sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

LIÇÃO 6: PERSEVERANÇA E FÉ EM TEMPO DE APOSTASIA

SUBSÍDIO I

1. Recapitulando conteúdos anteriores

Caro professor, prezada professora, estamos quase na metade deste trimestre. Nossa sugestão é que você utilize os 10 primeiros minutos da aula para fazer uma recapitulação dos conteúdos vistos desde a lição 1 à lição 5.
Insistimos no tópico de recapitular, pois esse elemento didático é fundamental no aprendizado da classe de Escola Dominical. Portanto, esquematiza o resumo dessas cinco primeiras lições mais ou menos assim:
Lição 1 → Questões de autoria, dos destinatários, propósito da carta, apresentação de Jesus como superior aos profetas e aos anjos.
Lição 2 → Destaque para a importância da salvação anunciada por Cristo, proclamada pelos apóstolos e confirmada pelo Espírito Santo.
Lição 3 → A questão da superioridade do ministério de Jesus em relação ao de Moisés.
Lição 4 → A questão da superioridade do ministério de Jesus em relação ao de Josué.
Lição 5 → A questão da superioridade do ministério de Jesus em relação ao de Arão e da Ordem Levítica. 

2. Texto de subsídio para a Lição 6

Aqui, para auxiliar no processo de preparação de aula, reproduzimos um texto do comentarista José Gonçalves em que ele trata o ponto crucial da presente lição, conforme segue:

“‘Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo’ (v.4). O tom exortativo da carta aos Hebreus chega a seu ápice aqui no versículo quatro deste capítulo. Com a palavra “impossível” (gr. adynatos), o autor dá início a uma argumentação que culmina no versículo 6. Dentro desse contexto, o termo “impossível” é usado em relação aqueles que caíram e não podem mais ser restaurados ao arrependimento. Mas que tipo de queda o autor estaria se referindo? Não há dúvida que não se trata de um desvio qualquer, mas aquilo que o próprio autor já havia se referido em Hb 3.12 – o pecado de apostasia. A interpretação que afirma que aqui o autor estaria se referindo a uma mera hipótese, sem possibilidade de realização não consegue ser convincente. Da mesma forma, a interpretação que tenta transformar “os iluminados” que “provaram o dom celestial” e que se “tornaram participantes do Espírito Santo” em descrentes ou crentes salvos, mas não regenerados, não se sustenta por razões contextuais, gramaticais e léxicas!
1. O termo “iluminado” é usado tanto no contexto do Novo Testamento como aqui em Hebreus como se referindo a pessoas salvas (Hb 10.32; Jo 8.12; 2 Pe1.19).
2. A palavra grega dorea traduzia aqui como “dom” é usada outros lugares no Novo Testamento. É usada em referência a Cristo, o Espírito Santo ou alguma coisa dada por Cristo. Este texto, portanto, fala daqueles que experimentam o dom do Filho (Jo 4.10; Rm 5.15, 17; 2 Co 9.15; Ef 4.7) e do Santo Espírito (At 2.28; 8.20; 10.45; 11.17), e que, posteriormente caíram.
3. A expressão “participantes do Espírito Santo” só tem sentido em relação a crentes (Rm 8.9). Hal Harless destaca que os que caíram foram de uma vez por todas feitos participantes (metochous genēthentas) do Espírito Santo (Hebreus 6: 4). Esse particípio passivo mostra que Deus os fez participar do Espírito Santo, e que isso não partiu deles mesmos. O termo grego metochos, significa:  (1) “compartilhando / participando”. (2) “negócios”, “parceiro”, “companheiro”. O particípio acompanhante favorece o primeiro. Eles participam do Espírito Santo, então eles são regenerados (Romanos 8: 9, Tito 3: 5-7). 
‘E provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro’ (v.5).Os crentes a quem o autor se referiu no versículo 4, também provaram “a boa palavra de Deus” e os “poderes do século vindouro”. Este versículo também só tem sentido quando visto em referência a crentes. Eles já haviam sido iluminados, provado do dom celestial, participado do Espírito Santo. Agora é mostrado que eles também provaram da palavra de Deus e conheceram as virtudes do século vindouro. Eram, portanto crentes de verdade.
‘E recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério’ (v.6).O autor vai alertar que a queda na fé é uma possibilidade real e que nesse aspecto a apostasia é um caminho sem volta. Aqui ele mostra a causa dessa tragédia espiritual. Tanto Bruce como Hughes destacam que o particípio anastaurountas (crucificar de novo) aqui é causal, indicando a impossibilidade do apóstata se arrepender e recomeçar de novo.  Fritz Rienecker destaca que o particípio paradeigmatizontas (expor à desgraça) soa como um alerta aos leitores para que o mesmo não volte ao judaísmo, pois se assim o fizessem não haveria mais condições de refazer sua vida espiritual. Esse fato iria requerer uma ré-crucificação de Cristo e a exposição dele a vergonha pública. William Barclay ver a apostasia aqui como um fato concreto, mas entende que a mesma acontecia no contexto de uma perseguição onde o cristão era desafiado a negar sua fé. Ainda segundo Barclay, o autor queira mostrar que “era a terrível seriedade de escolher a sobrevivência neste mundo às custas da lealdade a cristo. O autor de Hebreus na continuação diz uma coisa terrível. Os que cometem apostasia crucificam a Cristo outra vez.”. (Texto extraído da obra “Ânimo, Esperança e Fé em Tempos de Apostasia:  Um estudo na carta aos Hebreus versículo por versículo”, editada pela CPAD)

SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Na aula de hoje discutiremos a respeito da perseverança e fé em tempos de apostasia. É preciso destacar que alguns crentes hebreus daquela comunidade estavam desertando da fé, e retornando para a religiosidade judaica. Diante dessa realidade, o autor da Epístola os admoesta para seguirem adiante, crescendo em entendimento da fé, tendo cuidado para que não venham a perder o que haviam adquirido por meio de Cristo, tendo como garantias as promessas do Senhor.
                                                                                                       
1. A IMPORTÂNCIA DA MATURIDADE CRISTÃ

Em continuidade à discussão do capítulo anterior, o autor da Epístola aos hebreus amoesta os irmãos para que não fiquem apenas nos “rudimentos da doutrina de Cristo” (Hb. 6.1). Evidentemente não há uma reprovação em relação aos ensinamentos fundamentais da fé, tais como: arrependimento, fé em Deus, doutrina dos batismos, imposição das mãos, ressurreição dos mortos e juízo eterno (Hb. 6.2,3). Algumas dessas práticas religiosas eram conhecidas dos cristãos hebreus, e ao que tudo indica, eles a circunscreviam ao judaísmo, em consonância com o evangelho de Cristo. Essas doutrinas incluíam: 1) arrependimento das obras mortas – a prática das obras é necessária, mas não garante a salvação, pois somente pela fé em Cristo podemos ser salvos (Ef. 2.8-10); 2) fé em Deus – é verdade que sem fé é impossível agradar a Deus (Hb. 11.6), essa fé, no entanto, deve instigar à maturidade, não ao comodismo; 3) doutrina dos batismos – a igreja cristã tem basicamente um batismo (Ef. 4.5), mas entre os judeus eram comuns vários banhos cerimoniais; 4) a imposição de mãos – era uma prática comum no judaísmo, como uma forma de transferência de atribuição, que se dava por meio da oração (Mc. 5.23; At. 6.6); 5) ressurreição dos mortos – Jesus morreu e ressuscitou pelos pecadores, essa se tornou uma doutrina fundamental da fé, e que também os que creem haverão de ressuscitar (I Co. 15.18); e 6) o juízo eterno – o julgamento vindouro é uma realidade bíblica, assegurada no ensinamento dos apóstolos (At. 10.42). Mas fazia-se necessário que eles avançassem, que saíssem do “jardim de infância”, e partissem para a “formação acadêmica”. Na verdade, essa é uma metáfora do significado do crescimento espiritual dos crentes. Há cristãos que ficam muito à vontade no “educandário espiritual”, pois nesse ambiente há muitas diversões, e quase nenhum compromisso.

2. O PERIGO DA APOSTASIA, A DESERÇÃO DA FÉ

A preocupação do autor da Epístola aos hebreus não é com aqueles que passam por altos e baixos na fé Cristo. Mas propriamente neste capítulo, se volta para a apostasia – que se trata da deserção premeditada da fé. O texto trata a respeito daqueles que “uma vez foram iluminados” (Hb. 6.4), por conseguinte, aqueles que tiveram uma experiência real de fé. Há elementos bíblicos suficientes para fazer essa afirmação, considerando que tais crentes: “provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra d Deus e as virtudes do século futuro” (Hb. 6.4,5). Esse é um texto cujo significado é disputado por calvinistas – aqueles que acreditam na segurança eterna dos salvos; e arminianos – que defendem a possibilidade da apostasia, mesmo para aqueles que foram salvos. A esse respeito, é preciso ter cuidado para evitar qualquer tipo de extremo. Por um lado, podemos ter convicção de que temos a segurança da salvação, e não podemos viver instáveis em relação à providência divina para a vida eterna. A salvação não depende de nós, é um ato divino do início até ao fim, de modo que temos firmeza que Aquele que iniciou a boa obra a concluirá (Fp. 1.6). De outro modo, não podemos negar a possibilidade da apostasia, inclusive para aqueles que uma vez professaram a fé cristã, esse é justamente o significado da apostasia - deserção. Esse, na verdade, é o pecado contra o Espírito Santo, resultando na impossibilidade do arrependimento, tendo em vista que é o Espírito que convence do pecado (Lc. 12.8-10; Mt. 12.31; Mc. 3.29; Jo. 16.8). Portanto, calvinistas e arminianos devem se render à veracidade desse texto, e não acharem que uma vez salvos, salvos para sempre. E ao mesmo tempo, também não devem achar que a salvação se perde por qualquer motivo.

3. A ESPERANÇA POR COISAS MELHORES

A abordagem do autor da Epístola aos hebreus é a de um pastor-mestre, não apenas está interessado em apresentar uma série de doutrinas, mas também em estimulá-los a seguir adiante. Por isso a eles se dirige afirmando esperar “coisas melhores e coisas que acompanhem a salvação” (Hb. 6.9). O pastor-mestre não apenas adverte os crentes, também os impulsiona a seguirem adiante, admoestando-os a buscarem crescimento espiritual. É bem verdade que, por causa da fé, enfrentamos muitas adversidades, mas “Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra e do trabalho de amor que, para com o seu nome mostrastes, enquanto servistes aos santos e ainda servis” (Hb. 6.10). Essa é uma mensagem que os motivou a enfrentarem as lutas, a fim de que perseverassem “até o fim, para completa certeza da esperança” (Hb. 6.10). E, de igual modo, não serem negligentes na caminhada, antes “sendo imitadores dos que, pela fé e paciência, herdam as promessas” (Hb. 6.12). Um desses exemplo é Abraão, pois demorou muito tempo até que ele visse o cumprimento das promessas do Senhor em sua vida. Mas não se desesperou, “esperando com paciência, alcançou a promessa” (Hb. 6.15). O Deus nos qual cremos é de promessas, e Ele vela pela Sua palavra para cumprir (Mt. 24.35). Temos a esperança de que ao Seu tempo Ele fará tudo aquilo que prometeu. Essa deve ser a âncora da nossa alma (Hb. 6.19), a bússola que norteará nossas decisões, ainda que essas sejam contrárias à maioria. Temos ainda um exemplo maior que o de Abraão, o próprio Cristo, que é Sacerdote e Precursor do crente, ou seja, aquele que está adiante de nós, mostrando o caminho que deve ser seguido (Hb. 6.20).

