SUBSÍDIO I
1. Recapitulando conteúdos
anteriores
Caro professor, prezada
professora, estamos quase na metade deste trimestre. Nossa sugestão é que você
utilize os 10 primeiros minutos da aula para fazer uma recapitulação dos
conteúdos vistos desde a lição 1 à lição 5.
Insistimos no tópico de
recapitular, pois esse elemento didático é fundamental no aprendizado da classe
de Escola Dominical. Portanto, esquematiza o resumo dessas cinco primeiras
lições mais ou menos assim:
Lição 1 → Questões de autoria, dos
destinatários, propósito da carta, apresentação de Jesus como superior aos
profetas e aos anjos.
Lição 2 → Destaque para a
importância da salvação anunciada por Cristo, proclamada pelos apóstolos e
confirmada pelo Espírito Santo.
Lição 3 → A questão da
superioridade do ministério de Jesus em relação ao de Moisés.
Lição 4 → A questão da
superioridade do ministério de Jesus em relação ao de Josué.
Lição 5 → A questão da superioridade
do ministério de Jesus em relação ao de Arão e da Ordem Levítica.
2. Texto de subsídio para a
Lição 6
Aqui, para auxiliar no processo
de preparação de aula, reproduzimos um texto do comentarista José Gonçalves em
que ele trata o ponto crucial da presente lição, conforme segue:
“‘Porque é impossível que os que
já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram
participantes do Espírito Santo’ (v.4). O tom exortativo da carta aos Hebreus chega a
seu ápice aqui no versículo quatro deste capítulo. Com a palavra “impossível”
(gr. adynatos),
o autor dá início a uma argumentação que culmina no versículo 6. Dentro desse
contexto, o termo “impossível” é usado em relação aqueles que caíram e não
podem mais ser restaurados ao arrependimento. Mas que tipo de queda o autor estaria
se referindo? Não há dúvida que não se trata de um desvio qualquer, mas aquilo
que o próprio autor já havia se referido em Hb 3.12 – o pecado de apostasia. A
interpretação que afirma que aqui o autor estaria se referindo a uma mera
hipótese, sem possibilidade de realização não consegue ser convincente. Da
mesma forma, a interpretação que tenta transformar “os iluminados” que
“provaram o dom celestial” e que se “tornaram participantes do Espírito Santo”
em descrentes ou crentes salvos, mas não regenerados, não se sustenta por
razões contextuais, gramaticais e léxicas!
1. O termo “iluminado” é usado
tanto no contexto do Novo Testamento como aqui em Hebreus como se referindo a
pessoas salvas (Hb 10.32; Jo 8.12; 2 Pe1.19).
2. A palavra grega dorea traduzia aqui
como “dom” é usada outros lugares no Novo Testamento. É usada em referência a
Cristo, o Espírito Santo ou alguma coisa dada por Cristo. Este texto, portanto,
fala daqueles que experimentam o dom do Filho (Jo 4.10; Rm 5.15, 17; 2 Co 9.15;
Ef 4.7) e do Santo Espírito (At 2.28; 8.20; 10.45; 11.17), e que,
posteriormente caíram.
3. A expressão “participantes do
Espírito Santo” só tem sentido em relação a crentes (Rm 8.9). Hal Harless
destaca que os que caíram foram de uma vez por todas feitos participantes (metochous genēthentas) do
Espírito Santo (Hebreus 6: 4). Esse particípio passivo mostra que Deus os fez
participar do Espírito Santo, e que isso não partiu deles mesmos. O termo
grego metochos,
significa: (1) “compartilhando / participando”. (2) “negócios”,
“parceiro”, “companheiro”. O particípio acompanhante favorece o primeiro. Eles
participam do Espírito Santo, então eles são regenerados (Romanos 8: 9, Tito 3:
5-7).
‘E provaram a boa palavra de
Deus, e as virtudes do século futuro’ (v.5).Os crentes a quem o autor se referiu no
versículo 4, também provaram “a boa palavra de Deus” e os “poderes do século
vindouro”. Este versículo também só tem sentido quando visto em referência a
crentes. Eles já haviam sido iluminados, provado do dom celestial, participado
do Espírito Santo. Agora é mostrado que eles também provaram da palavra de Deus
e conheceram as virtudes do século vindouro. Eram, portanto crentes de verdade.
‘E recaíram, sejam outra vez
renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o
Filho de Deus, e o expõem ao vitupério’ (v.6).O autor vai alertar que a queda na fé é uma
possibilidade real e que nesse aspecto a apostasia é um caminho sem volta. Aqui
ele mostra a causa dessa tragédia espiritual. Tanto Bruce como Hughes destacam
que o particípio anastaurountas
(crucificar de novo) aqui é causal, indicando a impossibilidade
do apóstata se arrepender e recomeçar de novo. Fritz
Rienecker destaca que o particípio paradeigmatizontas
(expor à desgraça) soa como um alerta aos leitores para que o
mesmo não volte ao judaísmo, pois se assim o fizessem não haveria mais
condições de refazer sua vida espiritual. Esse fato iria requerer uma
ré-crucificação de Cristo e a exposição dele a vergonha pública. William
Barclay ver a apostasia aqui como um fato concreto, mas entende que a mesma
acontecia no contexto de uma perseguição onde o cristão era desafiado a negar
sua fé. Ainda segundo Barclay, o autor queira mostrar que “era a terrível
seriedade de escolher a sobrevivência neste mundo às custas da lealdade a
cristo. O autor de Hebreus na continuação diz uma coisa terrível. Os que
cometem apostasia crucificam
a Cristo outra vez.”. (Texto extraído da obra “Ânimo, Esperança e Fé em Tempos de
Apostasia: Um
estudo na carta aos Hebreus versículo por versículo”, editada pela
CPAD)
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Na aula de hoje discutiremos a respeito da
perseverança e fé em tempos de apostasia. É preciso destacar que alguns crentes
hebreus daquela comunidade estavam desertando da fé, e retornando para a
religiosidade judaica. Diante dessa realidade, o autor da Epístola os admoesta
para seguirem adiante, crescendo em entendimento da fé, tendo cuidado para que
não venham a perder o que haviam adquirido por meio de Cristo, tendo como
garantias as promessas do Senhor.
