vistas como uma
representação das categorias dos dons entre os quais o Espírito Santo escolhe
para dar a cada cristão aquele ou aqueles conforme lhe apraz (1Co 12.11).
Alguns cristãos podem ser dotados com dons semelhantes a de outros quanto à
categoria, mas são pessoalmente únicos, pois o Espírito ajusta cada dom da
graça divina à pessoa. Existe um grupo cristão protestante que afirma que os
dons de milagres, cura, variedade de línguas e interpretação de línguas foram
de manifestação temporária, restritos à era apostólica e, portanto, cessaram –
são conhecidos por ‘cessacionistas’; afirmam isso baseados em textos como o de
1 Co 13.8-10, afirmando que estes dons cessaram por ocasião do Canon do Novo
Testamento estar concluído. Nós pentecostais cremos na atualidade desses dons e
no seu propósito de autenticar a mensagem como a verdadeira Palavra de Deus. O
Senhor concede aos cristãos áreas exclusivas para o ministério, nas quais eles
podem exercer seus dons, e fornece todo o poder a fim estimulá-los e
realizá-los (Rm 12.6).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Cultive
a disposição de compartilhar com os outros. Os dons são manifestos quando as
pessoas têm a expectativa de ouvir um recado de Deus, quer através das Escrituras,
dos cânticos ou de um sussurro suave. Ensine-as a ouvir a voz de Deus. Ofereça
aplicações práticas com exemplos pessoais e da vida de outras pessoas. Quando os
dirigentes determinam um horário para compartilhar os dons, eles mesmos devem
ter uma bênção para contar. Não deixe que ninguém diga, depois de longo período
de silêncio: ‘Ninguém ouviu um recado de Deus’. Pelo contrário, devemos dizer: ‘Permaneçamos
na presença do Deus que nos inspira reverência, e, se alguém tiver uma bênção
para contar, fale’. Chegue, então, a um término positivo, contando aos demais
as impressões de Deus sobre você. Como líder, esteja disposto a compartilhar.
Seja um exemplo de semelhante expectativa” (HORTON, M. Horton (Ed.). Teologia
Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD,
2018, p.492).
III. USANDO
OS TALENTOS PARA GLÓRIA DE DEUS
1. Os talentos
(habilidades) de Bezalel e Aoliabe. Já
vimos que Bezalel e Aoliabe eram artesãos altamente capacitados para trabalhar
com ouro, prata e cobre, além de outros materiais como madeira. Mas algo
devemos destacar: ambos se submeteram à revelação de Deus para executar com
maestria as peças dos altares, colunas, cortinas e cores. Assim, revestidos do
Espírito de Deus, Bezalel e Aoliabe passaram a ser especialistas para fazer
tudo quanto fosse necessário para construir a estrutura do Tabernáculo de
maneira esteticamente bela. Eles primeiro submeteram-se! Por isso o que faziam
era para a glória de Deus!
Para fazermos alguma
tarefa que glorifique a Deus precisamos ter a consciência profunda de que foi
Ele quem nos chamou. Esse é o passo fundamental para que o nosso trabalho
glorifique a Deus. Depois, é preciso admitir que, embora você tenha a mais
importante capacitação secular, Deus sempre é quem dá a última instrução.
Experimente submeter-se a Deus e fazer qualquer tarefa para a glória dEle!”.