CONCLUSÃO

A perseverança na fé deve ser ensinada nas igrejas, como forma de estimular os crentes a seguirem adiante, não se acomodando nos rudimentos da doutrina. Mas isso precisa ser feito com equilíbrio, a fim de evitar que resulte em insegurança em relação à salvação, que nos foi providenciada graciosamente, através do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que é Sacerdote e Precursor, daqueles que carregam a cruz do discipulado (Mt. 16.24).
 
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

O autor já havia dito que os crentes deveriam ser mestres, mas em vez disso necessitavam que alguém lhes ensinasse de novo os primeiros rudimentos da fé (Hb 5.12). A vida cristã é dinâmica e exige que o discípulo vá além dos primeiros passos. Mas isso não estava acontecendo com a comunidade com a qual o autor sacro se correspondia. Em vez disso, dava sinais de cansaço, indolência, negligência e imaturidade espiritual, o que poderia trazer como consequência o esfriamento e o fracasso na fé. A graça não é irresistível e nem tampouco incondicional. A apostasia é retratada pelo escritor como algo real e não apenas como um perigo hipotético, por isso, ele mostra que para se evitar decair é necessário perseverança, fé e confiança nas promessas de Deus.
Maturidade é a capacidade de se entender e cumprir o projeto de Deus para nossa vida. Todos os cristãos começam suas vidas espirituais como “bebês” em Cristo, mas precisam crescer para amadurecer (6:1). Permanecer um infante espiritual pode resultar em afastar-se de Cristo (6:4-6). O cristão que rejeita Jesus está na realidade agindo justamente como aqueles que realmente crucificaram Jesus! Ele crucifica Jesus de novo e o envergonha abertamente. Se um cristão rejeita Cristo, que mais o evangelho oferece para levá-lo ao arrependimento? O Escritor de Hebreus, contudo, estimula seus leitores, observando que ele não pensa que eles estejam em tal estado. Mas espera que eles continuem nos trabalhos que tinham iniciado (6:9-12). Mas que garantia têm os cristãos de que, depois que tiverem trabalhado diligentemente e suportado as tribulações pacientemente serão, de fato, salvos da eterna destruição? O autor cita o exemplo de Abraão, a quem Deus fez uma promessa (6:13-17). Quando Abraão pacientemente suportou, obteve o cumprimento da promessa, porque a palavra de Deus é imutável. O exemplo de Abraão é um forte encorajamento para aqueles que estão agora confiantes em que Deus lhes dará a vida eterna, como ele prometeu àqueles que o obedecem (Hebreus 5:9).
“Maturidade espiritual é o alvo do discipulado. A grande ênfase de Jesus na grande comissão é “fazer discípulos”. Nosso compromisso, portanto, vai além da evangelização. O Senhor quer mais do que crentes ou novos membros em sua igreja, ele quer discípulos. O discipulado é efetivado através da integração na igreja local, pelo batismo, e através do ensino contínuo. O ensino que Jesus estabeleceu vai além da comunicação verbal da verdade. O princípio estabelecido por Jesus é, “ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado.” O verdadeiro ensino desemboca na obediência. Não se trata apenas de aprender um acervo teológico e doutrinário, mas esse acervo deve ser convertido em vida transformada, ou seja, em maturidade espiritual. O discípulo é um seguidor e imitador de Cristo. Seu alvo é aprender com Cristo e de Cristo. Sua vida deve refletir a vida de Cristo. Ele deve andar assim como Cristo andou. Sem obediência a Deus, não há cristianismo autêntico. Sem santidade, não há evidência de maturidade espiritual. Sem maturidade espiritual, não podemos viver de modo digno de Deus.”. (LOPES, Hernandes Dias: Maturidade Espiritual. Disponível em:http://hernandesdiaslopes.com.br/portal/maturidade-espiritual/. Acesso em 5 fev, 2018)
Vocação Eficaz ou Graça Irresistível é uma doutrina do Calvinismo segundo a qual a graça divina é irresistível para os crentes, isto é, o Espírito Santo acaba convencendo e infundindo a fé salvadora neles; Deus não ama os ímpios. Eles recebem apenas providência comum. Segundo a doutrina arminiana, a Graça é Resistível - Os homens podem resistir à Graça de Deus e não serem salvos; Deus ama os ímpios e eles experimentam a graça comum. A ira de Deus é apenas reflexo do amor rejeitado. Apostasia é: 1) Negação e abandono da fé (1Tm 4.1; 2Tm 2.17-18); 2) A Revolta Final contra Deus (2Ts 2.13); 3) Abandonar a fé em Deus; afastar-se dos caminhos do Senhor; - “As tuas apostasias te repreenderão: [...] vê que mau e quão amargo é deixares ao Senhor teu Deus, e não teres o Meu temor contigo, diz o Senhor Jeová dos Exércitos” (Jr 2.19); “Se ele recuar, a Minha alma não tem prazer nele” (Hb 10.38).
O comentário da revista está sensacionalmente explicado, o conteúdo deste plano de aula vai buscar a visão Reformada em alguns pontos, com o fim de disponibilizar o conhecimento ao leitor, também desta linha doutrinária e não apenas a visão Arminiana/Wesleyana adotada pela revista e pela denominação. Lembro àqueles que fazem uso deste plano de aula que não podemos ensinar às classes doutrina diferente à abraçada pela denominação, seríamos desonestos agindo assim. Mas, enquanto professores, devemos conhecer outros pontos de vista e também orientar os alunos sobre tais. Isso é pensar maduramente a fé cristã!

