SUBSÍDIO I
PERSEVERANDO NA FÉ
O tema da perseverança é um dos
assuntos que causa polêmica no meio evangélico. De um lado, os que creem que o
crente não perde a sua salvação; do outro, os que creem que é possível sim o
crente apostar-se da fé. Aqui, é importante ressaltar que não se deve confundir
“apostasia” com o “pecado ou desvio acidental”. Neste último caso a pessoa
pode, à luz da parábola do Filho Pródigo, fazer o caminho de volta; naquele, o
coração é endurecido pelo engano do pecado, a pessoa se mostra com uma dura
cerviz, assim, a Palavra de Deus mostra que esse caminho não tem volta (Hb
3.13; 10.26,27).
A Perseverança na fé e a
possibilidade de voltar a atrás
De acordo com a Palavra de Deus,
perseverança remonta a ação contínua do Espírito Santo na vida do crente. A
ideia é de que dia a dia o Espírito Santo nos ajuda a combater os nossos
adversários espirituais e carnais (Rm 8.1). Logo, perseverança não significa
que ao proclamar a fé em Cristo já temos a segurança eterna, mas que dependemos
cotidianamente do Espírito. A possibilidade de a apostasia acontecer deve ser
levada a sério de acordo com a advertência do escritor de Hebreus: “Porque é
impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial,
e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus
e as virtudes do século futuro, e recaíram sejam outra vez renovados para
arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus e
o expõem ao vitupério” (Hb 6.4-6). Não por acaso o Senhor Jesus advertiu: “Ninguém
que lança mão do arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus” (Lc 9.62).
E mais: “Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e
secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem” (Jo 15.6). Bem como disse o
apóstolo dos gentios aos gálatas: “Separados estais de Cristo, vós os que vos
justificais pela lei; da graça tendes caído” (Gl 5.4). Poderíamos listar muitas
outras advertências: 1Tm 1.19; 1Tm 4.1; 2Tm 2.12. O alerta para perseverarmos
na fé é porque há sim a possibilidade de enfraquecermo-nos e apostatar-nos da
fé.
Vivendo seguros em Deus
O perigo da apostasia é real,
mas podemos também desfrutar da segurança da salvação. Não podemos procurar
contradição nessas duas realidades, mas à luz do Evangelho precisamos desfrutar
da dadivosa certeza da vida eterna que é muito maior que o perigo de cair da
graça. Em Cristo, fomos chamados à vida eterna!
Ensinador Cristão, Ano 18, nº 72,
p. 42, out./dez. 2017.
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
A Bíblia nos
revela a salvação em Cristo e a confirmação desse bem precioso por intermédio
da testificação do Espírito Santo (Rm 8.16). A consequência dessa realidade
espiritual é desfrutarmos de uma imensa alegria que só os salvos podem obter
enquanto peregrinam como testemunhas de Cristo nesta vida. Entretanto, convém
alertar que as Escrituras mostram a possibilidade de se perder a salvação em
casos de apostasia da fé em Cristo. Por isso, o crente deve perseverar na fé. [Comentário. Interessante o colocado
nesta introdução a respeito da possibilidade de se perder a salvação em casos
de apostasia da fé em Cristo; aqui trataremos do tema: "segurança da
salvação". Existem claras divergências entre os cristãos quando o assunto
é a possibilidade ou não de se perder a salvação. Ao longo do tempo,
desenvolveu-se uma teologia ampla desse assunto nos movimentos que surgiram
durante e depois da Reforma Protestante. Atualmente, temos um vasto conteúdo
teológico falando sobre a segurança da salvação. A visão pentecostal clássica
acerca do assunto é que a possibilidade da perda da salvação é real para todos
os salvos. Segundo o Pr. Raimundo de Oliveira, "Um maiores argumentos
bíblicos, segundo o qual o crente pode perder a salvação, é a frequente menção
do condicional "se", com respeito à salvação."; "O
escritor da epístola aos Hebreus advertiu que é possível deixar o coração
encher-se de descrença, ao ponto de perder a salvação: 'Tende cuidado, irmãos,
jamais aconteça haver em qualquer um de vós perverso coração de incredulidade
que vos afaste do Deus vivo'."; "Há uma exortação severa de
João, que não deixa dúvida alguma quanto à possibilidade de alguém perder a
salvação: 'O vencedor, de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte.' 'Conserva
o que tens, para que ninguém tome a tua coroa'."2. Boa leitura! Vamos pensar maduramente
a fé cristã?]