1. A IMPORTÂNCIA DA MATURIDADE CRISTÃ
Em continuidade à discussão do capítulo anterior, o
autor da Epístola aos hebreus amoesta os irmãos para que não fiquem apenas nos
“rudimentos da doutrina de Cristo” (Hb. 6.1). Evidentemente não há uma
reprovação em relação aos ensinamentos fundamentais da fé, tais como:
arrependimento, fé em Deus, doutrina dos batismos, imposição das mãos,
ressurreição dos mortos e juízo eterno (Hb. 6.2,3). Algumas dessas práticas
religiosas eram conhecidas dos cristãos hebreus, e ao que tudo indica, eles a
circunscreviam ao judaísmo, em consonância com o evangelho de Cristo. Essas
doutrinas incluíam: 1) arrependimento das obras mortas – a prática das obras é
necessária, mas não garante a salvação, pois somente pela fé em Cristo podemos
ser salvos (Ef. 2.8-10); 2) fé em Deus – é verdade que sem fé é impossível
agradar a Deus (Hb. 11.6), essa fé, no entanto, deve instigar à maturidade, não
ao comodismo; 3) doutrina dos batismos – a igreja cristã tem basicamente um
batismo (Ef. 4.5), mas entre os judeus eram comuns vários banhos cerimoniais;
4) a imposição de mãos – era uma prática comum no judaísmo, como uma forma de
transferência de atribuição, que se dava por meio da oração (Mc. 5.23; At.
6.6); 5) ressurreição dos mortos – Jesus morreu e ressuscitou pelos pecadores,
essa se tornou uma doutrina fundamental da fé, e que também os que creem
haverão de ressuscitar (I Co. 15.18); e 6) o juízo eterno – o julgamento
vindouro é uma realidade bíblica, assegurada no ensinamento dos apóstolos (At.
10.42). Mas fazia-se necessário que eles avançassem, que saíssem do “jardim de
infância”, e partissem para a “formação acadêmica”. Na verdade, essa é uma
metáfora do significado do crescimento espiritual dos crentes. Há cristãos que
ficam muito à vontade no “educandário espiritual”, pois nesse ambiente há
muitas diversões, e quase nenhum compromisso.
2. O PERIGO
DA APOSTASIA, A DESERÇÃO DA FÉ
A preocupação do autor da Epístola aos hebreus não
é com aqueles que passam por altos e baixos na fé Cristo. Mas propriamente
neste capítulo, se volta para a apostasia – que se trata da deserção
premeditada da fé. O texto trata a respeito daqueles que “uma vez foram
iluminados” (Hb. 6.4), por conseguinte, aqueles que tiveram uma experiência
real de fé. Há elementos bíblicos suficientes para fazer essa afirmação,
considerando que tais crentes: “provaram o dom celestial, e se fizeram
participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra d Deus e as virtudes
do século futuro” (Hb. 6.4,5). Esse é um texto cujo significado é disputado por
calvinistas – aqueles que acreditam na segurança eterna dos salvos; e
arminianos – que defendem a possibilidade da apostasia, mesmo para aqueles que
foram salvos. A esse respeito, é preciso ter cuidado para evitar qualquer tipo
de extremo. Por um lado, podemos ter convicção de que temos a segurança da
salvação, e não podemos viver instáveis em relação à providência divina para a
vida eterna. A salvação não depende de nós, é um ato divino do início até ao
fim, de modo que temos firmeza que Aquele que iniciou a boa obra a concluirá
(Fp. 1.6). De outro modo, não podemos negar a possibilidade da apostasia,
inclusive para aqueles que uma vez professaram a fé cristã, esse é justamente o
significado da apostasia - deserção. Esse, na verdade, é o pecado contra o
Espírito Santo, resultando na impossibilidade do arrependimento, tendo em vista
que é o Espírito que convence do pecado (Lc. 12.8-10; Mt. 12.31; Mc. 3.29; Jo.
16.8). Portanto, calvinistas e arminianos devem se render à veracidade desse
texto, e não acharem que uma vez salvos, salvos para sempre. E ao mesmo tempo,
também não devem achar que a salvação se perde por qualquer motivo.
3. A ESPERANÇA POR COISAS MELHORES
A abordagem do autor da Epístola aos hebreus é a de
um pastor-mestre, não apenas está interessado em apresentar uma série de
doutrinas, mas também em estimulá-los a seguir adiante. Por isso a eles se
dirige afirmando esperar “coisas melhores e coisas que acompanhem a salvação”
(Hb. 6.9). O pastor-mestre não apenas adverte os crentes, também os impulsiona
a seguirem adiante, admoestando-os a buscarem crescimento espiritual. É bem
verdade que, por causa da fé, enfrentamos muitas adversidades, mas “Deus não é
injusto para se esquecer da vossa obra e do trabalho de amor que, para com o
seu nome mostrastes, enquanto servistes aos santos e ainda servis” (Hb. 6.10).
Essa é uma mensagem que os motivou a enfrentarem as lutas, a fim de que
perseverassem “até o fim, para completa certeza da esperança” (Hb. 6.10). E, de
igual modo, não serem negligentes na caminhada, antes “sendo imitadores dos
que, pela fé e paciência, herdam as promessas” (Hb. 6.12). Um desses exemplo é
Abraão, pois demorou muito tempo até que ele visse o cumprimento das promessas
do Senhor em sua vida. Mas não se desesperou, “esperando com paciência,
alcançou a promessa” (Hb. 6.15). O Deus nos qual cremos é de promessas, e Ele
vela pela Sua palavra para cumprir (Mt. 24.35). Temos a esperança de que ao Seu
tempo Ele fará tudo aquilo que prometeu. Essa deve ser a âncora da nossa alma
(Hb. 6.19), a bússola que norteará nossas decisões, ainda que essas sejam
contrárias à maioria. Temos ainda um exemplo maior que o de Abraão, o próprio
Cristo, que é Sacerdote e Precursor do crente, ou seja, aquele que está adiante
de nós, mostrando o caminho que deve ser seguido (Hb. 6.20).
