SUBSÍDIO I
Ética Cristã e doação de órgãos
O tema desta semana traz um assunto que podemos considerar
um exemplo das implicações éticas para questões mais tensas da vida. Doar
órgãos traz implicações éticas inimagináveis. Por causa dos dogmas religiosos,
ou da moral pré-estabelecida no inconsciente do indivíduo, pessoas doarão
sangue ou órgãos, ou não, e admitirão que uma vida tenha a chance de salvar-se,
ou não.
A partir de um exemplo extremo poderíamos confabular o
seguinte: se num mar você visse uma pessoa se afogando, o que faria? Se você
soubesse nadar, espera-se que resgatasse a pessoa segundo sua capacidade de
salvá-la; se você não soubesse nadar, por certo buscaria a ajuda dos
salva-vidas. Inadmissível seria vir a pessoa afogando-se e não se fizesse nada
para salvá-la. A questão da doação de órgãos é um imperativo ético. Nas
desumanas filas de esperas, encontram-se inúmeras pessoas que não perderam a
esperança de que o seu “salva-vidas” apareça. Só quem passou sabe a dimensão da
dor e do desespero desse drama. É uma situação dramática!
Caro professor, prezada professora, que tal abrir a aula
desta semana com um belíssimo texto do pastor Claudionor de Andrade, atual
Consultor Teológico da CPAD, uma “experiência viva” do assunto que estamos
estudando? “No dia 24 de maio de 2009, fui submetido a um transplante de
fígado. Terminada a cirurgia, e já na UTI, busquei saber quem era o meu doador.
Vendo-me a ansiedade, o chefe da equipe cirúrgica explicou-me que faz parte do
protocolo não revelar ao receptor a identidade do doador. Pelo menos, foi o que
entendi. Naquele momento, restava-me agradecer a Deus. Faltando-me palavra,
orei pela família que, anônima e abnegada, permitiu que os órgãos de seu ente
querido viessem a salvar não apenas a mim, mas também outras pessoas igualmente
graves e crônicas. Sua decisão não deve ter sido fácil, mas desabrochou amorosa
e cristã. Até hoje, desconheço quem foi a pessoa, cuja morte trouxe-me uma
segunda chance de vida. Negra? Branca? Não importa. O amor transcende etnias,
línguas e fronteiras. Somos todos filhos de Adão e Eva. E, nessa condição, não
devemos ignorar nossos laços e dependências. Todos precisamos uns dos outros.
Ninguém consegue viver ilhado. O coração do negro bate no peito do branco. E,
no peito árabe, pulsa um coração judeu. O transplante de órgãos é capaz de
operar semelhantes milagres” (As Novas Fronteiras da Ética Cristã. CPAD,
pp.121,22).
Revista Ensinador
Cristão, ano 19 – nº 74, p. 39. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
SUBSÍDIO II
ÉTICA CRISTÃ E
DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
O Brasil possui o maior sistema
público de transplantes do mundo. São mais de 20 mil cirurgias por ano e cerca
de 90% desses transplantes são financiados pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Embora os índices sejam promissores, o número de carências também cresceu.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem 64 mil pacientes na fila de espera
por um transplante de órgãos, e as maiores listas de espera aguardam doações de
rim, fígado e pâncreas.
Por meio de vários
esforços envolvendo o Ministério da Saúde, cirurgiões, psicólogos, psiquiatras,
assistentes sociais, religiosos, famílias e a imprensa, o Brasil é o quarto
país do mundo em número de doadores de órgãos. Contudo, o Brasil precisa
avançar mais, especialmente diminuindo a taxa de recusa das famílias em relação
à doação de órgãos. Muitas famílias ainda rejeitam a doação por dilemas éticos
e falta de informação. Nossa taxa de aceitação familiar, em 2016, chegou a 57%,
mas ainda é pouco diante da urgente e imprescindível necessidade de zerar a
fila de espera.
O transplante de órgão
A doação de órgãos engloba
basicamente a técnica de transplante e as pesquisas com células-tronco adultas
e embrionárias. O termo transplante é empregado no sentido de retirada ou
remoção de órgãos, tecidos ou partes do corpo de um ser, vivo ou morto, para
aproveitamento com finalidade terapêutica, ou seja, o tratamento de doenças com
a finalidade de conseguir curar, tratar ou minimizar os sintomas. O gesto
altruísta de doar órgãos retrata a essência do cristianismo.
O transplante é um
procedimento cirúrgico que remove um órgão enfermo do corpo humano para ser
substituído por outro saudável. Em muitos casos, o transplante tem sido a única
alternativa da medicina para a cura de pacientes com determinadas doenças
terminais.