I. PERSEVERANÇA
BÍBLICA
1. Conceito bíblico de
perseverança. Perseverar remonta
a ideia de permanecer, resistir, em nosso caso, não desistir da fé cristã em
tempos de tentação, aflição, angústia, provação e perseguição. Nosso desafio,
mesmo vivendo tais dificuldades, é o de mantermo-nos inflexíveis e firmes na fé
em Cristo, esperando pacientemente nEle em tudo. É uma capacidade divina para
resistir ao dia mau (Ef 6.13). [Comentário. perseverança é uma qualidade daquele que persiste, que
tem constância nas suas ações e não desiste diante das dificuldades. Perseverar
é conquistar seus objetivos devido ao fato de manter-se firme e fiel a seus
ideias e propósitos. Como por exemplo na frase "com talento e perseverança
ele conquistou o cargo que sonhava desde criança". Um sinônimo para
perseverança é persistência, assim como tenacidade e constância. A perseverança
é uma qualidade que aparece frequentemente ligada à fé. Mais de um versículo bíblico
fala nesta qualidade do fiel, e está ligado à evangelização e à prática da fé
cristã, em que se acredita que ter perseverança é a qualidade de seguir Jesus
mesmo diante das dificuldades e/ou tentações, e sempre fazer o bem3.]
3. Significado de
Perseverança. Extraído de: https://www.significados.com.br/perseveranca/.
Acesso em: 10 dez, 2017.
2. Provisão divina e cooperação
humana. A ideia popular de
que "uma vez salvo, salvo para sempre" não tem amparo concreto nas
Escrituras, pois se fosse assim, não haveria necessidade de esforço e
disciplina para uma vida de santidade frente às tentações e às provações, o que
atestaria contrariedade à bondade de Deus em conceder aos seres humanos o livre-arbítrio
(Sl 25.12; Pv 3.31; Mc 13.22). Assim, a perseverança da vida cristã é iniciada
e garantida em Cristo (Fp 1.6), com o auxílio do Espírito Santo (Jo 14.26; Lc
11.13; Rm 8.26), juntamente com a cooperação e a sujeição do crente ao senhorio
de nosso Senhor (2 Pe 1.10; Tg 4.7-10).[Comentário. É bom esclarecer o que foi colocado como idéia popular
- "uma vez salvo, salvo para sempre": o 5º ponto da TULIP diz: ‘Perseverança
dos Santos’ – Os eleitos não são apenas redimidos por Cristo e
regenerados pelo Espírito; eles são mantidos na fé pelo infinito poder de Deus.
Todos os que são unidos espiritualmente a Cristo, através da regeneração, estão
eternamente seguros nEle. Nada os pode separar do eterno e imutável amor de
Deus. Foram predestinados para a glória eterna e estão, portanto, assegurados
para o céu. A perseverança dos santos não significa que todas as pessoas que
professam a fé cristã estão garantidas para o céu. Somente os santos – os que
são separados pelo Espírito – é que perseveram até o fim. São os crentes –
aqueles que recebem a verdadeira e viva fé em Cristo – os que estão seguros e
salvos nele. Muitos que professam a fé cristã desistem no meio do caminho, mas
eles não desistem da graça, pois nunca estiveram na graça. A perseverança dos
santos está diretamente ligada à santificação, que é o processo pelo qual o
Espírito Santo torna os eleitos cada vez mais semelhantes a Jesus Cristo em
tudo o que fazem, pensam e desejam. A luta dos crentes contra o pecado dura
toda a vida e, às vezes, eles podem cair em tentações e cometer graves pecados,
mas esses pecados não os levam a perder a salvação ou a afastar-se de Cristo.A
Bíblia diz que o povo de Deus recebe a vida eterna no momento em que crê. São
guardados pelo poder de Deus mediante a fé e nada os pode separar do Seu amor.