CONCLUSÃO
A perseverança na fé deve ser ensinada nas igrejas,
como forma de estimular os crentes a seguirem adiante, não se acomodando nos
rudimentos da doutrina. Mas isso precisa ser feito com equilíbrio, a fim de
evitar que resulte em insegurança em relação à salvação, que nos foi
providenciada graciosamente, através do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo,
que é Sacerdote e Precursor, daqueles que carregam a cruz do discipulado (Mt.
16.24).
Prof. Ev. José
Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog
subsidioebd
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
O autor já havia
dito que os crentes deveriam ser mestres, mas em vez disso necessitavam que
alguém lhes ensinasse de novo os primeiros rudimentos da fé (Hb 5.12). A vida
cristã é dinâmica e exige que o discípulo vá além dos primeiros passos. Mas
isso não estava acontecendo com a comunidade com a qual o autor sacro se
correspondia. Em vez disso, dava sinais de cansaço, indolência, negligência e
imaturidade espiritual, o que poderia trazer como consequência o esfriamento e
o fracasso na fé. A graça não é irresistível e nem tampouco incondicional. A
apostasia é retratada pelo escritor como algo real e não apenas como um perigo
hipotético, por isso, ele mostra que para se evitar decair é necessário
perseverança, fé e confiança nas promessas de Deus.
Maturidade é a capacidade de se entender e cumprir o
projeto de Deus para nossa vida. Todos os cristãos começam suas vidas
espirituais como “bebês” em Cristo, mas precisam crescer para amadurecer (6:1).
Permanecer um infante espiritual pode resultar em afastar-se de Cristo (6:4-6).
O cristão que rejeita Jesus está na realidade agindo justamente como aqueles
que realmente crucificaram Jesus! Ele crucifica Jesus de novo e o envergonha
abertamente. Se um cristão rejeita Cristo, que mais o evangelho oferece para
levá-lo ao arrependimento? O Escritor de Hebreus, contudo, estimula seus
leitores, observando que ele não pensa que eles estejam em tal estado. Mas
espera que eles continuem nos trabalhos que tinham iniciado (6:9-12). Mas que
garantia têm os cristãos de que, depois que tiverem trabalhado diligentemente e
suportado as tribulações pacientemente serão, de fato, salvos da eterna
destruição? O autor cita o exemplo de Abraão, a quem Deus fez uma promessa
(6:13-17). Quando Abraão pacientemente suportou, obteve o cumprimento da
promessa, porque a palavra de Deus é imutável. O exemplo de Abraão é um forte
encorajamento para aqueles que estão agora confiantes em que Deus lhes dará a
vida eterna, como ele prometeu àqueles que o obedecem (Hebreus 5:9).
“Maturidade espiritual é o alvo do
discipulado. A grande ênfase de Jesus na grande comissão é “fazer discípulos”.
Nosso compromisso, portanto, vai além da evangelização. O Senhor quer mais do
que crentes ou novos membros em sua igreja, ele quer discípulos. O discipulado
é efetivado através da integração na igreja local, pelo batismo, e através do
ensino contínuo. O ensino que Jesus estabeleceu vai além da comunicação verbal
da verdade. O princípio estabelecido por Jesus é, “ensinando-os a guardar todas
as coisas que vos tenho ordenado.” O verdadeiro ensino desemboca na obediência.
Não se trata apenas de aprender um acervo teológico e doutrinário, mas esse
acervo deve ser convertido em vida transformada, ou seja, em maturidade
espiritual. O discípulo é um seguidor e imitador de Cristo. Seu alvo é aprender
com Cristo e de Cristo. Sua vida deve refletir a vida de Cristo. Ele deve andar
assim como Cristo andou. Sem obediência a Deus, não há cristianismo autêntico.
Sem santidade, não há evidência de maturidade espiritual. Sem maturidade
espiritual, não podemos viver de modo digno de Deus.”. (LOPES, Hernandes Dias: Maturidade Espiritual.
Disponível em:http://hernandesdiaslopes.com.br/portal/maturidade-espiritual/.
Acesso em 5 fev, 2018)
Vocação Eficaz ou Graça Irresistível é
uma doutrina do Calvinismo segundo a qual a graça divina é irresistível para os
crentes, isto é, o Espírito Santo acaba convencendo e infundindo a fé salvadora
neles; Deus não ama os ímpios. Eles recebem apenas providência comum. Segundo a
doutrina arminiana, a Graça é Resistível - Os homens podem resistir à Graça de
Deus e não serem salvos; Deus ama os ímpios e eles experimentam a graça comum.
A ira de Deus é apenas reflexo do amor rejeitado. Apostasia é: 1) Negação e
abandono da fé (1Tm 4.1; 2Tm 2.17-18); 2) A Revolta Final contra Deus (2Ts
2.13); 3) Abandonar a fé em Deus; afastar-se dos caminhos do Senhor; - “As
tuas apostasias te repreenderão: [...] vê que mau e quão amargo é deixares ao
Senhor teu Deus, e não teres o Meu temor contigo, diz o Senhor Jeová dos
Exércitos” (Jr 2.19); “Se ele recuar, a Minha alma não tem prazer nele”
(Hb 10.38).
O comentário da revista está sensacionalmente
explicado, o conteúdo deste plano de aula vai buscar a visão Reformada em
alguns pontos, com o fim de disponibilizar o conhecimento ao leitor, também
desta linha doutrinária e não apenas a visão Arminiana/Wesleyana adotada pela
revista e pela denominação. Lembro àqueles que fazem uso deste plano de aula
que não podemos ensinar às classes doutrina diferente à abraçada pela
denominação, seríamos desonestos agindo assim. Mas, enquanto professores,
devemos conhecer outros pontos de vista e também orientar os alunos sobre
tais. Isso é pensar maduramente a fé cristã!