I. A NECESSIDADE DO CRESCIMENTO ESPIRITUAL
                                
1. Indo além dos rudimentos doutrinários sobre arrependimento e fé. Longe de dizer que a doutrina do arrependimento e da fé não é mais necessária, o autor quer mostrar que ela é importante sim, mas que constitui o "ABC doutrinário" da fé cristã. A vida cristã começa com o arrependimento e fé (Mc 1.15). De fato, a Bíblia mostra que para que uma pessoa possa ser salva, ela primeiro deve crer (Mc 16.16; At 16.31; Rm 1.16; Ef 2.8; l Tm 1.16) e não o contrário. Todavia não deve parar aí. Há um longo caminho a percorrer e os seus leitores, parece, haviam se esquecido desse fato, "estacionando" na jornada.
É necessário infundirmos em nós a certeza de que a Maturidade espiritual não é algo apenas para uma minoria privilegiada, mas é o propósito de Deus para todos os seus filhos. Ela é imperativa para mim e para você! 2º Pedro 3.18: “Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, agora e para sempre! Amém.”
O grande alvo do ministério de Paulo era conduzir os crentes à maturidade espiritual (Colossences 1:28). O conteúdo de suas orações em favor da igreja sempre foi por maturidade espiritual. A Bíblia nos foi dada para que pudéssemos chegar à maturidade espiritual (2 Timóteo 3:15-17). Os dons espirituais nos foram concedidos para que experimentássemos maturidade espiritual ( Efésios 4:11-16). Sem maturidade a igreja fica vulnerável aos ventos de doutrinas (Efésios 4:14). Sem maturidade espiritual a igreja corre o risco de fazer dos dons esprituais uma matéria de conflito e desarmonia em vez de canal para edificção do corpo (1 Coríntios 12:12-31).” (LOPES, Hernandes Dias: Maturidade Espiritual. Disponível em:http://hernandesdiaslopes.com.br/portal/maturidade-espiritual/. Acesso em 5 fev, 2018)
O crescimento espiritual é um processo e nele todo crente se torna mais parecido com Jesus Cristo. Se inicia no momento do novo nascimento, pelo trabalho incansável do Espírito Santo, de nos “conformar” à Sua imagem. 2º Pedro 1.3-8 nos diz que pelo poder de Deus “... nos deu todas as coisas de que necessitamos para a vida e para a piedade, por meio do pleno conhecimento daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude. Por intermédio destas ele nos deu as suas grandiosas e preciosas promessas, para que por elas vocês se tornassem participantes da natureza divina e fugissem da corrupção que há no mundo, causada pela cobiça. Por isso mesmo, empenhem-se para acrescentar à sua fé a virtude; à virtude o conhecimento; ao conhecimento o domínio próprio; ao domínio próprio a perseverança; à perseverança a piedade; à piedade a fraternidade; e à fraternidade o amor. Porque, se essas qualidades existirem e estiverem crescendo em suas vidas, elas impedirão que vocês, no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, sejam inoperantes e improdutivos.

2. Indo além dos rudimentos doutrinários sobre batismos e imposição de mãos. O segundo bloco de rudimentos doutrinários (Hb 6.2) mostrado pelo autor é formado pelos ensinamentos sobre batismos e imposição de mãos. O contexto mostra que em Hebreus 6.2 a referência é ao batismo cristão em contraste com outros batismos praticados no judaísmo. Na igreja primitiva o batismo em águas era feito em razão do "arrependimento para remissão de pecados" (Mc 1.4; At 10.47,48; 22.16). O batismo não possuía poder salvífico, isto é, não era um sacramento, mas um testemunho público da fé em Cristo. Por outro lado, a doutrina da imposição de mãos é evidenciada em vários lugares na Bíblia, mas era sempre demonstrada como um símbolo exterior da prática da oração (At 6.6; 13.3; 1 Tm 4.14).
O Comentário da Bíblia Reina Valera diz de Hebreus 6.2: “A doutrina de batismos: expressão que pode incluir os lavamentos cerimoniosos judeus, considerados já superados pelo batismo cristão”.
6.2 dos batismos Ou “das cerimônias de purificação”. Nesse caso, o autor estaria falando sobre as cerimônias de purificação dos judeus (Mc 7.1-4). cerimônia de pôr as mãos sobre os cristãos Provavelmente, a cerimônia em que uma pessoa era separada para o serviço cristão (At 6.6; 1Tm 5.22; 2Tm 1.6); ou, então, pôr as mãos sobre a pessoa para que ela receba o Espírito Santo (At 8.17; 19.6).” (HEBREUS 6 – Interpretação Bíblica. Disponível em:https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2015/12/hebreus-6-interpretacao-biblica.html. Acesso em 5 fev, 2018)
A Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal (CPAD) traz o seguinte: “Alguns ensinamentos básicos são essenciais e devem ser compreendidos por todos os crentes. Estes princípios incluem a importância da fé, a tolice de tentar ser salvo através de boas obras, o significado do batismo e dos dons espirituais, e os fatos da ressurreição e da vida eterna. Para alcançarmos  a maturidade em nosso entendimento, é preciso ir além (mas não para longe) dos ensinamentos básicos, a um compreensão mais completa da fé. Os cristãos maduros devem ensinar os princípios básicos para os novos convertidos. Então, agindo de acordo com o que sabem, os cristãos maduros aprenderão ainda mais sobre a Palavra de Deus”.(Pág.1791)