Tipos de transplantes
De acordo com o
Ministério da Saúde, podem ser transplantados órgãos como o coração, o fígado,
o pâncreas, os rins, os pulmões, medula óssea, tecidos e outros. O tipo mais
comum de transplante é a transfusão de sangue, que acontece por meio da doação
entre pessoas vivas (intervivos). Os demais transplantes intervivos são
permitidos em caso de órgãos duplos (rins e pulmões), órgãos regeneráveis
(fígado) ou tecidos (pele, medula óssea).
O conceito de doação na Bíblia
O ensino
registrado nas Escrituras assevera que “mais bem-aventurada coisa é dar do que
receber” (At 20.35). Denota um ato voluntário de prover o bem-estar do próximo.
Trata-se de uma ação desprovida de qualquer interesse de ordem pessoal. A
excelência da doação repousa na disposição de renunciar e até de se sacrificar
e sofrer com base no amor pelos outros (Rm 5.8). Doar ao necessitado é uma
forma de colocar a fé em prática (Tg 2.14-17). E ainda, a reciprocidade está
presente no gesto de doar. Foi o Senhor Jesus que assegurou: “Dai, e ser-vos-á
dado” (Lc 6.38a).
Doar órgãos é um ato de amor
O genuíno e
excelso sentimento de amor constrange o cristão para ser doador de órgãos e
tecidos. O Senhor Jesus ensinou e propagou o amor que deve existir entre os
seres humanos. O amor cristão deve ser expresso por meio de atitudes e obras (1
Jo 3.17,18). Esse amor não se restringe apenas às pessoas com as quais nos
relacionamos ou que queremos bem (Mt 5.46). Somos exortados a amar os
desconhecidos (Mt 5.47) e inclusive aqueles que nos maltratam (Mt 5.44).
Pr. Douglas
Baptista
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
Segundo o Ministério da Saúde, o
Brasil tem 64 mil pacientes na fila de espera por um transplante de órgãos.
Dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) mostram que
2.333 pessoas morreram à espera de um transplante no ano de 2015. Muitas
famílias ainda rejeitam a doação por dilemas éticos e por falta de informação.
Nesta lição, veremos os pontos mais relevantes desta importante questão e
concluiremos que doar é uma expressão do amor cristão (1Jo 3.16).
A doação de órgãos é a concordância expressa, ou
presumida, por parte de uma pessoa, consentindo que seus órgãos sejam retirados
após sua morte para serem aproveitados por pessoas portadoras de doenças
crônicas, visando aumentar-lhes sua sobrevida. A conclusão desta lição é clara:
a doação de órgãos humanos é um ato de amor e de solidariedade. O verdadeiro
cristão precisa atentar aqui para a sua consciência, que deve estar sempre
alinhada aos parâmetros bíblicos para que possa atuar segundo a reta justiça.
Considerando, ainda, o texto de João 15.13, dar a vida pelos amigos é
considerado o maior amor que há na terra, mas será que estamos cumprindo os
ensinamentos da palavra de Deus: “Já que tendes purificado as vossas almas
na obediência à verdade, que leva ao amor fraternal não fingido, de coração
amai-vos ardentemente uns aos outros” (1Pe 1.22).
I. DOAÇÃO DE
ÓRGÃOS: CONCEITO GERAL
A doação de órgãos engloba basicamente a técnica de
transplante e as pesquisas com células-tronco adultas e embrionárias.
1. Definição de transplante. O transplante é um procedimento cirúrgico que consiste na remoção de um
órgão enfermo do corpo humano para ser substituído por outro saudável. Em
muitos casos, o transplante é a única alternativa da medicina para a cura de
pacientes com determinadas doenças terminais. Podem ser transplantados órgãos
como o coração, o fígado, o pâncreas, os rins, os pulmões, os tecidos e outros.
O tipo mais comum de transplante é o da transfusão de sangue. Existe também o
transplante de células-tronco que são encontradas, principalmente, na medula
óssea, placenta e cordão umbilical. O transplante de células-tronco adultas
pode ser realizado entre pessoas vivas e, portanto, não apresenta problemas
éticos. Como a Bíblia ensina que a vida tem início na fecundação (Jr 1.5), a
ética cristã desaprova o uso das células-tronco embrionárias, pois este
procedimento interrompe vida do embrião.