Foram selados com o Espírito Santo que lhes foi dado como garantia de sua
salvação e, desta forma, estão assegurados para uma herança eterna. (Jd 24; Ez
11.19,20; Ez 36.27; Dt 30.6; 1Pe 1.5; 2Tm 1.12; 2Tm 2.18; Sl 37.28; 1Ts 5.14;
Jo 6.39; Fp 1.6; Jo 10.27-29; Rm 8.37-39)4; O 5º ponto
da Remonstrancia afirma: ‘Perda
da salvação ou queda da graça’ – Que aqueles que são enxertados em
Cristo por uma verdadeira fé, e que assim foram feitos participantes de seu
vivificante Espírito, são abundantemente dotados de poder para lutar contra
Satã, o pecado, o mundo e sua própria carne, e de ganhar a vitória; sempre –
bem entendido – com o auxílio da graça do Espírito Santo, com a assistência de
Jesus Cristo em todas as suas tentações, através de seu Espírito; o qual
estende para eles suas mãos e (tão somente sob a condição de que eles estejam
preparados para a luta, que peçam seu auxílio e não deixar de ajudar-se a si
mesmos) os impele e sustenta, de modo que, por nenhum engano ou violência de
Satã, sejam transviados ou tirados das mãos de Cristo [Jo 10.28]. Mas quanto à
questão se eles não são capazes de, por preguiça e negligência, esquecer o
início de sua vida em Cristo e de novamente abraçar o presente mundo, de modo a
se afastarem da santa doutrina que uma vez lhes foi entregue, de perder a sua
boa consciência e de negligenciar a graça – isto deve ser assunto de uma
pesquisa mais acurada nas Santas Escrituras antes que possamos ensiná-lo com
inteira segurança5. Note que, aqueles que acreditam na
segurança da salvação afirmam que perseveram na fé não pelo esforço próprio,
mas pelo poder do Espírito Santo; aliás, a perseverança para eles, é o sinal de
que são realmente salvos. Não pense que só os calvinistas acreditam na
segurança da salvação, existem cristãos das mais diversas confissões teológicas
que acreditam que nenhum daqueles que foram regenerados por Deus, perderão a
salvação. Há até mesmo arminianos que partilham desse entendimento, como por
exemplo, os chamados arminianos de quatro pontos.]
4. T.U.L.I.P - Os 5 Pontos
do Calvinismo. Dispnível em. https://bereianos.blogspot.com.br/2008/02/tulip-os-5-pontos-do-calvinismo.html.
Acesso em. 10 dez, 2017.
5. Cinco Artigos da
Remonstrância. Dispnível em. https://pt.wikipedia.org/wiki/Cinco_Artigos_da_Remonstr%C3%A2ncia.
Acesso em. 10 dez, 2017.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
Perseverar
“[Do gr. hupomone; do lat. perseverantia].
Constância, tenacidade. Capacitação que o crente recebe, através do Espírito
Santo, para permanecer fiel até a vinda de Cristo Jesus. No grego, o termo
serve para ilustrar a coragem demonstrada pelo soldado em plena batalha.
Perseverança é a virtude varonil que só o filho de Deus pode ter” (ANDRADE,
Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. 13ª Edição. RJ: CPAD, 2004, p.298).
II. O PERIGO
DA APOSTASIA
1. Conceituando apostasia. Apostasia (do gr. apostásis) que significa afastamento,
remonta ao "abandono premeditado e consciente da fé cristã". É negar,
renunciar e distorcer propositalmente o ensino das Escrituras Sagradas. A
Palavra de Deus revela que o início da apostasia tem a ver com a
"obediência" a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios
ensinadas por homens mentirosos (1Tm 4.1) que torcem o conteúdo do ensino
bíblico, negando a pessoa ou a obra de Cristo (Jd v.4; 2Co 11.13,14; 2 Pe 2.1).