3. Indo além dos rudimentos doutrinários sobre ressurreição e juízo. Fica patente para o leitor do Novo Testamento que a pregação apostólica se fundamentava primeiramente no fato da ressurreição de Jesus (At 4.33; 17.18). Tanto a doutrina da ressurreição dos mortos como a do juízo vindouro são demonstradas pelo autor como fontes de esperança para os cristãos (Hb 10.36,37; 12.28,29). Elas eram elementos indispensáveis para que o cristão mantivesse sua expectativa no porvir. Mas não deveriam parar aí, antes, tinham de avançar.  
O crescimento e maturidade são um processo contínuo e lógico para o cristão, não há paradas no caminho, o destino final é nos tornarmos ‘até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo’. (Ef 4.13). É lógico que este estado de perfeição não será atingido neste corpo, mas este deve ser o nosso alvo. Esse é um processo que Deus quer que você, conforme for se alimentando com as palavras sólidas, alimentos sólidos, comece a se livrar das coisas de criança.
“O escritor da Carta aos Hebreus viu um paralelo entre a alimentação de um bebê e a condição espiritual dos cristãos. Eles são reprovados por não terem crescido na vida cristã, por continuarem sendo como criancinhas recém-nascidas que necessitam de leite, não suportando ainda alimentos sólidos, ou seja, um ensino espiritual mais profundo. Eles não têm progredido na fé (Hb 5.11-14)”. (Leite ou alimento sólido, Revista Online Ultimato. Disponível em: http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/igreja/leite-ou-alimento-solido/. Acesso em 5 fev, 2018)

SUBSÍDIO DIDÁTICO
                               
Prezado(a) professor(a), faça um resumo do capítulo 6 de Hebreus para a classe, antes de introduzir este tópico. Se possível, reproduza o esquema abaixo:

II. A NECESSIDADE DA VIGILÂNCIA ESPIRITUAL

1. Apostasia, uma possibilidade para quem foi iluminado e regenerado. As palavras do autor dão início ao versículo 4 do capitulo 6 de Hebreus com o vocábulo grego adynato, traduzido aqui como "impossível". É a mais forte advertência em o Novo Testamento sobre o perigo de decair da graça. Os gramáticos observam que o seu sentido aqui é enfatizar o que vem colocado depois da conversão (Hb 6.4). O autor fala de pessoas crentes, porque nenhum descrente foi iluminado nem tampouco experimentou do dom celestial. No capítulo 10 e versículo 32 ele usa a expressão "iluminados" para se referir à conversão dos seus leitores. Além do mais, as palavras "uma vez" (Hb 6.4) contrastam com "outra vez" (Hb 6.6), mostrando o antes e o depois da conversão. Essas não são expressões usadas para pessoas não regeneradas. A apostasia, o perigo de decair da fé, é colocada pelo escritor de Hebreus como algo factível, um perigo real a ser evitado por quem nasceu de novo.
Todos os cristão concordam que a salvação é somente mediante a fé em Jesus Cristo. O Novo Testamento mostra que a doutrina dos apóstolos era que ninguém pode ir para o céu a menos que creia somente em Cristo para a sua salvação (Jo 14.6; Rm 10.9-10). O Dr R. C. Sproul comentando sobre a possibilidade de o cristão apostatar da fé, afirma:
 Historicamente, os cristãos evangélicos têm largamente concordado sobre esse ponto. Onde eles diferem tem sido na questão da segurança da salvação. Pessoas que concordariam que apenas aqueles que confiam em Jesus serão salvos têm, por outro lado, discordado acerca de se alguém que verdadeiramente crê em Cristo pode perder a sua salvação. (R. C. Sproul. Um Crente Pode Apostatar?
Na Bíblia, apostasia significa o abandono e a negação da fé. Ou seja, a negação daquilo que se crê, ou melhor, que se cria anteriormente. De uma forma bem simples, apostasia é a negação do ensino bíblico e o afastamento das pessoas da vontade de Deus. A apostasia acontece quando a pessoa renega sua fé e deixa para trás tudo aquilo que cria, abandonando totalmente a filosofia de vida pautada na Palavra de Deus - “Além disso, a linguagem deles corrói como câncer; entre os quais se incluem Himeneu e Fileto. Estes se desviaram da verdade, asseverando que a ressurreição já se realizou, e estão pervertendo a fé a alguns.” (2Tm 2.17).
Com relação à apostasia, é fundamental que todos os cristãos compreendam duas coisas importantes:
- (1) como reconhecer a apostasia e professores apóstatas, e
- (2) por que o ensino apóstata é tão mortal.
Com relação à questão doutrinária da perda da salvação o subtópico contempla a visão arminiana, eu acrescento aqui a visão reformada para que o leitor conheça o que estes defendem quanto à segurança da salvação: “Hebreus 6.4- 6 é um trecho que não pode ser tomado como uma interpretação de que o Cristão está sujeito a perder a salvação após tê-la recebido, pois tal proposição traz consigo sérias implicações de cunho hermenêutico e exegético como:
1. Se alguém servir a Jesus e posteriormente “desviar-se” da fé, não haverá possibilidade de arrependimento e estará invariável e eternamente perdido.
2. Por esse prisma, a salvação deixa de ser um dom gratuito para tornar-se uma conquista meritória, cuja responsabilidade por sua manutenção é total e inexoravelmente humana, consequentemente, passível de ser perdida.
3. Seguindo essa linha interpretativa, o crente fraco não poderá encontrar ensejo de salvação, já que vez por outra fracassa na fé, não havendo assim chance de uma suposta comunhão que o conduza ao nível de fé desejável.”
A doutrina Reformada afirma que Hb 6.4 é uma hipótese, e que o crente goza de segurança quanto à salvação, podendo até cair drasticamente da fé, como no caso de Pedro, mas este sempre poderá ser restaurado. A apostasia cabe somente aos que uma vez iluminados contudo, não eram dos eleitos.