Transposição de órgãos, tecidos ou células de um
ser (doador) para outro (receptor). Podem ser transplantados pele, osso,
cartilagem, veias, córneas, pulmão, coração, fígado, pâncreas, rim, intestino,
medula óssea, células do fígado e células do pâncreas produtoras de insulina. O
transplante é indicado nos casos de falência desses órgãos, tecidos e células,
quando não há a possibilidade de recuperação de suas funções com outros
recursos. Legalmente, a Constituição Federal Brasileira afirma o direito à vida,
e a Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, institui a legalidade sobre a
remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e
tratamento, caso seja de livre vontade e autorizada pelo doador ou seu familiar
responsável. O principal problema hoje é a desproporção entre o número de
transplantes necessários e o de doadores disponíveis. Em virtude de melhores
resultados alcançados, ampliaram-se as indicações dos transplantes e, com elas,
ampliou-se, também, o número de pacientes em lista de espera. Por outro lado, o
desenvolvimento tecnológico e o das medidas de segurança contra acidentes
levaram à redução do número de doadores mortos. No Brasil, a Lei dos
Transplantes, que entrou em vigor em 1998, estabelece que todo indivíduo com morte
cerebral é doador de órgãos, a menos que em vida tenha incluído o aviso de
"não doador" em sua carteira de identidade. A idéia é reduzir a
espera por órgãos.
“Órgãos, tecidos e partes do corpo humano podem
ser doados para beneficiar a saúde de outra pessoa, desde que não cause
prejuízo ao organismo do doador. O transplante é o procedimento cirúrgico de
retirada do órgão ou tecido de um indivíduo, pode ser realizado em uma pessoa
em vida ou morta, para colocar em outro ser humano que necessite dessa doação
para viver. Dados divulgados pelo Ministério da Saúde indicou que em 2016 o
Brasil registrou o maior número de doação de órgãos dos últimos anos, no total
foram 2.983 doadores, um crescimento de 5% em relação a 2015. Há muitos mitos
que permeiam no senso comum das pessoas que precisam ser desmistificados. Para
isso, aumenta a necessidade de conhecimento da lei de doação de órgãos e
tecidos pelos profissionais da saúde e equipe hospitalar. [...] Onde é
permitido realizar o transplante de órgãos? O artigo 2º da Lei nº 9.434
autoriza a realização do transplante de órgãos somente em estabelecimentos de
saúde e médico-cirúrgicas de remoção e transplante permitidos pelo órgão de
gestão nacional do Sistema Único de Saúde (SUS). Qualquer pessoa tem o direito
de atendimento pelo SUS. Além disso, a doação só poderá ser autorizada após a
realização de exames e testes para diagnóstico de infecção e infestação no
doador.” (Conheça a lei sobre transplantes e doações de órgãos.
Disponível em: https://blog.ipog.edu.br/gestao-e-negocios/transplantes-e-doacoes-de-orgaos/ Acesso: em: 06 Maio, 2018)
A problemática quanto a utilização de
células-tronco para transplante reside no fato de que os melhores resultados
destas pesquisas são obtidos a partir de célula-tronco embrionárias e não de
células-tronco adultas. Célula-tronco embrionárias só podem ser obtidas
mediante manipulação de embriões, obtidos mediante a fecundação “in vitro”, e destinados a implantação em vista da gestação. Como nem todos são
implantados, prevê-se o seu congelamento, mas não sua destruição. Agora se
pretende utilizá-los, após três anos, para pesquisa, para isso, é necessário
desprezar o embrião, mas isto constitui-se em eliminar uma vida, já que para os
cristãos, a vida se inicia na fecundação (Jr 1.5). Com base nisto, cientistas
movidos pela visão naturalista tem encontrado barreiras na tradição
judaico-cristã conservadora, a qual tem lutado contra a pesquisa com
células-tronco embrionárias.
“Células-tronco são células primitivas do
organismo que tem poder de se replicar em sua forma primitiva ou de se
diferenciar em tipos específicos de células, gerando tecidos dos mais variados.
Quando ocorre a fecundação, aquela única célula constituinte do novo indivíduo,
denominada célula-ovo, passa a sofrer múltiplas divisões, até que o embrião
passe a apresentar uma forma de blastocisto, apresentando uma massa de células
primitivas; é a partir destas células que todos os demais tecidos se
desenvolverão. Estas células recebem a nomenclatura de células-tronco por tal
motivo. [...] A partir deste pool de células-tronco é que o
organismo desenvolverá seus folhetos embrionários: ectoderme, mesoderme e
endoderme. Nestes folhetos ocorrerá a divisão e a especificação de cada órgão,
a partir da diferenciação celular das células-tronco. De uma maneira
simplificada, células-tronco” (O Cristão e a questão das
células-tronco. Disponível em:https://farescamurcafurtado.wordpress.com/2017/06/07/o-cristao-e-a-questao-das-celulas-tronco/.
Acesso em: 06 Maio, 2018)
2. O conceito de doação na Bíblia. O ensino registrado nas Escrituras assevera que "mais
bem-aventurada coisa é dar do que receber" (At 20.35). Isso que denota um
ato voluntário de prover o bem-estar do próximo. Trata-se de uma ação desprovida
de interesse de ordem pessoal. A pobre viúva doou na casa do Senhor todo o
sustento que tinha (Mc 12.43,44).