I. A
NECESSIDADE DO CRESCIMENTO ESPIRITUAL
1. Indo além dos rudimentos
doutrinários sobre arrependimento e fé. Longe de dizer que a doutrina do arrependimento e da fé não é mais
necessária, o autor quer mostrar que ela é importante sim, mas que constitui o
"ABC doutrinário" da fé cristã. A vida cristã começa com o
arrependimento e fé (Mc 1.15). De fato, a Bíblia mostra que para que uma pessoa
possa ser salva, ela primeiro deve crer (Mc 16.16; At 16.31; Rm 1.16; Ef 2.8; l
Tm 1.16) e não o contrário. Todavia não deve parar aí. Há um longo caminho a
percorrer e os seus leitores, parece, haviam se esquecido desse fato,
"estacionando" na jornada.
É necessário infundirmos em nós a certeza de que a
Maturidade espiritual não é algo apenas para uma minoria privilegiada, mas é o
propósito de Deus para todos os seus filhos. Ela é imperativa para mim e para
você! 2º Pedro 3.18: “Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, agora e para sempre! Amém.”
“O grande alvo do ministério de Paulo era
conduzir os crentes à maturidade espiritual (Colossences 1:28). O conteúdo de
suas orações em favor da igreja sempre foi por maturidade espiritual. A Bíblia
nos foi dada para que pudéssemos chegar à maturidade espiritual (2 Timóteo
3:15-17). Os dons espirituais nos foram concedidos para que experimentássemos
maturidade espiritual ( Efésios 4:11-16). Sem maturidade a igreja fica
vulnerável aos ventos de doutrinas (Efésios 4:14). Sem maturidade espiritual a
igreja corre o risco de fazer dos dons esprituais uma matéria de conflito e desarmonia
em vez de canal para edificção do corpo (1 Coríntios 12:12-31).” (LOPES,
Hernandes Dias: Maturidade Espiritual. Disponível em:http://hernandesdiaslopes.com.br/portal/maturidade-espiritual/. Acesso em 5 fev, 2018)
O crescimento espiritual é um processo e nele todo
crente se torna mais parecido com Jesus Cristo. Se inicia no momento do novo
nascimento, pelo trabalho incansável do Espírito Santo, de nos “conformar” à
Sua imagem. 2º Pedro 1.3-8 nos diz que pelo poder de Deus “... nos deu todas
as coisas de que necessitamos para a vida e para a piedade, por meio do pleno
conhecimento daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude. Por
intermédio destas ele nos deu as suas grandiosas e preciosas promessas, para
que por elas vocês se tornassem participantes da natureza divina e fugissem da
corrupção que há no mundo, causada pela cobiça. Por isso mesmo, empenhem-se
para acrescentar à sua fé a virtude; à virtude o conhecimento; ao conhecimento
o domínio próprio; ao domínio próprio a perseverança; à perseverança a piedade;
à piedade a fraternidade; e à fraternidade o amor. Porque, se essas qualidades
existirem e estiverem crescendo em suas vidas, elas impedirão que vocês, no
pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, sejam inoperantes e
improdutivos.”
2. Indo além dos rudimentos
doutrinários sobre batismos e imposição de mãos. O segundo bloco de rudimentos doutrinários (Hb 6.2)
mostrado pelo autor é formado pelos ensinamentos sobre batismos e imposição de
mãos. O contexto mostra que em Hebreus 6.2 a referência é ao batismo cristão em
contraste com outros batismos praticados no judaísmo. Na igreja primitiva o
batismo em águas era feito em razão do "arrependimento para remissão de
pecados" (Mc 1.4; At 10.47,48; 22.16). O batismo não possuía poder
salvífico, isto é, não era um sacramento, mas um testemunho público da fé em
Cristo. Por outro lado, a doutrina da imposição de mãos é evidenciada em vários
lugares na Bíblia, mas era sempre demonstrada como um símbolo exterior da
prática da oração (At 6.6; 13.3; 1 Tm 4.14).
O Comentário da Bíblia Reina Valera diz de Hebreus 6.2:
“A doutrina de batismos: expressão que pode incluir os lavamentos
cerimoniosos judeus, considerados já superados pelo batismo cristão”.
“6.2 dos batismos Ou “das cerimônias de
purificação”. Nesse caso, o autor estaria falando sobre as cerimônias de purificação
dos judeus (Mc 7.1-4). cerimônia de pôr as mãos sobre os cristãos
Provavelmente, a cerimônia em que uma pessoa era separada para o serviço
cristão (At 6.6; 1Tm 5.22; 2Tm 1.6); ou, então, pôr as mãos sobre a pessoa para
que ela receba o Espírito Santo (At 8.17; 19.6).” (HEBREUS 6 –
Interpretação Bíblica. Disponível em:https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2015/12/hebreus-6-interpretacao-biblica.html. Acesso em 5 fev, 2018)
A Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal
(CPAD) traz o seguinte: “Alguns ensinamentos básicos são essenciais e devem
ser compreendidos por todos os crentes. Estes princípios incluem a importância
da fé, a tolice de tentar ser salvo através de boas obras, o significado do
batismo e dos dons espirituais, e os fatos da ressurreição e da vida eterna.
Para alcançarmos a maturidade em nosso entendimento, é preciso ir
além (mas não para longe) dos ensinamentos básicos, a um compreensão mais
completa da fé. Os cristãos maduros devem ensinar os princípios básicos para os
novos convertidos. Então, agindo de acordo com o que sabem, os cristãos maduros
aprenderão ainda mais sobre a Palavra de Deus”.(Pág.1791)
3. Indo além dos rudimentos doutrinários
sobre ressurreição e juízo. Fica patente para
o leitor do Novo Testamento que a pregação apostólica se fundamentava
primeiramente no fato da ressurreição de Jesus (At 4.33; 17.18). Tanto a
doutrina da ressurreição dos mortos como a do juízo vindouro são demonstradas
pelo autor como fontes de esperança para os cristãos (Hb 10.36,37; 12.28,29).