2. Apostasia, uma possibilidade para quem vivenciou a Palavra e o Espírito. A possibilidade de decair da graça é posta para aqueles que "se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus" (Hb 6.4,5). O autor sacro já havia dito como uma pessoa se torna participante de alguma coisa. Os crentes tornam-se participantes da vocação celestial (Hb 3.1); participantes de Cristo (Hb 3.14) e, dessa forma, participantes do Espírito Santo (Hb 6.4). Mais uma vez o texto mostra que a mensagem é dirigida às pessoas regeneradas. Esses crentes haviam se tornado participantes do Espírito Santo e da Palavra de Deus. Somente os nascidos de novo participam do Espírito Santo (Jo 14.17) e provam da Palavra (At 8.14; 1Ts 2.13). Portanto, trata-se de uma advertência para os salvos.
A questão estudada aqui ainda é o texto de Hebreus 6.4, e devemos considerar somente este texto quanto à possibilidade de apostasia, ou outro paralelo. Se o texto estiver falando, que mesmo depois de se conhecer o Evangelho, ter chegado a entender o plano salvífico, desfrutado das bênçãos da comunhão cristã, e depois por algum motivo “desviar-se” se perderia a salvação, seria aberto um precedente de consequências no mínimo desastrosas. Isso implicaria na dedução lógica, que após alguém ter conhecido a verdade e depois tê-la abandonado, não teria mais a possibilidade de arrependimento. Este é o entendimento da grande maioria das igreja evangélicas hoje, que defendem a doutrina arminiana/wesleyana. Mas a questão não é simples, basta examinarmos um dos maiores exemplos neotestamentário da possibilidade de arrependimento: o apóstolo Pedro. Negou não só ser discípulo de Jesus, como até mesmo conhecê-lo! Apostatou? (Mt.26.69-75) - Vale salientar que todos os outros discípulos também abandonaram o mestre - Pedro, porém, foi sensível à voz de Deus, quando do convite ao retorno à comunhão (Mc 16.7), confessando diante dos companheiros sua fé e amor ao Senhor (Jo.21.15-17). O Dr R. C. Sproul defende que o crente pode cair de forma drástica e até passar um longo período longe de Cristo, mas a apostasia não lhe alcança, e ainda, é-lhe facultada a possibilidade de arrependimento. (R. C. Sproul. Um Crente Pode Apostatar? Disponível em:http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/742/Um_Crente_Pode_Apostatar. Acesso em: 27 jan, 2017). Agora note que, o texto grego fala da impossibilidade de se mudar a “disposição mental” do desviado, pois o termo “caíram” denota um arremessar-se para fora (parapesountás), este verbo está no aoristo ativo apontando para uma ação simples, a ponto de tornar-se avesso a sua pessoa e doutrina, de modo similar aos que rejeitaram ao Senhor, o prenderam, aviltaram de todas as formas, inclusive despindo-o publicamente, e por fim o crucificaram (Mt.27.27-31, Lc.23.11 e Jo.19. 2,3).
“Parece muito patente que o propósito do escritor de Hebreus é falar do perigo da apostasia. É pertinente observar que em nenhum momento do texto ele se referiu a alguém que experimentou a salvação e depois a perdeu, e sim aqueles que experimentaram uma iluminação e algumas das benesses divinas e depois apostataram. Outro fator importante é quando está sendo finalizada a perícope, há uma analogia muito esclarecedora no que concerne a mensagem que se deseja transmitir, pois no versículo sete é dito que a terra que, beneficiada pela chuva, responde positivamente com bons frutos, receberá indubitavelmente a bem aventurança da parte de Deus. Tal analogia lembra as palavras ditas por Jesus: “Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo, assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis” (Mt.7.19,20). Isso aclara a premissa de que só se pode dar fruto segundo a sua espécie “[...] não se colhem figos de espinheiro, nem dos abrolhos se vindimam uvas.” (Lc. 6.44). Seguindo tal pensamento, conclui-se que só uma terra boa dará bons frutos. De modo lógico, se chegará à conclusão que só mesmo uma terra má produzirá espinhos e abrolhos, sendo isso uma simples manifestação da sua natureza, cujo destino final segundo a afirmação de Hebreus, é ser queimada”. (Aqueles Que Acabam Se Afastando Podem Dar Muitos Sinais Exteriores de Conversão. Disponível em: https://na-multiforme-graca-de-deus.webnode.com/news/estudos-de-hebreus-6-4-81/. Acesso em 5 fev, 2018).

3. Apostasia, uma possibilidade para quem viveu as expectativas do Reino. Esses crentes, aos quais o autor se referia, também experimentaram "as virtudes do século futuro" (Hb 6.5). Essa expressão é usada no contexto da cultura neotestamentária como uma referência a era messiânica. Ao receber a Cristo como Salvador, os crentes já participam antecipadamente das bênçãos do Reino de Deus. Vigilância mais uma vez é requerida para os salvos que ingressaram nesse Reino. Quem despreza a graça de Deus, não se torna um "cidadão real" desse Reino.
Hebreus 6.4-6 tem deixado seus leitores angustiados e perplexos através dos séculos, por que a primeira vista parecem ensinar que não há esperança de arrependimento ou de aceitação divina para aqueles que aceitaram a Cristo e depois o rejeitaram. Para melhor compreensão do problema, Hebreus 6.4 deve ser estudado juntamente com as declarações que tratam do mesmo assunto em Hebreus 10:26-31 e 12:15-17; 25-29. Devemos considerar o seguinte: em 6.5, provaram traduz a mesma palavra grego do v. 4. Isto quer dizer que gostaram de ouvir a Palavra de Deus. Mundo (aiõn), “era”. Fala do poder sobrenatural exercido nos milagres tão notáveis. O fato de ‘experimentar’ não significa que eram pessoas nascidas de novo.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