1 Coríntios 12 descreve os dons espirituais
outorgados aos crentes para que possamos funcionar como o corpo de Cristo na
terra. Todos esses dons, grandes e pequenos, são dados pelo Espírito para que
possamos ser Seus embaixadores ao mundo, mostrando Sua graça e glorificando a
Ele. Agora, temos que distinguir a diferença entre talentos e dons, não são a
mesma coisa. O que é certo é que ambos são dádivas divinas, aumentam em
efetividade com o uso, são para ser usados a favor de outras pessoas, não para
propósitos egoístas. O apóstolo afirma em 1 Coríntios 12.7 que os dons
espirituais são dados para beneficiar outras pessoas.... não a nós mesmos. Como
os dois maiores mandamentos são para amar a Deus e a outras pessoas, dá-se a
entender que talentos devem ser usados para esse propósito. No entanto,
talentos e dons espirituais diferem em para quem são dados e quando. Uma pessoa
(independente de sua crença em Deus e Cristo) recebe talento/habilidade natural
(alguns têm a habilidade natural para música, arte ou matemática), isso fruto da
genética, ambiente (crescendo em uma família musical vai ajudar o
desenvolvimento do talento em música), ou simplesmente porque Deus quis
favorecer certas pessoas com certos talentos (por exemplo, Bezalel em Êxodo
31.1-6). Já os dons espirituais são dados àqueles que foram recebidos no Corpo
de Cristo, pelo Espírito Santo (Rm 12.3,6) no mesmo tempo em que colocam sua fé
em Cristo para obter perdão de seus pecados. Naquele momento, o Espírito Santo
dá ao novo crente um ou mais dons espirituais que deseja que aquele crente
tenha (1Co 12.11).
Neste caso
em particular, Bezalel e Aoliabe foram homens hábeis escolhidos por serem os
melhores artesões da sua nação, e trabalharam com todo o apoio do líder
nacional. Registros históricos desta nação mencionaram as contribuições destes
homens ao patrimônio público quase 500 anos depois. Já eram habilidosos, ainda
mais depois de serem cheios do Espírito... Seu trabalho durou séculos e foi
reconhecido por pessoas em países ao redor do mundo. Até aos dias de hoje, artistas
procuram imitar sua obra na forma de réplicas e ilustrações. Assim, vemos
alguns critérios nessa chamada:
Deus vê o interior e não o exterior.(1Sm 16.7)
Deus escolhe aqueles cujo coração é totalmente
dele.(2Cr 16.9)
2. Os talentos revelados
na Igreja (Mt 25.14,15). Embora
Mateus 25 seja uma passagem bíblica que trata acerca da volta de Jesus, ela é
uma bela ilustração para mostrar o que Deus espera que nós façamos com a nossa
vocação. O que Ele exigiu de Bezalel e Aoliabe também está contemplado na
Parábola dos Talentos. Nessa parábola a palavra grega talanton, que significa
“talento”, ganha destaque. O termo refere-se à moeda de alto valor. Nesse
contexto, o homem rico distribuiu vários talentos aos servos de acordo com a
capacidade de cada um para negociar. Naturalmente, o homem rico esperava
receber retorno dos servos. A mensagem aqui é clara: quando o Senhor voltar,
Ele deseja nos encontrar trabalhando de acordo com as habilidades que Ele nos
capacitou para o seu reino. Desenvolver os talentos simboliza perseverar na fé
e o comprometer-se em colocar a serviço do Corpo de Cristo tudo o que o Senhor
nos concedeu.
Cada crente é dotado de
algum talento com o qual poderá trabalhar para o Senhor Jesus e receber a
devida recompensa pelo trabalho quando nos encontrarmos no Tribunal de Cristo
(2Co 5.10). Não desperdice o talento que Deus lhe deu. Honre ao Senhor com os
seus talentos!
O apóstolo em 2º Coríntios 5.10 descreve a
motivação mais profunda do cristão e o maior propósito em agradar a Deus — a
compreensão de que cada cristão deve, enfim e de modo inevitável, prestar
contas a Ele. O tribunal de Cristo refere-se, metaforicamente, ao lugar onde o
Senhor se sentará para avaliar a vida dos cristãos com o objetivo de entregar a
eles os galardões eternos. É uma tradução da palavra grega bema, uma plataforma elevada onde os
atletas vitoriosos (Olimpíadas) se colocavam para receber a coroa. O termo
também é usado no Novo Testamento para se referir ao lugar do julgamento, como
quando Jesus ficou diante de Pôncio Pilatos (Mt 27.19; Jo 19.13), mas, aqui, a
referência é, definitivamente a analogia atlética. Corinto possuía tal
plataforma onde tanto os prêmios dos atletas quanto a justiça legal eram
dispensados (At 18.12-16), de modo que os coríntios compreenderiam a referência
de Paulo.. As ações ocorridas durante o tempo do ministério terreno do cristão,
não incluindo os pecados, uma vez que o julgamento deles ocorreu na cruz (Ef 1.7).