Barnabé - o filho da consolação- sem pretensão
alguma, vendeu uma propriedade e fez doação da venda à igreja (At 4.36,37).
A excelência da doação repousa na disposição de
renunciar, e até de se sacrificar e sofrer, com base no amor pelos outros (Rm
5.8). Doar ao necessitado é uma forma de colocar a fé em prática (Tg 2.14-17).
E ainda, a reciprocidade está presente no gesto de doar, pois foi o Senhor
Jesus que assegurou: "dai, e ser-vos-á dado" (Lc 6.38a).
De modo geral, podemos dizer que não há nenhum
texto bíblico que proíba ou que permita doação de órgãos humanos, uma vez que a
prática era totalmente desconhecida nos tempos bíblicos. Se um pai tem um filho
que sofre de problema cardíaco-crônico, irreversível, a quem os médicos dão
poucas chances de sobrevida, certamente deseja ansiosamente que os médicos
encontrem um coração de alguém, que dê esperanças de sobrevida ao doente. Isso
se enquadra no que a Bíblia diz em Mateus 7.12: “Portanto, tudo o que vós
quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os
profetas”. Salvar a vida de alguém é sem dúvida, uma demonstração de
elevado sentido espiritual e moral. Nosso Senhor Jesus Cristo não apenas doou
alguns órgãos por nós, mas derramou toda a sua vida em nosso lugar, na cruz
ensangüentada. Ele doou de corpo e alma, para que não morrêssemos. João nos
exorta: “Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós
devemos dar a vida pelos irmãos. Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o
seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de
Deus?” (1Jo 3.16,17). Nesse texto, vemos o apóstolo do amor ensinar que
devemos “dar a vida pelos irmãos” e que os proprietários de “bens” no mundo que
fecham o coração para os irmãos necessitados não têm a caridade de Deus.
Podemos entender que um órgão a ser doado é um “bem” do mais alto valor para a
salvação da vida orgânica de um doente.
“Deus é soberano e pode fazer de nós e conosco o
que Ele quer. Assim, se Ele nos permite adoecer, é plano dEle. Ele nos fez, Ele
é dono de nossas vidas. Como disse Jó, a respeito da perda de seus filhos e de
seus bens: "O Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do
Senhor" (Jó 1.21b). Todavia, a soberania de Deus não se aplica ao campo do
livre arbítrio do ser humano, Assim, mesmo a despeito da soberania de Deus,
entendemos que o ser humano pode dispor do seu corpo, de partes dele, e até da
sua própria alma quando, por não querer aceitar a Cristo como salvador,
determina o destino dela para a perdição (João 3.16-19).” (A
doação de órgãos como expressão de amor. Disponível em:http://www.estudosgospel.com.br/estudo-biblico-polemico-dificil/a-doacao-de-orgaos-e-a-teologia.html. Acesso em: 6 Maio, 2018)
3. A doação de si mesmo: pertencemos a Deus. Diante de tantas bênçãos recebidas e com o sentimento de gratidão, o
salmista pergunta para si mesmo: "Que darei eu ao SENHOR por todos os
benefícios que me tem feito?" (SI 116.12). Ciente de que a essência de
adorar a Deus é entregar-se a Ele, o salmista responde para si mesmo: "tomarei
o cálice da Salvação" (116.13). Esta expressão implica renúncia total ao
mundo, à concupiscência e aos desejos da carne (1Jo 2.15-17). O Senhor Jesus
ensinou que os verdadeiros discípulos devem negar a si mesmo (Lc 9.23). Esse é
o compromisso de não seguirmos a forma mundana de viver (Rm 12.1,2), mas como
servo obediente em priorizar o Reino de Deus (Mt 6.33), viver afastado do
pecado e ser santo em toda a maneira de viver (1Pe 1.14-16).
A compaixão é uma expressão forte, pessoal,
evangélica. Requer envolvimento, participação, solidariedade. Jesus
compadeceu-se da multidão faminta e providenciou-lhes alimento. Compaixão é a
virtude que nos permite entrar e participar da dor e da necessidade dos outros.
É também a capacidade de preservar nossa humanidade – na medida em que entramos
e participamos da vida do outro, com suas limitações, lutas, ambiguidades e
sofrimentos, percebemos que não somos diferentes. Por outro lado, a sociedade
em que vivemos estimula mais a competição do que a compaixão, intensificando o
abismo entre os seres humanos. Na medida em que precisamos nos mostrar
melhores, mais competentes, eficientes e fortes do que os outros, nos afastamos
deles e, ao invés de olhar para o próximo como alguém semelhante a nós, vemo-lo
com desconfiança, cinismo e medo. (Monergismo)
“Muitas coisas estão postas para nós na Palavra
de Deus, expressamente. Ademais, no Novo Testamento, há muitas declarações
sobre o que o cristão pode e não pode fazer. No entanto, não encontramos na
palavra de Deus nada que proíba ou que permita ao cristão dispor do seu corpo.