Elas eram elementos indispensáveis para que o cristão mantivesse sua
expectativa no porvir. Mas não deveriam parar aí, antes, tinham de avançar.
O crescimento e maturidade são um processo contínuo
e lógico para o cristão, não há paradas no caminho, o destino final é nos
tornarmos ‘até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento
do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de
Cristo’. (Ef 4.13). É lógico que este estado de perfeição não será atingido
neste corpo, mas este deve ser o nosso alvo. Esse é um processo que Deus quer
que você, conforme for se alimentando com as palavras sólidas, alimentos
sólidos, comece a se livrar das coisas de criança.
“O escritor da Carta aos Hebreus viu
um paralelo entre a alimentação de um bebê e a condição espiritual dos
cristãos. Eles são reprovados por não terem crescido na vida cristã, por
continuarem sendo como criancinhas recém-nascidas que necessitam de leite, não
suportando ainda alimentos sólidos, ou seja, um ensino espiritual mais
profundo. Eles não têm progredido na fé (Hb 5.11-14)”. (Leite ou alimento sólido, Revista Online
Ultimato. Disponível em: http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/igreja/leite-ou-alimento-solido/. Acesso em 5 fev, 2018)
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Prezado(a)
professor(a), faça um resumo do capítulo 6 de Hebreus para a classe, antes de
introduzir este tópico. Se possível, reproduza o esquema abaixo:
II. A NECESSIDADE
DA VIGILÂNCIA ESPIRITUAL
1. Apostasia, uma possibilidade
para quem foi iluminado e regenerado. As palavras do autor dão início ao versículo 4 do capitulo 6 de Hebreus
com o vocábulo grego adynato, traduzido aqui como "impossível". É a
mais forte advertência em o Novo Testamento sobre o perigo de decair da graça.
Os gramáticos observam que o seu sentido aqui é enfatizar o que vem colocado
depois da conversão (Hb 6.4). O autor fala de pessoas crentes, porque nenhum
descrente foi iluminado nem tampouco experimentou do dom celestial. No capítulo
10 e versículo 32 ele usa a expressão "iluminados" para se referir à
conversão dos seus leitores. Além do mais, as palavras "uma vez" (Hb
6.4) contrastam com "outra vez" (Hb 6.6), mostrando o antes e o
depois da conversão. Essas não são expressões usadas para pessoas não
regeneradas. A apostasia, o perigo de decair da fé, é colocada pelo escritor de
Hebreus como algo factível, um perigo real a ser evitado por quem nasceu de
novo.
Todos os cristão concordam que a salvação é somente
mediante a fé em Jesus Cristo. O Novo Testamento mostra que a doutrina dos
apóstolos era que ninguém pode ir para o céu a menos que creia somente em
Cristo para a sua salvação (Jo 14.6; Rm 10.9-10). O Dr R. C. Sproul comentando sobre
a possibilidade de o cristão apostatar da fé, afirma:
“Historicamente, os cristãos evangélicos têm largamente
concordado sobre esse ponto. Onde eles diferem tem sido na questão da segurança
da salvação. Pessoas que concordariam que apenas aqueles que confiam em Jesus
serão salvos têm, por outro lado, discordado acerca de se alguém que
verdadeiramente crê em Cristo pode perder a sua salvação.” (R.
C. Sproul. Um Crente Pode Apostatar?
Na Bíblia, apostasia significa o
abandono e a negação da fé. Ou seja, a negação daquilo que se crê, ou melhor,
que se cria anteriormente. De uma forma bem simples, apostasia é a negação do
ensino bíblico e o afastamento das pessoas da vontade de Deus. A apostasia
acontece quando a pessoa renega sua fé e deixa para trás tudo aquilo que cria,
abandonando totalmente a filosofia de vida pautada na Palavra de Deus - “Além
disso, a linguagem deles corrói como câncer; entre os quais se incluem Himeneu
e Fileto. Estes se desviaram da verdade, asseverando que a ressurreição já se
realizou, e estão pervertendo a fé a alguns.” (2Tm 2.17).
Com relação à apostasia, é fundamental que todos os
cristãos compreendam duas coisas importantes:
- (1) como reconhecer a apostasia e professores apóstatas, e
- (2) por que o ensino apóstata é tão mortal.
Com relação à questão doutrinária da perda da
salvação o subtópico contempla a visão arminiana, eu acrescento aqui a visão
reformada para que o leitor conheça o que estes defendem quanto à segurança da
salvação: “Hebreus 6.4- 6 é um trecho que não pode ser tomado como uma interpretação
de que o Cristão está sujeito a perder a salvação após tê-la recebido, pois tal
proposição traz consigo sérias implicações de cunho hermenêutico e exegético
como:
1. Se alguém servir a Jesus e posteriormente
“desviar-se” da fé, não haverá possibilidade de arrependimento e estará
invariável e eternamente perdido.
2. Por esse prisma, a salvação deixa de ser um dom
gratuito para tornar-se uma conquista meritória, cuja responsabilidade por sua
manutenção é total e inexoravelmente humana, consequentemente, passível de ser
perdida.
3. Seguindo essa linha interpretativa, o crente
fraco não poderá encontrar ensejo de salvação, já que vez por outra fracassa na
fé, não havendo assim chance de uma suposta comunhão que o conduza ao nível de
fé desejável.”
A doutrina Reformada afirma que Hb 6.4 é uma
hipótese, e que o crente goza de segurança quanto à salvação, podendo até cair
drasticamente da fé, como no caso de Pedro, mas este sempre poderá ser
restaurado. A apostasia cabe somente aos que uma vez iluminados contudo, não
eram dos eleitos.