Aqui, é importante não confundirmos apostasia com o pecado acidental. Neste, o
crente ainda pode alcançar graça e misericórdia de Deus — confessando-o e
deixando-o (Pv 28.13; 1Jo 2.1,2); aquela, é decisão deliberada e premeditada,
sendo impossível voltar atrás (Hb 6.4-6; 10.26,27). [Comentário. 1.
Ação de rejeitar ou largar uma crença religiosa; 2. (Figurado) Ação de deixar
determinado partido político ou ideal, trocando o mesmo por outro. (Etm. do
grego: apostasía; do latim: apostasĭa)6. A fim de plenamente
identificar e combater a apostasia, é importante que os cristãos compreendam as
suas várias formas e os traços que caracterizam suas doutrinas e professores.
Quanto às formas de apostasia, há dois tipos principais: (1) um afastamento das
doutrinas fundamentais e verdadeiras da Bíblia em direção a doutrinas heréticas
que proclamam ser "a verdadeira" doutrina cristã, e (2) uma renúncia
completa da fé cristã, o que resulta em um abandono completo de Cristo7.
Leia mais aqui.]
7. O que é a
apostasia e como posso reconhecê-la? Disponível em: https://www.gotquestions.org/Portugues/apostasia.html.
Acesso em: 10 dez, 2017.
2. A prática da apostasia. O Inimigo de nossas vidas, juntamente com as hostes
espirituais da maldade, deseja pelejar contra nós (Ef 6.12). Entretanto, a
prática do pecado é uma responsabilidade pessoal e intransferível do indivíduo
(Ez 18.4,20; cf. Rm 6.23). Nesse sentido, a apostasia sempre será praticada de
maneira consciente, deliberada e voluntária. Veja alguns exemplos de apostasia
nas Escrituras: rejeição consciente e voluntária à obra de Cristo (Jo
13.25-27); pecado voluntário, consciente e maldoso (At 5.3-5; 8.20); ensino de
doutrinas heréticas (2 Pe 2.1). [Comentário. Daniel B. Pecota, teólogo de tradição pentecostal,
observa que no Novo Testamento encontramos apoio para a doutrina da segurança
do crente, todavia não como querem os calvinistas extremados. Por exemplo,
encontramos passagens bíblicas que mostram que nada de tudo quando Deus deu a
Jesus se perderá (Jo 6.38-40). Que as suas ovelhas jamais perecerão (Jo 10.27-
30). Jesus orou para que Deus protegesse os seus seguidores (Jo 17.11). Somos
guardados por Cristo (1Jo 5.18). Que o Espírito Santo é o selo de garantia da
nossa salvação (Ef 1.14). O seu poder nos guardará (1Pe 1.5). Deus que habita
em nós é maior do que qualquer coisa fora de nós (1Jo 1.4)8.
A Bíblia de Estudo Pentecostal comenta que: "A Bíblia adverte fortemente
quanto à possibilidade da apostasia, visando tanto nos alertar do perigo fatal
de abandonar nossa união com Cristo, como para nos motivar a perseverar na fé e
na obediência. O propósito divino desses trechos bíblicos de advertência não
deve ser enfraquecido pela ideia que afirma: 'as advertências sobre a apostasia
são reais, mas a sua realidade, não.' Antes, devemos entender que essas
advertências são como uma realidade possível durante o nosso viver aqui, e
devemos considerá-las um alerta, se quisermos alcançar a salvação
final." 9. Na contra-mão desse pensamento, o Pr e
escritor Calvinista R. C. Sproul afirma: “Não há dúvida de que cristãos
professos podem cair, e caem radicalmente. Pensemos em homens como Pedro, por
exemplo, que negou a Cristo. Mas o fato de que ele foi restaurado mostra que nem
todo crente professo que cai ultrapassou o ponto em que não é mais possível
retornar. Nesse particular, nós devemos distinguir uma queda séria e radical de
uma queda total e definitiva. Os teólogos reformados têm notado que a Bíblia
está cheia de exemplos de verdadeiros crentes que caem em pecados graves e, até
mesmo, em períodos prolongados de impenitência. Então, cristãos de fato caem, e
caem radicalmente. O que poderia ser mais sério do que a negação pública de
Jesus Cristo por Pedro? Mas a pergunta é: acaso essas pessoas culpadas de uma
verdadeira queda são irremediavelmente caídas e eternamente perdidas, ou essa
queda é uma condição temporária que irá, em última análise, ser remediada pela
sua restauração? No caso de um indivíduo como Pedro, nós vemos que a sua queda
foi remediada pelo seu arrependimento. Contudo, o que dizer daqueles que decaem
de modo definitivo? Acaso eles foram algum dia crentes verdadeiros? Nossa
resposta a essa pergunta deve ser não. 1João 2.19 fala dos falsos mestres que
haviam saído da igreja como nunca tendo sido verdadeiramente parte da igreja.