Alguns intérpretes combinam 5.11−6.20 como uma unidade exortativa. No entanto, há boas razões para dividir a passagem em duas advertências separadas (embora relacionadas). Enquanto 5.11−6.3 enfoca o perigo da lentidão e da regressão espiritual, com uma exortação para avançar em direção à maturidade, a segunda advertência enfoca a terrível possibilidade de uma apostasia irreparável, se tal regressão prosseguir de modo incontrolável (6.4-8). O autor então encoraja e desafia seus leitores a progredirem, prosseguindo em esperança e fé com perseverança (6.9-20).
Hebreus 6.4-6 constitui uma frase longa e complexa em grego, que adverte solenemente sobre a possibilidade de abandono (apostasia) da fé cristã e da impossibilidade desta vir a ser restaurada, uma vez que tal condição tenha ocorrido.
[...] Quem são os sujeitos desta impossibilidade? [...] O estudioso F. F. Bruce observa corretamente que o texto em 6.4-6 foi tanto ‘indevidamente minimizado’ quanto ‘indevidamente exagerado’. Foi indevidamente minimizado por aqueles que argumentam de uma forma ou de outra que as pessoas descritas 6.4,5 nunca foram cristãos completamente regenerados (por exemplo, Grudem, 1995, 132-182), ou que este foi somente um caso hipotético sendo apresentado pelo autor e não algo que pode realmente acontecer na prática (por exemplo, Hewitt, 1960, 110-11). A passagem também foi indevidamente exagerada por aqueles que ensinam que uma vez que uma pessoa tenha se convertido e sido batizada em Cristo, e em seu corpo, e então por um lapso cair novamente em sua antiga vida pecaminosa, não poderá haver um perdão futuro ou uma restauração ao convívio cristão (por exemplo, Tertuliano sobre o pecado pós-batismal). Estas interpretações estão sendo aplicadas à passagem sem uma consideração de seu contexto, e não fazem nenhuma distinção entre ‘desviarse’ e ‘apostatar’” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp.1573-75).
III. A NECESSIDADE DE CONFIAR NAS PROMESSAS DE DEUS

1. O serviço cristão e a justiça de Deus. O autor sabia que usou um tom exortativo forte deixando claro que não se pode brincar com a fé. Agora ele vê a necessidade de consolar os cristãos depois desse "tratamento de choque" (Hb 6.9,10). Aos crentes fiéis no seu serviço é dito que Deus, em sua justiça, os recompensará. É bom saber que mesmo não recebendo o reconhecimento dos homens, teremos o reconhecimento de Deus.
Devemos tomar o cuidado de não acrescentar nada às Escrituras no que tange à nossa salvação. Não serão as boas obras, o cuidado zeloso ou o seguir piamente os ditames da denominação que nos garantirá a chegada no Porto Seguro, quem nos garante a chegada é o Senhor – “E estou plenamente convicto de que aquele que iniciou boa obra em vós, há de concluí-la até o Dia de Cristo Jesus” (King James Bible). Hebreus 6.9,10 soa como garantia de que, nós, podemos ter uma certeza concreta de que Deus contempla nossas obras de justiça e que elas são o sinal de que não somos daqueles que apostatam.
“Deus quer que tenhamos a certeza absoluta de nossa salvação. Não podemos viver nossa vida cristã nos perguntando e nos preocupando a cada dia se realmente somos salvos. É por isso que a Bíblia coloca o plano de salvação de forma tão clara. Creia em Jesus Cristo e você será salvo (João 3:16; Atos 16:31). Você crê que Jesus é o Salvador, que Ele morreu para pagar o preço por seus pecados (Romanos 5:8; II Coríntios 5:21)? Você confia somente nEle para a salvação? Se sua resposta for sim, você é salvo! Certeza absoluta significa “além de toda e qualquer dúvida”. Ao levar a sério a Palavra de Deus, você pode saber “além de toda e qualquer dúvida” o fato e realidade de sua eterna salvação. O próprio Jesus declara a respeito de todos os que nEle crerem: “E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai” (João 10:28-29). Mais uma vez, isto enfatiza o “eterno”. Vida eterna é simplesmente isto: eterna. Não há ninguém, nem mesmo você, que possa arrancar de si próprio a salvação, o dom de Deus em Cristo” (Como posso ter certeza absoluta da minha salvação? Disponível em:https://www.gotquestions.org/Portugues/certeza-absoluta-salvacao.html. Acesso em: 5 fev, 2018)

2. A perseverança de Abraão e a fidelidade de Deus. A exortação do escritor de Hebreus toma como parâmetro a pessoa de Abraão. O velho patriarca é o modelo do crente perseverante, que de posse da promessa de Deus, soube esperar com paciência (Hb 6.12,13). Por que voltar atrás se temos as promessas de Deus que nos motivam a caminhar à frente (Hb 6.14,15)?
Em Hebreus 6.9 lemos um contraste significante: “Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores, e coisas que acompanham a salvação, ainda que assim falamos”. As coisas melhores em vista são listadas em 10-12, coisas como trabalho, amor, serviço, diligência, completa certeza da salvação e fé, paciência, herança das promessas. Estas coisas são melhores que as experiências dos versos 4-6 precisamente porque elas pertencem à ou são acompanham a salvação . Em outras palavras, o autor diz que está confiante de que muitos de seus leitores têm coisas melhores que as pessoas descritas nos versos 4-6, e estas coisas são melhores, pois seus leitores têm coisas que pertencem à salvação. Isto implica que as bênçãos nos versos 4-6 não são coisas que pertencem à salvação (Grudem, 159).