É bem verdade que o apóstolo Paulo, em Gal. 4.15, fala que os gálatas, se
possível fora, arrancariam os seus próprios olhos e lhos dariam. Isso, talvez
por algum tipo de problema oftalmológico que incomodava o apóstolo e que era do
conhecimento dos gálatas (Gal.6.11). Mas, o texto representa uma hipótese
impossível para aquele tempo, o que deve ser entendido como uma metáfora.
Portanto, como se diz em Direito: "Se não há lei, não há crime"” (A
doação de órgãos como expressão de amor. Disponível em:http://www.estudosgospel.com.br/estudo-biblico-polemico-dificil/a-doacao-de-orgaos-e-a-teologia.html. Acesso em: 6 Maio, 2018)
“A Moral Cristã. Isto quer dizer: aquele
conjunto de regras válidas para a conduta de um cristão, levando-se em conta a
natureza da fé e os alvos mais elevados da vida espiritual. Ora, aqui, o
espírito altruísta do cristianismo, a começar com o Senhor Jesus Cristo, que
deu Sua própria vida por nós, é aceitável a atitude de alguém doar do que tem e
que não lhe servirá mais, para favorecer a outrem que ainda precisa daquele bem
para prosseguir, um pouco mais, na jornada da sua existência. Portanto, a moral
cristã, salvo melhor juízo, favorece a doação de órgãos do corpo humano para
transplante.” (LIÇÃO 10 - O CRISTÃO E A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS DO CORPO
- 08/09/2002. Disponível em:https://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao10eticaedoacaoorgaos.htm.
Acesso em: 6 Maio, 2018)
SUBSÍDIO LEXICOGRÁFICO
“1. Transplante. O transplante de
órgãos e tecidos é uma ciência médica, que consiste na remoção de um órgão
enfermo e em sua substituição por outro que, na maioria das vezes, procede de
um cadáver. No caso dos rins e do fígado, a doação e a recepção podem ocorrer
inter vivos.
Transplantam-se órgãos inteiros, como
o coração, ou partes de um órgão, como o fígado. Transplanta-se também pele,
visando a recuperação de áreas atingidas por queimaduras graves.
[...] 2. Xenotransplante. Além da
transplantação clássica, há outras que se encontram em fase experimental como,
por exemplo, o xenotransplante: o enxerto de órgãos animais em seres humanos. A
essa transplantação dá-se o nome também de heteróloga. [...] Trata-se de um
tema bastante delicado e que vem sendo discutido com muita expectativa e
interrogações” (ANDRADE, Claudionor de. As
Novas Fronteiras da Ética Cristã. 1. ed. RJ: CPAD, 2017, pp.122,23).
II. EXEMPLOS
DE DOAÇÃO NA BÍBLIA
1. O exemplo dos gálatas. A igreja na Galácia foi fundada por Paulo, quando este empreendeu sua
primeira viagem missionária (47-48 d.C). Na ocasião o apóstolo sofria de uma
enfermidade não especificada na Bíblia (2 Co 12.7). Ele escreve que orou a Deus
três vezes para ser curado, mas o Senhor lhe respondeu: "a minha graça te
basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza" (2 Co 12.9a). Ao
evangelizar na região da Galácia, Paulo deixou indícios de ter sentido os
efeitos da doença em sua carne (Gl 4.13) e salienta que os gálatas não o desprezaram
nem o rejeitaram (Gl 4.14).
Conjectura-se por meio desta passagem que a
enfermidade de Paulo era nos olhos, ou que a doença lhe afetava a visão (Gl
6.11). Indiscutível é que para expressar o amor dos irmãos, ainda que de modo
metafórico, o apóstolo fala do sentimento altruísta dos gálatas, que se
possível fora, arrancariam os próprios olhos e os doariam no intuito de
amenizar o sofrimento de Paulo (Gl 4.15).
A enfermidade contraída por Paulo é uma questão já
muito debatida pelos estudiosos da Bíblia Sagrada, sem encontrar explicações.
Como aqui o comentarista argumentou que fosse uma doença nos olhos, outros já
disseram se tratar de malária, e outros, ainda, afirmam se tratar da
perseguição que o apóstolo sofria por parte dos seus adversários, e esta última
eu percebo como mais plausível, considerando o fato de que Paulo escreveu
espinho na carne em contexto de perseguições vindas dos adversários. Em toda
esta busca pela natureza do espinho, vale a afirmativa de Lutero: “o que as
escrituras não afirmam com clareza, não devemos afirmar com certeza”. Esta
conjectura feita pelo comentarista não faz muito sentido, pelo que o texto faz
uso de uma figura de linguagem para descrever o desprendimento dos gálatas em
socorrer o apóstolo – não havia a ideia de transplante de órgãos.