João descreve a apostasia de pessoas que haviam feito uma profissão de fé, mas
nunca haviam sido de fato convertidas. Além disso, nós sabemos que Deus
glorifica todos aqueles a quem ele justifica (Romanos 8.29-30). Se uma pessoa
tem uma verdadeira fé salvadora e é justificada, Deus irá preservar aquela
pessoa.”10.]
8. José Gonçalves, Uma vez que aceitei a Cristo, corro o
risco de perder a salvação? Disponível em: http://cpadnews.com.br/geracao-jc/9890/uma-vez-que-aceitei-a-cristo-corro-o-risco-de-perder-a-salvacao.html.
Acesso em: 10 dez, 2017.
9. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de
Janeiro: CPAD, 1995.
10. R. C. Sproul, Um Crente Pode Apostatar? Disponível
em: http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/742/Um_Crente_Pode_Apostatar Acesso
em: 10 dez, 2017.
SUBSÍDIO LEXICOGRÁFICO
Apostasia
“[Gr. apostasia, ‘um abandono ou deserção da fé’].
Embora a palavra grega seja usada apenas duas vezes no Novo Testamento (At
21.21; 2Ts 2.3), ela é encontrada na LXX várias vezes, como em Josué 22.22,
para expressar a rebelião do povo de Deus, e em 2 Crônicas 29.19 em que vasos
santificados no Templo foram lançados fora” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1ª
Edição. RJ: CPAD, 2009, p.161).
III. SEGUROS
EM CRISTO
1. Cristo garante a
salvação. Embora haja a
possibilidade de o crente apostatar-se da fé, a fidelidade de Cristo nos
garante a certeza de sermos conservados irrepreensíveis até sua vinda (Jd v.1;
1Ts. 5.23,24). Podemos nos sentir seguros em Cristo, pois Ele tem poder de nos
manter livres de tropeços (Jd v.24). A oração sacerdotal de Jesus revela muito
dessa segurança: "dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e
ninguém as arrebatará das minhas mãos" (Jo 10.28). [Comentário. Podemos
ter plena certeza da nossa salvação? Podemos! Aqui seguem três motivos por que
podemos saber com certeza que uma vez salvo, sempre sou salvo.
1. As
promessas da palavra de Deus declaram a nossa salvação
A Bíblia, embora não nos dê lugar para presunção ou
dúvidas, fornece muitas provas para que tenhamos plena confiança da nossa
salvação.
a) João 3.36 – “Por isso, quem crê no Filho tem a
vida eterna”. Jesus não disse: Talvez tenha a vida eterna, mas sim, tem a vida
eterna agora ( Jo 5.24; 6.47; Rm 10.9-10).
b) João 10.28-29 – “Eu lhes dou a vida eterna; jamais
perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão…”. Nem Satanás pode nos tirar
das mãos do Senhor.
c) 1 João 5.13 – “Estas coisas vos escrevi a fim de
saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho
de Deus”. Não é “talvez tenhais a vida eterna”. Sim, você pode saber que tem a
vida eterna. Aleluia!