2. Apostasia, uma possibilidade
para quem vivenciou a Palavra e o Espírito. A possibilidade de decair da graça é posta para aqueles que
"se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de
Deus" (Hb 6.4,5). O autor sacro já havia dito como uma pessoa se torna
participante de alguma coisa. Os crentes tornam-se participantes da vocação
celestial (Hb 3.1); participantes de Cristo (Hb 3.14) e, dessa forma,
participantes do Espírito Santo (Hb 6.4). Mais uma vez o texto mostra que a
mensagem é dirigida às pessoas regeneradas. Esses crentes haviam se tornado
participantes do Espírito Santo e da Palavra de Deus. Somente os nascidos de
novo participam do Espírito Santo (Jo 14.17) e provam da Palavra (At 8.14; 1Ts
2.13). Portanto, trata-se de uma advertência para os salvos.
A questão estudada aqui ainda é o texto de Hebreus
6.4, e devemos considerar somente este texto quanto à possibilidade de
apostasia, ou outro paralelo. Se o texto estiver falando, que mesmo depois de
se conhecer o Evangelho, ter chegado a entender o plano salvífico, desfrutado
das bênçãos da comunhão cristã, e depois por algum motivo “desviar-se” se
perderia a salvação, seria aberto um precedente de consequências no mínimo
desastrosas. Isso implicaria na dedução lógica, que após alguém ter conhecido a
verdade e depois tê-la abandonado, não teria mais a possibilidade de
arrependimento. Este é o entendimento da grande maioria das igreja evangélicas
hoje, que defendem a doutrina arminiana/wesleyana. Mas a questão não é simples,
basta examinarmos um dos maiores exemplos neotestamentário da possibilidade de arrependimento:
o apóstolo Pedro. Negou não só ser discípulo de Jesus, como até mesmo
conhecê-lo! Apostatou? (Mt.26.69-75) - Vale salientar que todos os outros
discípulos também abandonaram o mestre - Pedro, porém, foi sensível à voz de
Deus, quando do convite ao retorno à comunhão (Mc 16.7), confessando diante dos
companheiros sua fé e amor ao Senhor (Jo.21.15-17). O Dr R. C. Sproul defende
que o crente pode cair de forma drástica e até passar um longo período longe de
Cristo, mas a apostasia não lhe alcança, e ainda, é-lhe facultada a
possibilidade de arrependimento. (R. C. Sproul. Um Crente Pode
Apostatar? Disponível em:http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/742/Um_Crente_Pode_Apostatar. Acesso em: 27 jan, 2017). Agora note que, o texto grego fala da impossibilidade de
se mudar a “disposição mental” do desviado, pois o termo “caíram” denota um arremessar-se
para fora (parapesountás), este verbo está no aoristo ativo apontando para uma
ação simples, a ponto de tornar-se avesso a sua pessoa e doutrina, de modo
similar aos que rejeitaram ao Senhor, o prenderam, aviltaram de todas as
formas, inclusive despindo-o publicamente, e por fim o crucificaram (Mt.27.27-31,
Lc.23.11 e Jo.19. 2,3).
“Parece muito patente que o propósito
do escritor de Hebreus é falar do perigo da apostasia. É pertinente observar
que em nenhum momento do texto ele se referiu a alguém que experimentou a
salvação e depois a perdeu, e sim aqueles que experimentaram uma iluminação e
algumas das benesses divinas e depois apostataram. Outro fator importante é
quando está sendo finalizada a perícope, há uma analogia muito esclarecedora no
que concerne a mensagem que se deseja transmitir, pois no versículo sete é dito
que a terra que, beneficiada pela chuva, responde positivamente com bons
frutos, receberá indubitavelmente a bem aventurança da parte de Deus. Tal
analogia lembra as palavras ditas por Jesus: “Toda árvore que não produz bom
fruto é cortada e lançada no fogo, assim, pois, pelos seus frutos os
conhecereis” (Mt.7.19,20). Isso aclara a premissa de que só se pode dar fruto
segundo a sua espécie “[...] não se colhem figos de espinheiro, nem dos
abrolhos se vindimam uvas.” (Lc. 6.44). Seguindo tal pensamento, conclui-se que
só uma terra boa dará bons frutos. De modo lógico, se chegará à conclusão que
só mesmo uma terra má produzirá espinhos e abrolhos, sendo isso uma simples
manifestação da sua natureza, cujo destino final segundo a afirmação de Hebreus,
é ser queimada”. (Aqueles
Que Acabam Se Afastando Podem Dar Muitos Sinais Exteriores de Conversão.
Disponível em: https://na-multiforme-graca-de-deus.webnode.com/news/estudos-de-hebreus-6-4-81/. Acesso em 5 fev, 2018).
3. Apostasia, uma possibilidade
para quem viveu as expectativas do Reino. Esses crentes, aos quais o autor se referia, também
experimentaram "as virtudes do século futuro" (Hb 6.5). Essa
expressão é usada no contexto da cultura neotestamentária como uma referência a
era messiânica. Ao receber a Cristo como Salvador, os crentes já participam
antecipadamente das bênçãos do Reino de Deus. Vigilância mais uma vez é
requerida para os salvos que ingressaram nesse Reino. Quem despreza a graça de
Deus, não se torna um "cidadão real" desse Reino.
Hebreus 6.4-6 tem deixado seus leitores angustiados
e perplexos através dos séculos, por que a primeira vista parecem ensinar que
não há esperança de arrependimento ou de aceitação divina para aqueles que
aceitaram a Cristo e depois o rejeitaram. Para melhor compreensão do problema,
Hebreus 6.4 deve ser estudado juntamente com as declarações que tratam do mesmo
assunto em Hebreus 10:26-31 e 12:15-17; 25-29. Devemos considerar o seguinte:
em 6.5, provaram traduz a mesma palavra grego do v. 4.