No tocante à doação de órgãos, o texto não faz
referência, mas metaforicamente nos fala de sentimento altruísta, amor e de
solidariedade. O verdadeiro cristão precisa atentar aqui para a sua
consciência, que deve estar sempre alinhada aos parâmetros bíblicos para que
possa atuar segundo a reta justiça. Note que o crente fiel que está na vontade
do Senhor, ativo no serviço cristão, etc., não é imune a doenças, dores físicas
ou fraquezas; mas Paulo encontrou irmãos que o amavam tanto que se naquele
tempo existisse transplante de córneas certamente aqueles irmãos doariam em
vida os seus olhos por amor ao irmão Paulo.
2. O desprendimento de Paulo. O apóstolo dos gentios é um excepcional exemplo de doação em prol do
Reino de Deus. Transbordando de amor, ele escreveu aos Coríntios: "eu, de
muito boa vontade, gastarei e me deixarei gastar pelas vossas almas (2 Co
12.15). Ao retornar da terceira viagem missionária em direção a Jerusalém, o
apóstolo discursou aos anciãos de Éfeso: "Mas em nada tenho a minha vida
por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira e o ministério
que recebi do Senhor Jesus" (At 20.24). Dias depois, ao chegar em Cesareia
(At 21.8), Paulo recebeu uma revelação acerca do perigo que corria em Jerusalém
(At 21.10,11). Tendo sido persuadido pelos irmãos a recuar (At 21.12), o
apóstolo constrangido declarou estar disposto não apenas a sofrer, "mas
ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus" (At 21.13). O
desprendimento paulino é uma ação digna de ser imitada pelos seguidores de
Cristo (1Co 11.1).
O apóstolo dos gentios é um excepcional exemplo de
doação em prol do reino de Deus, e ele mesmo recomenda: “sede meus
imitadores, como eu também de Cristo” (1Co 11.1). Aliás, a recomendação
aqui é que sejamos imitadores de Cristo, que é o significado do termo “cristão”
(At 11.26), e isso implica em imitar a Cristo a ponto de ser confundido com Ele
(1Jo 2.6), ainda mais se considerarmos que Cristo nos determinou seguir a regra
áurea “...tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também
vós” (Mt 7.12). Nossa entrega pelo Reino de Deus envolve amor à Deus e ao
próximo; nesse sentido, o desprendimento de Paulo é exemplo válido, pois são
ações altruístas carregadas de amor, zelo e dedicação para com o próximo.
3. A doação suprema de Cristo. Seguramente a morte vicária de Cristo é o maior e incontestável gesto de
amor e de doação imensurável em favor do ser humano. Quando entregou sua vida
por nós, pecadores. Ele afirmou que o fez voluntariamente: "ninguém ma
tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou" (Jo 10.18). As Escrituras afirmam
que essa doação estava fundamentada exclusivamente no amor, uma vez que
"Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo
nós ainda pecadores" (Rm 5.8). Foi por intermédio do sacrifício de Cristo,
e de sua vitória sobre a morte, que fomos resgatados de nossa vã maneira de viver
(1Pe 1.18-21).
Estamos acostumados a ver a morte de Jesus como
resultado de dois julgamentos fraudulentos, um religioso por parte dos judeus e
um político por parte de Roma, ambos culminando com a condenação à morte, e
como esta foi executada por Roma, morte de cruz. Mas vale salientar que Jesus
foi para a cruz não como consequência da inveja dos judeus, não pela traição de
Judas ou pela covardia de Pilatos. A cruz foi resultado do amor do Pai; só
houve o evento da cruz porque Cristo, voluntariamente, se entregou por amor,
não levando em conta a ignomínia da cruz pela alegria que lhe estava proposta,
a alegria de conquistar-nos com seu amor e salvar-nos por sua graça.
“O amor de Deus é eterno, imutável e
incondicional. Deus não escreveu em letras de fogo, nas nuvens, seu amor por
você, mas esculpiu esse amor na cruz de seu Filho. Deus amou você a ponto de
dar seu Filho unigênito para morrer em seu lugar. Deus prova o seu próprio amor
por você pelo fato de ter Cristo morrido em seu lugar, sendo você ímpio, fraco,
pecador e inimigo. O amor não consiste no fato de você amar a Deus, mas de Deus
ter amado você e enviado seu Filho como propiciação pelos seus pecados. Deus
não poupou seu próprio Filho, antes, por você o entregou. Entregou-o para
esvaziar-se. Entregou-o para ser humilhado. Entregou-o para ser cuspido pelos
homens e pregado numa rude cruz. Não foi a cruz que gerou o amor de Deus por
você, mas foi o amor de Deus que providenciou a cruz. Jesus morreu na cruz não
para despertar o amor de Deus por você; Jesus morreu na cruz para revelar o
amor de Deus por você. A cruz não é a causa do amor de Deus por você; é o
resultado desse amor. A cruz de Cristo é a prova mais vívida de que Deus se
importa com você e está determinado a salvar sua vida. Você não precisa buscar
mais evidências do amor de Deus por você; ele já provou esse amor, em grau
superlativo. O amor de Deus por você é abundante, maiúsculo e eterno”.