2. A
perfeição da obra de Cristo assegura a nossa salvação
Quando Cristo morreu na cruz, pagou a penalidade de
todo o nosso pecado – a Sua obra na cruz foi perfeita e completa. Isaías 53.6
diz: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo
caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos” (Ef 2.8-9;
Tt 3.4-7; Hb 9.26-28). Romanos 5.10 afirma: “Porque, se nós, quando inimigos,
fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando
já reconciliados, seremos salvos pela sua vida”.
3. O
testemunho do Espírito Santo no íntimo confirma a nossa salvação
O terceiro garantidor, o Espírito Santo,
acompanha-nos para verificar a nossa chegada segura nos céus. Ele pessoalmente
está conosco para nos ajudar e opera em nós, preparando-nos para o céu e para
ficar na presença do Pai. Fomos selados pelo Espírito, o que indica que
pertencemos ao Senhor, e Ele é o garantidor “da nossa herança” (Ef 1.13-14).
Romanos 8.16 diz: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos
filhos de Deus”. Não seremos, mas sim somos. O Espírito Santo confirma a
decisão no coração, porque conversão é obra do Espírito. E uma vez filhos, sempre
somos filhos.
Mas que acontece quando a gente peca? Não perdemos a
salvação? Não, de jeito nenhum! Quando um filho é desobediente, e mesmo chega a
brigar com seu pai, que acontece? Ele continua sendo filho, mas o ambiente na
casa fica carregado. É a mesma coisa em nosso relacionamento com Deus: quando
pecamos, a nossa comunhão com Ele é afetada. Devemos, então, restabelecê-la,
pedindo perdão, mas nunca deixamos de ser filhos11.]
11. Podemos ter a
certeza da salvação? Disponível em: http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/podemos-ter-a-certeza-da-salvacao/.
Acesso em: 10 dez, 2017.
2. A alegria da salvação. Uma das maravilhosas consequências que alcançamos quando
aceitamos a Cristo é a alegria da salvação (SI 51.12; Is 12.3; Lc 15.22-25,32).
Agora não temos mais o peso da culpa e da condenação, pois somos aceitos e
amados por Deus, assim, o efeito prático disso é vivermos uma vida cheia de
alegria (Lc 10.20). [Comentário. “No tocante a mim, confio na tua graça; regozije-se
o meu coração na tua salvação.” (Sl 13.5). A vida é cheia de perigos. Somos
ameaçados por forças visíveis e invisíveis, atacados por pessoas e
circunstâncias. Somos tentados por espíritos malignos e por pensamentos
indignos. Muitas vezes esses inimigos tentam prevalecer sobre nós. Se tirarmos
os olhos de Deus, tombaremos; porém, se nos voltarmos para ele, triunfaremos.
Davi, quando estava ameaçado pelo inimigo, sorvendo o cálice da tristeza,
voltou-se para o Altíssimo e disse: “No tocante a mim, confio na tua graça...”.
A graça de Deus é um favor imerecido. Deus nos concede seu favor quando somos
merecedores de seu juízo. A graça de Deus é uma âncora firme nas tempestades da
vida. É um refúgio seguro no temporal. Quando confiamos na graça de Deus,
marchamos resolutos diante dos inimigos e vencemos todas as turbulências da
nossa alma. Como resultado, podemos nos regozijar na salvação de Deus. É do
alto que brota a nossa cura. É de Deus que vem o livramento. É do céu que emana
a nossa salvação. Em vez de nos capitularmos ao medo e ficarmos esmagados pela
tristeza, podemos nos alegrar na salvação que vem de Deus. É impossível
experimentar essa exuberante alegria sem ter a salvação; porém, há pessoas
salvas que se privam dessa alegria. Você já está desfrutando da alegria da
salvação?12]
12. A
ALEGRIA DA SALVAÇÃO. Disponível em: http://www.ipb.org.br/blog/21/api-view?status=3&page=23&blog=866.
Acesso em: 10 dez, 2017.
3. A certeza da vida
eterna. O nosso fundamento
na certeza da vida eterna não está firmado no mérito próprio, mas única e
exclusivamente no mérito da obra salvífica de Cristo Jesus (Hb 9.27,28). Embora
tenhamos o livre-arbítrio para tomar decisões, o Espírito Santo age para nos
converter do caminho errático (Jo 16.8). Ainda que falhemos em alguma coisa,
nosso Senhor nos "prende" por meio dos laços de amor, trazendo-nos de
volta ao aprisco (Lc 15.7; cf. 1Jo 5.13). [Comentário. No texto de João 3:16, Jesus, conversando com um dos
principais da Sinagoga, chamado Nicodemos, afirmou isso ao dizer que todo
aquele que Nele crê tem a vida eterna. Deus, na Sua Palavra o diz, e Ele não
pode mentir (Números 23:19). Se Ele o diz, então posso ter esta certeza. Ele
não diz que pode chegar ter a vida eterna, mas sim, que já tem, já possui, a
vida eterna. A vida eterna é o presente que recebemos no momento da conversão.
Ela é automática. Uma vez que reconheço o meu estado de pecador e que Jesus
Cristo é o Filho de Deus, o salvador do mundo, e o aceito como meu salvador, já
tenho a salvação garantida. Como a vida eterna é um presente, uma vez que
recebemos, já é nosso, ninguém o pode tirar uma vez que é dado. Em João 10:28
Jesus dá a vida eterna e ninguém a pode arrebatar das Suas mãos, nem o Diabo o
pode fazer. A vida eterna é real, não é só uma esperança, ela é uma garantia13.]
13. Como posso ter
certeza da vida eterna? Disponível em: https://www.respostas.com.br/como-posso-ter-certeza-da-vida-eterna/.
Acesso em: 10 dez, 2017.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“De acordo com as Escrituras, a perseverança
refere-se à operação contínua do Espírito Santo, mediante a qual a obra de Deus
começou em nosso coração e será levada a bom termo (Fp 1.6). Parece que ninguém,
seja qual for a sua orientação teológica, é capaz de levantar objeções à
semelhante declaração” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma
perspectiva pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996, pp.375,376).
CONCLUSÃO
O perigo da apostasia é uma realidade, mas a
certeza da vida eterna é uma dádiva tão gloriosa que suplanta esse perigo. Não
há o porquê de procurar contradição quanto à relação entre a soberania de Deus
e o livre-arbítrio do homem. Deus é poderoso para, em Cristo, nos guardar até o
dia final a fim de que perseveremos nEle em meio às provações da vida (2 Tm
1.12). [Comentário. A vertente clássica do Pentecostalismo nunca adotou
para si o conceito de que uma vez salvo, alguém nunca perderá a salvação.
Embora creiam na possibilidade da perda, os pentecostais não diminuem a
segurança dos salvos ensinada pela Bíblia. O objetivo dela nunca foi lançar
dúvida na mente dos cristãos sobre sua salvação, mas de alertar acerca de um
perigo real. Graças a Deus que podemos estar convictos da nossa salvação já que
estamos Nele e Ele em nós. A capacidade de perseverar continua sendo de Deus e
também é Ele quem opera poderosamente nos salvos, mas não de forma irresistível
conforme alguns defendem. No Pentecostalismo, não há compulsão na perseverança,
antes, a perseverança é sincera e voluntária da parte do salvo. Os salvos que,
com os poderes fornecidos pelo Espírito Santo, vencem as barreiras espirituais,
são aqueles que têm seus nomes escritos no livro da vida. Sendo assim, vale a
pena continuarmos nos pés do Senhor, prosseguindo com justiça, andando em
verdade e praticando a santidade até que um dia, o Senhor nos chame para seu
lar celestial14.] “... corramos, com
perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor
e Consumador da fé, Jesus ...” (Hebreus 12.1-2),
14. Everton Edvaldo; "Perda da salvação." Uma
perspectiva pentecostal. Disponível em: http://esquinapentecostal.blogspot.com.br/2016/12/perda-da-salvacao-uma-pespectiva.html.
Acesso em: 10 dez, 2017.
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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