Isto quer dizer que gostaram de ouvir a Palavra de Deus. Mundo (aiõn), “era”.
Fala do poder sobrenatural exercido nos milagres tão notáveis. O fato de ‘experimentar’
não significa que eram pessoas nascidas de novo.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
Alguns
intérpretes combinam 5.11−6.20 como uma unidade exortativa. No entanto, há boas
razões para dividir a passagem em duas advertências separadas (embora
relacionadas). Enquanto 5.11−6.3 enfoca o perigo da lentidão e da regressão
espiritual, com uma exortação para avançar em direção à maturidade, a segunda
advertência enfoca a terrível possibilidade de uma apostasia irreparável, se
tal regressão prosseguir de modo incontrolável (6.4-8). O autor então encoraja e
desafia seus leitores a progredirem, prosseguindo em esperança e fé com perseverança
(6.9-20).
Hebreus
6.4-6 constitui uma frase longa e complexa em grego, que adverte solenemente
sobre a possibilidade de abandono (apostasia) da fé cristã e da impossibilidade
desta vir a ser restaurada, uma vez que tal condição tenha ocorrido.
[...]
Quem são os sujeitos desta impossibilidade? [...] O estudioso F. F. Bruce
observa corretamente que o texto em 6.4-6 foi tanto ‘indevidamente minimizado’ quanto
‘indevidamente exagerado’. Foi indevidamente minimizado por aqueles que
argumentam de uma forma ou de outra que as pessoas descritas 6.4,5 nunca foram
cristãos completamente regenerados (por exemplo, Grudem, 1995, 132-182), ou que
este foi somente um caso hipotético sendo apresentado pelo autor e não algo que
pode realmente acontecer na prática (por exemplo, Hewitt, 1960, 110-11). A
passagem também foi indevidamente exagerada por aqueles que ensinam que
uma vez que uma pessoa tenha se convertido e sido batizada em Cristo, e em seu
corpo, e então por um lapso cair novamente em sua antiga vida pecaminosa, não
poderá haver um perdão futuro ou uma restauração ao convívio cristão (por
exemplo, Tertuliano sobre o pecado pós-batismal). Estas interpretações estão
sendo aplicadas à passagem sem uma consideração de seu contexto, e não fazem
nenhuma distinção entre ‘desviarse’ e ‘apostatar’” (ARRINGTON, French L.;
STRONSTAD, Roger (Ed.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio
de Janeiro: CPAD, 2004, pp.1573-75).
III. A
NECESSIDADE DE CONFIAR NAS PROMESSAS DE DEUS
1. O serviço cristão e a justiça
de Deus. O autor sabia que
usou um tom exortativo forte deixando claro que não se pode brincar com a fé.
Agora ele vê a necessidade de consolar os cristãos depois desse
"tratamento de choque" (Hb 6.9,10). Aos crentes fiéis no seu serviço
é dito que Deus, em sua justiça, os recompensará. É bom saber que mesmo não
recebendo o reconhecimento dos homens, teremos o reconhecimento de Deus.
Devemos tomar o cuidado de não acrescentar nada às
Escrituras no que tange à nossa salvação. Não serão as boas obras, o cuidado
zeloso ou o seguir piamente os ditames da denominação que nos garantirá a
chegada no Porto Seguro, quem nos garante a chegada é o Senhor – “E estou
plenamente convicto de que aquele que iniciou boa obra em vós, há de concluí-la
até o Dia de Cristo Jesus” (King James Bible). Hebreus 6.9,10 soa como
garantia de que, nós, podemos ter uma certeza concreta de que Deus contempla
nossas obras de justiça e que elas são o sinal de que não somos daqueles que
apostatam.
“Deus quer que tenhamos a certeza
absoluta de nossa salvação. Não podemos viver nossa vida cristã nos perguntando
e nos preocupando a cada dia se realmente somos salvos. É por isso que a Bíblia
coloca o plano de salvação de forma tão clara. Creia em Jesus Cristo e você
será salvo (João 3:16; Atos 16:31). Você crê que Jesus é o Salvador, que Ele
morreu para pagar o preço por seus pecados (Romanos 5:8; II Coríntios 5:21)?
Você confia somente nEle para a salvação? Se sua resposta for sim, você é
salvo! Certeza absoluta significa “além de toda e qualquer dúvida”. Ao levar a
sério a Palavra de Deus, você pode saber “além de toda e qualquer dúvida” o
fato e realidade de sua eterna salvação. O próprio Jesus declara a respeito de
todos os que nEle crerem: “E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e
ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos;
e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai” (João 10:28-29). Mais uma vez,
isto enfatiza o “eterno”. Vida eterna é simplesmente isto: eterna. Não há
ninguém, nem mesmo você, que possa arrancar de si próprio a salvação, o dom de
Deus em Cristo” (Como posso ter certeza
absoluta da minha salvação? Disponível em:https://www.gotquestions.org/Portugues/certeza-absoluta-salvacao.html. Acesso em: 5 fev, 2018)
2. A perseverança de Abraão e a
fidelidade de Deus. A exortação do
escritor de Hebreus toma como parâmetro a pessoa de Abraão. O velho patriarca é
o modelo do crente perseverante, que de posse da promessa de Deus, soube
esperar com paciência (Hb 6.12,13). Por que voltar atrás se temos as promessas
de Deus que nos motivam a caminhar à frente (Hb 6.14,15)?
Em Hebreus 6.9 lemos um contraste significante: “Mas
de vós, ó amados, esperamos coisas melhores, e coisas que acompanham a
salvação, ainda que assim falamos”. As coisas melhores em vista são
listadas em 10-12, coisas como trabalho, amor, serviço, diligência, completa
certeza da salvação e fé, paciência, herança das promessas. Estas coisas são
melhores que as experiências dos versos 4-6 precisamente porque elas pertencem
à ou são acompanham a salvação . Em outras palavras, o autor diz que está
confiante de que muitos de seus leitores têm coisas melhores que as pessoas
descritas nos versos 4-6, e estas coisas são melhores, pois seus leitores têm
coisas que pertencem à salvação. Isto implica que as bênçãos nos versos 4-6 não
são coisas que pertencem à salvação (Grudem, 159).