(Fonte: Devocionário Cada Dia - Hernandes Dias Lopes)
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Infantilismos teológicos. Há crentes
que não se dispõem a doar seus órgãos, por temerem ficar incompletos quando do
arrebatamento da igreja. Afinal, como entrarão na Jerusalém Celeste sem o
coração? Ou sem os pulmões? Ou, então, desprovidos de rins? Na vida futura,
todavia, não precisaremos de tais órgãos. Quando todas as coisas se consumarem,
nem das gônadas sentiremos falta, conforme sublinha o próprio Cristo: ‘Pois,
quando ressuscitarem de entre os mortos, nem casarão, nem se darão em
casamento; porém, são como os anjos nos céus’ (Mc 12.25).
Na eternidade, todos seremos
perfeitos, como perfeitos são os santos anjos. Por enquanto, necessitamos de
órgãos, tecidos, ossos e sangue em virtude de nossa fisiologia. Esta, porém, é
transitória. É o que o apóstolo Paulo deixa bem patente: ‘Pois assim também é a
ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na
incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória. Semeia-se em fraqueza,
ressuscita em poder. Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se
há corpo natural, há também corpo espiritual’ (1Co 15.42-44).
Em vez de especularmos com assuntos
tão sérios, exercitemos o amor cristão. Na vida eterna, não precisaremos mais
de coração. Então, que este venha a pulsar noutro peito. Que nossos pulmões
arfem noutro tórax. E que os rins que, hoje, nos filtram o sangue, venham a
beneficiar os que se acham presos à máquina de hemodiálise” (ANDRADE,
Claudionor de. As Novas Fronteiras da Ética Cristã. 1. ed. RJ: CPAD, 2017,
pp.137).
III. DOAR
ÓRGÃO É UM ATO DE AMOR
O genuíno e excelso sentimento de amor constrange o
cristão para ser doador de órgãos e de tecidos humanos.
1. O princípio da empatia e da solidariedade. A empatia pode ser definida como a capacidade de sentir o que a outra
pessoa está sentido, ou seja, a disposição de colocar-se no lugar do outro. Ser
solidário implica apoiar e ajudar alguém num momento difícil. Cristo nos
ensinou no Sermão do Monte: "tudo o que vós quereis que os homens vos
façam, fazei-lho também vós" (Mt 7.12). Quando o ser humano entende o
altruísmo do auxílio mútuo, os argumentos contrários à doação de órgãos perdem
o sentido e a razão.
O que poderíamos fazer a fim de minorar a dor e
sofrimento alheio hoje? Minha resposta, sem dúvida, é: sentir empatia! E estes
textos não deixam minha resposta vazia:
“Alegrem-se com os que se alegram; chorem com os
que choram” (Rm 12.15);]
“Sejam bondosos e compassivos uns para com os
outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo”
(Ef 4.32);
“Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês
querem que eles lhes façam; pois esta é a Lei e os Profetas” (Mt 7.12);
“O meu mandamento é este: Amem-se uns aos outros
como eu os amei” (Jo 15.12);
“Quanto ao mais, tenham todos o mesmo modo de
pensar, sejam compassivos, amem-se fraternalmente, sejam misericordiosos e
humildes” (1Pd 3.8);
“Lembrem-se dos que estão na prisão, como se
aprisionados com eles; dos que estão sendo maltratados, como se fossem vocês
mesmos que o estivessem sofrendo no corpo” (Hb 13.3), e
“Portanto, como povo escolhido de Deus, santo e
amado, revistam-se de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e
paciência. Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns
contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou. Acima de tudo, porém,
revistam-se do amor, que é o elo perfeito” (Cl 3.12–14).
Com isso em mente, precisamos estar no lugar
daqueles que estão numa fila de espera por transplante, que, além da barreira
da especificidade da morte, precisam contar também com a solidariedade dos
familiares, que são responsáveis pela decisão final pela doação.
2. O princípio do verdadeiro amor. Amar a Deus e ao próximo como a si mesmo é o resumo da lei de Deus (Mt
22.37-40). Cristo ensinou que não existe maior amor do que doar a sua vida ao
próximo (Jo 15.13). O Salvador não doou apenas um ou outro órgão para salvar
nossas vidas. Ele entregou a sua vida por inteiro para que não fôssemos
condenados à morte eterna. João nos recorda esse ato e nos exorta a fazer o
mesmo: "Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós
devemos dar a vida pêlos irmãos" (1Jo 3.16). Portanto, doar órgãos para
salvar outras vidas é um sublime ato de amor.
“A marca mais evidente de nossa época é o
individualismo. Na verdade, o individualismo está presente em nossa sociedade
desde a proposta feita a Adão e Eva pela serpente astuta: “É assim que Deus
disse: Não comereis der toda árvore do jardim? (…) É certo que não morrereis.
Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e,
como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal” (Gn 3.1-5).” (ULTIMATO Online)
Por outro lado, o orgulho, a vaidade, a
autossuficiência, todos derivados de um coração soberbo, são desastrosos,
porque impedem, dentre outras coisas, que busquemos ajuda tanto em Deus quanto
nas pessoas ao nosso redor, como também, abre um abismo para a empatia. Nós nos
consideramos tão autossuficientes, que não vemos no outro um ponto de apoio e
refúgio nos momentos de necessidade. Quem comanda é o “eu”, o ego detém as
razões e soluções.
“A Palavra do Senhor nos ensina que a vida
cristã não pode ser vivida isoladamente (Hb 10.25), pois somos uma família (Ef
2.19), escolhida antes da fundação do mundo (Ef 1.4) para viver em comunhão uns
com os outros (At 2.42-47), com alegria e devoção e, especialmente, cuidando uns dos outros, pastoreando, aconselhando,
admoestando e orando (Cl 3.16-17; Tg 5.16). A vida cristã precisa ser
fundamentada no “eu preciso de você”. Devemos declarar uns aos outros a nossa
incapacidade de lidar com os problemas, e reconhecer que somos devedores uns
aos outros do amor com que somos amados pelo Senhor.” (ULTIMATO Online)
Somente o Espírito Santo é capaz de nos tornar
empáticos e próximos, a ponto de se alegrar com os que se alegram e chorar com
os que choram (Rm 12.9-21). Peter Beyerhaus afirmou:
“A obra do Espírito Santo é tão corporativa como
individual. Ele constrói a vida da igreja estabelecendo o elo místico entre
Cristo, a cabeça, e a igreja, seu corpo. Mediante essa obra, a presença real do
Senhor é sentida na adoração da congregação. Ele equipa a igreja para sua
missão por meio de ministérios e serviços vocacionais. Como aquele que
convence, ele abre o caminho para o mundo descrente. Os charismata, ou seja,
dons espirituais complementares, unem todos os cristãos como membros de um só
corpo para o serviço mútuo (1Co 12)” (Peter Beyerhaus, Dicionário
de ética cristã, Carl Henry (org.), Editora Cultura Cristã).”
SUBSÍDIO PEDAGÓGICO
Esta lição dá a você a oportunidade
de fazer uma importante atividade prática. Proponha a classe a identificar
irmãos na igreja que estejam precisando de doação de sangue ou de um órgão.
Proponha que a classe organize um plano de ação para que o que estamos
aprendendo na teoria seja colocado em prática. Nessa atividade você e sua classe
podem ter uma grata surpresa: identificar pessoas, que você nem imaginava, que
lutam contra uma enfermidade séria. É um exercício de amor olhar e socorrer
pessoas que estão sofrendo bem perto de nós.
CONCLUSÃO
A doação de órgãos em vida, ou depois de morto, é
um elevado gesto de amor. Esta ação em nada contraria os preceitos éticos ou
bíblicos, exceto no caso de células-tronco embrionárias. Porém, ninguém deve
ser forçado à prática de tão nobre gesto. O ser humano não pode ser
"coisificado" e nem sua vontade pode ser desrespeitada. Doador e
receptor expressam a imagem e a semelhança de Deus (Gn 1.26).
Do que foi exposto nesta lição, entendemos que seja
perfeitamente aceitável ao cristão a doação de órgãos, tecidos, aqueles que são
possíveis em vida e todos aqueles que possam ser aproveitados após constatada a
morte. Não precisamos temer qualquer implicação disso na ressurreição. Não há
na Bíblia nada contrário à doação de órgãos, aliás, no Novo Testamento, temos
justamente o ensino de Jesus quanto ao desprendimento para com a própria vida
(e corpo), ao ponto de Ele próprio ter dado sua vida para nos salvar. Ou seja,
sabemos que nossa vida não se limita a este corpo, e se for preciso até mesmo
que um cristão morra para salvar seu semelhante, isso é visto como um ato de
amor, não de desprezo para consigo mesmo.
“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua
palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou
chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16)
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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