3. Cristo, sacerdote e precursor do crente. O autor sagrado volta-se para Jesus, o nosso exemplo maior de perseverança, fidelidade e esperança. Nessa jornada, Ele se adiantou e foi a nossa frente, tornando-se o nosso precursor (Hb 6.20). O termo "precursor" era usado na cultura antiga em referência a um batedor militar, a alguém que tomava a dianteira para abrir caminho. Jesus entrou na presença de Deus, como nosso sumo sacerdote para nos dar o direito de viver eternamente.
Hebreus 6:20 - Comentado por Matthew Henry: “A esperança aqui aludida é esperar com certeza as coisas boas prometidas por meio dessas promessas, com amor, desejo e valorizando-as. A esperança tem seus níveis, como também os tem a fé. A promessa de bênçãos que Deus tem feito aos crentes está, desde o eterno propósito de Deus, estabelecida entre o Pai eterno, o Filho eterno e o Espírito Santo eterno. Pode-se confiar com toda certeza nesta promessa de Deus, porque aqui temos duas coisas imutáveis, o conselho e o voto de Deus, em que é impossível que Deus minta, pois seria contrário à sua natureza e à sua vontade. Como não pode mentir, a destruição do incrédulo e a salvação do crente são igualmente verdadeiras. Note-se aqui que têm direito por herança as promessas aqueles aos que Deus tem dado seguridade plena da felicidade. Os consolos de Deus são suficientemente fortes para sustentar a seu povo quando está submetido a suas provações mais pesadas. Aqui há um refúgio para todos os pecadores que fogem à misericórdia de Deus por meio da redenção em Cristo, conforme a aliança de graça, deixando de lado a todas as outras confianças. Estamos neste mundo como um barco no mar, sacudido de cima para abaixo e correndo o risco de naufragar. Necessitamos uma âncora que nos mantenha seguros e firmes. A esperança do evangelho é a nossa âncora nas tormentas deste mundo. É segura e firme, pois do contrário não poderia manter-nos assim. A graça gratuita de Deus, os méritos e a mediação de Cristo e as poderosas influências de Seu Espírito, são as bases desta esperança, assim que se trata de uma esperança segura. Cristo é o objeto e o fundamento da esperança do crente. Portanto, depositemos nossos afetos nas coisas do alto e esperemos com paciência sua manifestação, quando nós nos manifestaremos com Ele certamente em glória”.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“A promessa que Deus fez a Abraão foi fundamento de todas as promessas da aliança e da atividade redentora de Deus (Gn 12.1-3), que foram repetidas em inúmeras ocasiões e de formas diferentes ao longo da história do Antigo Testamento (por exemplo, Gn 15.1-21;26.2-4; 28.13-15; Êx 3.6-10). Porém, numa ocasião em particular, após Abraão quase ter sacrificado Isaque em obediência ao teste de Deus, Deus tornou a veracidade de sua promessa enfática por meio de um juramento (Gn 22.16: ‘Por mim mesmo, jurei, diz o Senhor’). Hebreus 6.13,14 indica que este juramento mais tarde encorajou Abraão a esperar ‘com  paciência’, e assim, posteriormente ‘alcançou a promessa’” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.1577).

CONCLUSÃO

O capítulo 6 de Hebreus contém uma das mais fortes exortações encontradas em todo o Novo Testamento - a necessidade de perseverança e vigilância para não se decair da fé. O processo da salvação não se dá de forma mecânica e nem compulsória, mas se firma na entrega e aceitação voluntária a uma dádiva divina. A tudo isso temos que responder com amor, cuidado e zelo (1Co 10.7-13). Essa exortação de forma alguma deve levar-nos ao medo, pavor ou pânico, mas conduzir-nos a confiar inteiramente no Senhor que é poderoso para guardar-nos até o dia final.
Mediante tudo o que foi exposto, pela revista e neste comentário, estamos certos de que o autor de Hebreus deseja nos chamar à razão advertindo sobre a necessidade de permanecermos firmes: "Para que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que, pela fé e paciência, herdam as promessas." (Hb 6.12). Devemos ter em mente que o processo bíblico de salvação se dá por meio da justificação, regeneração e santificação do ser humano - "Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus." (Jo 3.5). É um erro comum entre muitos pensar sobre a salvação somente em termos da experiência de fé. Mas a Palavra de Deus nunca limita a salvação a um tempo, a um lugar ou a uma experiência. Quando Paulo escreve, “porque a nossa salvação está, agora, mais perto do que quando no princípio cremos” (Rm 13.11), ele está claramente falando da salvação como um processo contínuo de graça. É um processo de graça que começou na eternidade passada, antes do começo do tempo, que é experimentado pela fé em Cristo no tempo, e que será consumado na eternidade porvir, quando o tempo não mais existirá. Esta grande obra de salvação é a obra de Deus somente. Ela foi planejada por Deus, adquirida por Deus, produzida por Deus, é preservada por Deus, e será aperfeiçoada por Deus. Do princípio ao fim a “salvação é do Senhor!” (Jn 2.9). Portanto, somente Deus terá o louvor por ela. A obra da graça de Deus que é chamada “salvação” deve ser entendida como uma obra consistindo de três coisas. (Don Fortner; ‘Três Aspectos da Salvação’; Disponível em:http://www.monergismo.com/textos/sotereologia/tres_aspectos_salvacao_fortner.htm. Acesso em: 23 nov, 2017.)

“... corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus ...” (Hebreus 12.1-2).
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br





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