Paulo se refere a todas aquelas atividades realizadas pelos cristãos durante a
sua vida, as quais dizem respeito ao galardão eterno deles e ao louvor a Deus.
O que os cristãos fizerem com o seu corpo temporário terá, à vista dele, um
impacto para a eternidade (1Co 4.3-5; Rm 12.1-2; Ap 22.12).
O que é certo é que Deus deu a cada um de nós dons
e talentos para a Sua própria glória e Ele deseja que usemos nossos
dons/talentos/habilidades para honrá-Lo. Ele tem um propósito nessa Terra que
só pode ser cumprido por mim e por você, com a capacitação que Ele nos
entregou. Por isso, é muito importante que entendamos que somente cumprindo
esse propósito, nos sentiremos plenos, realizados e felizes. Fora dele, só
resta constante frustração.
SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ
“Ministros – Labaredas de Fogo
Os
ministros de Deus são ‘labaredas de fogo’. Ele quer que todos os homens e
mulheres estejam em chamas. O seu desejo não é apenas que sejamos salvos do
pecado, mas que estejamos ardendo em fogo espiritual. O Espírito Santo é
dinamite e fogo na alma do crente. Ele deseja que tenhamos o poder do trovão do
raio. O Espírito Santo é o raio. Ele atinge os homens com a convicção, mata-os
para o mundo e os faz reviver em Cristo.
Eu
coloquei tudo no altar, entreguei ao Senhor tudo pelo que havia esperado e
desejado. Então, quando orei, o fogo desceu e Deus me santificou e tornou-me
santo. Depois fui para a casa e disse: ‘Tenho outra religião’. Na verdade, não
era outra religião. O velho Ismael fora expulso, e a natureza carnal, destruída.
Deus encheu-me de amor, fechou a porta e deixou-me naquele estado. E nada podia
entrar, senão o amor” (SEYMOUR. Devocional: O Avivamento da Rua Azusa.
Série: Clássicos do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003,
pp.139-40).
Que
estejemos prontos como instrumentos disponíveis a serem usados na maravilhosa
obra de Deus.
CONCLUSÃO
No Reino de Deus
muitas habilidades poderão ser utilizadas, não somente as de caráter
espiritual, mas também as de caráter social, educacional e material. Quantos
templos, por exemplo, têm sido construídos por pessoas dotadas de talentos especiais
para esse trabalho? A recompensa dos que dão o melhor de suas vidas será dada
por Deus aos que forem fiéis em toda boa obra. Esforce-se com esmero e amor!
Deus identificou dois homens por nome como
especialmente escolhidos e divinamente habilitados, ou cheios do espírito, para
fazer tudo o que Deus revelara a Moisés (confira Êx 28.3). Habilidades,
talentos e dons são presentes dados por Deus a fim de que possamos usá-los para
a honra e glória dEle. Nesta conclusão, acho importante deixar um alerta:
“Muitas pessoas gostariam de cantar em um
ministério de louvor, se tornar pastor, evangelista, missionário(a), pregar no
púlpito da igreja, gravar um CD e coisas assim. Tudo isso, se vem de Deus para
o seu coração, certamente irá se cumprir. Porém, é comum encontrarmos pessoas
frustradas porque sonham os seus próprios sonhos, e não os sonhos de Deus. Elas
insistem em fazer algo no qual não foram chamados para fazer e com isso nunca
se sentem realizadas. Se você está confuso em relação aos seus dons e talentos,
analise quais são as suas habilidades, o que você mais gosta de fazer e o que
mais "arde" dentro do coração. Peça a Deus para te revelar em qual área
você pode ser mais útil para o Seu Reino e Ele te mostrará no dia-a-dia, nos
pequenos detalhes, os propósitos Dele para a sua vida.” (Pr ANTONIO JUNIOR).
“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a
tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome
sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16)
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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