3. Cristo, sacerdote e precursor
do crente. O autor sagrado
volta-se para Jesus, o nosso exemplo maior de perseverança, fidelidade e
esperança. Nessa jornada, Ele se adiantou e foi a nossa frente, tornando-se o nosso
precursor (Hb 6.20). O termo "precursor" era usado na cultura antiga
em referência a um batedor militar, a alguém que tomava a dianteira para abrir
caminho. Jesus entrou na presença de Deus, como nosso sumo sacerdote para nos
dar o direito de viver eternamente.
Hebreus 6:20 - Comentado por Matthew Henry: “A
esperança aqui aludida é esperar com certeza as coisas boas prometidas por meio
dessas promessas, com amor, desejo e valorizando-as. A esperança tem seus
níveis, como também os tem a fé. A promessa de bênçãos que Deus tem feito aos
crentes está, desde o eterno propósito de Deus, estabelecida entre o Pai
eterno, o Filho eterno e o Espírito Santo eterno. Pode-se confiar com toda
certeza nesta promessa de Deus, porque aqui temos duas coisas imutáveis, o
conselho e o voto de Deus, em que é impossível que Deus minta, pois seria
contrário à sua natureza e à sua vontade. Como não pode mentir, a destruição do
incrédulo e a salvação do crente são igualmente verdadeiras. Note-se aqui que
têm direito por herança as promessas aqueles aos que Deus tem dado seguridade
plena da felicidade. Os consolos de Deus são suficientemente fortes para
sustentar a seu povo quando está submetido a suas provações mais pesadas. Aqui
há um refúgio para todos os pecadores que fogem à misericórdia de Deus por meio
da redenção em Cristo, conforme a aliança de graça, deixando de lado a todas as
outras confianças. Estamos neste mundo como um barco no mar, sacudido de cima
para abaixo e correndo o risco de naufragar. Necessitamos uma âncora que nos
mantenha seguros e firmes. A esperança do evangelho é a nossa âncora nas
tormentas deste mundo. É segura e firme, pois do contrário não poderia
manter-nos assim. A graça gratuita de Deus, os méritos e a mediação de Cristo e
as poderosas influências de Seu Espírito, são as bases desta esperança, assim
que se trata de uma esperança segura. Cristo é o objeto e o fundamento da
esperança do crente. Portanto, depositemos nossos afetos nas coisas do alto e
esperemos com paciência sua manifestação, quando nós nos manifestaremos com Ele
certamente em glória”.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“A
promessa que Deus fez a Abraão foi fundamento de todas as promessas da aliança
e da atividade redentora de Deus (Gn 12.1-3), que foram repetidas em inúmeras
ocasiões e de formas diferentes ao longo da história do Antigo Testamento (por
exemplo, Gn 15.1-21;26.2-4; 28.13-15; Êx 3.6-10). Porém, numa ocasião em
particular, após Abraão quase ter sacrificado Isaque em obediência ao teste de
Deus, Deus tornou a veracidade de sua promessa enfática por meio de um juramento
(Gn 22.16: ‘Por mim mesmo, jurei, diz o Senhor’). Hebreus 6.13,14 indica que
este juramento mais tarde encorajou Abraão a esperar ‘com paciência’, e assim, posteriormente ‘alcançou a
promessa’” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.). Comentário Bíblico
Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.1577).
CONCLUSÃO
O capítulo 6 de Hebreus contém uma das mais
fortes exortações encontradas em todo o Novo Testamento - a necessidade de
perseverança e vigilância para não se decair da fé. O processo da salvação não
se dá de forma mecânica e nem compulsória, mas se firma na entrega e aceitação
voluntária a uma dádiva divina. A tudo isso temos que responder com amor,
cuidado e zelo (1Co 10.7-13). Essa exortação de forma alguma deve levar-nos ao
medo, pavor ou pânico, mas conduzir-nos a confiar inteiramente no Senhor que é
poderoso para guardar-nos até o dia final.
Mediante tudo o que foi exposto, pela revista e
neste comentário, estamos certos de que o autor de Hebreus deseja nos chamar à
razão advertindo sobre a necessidade de permanecermos firmes: "Para que
vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que, pela fé e paciência,
herdam as promessas." (Hb 6.12). Devemos ter em mente que o processo
bíblico de salvação se dá por meio da justificação, regeneração e santificação
do ser humano - "Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que
aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus."
(Jo 3.5). É um erro comum entre muitos pensar sobre a salvação somente em
termos da experiência de fé. Mas a Palavra de Deus nunca limita a salvação a um
tempo, a um lugar ou a uma experiência. Quando Paulo escreve, “porque a nossa
salvação está, agora, mais perto do que quando no princípio cremos” (Rm 13.11),
ele está claramente falando da salvação como um processo contínuo de graça. É
um processo de graça que começou na eternidade passada, antes do começo do
tempo, que é experimentado pela fé em Cristo no tempo, e que será consumado na
eternidade porvir, quando o tempo não mais existirá. Esta grande obra de
salvação é a obra de Deus somente. Ela foi planejada por Deus, adquirida por
Deus, produzida por Deus, é preservada por Deus, e será aperfeiçoada por Deus.
Do princípio ao fim a “salvação é do Senhor!” (Jn 2.9). Portanto, somente Deus
terá o louvor por ela. A obra da graça de Deus que é chamada “salvação” deve
ser entendida como uma obra consistindo de três coisas. (Don Fortner;
‘Três Aspectos da Salvação’; Disponível em:http://www.monergismo.com/textos/sotereologia/tres_aspectos_salvacao_fortner.htm.
Acesso em: 23 nov, 2017.)
“... corramos, com perseverança, a
carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da
fé, Jesus ...” (Hebreus 12.1-2).
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário